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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

Graduação em História – Licenciatura


Metodologia e prática do ensino de História

Análise crítica do livro didático:


História 9° ano, de Cláudio Vicentino e de José Bruno Vicentino

Alunos: Cristiano Brites Cordeiro Lemos (201902571991)


Ellen Fernandes Alves (201804195448)
Professora: Beatriz de Miranda Brusantin

Belo Horizonte/MG Junho de 2022


Público: 9° ano do Ensino Fundamental
Ano de publicação: 2019
Editora: Ática
Autores: Cláudio Vicentino, José Bruno Vicentino

Capítulo 1: A Primeira Guerra Mundial.


O capítulo 1 aborda as disputas pela hegemonia entre as potências europeias em áreas coloniais,
bem como a intensificação dos nacionalismos e a concentração de riquezas que
contextualizaram a explosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914.
Capítulo 2: A Revolução Russa e URSS.
Este capítulo abrange a Revolução Russa e as novas formas de organização social e política,
inspiradas nas ideias socialistas que surgiram no século XIX. A fundação da União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e a formação dos blocos antagônicos (Capitalista e
Socialista) também são abordados neste tema.
Capítulo 3: Brasil: A construção da República.
Com golpe de 15 de novembro 1889 teve fim o regime monárquico, mas a população mostrou
seu descontentamento fazendo movimentos em diversas regiões do país tendo destaque o Rio
Grande do Sul, Bahia e Pernambuco. Com o fim do regime, três grupos republicanos passam a
disputar o poder, eram eles: Grandes proprietários de terra, militares e Grupos Urbanos.
De acordo com a nova Constituição o Congresso Nacional deveria escolher o Presidente da
República e seu vice. Duas chapas foram inscritas e uma delas era de Deodoro da Fonseca que
foi eleito presidente por meio de uma eleição indireta e Floriano Peixoto foi dado como seu
vice. No período de 1894- 1930 teve início a República Oligárquica, época que os latifundiários
de elite governaram o país.
Capítulo 4: Crises e Totalitarismo.
O capítulo 4 abarcará o período conhecido como Entreguerras, a ascensão dos EUA e URSS
como grandes potências mundiais, surgimento do nazifacismo, e a guerra civil espanhola.
Capítulo 5: O Brasil nos anos 1920.
Durante os anos 1920 a política do café com Leite foi questionada por vários setores da
população: Camadas médias urbanas, Operários, Grupos ligados à indústria e Jovens oficiais
do Exército (Movimento Tenentista). Esses grupos lutavam por voto secreto, incentivo à
indústria, fim da corrupção na política, ampliação da educação pública e maior centralização
política.
No plano cultural, um dos eventos mais importantes foi a Semana de Arte Moderna, ou Semana
de 22, ocorrida em São Paulo entre os dias 13 a 17/02/1922. Este movimento desejava encontrar
uma expressão legitimamente brasileira nas artes, literatura, música, etc. A manifestação
ocorreu no Theatro Municipal de São Paulo e reuniu diversos artistas que propunham uma nova
visão de arte, a partir de uma estética inovadora inspiradas em vanguardas europeias. Mario de
Andrade foi uma das figuras centrais e principal articulador da Semana de 22. Esteve ao lado
de outros organizadores: o escritor Oswald de Andrade e o artista plástico Di Cavalcanti.
Capítulo 6: A Era Vargas.
Este capítulo aborda a chegada de Vargas ao poder e suas transformações da sociedade
brasileira. Temas como: As coalisões ante às oligarquias, as medidas autoritárias e
aparelhadoras e a consequente Revolução Constitucionalista de 1934, o integralismo e a
ditadura do Estado Novo colocam Getúlio Vargas numa posição por vezes ambígua.

Capítulo 7: A Segunda Guerra Mundial e a queda de Vargas.


A queda do Estado Novo era um regime autoritário e, por isso, se alinhava com outros regimes
autoritários no mundo. Naquela ocasião, Alemanha e Itália eram os dois países que
representavam o autoritarismo na Europa. Os dois países estabeleceram regimes rígidos
baseados em Hitler e Mussolini, ao mesmo tempo, e estavam se expandindo e se armando em
um cenário de instabilidade política no Velho Mundo. Tanto que, em 1939, a Alemanha invade
a Polônia e dá início à Segunda Guerra Mundial. No Brasil, que também era regido por um
governo autoritário, Getúlio Vargas se demostra simpático ao regime fascista, de tal forma que
a nova forma que nova Constituição, chamada de Polaca, é diretamente inspirada pelos moldes
italianos daquele momento.

Capítulo 8: Guerra Fria: O Mundo dividido


Este capítulo falará sobre as medidas que os EUA praticaram para restringir a influência
Soviética no mundo, a Revolução Chinesa e a ascensão do Partido Comunista Chinês e, depois,
de Mao Tse-Tung. As guerras por procuração do Oriente, como Vietnã e Coreia, e a
descentralização e a política de coexistência pacífica também têm seu espaço neste tema. As
crises da década de 1960, como a construção do muro de Berlim, a crise dos misseis e o
movimento pelos direitos civis dos negros estadunidenses, também são abordados.
Capítulo 9: Brasil: Da Democracia à Ditadura.
PRESIDENTES DO BRASIL
DA DEMOCRACIA À DITADURA
1946 - 1951 - General Eurico Gaspar Dutra (Dutra)
1951 - 1954 - Getúlio Dorneles Vargas (Getúlio Vargas)
1954 - 1955 - João Café Filho (Café Filho)
Por conta de problemas de saúde Café Filho foi substituído por outros dois Presidentes.
1956 - 1961 - Juscelino Kubitschek de Oliveira (Juscelino Kubitschek - JK)
1961 - Jânio da Silva Quadros
1961-1964 – João Belchior Marques Goulart (Jango)

GOLPE DE 1964
ANOS CHUMBO:
1964 - 1967 - Marechal Humberto de Alencar
Castello Branco (Marechal Castello Branco)
1967 - 1969 - Marechal Arthur da Costa e Silva (Marechal Costa e Silva)
1969 - 1974 - General Emílio Garrastazu Médici (General Médici)
1974 - 1979 - General Ernesto Geisel (General Ernesto Geisel)
1979-1985 - João Baptista de Oliveira Figueiredo (Figueiredo)
O livro vai abordar a cultura e política nos tempos da ditadura, através da participação
popular, de artistas e movimentos minoritários.

Capítulo 10: América Latina: Em busca da soberania.


Este capítulo tratará da América do Sul e Central no contexto de disputa de influência e
intervenções dos blocos capitalista e socialista. A Revolução Cubana, o Movimento Populista
da Argentina (Peronismo) e as a ditaduras de Pinochet e Porfirio Díaz (Chile e México),
respectivamente são principais subtemas.
Capítulo 11: A descolonização da Ásia e da África.
Após a Segunda Guerra, movimentos que lutavam pela independência de seus países em
relação às potências coloniais ganharam força na África e na Ásia. Além dessas lutas internas,
cada vez mais ficava evidente no cenário internacional a incoerência entre o discurso de
liberdade usado na guerra contra o nazifacismo na Europa e a conservação de impérios
coloniais. Nessa situação, a segunda metade do século XX assistiu a diversos povos dos
continentes africano e asiático conquistarem sua independência do domínio colonial e
formarem novos países.

Capítulo 12: O fim da Guerra Fria e a Globalização.


Este é um longo capítulo, que se inicia falando sobre a intervenção Soviética no Afeganistão e
termina abordando os grandes conglomerados e as crises sociais associadas, de algum modo, a
eles, a exemplo dos trabalhos análogos à escravidão e da desigualdade. Centrado no fim da
URSS e no pós-Guerra Fria, os principais subtemas são: a desintegração e fim do bloco
soviético – cujo maior símbolo foi a derrubada do muro de Berlim –, as transformações de
caráter cultural e político ocorridas na China, o 11 de Setembro e a Globalização.
Capítulo 13: Brasil: Redemocratização e Globalização.
Este capítulo trata de uma nova democracia no Brasil depois de mais ou menos 20 anos de
ditadura, com isso é criada a Constituição, que é um sistema de normas jurídicas fundamentais
que podem estar escritas ou não. Essas tais normas organizam o Estado e a divisão de poder,
estabelecendo seus limites de ação e os direitos, deveres da população. Os governos passaram
por altos e baixos que vai desde problemas sociais e econômicos até os problemas com
corrupção.
Capítulo 14: O Nosso Tempo.
Este capítulo é reflexivo, pautando o tempo da Revolução Técnico-cientifica, que trouxe
desenvolvimentos nas áreas das ciências, sobretudo as biológicas e exatas, além de difundir
novos hardwares pelo mundo. Também são tratadas a chamada 4° Revolução Industrial (ou
nova fase da 3° Revolução Industrial) e a sustentabilidade diante de tais evoluções. A
desigualdade social e a violência são os últimos subtemas que compõem este capítulo de
reflexão.

Análise Crítica do conteúdo e da forma que o livro aborda o tema


Segunda Guerra Mundial: A política da boa vizinhança

O subtema escolhido foi A “política de boa vizinhança”, presente no capítulo 7 – A


Segunda Guerra Mundial e a queda de Vargas. Embora breve, o assunto é bem conduzido,
com vocabulário de fácil compreensão e texto harmonioso e objetivo. Consequentemente,
verifica- se uma abordagem mais expressa do tema em detrimento das particularidades que o
circundam.

Para melhor exemplificar isso, segue uma reprodução de um trecho do texto: “Sua
intenção era cultivar a amizade da América Latina e conseguir aliados, além de garantir os
interesses estadunidenses na região” (VICENTINO, C; VICENTINO, J. B., 2019, p. 124)1.
Os “interesses estadunidenses” poderiam ser especificados. Segundo a historiadora Mônica
Hirst, em sua colaboração com o Centro de Pesquisa e Documentação de História
Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas, os interesses vieram com a percepção
dos Estados Unidos de que as nações da América Latina seriam potenciais
fornecedores/supridores de matérias- primas. Além disso, ele almejava o mercado de produtos
manufaturados e áreas de investimento de capital que integrassem interesses privados e
governamentais. Sinalizava uma versão regional de uma política externa internacionalista,
neste caso, de fortalecimento de uma aliança hemisférica, defendendo, pois, os mercados
contra o Eixo.2

Neste mesmo livro, foram alguns os subtemas com as mesmas características de


objetividade, notando-se em determinados deles, no entanto, pelo menos uma divisão direta
e precisa de temas mais importantes. Ao menos alguns dos interesses poderiam ter sido
dispostos em tópicos para uma melhor compreensão dos estudantes. Seria interessante ter a
mesma conduta em relação ao que os países latino-americanos que se alinharam com os as
novas políticas estadunidenses “ganharam“, citando, no mínimo, o contexto brasileiro, como
a conquista da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, o reequipamento das forças armadas
e a produção do álbum Native Brazilian Music. Respectivamente, citar também possíveis
interesses implícitos ou não por parte dos financiadores/parceiros. Então, por exemplo, do
ponto de vista da CSN, fornecer aço aos Aliados; da modernização das forças armadas, estar
apto a combater efetivamente como membro dos Aliados; da produção do Native Brazilian
Music, realizar um intercâmbio cultural.

Acerca da iconografia, a equipe responsável optou por inserir o pôster do filme Saludos,
Amigos, de 1942, uma animação lançada internacionalmente e produzida por Walt Disney.
O filme se passa na América do Sul, e Disney teve o cuidado, naturalmente, de se dedicar na
representação da cultura local e dos cenários, como o Lago Titicaca, os pampas argentinos e
o emblemático Rio de Janeiro. A concepção desta obra está diretamente ligada aos esforços
estadunidenses de reaproximação e de conquistar aliados (aqui, já durante a Segunda Guerra
Mundial). Pode, portanto, ser considerada uma boa representação iconográfica do contexto,
atentando-se também à legenda adequada que a acompanha.

1
VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Teláris: História 9º ano. 3.ed. São Paulo: Ática, 2019.
2
HIRST, Mônica. (s/d). Verbete Política de Boa Vizinhança. Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro,
CPDOC/FGV. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/politica-de-boa-
vizinhanca. Acesso em: 01 jun. 2022.

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