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ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES

LETRAS PORTUGUÊS – LICENCIATURA – 2º PERÍODO – 2022.2

ANTONIO AUGUSTO LIMA CAMPOS


CARLOS EDUARDO SOARES
DANIEL DOS SANTOS GOMES
DANIELLA ALBUQUERQUE LAPA
GEISIA MARLUCE DE SOUZA
ROSA MARIA DA COSTA DA SILVA
SANDRA REGINA LIMA
STEPHANY PAES DE OLIVEIRA LIRA

Recife
2022
ANTONIO AUGUSTO LIMA CAMPOS
CARLOS EDUARDO SOARES
DANIEL DOS SANTOS GOMES
DANIELLA ALBUQUERQUE LAPA
GEISIA MARLUCE DE SOUZA
ROSA MARIA DA COSTA DA SILVA
SANDRA REGINA LIMA
STEPHANY PAES DE OLIVEIRA LIRA

Diversidade e desigualdade: Direitos Humanos

Declaração Universal dos Direitos Humanos DUDH:


História, desafios a atualidades

Relatório apresentado à Universidade


Católica de Pernambuco, em complemento
a seminário apresentado em sala de aula e
como parte dos requisitos para conclusão
do 2º período do curso de Licenciatura em
Letras-Português, da disciplina de
Educação para as relações étnico-raciais,
a pedido da Professora Dra. Zuleica
Campos.

Recife-PE
2022
Introdução

O presente trabalho é um relatório após estudo minucioso sobre a Declaração


Universal dos Direitos Humanos (DUDH) adotada e proclamada na Assembléia Geral
das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, e após seminário apresentado em
sala de aula, onde abordamos:

1. Direitos Humanos: singularidades de sua história


2. Esperanças e Desenganos: a luta internacional contra o racismo
3. Os Direitos das Mulheres na Declaração Universal dos Direitos Humanos
4. Trabalho e Remuneração: uma análise à Luz dos Direitos Humanos
5. Violência Contemporânea: o discurso de ódio na Internet

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1. Direitos Humanos: singularidades de sua história

Para uma boa análise acerca dos detalhes que culminou na elaboração e aprovação
da Declaração Universal Dos Direitos Humanos, chancelada no ano de 1948, cabe
uma abordagem a qual leve em consideração precedentes histórico-diplomáticos do
continente Europeu; os ideais filosóficos do início do século XVIII, ou seja, o
Iluminismo; assim como ressaltar o protagonismo dos países ditos periféricos (a
exemplo do Brasil) diante das grandes potências imperialistas (Estados Unidos,
Inglaterra e a então União Soviética) no período pós Segunda Guerra Mundial.

Após trinta anos de conflito armado entre as potências do continente europeu em


meados do século XVII (momento das chamadas Guerras de Religiões), no ano de
1648 seria promulgada um dos marcos das relações internacionais, a Paz de
Westfália. Buscando relações de mutualidade pacíficas, o acordo previa: soberania de
Estados (superioridade interna e insubmissão externa); não ingerência nos assuntos
internos de outros estados; Estados iguais em direitos e obrigações; e respeito pelos
compromissos internacionais. Apesar da relevância, este tratado não levava em
consideração os direitos do indivíduo, sendo a população um ente unitário de uma
demarcação geográfica a ser tutelado por um poder central, em muitos casos,
monarquias absolutistas. Mesmo após a chamada Era das Revoluções
(Independência dos Estados Unidos e a ascensão da República Francesa), momento
onde surge a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), a lógica da
Paz de Westfália perdurou até meados do pós Segunda Guerra Mundial.

Com a experiência de duas Grandes Guerras que assolou o final do século XIX até
início do século XX - com desdobramentos para além do continente europeu - tal
tragédia trouxe à tona debates acerca da elaboração de uma lei de caráter
internacional de conteúdo cosmopolita, onde o direito à vida e à dignidade humana
estariam acima dos interesses de Estado. Para isso, fez-se necessário descentralizar
o debate e agregar as necessidades dos países ditos "periféricos", a exemplo da Índia,
República Dominicana, Paquistão e Brasil

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2. Esperanças e Desenganos: a luta internacional contra o racismo

“A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) adotada e proclamada na Assembléia


Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948 é um instrumento de notada relevância
para a afirmação do regime internacional de combate ao racismo e à discriminação racial, que
reiterou e consagrou o princípio da não-discriminação em razão da raça que já havia sido
incluído no art. 1o da Carta de São Francisco, em 1945 (na ocasião, só tratou de RAÇA),
salientando que os objetivos humanistas definidos no século XX ainda não foram alcançados
no século XXI.” (SALGADO, Karine)

“A ONU, embora tenha sido arquitetada sobre os pilares de uma visão de paz liberal, tem sido
sede de inúmeros episódios que revelam as diferenças de valores de seus membros e que
atestam para o fato que o domínio dos direitos humanos é um campo de disputas. Para
exemplificar esse raciocínio, basta mencionar que a DUDH foi aprovada no mesmo ano que
iniciou o apartheid na África do Sul e que esse regime racista apenas sobreviveu devido ao
apoio patente de potências ocidentais como os Estados Unidos da América (EUA), a França
e o Reino Unido.” (SALGADO, Karine)

Não tem como falar sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e não falar
do Apartheid na África do Sul (1948 – 1994), que contraditoriamente, foi iniciado no mesmo
ano em que foi adotada e proclamada na Assembléia Geral das Nações Unidas A (DUDH),
que é uma iniciativa extremamente relevante para a afirmação do regime internacional de
combate ao racismo e à discriminação racial, no entanto, inúmeros episódios revelam as
diferenças de valores de seus membros e que atestam para o fato que o domínio dos direitos
humanos é um campo de disputas.

A exemplo, essa fase terrível da história da humanidade, o Apartheid, que significa


SEPARAÇÃO, foi um regime político baseado na criação de leis segregacionistas, sustentado
pelo Partido Nacional, um partido de extrema-direita, que aconteceu depois das eleições
gerais de 1948, quando o Partido Nacional, liderado por Daniel François Malan quando
conquistou a maioria no Parlamento sul-africano. Com isso, os direitos da população negra
sul-africana foram gradativamente retirados para fomentar privilégios da minoria branca da
população, estabelecendo a existência de quatro grupos raciais no país, "BRANCOS;
NEGROS; MESTIÇOS E INDIANOS", fazendo com que a população negra vivesse em locais
segregados, impedindo sua circulação e visitação a determinados espaços, restrita a locais
específicos, chamados de bantustões, tendo o governo sul-africano como algoz, usando toda

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a repressão e violência policial para sustentar a segregação. O acesso à educação, saúde e
oportunidades de crescimento da população negra foi minado ao longo dos anos.

O processo de descolonização aconteceria em meados de 196, o que trouxe para a


Organização uma nova fisionomia devido ao ingresso de dezesseis países africanos. No final
desta década, o grupo africano estava composto por 51 Estados, num universo de 128 países,
e que após esses novos membros, surgiram iniciativas contra o COLONIALISMO, O
RACISMO E O APARTHEID, a exemplo o COMITÊ CONTRA O APARTHEID, COMITÊ
ESPECIAL PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA DECLARAÇÃO SOBRE A CONCESSÃO DA
INDEPENDÊNCIA AOS PAÍSES E POVOS COLONIAIS, o chamado COMITÊ DE
DESCOLONIZAÇÃO, DECLARAÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS
AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL, A CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA A
ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL (CERD) e os dois
Pactos Internacionais sobre Direitos Civis e Políticos (PIDCP) e Direitos Econômicos Sociais
e Culturais (PIDESC) e a implementação de Instrumentos jurídicos
Em 1989, Frederik Willem de Klerk assumiu a presidência sul-africana e, com poucos meses
de governo, anunciou que iniciaria uma transição pacífica para o fim do regime de segregação
racial, identificando o risco de que uma guerra civil começasse no país por conta das tensões
entre a minoria privilegiada de brancos e a maioria oprimida dos negros. A transição para o
fim do apartheid liderada por ele se estendeu de 1990 a 1993 e contou com participação ativa
de Nelson Mandela.

As restrições ao congresso nacional africano e outros grupos de resistência foram encerradas,


as leis segregacionistas foram abolidas progressivamente, entre outras medidas. Em 1992,
um referendo foi realizado, e a população branca, a única que tinha direito a votar, decidiu
pelo fim do regime. Posteriormente, uma nova constituição foi elaborada no país, e o sufrágio
universal (direito e votar e ser votado independentemente de fatores sociais como gênero,
cor, renda e escolaridade, gerando representação popular política) foi estabelecido, o que deu
direito de voto à população negra.

Em 1994, foi realizada a primeira eleição presidencial em que eleitores de todos os grupos
raciais puderam votar, que resultou numa vitória expressiva de Nelson Mandela, que foi
libertado da cadeia depois de 27 anos preso, e tomou posse em 10 de maio de 1994,
oficializando o fim do apartheid na África do Sul.
”A ONU promoveu TRÊS DÉCADAS DE COMBATE AO RACISMO E À DISCRIMINAÇÃO
RACIAL (1973-1983; 1983-1993; 1993-2003) e três grandes Conferências mundiais contra

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Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata (1978, 1983 e 2001).
Diante das dificuldades de implementação das normas que compõem o regime internacional
contra o racismo. Em 2008, seis décadas após a aprovação da DUDH proclamou-se a IV
DÉCADA INTERNACIONAL DE AFRODESCENDENTES (2015-2024), com o objetivo
central de “promover o respeito, a proteção e a concretização de todos os direitos humanos e
liberdades fundamentais da população afrodescendente” (SALGADO, Karine)

O Brasil foi o país que, ao lado dos EUA, mais recebeu seres humanos escravizados
provenientes da África, e foi o último país do mundo a proibir a escravidão, por isso, ocupa
uma posição central quando se trata da implementação das normas internacionais de
combate ao racismo e discriminação. No entanto, nesses 70 anos de vigência da (DUDH) os
índices não são tão otimistas se considerada a efetivação das garantias das pessoas não
brancas como em todo o mundo. Os negros (pretos e pardos) são os coletivos mais atingidos
pelas variadas formas de violência e os que mais são sujeitos à violação dos direitos
assentados na DUDH, também são o segmento mais pobre da população brasileira e o que
tem menos acesso à educação, à saúde, à cultura, ao trabalho, e a mais acometida pelos
índices de analfabetismo, de evasão escolar e pelas dificuldades de acesso à educação
superior, fazendo com que a igualdade não passe de uma ideia retórica, utópica. Apesar de
todos os ganhos das políticas de ações afirmativas que fez triplicar o acesso de pretos e
pardos às instituições federais de ensino superior, vale salientar que em sua maioria, se não
na totalidade, após o governo lula em 2002, segundo dados de 2014.

A desigualdade reflete também nos direitos laborais, pois de acordo com o art. 23 (1) da DUDH
“toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e
satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego. Entretanto, os dados do IBGE
(2017) revelam que o desemprego é maior entre os pretos e pardos e o rendimento dessa
população, correspondia a respectivamente a quase do rendimento dos brancos, além de
mais expostos a viver em um domicílio com condições precárias do que brancos. Sendo as
maiores vítimas de homicídios, formando a maior população carcerária, e compondo o maior
número de presos arbitrariamente, de encontro ao art. 9º da DUDH.

Para além disso, a letalidade associada à cor da pele é extremamente preocupante. O atlas
da violência 2017, publicado pelo instituto de pesquisa econômica aplicada (IPEA) em
parceria com o FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA (FBSP) atesta que de
“cada 100 pessoas que sofrem homicídio no brasil, 71 são negras”. Outro dado alarmante,
ainda de acordo com o IPEA/FBSP, é que “65,3% das mulheres assassinadas no brasil no

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último ano eram negras”, o que demonstra “que a combinação entre desigualdade de gênero
e racismo é extremamente perversa e configura variável fundamental para compreendermos
a violência letal contra a mulher no país, segundo (SALGADO, Karine).

3. Os Direitos das Mulheres na Declaração Universal dos Direitos Humanos

O presente tema visa demonstrar como se deu o reconhecimento dos direitos das
mulheres como direitos humanos, tomando como premissa o fato de que os direitos
humanos por muito tempo se basearam apenas nas experiências e demandas
masculinas. Neste contexto a declaração universal dos direitos humanos de 1948
detém um relevante papel tendo em vista ter sido o primeiro documento internacional
a explicar o sexo como uma possível causa de discriminação.

São dois objetivos de mostrar como se deu a consolidação dos direitos das mulheres
como direitos humanos, verificar o grau de contribuição da DUDH e neste projeto
histórico e por fim analisar o cenário atual a fim de verificar se os termos estabelecidos
em 1948 ainda fazem sentido no presente.

É apenas a partir da segunda metade do século 20 que o discurso de defesa dos


direitos das mulheres ganha maior força ao redor do Globo alguns fatores foram
relevantes para tal fato dentre os quais é possível destacar:
 Maior acesso de mulheres ao ensino superior bem como a entrada de mulheres da
classe média no mercado de trabalho em grande parte casadas e com filhos a partir
de 1960.
 Em segundo lugar a revolução tecnológica na área da biologia e da farmacologia
que permitiu o maior controle sobre a gestação conferindo-lhes maior autonomia
sobre o seu corpo além de mais Liberdade sexual.
 Em terceiro lugar merece destaque o movimento feminista norte-americano que
conseguiu desviciar-se dos demais movimentos por direitos civis de período e
adotar suas demandas próprias em quarto e último lugar encontra-se a
globalização.
 Em quarto e último lugar encontra-se a globalização em razão da revolução
tecnológica e a difusão de ideias ao redor do mundo que se intensificou de maneira

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sem precedentes na história de forma que mulheres em outros países ao tomar
conhecimento dos movimentos norte-americanos puderam se inspirar e também
agir.

Sendo assim as discussões sobre as desigualdades de gênero bem como os temas
da discriminação e violência contra a mulher entraram na pauta dos direitos humanos
tendo ocorrido diversas reuniões no âmbito da organização das nações unidas para
buscar soluções para tais problemas desta forma foram adotados os documentos
internacionais tratados e declarações abordando especificamente questões
relacionadas aos direitos das mulheres indo além da DUDH, modificando assim a
forma de se pensar as relações entre direitos humanos e gênero.

O ano de 1975 foi definido pela ONU como o ano internacional das mulheres, período
em que ocorreu a primeira conferência mundial sobre as mulheres na cidade do
México posteriormente em 1979 a convenção das nações unidas sobre a eliminação
de todas as formas de discriminação contra as mulheres foi adotada tendo sido o
primeiro instrumento internacional aversais especificamente sobre a proteção das
mulheres materializando o compromisso assumido pelos Estados no México.

A grande contribuição do Cedal foi ter especificado os termos da DUDH e dos pactos
dos direitos humanos até quando os as particularidades das demandas das mulheres,
conceituando já em se primeiro artigo a discriminação contra a mulher assim: toda
destruição exclusão ou restituição baseado no sexo que tenha por objeto o resultado
prejudicar ou anular o reconhecimento gozo ou exercício pela mulher
independentemente do seu estado civil como base na igualdade do homem da mulher
dos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político econômico
social cultural e civil ou em qualquer outro campo

A declaração de Viena afirmou que: Os direitos humanos das mulheres e das crianças
do sexo feminino constituem uma parte inalienável integral indivisível dos direitos
humanos universais a participação plena das mulheres em condições de igualdade na
vida política civil econômica social e cultural aos níveis nacionais regional e
internacional bem como a erradicação de todas as formas de discriminação com base

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no sexo constituem objetivos prioritários da comunidade internacional a violência
baseada no sexo da pessoa e todas as formas de assédio e exploração sexual
nomeadamente aos que resultam de preconceitos culturais e do tráfico internacional
são incompatíveis com a dignidade e o valor da pessoa humana e devem ser
eliminadas.

4. Trabalho e Remuneração: uma análise à Luz dos Direitos Humanos

Trabalho e remuneração a luz dos Direitos Humanos"


Art. 4 - " diz que ninguém pode ser mantido em regimes de escravidão ou servidão."

Art. 24 - todo mundo tem direito ao descanso, ao lazer, a uma jornada de trabalho
compatível com o descanso e a férias remuneradas periódicas.

Todo mundo que trabalha tem direito a uma remuneração justa. Para entendermos a
situação que estamos vivendo em nosso país, precisamos conhecer sobre a divisão
da Renda Nacional.

A injustiça de uma pizza

Muito do que vemos da desigualdade em nosso país tem haver como a divisão da
riqueza. O Brasil é identificado como um dos países com pior distribuição de renda no
mundo. Isso quer dizer que um número pequeno fica com a maior parte das fatias
enquanto grande parte tem que dividir o restante.

Renda per capita - por cabeça (latim)

Pelos critérios dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações


Unidas e recomendações do Banco Mundial, a pobreza extrema é caracterizada por
uma renda familiar per capita disponível inferior a US$ 1,90 por dia,...
No Brasil o pagamento do auxílio emergencial evitou um agravamento da miséria no
País em 2020, em meio ao choque provocado pela pandemia de covid-19. Apesar dos
recursos extraordinários, praticamente um em cada quatro brasileiros ainda viveu

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abaixo da linha de pobreza no ano da pandemia, quase 51 milhões de pessoas,
segundo os dados da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - Veja mais em:
https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2021/12/03/mesmo-com-
auxilio-1-em-cada-4-viveu-abaixo-da-linha-de-pobreza-em-2020-diz-
ibge.htm?cmpid=copiaecola

PIB

É tudo que um país produz durante um ano, ex: Alimentação, carros, prédios, roupas,
etc. É quanto um país pesa. E o trabalho produzido pelo trabalhado , serviço prestado,
gerando uma renda nacional. Logicamente, a renda recebida pelo operário é
extremamente menor que a do dono da fábrica ou do patrão. Mas não são tratados
de forma igual….

Desequilíbrio

Pois, os impostos não são cobrados proporcionalmente. Quem ganha mais teria
condições em aplicar esse dinheiro para melhorar escolas, saúde, porque o rico chega
a essa condição construída com o coletivo da sociedade. Lembrando que há duas
formas de se fazer isso: através do imposto direto e indireto (preço das coisas) Ex: Foi
feito um cálculo que 40% do salário da classe média vai parar nesses impostos,
(Equivale a 5 meses).

Outra questão é quanto ao uso dos impostos! Quanto mais democrático é um país.
Mais os governantes são obrigados a explicar o uso do dinheiro público e detalhar as
prioridades. E quanto mais informado, o cidadão ele poderá acompanhar os gastos
públicos.

Sonegar é para poucos. Quem sonega hoje? O trabalhador não sonega!


Porque o seu imposto de renda é descontado automaticamente do seu salário.
Enquanto os ricos…

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Os D.H estão relacionados com a remuneração dos trabalhadores. Pois, se cada
cidadão não tiver condições para arcar com os custos de aluguel, transporte, roupa,
remédio, contas, água e luz, saúde, educação, descanso e lazer. A vida dessas
pessoas poderá ficar comprometida…
Quanto mais um país é desigual, mais violações de D.H existirá. Pois, faltará
condições em se ter uma vida mais justa e adequada.

5. Violência Contemporânea: o discurso de ódio na Internet

O que é o discurso de ódio?

O discurso de ódio é a manifestação de “ideias que incitem a discriminação racial,


social ou religiosa em determinados grupos, na maioria das vezes, as minorias”.

Artigo 2, parágrafo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos

“Todo ser humano tem capacidade de gozar os direitos e as liberdades estabelecidas


nesta declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja raça, cor, sexo, idioma,
religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,
nascimento, ou qualquer outra condição”.

Perceba que nestas definições os direitos humanos são garantias de todos os


indivíduos, independentemente de suas singularidades, certo? Isso, por sua vez, vai
contra o discurso de ódio, que prega o preconceito contra seres humanos que fazem
parte de alguma minoria social. Ou seja, o discurso de ódio fere as garantias e
direitos fundamentais de todo e qualquer cidadão.

O discurso de ódio é, em sua essência, um tipo de violência verbal, tendo como


principal base a não-aceitação de diferenças, ou seja, a intolerância, podendo ela ser
de todas as formas possíveis.

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Discurso de ódio na Internet:

2. A Liberdade de Expressão

Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos

“Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a
liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir
informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.

A liberdade de expressão é um direito forjado diante de governos autoritários que,


essencialmente, não permitiam que os indivíduos se manifestassem sobre suas
ações. A primeira arma que os indivíduos têm em face de qualquer governo é a
possibilidade de se expressar a respeito dele. Como o ato de expressão – a menos
que feito em tal modo particular que ninguém dele tome conhecimento – tem o
potencial de atingir alguém, é com a troca que passa a ser estabelecida que os
indivíduos conhecem opiniões e se reconhecem em suas convergências e
divergências. É exatamente isso o que os governos autoritários procuram evitar. As
trocas de informações e opiniões que possam comprometer a continuidade do próprio
governo. O encontro de opiniões convergentes na desaprovação do governo.

No entanto, de direito que nasce para garantir a possibilidade de os indivíduos


criticarem os atos de governo acaba, aos poucos, protegendo a possibilidade de os
indivíduos se manifestarem acerca de quaisquer assuntos, mesmo os que sejam
incômodos ou que pareçam extremamente rudes para alguns.

Por isso, o reconhecimento de que não há proteção absoluta de direitos possibilitou


a imposição de algumas restrições ao gozo do direito à liberdade de expressão. Assim,
documentos internacionais posteriores trataram de limitar o exercício da liberdade de
expressão, sempre perseguindo o equilíbrio na fruição de diferentes direitos. Nesse
sentido, um claro limite imposto pelos instrumentos internacionais encontra-se no
estabelecimento de vedação de expressão que constitua discurso de ódio. Ele não é
tolerado pelo Direito Internacional.

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2.1 A Restrição à Liberdade de Expressão

O sistema global de proteção aos direitos humanos criou documentos


internacionais vinculantes que tratam de diferentes temas, às vezes bastante
específicos. Para demonstrar, a existência de limitações à liberdade de expressão,
tomando o exemplo do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP).
Elaborado para indicar quais são os direitos merecedores de proteção do Estado, o
Pacto traz previsão específica em relação à liberdade de expressão.

Nesse sentido seu art. 19 prevê que:

1. Ninguém poderá ser molestado por suas opiniões.


2. Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão; esse direito incluirá a liberdade
de procurar, receber e difundir informações e ideias de qualquer natureza,
independentemente de considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, em
forma impressa ou artística, ou por qualquer outro meio de sua escolha.

No entanto, o parágrafo 3 do mesmo art. 19 estabelece que:

“O exercício do direito previsto no parágrafo 2 do presente artigo implicará deveres e


responsabilidades especiais. Consequentemente, poderá estar sujeito a certas
restrições, que devem, entretanto, ser expressamente previstas em lei e que se façam
necessárias para:
a) assegurar o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas;
b) proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a moral públicas”.

Por essa dicção, conclui-se que o abuso será punido pela lei desde que
estejam presentes os itens das letras ‘a’ e ‘b’. Mas há uma segunda restrição,
prevista no art. 20, que dispõe que:
1. Será proibida por lei qualquer propaganda em favor da guerra.
2. Será proibida por lei qualquer apologia do ódio nacional, racial ou religioso que
constitua incitamento à discriminação, à hostilidade ou a violência.

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2.2 A Internet Como Meio de Propagação do Ódio e os Tratados de Direitos
Humanos

A violência simbólica transparece nas múltiplas possibilidades de interação geradas


pelo ciberespaço sem qualquer melindre ou constrangimento, dando voz e escape a
um discurso de discriminação, eivado de preconceitos e da vontade intrínseca da
eliminação do considerado sujeito inferior.

É claro que essas ponderações se aplicam muito mais às dificuldades que governos
possam impor aos seus cidadãos do que às afrontas que os cidadãos possam fazer
uns aos outros. É o caso de governos que invocando a necessidade de manutenção
da ordem pública, impõem restrições aos indivíduos voltadas aos seus direitos de
distribuir informações na internet.

O discurso de ódio é proibido dentro e fora do ambiente virtual. A grande discussão


será a configuração do discurso de ódio. Para o Relator da ONU para Liberdade de
Expressão, há dois elementos chaves para a configuração do discurso de ódio. O
primeiro é a defesa do ódio e o segundo é a configuração da incitação a um dos três
resultados previstos no Pacto. Assim, a defesa do ódio nacional, racial ou religioso
será indicativo da existência de discurso de ódio para o Pacto. Será discurso de ódio
se também constituir incitação à discriminação, hostilidade ou violência, ou, em outras
palavras, quando o indivíduo almeje produzir reações de parte de sua audiência e
quando haja uma ligação muito próxima entre a expressão e o risco de que ela resulte
em discriminação, hostilidade ou violência.

A liberdade de expressão continua tendo proteção no ambiente internacional, no


entanto, ela não pode chegar a constituir a incitação mencionada. Assim, a expressão
de ideias, ainda que discriminatórias, não está vedada pelos dispositivos
internacionais na interpretação dada na atualidade.

A liberdade de expressão merece proteção também no ambiente virtual, mas as


restrições que lhe são aplicadas acompanham o direito, independentemente do local
onde ocorram. Assim, o discurso de ódio também é proibido no mundo virtual devendo
os Estados estabelecer legislações e políticas públicas que enfrentem a sua
ocorrência.

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Casos de Discursos de ódio na Internet

Aumento do Discurso de Ódio na Pandemia - BBC

Durante a pandemia, os casos de discurso de ódio aumentaram em 20% nos EUA e


Reino Unido segundo análises feitas em ambos países deste o início da pandemia,
levantadas pela instituição britânica Ditch the Label, focada em apoiar jovens com
problemas relacionados a bullying, saúde mental, relacionamentos e sua identidade.

Em sua maioria, sendo 50,1 milhões de discussões sobre racismo ou contendo


discursos racistas. Considerando o fato das pessoas, neste período, passarem mais
tempo dentro de casa, a influência causada aumentou consideravelmente os
discursos de ódio online.

Aumento do Discurso de Ódio nas Eleições, crimes de ódio crescem em até


650% em ano eleitoral – g1

Número total de denúncias avançou 67,5% no primeiro semestre de 2022, segundo a


Safernet; casos de intolerância religiosa foram os que mais aumentaram no período.

As denúncias de crimes que envolvem discurso de ódio na internet cresceram 67,5%


no primeiro semestre de 2022 na comparação com o mesmo período do ano passado.
Foram quase 24 mil casos recebidos pela Safernet, ONG de proteção dos Direitos
Humanos no ambiente digital.

Os discursos de intolerância religiosa foram os que mais cresceram no intervalo:


654%, com 2.813 denúncias. Depois, apareceram a xenofobia, com aumento de 520%
no volume de registros, e o neonazismo, que avançou 120%.

A plataforma também observou crescimento nos casos de apologia a crimes contra a


vida, LGBTfobia e racismo. O discurso mais denunciado foi o de misoginia, que é a
aversão a mulheres, com 7 mil casos nos seis primeiros meses do ano.

Como Denunciar Discursos de ódio na Internet

As denúncias podem ser feitas na Central Nacional de Denúncias de Violações


contra Direitos Humanos da Safernet (denuncie.org.br.) de forma anônima. É

14
necessário enviar o link da página ou aplicativo onde ocorreu a possível infração com
uma descrição do caso.
As denúncias são enviadas pela plataforma ao Ministério Público Federal e à
Polícia Federal.

Referências Bibliográficas

 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Adotada e proclamada


pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de
dezembro de 1948 - https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-
direitos-humanos
 https://brasilescola.uol.com.br/geografia/apartheid.htm
 https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/sufragio-universal.htm
 2020: Mesmo com auxílio, 1 em cada 4 viveu abaixo da linha da pobreza (uol.com.br)
 BAGGS, Michael. Discurso de ódio na internet aumentou durante a pandemia,
aponta pesquisa. BBC News Brasil, 2021. Disponível em:
<https://www.bbc.com/portuguese/geral-59300051>
 MOTTER, Andressa. Crimes de ódio na internet crescem até 650% em ano
eleitoral. g1, 2022. Disponível em:
<https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2022/08/29/crimes-de-odio-na-internet-
crescem-ate-650percent-em-ano-eleitoral.ghtml>
 CHAGAS, Inara. Discurso de ódio: o que caracteriza essa prática e como
podemos combatê-la? Politize, 2020. Disponível em:
<https://www.politize.com.br/discurso-de-odio-o-que-e/>
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