O documento discute a abordagem neo-schumpeteriana para estudar a mudança tecnológica. A teoria neoclássica é inadequada pois é estática e reduz problemas à racionalidade econômica. A abordagem neo-schumpeteriana reconhece que a inovação é o motor da dinâmica capitalista e analisa como as novas tecnologias afetam a estrutura industrial e de mercado. Dois grupos se destacam: evolucionistas como Nelson e Winter que adotam uma analogia biológica para analisar a
Descrição original:
resumo do texto do possas de 88
Título original
Em direção a um paradigma microdinâmico - Possas (1988)
O documento discute a abordagem neo-schumpeteriana para estudar a mudança tecnológica. A teoria neoclássica é inadequada pois é estática e reduz problemas à racionalidade econômica. A abordagem neo-schumpeteriana reconhece que a inovação é o motor da dinâmica capitalista e analisa como as novas tecnologias afetam a estrutura industrial e de mercado. Dois grupos se destacam: evolucionistas como Nelson e Winter que adotam uma analogia biológica para analisar a
O documento discute a abordagem neo-schumpeteriana para estudar a mudança tecnológica. A teoria neoclássica é inadequada pois é estática e reduz problemas à racionalidade econômica. A abordagem neo-schumpeteriana reconhece que a inovação é o motor da dinâmica capitalista e analisa como as novas tecnologias afetam a estrutura industrial e de mercado. Dois grupos se destacam: evolucionistas como Nelson e Winter que adotam uma analogia biológica para analisar a
Em direção a um paradigma microdinâmico: a abordagem neo-schumpeteriana
Mario Luiz Possas
1988
I. Introdução
Obstáculos intransponíveis para a teoria neoclássica estudar o processo de mudança
tecnológica: 1. Caráter estático da teoria neoclássica: abordagem atemporal e relativa a hipóteses de equilíbrio não consegue trabalhar com situações de mudança; 2. Caráter interdisciplinar do estudo dos efeitos e dos determinantes do processo de mudança tecnológica: não são redutíveis à pura racionalidade econômica. Autores neo-schumpeterianos: abordagem econômica não-convencional da economia da mudança tecnológicas o Objeto: análise dos processos de geração e difusão de novas tecnologias em sua natureza e impactos, destacando sua interrelação com a dinâmica industrial e a estrutura de mercados. o Critério metodológico: desequilíbrio e incerteza; princípio teórico: concorrência; referência teórica: schumpeter o Dividem-se em dois grandes grupos não-rivais 1. Evolucionistas – R. Nelson e S. Winter, EUA 2. Enfoque da SPRU Sussex – UK
RESUMO ANA LÚCIA
i. Introdução (ao estudo dos processos de mudança tecnológica e sua relação com a transformação econômica e institucional)
abordagem ortodoxa (neoclássica): inadequada, reduz os problemas a escolhas técnicas
(dadas) sob o critério da racionalidade microeconômica maximizadora
abordagem alternativa (apoiada em Marx e Schumpeter, tendo como princípio teórico a
concorrência):
- reconhece: 1) processo de mudança técnica como motor da dinâmica econômica capitalista
II. O enfoque neo-schumpeteriano
Contribuições que focalizam o processo de transformação econômica e institucional
que periodicamente tem lugar nas economias capitalistas, em diferentes graus de intensidade e abrangência, sob o impacto das inovações tecnológicas. Centro da análise: economia da mudança tecnológica. Inovação é o principal dinamizador da atividade econômica capitalista. Aporte importante à construção de uma teoria microeconômica alternativa, centrada na dinâmica de transformação das próprias estruturas de mercado a partir de sua base produtiva. Superação da dicotomia firma x mercado: o centro agora é análise estratégia- estrutura, sem predomínio de nenhum dos dois e procurando captar o movimento resultante dessa interação. As trajetórias geradas pela análise geralmente são de mudança e transformação estrutural e não de equilíbrio.
III. A abordagem evolucionista de Nelson e Winter
Referências fundadoras: livros de 1977 e 1982
Analogia biológica do enfoque é explícita, focada na análise da mudança – o processo de evolução. Ideia central: tal como a seleção das espécies se dá (na teoria darwiniana) por meio de mutações genéticas submetidas à seleção do meio ambiente, as mudanças econômicas (aspecto técnico produtivo e estrutura e dinâmica de mercados) têm origem na busca incessante por parte das firmas, de introduzir inovações de processo e de produto – o que teria em regra características estocásticas; e estas inovações seriam por sua vez, submetidas aos mecanismos de seleção inerentes à concorrência e ao mercado.
III.1. A crítica dos pressupostos ortodoxos e o novo marco teórico
1. Ruptura com o paradigma do equilíbrio estático (firmas e mercados) como norma
definidora do objeto da teoria. Ao invés disso, constroem uma teoria que tem o desequilíbrio e as assimetrias como fatores essenciais da mudança estrutural e do movimento. o Temos que identificar e analisar o processo de seleção através do qual o mercado – e as próprias empresas, por suas decisões – sanciona, redireciona ou rejeita certas estratégias, bem como as trajetórias que as firmas individuais e a estrutura do mercado ou da indústria em seu conjunto seguirão
2. Em razão da incerteza presente no horizonte do cálculo capitalista, abandona-se a
racionalidade neoclássica da maximização dos lucros pela racionalidade da adesão dos agentes à rotina na tomada de decisões e no esforço inovador. o O futuro está encharcado de incerteza – notadamente nas mudanças técnicas – e isso perpassa as decisões capitalistas. o A introdução da incerteza é a maior contribuição para a ruptura com o marco teórico ortodoxo da firma e dos mercados. o No contexto das inovações tecnológicas e das incertezas consequentes (que vão além da incerteza keynesiana da decisão de investir), as empresas adotam um comportamento cauteloso e defensivo, bem expresso no emprego de procedimentos de rotina. Isso porque os resultados de decisões sob incerteza não são previsíveis nem assegurados, por um lado, e nem corrigíveis senões sob altos custos, por outro, dado que as decisões de investir (especialmente em inovações) são irrevogáveis. Assim, normas rotineiras na tomada de decisões se revelam a linha de menor risco. o A adoção de comportamentos heurísticos e de rotina pelas empresas para tomada de decisões não implica resultados igualmente rotineiros. Essas regras simples se aplicam tanto às atividades de curto prazo (operacionais de produção, preços etc) quanto às de longo prazo, referentes a investimentos, P&D etc. o O esforço especificamente inovador é o de mudança das rotinas existentes (busca/search) de novas oportunidades. o Quadro teórico específico da abordagem evolucionista: a interação entre os processos de: Busca de inovações (corresponde às mutações genéticas) Seleção das mesmas pelo ambiente competitivo e de mercado (corresponde à seleção das espécies)
o Obs: adesão ao lamarckismo: não apenas os caracteres adquiridos podem ser
“herdados”, por aprendizado ou imitação, como também situações adversas podem provocar variação e mutação esporadicamente. o Na prática: o processo de busca de inovações se realiza apoiado em regras práticas de conduta (rotina): definição de metas e meios/procedimentos (ex: aplicação de certa % das vendas em P&D; ordenação dos projetos de acordo com expectativas quanto a demanda potencial, viabilidade técnica e custos > configuração de uma estratégia.