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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE

CENTRO DE HUMANIDADES - CH

CURSO: HISTÓRIA

HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA III

PROFESSOR: ANTONIO DE PADUA SANTIAGO DE FREITAS

ROMULO CESAR BARROS AGUIAR

GORENDER, Jacob. Origens e Fracasso da Perestroika. São Paulo: Atual, 1992

FORTALEZA – CE

2021
Biografia

Autor do livro analisado neste trabalho, Jacob Gorender nasceu em Salvador, em


20 de janeiro de 1923, e faleceu em São Paulo, em 11 de junho de 2013. Foi historiador,
escritor, jornalista e cientista político. Considerado um dos mais importantes
historiadores marxistas brasileiros, cursou a Faculdade de Direito de Salvador por dois
anos (1941-1943), até interromper os estudos e alistar-se na Força Expedicionária
Brasileira para lutar a Segunda Guerra Mundial, onde lutou em batalhas como a de
Monte Castelo, na Itália. Militante comunista, filiado ao PCB, Gorender trabalhou em
jornais de esquerda no Rio de Janeiro e São Paulo até deixar o país para morar em
Moscou. Expulso do PCB por divergências internas sobre a postura do partido perante o
golpe de 1964, fundou o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). Foi
preso em 1970, duramente torturado e condenado pela ditadura a dois anos de prisão.

Bibliografia do Autor

Entre suas obras, destacam-se “ O escravismo colonial”, de 1978, “ A burguesia


brasileira”, de 1981, “ Combate nas trevas”, de 1987, e “ Marxismo sem utopia”, de
1999. Seus trabalhos impactaram o debate intelectual nos principais campos acadêmicos
do país abordando temas de história e historiografia, problemáticas de natureza política,
social, cultural e epistemológica. Importante dirigente comunista, Gorender utlizou seus
trabalhos para ampliar debate político no campo das esquerdas e sua produção o tornou
uma figura qualificada e combativa para o campo marxista brasileiro.

Resumo da Obra

A obra produzida por Gorender sobre a Perestroika não analisa apenas suas
origens ou fracasso enquanto tentativa de renovação na União Soviética, mas apresenta
a trajetória do modelo soviético em diversos campos. Aborda a estrutura política, social,
econômica e cultural de uma nação constituída por quinze republicas com
características diferentes entre si. Sua análise expõe as diferenças entre o modelo
idealizado por Marx e a ideia implementada pelos líderes soviéticos e porque essas
contradições ideológicas foram determinantes para o colapso da União Soviética.

O autor também apresenta as dificuldades estruturais para executar o projeto


socialista no território soviético, destacada até mesmo Marx, partidário da tese de que a
revolução seria feita primeiramente nos países mais industrializados como França,
Alemanha e Inglaterra e não na Rússia, pais essencialmente agrário e defasado no
campo econômico em relação as potencias europeias citadas anteriormente. Essa
narrativa exposta pelo autor na obra conta com seis capítulos que narram a cronologia
do modelo soviético, seus êxitos e erros que motivaram o colapso. Portanto, Gorender
apresenta a história da União Soviética como algo promissor terminado em profunda
decepção.

Capítulo 1: Antecedentes das mudanças na União Soviética

O capitulo 1 inicia narrando o contexto existente antes da nomeação de Mikhail


Gorbatchov para o cargo de secretário geral do Partido Comunista Soviético (PCUS),
grau mais elevado na hierarquia partidária geralmente ocupado pelo líder mais
destacado e influente na estrutura política soviética. Apresentando o contexto marcado
por estagnação econômica, alto custo de vida apesar dos subsídios estatais, alienação do
povo nas questões nacionais e incerteza sobre a capacidade do regime soviético de
resistir as mudanças advindas da modernização do processo de produção econômica,
amplamente utilizado nos países capitalistas mais desenvolvidos e solenemente
ignorado pelas lideranças soviéticas, seja por incompetência ou falta de compromisso.

São apresentadas a defasagem tecnológica brutal entre a União Soviética e os


países capitalistas desenvolvidos, a enorme burocracia do Estado presente em todas as
áreas sem gerar uma eficiência aceitável para a população, a indiferença política de
parte significativa da população em relação ao cenário político e as dificuldades
impostas pela censura estatal, limitando a produção acadêmica em diversos campos por
divergências políticas com o partido e apoiando ideias e projetos de partidários e
bajuladores do regime ainda que estas propostas causassem prejuízos incalculáveis ao
Estado.

O autor também apresenta os conceitos introduzidos por Gorbatchov ao assumir


o poder: Perestroika (Reestruturação Econômica) e Glasnost (Transparência Política).
Ao explicar a perestroika, expõe o cenário de atraso no funcionamento das empresas
estatais, a falta de participação dos trabalhadores nas decisões referentes ao sistema de
produção e como as dificuldades encontradas, seja por conta da lentidão burocrática
estatal ou pela falta de modernização da estrutura produtiva, afetavam a eficiência
produtiva da massa trabalhadora e das empresas se comparadas a produção capitalista.
A apresentação da Glasnost expõe o cenário de falta de participação popular no cenário
político, limitado as classes dirigentes do partido e assessores próximos. O capitulo
enfatiza que o sucesso da perestroika só será possível caso a glasnost seja totalmente
cumprida.

Capítulo 2: O modelo stalinista do socialismo soviético

O capítulo 2 apresenta o processo de instauração do modelo socialista após os


bolcheviques conquistarem definitivamente o poder. Inicia explicando a queda
definitiva do czarismo, o breve governo de coalizão entre as forças opositoras ao czar e
a sangrenta guerra civil travada entre as forças reacionárias leais ao czar, financiadas
por potencias estrangeiras, e a facção bolchevique, vitoriosa após três anos de conflitos.
O cenário de terra arrasada pelo conflito obrigou o governo bolchevique a impor uma
série de medidas para reestabelecer a economia. Lenin optou pela implementação da
NEP (Nova Política Econômica) com características socialistas permitindo certa
democratização nas relações comerciais e esta política perdurou até 1929 quando foi
sucedida pelo plano econômico centralizador de Stalin, os Planos Quinquenais. O autor
expõe que o inicio do rigoroso projeto de Stalin, baseado na coletivização da agricultura
e favorecendo a indústria pesada sobretudo a bélica, seria o modelo que nortearia a
União Soviética pelas décadas seguintes resistente a tentativas de renovação
principalmente pós morte de Stalin.

Neste capítulo, o autor ainda expõe a formação do “comunismo de caserna”,


ideia patrocinada por Stalin de criar uma sociedade militarizada fortemente criticada por
Marx anteriormente. O desenvolvimento deste modelo permitiu à Stalin a criação de um
forte aparelho de repressão inicialmente voltado a perseguir opositores do regime que
seria, posteriormente, utilizado para perseguir qualquer figura julgada ameaçadora por
Stalin. O período de perseguição pelo líder supremo soviético perseguiu, prendeu e
executou milhões de apoiadores do regime, integrantes do partido, oficiais das forças
armadas e mesmo assessores próximos do líder. Esse processo ocorreu devido a
permanente desconfiança de Stalin, temeroso do possível de alguém que ameaçasse seu
poder. Essa característica do líder soviético logo evoluiu para uma paranoia que o
acompanharia até sua morte. O autor ainda apresenta Stalin como um homem sem
caráter, com alto senso de traição, desleal, possessivo, com complexo de inferioridade e
paranoico.

Capítulo 3: Divisão do mundo em dois campos e suas consequências


O capítulo 3 apresenta a configuração do cenário mundial pós-guerra, a partir de
1945. A fratura do sistema capitalista após a crise de 1929 resultou no fim da autonomia
total do mercado na economia, esta passaria a ter uma série de regulações do estado para
evitar crises similares futuramente e surgia novos pensamentos, como o keynesiano.

O contexto sofria alterações com o surgimento de dois campos antagônicos que


se confrontariam pela hegemonia mundial: o capitalista, liderado pelos Estados Unidos,
e o comunista, liderado pela União Soviética. Surge o conflito indireto, sem uma
declaração oficial de guerra, porem intenso em diversas áreas, conhecido como Guerra
Fria. Segundo o autor, uma série de conflitos espalhados pelo mundo, com participação
indireta ou até direta em alguns casos das grandes potencias dividiria o mundo em dois
polos. No caso soviético, a libertação do leste europeu dos nazistas na segunda guerra
permitiu a ampliação da sua zona de influência no continente. Posteriormente, os
soviéticos apoiariam uma série de revoluções na África, Ásia e Américas (Cuba) em que
as forças rebeldes, de inspiração socialista, se alinhariam rapidamente a Moscou.

O autor ainda aponta a ameaça soviética como um dos fatores para a criação do
Estado de Bem-Estar Social, elemento de origem socialista baseado na garantia de
direitos básicos aos cidadãos que passaram a reivindicar intensamente melhores
condições de vida juntos aos respectivos governos gerando um temor por parte dos
países capitalistas. Esse modelo, adotado somente nos países capitalistas mais
desenvolvidos, permitiu a estes países adotarem uma estrutura hibrida de liberdade,
principal característica propagada pela propaganda capitalista, e direitos básicos
garantidos, característica apresentada pelo modelo soviético. O autor ainda apresenta as
estratégias de cada superpotência para manter sua zona de influência, reforçar sua
presença nos países aliados e eventualmente ampliar seu poder. A criação da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) pelo campo capitalista e do Pacto
de Varsóvia pelo bloco soviético, por exemplo, foram umas das iniciativas para
manutenção do poder das respectivas forças antagônicas.

No caso soviético, o autor ressalta que o modelo econômico stalinista foi


adotado praticamente por todos os países do bloco socialista, exceção alguns casos
específicos, como Iugoslávia e Polônia. Além de adotar o modelo, os países deste
campo também adotavam a pratica de repressão política e cerceamento das liberdades
inspirada na União Soviética possuindo administração centralizada, forte censura e
modelo de partido único.
Capítulo 4: Decadência do modelo stalinista-soviético

O capitulo 4 narra o esgotamento do modelo stalinista e como a estrutura estatal


rapidamente tornou-se obsoleta perante a modernização produtiva capitalista. O autor
expõe que, mesmo após a morte de Stalin, a estrutura montada pelo líder soviético não
sofreu qualquer tipo de alteração. Algumas tentativas de reformulação do modelo
herdado ocorreram nos governos posteriores, de Kruschov (1956-1964) e Kossíguin
(1964-1966) porem a burocracia estatal e partidária conseguiu impor barreiras que
acabariam tornando a renovação uma iniciativa nula, estabelecendo o velho modelo a
partir do governo de Leonid Brejnev (1966-1982), conhecido como a era da estagnação.

O autor realiza uma análise profunda do funcionamento da estrutura econômica


soviética e sua relação com a área política. Detalha as dificuldades encontradas no
campo econômico como a falta de qualidade dos produtos produzidos nas fabricas
estatais, os erros grosseiros de planejamento, estocagem, a falta de acesso da população
a produtos de qualidade aceitável propiciando a criação de um mercado negro e a
incapacidade da classe dirigente em assumir os erros cometidos e obter uma solução,
levando o Estado a sofrer prejuízos altíssimos tanto financeiros quanto ambientais.

Além da produção industrial obsoleta e defasada, o autor expõe a crise do


modelo agropecuário, sua ineficiência e falta de modernização. O modelo de
coletivização não conseguia suprir as necessidades do mercado interno, obrigando a
União Soviética uma política de importação de grãos e carne crescente. O esgotamento
do modelo associado a revolução dos sistemas de produção dos países capitalistas
através da modernização dos aparelhos produtivos criou um abismo econômico enorme
para os soviéticos. O sistema obsoleto não conseguia acompanhar o ritmo de produção
moderno e a diferença entre a capacidade de produção do trabalhador soviético para um
trabalhador de um pais capitalista mais desenvolvido aumentou consideravelmente.

São apresentados também como causas para a estagnação a intensa censura a


produção intelectual, nas ciências e nas artes. O autor aponta que a repressão massiva
dos tempos de Stalin foi substituída pela repressão seletiva, centrada em perseguir
qualquer intelectual que ousasse criticar o regime. As execuções foram substituídas por
internações em clinicas psiquiátricas e campanhas de desmoralização pública. Os
trabalhos científicos não eram considerados por sua qualidade técnica, mas pelo grau de
bajulação do cientista com as classes dirigentes. O receio de sofrer perseguição estatal
aliado a intensa difusão de informações falsas pela propaganda estatal sobre as reais
condições do país resultou no processo de apoliticismo e alienação dos soviéticos. A
indiferença a questões políticas e sociais tornou-se característica comum a população,
aumentando a incidência de distúrbios como alcoolismo, delinquência e suicídio. A
corrupção das classes dirigentes, das instituições, a ineficiência da burocracia estatal e
dos serviços públicos ocasionou uma profunda sensação de letargia perante a população
soviética.

Capítulo 5: Perestroika: projetos para o socialismo renovado

O capítulo 5 apresenta as propostas de mudanças idealizadas pelo grupo liderado


por Gorbatchov. O autor expõe os conceitos, suas definições e objetivos, impactos que
seriam gerados na estrutura estatal, tanto política quanto econômica, mudanças
imediatas para enfrentar o período de estagnação e reconstruir o Estado baseado no
incentivo a participação popular proporcionada pela abertura política.

O autor também apresenta a transformação ocorrida com a mudança do perfil


soviético nas relações externas, acabando com a retorica belicista do modelo stalinista.
A nova diretriz encampada pelo processo de renovação soviético seria pautada na
adoção do diálogo para resoluções de conflitos internacionais, sobretudo aqueles que
exigiam a participação militar direta. O modelo também visava, ao solucionar conflitos
por vias pacificas, diminuir o custo empenhado na manutenção militar soviético nos
campos interno e externo, encerrando o processo de prioridade a indústria bélica.

O autor, neste capitulo, apresenta a importância da perestroika e da glasnost


como elementos fundamentais para a sobrevivência do modelo soviético e seu regime
político. Os dois conceitos principais idealizados mudariam profundamente a estrutura
soviética a curto prazo visando um retorno maior a médio e longo prazo. O autor ainda
expõe como o novo grupo que ascendeu ao comando do partido comunista soviético
difundiu a ideia de que o risco interno seria maior que o externo para o colapso da
União Soviética.

Capítulo 6: O choque da liberdade, as reivindicações represadas e os impasses da


perestroika

O capitulo 6 expõe as dificuldades criadas a partir da introdução da perestroika e


da glasnost no sistema soviético. Apresenta a burocracia estatal e do partido como
grandes adversários do processo de renovação, pois as mudanças pretendidas acabariam
com os privilégios usufruídos pela classe dirigente do pais. Esses grupos, embora
constituídos por poucas pessoas, controlavam a burocracia estatal há décadas e
defendiam o modelo stalinista ferrenhamente, destruindo ou anulando através de sua
influência as tentativas de renovação idealizadas anteriormente. O autor apresenta as
dificuldades de adaptação dos conceitos ao sistema soviético e como as mudanças
radicais desejadas esbarravam na estrutura do antigo modelo produzindo resultados
aquém do esperado.

Os resultados abaixo do idealizado citados anteriormente acabaram gerando uma


instabilidade econômica acelerada agravada pela novidade das turbulências políticas
criadas pela abertura política patrocinada por Gorbatchov. Esses distúrbios geraram um
acirramento da luta política, ancorada nas diferenças ideológicas, não apenas dentro da
estrutura do partido comunista mas relacionado as forças políticas emergentes que não
se limitavam a propagar o desejo de renovação do modelo soviético, mas a ruptura total
com o modelo socialista retornando ao modelo capitalista.

O autor também expõe a falta de habilidade política do grupo de dirigente para


contornar as dificuldades impostas pela burocracia estatal e ausência de firmeza na
defesa da renovação proposta. O grupo é apresentado como instável, o próprio
Gorbatchov não conduziria de forma adequada o enfrentamento a velha estrutura, e
incapaz de lidar com uma característica que viria s ser posteriormente uma das razões
principais no colapso do modelo e desmembramento soviético: as diferenças entre os
países que constituíam a União Soviética. O processo de abertura política pautado na
transparência permitiu aos países integrantes do território soviético exigir mais
autonomia em relação governo central, acusado de priorizar Moscou em relação aos
demais territórios. A autonomia desejada passava pela condução dos respectivos
sistemas políticos e econômicos sem interferência direta do governo central. O processo
inicial de simples autonomia geraria posteriormente o movimento de independência
destes países da União Soviética.

Capítulo 7: Do golpe de agosto à dissolução do Estado soviético

O capítulo final encerra apresentando os eventos deflagrados nos últimos


momentos do sistema soviético antes do colapso total. As tentativas da velha classe
dirigente em derrubar Gorbatchov, a ascensão do líder russo Boris Yeltsin como figura
importante no processo político e as tentativas frustradas de Gorbatchov para impedir
sua queda do comando do país buscando um equilíbrio entre o grupo de renovação que
o apoiava internamente e a antiga cúpula do partido comunista.

O autor narra a tentativa de golpe orquestrada pela antiga classe dirigente contra
Gorbatchov, a resistência liderada por Yeltsin e seu êxito em frustrar o processo. O
autor ainda apresenta a crise existente relacionada a queda dos regimes aliados aos
soviéticos no leste europeu e sua transição para o modelo capitalista e como o
acirramento da luta política entre as classes dirigentes soviéticas permitiu que os países
integrantes do bloco avançassem em seus processos de independência, executado diante
da imobilização e incapacidade política dos líderes soviéticos.

Diante de todo o cenário critico existente e o enfraquecimento do regime


soviético, o autor finaliza apresentando o processo de desintegração da União Soviético
oficializado por Rússia, Ucrânia e Bielo-Rússia em 9 de dezembro de 1991 e finalizado
em 25 de dezembro do mesmo ano com a renúncia de Mikhail Gorbatchov ao cargo de
presidente da União Soviética em pronunciamento transmitido por televisão. O autor
ainda menciona no trecho final o cenário de mudanças nos países independentes, sua
transição imediata ao capitalismo e as incertezas existentes sobre o cenário político com
o fim da União Soviética no ano de produção da obra, em 1992.

Análise crítica da obra

O autor realiza nesta obra uma análise contundente das razões que levaram ao
colapso da União Soviética. Gorender explica as diferenças entre o modelo idealizado
por Marx e o modelo executado pelos soviéticos e que as rachaduras entre eles foram
cruciais para o fracasso do modelo soviético. O sistema citado por Gorender apresenta
deficiências estruturais graves, apontadas pela incapacidade de transformação dos
agentes soviéticos frente a incapacidade de recuperação do antigo sistema,
principalmente no setor produtivo considerado ultrapassado para concorrer com os
países capitalistas mais desencolvidos.

O desvirtuamento do modelo idealizado por Lenin, porém modificado por Stalin


para instaurar um regime de repressão brutal baseado no culto da personalidade para
consolidar o poder do mesmo prejudicou gravemente o modelo de desenvolvimento a
longo prazo, embora tenha entregado resultados interessantes em curto prazo. Os vícios
introduzidos pelo modelo stalinista criaram uma classe dirigente política
antidemocrática, uma burocracia estatal ineficiente e corrupta e essa associação anulou
qualquer tentativa de mudança estrutural por receio de perder seus privilégios.

A falta de participação popular, a alto grau de corrupção do sistema, a intensa


repressão associada a censura criaram um cenário de estagnação permanente. Associado
a estes fatores, a falta de reação soviética a revolução produtiva encampada pelos países
capitalistas mais desenvolvidos e a modernização das estruturas de produção
ocasionaram um abismo entre os blocos existente que se mostraria irrecuperável.
Gorender apresenta uma decepção pela deturpação do modelo socialista pelos
soviéticos, sobretudo stalinista e como esse desvio prejudicou o desenvolvimento ideal e
pleno do modelo de Marx.

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