Você está na página 1de 23

HARARI, Yuval Noah .21 lições para o século 21.

São Paulo : Companhia das Letras,


2018.

Biografia

Yuval Noah Harari nasceu em Qiryat Atta, Israel, no dia 24 de fevereiro de 1976.
Filho de judeus formou-se em História e Relações Internacionais na Universidade
Hebraica de Jerusalém. Em 2002 completou o doutorado na Universidade de Oxford, na
Inglaterra. É professor de História do Mundo na Universidade Hebraica de Jerusalém.A
sua especialização académica foi feita na Universidade Hebraica de Jerusalém, entre 1993
e 1998, em História Medieval e História Militar, completando o seu doutoramento em
2002, em Oxford, e fazendo estudos pós-doutorais até 2005. Harari publicou diversos
artigos sobre história militar, entre eles: "Estratégia e Abastecimento no século XIV",
"Campanhas de Invasão na Europa Oriental" (2000) e "Memórias Militares: Um Panorama
Histórico do Gênero Desde a Idade Média até a Era Moderna" (2007). Em 2011 publicou
“Sapiens: Uma Breve História da Humanidade”. Em 2015 publicou “Homo Deus: Uma
Breve História do Amanhã” e em 2018 lançou o livro “21 Lições para o Século 21”

Bibliografia do Autor

Em suas obras se destacam três obras: em 2011 publicou o best-seller “Sapiens:


Uma Breve História da Humanidade”. Lançado no Brasil, em 2018. Na obra, Harari
divide o progresso da humanidade em três grandes revoluções: a cognitiva, a agrícola e a
científica. Aborda toda a extensão da história humana desde a evolução do Homo Sapiens
até a revolução política e tecnológica do século XXI. Em 2015 publica “Homo Deus: Uma
Breve História do Amanhã” , Harari relata o curso da história, os eventos e as habilidades
adquiridas pelo ser humano ao longo de sua experiência e sua evolução como espécie
dominante no mundo, juntamente com as questões éticas. E em 2018 o livro “21 Lições
Para o Século 21”, no qual o autor responde a questões sobre o que está acontecendo no
mundo hoje, qual o sentido mais profundo desses eventos e como podemos
individualmente tirar lições através deles. A obra traz um rigor científico para assuntos
como inteligência artificial, guerra nuclear e fake news, entre outros assuntos.
Resumo da Obra

Harari escreveu a obra discutindo as maiores mudanças que a humanidade poderá


passar se não aparecer logo um caminho alternativo que possa nos dar algumas direções
confiáveis para que possamos nos preparar para um futuro que ainda é incerto, mas que se
mostra bastante caótico. A obra não dá uma resposta final para as catástrofes que vem
acontecendo e que podem acontecer, ao invés disso ele conversa com o leitor para dar uma
pequena noção do que vem acontecendo no mundo nas últimas décadas e o que podemos
tirar de lição desses novos capítulos que estão aparecendo no mundo que está cada vez
mais profundamente controlado pelas novas gerações de tecnologias da informação e da
biotecnologia e narrativas que destoam a realidade. A problemática central da obra é
discutir qual é a opção de real saída para a humanidade visto que nenhum modelo global
que se apresentou não demonstrou um percurso muito longo ou que pelo menos equilibrou
as relações das nações, e que logo, mais um sistema estará fadado a declinar, pois tudo
estaria vinculado ao indivíduo social estar tão dentro de várias narrativas que nem ele
mesmo sabe dizer quem é, sempre não conformado com o mundo exterior e seus processos
de percepção do que é o mundo. Para isso Harari vai usa um grande leque de literatura
trazendo discussões que abarcam cultura, sociedade, política, no qual vai dar vários
exemplos de casos que a história humana teve e como ela lidou em cada capítulo que a
obra apresenta, como também vai dialogar com temas que são mais atuais, como
tecnologia da informação, banco de dados e biotecnologia e questões relativas às novas
tendências narrativas como a pós-verdade, ficção científica e meditação.
No fim da obra o autor revela que não tem uma resposta para o problema que
levanta. Como discutido desde o início de sua obra, ele não pretende dar soluções que
mudem um panorama global, por mais que, pelo seu processo de elaboração argumentativo
ele levanta hipóteses para o que pode ser feito, mas nunca dá uma certeza de que de fato as
opções que ele entrega funcionaria no campo prático. No entanto, nos últimos capítulos faz
uma abordagem que pede que qualquer indivíduo que queira dar uma resposta viável para
o mundo pelo menos precise se conhecer primeiro, entender no seu mais íntimo quem é, e
entender que por mais que a história seja feita de vidas, a vida em si não se limita a uma
história.
Hipótese central da obra

Harari funda sua argumentação que percorre os capítulos em quatro bases: A


incerteza do futuro, Disrupções tecnológicas, Desespero de uma guerra invisível,
Narrativas da incerteza e Observando a mente. É por meio dessas temáticas que percorrem
a obra que o autor vai demonstrar que o ser humano antes dele fazer parte de uma nação,
embutidos desde o nascimento com sua cultura e preconceitos sobre o mundo que o
externa, ele faz parte da nação humana. Ele não vai descartar a cultura e muito menos as
religiões, pelo contrário, ele vai entender que o mundo está indo para um destinado caos
porque o ser humano,não procurou senão por esses artifícios, o equilíbrio no mundo. É
por meio de um mundo cada vez mais tecnologicamente avançado que novas situações são
colocadas aos seres humanos e que não sabemos como lidar e no que isso pode dar.
Harari defende que nós humanos não sabemos o que fazer com tanta coisa
emergindo e reinterpretando nossas reflexões a todo momento, isso devido a inexistência
de uma narrativa que nos dê algum horizonte a seguir, cujo o mesmo demonstra uma
grande preocupação, pois se deixarmos sem um rumo, provavelmente no futuro a
humanidade terá que lidar grandes risco ou de extinção ou de escravidão. Para isso, vai
dizer que a humanidade precisa se enxergar como ser humano antes de dar ouvidos às
narrativas já estabelecidas do passado, indo primeiramente para a busca de entender mais
sobre o que lhes forma enquanto indivíduo.
Estrutura da Obra

Harari mostra a divisão em cinco seções subdivididas em 21 capítulos ao qual a


proposta é dada no título de sua obra. Na primeira parte vai discutir o desafio tecnológico
que a humanidade está vivendo e em quais graus isso pode ser levado, tocando na relação
do trabalho, dos direitos de liberdade e igualdade; na segunda parte ele vai tocar nos
assuntos de civilização, a questão do nacionalismo religião e imigração no tocante dos
desafio políticos que a humanidade enfrenta hoje e o que pode acontecer no futuro; já na
terceira vai discutir a questão das grandes tragédias da guerra e do terrorismo no mundo,
como as qustões de Deus e secularismo, todas na perspectva de demonstrar como desde
sempre a humanidade gostou de provar que sua cultura e religião são as mais viáveis que
existem e não sabendo conviver em respeito a crença alheia e os desdobramentos que isso
pode trazer num futuro dominado por “guerras de dados”; na quarta parte vai discutir quais
são os possiveis passos que a raça humana poderia tomar, com capítulo que falam sobre a
ignorancia, justiça e quais os perigos do nosso mundo quando falamos de pós-verdade e
ficção cinetífica, o que pode servir para nós e o que deve se levar em consideração. Na
última parte Harari vai nos da, se não uma pista, uma tentativa de apontar uma direção,
mesmo que turva sobre por onde a raça humana deve começar a vislumbrar algum
propósito para nossas vidas, são capítulos que falam sobre como devemos lidar com a
educação, como podemos buscar sentido para a vida humana e terminando falando que
pode ser que comecemos pelo indivíduo em sua unidade e observar a si mesmo, buscando
entender quem é, antes de sair professando preceitos ao outro.
A obra conta com um total de 384 páginas .
Conteúdo

Parte I

Harari na primeira sessão intitulada “O desafio tecnológico”, vai ser dividida em


quatro capítulos : "Desilusão, Trabalho, Liberdade e Igualdade” e suas ideias que
sustentam a ideia fundamental da obra.

Desilusão
Neste capítulo o autor discute o motivo da perda da fé na narrativa liberal por meio
da disrupção que está acontecendo no mundo por causa da fusão entre biotecnologia e
tecnologia da informação que coloca os seres humanos nas maiores mudanças que eles já
se depararam.
O autor inicia discutindo como o mundo foi narrado pelas elites locais desde o
século XX, na qual foram sendo encerradas com o fim da Segunda Guerra
Mundial(Facismo) e com o colapso da União Soviética e a queda do muro de Berlim
(Comunismo) e desde então a humanidade só passou a viver dentro da narrativa liberal que
prevaleceu por várias décadas e que poderá prevalecer se não haver outro sistema que o
substitua.
Para Harari, a narrativa liberal celebra o valor e o poder da liberdade, ou o
remodelamento das liberdades individuais, no qual regimes democráticos, a livre-iniciativa
e a livre apreensão do mundo por si mesmas foram a narrativa ideal por muito tempo.
Além disso, Harari salienta que a própria tecnologia ajudou a alavancar esses ideais
propiciando às pessoas pensarem o mundo por si, tendo acesso mais imediato.
No capítulo ainda vai abordar que essa abordagem de liberalizar e globalizar os
sistemas políticos e econômicos iria trazer paz e prosperidade, numa marcha inexorável da
história, porém não foi que aconteceu, demonstrando que vários acontecimentos
demonstraram o contrário, a crise no Brasil em 2008, como o voto pró-Grexit na Grã-
Bretanha e mais recentemente a ascensão de Donald Trump mostrava a outras nações que
liberalização e globalização não passava de uma grande farsa que confere poder a uma
elite minúscula às expensas massas. Harari então vai discutir qual o modelo político-
econômico que poderia substituir e que poderia responder às questões modernas em meio
ao caos vivido pela humanidade hoje?
Ainda no capítulo, Harari vai fazer relações entre a aceleração tecnológica e o
sistema capitalista liberal e o que isso tem haver com a falta de controle. O autor discute e
dá saltos de previsão do que poderá acontecer com os sistemas econômicos, políticos e
sociais com a crescente aceleração do mundo tecnológico e biotecnológico e como essa
ampliação poderá gerar consequências, que atualmente não percebemos.
Para Harari, diferente do mundo de hoje e do passado que buscava o controle
exterior dos corpos, os interesses estão mais associados, no futuro, busca-se cada vez mais
o controle do mundo interior e que se não nos orientarmos hoje não podemos controlar as
consequências dos avanços tecnológicos e biotecnológicos.
Ainda no capítulo, o autor demonstra como cada vez mais o modelo liberal entra
em crise por meio de um mundo contemporâneo no qual tudo se baseia em algoritmos e
redes. Porém, Harari discorre que ainda assim, desde sua crise e ampliação pelo globo no
século XIX, cada vez mais o liberalismo narrou que demonstrar democracia se referiria aos
limites da delimitação do seu próprio território, e que não fim de tudo a humanidade não
largaria a alternativa liberal pelo simples fato de não ter alternativa.
No final ele pergunta ao leitor, se não há perspectiva de uma outra narrativa, devia
a humanidade voltar às interpretações ancestrais e religiosas?

Trabalho
Neste capítulo Harari vai discutir a questão do trabalho e como ele pode sofrer
mudanças drásticas dentro dos sistema social-político que conhecemos e como isso pode
ser um divisor de águas ou não para o futuro das classes sociais. Para Harari, o mundo do
trabalho teve mudanças quanto sua prática, desde antigamente por meio da força física,
passando pelo que conhecemos por trabalho cognitivo ao qual vivemos a algumas décadas
e hoje se prospecta que talvez grandes massas possam ser substituídas por Inteligência
Artificial (IA). Com esse avanço fora de nossa capacidade de se proteger, Harari especula
que nenhuma área será poupada e que cada vez mais a IA conseguirá emular e até mesmo
criar como um ser humano, pois entenderá seus comportamentos e simulará sentimentos,
simplesmente reconhecendo padrões. Vai ser questão de tempo até mesmo computadores
saibam fazer cirurgia em humanos e até capazes de criações como músicos. Afinal o que é
a mente humana?
Ainda no capítulo Harari discute as questões do desemprego e dos novos empregos.
Para ele é claro a substituição de IA por humanos, porém vai demonstrar o quanto pode ser
uma faca de dois gumes, por um lado pode ajudar a desenvolver melhores profissionais
por outro com um alto nível de especialização requerido o nível de trabalhadores não
qualificados aumentaria mais do que a tentativa de tentar especializa-los. Com isso o
indivíduo seria bem difícil um indivíduo passar a vida toda em uma profissão e os perigos
que isso pode atrair numa situação global.
A partir disso o autor discute o que fazer para impedir no futuro a perda de
empregos e a criação de novos empregos. Retardar a tecnologia? Como? Para Harari,
proteger os humanos é melhor que emprego. A renda básica universal (RBU) seria uma
saída, mas ao mesmo tempo pergunta ao leitor o que seria básico? O que poderia ser
considerado básico para a humanidade? Seria possível surgir um novo modelo num mundo
pós- trabalho que faça uma mudanças estruturais ou somente uma satisfação momentânea
que continue com o mesmo modelo de diferenças altas entre classes.

Liberdade
Neste capítulo Harari vai discutir a situação entre Liberdade e as formas de
consciência de IA e no que isso pode ocorrer em relação ao poder governamental e da
própria IA para si. Com isso, Harari tenta responder sucintamente se a democracia liberal
que vivemos hoje pode ser “hackeada” a partir das emoções humanas?
No capítulo o autor vai dizer que o conceito de liberdade é antigo e vinculada à
formas divinas, depois passou para a autoridade humana e que, no futuro, passará para
algoritmos. Como até recentemente a autoridade humana foi justificada pela narrativa
liberal, a futura revolução tecnológica poderia se estabelecer pela narrativa dos algoritmos
de Big Data. Ainda nesse pensamento Harari analisa que o funcionamento do cérebro não
possui uma qualidade espiritual, podendo assim sem passível de ser calculado por
computadores no futuro para predizer quais serão as melhores decisões que o indivíduo
poderá fazer em sua vida.
Ainda no mesmo capítulo o autor vai abordar como os algoritmos no futuro irão ser
usado para para tomadas de decisão governamental, assim, aumentando as chances de
hackear com mais facilidade a previsão de sentimentos humanos a níveis astronômicos,
fazendo com que cada vez mais rápido tenhamos maior confiança nos algoritmos e assim
tomando decisões mais rápidas e partir daí chegarmos ao ponto de ter um novo conceito de
humanidade.
Para Harari esses avanços são tão impressionantes que ele fala sobre as ditaduras
digitais podendo governos inteiros “controle” absoluto dos cidadãos. Com isso a tomada de
decisões governamentais também mudaria, uma vez que a IA tomaria decisões mais
corretas que uma pessoa, e partir daí podendo emular formas de "consciências" sobre
ligada a bioquímica, pois , para o autor, inteligência e consciência tem diferenças que
podem ser colocadas em questão.

Igualdade
Neste capítulo o autor vai discutir se no futuro o avanço tecnológico vai trazer
igualdade ao mundo. Harari faz um traçado da nossa sociedade que tem desigualdade
desde a revolução agrícola, quanto a propriedade de terra. Então, para ele hierarquia e
desigualdade seria um processo de qualificação natural ou até sagrada. Desde então, várias
vertentes ideológicas tentaram idealizar sociedades em busca da igualdade, cada uma
reivindicando a seu modo. Em suas pesquisas constatou que houve uma redução da
desigualdade das classes, por mais que tenha sido pouca em relação a gêneros, raças e
classes.
Outro ponto que Harari aponta nesse capítulo é sobre a migração que o avanço da
tecnologia poderia ter, ao invés de ser uma desigualdade poderá ser uma desigualdade
biológica, distanciando os indivíduos um dos outros por castas biológicas por meio do
avanço tecnológico. Harari prospecta que pelo avanço biotecnológico, haverá uma classe
de super-humanos e um subclasse, no qual irá ser usado para capitalizar mais dinheiro
tornando 1% da população rica terão além da maior parte da riqueza, terão a criatividade,
beleza e saúde.
No último ponto, Harari discute a questão do propriedade dos dados, pois para o
mesmo, essas será a nova moeda e que se não feito nada apenas uma pequena elite
controlará o fluxo dos dados, nos dividindo em produtos, fazendo isso como um modelo de
negócios, fazendo as massas terem dependência total entre seres humanos e máquinas
(redes). Termina o capítulo indagando-nos sobre como regular a propriedade de dados e
que talvez essa seja a questão política mais importante de nossa era.
Parte II

Essa sessão chama-se “O desafio político” e vai ser dividida em cinco capítulos: “
Comunidade, Civilização, Nacionalismo, Religião e Imigração”

Comunidade
Neste capítulo Harari vai discutir o motivo pelo qual as comunidades estão cada
vez mais se tornando um motivo de afastamento físico e emocional entre as pessoas. Aqui,
Harari discute o papel das comunidades globais que estão nas redes e suas capacidades de
deixar indivíduos mais solitários no sentido de não haver conexões satisfatórias. Para o
autor, pessoas buscam cada vez mais nas redes apoio satisfações políticas que estão
associadas às próprias convicções. Ainda prossegue exemplificando que a rede social
“Facebook” se pronuncia como uma rede que possui uma IA passível de manter seres
conectados como capacidade de “fortalecer nosso tecido social e fazer o mundo ficar
unido”.
Para Harari, isso é improvável de acontecer uma vez que nossos sentidos estão cada
vez mais a capacidade de dar atenção ao outro em nosso cotidiano de forma física, pois
estamos mais interessados no que está acontecendo no ciberespaço do que no que está
acontecendo ao nosso redor. Sentir é cada vez mais determinado pelas reações onlines. O
motivo disso se daria, de acordo com o autor, pela nossa incapacidade humana de manter
conexões profundas com milhões de pessoas, deixando nossas relações superficiais.
De acordo com os pensamentos que o autor expressa, a construção de nenhuma
comunidade teria que ser de soma zero, pois não garantem para conhecer pessoas tão bem.
No final então ele pergunta ao leitor se existe uma brecha possível entre o mundo online e
o offline, em que o indivíduo só precisasse entrar quando realmente necessário. Ao
contrário dessa indagação ele exemplifica que se não existe uma brecha ainda, nós
podemos constatar que existe já no mercado tecnologias capazes de misturar esses dois
mundos (Google Glass), transformando tudo numa grande realidade aumentada. Termina
falando que no futuro provavelmente não haverá fronteiras entre máquinas eletrônicas e
corpos orgânicos.
Civilização
Neste capítulo Harari, aborda que só deveria existir uma só civilização. Ele
desacredita que existam hoje “choques de civilização”. Para Harari a maioria (senão todas
as nações) já vivem calcados dentro de culturas globais mais do que no século VII. Muito
por conta das ideias que se espalharam no século XIX, de Marx e Foucault. Para o autor,
nós não somos animais irracionais e que deixamo-nos naturalmente nos influenciar pela
cultural além territorial, não sendo portanto, determinados geneticamente. Que seríamos
tudo aquilo que fizemos de nós mesmos e que grupos humanos se definem mais pelas
mudanças do que por continuidades graças ao nosso talento de criar narrativas. Então,
nenhuma nação possuiria uma “genética” ou DNA fixo que perpetua pela eternidade.
Ainda neste capítulo o autor revela que historicamente o gênero humano tende
naturalmente a se aglutinar em cada vez números maiores. Para isso, é preciso que a
humanidade acredite em algumas narrativas para que possam criar uma estrutura que possa
atingir algum propósito. É nessa concordância direta ou indireta de narrativas criadas que o
ser humano pode entrar em contato com a sociedade. O processo de unificação humana
tem assumido, para Harari duas formas: o estabelecimento de ligações entre grupos
distintos e a homogeneização de práticas em todos os grupos. Podem-se formar ligações
até mesmo entre grupos que continuam a se comportar de modos muitos diferentes. Na
verdade, podem-se formar ligações até entre inimigos jurados. A própria guerra pode gerar
algumas das mais fortes de todas as ligações humanas. Historiadores alegam
frequentemente que a globalização atingiu um primeiro pico em 1913, depois entrou em
longo declínio durante a época das guerras mundiais e da Guerra Fria, e só se recuperou
após 1989. Isso pode valer para a globalização econômica, porém ignora a dinâmica de
globalização militar, igualmente importante.
Uma saída que deu muito certo para Harari, foi o fato de criarem artifícios para que
protocolos diplomáticos virassem leis internacionais comuns, coisa que antigamente
possuía muita resistência, como crenças simbólicas e direitos humanos. Outras crenças
também foram estabelecidas que puderam “unificar” o pensamento sobre as crenças: uma
mesma linguagem econômica, comercial, capital, internacionalização da ciências e etc).
Harari também aponta que foi por meio da globalização que a própria noção de
identidade foi colocada em cheque. De acordo com ele, as pessoas até podem ter religiões
diferentes, mas quando se trata de coisas práticas, as noções de pertencimento mudam de
acordo com o processo de entrar em contato com algo que se desconhece.
Nacionalismo
Neste capítulo Harari vai abordar questões relativas se o retorno ao nacionalismo
oferece soluções ou problemas inéditos e o quanto o gênero humano precisa mais do que
nunca lidar com uma lealdade global, já que existe muita dificuldade em se transformar em
uma única nação global. Esse problema é discutido pelo autor por motivos do
nacionalismo ortodoxo que têm estado entre as nações na crença que sua nação é sempre
superior. Nesse caso, Harari diz que deveria para com esse pensamento coletivo sobre sua
própria nação e pensar nela como única e não como suprema. Porém não se esquece que
por mais que o nacionalismo tenha levado a humanidade a conflitos quase que
intermináveis, os Estados-nação modernos também construíram sistemas sólidos de saúde
e bem-estar até 1945.
Harari vai apresentar ainda no capítulo os desafios que o mundo enfrentou desde a
Guerra Fria e quais desafios apareceram devido a irresponsabilidade de décadas atrás. O
autor relata que surpreendentemente poucas fronteiras foram redesenhadas e que cessou na
maior parte dos países, usando a guerra como instrumento político. Outro desafio que
Harari nos lembra é que essas guerras deixaram resquícios na biosfera do planeta, cujo teve
e tem aumentado a temperatura da Terra devido a gases poluentes. Outro desafio que
surge como um problema para o nacionalismo é o tecnológico. Harari demonstra como as
tecnologias do futuro podem moldar de formas distópicas a identidade humana. Segundo
ele, enquanto todos concordam que devemos evitar a guerra nuclear e o colapso ecológico
as pessoas têm opiniões muito diferentes sobre biotecnologia e IA para aprimorar o ser
humano e criar novas formas de vida, então se ele não conseguir conceber e administrar
diretriz éticas globalmente aceitas, o mundo poderá ver coisa que seriam assustadoras,
como a dissociação da consciência do corpo e andar pelo ciberespaço livres de todas
restrições biológicas e físicas. Para Harari é necessário que o gênero humano entre em
acordo com semelhantes, uma nova identidade global

Religião
Neste capítulo o autor consolida que a religião não teria respostas sólidas e viáveis
para resolver os futuros problemas da humanidade. De acordo com ele, existem três
problemas : técnicos, políticos e identitários. Segundo Harari, a religião não consegue dar
conta dos dois primeiros, já que os problemas identitários normalmente tem influência,
mas eles geralmente estão no problema.
Harari diz que antigamente a religião era responsável por resolver problemas do
campo técnico. Calendário divinos diziam o tempo de plantar e colher, ditava a época da
praga e a medicina dos sacerdotes era usada para curar pessoas, porém, mesmo que nos
tempos modernos a medicina tenha evoluído, o indivíduo religioso não abandona, pelo
contrário, as incorpora no seu ritual de cura. No capítulo também vai dizer que por esses
motivos que a ciências avançou tão rápido, enquanto a religião negava sua estagnação a
ciência admitia seu fracasso e tentar outro caminho. Foi por meio dessas medidas que
gradualmente a ciência foi melhorando e com isso cada vez mais o mundo inteiro foi
adotando práticas daquilo que funciona tornando mais única a civilização.
O autor também discorre brevemente sobre o problema político. Para ele, a religião
sempre irá encontrar um modo de explicar tudo pelas escrituras mesmo que não ache
solução no campo do real. Para o autor ser de alguma religião estará cada vez mais ligado à
direções ideológicas precisas, pois ela por si só não consegue sustentar dogmas somente
pela fé.
Por fim, na parte final do capítulo Harari vai refletir o motivo pelo qual a divisão
religiosa gera o “quem somos nós” e “quem são eles”, quem devemos curar e quem
devemos bombardear. O autor usa Freud e explica sobre o “narcisismo de pequenas
diferenças” para fundamentarem a identidade nacional local

Imigração
No último capítulo da segunda parte, Harari faz discussões sobre nacionalismo e
imigração, que podem causar problemas sociais. Neste capítulo Harari vai fazer relações
entre termos e debates criados para estabelecer as condições mínimas de passagem para
imigrantes. Harari vai refletir com o leitor sobre as duas partes que entram em conflito e
saber seus pontos de vista e o que pode trazer de benefício ou malefício para a cultura e
nação.
Os conflitos discutidos são entre os imigrantes que querem legalizar a abertura para
imigrantes e os anti-imigracionista. Ambos para Harari possuem argumentos que levantam
questões culturalistas e nacionalistas.
Outra questão colocada pelo autor: a questão das diferenças culturais e o nível de
aceitação em outros países.
Na lógica de Harari, a diferença não implica hierarquia e que nem todas as nações
possuem o mesmo nível de aceitação. Então, alguns comportamentos haverias um nível
“superior” do que ele chama de “cultura superior”
Harari evidencia que existe não mais um racismo biológico fundamentado no
sangue, mas num racismo cultural, resultando numa pressão sobre “os outros”- mesmo que
possam ser mais tolerantes que os racistas tradicionais,mas o problema principal é que de
apenas de sua natureza estatística, todas são usadas para prejudicar indivíduos. Harari
demonstra que apesar de fazer mais sentido o racismo cultural, há falhas em seus conceitos
fundamentais.

Parte 3

Essa seção chama-se “ Desespero e Esperança” e é dividido em cinco capítulos:


“Terrorismo, Guerra, Humildade e Secularismo”

Terrorismo
Neste capítulo Harari vai discutir os motivos que tememos o terrorismo e as relação
dele com nosso temor, a mídia e as medidas de ação governamental.
Harari se pergunta em sua discussão no capítulo o motivo que tememos o
terrorismo se o mesmo tem índice de morte bem menor a frente de doenças alimentares e
como isso pode impactar nas eleições. Por mais que a narrativa usada seja o medo, ele não
conseguiu de forma eficiente dar certo em locais que aconteceram mortes. Então como
repercute tanto?
Para diz que para atingir se objetivo, o terrorismo precisa necessariamente ser
teatral, pois são fracos em si mesmo. Objetivo central é de ataques que possam de alguma
forma violentar simbolicamente as estruturas políticas de um país, seja por meio de ataques
repentinos ou a monumentos simbólicos que têm significados representativos para uma
nação.
Segundo Harari, esses ataques desestabilizam emocionalmente as pessoas e ao
governo, sendo necessário uma contra medida e campanhas antiterroristas. Porém tais
campanhas beneficiam mais aos terroristas. O autor dita que o Estado cria um espaço vazio
que funciona como uma caixa de ressonância que amplifica o impacto de qualquer ataque
armado. Como o Estado deveria lidar com isso?
Para Harari, governos deveriam concentrar-se em ações clandestinas contra redes
de terror e a mídia relativizar os noticiários. É por meio do nosso próprio terror interno que
incita a mídia a se obcecar com o terrorismo. O grande problema para Harari é que ,como
se usa todo o esforça para práticas anti-terroristas acabam não resolvendo outros problemas
que assolam a humanidade, pois a diferença de impacto de outros problemas são bem
maiores que o do terrorismo em si.

Guerra
Neste capítulo Harari vai discutir sobre os motivos das guerras bem-sucedidas
serem inviáveis e até mesmo temerosas no século XXI. Harari diz que hoje a tecnologia da
informação e biotecnologia são mais importantes que a indústria pesada nos tempos
modernos pelo fator de custo, mas não significaria que deixaria de lado os motivos para
investir em métodos que até o século XX movia a economia mundial.
Ainda no capítulo Harari, motivos pelo qual é tão difícil para as grandes potências
travar guerras bem-sucedidas no século XXI. Para ele existiria o fator de mudança de
natureza econômica, pois a tecnologia daria recursos mais viáveis e com mais baixos
custos, ou seja, a guerra poderia terminar antes de começar . Outro fator é que, com o
avanço da IA e biotecnologia, a guerra cibernética poderia transferir perigos não somente
ao país mas a outras localidades como forma estratégica de atingir o vínculo público. Para
Harari, a guerra iria se transformar em um tiro no escuro sem poder prever o que poderia
acontecer. Com isso, armas nucleares e grandes ataques cibernéticos são tecnologias muito
danosas, podendo ter poder suficiente para destruir países inteiros.
O autor lembra ainda que a guerras que aconteceram em 1939, era inviável
economicamente e ainda assim aconteceram, então supor que uma Terceira Guerra
Mundial viesse acontecer seria inevitável, e ao supor isso países continuam a reforçar seus
exércitos, embarcam em corridas armamentistas e recusam a fazer acordos pois suspeitam
que sejam armadilhas.

Humildade
Neste capítulo Harari busca enfatizar que as narrativas que foram dadas ao mundo
por meio das religiões evidenciam falta de não entenderem que suas narrativas criam falta
de humildade e que nenhuma delas é o centro do mundo.
Para Harari todas as histórias de nascimento do mundo não tem fundamentações
verdadeiras. Para ele, a única narrativa mais concreta é que a origem da humanidade veio
da África. Durante o texto o autor elabora questões fundamentadas da psicanálise freudiana
para explicar as relações entre as religiões cristã, islâmica e judaica.
Ainda nesse capítulo aborda a questão da moralidade que defende que existiu muito
antes da Idade da Pedra e que até mesmo no mundo animal existem princípios de
“moralidade” dentro de suas práticas de sobrevivência e liderança. Para o autor, a própria
essência da vida prefere caminhos que beneficiam a sobrevivência coletiva.
Como último tópico, Harari discute a questão do fanatismo e da ética universal. Em
suas questões o monoteísmo teria sido a base para deixar as pessoas muito intolerantes,
disseminando perseguições religiosas e guerras santas, e depois que foram despachados
pelo mundo aumentou até hoje atitudes racistas, misóginas e homofóbicas.

Deus
Neste capítulo o autor busca entender o que Deus e as religiões significam para o
mundo e para história, e qual o sentido de ser ruim para humanidade tomar seu nome para
comportamentos que prejudicam a mesma espécie. (Harari que falar especificamente das
religiões cristãs, islâmicas e judaicas).
Para o autor Deus é o desenho que seus seguidores dão a Ele, por meio das
escrituras sagradas, passasse a existir uma legislação máxima de poder e autoridade divina.
Ao mesmo tempo critica as características ficcionais de Deus por meio dos fiéis. O sentido
de não dizer o nome de Deus vão, para Harari é uma atitude que não deveria ser usada para
justificar nossos interesses políticos, nossas ambições econômicas ou ódios pessoais.
Para Harari não porque deuses possam inspirar a agir com compaixão que a fé
religiosa seja condição necessária para o comportamento moral e que a ideia que
precisamos de um ser sobrenatural que nos faça agir moralmente pressupõe que existe algo
sobrenatural na moralidade.
Além disso o autor vai dizer que cada religião possui caráter centrais específicos
que trabalham mais em seus fiéis, sendo assim a moralidade estaria nos limites e acordos
que cada nação ou religião tem para com seu próximo. Harari então pretende desprender a
noção que a moralidade não significa cumprir mandamentos mas diminuir sofrimento.
Contudo, ele entrou em acordo que as religiões foram até certa medida tiveram
contribuição na paz e harmonia no mundo.
Secularismo
Neste capítulo Harari vai trabalhar a noção de secularismo e qual sua importância
para refletirmos sobre qual o limite de nossas crenças, ideologias e credo e o que isso tem
haver com nosso ideal de nação.
Para Harari, o secularismo é uma visão do mundo positiva e ativa, nos quais os
valores são definidos por um código de valores e não pela oposição à qualquer religião.
Para eles a moralidade e sabedoria não são atributos divinos, sentem confortáveis com
múltiplas identidades híbridas, contanto que se adote um código ético secular (liberdade,
compaixão, igualdade, coragem e responsabilidade). Por mais que isso seja uma saída
lógica, para Harari, corresponde a um ideal secular ou qualquer outro tipo de ideal
religioso.
Além disso, o capítulo vai atenuar ao fato que a ideia secular tenha um certo de
descompromisso com a verdade, se baseando em observação e evidências e não somente
pela fé, mas sempre tendo um compromisso básico da compaixão, pois seu objetivo final
seria em reduzir o sofrimento do mundo. Se orgulham de sua singularidade de sua nação,
de seu país e de sua cultura, mas não confundem singularidade com superioridade.
Humanos deveriam ter liberdade de duvidar, de verificar novamente, de uma segunda
opinião, de tentar um caminho diferente.
Outro fato que o autor vai discutir é sobre a questão da educação secular que seria
a capacidade de ensinar a distinguir a diferença entre verdade e crença. O problema é que
criar e estimular credos dogmáticos pode fazer com que se coloque a verdade e a crença
novamente no mesmo viés. Harari vai exemplificar como o sistema “stalisnita” e até o
modelo econômico capitalista mostraram-se flexíveis no início e aos poucos se solidificou
em dogma.
Para Harari, devemos tomar conhecimento de nossa sombra, pois todas as religiões,
ideologias e credo tem sua sombra e, portanto, devemos ter consciência dela.
Parte 4

Essa sessão chama-se : “ Verdade” e é dividido em quatro capítulos : “Ignorância,


Justiça, Pós-Verdade e Ficção Científica”

Ignorância
Neste capítulo Harari vai discutir sobre a condição que o homo sapiens adquiriu de
se responsabilizar por tudo, se tornando agentes racionais independentes.
Para o autor, essa racionalidade é inválida, e vai dizer que o ser humano é um
indivíduo grupal, o que lhe deu a capacidade de sobreviver por milhares de anos.
A ilusão de conhecimento é achar que o indivíduo pode saber individualmente
sobre tudo, pois tratamos o conhecimento dos outros como o nosso e isso tem seu lado
bom e ruim. Para o autor, confiar nos outros funcionou muito bem para o homo sapiens, e
seria desvantajoso, pois em excessiva contemplação, o gênero humano poderia entrar na
sua própria ignorância. viver no mundo onde o conhecimento individual se confunde com
o conhecimento em grupo e subgrupos é entoar que o ser humano necessita entender os
limites de como esse conhecimento incorpora na mente do ser.
Para Harari, essa excessiva ignorância traria um poder e uma maldição, pois a ele
não se teria mais tempo.Sendo assim, seria muito difícil saber a verdade quando se está
governando o mundo. Seria um problema de pensamento de grupo e da ignorância
individual.
No fim do capítulo, o autor concorda que se os líderes ficam preso num dilema, se
permanecerem no poder, terão uma visão extremamente distorcida da vida, e no futuro,
ficará ainda pior, pois o mundo iria se tornar mais complexo do que é hoje.

Justiça
Neste capítulo Harari vai refletir sobre o sentido da justiça que criamos e suas
implicações. Será que nos adaptamos ao mundo que vivemos hoje? Como implementar
esses valores em um mundo complexo e crescendo? Para o autor, tudo culpa dos números.
O autor discute como os modos de percepção mudaram no decorrer do tempo e dos
avanços tecnológicos, sendo praticamente impossível saber as causas e efeitos de injustiça,
uma vez que as conexões econômicas e políticas são cada vez mais intricadas e é difícil
responder de onde o almoço vem, ou quem fez os sapatos que usamos.Um mundo em que
ter alguns privilégios significa o labor de crianças trabalhando por muitas horas seguidas
Harari vai também refletir sobre o roubo e como sua definição ainda muda com o
avanço tecnológico. Ele evidencia que a tecnologia possibilitou que roubos possam ser
feitos mas ao mesmo tempo não me dá subterfúgios para eu tentar ir atrás de saber como
funciona, pelo motivo que cada vez mais os sistemas estão mais complexos. Então como
agir moralmente num mundo que não temos como conhecer todos os fatos relevantes? Para
Harari, nunca conseguiremos entender os motivos reais de outros grupos semelhantes, pois
cada grupo estaria dentro de diferentes emaranhados de fragilidades, tratamentos desiguais
e de discriminação institucional. Ou seja, estamos tão condicionados a não saber quais os
grupos e subgrupos que existem que não sabemos como funciona a vivência de outras
pessoas.
Harari no final do capítulo vai tentar mostrar os métodos que podemos adotar para
minimizar, porém ele não dá uma resposta definitiva e deixa a questão no ar para o leitor.
Devemos adotar dogmas? Devíamos desistir e declarar que a busca humana por entender a
verdade e encontrar justiça fracassou?

Pós-Verdade
Harari aqui neste capítulo vai discutir sobre o fenômeno das pós-verdade e se esse
momento começa na era da modernidade ou se sempre existiu.
Neste capítulo Harari explica que nunca houve uma era da verdade e nem muito
menos que a pós-verdade veio com o advento da internet ou da mídias sociais, muito
menos na ascensão de políticos como Trump e Putin. Na verdade, relata Harari, que
humanos sempre viveram na pós-verdade pela capacidade de inventar narrativas,
disseminá-las e crer nelas, se acreditamos nas mesmas, então todos nós obedecemos às leis
e, portanto, cooperamos efetivamente.
Para o autor, para o bem ou mal , as ficções estão entre os instrumentos mais
eficazes da humanidade, com capacidade de unir pessoas, credos religiosos e possibilitam
cooperação em grande escala. Portanto, não é incomum pensar que nações reforçam
ideários e crenças dando papéis de uma reimaginação de forma com que não manche a
imagem do partido ou movimento, cujo papel das mídias incorporou muito, escondendo
algumas atrocidades e as moldando para o mundo exterior.
Outro assunto que o autor aborda é sobre o papel da verdade dentro dessa
atmosfera. Para ele, a verdade nunca teve um papel de destaque no gênero humano, para
além disso as histórias falsas tinham objetivos de calibrar a lealdade de um grupo, mesmo
que peça a elas para acreditarem em absurdos.
No final do capítulo, Harari, discute também o formato que os acordos são
formados. Para ele, essas convenções não se diferenciam tanto dos mitos e ficções, se
alastrando para qualquer acordo simbólico como o dinheiro ou deus. Essas narrativas
ficcionais serviriam então tanto para divertimento quanto para sobrevivência.
O maior problema para Harari não são os mitos e ficções como no caso das fake
news, o problema é o sofrimento que ela gera. Portanto, para o autor é necessário saber
distinguir realidade de ficção.

Ficção científica
Neste capítulo Harari vai discutir como as narrativas de ficção científica são uma
importante ferramenta que a humanidade tem e quais os novos paradigmas que aparecem
na mídia e que nos faz repensar a identidade humana.
Para Harari, a cooperação humana só foi possível porque sempre acreditamos em
ficções. Para ele, as ficções aparecem como sugestão e que se repetem diversas vezes e
viram parte de um ideário cultural maior, você termina por lidar com essa nova ficção em
seu cotidiano.
Harari aponta que as pessoas no século XXI entendem melhor narrativas de ficção
científica, significando que é necessário ter maior responsabilidade de como se escrevem
as realidades científicas.
Outro assunto que Harari aborda no capítulo é a ideia do ser humano achar que
autenticidade seja um mito, pois as pessoas temem de ficar presas dentro de uma caixa,
mas não se dão conta que já estão dentro uma caixa maior e que quando nós começamos a
explorar as múltiplas maneiras que o mundo nos manipula, no fim, nos consta que nossa
identidade mais íntima é uma ilusão completa criada por redes neurais.
No fim do capítulo, Harari aborda a questão de como as ficções (novelas, poemas,
séries) esculpem o ser humano e como as diferentes narrativas sobre identidade do ser
humana podem ser distribuídas às massas dando outro idéia sobre o “eu” humano
Educação
Neste capítulo Harari vai indagar diversas questões sobre as narrativas antigas que
estão decaindo e nenhuma narrativa nova que aparece o que isso pode causar num mundo
cada vez mais complexo com os avanços tecnológicos e biotecnológicos. Então quais
habilidades serão necessárias para que possamos lidar com o futuro de forma com que
tenhamos pelo menos noção do que ocorre com ele.
Para Harari, no futuro, humanos precisarão de habilidades específicas, pois muitas
das coisas que aprendemos hoje serão irrelevantes no futuro. Para o autor a tecnologia
trouxe informações demais fazendo com que a confiabilidade dessas informações possam
ser passíveis de problemas e num mundo assim, a última coisa que um professor precisa é
dar informação aos alunos. Em vez disso, seria necessário apenas a capacidade do
professor em extrair a informação e perceber a importância do que é importante e o que
não é.
Se não sabemos quais habilidades então que deveria se ensinar? Harari diz que são
as habilidades que podem ser usadas para qualquer momento da vida, como: pensamento
crítico, comunicação, colaboração e criatividade, porém a mais importante será, para
Harari, a habilidade de lidar com mudanças, aprender coisas novas e preservar seu
equilíbrio mental em situações que não são familiares.
Outro ponto que o autor discute é que possíveis problemas de flexibilização
emocional podem cada vez mais aparecer. Para Harari, cada vez mais ficará mais difícil
estabilizar sua personalidade. Com o processo de maior aceleração para continuar ser
relevante, não só economicamente mas socialmente, o gênero humano vai precisar se
reinventar o tempo inteiro, sendo jovem ou idoso(a).
No final, o autor nos pergunta em quem a nova geração vai confiar, se na
tecnologia, porém se for em demasia pode desdobrar nas mesmas histórias que
aconteceram desde sempre e cada vez mais se torna pior o quadro. Quando estamos
falando de Big Data e algoritmos que nos conhecerão melhor do que nós, serão capazes de
manipular-nos.

Sentido
Neste capítulo Harari aprofunda suas questões no ser como uma entidade sem uma
identidade em sua essência . Questões sobre o eu e “o que fazer da vida” dão ritmo ao
capítulo. Através disso ele tenta refletir: Qual melhor resposta podemos dar hoje?
Harari vai discutir no capítulo questões das narrativas cíclicas que religiões
desempenharam e como isso ajudou a incentivar o nacionalismo e narrativas lineares,
exemplificando como essas narrativas estão ligadas a “missão” superior em relação ao
“eu” interior. Ele vai abordar questões relacionadas às narrativas e vai chegar a conclusão
que são incompletas e é por meio dessa premissa que milhões de pessoas buscam por
satisfazer suas vidas em uma condição: dar a sujeito um papel para desempenhar.
Outra discussão que se faz é sobre as relações que existem entre sujeitos e a
capacidade de acreditarem em narrativas. Harari fala que uma história pode ser pura ficção,
mas ainda assim pode prover uma identidade e fazer sentir que a vida faz sentido, no
entanto, seja por meio da cultura que foi criado desde a infância, até por professores é que
quando o intelecto amadurece estão tão pesadamente imbuídas da narrativa que é muito
mais provável que usem seu intelecto para racionalizá-la do que duvidar dela.
Além disso, Harari discute o motivo pelo qual as narrativas funcionam e como isso
molda o portfólio de identidade de um ser humano. Apesar de achar que quase ninguém
tem uma identidade fixa, ele reforça a ideia de que narrativas ideológicas sustentam que o
indivíduo precisa crer em uma política de vida seguindo apenas a identidade nacional.
Harari ainda no capítulo tenta remontar a ideia de identidade, pois não haveria um
roteiro divino, e que foram as mãos humanas que criaram os textos sagrados. Portanto,
para entender o que nos faz para além das narrativas que formam nossa identidade,
precisamos nos desvincular da imagem criada por nós nas redes sociais e com a narrativa
interior do “eu”. Em vez disso devemos observar o fluxo real do corpo e da mente.
Por fim, o autor reitera que o universo não tem um sentido, tampouco os
sentimentos e que são apenas vibrações e processos bioquímicos.

Meditação
No capítulo final Harari encerra debatendo sobre meditação. No capítulo o autor
faz um panorama de sua própria vida falando de como a meditação o ajudou em sua vida e
como o fez ter reflexões mais profundas sobre a identidade do ser.
Durante o capítulo ele vai explicar as diferenças entre a mente e o cérebro, como
suas estruturas são e até mesmo a forma de estudá-los também possui métodos próprios.
A inquietação de Harari se dá no não entendimento total sobre a mente, reforçando
a prática meditativa como única solução possível ainda do indivíduo entender quem ele é.
Isso significa observar as sensações do corpo e as reações mentais às sensações.Porém,
ainda assim a consciência é o maior mistério do universo.
No final do capítulo Harari reforça que as práticas meditativas nunca foram fáceis,
principalmente num mundo que em seu percurso das narrativas cada vez mais complexas
vão adentrando no tecido humano. Harari termina evidenciando que talvez no futuro, com
o avanço tecnológico e biotecnológico, os algoritmos poderão completar esse processo,
porém, dessa vez seriam os algoritmos que iriam escolher tudo por nós.

Análise crítica da Obra

Harari busca entender os problemas que podem acontecer no futuro pelas lições
que apareceram nas últimas décadas. Seu esforço em demonstrar os desafios que podemos
encontrar daqui pra frente são cada vez mais confusos para nós e que põe em dúvida o
próprio conceito de humanidade. Por mais que ele tenha uma visão otimista sobre o que
podemos fazer, ele não se propõe em dar uma resposta definitiva. Como já discutido seu
objetivo é discutir juntamente com o leitor o que está acontecendo com o mundo e o que
isso poderia significar num mundo cada vez mais complexo, cheio de desafios políticos e
tecnológicos. No entanto, todas as formas de dar respostas são colocadas em dúvida. O
autor consegue identificar perfeitamente como os problemas podem se tornar cada vez
maiores, mas descarta toda narrativa que foi criada para substituir a nova maneira que o
mundo poderia narrar, pois para ele, todas possuem em sua essência ideários que ditam o
que a humanidade deve fazer e assim criando sofrimento.
De acordo com as aulas que tivemos, o ser humano precisaria não se individualizar,
mas buscas cada vez mais movimentos coletivos que pudessem mudar a estrutura que vem
cristalizada há muito tempo. Harari, pelo contrário, diz que primeiro que o ser humano
teria que entender quem é, em si mesmo, porém, ao mesmo tempo que fala isso, diz que
ainda não existem estudos profundos sobre como funciona a mente. Então o que
deveríamos fazer? Se não temos como saber o que é o ser humano ainda, o que faremos
nesse meio tempo? Nada?
Dá a entender pela obra que nenhuma narrativa que os humanos criem é boa o
bastante para fazer com que a humanidade encontre novos caminhos. Concordo que isso
precise ser feito, mas a custa de quanto tempo? Talvez seja essa a maior dúvida. Quais
comportamentos precisamos? Não discordo de Harari sobre o que fala de meditação,
porém não seja o suficiente.

Recomendação da Obra
A obra não tem uma especificidade científica. Várias discussões de várias áreas são
encontradas na obra. Harari comenta que sua obra é mais para uma ficção científica com
bases científicas sólidas do que uma obra acadêmica. Talvez a obra seja feita para ser lida
para pessoas que têm alguma leitura de mundo, o livro apresenta abstrações e conceitos
científicos que podem confundir o leitor sem uma bagagem mínima de mundo. Estudantes
e acadêmicos são bem-vindos, mas para classes que não tem condição de abstração
científica, fica mais difícil. A leitura por mais que seja interessante ainda deixa claro que
não foi feito para toda e qualquer pessoas lê-lo.

Você também pode gostar