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Sumário

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Digite o título do capítulo (nível 2) 5
Digite o título do capítulo (nível 3) 6
Carta aos delegados
   
Caros delegados,
   Bem vindos à primeiríssima edição da SocializaMUN! É com grande
honra que nós, seus diretores, os calorosamente recepcionamos com o
guia de estudos que preparamos para este evento inédito. Esperamos
que este seja um final de semana de muito aprendizado como também
divertimento para os delegados.
   Alertamos que este material não deve ser a única fonte para os seus
estudos, servindo apenas como uma orientação neles, e que a data de
congelamento do comitê será nos dias 11 e 12 de setembro de 1995.
Como fará-se evidente no decorrer da leitura do guia, a Guerra da
Bósnia foi o maior conflito armado na Europa depois das duas Guerras
Mundiais, além de ter sido um impasse extremamente multilateral. São
inúmeros os fatores que alimentam a Guerra, e cada um possui as suas
próprias particularidades. Entretanto, sabemos que os senhores
empregarão de sua partícula humana para identificar as questões mais
gritantes no que tange à violação dos Direitos Humanos nesta situação,
fazendo bom uso de suas habilidades diplomáticas para discutir
possíveis ações do comitê. 
   Mas não se desviem desse desafio. Aliás, seus diretores os
aconselham a fazer exatamente o contrário: avancem na direção dele.
Para muitos, especialmente os mais novos, participar de uma
simulação das Nações Unidas é algo que pode gerar enorme
nervosismo, e justamente por isso, rogamos aos delegados para
enfrentá-lo, pois, certamente, os trará crescimento, e isso é o que
realmente importa. 
   Todos, até os aparentemente mais experientes, estão em um processo
de aprendizado. Então abracem isso, e falem, apesar do medo de errar. 

"Tudo vale a pena se a alma


não é pequena"
Fernando Pessoa, escritor
português 

Atenciosamente, 
 Diretores do CDH, Marcos e
Stella
   
   
 

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1. O Conselho dos Direitos Humanos 
      
      Antes do desenvolvimento total deste tópico, faz-se necessário deixar
claro que o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas (CDHNU,
abreviado aqui como CDH), estabelecido no dia 15 de março de 2006, não
existia na data estipulada para o acontecimento do comitê,  XXX 1993.
Entretanto, para  a realização deste evento de Modelo das Nações Unidas,
considerar-se-á a data de criação do CDH como a da criação da Comissão
das Nações Unidas para os Direitos Humanos (CNUDH), 16 de fevereiro
de 1946. Tal decisão foi tomada levando em consideração o
funcionamento interno tanto do CDH quanto do CNUDH, julgando-se,
finalmente, o CDH como órgão mais apropriado para tratar das questões
citadas neste Guia de Estudos. 

      Portanto, o comitê a abrigar as sessões será o CDH, de acordo com as


suas diretrizes, competências e o seu funcionamento interno; entretanto,
por questões de coerência temporal, para a realização do evento será
considerado que esse fora criado e estabelecido em 1946, em vez do
CNUDH, o seu órgão antecessor.  

      Sendo assim, segue o funcionamento do órgão supracitado:

   O CDH tem como principal função a proteção e a promoção dos


Direitos Humanos (que serão mais aprofundados no tópico seguinte deste
guia) ao redor do globo. Composto por 47 Estados-membros eleitos
rotativamente por três anos, o CDH é um órgão subsidiário à Assembleia
Geral da ONU, aconselhando-a, por meio de resolução, sobre situações de
violação de direitos humanos, além de ser um espaço para que
representantes de organizações possam contribuir e expor demandas da
sociedade civil. Suas discussões ocorrem aos moldes da Assembleia, as
resoluções sendo não-vinculantes, ou seja, não estabelecendo obrigações
legais entre os Estados-membros. 

        O mandato do Conselho é: “Assegurar que todas as pessoas


entendam seus direitos; Assegurar que todas as pessoas tenham os
mesmos direitos; Verificar se todas as pessoas podem usar seus direitos;
Verificar o que os governos fazem para proteger os direitos das pessoas
em seus países; Verificar se os governos fazem o que eles concordaram
nas Nações Unidas.” (CONECTAS.ORG, 2018).  Os membros do
conselho podem nomear especialistas para estudar questões ou países e
relatar situações em que determinada população não está tendo seus
direitos respeitados. Além disso, os peritos também analisam se os países
membros da ONU estão cumprindo suas promessas de respeito aos
direitos humanos, a chamada Revisão Periódica Universal.

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   O comitê tem caráter recomendativo, ou seja, suas resoluções são apenas
recomendações para outros órgãos, Estados e instituições desse tipo, não
sendo mandatórias. 

      Normalmente, ao menos três sessões do Conselho ocorrem no decorrer


do ano, no escritório das Nações Unidas em Geneva, sem contar as
sessões emergenciais que tomam lugar em virtude de situações urgentes,
como uma crise humanitária, que é o caso da reunião simulada no evento. 
   
  
3. A Declaração Universal Direitos Humanos e demais declarações
internacionais visando a proteção da pessoa humana  

   Depois da Segunda Guerra Mundial, extrapolou-se o que se achava que


eram os limites das barbaridades que o ser humano era capaz de cometer.
As atrocidades que nela tomaram lugar deixaram profundas marcas na
humanidade, perceptíveis até hoje em dia. Os métodos de tortura e
assassinato têm a tendência de tornar-se cada vez mais avançados,
acompanhando o progresso tecnológico geral, isso sendo fortemente
evidenciado no uso de armas químicas potentes, câmaras de gás,
experimentos "científicos" brutais e a devastadora bomba atômica. No
final da década de 30 e no início da de 40, transcorreram eventos que
flagelaram a crença coletiva na bondade e decência do ser humano, dos
quais talvez o mundo nunca se recupere totalmente. 

   Tal evento de tremenda importância histórica, que marca a metade do


século XX, é um dos principais motivos, senão o principal motivo, que
leva à criação da Organização das Nações Unidas (ONU).  Desenvolvem-
se mais especificamente as motivações da mesma nos preâmbulos de sua
Carta, assinada em São Francisco em 1945 por 50 países na Conferência
sobre Organização Internacional, destacando:

"A preservar as gerações vindouras do


flagelo da guerra que por duas vezes, no
espaço de uma vida humana, trouxe
sofrimentos indizíveis à humanidade; 

A reafirmar a nossa fé nos direitos


fundamentais do homem, na dignidade e no
valor da pessoa humana, na igualdade de
direitos dos homens e das mulheres, assim
como das nações, grandes e pequenas; 

A praticar a tolerância e a viver em


paz, uns com os outros, como bons vizinhos;"

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(versão completa da Carta das Nações Unidas e Estatuto do Tribunal
Internacional de Justiça disponível em: https://unric.org/pt/wp-
content/uploads/sites/9/2009/10/Carta-das-Na%C3%A7%C3%B5es-
Unidas.pdf)

   Três anos depois, no dia 10 de dezembro de 1948, é adotada e


proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (resolução 217 A
III) a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ela consiste em 30
artigos que têm o propósito de proteger a dignidade humana,
profundamente violada por acontecimentos passados recentes, destacando
a segregação, esterilização forçada, genocídio, e vários outras violências
cometidas a vários povos na Alemanha nazista de Adolf Hitler.

   Seguem algumas das pré-ambulatórias do documento: 

"Considerando que o reconhecimento


da dignidade inerente a todos os membros da
família humana e de seus direitos iguais e
inalienáveis é o fundamento da liberdade, da
justiça e da paz no mundo,

Considerando que o desprezo e o


desrespeito pelos direitos humanos resultaram
em atos bárbaros que ultrajaram a
consciência da humanidade e que o advento
de um mundo em que mulheres e homens
gozem de liberdade de palavra, de crença e da
liberdade de viverem a salvo do temor e da
necessidade foi proclamado como a mais alta
aspiração do ser humano comum,
Considerando que os Países-Membros
se comprometeram a promover, em
cooperação com as Nações Unidas, o respeito
universal aos direitos e liberdades
fundamentais do ser humano e a observância
desses direitos e liberdades,"

(versão completa da Declaração Universal dos Direitos Humanos:


https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos) 

   Mais tarde naquele ano, os mesmos motivos que levaram à criação dos
Direitos Humanos, especificamente o genocídio nazista que transcorreu
em solo europeu durante a Guerra, motivam o estabelecimento da
Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime do Genocídio. O
documento é redigido considerando a importantíssima declaração da
Assembleia Geral das Nações do genocídio como crime contra o Direito

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Internacional (resolução 96 I de 11 de dezembro de 1946), determinando
a ação obrigatória dos Estados-membros de devidamente impor a sua
proibição.
   Seguem os alguns dos primeiros artigos da Convenção que elaboram a
definição de genocídio e as condições para reprimi-lo: 

"Art. I - As Partes Contratantes


confirmam que o genocídio, quer cometido em
tempo de paz, quer em tempo de guerra, é um
crime contra o Direito Internacional, o qual
elas se comprometem a prevenir e a punir.
 
Art. II - Na presente Convenção,
entende-se por genocídio qualquer dos
seguintes atos, cometidos com a intenção de
destruir, no todo ou em parte, um grupo
nacional, étnico, racial ou religioso, tal como:
(a)assassinato de membros do grupo;
(b) dano grave à integridade física ou
mental de membros do grupo;
(c) submissão intencional do grupo a
condições de existência que lhe ocasionem a
destruição física total ou parcial;
(d) medidas destinadas a impedir os
nascimentos no seio do grupo;
(e) transferência forçada de menores
do grupo para outro grupo.
 
Art. III - Serão punidos os seguintes
atos:
(a) o genocídio;
(b) o conluio para cometer o
genocídio;
(c) a incitação direta e pública a
cometer o genocídio;
(d) a tentativa de genocídio;
(e) a cumplicidade no genocídio.
 
Art. IV - As pessoas que tiverem
cometido o genocídio ou qualquer dos outros
atos enumerados do art. III serão punidas,
sejam governantes, funcionários ou
particulares.
 
Art. V - As Partes Contratantes
assumem o compromisso de tomar, de acordo

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com as respectivas Constituições, as medidas
legislativas necessárias a assegurar a
aplicação das disposições da presente
Convenção e, sobretudo, a estabelecer
sanções penais eficazes aplicáveis às pessoas
culpadas de genocídio ou de qualquer dos
outros atos enumerados no art. III."

(versão completa da Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime do


Genocídio disponível em: https://www.oas.org/dil/port/1948%20Conven
%C3%A7%C3%A3o%20sobre%20a%20Preven%C3%A7%C3%A3o%20e
%20Puni%C3%A7%C3%A3o%20do%20Crime%20de%20Genoc
%C3%ADdio.pdf)

Um ano depois, são estabelecidas as Convenções de Genebra de 1949 e seus


protocolos adicionais. Extremamente consoantes com as preocupações e sequelas
enfrentadas pelo mundo 
pós Segunda Guerra, esses são tratados internacionais que definem a proteção de
não-combatentes, como cidadãos locais que não se envolvem diretamente com o
conflito, mas que acabam por sofrer com os flagelos da guerra, muitas vezes
sendo suas maiores vítimas, como é o próprio caso da guerra que será abarcada
neste comitê. Eles também resguardam outros grupos, como profissionais de
saúde e humanitários, combatentes que não estão mais em ação (como militares
feridos, enfermos e náufragos) e prisioneiros de guerra. Visando tais fins, ela
determina a proibição do sequestro, da utilização de prisioneiros como escudos
humanos, bem como a proibição de agressão física e aos bens dos civis. Outro
ponto importante é a proibição de punições coletivas que pudessem ser aplicadas
em períodos de guerra.

As Convenções compõem o núcleo do Direito Internacional Humanitário, o


ramo do Direito Internacional que regula a condução dos conflitos armados pelas
razões citadas no parágrafo anterior, estipulando medidas a serem tomadas para
evitar ou colocar um fim em todas as violações dessas diretrizes. Contêm normas
estritas para lidar com as chamadas “infrações graves”. Os indivíduos
responsáveis pelas infrações graves devem ser encontrados, julgados ou
extraditados, seja qual for sua nacionalidade.
  
Seguem dois dos protocolos anexos à Convenção:

"Protocolo I – (1977) – O primeiro


protocolo visou contemplar, regularizar e
garantir a proteção de vítimas de conflitos
Armados Internacionais, caracterizando-os de

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forma a serem diferenciados de outras vítimas
de guerra. O protocolo se aplica a conflitos
entre Estados independentes e soberanos.
Protocolo II – (1977) - O segundo
protocolo garantiu o reconhecimento e a
proteção de vítimas de conflitos armados não
internacionais (Guerras Civis), no interior de
Estados Independentes e Soberanos"

 
(versão completa das Convenções de Genebra de 1949 e seus protocolos
adicionais disponível em:
https://www.icrc.org/en/doc/assets/files/publications/icrc-002-0173.pdf) 

Além disso, em 1955, foi estabelecida A Convenção das Nações Unidas


relativa ao Estatuto dos Refugiados, também chamada de Convenção de Genebra
de 1951, que define o que é um refugiado, estabelecendo os direitos dos
indivíduos aos quais é concedido o direito de asilo bem como as
responsabilidades das nações concedentes, esclarecendo também quais as pessoas
que não podem ser qualificadas como refugiados, tais como criminosos de
guerra. Também garante a livre circulação para portadores de documentos de
viagem emitidos sob a convenção.

   O artigo 1° da Convenção, emendado pelo Protocolo de 1967, dá a


definição de refugiado como sendo:

"Toda a pessoa que, em razão de


fundados temores de perseguição devido à sua
raça, religião, nacionalidade, associação a
determinado grupo social ou opinião política,
encontra-se fora de seu país de origem e que,
por causa dos ditos temores, não pode ou não
quer fazer uso da proteção desse país ou, não
tendo uma nacionalidade e estando fora do
país em que residia como resultado daqueles
eventos, não pode ou, em razão daqueles
temores, não quer regressar ao mesmo."

(versão completa da Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos


Refugiados disponível em:
https://www.acnur.org/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relati
va_ao_Estatuto_dos_Refugiados.pdf)

A Guerra da Bósnia é considerada por historiadores o confronto mais violento


desde o término da Segunda Guerra Mundial, fato que torna esta reunião do
Conselho absolutamente imprescindível, levando em conta os motivos da
existência dele como também da própria Declaração dos Direitos Humanos, e
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demais documentos que tenham o propósito de proteger a pessoa humana em
diversas circunstâncias de instabilidade. O conflito deslocou mais de cinquenta
mil refugiados, fortemente marcado pelo genocídio dos Bosniaks carregado pelas
ações das forças armadas da Republika Srpska, trazendo consigo violações
flagrantes de uma série de tratados internacionais com fins de proteção à vida
humana, consolidados em meados da metade do século XX. 

Enxerga-se nitidamente que a chamada "guerra da barbárie" relaciona-se


diretamente com as principais motivações da fundação das Nações Unidas, sendo
a ação desse órgão internacional na situação supracitada imprescindível a fim de
cumprir o que se propõe a ser em sua Carta e proteger o que considera os direitos
inalienáveis e fundamentais de todos os seres humanos.  
 
4. Divisão da Bósnia e Herzegovina  

Divisão Política:

A Bósnia e Herzegovina é dividida em duas regiões administrativas: A República


Sérvia e a Federação da Bósnia e Herzegovina (FBiH), ambas com parlamento
próprio e sua própria divisão geopolítica, sendo a República Sérvia dividida em
57 municípios e a FBiH em 10 Cantões, todos estes mencionados acima geridos
por um governo central.

Competências Políticas Regionais Mistas entre a Federação da Bósnia e


Herzegovina e a República Sérvia:

 Relação especial com Estados vizinhos, desde que sejam consistentes com
a soberania e integridade territorial da Bósnia e Herzegovina;
 Assistência ao Governo central no cumprimento das suas obrigações
internacionais;
 Garantir um ambiente seguro e protegido pela manutenção de agências
civis de aplicação da lei;
 Alguns tipos de acordos internacionais 

Competências Políticas Regionais Exclusivas da Federação da Bósnia e


Herzegovina:

 Controle de cidadania de sua comarca;


 Políticas públicas ligadas à Economia local e todos seus ramos; 
 Controle financeiro de sua própria comarca;
 Controle e definição de leis anti-terrorismo, bem como da avença entre
seus Cantões;
 Controle e definição de leis anti-drogas dentro de seus Cantões;
 Controle e distribuição de radiofrequências dentro de seus limites
territoriais;

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 Políticas públicas ligadas à geração, transporte e distribuição de energia
elétrica dentro de sua comarca, bem como de sua operação e manutenção;
 Atividades de financiamento do ou sob a égide do Governo da Federação
por meio de tributação, empréstimo ou outros meios;

Competências Políticas Regionais mistas entre a Federação da Bósnia e


Herzegovina e seus Cantões:

 Garantia dos Direitos Humanos;


 Saúde da população;
 Políticas ambientais;
 Infraestrutura de comunicações e transporte de acordo com a Constituição
da Bósnia-Herzegovina;
 Bem-estar social;
 Implementação de leis e regulamentos relativos à cidadania e passaportes
de cidadãos da Bósnia-Herzegovina provenientes do território da
Federação e sobre a permanência e movimentação de estrangeiros;
 Turismo;
 Uso dos recursos naturais.

Competências Políticas Regionais Exclusivas da República Sérvia:

 Integridade, ordem constitucional e unidade territorial da República;


 Segurança de sua comarca;
 Medidas sob sua jurisdição em caso de estado de ameaça iminente de
guerra ou estado de emergência;
 Constitucionalidade e legalidade;
 Implementação e proteção dos direitos humanos e liberdades;
 Relações de propriedade e obrigação e proteção de todas as formas de
propriedade, estatuto jurídico de empresas e outras organizações, suas
associações e câmaras, relações econômicas com países estrangeiros, que
não foram transferidas para instituições da Bósnia e Herzegovina,
mercado e planejamento;
 Sistema de Bancos e taxação;
 Principais objetivos e direções do desenvolvimento econômico, científico,
tecnológico, demográfico e social, o desenvolvimento da agricultura e da
aldeia, o uso do espaço, políticas e medidas para a direção do
desenvolvimento e reservas de commodities;
 Controlo da legalidade da alienação de meios de pessoas jurídicas e
recolha de dados estatísticos e outros de interesse geral;
 Sistema de serviços públicos;
 Relações de trabalho, segurança no trabalho, emprego, seguro social e
outras formas de assistência social, saúde, proteção de soldados e
inválidos, assistência a crianças e jovens, educação, proteção de recursos
culturais e culturais, cultura física;
 Proteção ambiental;
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 Sistema público de informação
 Cooperação internacional, com exceção da transferida para instituições da
Bósnia e Herzegovina.
 Financiar o exercício dos direitos e deveres da República;
 Outras relações relevantes para a República, nos termos da Constituição;
 Policiamento;
 Exercício da mídia local.

Competências Políticas Regionais mistas entre a República Sérvia e seus


municípios:

 Sistema de Ensino (Educação primária, Ensino Fundamental e Médio)


 Administração Pública
 Corpo de Bombeiros
 Registro Civico 
 Centros de Saúde básica
 Incentivo a cultura 
 Planejamento do abastecimento de gás
 Cambio e Turismo
 Incentivo ao Labor
 Exercício da mídia local.

Competências dos Cantões (FBiH):

 Policiamento
 Desenvolvimento de políticas educacionais, incluindo regulamentação e
provisão de educação;
 Desenvolvimento e implementação de política cultural;
 Desenvolvimento da política habitacional, incluindo regulamentação sobre
construção de edifícios residenciais;
 Desenvolvimento de política de prestação de serviços públicos;
 Regulamentação do uso da terra local, incluindo zoneamento;
 Desenvolvimento de políticas de rádio e televisão, incluindo regulamentos
sobre seu fornecimento e construção;
 Implementar políticas e serviços de assistência social;
 Desenvolvimento e implementação da política de turismo cantonal,
desenvolvimento de recursos turísticos;
 Financiamento de atividades do governo cantonal ou de suas agências por
meio de impostos, empréstimos ou outros meios.

Competências dos Municípios (República Sérvia):

 Todos os campos de interesse local que não estejam explicitamente


excluídos de suas competências ou expressamente atribuídos a outros
níveis de poder

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Competências do Governo Central da Bósnia e Herzegovina:

 Política Externa 
 Defesa Nacional
 Imposto sobre valor acrescentado (VAT)
 Inteligência e Segurança
 Sistema Jurídico
 Política de Câmbio Internacional
 Política Aduaneira
 Política Monetária
 Finanças das instituições e as obrigações internacionais da Bósnia e
Herzegovina;
 Imigração, refugiados, política e regulamentação de asilo;
 Aplicação da lei criminal internacional e entre entidades, incluindo
relações com a Interpol;
 Estabelecimento e operação de meios de comunicação comuns e
internacionais;
 Regulamentação do transporte entre Entidades;
 Controle do tráfego aéreo;
 Assuntos necessários para preservar a soberania, integridade territorial,
independência política e personalidade internacional do Estado.

Divisão Étnica:

Apesar de todos os grupos étnicos que habitavam na região da Bósnia


buscassem a independência, eles buscavam se anexar a diferentes países da
Iugoslávia, tais diferenças motivaram parte dos conflitos que ocorreram na
bósnia. Os grupos de maior notoriedade que habitavam este território eram os
bosníacos, sérvios e os croatas.
Tais revoltas nacionalistas só não foram desencadeadas anteriormente pois o
governo ditatorial de Josip Broz Tito, procurava manter um estilo governamental
federalista onde as questões étnicas eram deixadas de lado e os grupos que
ocupavam as minorias recebiam maior notoriedade. Porém com a sua morte o
controle que ele exercia sobre a população foi perdido, e as diferenças étnicas e
religiosas ressurgiram. 
Dentre os grupos étnicos que habitavam no território da Bósnia, os bósnios-
muçulmanos foram os mais afetados pelo ingresso destes na Iugoslávia, em
comparação com os povos cristãos desta região, pois o governo baniu uma série
de elementos tradicionais de sua religião, tais como diversas instituições de
caridade, escolas primárias do Alcorão e as ordens religiosas do Dervixe. Essas
decisões motivaram o desejo desse grupo de se tornar um país independente.

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Na Bósnia haviam diversas regiões habitadas por sérvios, estes desejavam que
a Bósnia fosse anexada ao território da Sérvia. No entanto, quando o referendo
que dizia respeito à independência da Bósnia foi realizado a população contava
com a sua maioria composta por bósnios-muçulmanos. O que dificultou a
realização do plano sérvio. A principal motivação deste grupo era o nacionalismo
que os incentivava a atacar os diversos grupos étnicos da região.
A população croata que habitava na Bósnia defendia a ideia de que o todo o
país deveria ser anexado à Croácia, neste cenário conflituoso os primeiros
ataques sérvios foram realizados contra a Bósnia.

5. Contexto histórico

   Ao observar-se as datas do fim da União das Repúblicas Socialistas


Soviéticas, a morte de Josip Broz Tito e o início da Guerra da Bósnia,
encontra-se uma proximidade que está muito longe de ser coincidental.
Não obstante, antes de chegarmos aos motivos que nos apontam
diretamente ao estopim do conflito, é imprescindível compreendermos o
seu contexto histórico, identificando caminhos que levaram aos
acontecimentos no território Bósnio na década de 90. 

1. Acontecimentos anteriores à Primeira Guerra Mundial 

O império Turco-Otomano, no seu ápice de extensão de 1.8 milhões de


quilômetros quadrados, continha dentro de si uma grande parcela dos Balcãs, que
englobava o que conhecemos hoje como Bósnia e Herzegovina. 
Foi durante a dominação otomana, em meados do século XII, que o território
desenvolveu tanto a sua arquitetura característica quanto a população Bosniak,
adepta ao islã e maioria no território, esse penúltimo fator extremamente
importante quando se trata do conflito étnico-religioso que fomenta o conflito
Bósnio. 
No final do século XIX, os turcos-otomanos perdem sua influência sobre a
região, despertando os interesses de potências expansionistas da época para a
possibilidade de aquisição de território. Não só o território que mais tarde foi
palco para a Guerra da Bósnia, como também diversos locais dos Balcãs,
encontravam-se acirradamente disputados. 
De um lado, o pan-eslavismo, apoiado pela Rússia, vendo na anexação dessas
terras em litígio pela Sérvia a fim de formar uma grande nação que abrigaria os
povos eslavos como uma possibilidade de futura influência política e econômica.
De outro, o recém-formado Império Áustro-Húngaro, na crista da onda dos
impulsos expansionistas europeus, com intenções de construir uma estrada de
ferro que ligaria as cidades de Berlim e Bagdá, passando pelo território
balcânico, concedendo ao Império enormes vantagens em seu desenvolvimento
econômico e a saciação de vontades pangermanistas. Assim, russos a austro-
húngaros apartavam-se em uma intensa rivalidade com suas respectivas
ideologias, similares, entretanto diametralmente opostas, na típica corrida

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imperialista de quem chega primeiro ao território instabilizado política,
economica e militarmente, que dessa vez era o Bósnio.  
Em 1878, o território torna-se protetorado áustro-húngaro, com a aprovação do
Congresso de Berlim, que mantinha a região teoricamente sobre o domínio
Turco-Otomano, mas de facto, ocupado e administrado pelos austríacos. Não
obstante, em 1912, o Império é derrotado em vários conflitos por uma coligação
militar composta por diversos de seus povos inimigos eslavos. Além disso, a
própria Bósnia e Herzegovina, insatisfeita com a hegemonia austríaca em seu
território, aproveitando-se da situação, buscava o rompimento com tal poderio,
que agora encontrava-se duplamente ameaçado.  
Perante esse cenário, o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono
austríaco, resolve tomar ação. No dia 28 de junho de 1914, realiza uma viagem à
cidade de Sarajevo, capital da Bósnia, almejando anunciar a formação de um
grande império austríaco fortalecido, em que a Bósnia e Herzegovina seria
elevada à mesma condição política desfrutada pela Áustria e Hungria. 
Com essa estratégia, Ferdinando buscava apaziguar diplomaticamente os
ânimos da resistência bósnia à presença do Império na região, prometendo maior
independência aos habitantes locais. 
Entretanto, durante a comitiva, o arquiduque é assassinado.  

2.   Primeira Guerra Mundial 

Francisco Ferdinando havia anunciado algo que até poderia ser bem visto pela
população da Bósnia e Herzegovina que desejava maior autonomia. Contudo, o
outro lado da ameaça não encantava-se com suas promessas, longe disso: para os
defensores do pan-eslavismo, a atitude do arquiduque era uma ofensa à
legitimidade da grande pátria eslava a quem deveria competir aquele mesmo
território. 
Durante o desfile do arquiduque pelas ruas de Sarajevo, um estudante sérivo,
integrante de um grupo nacionalista, dispara contra o seu peito, matando-o.
Aquele ato simbolizava a reação e a revolta dos povos eslavos à postura dos
austríacos, como também uma afronta ao império Áustro-Húngaro, multiplicando
as tensões já existentes na Europa do início do século XX. 
Com isso, o império declara guerra à Sérvia, esse constituindo o evento o
catalisador para a Primeira Guerra Mundial. A região permanece em litígio
durante toda a Guerra, deixando inúmeros mortos e feridos, trazendo destruição
para a região, assim como fez com diversos lugares na Europa. 
Após o breve período de fartura e crescimento usufruído pelos austro-húngaros
a partir da metade do século XIX e no início do século XX, o império fracassa na
Guerra. Em 1918, a Bósnia e Herzegovina, como instruído pelo tratado de
Versalhes, é anexada à Sérvia por Pedro I, rei dos sérvios, como parte do Reino
dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, concretizando as pretensões dos grupos pan-
eslavistas.
   
3. Período entreguerras 

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No dia 6 de janeiro de 1929, o Reino supracitado é rebatizado por Pedro,
ganhando o nome de Reino da Iugoslávia, e mantém-se com o mesmo nome,
organização e administração até a invasão de seu território pelo Eixo em 1941.

4. Segunda Guerra Mundial

A importantíssima figura de Josip Tito surge na liderança dos partisanos


iugoslavos durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1941, buscando o apoio
crucial de potências militares da época e evitar invasão delas ao seu território, a
Iugoslávia, governada pelo Rei Pedro II, assina o Pacto do Eixo, o que vai de
desagrado às concepções de muitos oficiais de alta patente da Força Aérea Real
Iugoslava. Repelidos pelas ideologias nazi-fascistas, esses resolvem orquestrar
um golpe de estado, saindo do pacto, apoiados pelo regente que havia sido
destronado por Pedro II, o Príncipe Paulo da Iugoslávia. 
Entretanto, mais tarde naquele mesmo ano, os medos que levaram ao breve
aderimento aos países do Eixo concretizam-se. A Alemanha, Itália e Hungria
invadem o território, dividindo-o e fundado vários Estados comandados pelos
nazistas, o que causa revolta profunda na população, que se organizando-se em
duas frentes de resistência: os monarquistas, conduzidos pelos Chetniks, nome
adotado pelo Exército Real da Pátria composto principalmente por nacionalistas
sérvios (tendo reaproveitado o nome do movimento de resistência sérvio ao
domínio otomano), e os comunistas, liderados pelo grupo dos partisanos
iugoslavos chefiado por Tito. 
A família real exilada apoiava os Chetniks em sua luta contra os nazistas,
guerreando lado a lado com os partisanos. Porém, ao decorrer da guerra, tal
grupo muda suas alianças e alinha-se com o Eixo, recebendo dele grande ajuda
militar, tornando-se uma forte milícia sérvia financiada por ele. Enquanto isso, os
partisanos recebem apenas o apoio estangeiro da URSS, restrito à libertação de
Belgrado. 
Apesar de todos os impasses, o exército partisano de Tito era extremamente
bem treinado e articulado, emergindo vitoriosos sobre os nazistas em 1945. Com
essa brilhante conquista, restava decidir qual seria o futuro do país, e quem o
governaria. As tropas partisanas eram contra a volta da monarquia, e tinham
protagonizado a liberação do país das forças nazistas. Assim, abole-se a
monarquia no país. O Reino da Iugoslávia torna-se a República Socialista da
Iugoslávia governada por Tito, cuja popularidade adquirida conduzindo os
partisanos durante a Segunda Guerra o elegeu como Primeiro Ministro por um
plebiscito. 

5. Pós-Segunda Guerra sob o comando de Josip Tito 


O governo Tito trouxe, finalmente, paz aos cidadãos iugoslavos.
Após breves aproximações, primeiro com a URSS e depois com os
Estados Unidos, o ex-líder partisano prefere manter-se no chamado
"não alinhamento", ou grupo dos países do Terceiro Mundo, junto
com a Índia, o Egito e a África do Sul. 

14
   Do ponto de vista interno, o país adota medidas mais próximas do
capitalismo do que do socialismo, trazendo crescimento econômico
ao país. O governante adota essas medidas mesmo com suas
inclinações comunistas iniciais, destacando em sua participação
como secretário-geral no Partido Comunista iugoslavo e liderança
dos partisanos.  
   Além disso, consegue apaziguar o país internamente, unindo seis
repúblicas, cinco nacionalidades, quatro línguas, três religiões e
duas religiões, adotando uma gestão federalista que concedia
relativa independência e autonomia aos povos englobados,
honrando o novo nome dado por Tito a ele, de República
Federativa da Iugoslávia. 

6. Fim da URSS e morte de Tito 

A Iugoslávia era uma grande amálgama de povos diversos e etnias distintas, e a


morte de Josip Tito que havia ocorrido em 1980 significou a dissolução dos
pilares essenciais que possibilitaram a sua existência. Sem a liga carismática que
mantinha esse mosaico cultural improvável unido sob a mesma bandeira, além da
ruptura da URSS em 1991 que trouxe consigo o desmoronamento econômico do
Leste Europeu, ocorreu a separação, um por um, entre os anos de 1991 até 2003,
de cada fragmento do território. A ausência de um forte Governo que se dizia
abraçar todos que no território iugoslavo habitavam, deu aos impulsos
separatistas antes abafados, incluído também nesses o histórico desejo de criar a
"Grande Sérvia" e o XXX, uma força enorme, que fomentaram o tremendo
conflito conhecido como Guerra da Bósnia e a criação, em ordem cronológica, da
Eslovênia, Macedônia, Bósnia e Herzegovina (que continha a Republika Srpska),
Croácia, República Federal da Iugoslávia (que depois virou em 2003 a Sérvia e
Montenegro, com a separação de Montenegro em 2006 e de Kosovo em 2008,
essa última independência ainda não reconhecida pelas autoridades Sérvias). 

 Finalmente, chegando ao final dessa breve recapitulação histórica, observamos


que esse território nos Balcãs não só esteve sob disputa, passando pela autoridade
de diversos povos, ao longo de séculos e cenários completamente distintos da
ordem mundial, como também deteve grande importância nos acontecimentos da
Primeira e da Segunda Guerra Mundial.  No decorrer dos fatos que levam ao
grave conflito chegou ao estopim na década de 90, percebe-se com nitidez as
ambições por mais poder de potências centrais em ascensão determinando o
destino do território Bósnio, bem como de outros na região balcânica, e até em
outros continentes, causando, em todos os seus períodos, enorme sofrimento à
população civil. 

  
15
6. Cronologia do conflito  

1992 - Independência da Bósnia 

Aproveitando o enfraquecimento do bloco socialista, sérvios (majoritariamente


cristãos ortodoxos), usam do nacionalismo como vetor de restauração da
conhecida como Grande Sérvia (formada por Sérvia, Montenegro, Croácia e
Bósnia). 
Contudo, não somente os sérvios se armam de sentimentos de empoderamento
nacional, mas também os bósnios (majoritariamente muçulmanos). Dessa forma,
após a declaração de Independência da Bósnia no começo de 1992, os sérvios se
recusam a reconhecer o ato. Logo, em abril do mesmo ano, a tensão entre os dois
blocos étnicos se transforma em explícita agressão cometida por sérvios contra e
bosníacos, na cidade de Sarajevo – o que cronologicamente é tido como o marco
zero da Guerra em questão, que durou de 1992 a 1995. 

1992 - Início da Guerra da Bósnia

A gênese dos agressivos 1606 dias de guerra que tiveram como palco a então
Iugoslávia é ramificada e complexa. No entanto, em termos generalizantes, é
razoável estipular que a ressaca religiosa e étnica na região foi o motivo mor de
sua emblemática fragmentação.
A Iugoslávia é produto imperfeito do fim da Primeira Guerra Mundial. Pode-se
dizer que o principal equívoco do processo de formação do país foi a junção
indiferenciada dos cristão ortodoxos (sérvios), católicos romanos (croatas), e dos
muçulmanos (bósnios) que habitavam a Península Balcânica.
Tais divergências colocavam a cheque a formulação de uma identidade
nacional robusta e foram, também, uma das responsáveis pela Guerra Civil que
se instalou na Iugoslávia a partir da invasão nazista à nação em 1941. Após o fim
da Segunda Guerra Mundial e com o início da polarização capitalista-socialista
no globo, formou-se a nova e frágil Iugoslávia Socialista. Era frágil porque a
única força de contenção do eminente conflito étnico no país era a ditadura de
Josip Broz Tito, e uma vez findos os anos de antidemocracia (1945-1980), o
discurso nacionalista começou a ascender rapidamente na região.

1992 - Início do Cerco de Sarajevo

Uma vez começada a Guerra da Bósnia, logo ficou esclarecida a dominância da


Sérvia no conflito, já que esta possuía forças paramilitares infinitamente mais
organizadas que as forças bósnias. Isso ocorre principalmente devido à falta de
equipamentos bélicos usados pelos muçulmanos bósnios.

16
Tal disparate de arcabouços militares fez com que, em pouco tempo, mais de
70% do território bósnio fosse dominado pela Sérvia. Não obstante, a capital
bósnia, Sarajevo, se configurava como um perfeito território de ataques
sangrentos. A topografia composta por morros que circulavam a capital permitiu
que militares sérvios se posicionassem nos arredores e efetuassem constantes
bombardeios à população local. Cabe ainda pontuar a presença de atiradores de
elite junto dos ataques sérvios. 

1993 - Tentativas de Paz

Logo no início do ano de 1993, esforços para um consenso entre as partes


começaram a surgir, em especial de mediadores internacionais, que apresentaram
um plano de divisão étnica da Bósnia e Herzegovina em dez províncias.
Entretanto, pouco tempo depois da proposta, o vice-primeiro-ministro bósnio foi
assassinado por tropas sérvias próximo ao aeroporto de Sarajevo. Portanto, os
esforços de paz falharam e a guerra estourou entre os muçulmanos e Croatas,
anteriormente aliados dos sérvios.

Neste mesmo ano, foi intensificada a presença aérea de aviões de combate da


OTAN em espaço aéreo balcânico, o que intensificou ainda mais as tensões

1994 - Acordo de Washington

Embora os sérvios estivessem numericamente mais armados que os Bósnios, o


que os conferia uma vantagem, o Acordo de Washington assinado no dia 18 de
Março de 1994 veio para mudar esta realidade, visto que este representava não
somente um cessar fogo entre os croatas e os bósnios, mas também uma aliança
militar entre estes contra os sérvios, o que os conferiu enorme vantagem
numérica, alterando a balança inicialmente imposta.

Ademais, este ano foi marcado por forte presença aérea da OTAN na região
que, embora forte e numerosa, teve como característica marcante bombardeios
isolados e ineficazes.

Por fim, uma característica marcante deste ano foi a forte imagem do presidente
americano Jimmy Carter como figura mediadora e responsável por um cessar
fogo entre as partes, contrastando com a presença aérea agressiva da OTAN na
região.

1995 - Massacre de Srebrenica

O ano de 1995 foi sem dúvida alguma o mais decisivo para o fim do conflito e
para o futuro da região balcânica, neste ano, cerca de 8.000 bósnios mulçumanos
que deveriam estar sobre proteção das tropas da ONU foram covardemente
assassinados por bósnios sérvios, este triste episódio na história ficou conhecido

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como o Massacre de Srebrenica, sendo este um dos maiores eventos de limpeza
étnica pós-guerra fria. Após isto, a atenção internacional estava voltada para o
conflito, que chegou ao seu apogeu, com ataques aéreos da OTAN se
concentrando e intensificando na região e a atuação de órgãos judiciários
internacionais na questão

   Em novembro de 1995, em Dayton, Estados Unidos, foram iniciadas as


negociações de paz entre as partes, que resultaram na criação de uma Bósnia
Federalizada dividida entre uma federação Croata-Bosniak e uma república
sérvia.

   Antes de adentrarmos nesse tópico, vale ressaltar que o compartilhamento de


informações naquela época, apesar de ser um conflito relativamente recente, não
é tão rápido e eficaz como é hoje. A internet ainda estava em seus estágios
iniciais, e as notícias viajavam muito mais devagar. Em virtude disso, inúmeras
atrocidades aconteceram que, no momento em que tomaram lugar, não havia-se
ciência do que ocorria na região. 

7. Ações anteriores tangendo a problemática 

Antes de adentrarmos nesse tópico, vale ressaltar que o compartilhamento de


informações naquela época, apesar de ser um conflito relativamente recente, não
é tão rápido e eficaz como é hoje. A internet ainda estava em seus estágios
iniciais, e as notícias viajavam muito mais devagar. Em virtude disso, inúmeras
atrocidades aconteceram que, no momento em que tomaram lugar, não havia-se
ciência do que ocorria na região. 

1. UNPROFOR

A “United Nations Protection Force” (Força de Proteção das Nações Unidas) –


UNPROFOR- foi inicialmente estabelecida pelo Conselho de Segurança da ONU
através da Resolução 743, de 21 d fevereiro de 1992.  Neste documento apenas se
pautava a ação da UNPROFOR no território da República da Croácia, contudo,
conforme a necessidade de ajuda imparcial surgiu em outros países Balcãs, a
Força se flexibilizou para contemplar a República da Bósnia e Herzegovina e
também a antiga República Iugoslova da Macedônia.
Esta ação na Guerra da Bósnia é reconhecida como a maior, mais complexa e
mais cara operação de Peace-keeping da história das Nações Unidas. Porém,
devido a criação de expectativas idealizadas e irreais sobre as prerrogativas e o
mandato da Força no conflito beligerante, a UNPROFOR foi alvo de inúmeras
críticas internacionais acerca de sua utilidade e efetividade.
No geral, o papel das Tropas foi de garantir o estabelecimento e o mantimento
da desmilitarização nas chamadas “Áreas Protegidas da ONU – UNPA”. O
intuito desse controle era prover aos  residentes das UNPA proteção de ataques e

18
do medo constante. Enquanto que o objetivo dos policiais monitores da Força era
de assegurar que os policiais locais cumprissem suas funções sem discriminar
nacionalidades ou ferir os direitos humanos. Ademais, a UNPROFOR também
auxiliou no retorno de pessoas deslocadas por causa do conflito bélico.
Segundo o Departamento de Relações de Veteranos do Canadá, num
pronunciamento sobre as honrarias concedidas aos militares que compuseram a
Força:
“Houve várias extensões do UNPROFOR original, cobrindo os
seguintes objetivos: reabertura do aeroporto de Sarajevo para fins
humanitários; estabelecimento de uma zona de segurança que abrange
Sarajevo e seu aeroporto; proteção dos comboios de detidos libertados
na Bósnia e Herzegovina, conforme solicitado pelo Comitê
Internacional da Cruz Vermelha; medidas de monitoramento para a
retirada completa do exército iugoslavo da Croácia; a desmilitarização
da península de Prevlaka e a remoção de armas pesadas das áreas
vizinhas da Croácia e do Montenegro (Res 779,1992); monitorar o
cumprimento da proibição de voos militares (Res 781,1992); e o
estabelecimento da presença das Nações Unidas na antiga República
Iugoslava da Macedônia.”  (Tradução da Diretoria do CSH) 

Apesar do objetivo nobre e dos esforços da Organização das Nações Unidas, o


experimento da UNPROFOR na Bósnia é tido por muitos como uma das
intervenções de paz mais infrutíferas já empregadas pela Organização.
Acredita-se que uma série de erros corroboraram para a ineficácia da ação da
Força. Em primeiro lugar, a atenção dada ao conflito bosniaco foi tardia e o
reconhecimento da Bósnia como independente foi tido por diversos críticos
internacionais como precipitado.  Após isso, é destacável a falta de diálogo e
resposta entre outras nações e organizações que tinham conhecimento sobre o
impacto do conflito beligerante nos Balcãs em suas atividades. Por fim, a mais
reconhecível decisão errada tomada: proclamar a existência de “Áreas Protegidas
da ONU” sem qualquer descolamento de recursos para garantir a segurança de
residentes, e muito menos sem a implementação de regras pontuais para melhor
esclarecer o próprio conceito do que seria uma UNPA. 
(Foto 2: Situação da ocupação dos territórios envolvidos na Guerra da Bósnia.
Em vermelho destacam-se áreas remanescentes da Iugoslávia com presença de
forças pró-Sérvios. Em amarelo os territórios croatas e com presença de forças
pró-croatas. Em verde os territórios dominados por Bósnia e Herzegovina. Em
azul as áreas onde atuou a

19
UNPROFOR.) 

2. Resoluções Recentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas

1. Resolução 727, sobre as necessidades de ação da República


Federal Socialista da Iugoslávia frente às tensões em seu
território;
2. Resolução 752, sobre a iminente necessidade de um cessar-
fogo nos conflitos da Bósnia;
3. Resolução 827, sobre o Tribunal Internacional Criminal para
a antiga Iugoslávia;
4. Resolução 868, sobre as Ações de PeaceKeeping da ONU;
5. Resolução 859, sobre a status mais recente da Guerra na
Bósnia.
   
   É recomendado, como meio de preparação para o debate, que os delegados
também se atentem aos documentos citados nas cláusulas Preambulares das
Resoluções destacadas.

8. Perguntas a serem respondidas

   Aqui, delegados, propomos algumas perguntas para servirem de


orientação para reflexões e estudos mais aprofundados, esperando-se que
estas sejam tratadas e respondidas da melhor forma ao longo da realização
do comitê. 

   São elas:
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1. De acordo com os Direitos Humanos (principalmente), a
Convenção de Geneva e demais tratados de caráter internacional
tangendo a preservação da pessoa humana, quais as violações
mais gritantes que agora ocorrem em território Bósnio? 

2. Como ajudar a população de um território que encontra-se em situação


de guerra?

3.   Quais os limites da interferência internacional na questão humanitária


da Bósnia?

4. Devem ser tomadas ações, e quais, para evitar futuras violações dos
Direitos Humanos nessa região profundamente desestabilizada? 

9. Representações

   Seguem as nações escolhidas para compor esta reunião do Conselho dos


Direitos Humanos, assim como os posicionamentos por elas defendidos: 

1. Estados Unidos 

Com a quebra da governança soviética e o fim da Guerra Fria, é razoável


avaliar a nação como atualmente o país mais bem munido em questões políticas,
econômicas e armamentistas. Dessa forma, desde 1991 os EUA passaram a ser
protagonistas da nova ordem unipolar mundial, não mais tendo que disputar pela
configuração de potência global com a União Soviética.
É interessante pontuar que desde sua fundação, após o fim da Segunda
Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas nunca previu que tivesse de
lidar com uma conjuntura global influenciada  majoritariamente por um único
Estado. Por isso, no atual cenário diplomático, os EUA usufruem de uma ordem
mundial que lhes é favorável, enquanto outras nações ainda estão
desempenhando esforços para se adequar  às necessidades americanas. Tal
disparate de influência diplomática se deve justamente ao fato de  as Nações
Unidas não terem desenvolvido, até o presente momento, políticas que
provenham o equilíbrio de debates nas mais diversas agências, comitês e
conselhos.
Atualmente, sob a liderança do presidente democrata Bill Clinton, os
EUA têm participação direta nos conflitos beligerantes que ocorrem na Bósnia
por serem altamente influentes também na Organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN). Tal aliança militar intergovernamental tem atuado como ajudante
as missões de paz na ONU, na especificidade da UNPROFOR, que até agora tem

21
se mostrado pouco efetiva no cumprimento de seus objetivos de garantir paz em
certos territórios bosníacos e de auxiliar cidadãos afetados.
Ademais, o governo de Clinton tem sido marcado por altos índices de
aprovações, expansão econômica e certo conservadorismo fiscal. Em janeiro de
1994 o presidente assinou o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio
(NAFTA) pretendendo estreitar laços econômicos com México e Canadá –
fazendo assim frente forte à economia europeia. O resultado do tratado tem sido
positivo para as políticas do Chefe de Estado e Governo americano, que por sua
vez se comporta como líder centrista em relação à sua agenda econômica e como
progressista no que tange a pautas sociais. 

2. Reino Unido 

O Reino Unido acaba de passar pela renúncia de um de seus maiores


governantes, a emblemática e controversa Margaret Thatcher, em 1990, assim, a
“Dama de Ferro” deu lugar ao também conservador John Major, que seguiu com
a mesma política autoritária da sua antecessora. Os métodos conservadores, dessa
forma, perpetuaram-se e mirou-se nos mesmos inimigos da década passada,
sobretudo, a ameaça comunista. Logo, com a decadência da União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), o Estado da Iugoslávia torna-se o
maior vilão para os grupos de extrema-direita na Europa; a Inglaterra não
constitui uma exceção. 
No contexto da Guerra da Bósnia, os britânicos atuaram em apoio às
tropas de missão de paz da ONU desde o seu início por consequência do medo da
emergência de uma nova potência socialista no continente europeu. Contudo, foi
apenas após a autorização efetuada pela Resolução 776 do CSNU, de 1992, que a
participação britânica foi acentuada e oficializada no âmbito internacional. A
partir disso, o Reino Unido implementou a chamada “Operação Grapple
(Garra)”, enviando cerca de 2400 soldados para a defesa da Bósnia e Croácia em
oposição ao governo autoritário Sérvio. Tais tropas, em seguida, passaram a
integrar a, já comentada, UNPROFOR, como forma de unir as forças britânicas
às da ONU.
Para os governantes e a elite inglesa, a derrota das forças da ONU e
daqueles que lutam pela independência na Iugoslávia, principalmente a Bósnia e
a Croácia, representa um avanço da ameaça socialista e uma vitória desta sobre
os países capitalistas; tal movimento seria capaz de influenciar outras revoluções
nos países europeus e a ascensão de partidos comunistas nestes. 

3. França 

O governo francês apresenta posicionamento congruente com os ideais


da Comunidade Econômica Europeia e o restante dos países ocidentais, apoiando
os fortes embargos econômicos à Sérvia, como uma tentativa de frear a

22
disseminação da violência na Iugoslávia, e as atividades da UNPROFOR na
região, cedendo tropas para a participação desta. 
Ainda que preocupada com a eclosão de outra guerra catastrófica no
continente europeu, a França se mostra a favor do envio de missões de paz no
intuito de salvaguardar populações perseguidas por governos autoritários. A
comprovação disso é o envio de tropas francesas no início deste mesmo ano para
auxiliar a restabelecer um governo democrático no Estado da Ruanda no
continente africano em meio ao genocídio existente no país. Sendo assim, na
ausência de meios diplomáticos para solucionar os conflitos em questão, a França
se mostra defensora da execução de missões de paz gerenciadas pelas Nações
Unidas.   

4. Rússia

Quase três anos após o fim oficial da União Soviética, em 31 de


dezembro de 1991, a maior nação fruto da desfragmentação do bloco socialista
ainda enfrenta obstáculos complexos em sua caminhada de reformas políticas e
econômicas. 
Durante os primeiros anos de mandato do primeiro presidente eleito via
eleição presidencial direta, Boris Yeltsin, a Rússia luta para ter sucesso na
recente transição de economia de comando para economia de mercado.  A
anterior governança de Mikhail Gorbachev apostou em infrutíferas impressões de
dinheiro em larga escala para subsidiar fábricas e alimentos em meio a um
cenário tributário colapsado e passou a controlar preços da maioria dos bens
circulantes na nação, fatos esses que resultaram na escassez de inúmeros bens
essenciais e absurda diminuição do Produto Interno Bruto Russo. É papel de
Yeltsin contornar as cicatrizes do passado, mas sua política baseada na
recomendada “terapia de choque” tem obtido pouco sucesso e a moeda nacional
– rublo – tem se tornado cada vez mais desvalorizada.
É importante ressaltar que nos primeiros anos após o início do conflito
beligerante da Bósnia, a Rússia pouco procurou se posicionar e passivamente
tendeu a ceder ao posicionamento diplomático ocidental frente à Guerra, afinal os
problemas internos ocupavam a maior parte do foco.
Entretanto, após um caloroso episódio conhecido como “Crise
Constitucional de 1993”, as estratégias internacionais do país acabaram por
mudar. Boris Yeltsin chegou a deixar de ocupar o cargo de presidente durante a
crise política que se estabeleceu no país devido a soma das divergências
ideológicas, oposição ao governo, e falta de clareza constitucional em relação ao
funcionamento do recém-estabelecido regime democrático. Dessa forma, uma
vez findos esses acontecimentos, e com Yeltsin restabelecido como chefe da
nação, a Rússia passa a se posicionar de forma independente enquanto à questão
dos Balcãs.
Nascia aí a linha de atuação diplomática russa em favor dos Sérvios, o
que de certa forma condizia com a popularidade do discurso nacionalista na
Rússia em 1993 – representado pelo sucesso do político Vladimir Zhirinovsky do
Partido Democrático Liberal. Pelo apoio à Sérvia, russos eram acusados de

23
incentivar agressões, ajudar a proteger territórios recém-conquistados e de serem
contra intervenção militar externa.
O sentido lógico da mudança súbita de política externa se baseia nos
interesses oportunistas da Sérvia, que viam o apoio russo como meio de ganhar
visibilidade dado o poder do país no Conselho de Segurança, e da própria Rússia
que ao defender um lado do conflito, se reafirma como Estado digno do seu
assento permanente e poder de veto. Na prática, esse posicionamento só tem tido
implicações em discussões, uma vez que pouco foi feito por parte da Federação
Russa para de fato contribuir com a luta sérvia. 
 
5. China

Na década de 90, com o declínio do Bloco Soviético e Queda do Muro de


Berlim, inúmero países simpatizantes das aplicações sociais da dialética marxista
acabaram por passar por transição para economias de mercado, ou seja a
influência dos ideais neoliberais ao redor do globo, a ascensão dos EUA como
única grande potência e a necessidade de participação nas relações econômicas
globais, forçaram as muitas nações a mudarem radicalmente suas relações
estado-economia e políticas num geral.
Contudo, a China não sofreu de forma tão cruel com o fim da influência
da URSS. No início de 1990 Xangai já era uma cidade modelo de modernização
mundial e o famigerado “socialismo de mercado” chinês ganhava mais força, na
medida que a prosperidade industrial chinesa aumentava, resultando por
exemplo, na criação de mais de 2000 Zonas Econômicas Especiais no país.
Pela sua forma independente e singular de aplicar princípios socialistas, a
China não se viu obrigada a manter um posicionamento firme em relação à
Guerra da Bósnia, focando suas discussões diplomáticas em pautas relacionadas
aos interesses de política estrangeiros. Contudo, até o presente momento, a
representação chinesa tem se declarado como grande aliada da Sérvia, sua
principal aliada nos Balcãs desde 1970. Por esse motivo, e também por razões
estratégicas, a China é também contrária a eventuais ações de intervenção
coordenadas por nações membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte. 

6. Bósnia

No ano de 1992, a Bósnia declarou a sua independência através de um


referendo. Após este acontecimento o país mergulhou em uma profunda crise,
provocada pela minoria bósnios-sérvio que pretendia estabelecer a Grande
Sérvia. Iniciando assim a guerra contra bósnio-muçulmanos e bósnios-croatas.
A Bósnia-Herzegovina foi o país mais afetado pela situação deste
conflito. A presidência da Bósnia era composta por três partidos que defendiam
os interesses dos diferentes grupos étnicos da região, porém com o início do
conflito os representantes do partido bósnio-sérvio se retiraram .
A representação da Bósnia procura defender os interesses em comum dos
bósnios-muçulmanos e bósnios-croatas. Estes buscavam, acima de tudo, o fim da

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limpeza étnica que estava ocorrendo, o cessar do conflito, e que os bósnios-
sérvios, para eles vistos como culpados, fossem punidos adequadamente por toda
destruição que causaram.

7. Bélgica 

Sendo a sede de diversos organismos internacionais que atuaram


diretamente no conflito, como a OTAN, a Bélgica desempenhou papel essencial
não somente no âmbito militar e estratégico, mas principalmente no âmbito
diplomático e humanitário, mantendo sua postura neutra mesmo estando alinhada
ao bloco capitalista.

O Reino da Bélgica é um território muito desenvolvido, representando um


dos dez países líderes no índice PNUD IDH (dados de 1994), enfatizando a vida
de alta qualidade que os cidadãos têm, com ótima educação, renda e segurança.

8. Canadá 

Mesmo antes do conflito diretamente tratado neste comitê em questão, a


delegação canadense já mantinha sua presença militar e humanitária na região,
visando a instabilidade por qual ela passava. Entretanto, no ano de 1992, cerca de
1.500 soldados canadenses foram enviados para atuar como Peacekeepers
diretamente na Guerra da Bósnia, sendo de extrema importância no
monitoramento de todas as linhas de fronteiras, possibilitando que ajuda
humanitária tivesse acesso às regiões necessitadas, garantindo o abastecimento de
alimentos e impedindo que mais pessoas morressem em decorrência dos cercos e
da falta de suprimentos.

9. Dinamarca

Por ser membro da OTAN, a Dinamarca atuou ativamente com presença


militar no conflito desde o seu início em 1992, entretanto, tendo uma atuação
mais branda e focada nas questões humanitárias que permeavam a guerra, em
especial ao que tangenciava os refugiados do conflito, tendo 20.000 bósnios
fugido para a Dinamarca com a ajuda do Conselho de Refugiados Dinamarquês.

10. Suíça

          Embora geralmente a Suíça mantenha uma postura neutra na maioria dos


conflitos, este estigma é rompido neste conflito em particular, onde, embora não
tenha atuado militarmente contra, diplomaticamente a Suíça manteve sua postura
em prol do lado bósnio da guerra, devido a uma rivalidade histórica com o povo

25
sérvio.

11. Alemanha

No mesmo ano do início do conflito, a delegação alemã passou a ter


relações diplomáticas mais estreitas com a Bósnia e Herzegovina, direcionando
seus esforços para o financiamento de projetos que visavam a paz na região por
meio do Conselho Regional de Cooperação (antigo Pacto de Estabilidade para o
Sudeste Europeu). 

Embora o alto comissariado alemão defendesse o uso da força militar


somente em prol da defesa do próprio território, uma enorme pressão política e
moral empurrou o governo em direção a um consenso a favor da ação militar
contra a Sérvia, se tornando peça-chave na resolução militar e diplomática do
conflito em questão.

12. República Sérvia (Republika Srpska) 

   A República Sérvia participará do comitê como membro observador, sendo


uma das entidades que compõem a Bósnia e Herzegovina. Teve a sua formação
em 1992, no início do conflito, e busca defender, acima de tudo, os interesses da
população sérvia vivendo no território. A República, durante a guerra, expulsou
inúmeros bósnios e croatas de territórios reivindicados por ela, como também
recebeu sérvios refugiados de regiões da Federação da Bósnia e Herzegovina. 
   Fortemente acusada de realizar práticas de "limpeza étnica" contra Bosniaks, a
delegação se posiciona fortemente contra as alegações da Croácia e da Bósnia em
relação aos territórios que devem ser anexados a esses, gerando um claro embate
entre esses três lados do impasse.

 
13. Croácia

A Croácia se declarou independente em 1991, através de um plebiscito


que demonstrou o interesse da população em se tornar um país independente.
Gerando um conflito recente com a Sérvia. Além disso, uma parcela da
população bósnia é de origem croata. Aumentando o interesse deste país na
região e no desenrolar do conflito. Uma vez que este novo Estado defende que
parte do território bósnio deve ser anexado ao seu país devido aos croatas que lá
habitam.
A Croácia se posiciona contra a Sérvia e a favor da população croata
envolvida no conflito, e deseja que a perseguição contra estes pare e que os
responsáveis sejam punidos. E uma das maiores motivações para a participação
deste país no conflito foi o nacionalismo de seu líder.

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14. Macedônia

A Macedônia foi a única antiga república da Iugoslávia a alcançar a


independência sem violência, e assim como a Bósnia este país estava mais
vulnerável a interferências externas e menos preparados para defender seu
respectivo território. Para estas repúblicas alcançarem estabilidade, relações mais
concretas com outros países seriam benéficas para resolução desta situação. Pois
quando declarou sua independência a sua situação com os países vizinhos ficou
instável 
A Macedônia já possuía um histórico de conflitos com a Sérvia, tendo
até sido invadida pela mesma. Pelo fato de já ter tido a sua independência
declarada e reconhecida, a mesma é a favor da desintegração da Iugoslávia e se
posiciona contra os avanços sérvios na Bósnia-Herzegovina.

 
15. Eslovênia

Como territórios da Bósnia, Croácia e Sérvia, a Eslovênia também fazia


parte da Iugoslávia até o início de 1990, quando um referendo consolidou a
vontade eslovena de independência. A mudança, no entanto, não foi recebida
com ternura pelos iugoslavos, originando a guerra dos 10 dias. Esta guerra é
importante porque marcou o início das guerras iugoslavas, com a guerra da
Croácia contra a independência e a guerra da Bósnia nos anos seguintes. Muitos
refugiados da Bósnia e da Croácia viram a Eslovênia como um lugar para fugir
durante a guerra, criando uma crise de refugiados.

16. Itália

A Itália, neste momento, enfrenta um de seus maiores desafios internos no


âmbito político, combatendo o maior esquema de corrupção já visto e prendendo
boa parte de seu governo vigente. Entretanto, mesmo com problemas internos, a
Itália enviou um contingente de tropas e recursos financeiros para apoiar os
Bósnios, reconhecendo os governos da Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina
e Macedônia; tudo isso com o apoio de membros do seu bloco. A Itália busca a
manutenção da paz na região e ampliar seus acordos com as nações balcânicas. 

17. Hungria

 A Hungria defendia a autodeterminação dos croatas e eslovenos, se


alinhando em 1991 aos croatas e formando com estes um exército, entretanto, a
postura oficial do governo húngaro estava voltada para que fosse assegurada a
paz na região e a unidade dos países que estavam se formando em prol  da
dissolução da Iugoslávia. Com a guerra da Bósnia, o governo húngaro foi
obrigado a elaborar políticas públicas para abrigar os milhares de refugiados que
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procuravam abrigo em seus territórios, o que o fez ter uma função humanitária
primordial no conflito.

 
18. Áustria

Sendo a Bósnia e Herzegovina um antigo domínio do Império Austro-


húngaro, houve uma certa pressão não somente da comunidade internacional mas
também da própria população austríaca na atuação ativa da Áustria no conflito
em questão, o que foi devidamente feito no âmbito Diplomático, sendo um país
primordial na elaboração e execução das resoluções militares e humanitárias para
o conflito, mantendo uma postura neutra e pacífica. 

 
19. Albânia

             A Albânia, sendo um país dos balcãs, esteve muito próximo das áreas de
combate, entretanto, não entrou em combate direto nem no âmbito militar nem no
âmbito diplomático, mantendo uma postura neutra focada nas questões
humanitárias, sendo um importante vetor para a paz e um dos países que mais
recebe refugiados de forma definitiva, acolhendo cerca de 5.000 pessoas que
saíram de suas nações em prol da Guerra da Bósnia. 
 
20. Bulgária

        A Bulgária, embora seja um país balcânico, seguindo o exemplo da Albânia,


não se envolveu diretamente no conflito nem militarmente nem
diplomaticamente, se mantendo neutro em todos os aspectos que tangenciam a
questão, incluindo se mantendo ignoto as questões humanitárias, aceitando um
reduzido número de refugiados mesmo sendo um dos países mais próximos ao
conflito.

21. Arábia Saudita

         Em prol de sua localização geográfica, a Arabia Saudita não teve forças
atuantes dentro de territórios balcânicos, nem mesmo se posicionou fortemente
de forma diplomática em prol de achar uma resolução ao conflito, se mantendo
relativamente ignota ao conflito de todas as formas, entretanto, por possuir uma
maioria populacional adepta ao maometismo, considerou e apontou que a guerra
tinha por escopo não somente um questão territorial, mas também o objetivo
malévolo de um genocidio cultural contra os bósnios mulçumanos, que foram a
parcela da população mais afetada.

22. Afeganistão

            Dentre os países islâmicos que denunciaram a guerra como sendo uma


forma de genocidio etnico contra os bósnios muçulmanos, o país que sem dúvida

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se fez mais presente na defesa desta população foi o Afeganistão, que foi o
principal financiador e formador do grupo jihadista dos Muijahideens que foram
lutar ao lado dos Bosnios em prol da defesa dos povos muçulmanos residentes na
região, que já no inicio do conflito mostraram ser o grupo mais afetado pela
guerra, o que somente se tornou evidente e claro para a opião pública como um
todo no ano de 1995 com o Massacre de Srebrenica.

23. Irã  

A República Islâmica do Irã é um governo de bases teocráticas, com


ideologias contrárias ao ocidente.  O Irã interpretou a guerra da Bósnia como um
conflito de caráter não somente étnico, mas também religioso . Desde o início da
Guerra da Bósnia, o Irã forneceu maquinário e apoio aos Bosniaks (uma facção
muçulmana na Bósnia). Foi também um dos primeiros países a reconhecer a
Bósnia como independente. O país também usou suas unidades de inteligência e
o Hezbollah (uma organização apoiada pelo Aiatolá) para preparar os bósnios
com militares iranianos bem-preparados.

10. Considerações finais

Parabéns, delegados, por terem chegado até o final deste guia de estudos!
Espero terem tido uma leitura proveitosa, e que as informações que aqui constam
os auxiliem na simulação dos dias 11 e 12 de setembro. Também reiteramos que
o guia tem apenas a função de norteá-los nos estudos, sendo importantíssimo os
participantes buscarem outras fontes para realizá-los de forma mais aprofundada. 

Além disso, pontuamos que a data de congelamento do comitê será dias 27 e 28


de julho de 1995, tendo o massacre de Srebrenica, ocorrido do dia 11 a 22 de
julho como principal evento que levou à convocação do comitê. 

Data de congelamento: 11 e 12 de setembro de 1995 (após o massacre de


Srebrenica)
Dito isso, anunciamos que seus diretores estão ansiosíssimos para a realização
deste comitê, e desejamos a todos uma ótima experiência na SocializaMUN! 

    Nos vemos em


breve!

      

11. Referências bibliográficas 

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https://www.conectas.org/noticias/conselho-de-direitos-humanos-da-onu-
saiba-o-que-e-e-como-funciona/
https://unric.org/pt/wp-content/uploads/sites/9/2009/10/Carta-das-Na
%C3%A7%C3%B5es-Unidas.pdf
https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos
https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/a-
fragmentacao-iugoslavia.htm
https://www.icrc.org/en/war-and-law/treaties-customary-law/geneva-
conventions
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/guerra-bosnia.htm
https://portal.cor.europa.eu/divisionpowers/Pages/Bosnia-
Herzegovina.aspx
https://www.infoescola.com/historia/convencoes-de-genebra/
https://www.icrc.org/en/document/geneva-conventions-1949-additional-
protocols
http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/
genocidio.htm
https://www.acnur.org/portugues/convencao-de-1951/
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-iugoslavia.htm
https://educacao.uol.com.br/biografias/tito.jhtm
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/questao-balcanica.htm
https://www.latimes.com/archives/la-xpm-1991-09-08-mn-3045-
story.html

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