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6ª Jornada das Ciências Sociais da UFJF

24 a 27 de setembro de 2019. Juiz de Fora (MG)

Grupo de Trabalho: GT2: 2. Inovação e desenvolvimento econômico:


aspectos econômicos, políticos e sociais.

Estratégias da Inovação: análise da interação entre Estado e empresariado


através da execução do Prosoft pelo BNDES em Minas Gerais.

Vitor César Presoti (UEMG)


Edson Lugatti Silva Bissiati (UEMG)
Cáio César Nogueira Martins (UEMG)
Estratégias da Inovação: análise da interação entre Estado e
empresariado através da execução do Prosoft pelo BNDES em Minas
Gerais.

Vitor César Presoti1


Edson Lugatti Silva Bissiati2
Cáio César Nogueira Martins 3

RESUMO

O presente trabalho é fruto de uma pesquisa em fase inicial e ainda em andamento, busca
discutir, com base nos recentes estudos de inovação, o papel desempenhado por duas formas
de burocracia na administração do processo inovativo: o Estado e a firma. O que interessa a
essa investigação é analisaras formas de relação entre essas duas formas de burocracia no
processo inovativo. Para enquadrar essa empiricamente, optou-se por analisar as estratégias
inovativas adotadas pelas empresas do setor de Software e Serviços de Tecnologia da
Informação (SSTI) de Minas Gerais que foram beneficiadas pelo Programa para o
Desenvolvimento da Indústria Nacional de Software e Serviços de Tecnologia da Informação
(Prosoft) executado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). A análise foi
realizada a partir dos dados das operações realizadas pelo BNDES em prol dessas empresas,
os quais são disponibilizados pelo próprio BNDES, e das informações disponíveis nos sítios
eletrônicos dessas empresas. Os resultados preliminares indicam que as empresas analisadas
adotam estratégias variadas, embora predominem empresas situadas em segmentos inferiores
da cadeia de valor do setor de SSTI e que adotam uma inserção verticalizada no mercado,
características que indicam estratégias inovativas pouco ofensivas.

1
Graduando em Ciências Sociais pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Bolsista do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PAPq/UEMG.
E- mail: vitorcpresoti@gmail.com
2
G graduando em Ciências Sociais pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Bolsista do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PAPq/UEMG.
E- mail: edbissiati@outlook.com

3 Graduando em Ciências Sociais pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Bolsista do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PAPq/UEMG.
E-mail: caio_martins.007@hotmail.com
Palavras-chaves: BNDES, Estado, Firma, Inovação, Prosoft.
INTRODUÇÃO
A economia é, sem dúvida, um dos elementos fundamentais que norteiam a vida de
qualquer sociedade. Não por acaso, o esforço de grandes economistas que se debruçaram no
estudo dos fenômenos econômicos emergentes é fundamental para compreender diversos
aspectos das sociedades modernas centradas no mercado.
Os estudos de Joseph Schumpeter (1883-1950) são considerados precursores na
temática da inovação, fenômeno que o autor considerava constituir o motor do
desenvolvimento econômico no modo de produção capitalista. Sob a ótica de Schumpeter
“entenderemos por ‗desenvolvimento‘, portanto, apenas a mudança da vida econômica que
não lhe forem impostas de fora, mas que surjam de dentro, por sua própria iniciativa‖ (1997,
p.74). Tal afirmação do economista reflete bem suas teses acerca do processo de inovação na
economia.
O termo ―desenvolvimento econômico‖ aqui empregado, se refere à definição de
Schumpeter, a qual apresenta a inovação econômica como o fenômeno fundamental da
economia capitalista. Para Schumpeter, a inovação consiste, grosso modo, na realização de
novas combinações dos meios produtivos, englobando os casos à frente:
1) Introdução de um novo bem — ou seja, um bem com que os
consumidores ainda não estiverem familiarizados — ou de uma nova
qualidade de um bem. 2) Introdução de um novo método de produção,
ou seja, um método que ainda não tenha sido testado pela experiência
no ramo próprio da indústria de transformação, que de modo algum
precisa ser baseada numa descoberta cientificamente nova, e pode
consistir também em nova maneira de manejar comercialmente uma
mercadoria. 3) Abertura de um novo mercado, ou seja, de um mercado
em que o ramo particular da indústria de transformação do país em
questão não tenha ainda entrado, quer esse mercado tenha existido
antes, quer não. 4) Conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-
primas ou de bens semimanufaturados, mais uma vez
independentemente do fato de que essa fonte já existia ou teve que ser
criada. 5) Estabelecimento de uma nova Organização de qualquer
indústria, como a criação de uma posição de monopólio (por exemplo,
pela trustificação) ou a fragmentação de uma posição de monopólio.
(SCHUMPETER: 1997, p. 76)

A inovação é, portanto, o fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico.


Trata-se de um fenômeno conduzido por empresas e garantido em função do crédito bancário,
condição essencial para a implementação de uma inovação, ou seja, para a realização de
novas combinações dos meios de produção disponíveis. Essa recombinação teria o mérito de
transformar os canais de rotina econômica, e, por consequência, fomentar o desenvolvimento
econômico através do aumento da produtividade. (SCHUMPETER, 1997).
Segundo o autor, a inovação se dá fora do âmbito do ―fluxo circular‖ da economia;
isto é, do fluxoque percorre os ―mesmos canais, ano após ano — semelhante à circulação do
sangue num organismo animal‖. (SCHUMPETER: 1997 p. 72). O que interessa a Schumpter,
na verdade, são justamente os elementos de mudança que emergem com a implementação de
uma inovação, as quais provocariam ―mudanças espontâneas e descontínuas no canal do fluxo
circular‖ (SCHUMPETER: 1997 p. 72), de forma a provocar perturbações no centro de
equilíbrio das atividades produtivas e comerciais.
A teoria apresentada por Schumpeter indica então que apesar das necessidades dos
consumidores constituírem fatores fundamentais no interior da teoria do ―fluxo circular‖, ao
se analisar o elemento de ―mudança‖ provocado pela inovação, destaca-se a centralidade das
atividades produtivas e comerciais como norte da atividade econômica. Por isso Schumpter
destaca que ―é o produtor que, via de regra, inicia a mudança econômica, e os consumidores
são educados por ele (...) são ensinados a querer coisas novas, ou coisas que diferem em um
aspecto ou outro daquelas que tinham o hábito de usar‖. (SCHUMPETER: 1997 p. 76).

O PAPEL DO ESTADO NO PROCESSO INOVATIVO


Segundo Freeman e Soete (2008), as atividades inovativas das firmas estão
intimamente ligadas ao ambiente nacional, o que significa que esse ambiente pode tanto
fomentar e facilitar como retardar e impedir o desenvolvimento do processo inovativo no
interior da firma. Desta forma, esses autores apontam para a existência de um sistema
nacional de inovação que subjaz o processo inovativo em qualquer setor da economia,
frisando, assim, o papel do Estado como coordenador e executor de políticas de longo prazo
em benefício das diversas articulações do sistema nacional de inovação. Seu papel consiste
em fomentar o desenvolvimento econômico e inovativo de maneira global, garantir o processo
interdependente de investimentos intangíveis e tangíveis e promover os vínculos entre a
produção e as instituições de ensino e ciência. Um exemplo dessa atuação consiste na
importação de tecnologias estrangeiras para fomentar o desenvolvimento técnico local.
(FREEMAN e SOETE, 2008).

Ainda sobre a relevância do Estado na coordenação dos Sistemas de


Inovação, seu papel é garantir que o crescimento econômico venha
acompanhado de ―[...] bons sistemas educacionais, com amplas parcelas de
jovens participando do ensino de terceiro grau e uma forte ênfase nas
ciências e na tecnologia‖, (FREEMAN e SOETE: 2008, p. 519), garantindo
assim a ―combinação única de mudanças inter-relacionadas de cunho social,
econômico e técnico dentro de um espaço econômico nacional‖
(FREEMAN e SOETE: 2008, p. 535).

Os sistemas nacionais de inovações devem, antes de tudo, garantir a boa gerência do


capital na economia nacional e a promoção de combinações de ―importação de tecnologias
com atividades locais e políticas intervencionistas proativas para fomentar indústrias
nascentes‖ (FREEMAN e SOETE: 2008, p. 536).

O PAPEL DA FIRMA NO PROCESSO INOVATIVO


Além de enfatizarem a constituição de complexos Sistemas de inovação, esses mesmos
teóricos do Sistema de inovação também deram destaque ao papel da firma no processo
inovativo. por isso, além de traçarem um minucioso estudo sobre algumas economias
nacionais e seus sistemas de inovação, Freeman e Soete (2008) também analisaram as
diversas estratégias inovativas que orientaram os esforços inovativos das firmas, sobretudo
nas atividades desenvolvidas em laboratórios de P&D.
A partir deste estudo acerca dos processos inovativos das empresas, esses teóricos
demonstram como as empresas podem adotar estratégias inovativas mais ou menos
agressivas, o que vai depender das rotinas inovativas que desenvolvem. De acordo com a
perspectiva da teoria sociológica weberiana uma estratégia consiste na construção mental de
modelos que não necessariamente reproduzem ou refletem a realidade, mas aproxima-se desta
servindo de ferramenta para a sua compreensão. As estratégias valem, portanto, como guias
para atuação das firmas no mercado, com destaque para o processo inovativo, o que deverá
estar refletido nas rotinas inovativas no interior da firma. .
No caso do setor de SSTI, as empresas que atuam em segmentos hierarquicamente
superiores na cadeia de valor do setor e adotam uma inserção mais horizontalizada no
mercado, tendem a apresentar uma estratégia mais agressiva. Por outro lado, as empresas que
atuam em segmentos hierarquicamente inferiores na cadeia de valor do setor de SSTI e
adotam uma inserção mais verticalizada no mercado, tendem a adotar estratégias inovativas
menos agressivas. Portanto, temos os respectivos tipos de estratégias:
a) Ofensivas: são implementadas afim de alcançar uma posição pioneira de mercado e
de vanguarda frente aos concorrentes;
b) Defensivas: em contraste da estratégia ofensiva, a defensiva não almeja com a mesma
velocidade estar à frente no mercado, haja visto, a diminuição de riscos e a melhor
chance de lucrar com as inovações das empresas ofensivas;
c) Imitativas e dependentes: estão calcadas em sempre acompanhar e replicar as
tecnologias das empresas líderes de inovação e mercado, além de estarem bem atrás
na posição de mercado;
d) tradicionais e oportunistas: não aplicam inovações em sua produção e atuam de forma a
manter sua produção sempre da mesma forma, por isso são chamadas de ―camponeses da
indústria‖.
Muito embora as conceituações acima elencadas serem de suma importância para
compreensão das formas de inovação e atuação das indústrias, insta ressaltar que essas
tipologias se entrelaçam no cotidiano da atividade industrial, pois ao observar, vale destacar,
contudo, que ao avaliar as ações empreendidas pelas empresas, muitas delas podem assumir
estratégias ofensivas e defensivas em diferentes momentos de sua produção e em função de
variações históricas e contextuais. Fato inegável é que tal conceituação serve de base para
elucidar não só a capacidade produtiva das empresas, como também suas rotinas de inovação..

PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE
Este estudo está em sua fase inicial e tem como objetivo principal descrever e analisar
a estratégia inovativa das empresas do setor de SSTI de Minas Gerais que foram beneficiadas
pelas operações do Prosoft. Sua hipótese sustenta que, como as operações do Prosoft em
Minas Gerais foram realizadas após sua reformulação em 2004, quando o programa passou a
privilegiar empresas grandes e com alta capacidade inovativa, espera-se que as empresas
beneficiadas disponham de estratégias ofensivas, ou seja, que realizem atividades inovativas
complexas voltadas para o lançamento de produtos e serviços com grande potencial inovativo.
Para testar essa hipótese será crucial, primeiramente, apresentar o processo de
aperfeiçoamento do Prosoft, com destaque para as alterações realizadas no programa no ano
de 2004. A principal técnica de análise nessa etapa da investigação será a análise de conteúdo
dos documentos disponibilizados pelo BNDES. Posteriormente, será necessário discriminar as
operações realizadas pelo programa em Minas Gerais. Essa etapa da análise se pautará nos
dados disponibilizados pelo próprio BNDES a respeito da implementação do Prosoft, os quais
discriminam tanto as operações diretas de desembolso do BNDES como as operações de
intermediação financeira do BNDESPar. Assim como na etapa anterior, a principal técnica de
análise será a análise de conteúdo.
Na última e decisiva etapa de análise, por sua vez, espera-se poder apresentar e
analisar a estratégia inovativa das principais empresas beneficiadas pelo Prosoft em Minas
Gerais. Para tanto, será fundamental determinar a posição de cada empresa na cadeia de valor
do setor de SSTI e seu tipo de inserção no mercado, fatores que serão fundamentais para
determinar o tipo de estratégia inovativa desenvolvida pelas empresas.
Nessa etapa da análise, será fundamental. Também nessa etapa da investigação, a
técnica de análise adotada será a análise de conteúdo, mas dessa vez dos dados obtidos nas
pesquisas desenvolvidas nos sítios eletrônicos das empresas.

O SETOR DE SOFTWARE BRASILEIRO E O PROSOFT


Mais do que simplesmente pensar o processo inovativo, esse estudo coloca em questão
o papel do Estado brasileiro no fomento a empresas de um setor estratégico da economia: o
setor de SSTI. Seria o Estado brasileiro capaz de fomentar o desenvolvimento de inovações
nesse setor da economia? Por isso pensar as especificidades econômicas do Brasil é de suma
importância para essa pesquisa, sobretudo no que diz respeito à atuação do BNDES em
benefício de algumas empresas do setor de SSTI, a partir das iniciativas do Prosoft.
De acordo com Regina Gutierrez (p.27, 2007) ―em resposta ao lançamento da política
industrial, tecnológica e de comércio exterior (PITCE), em março de 2004, o BNDES,
remodelou o seu programa de software, o Prosoft‖. A partir disso, ao se observar os resultados
do Prosoft em 2007, pode se verificar um crescimento das industrias de softwares nacionais e
uma maior participação destas no mercado, muito embora a autora enfatize ainda haver uma
longa caminhada a ser percorrida para se alcançar uma maior competitividade no âmbito
internacional, visando fortalecer a cadeia de valor do Software e os serviços de TI no país.
Para avaliar a efetividade desse programa governamental de fomento ao setor de SSTI
é fundamental partir de uma caracterização da Indústria de Software, que pode ser dividida, de
acordo com seu modelo de negócios do segmento de Software, elas são divididas, em duas
classes: produtos e serviços. As empresas de produtos focam e desenvolvem os seus produtos
antes de irem ao mercado e, por isso, são dependentes de fortes investimentos em seus
processos de P&D, tais como pesquisa de mercado e ações de marketing.
No que se refere às empresas que desenvolvem serviços, Gutierrez (p.28, 2007)
elucida que ―o modelo de negócios de serviço diferencia-se do modelo de produtos também
por proporcionar menores margens de lucro‖, ou seja, o foco dessa classe é mais voltado à
certificação e à garantia de qualidade dos serviços do que ao Marketing e à comercialização.
Além desses modelos de negócios, destacam-se também as empresas que prestam
serviços de TI, os quais podem ser divididos em serviços discretos e outsourcing
(terceirização). Os serviços discretos se direcionam aos contratos simples e realizados em um
menor tempo de operação, tais como consultorias, treinamentos, desenvolvimento de
softwares e etc. Já o outsourcing envolve, para Gutierrez (p.29, 2007) ―a transferência de
parte significativa do gerenciamento da atividade para o provedor de serviços o que acarreta
maior grau de comprometimento‖. Não obstante, este tipo de serviço tende a ser realizado
através de contratos mais longos. Por fim, há também as empresas que desenvolvem software
embarcado, os quais estarão presentes em aparelhos como celular, DVD´s, PDA´s e etc.
Outra forma de classificação do setor de SSTI considera a cadeia de valor do software.
Segundo esse critério, o topo da hierarquia desse setor é ocupado pela empresas que
desenvolvem produtos. No interior desse segmento do setor de SSTI, estão no topo as
empresas que desenvolvem software de infraestrutura, seguidas pelas empresas que
desenvolvem ferramentas de software e pelas empresas que desenvolvem aplicativos. Logo
em seguida, estão as empresas que prestam serviços correlatos ao desenvolvimento de
software e, por fim, na base dessa cadeia encontram-se as empresas que prestam serviços de
TI.
Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), no ano de 2006 o
mercado de Tecnologia da Informação (TI) era de US$ 1,17 trilhão. O mercado brasileiro
naquele ano correspondeu a US$ 16,2 bilhões, o que representava uma fatia de 1,3% do
mercado mundial e 43% do mercado latino-americano de TI, números estes indicadores de
um sinal de maturidade do país no contexto global.
Naquele ano, o Brasil figurava na 13ª posição entre os maiores mercador de Software e
Serviços de TI. Calha destacar que o setor de software no Brasil apresentou significativo
crescimento quando comparado com o ano de 2005. No ano de 2006 houve um incremento de
cerca de 20% em relação ao ano anterior.
Ainda considerando dados da Abes, no ano de 2006 atuaram no mercado de software
brasileiro 7.818 empresas, incluindo multinacionais e aquelas de controle nacional. Destas,
cerca de 53,6% destas se incumbiam da distribuição, outros 22,2% eram empresas de serviços
e, por fim 24,2% trabalhavam no desenvolvimento de programas.
No que tange ao tamanho destas empresas, observou-se uma predominância de
empresas pequenas (entre 10 e 99 empregados), o que correspondiam a uma fatia de 57,3% do
total. Em seguida as microempresas (até 10 empregados) eram 36,8%, seguido pelas empresas
médias (100 até 499 empregados), se limitavam a 5,1% do todo. Apenas 14 empresas foram
classificadas como grandes (mais de 500 empregados), o que naquela ocasião correspondia a
cerca de 0,8%.
Segundo Gutierrez (2007, p. 36-37) a predominância de micro e pequenas empresas está
relacionada à juventude da indústria de software, considerando que grande parte destas
empresas surgiram nos anos de 1990. Considera-se um dos principais problemas enfrentados
por estas empresas nacionais o acesso ao mercado, frente a sua juventude e fragilidade não
transmitirem confiança ao potencial usuário, bem como a dificuldade das empresas menores
obterem financiamento.

Deter uma marca conhecida – garantia de qualidade – ou despertar no futuro


comprador segurança sobre a continuidade da empresa – o que implica
disponibilidade de manutenção e evolução do produto ou serviço – são
condições dificilmente preenchidas por aquelas empresas (GUTIERREZ,
2007, p. 36)

A autora destaca ainda que a necessidade de fortalecimento frente aos competidores


globais tem levado as empresas de softwares nacionais a buscar, cada vez mais a abertura de
capital, em especial na Bovespa (GUTIERREZ, 2007). Nesse sentido, a consolidação é vista
como uma etapa de crescimento, bem como um meio para aumentar a base de clientes e
ampliar o portfólio dos produtos. Como reflexo de sua juventude, este setor industrial é
predominantemente constituído por micro e pequenas empresas (até 10 empregados e de 10 a
99 empregados respectivamente), cenário que é problemático para estas jovens empresas, uma
vez que possuir a tradição de uma marca difundida, além de reconhecida experiência,
facilitaria o acesso ao mercado assim como o acesso ao financiamento nas fases iniciais do
empreendimento. (GUTIERREZ: 2007)
Os principais segmentos do mercado de software são os de infraestrutura, os de
ferramentas de software, o segmento de serviço e o de desenvolvimento de software. Este
ultimo apresenta números crescentes dentro do mercado brasileiro de software.
(GUTIERREZ: 2007).
A autora aponta que as empresas, frente a grande complexidade da Tecnologia da
Informação (TI), tendem a buscar a terceirização destes serviços, o outsourcing, de forma que
a empresa contratante transfere a responsabilidade da gestão de TI e seus data centers. Neste
segmento destaca-se o call center, empregando mais de 250 mil pessoas no Brasil.
(GUTIERREZ: 2007)
É nesse contexto que é possível avaliar a atuação do BNDES através da
implementação do Prosoft, sobretudo a partir de sua reformulação em 2003. Quando foi
inaugurado em 1997, o Prosoft ainda tinha um papel modesto, sobretudo porque restringia seu
apoio às micros e pequenas empresas nacionais de software através do financiamento direto
de suas atividades de P&D. Esse quadro mudou com a reformulação do Prosoft em função do
lançamento da Política Industrial Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE), inaugurada
pelo governo federal em 2003. A PITCE listou uma série de objetivos e apresentou, no
discorrer de seu diagnóstico setorial, os resultados que apontaram quais ações implementadas
poderiam alcançar maior sucesso em âmbito nacional. Os encontravam-se, principalmente, no
segmento de software customizados e no segmento de aplicativos ERP, o qual tem como caso
paradigmático a empresa Totvs.
Para atestar a importância desses segmentos foram consideradas os aspectos internos
do mercado brasileiro nesse setor e o papel que as empresas nacionais desempenhavam nesse
mercado até então. Com isso, percebeu-se que a estimativa anual do mercado, ainda era
tímida, e por isso era a hora de investir no mercado de software, seguindo o exemplo de
países como a Índia, o qual já considera há algum tempo a prioridade de investimentos nesse
setor:
A análise da cadeia de valor do software permite verificar a existência de uma
malha entrelaçada de indústria – de produtos e de serviços – cujo desenvolvimento
é fundamental para a sustentabilidade de toda a cadeia. Além disso, o estudo do
caso indiano, tomado como Benchmark, permite verificar a sinergia da
terceirização de processos de negócio intensivo em TI (ITES-BPO) e do software.
(GUTIERREZ, 2007, p.53)

Com uma nova premissa e a pretensão de ampliar a fronteira do setor de SSTI, o


Prosoft passa a desempenhar um papel extremamente importante no fomento à inovação em
âmbito nacional, considerando outras dificuldades das empresas e buscando superá-las,
através de apoio a atividades de comercialização, certificação, treinamento gerencial,
internacionalização e consolidação. Além disso, o programa também passou a contemplar as
grandes empresas do setor (nacionais e internacionais). No novo formato surgiram alguns
problemas e a predominância de empresas de pequeno porte, fez com que o programa
adotasse uma nova estratégia operacional. Tornando o Prosoft o conjunto de outros três
subprogramas:
Prosoft Empresa: Financiamento aos planos de negócios das empresas de
software e serviços de TI; Prosoft Comercialização: Financiamento à
comercialização no mercado interno de produtos de software de tecnologia
nacional e serviços correlatos; Prosoft exportação: Financiamento às exportações
de software e serviços nas modalidades pré e pós-embarque. (GUTIERREZ, 2007,
p.55)

Meses antes de encerrar a vigência do contrato do Prosoft junto ao BNDES que teria
seu fim no dia 31 de Julho de 2007, o banco realizou um encontro para discutir
aperfeiçoamentos no programa. Compareceram para o debate representantes das seis maiores
empresas do setor instalado no Brasil, além de representantes de órgãos do setor federal
ligados diretamente ligados ao setor de desenvolvimento de software, com a finalidade de
aprimorar o programa e desenvolver ainda mais a indústria de TI no Brasil.
O banco avaliou intensamente o processo de desenvolvimento do programa desde seu
lançamento. Mudanças positivas foram destacadas com o lançamento das ações da PITCE,
mas foi posto em destaque o fato de que o setor merecia maiores investimentos, visto que
ainda não teria atingido o objetivo traçado:
O Prosoft foi renomeado Programa para o Desenvolvimento da Indústria
Nacional de Software e Serviços de Tecnologia da Informação, mas
permaneceu com uma formatação bastante semelhante a anterior, inclusive
com os mesmos três subprogramas. Incorpora, porém. Algumas alterações
que visam tomá-lo mais eficaz. (GUTIERREZ, 2007, p.59)

Com a renovação do Prosoft foram realizadas mudanças diretamente ligadas ao


desenvolvimento e crescimento do setor no Brasil. O BNDES abaixou taxas para estimular
investimentos no setor, além de alterar condições para exportações tornando o
desenvolvimento em TI uma questão enfática para que possa ter bons resultados nos prazos
estipulados.

O PROSOFT EM MINAS GERAIS


Em Minas Gerais, foram realizadas oito operações do Prosoft, as quais beneficiaram
seis empresas: (1) a Power Logic Consultoria e Sistemas S/A, que foi beneficiada pelo
desembolso de R$ 1,2 Milhões em 2004 e de R$ 2,4 milhões em 2010, em ambos os casos
com taxa de juros de 1%, prazo de carência de 24 meses e prazo de amortização do contrato
de 48 meses; (2) a STI Soluções em Tecnologia da Informação Ltda., que foi beneficiada por
uma operação de desembolso de aproximadamente R$ 607 mil em 2006, com taxa de juros de
1%, prazo de carência de 25 meses e prazo de amortização do contrato de 48 meses; (3) a
Squadra Tecnologia S/A, que obteve, em 2011, R$ 9,5 milhões, com taxa de juros de 1%,
prazo de carência de 24 meses e prazo de amortização do contrato de 48 meses; (4) a AEC
Centro de Contatos S/A que em 2012 recebeu cerca de R$ 3,3 milhões, com taxa de juros de
2,12%, prazo de carência de 6 meses e prazo de amortização do contrato de 48 meses; (5) a
WBR Consultoria S/A, que obteve cerca R$ 4,1 milhões em 2015, com taxa de juros de 1,3%,
prazo de carência de 24 meses e prazo de amortização do contrato de 48 meses; e, por fim, (6)
a RV Tecnologia e Sistemas S/A, que foi beneficiada, no ano de 2015, com duas operações de
desembolso no valor de aproximadamente R$ 1,8 milhões, sendo que a primeira operação
possuía taxa de juros de 4,87 %, prazo de carência de 18 meses e prazo de amortização do
contrato de 48 meses e a segunda, taxa de juros de 4,07%, prazo de carência de 18 meses e
prazo de amortização do contrato de 48 meses. Com exceção da AEC Centro de Contatos
S/A, cuja sede está situada na cidade de Governador Valadares, todas as demais possuem sede
em Belo Horizonte.

EMPRESAS FOMENTADAS PELO PROSOFT EM MINAS GERAIS

Após o levantamento das empresas que atuam em Minas Gerais e que que receberam
recursos do BNDES através do Prosoft, o próximo passo desse estudo consiste em explorar
algumas informações nos sítios eletrônicos das empresas que indiquem sua posição na cadeia
de valor do setor de SSTI, sua forma de inserção no mercado e, portanto, se suas estratégias
inovativas tendem a ser mais ou menos ofensivas.

Powerlogic Consultorias SA\/Cast Group


A primeira empresa beneficiada pelos recursos do Prosoft em Minas Gerais é a
Powerlogic Consultoria. Segundo informações no sítio eletrônico dessa empresa, a
Powerlogic Consultoria foi fundida, no ano de 2015, a mais duas empresas do ramo de TI, a
Cast e a Esum, formando assim o grupo Cast ou Cast Group. Essa nova empresa se tornaria
ainda maior entre os anos de 2016 e 2017, momento no qual outras aquisições de empresas no
ramo de TI foram realizadas. É importante frisar, ademais, que antes da fusão das empresas
que formam a Cast Group, no ano de 2012 a empresa Cast, que foi a compradora da
Powerlogic e da Esum, teve importante apoio e investimento do BNDES, o que culminou na
sua expansão. Conforme consta no site da empresa, ela obteve

investimento de cerca de R$30 milhões na expansão da capacidade produtiva.


Os recursos foram aplicados em infraestrutura, treinamento de profissionais,
pesquisa e desenvolvimento para diversificação e inovação do portfólio. A
iniciativa, que também incluiu a abertura de novos escritórios no Brasil e no
exterior, teve o apoio da linha Prosoft – Empresa, do BNDES. (Site,
www.castgroup.com.br/pt/historico)
Sua atuação consiste em consultorias e soluções nas áreas de TI e de TA, além de
serviços de outsourcing Além disso, possui hoje cerca de 320 empresas clientes, tanto
públicas quanto privadas, especialmente nas áreas de finanças, indústria e serviços, dentre os
quais se destacam Banco do Brasil, Cielo, Datasus, Vale, Cemig, Gerdau, EDP, Eletrobrás,
Grupo Petrópolis, Atento, Renault, Randon, Bosh, Ipiranga Agroindustrial, DrogaRaia e
Banco Central do Brasil. Os tipos de serviços prestados na área de TI são, sobretudo, a
‖sustentação e otimização de processos, outsourcings, consultorias estratégicas‖. Além de
serviços na área fiscal, RH, automação e etc. Tais serviços são prestados em diversos
segmentos, desde áreas como manufatura, agronegócio até em empresas do setor público,
empresas farmacêuticas e de produtos de consumo.
A empresa possui cerca de 2,5 mil funcionários e filiais em São Paulo (SP), Brasília
(DF), Belo Horizonte (MG), Maceió (AL) e Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Bauru (SP),
Sete Lagoas (MG), Joinville (SC) e Caxias do Sul (RS) Porto Alegre (RS) além de uma
fábrica de software em Araraquara (SP). Aos esforços inovativos da empresa se concentram
nas áreas de soluções fiscais, na formação de profissionais especializados, na transformação e
desenvolvimento de software, além de uma maior otimização de seus produtos. Tem parceria
de inovação junto a empresas como a SAP, IBM, Siemens, Equinix, Schneider e etc.
É possível perceber, portanto, que a empresa está situada no segmento
hierarquicamente inferior no interior da cadeia de valor do setor de SSTI, os serviços de TI,
além de indicar adotar uma estratégia verticalizada, já que aparenta concentrar seus esforços
inovativos para atender necessidades específicas de seus clientes. Sua estratégia inovativa
tende a ser, portanto, pouco ofensiva.

RV Tecnologia
Segundo consta no sítio eletrônico da empresa RV Tecnologia, sua entrada no
mercado em 2002 teve como intuito apresentar uma alternativa para as operadoras de
telefonia do País, distribuírem créditos para celulares através de recargas sem a necessidade
de cartões. Em 2008 a RV Tecnologia foi adquirida pela 3P Investimentos e fundiu-se com a
BM Logística, formando a holding BRMV.
A RV Tecnologia oferece soluções em transações eletrônicas, vendas e distribuição. A
empresa conta com uma rede de serviços como recargas de telefonia e outros serviços pré-
pagos, recebimento de cartões de crédito e débito. Tanto para grandes, médios e pequenos
varejistas. Sua atuação é em âmbito nacional e em parceria com empresas de telefonia e de
serviços e conteúdos digitais, possui escritórios regionais nos seguintes municípios e estados:
Belo Horizonte (MG), Campinas (SP), Divinópolis (MG), Niterói (RJ), Ribeirão Preto
(SP), Rio de Janeiro (RJ), Santos (SP), Sorocaba (SP), Paulo (SP) e Vitória (ES).
Os serviços ofertados pela RV Tecnologia são, sobretudo, a venda de recargas pré-
pagas e de chips de telefonia móvel; venda de recargas pré-pagas para jogos, aplicativos e tv;
correspondente bancário; recebimento de cartões de débito e crédito; divulgação do
estabelecimento no site RVGO; aplicativo para gerenciar todas as suas vendas de forma
prática,
Segundo a empresa, suas formas de inovação se dão através da incorporação,
desenvolvimento e implantação de novas tecnologias nos ramos de TI.
A Rv tecnologia está situada no segmento hierarquicamente superior no interior da
cadeia de valor do setor de SSTI, uma vez que sues serviços de TI tendem a adotar uma
estratégia horizontal, já que aparenta concentrar seus esforços inovativos oferecer serviços
inéditos e a implantação de novas tecnologias no mercado. Sua estratégia inovativa tende a ser
ofensiva.

SIGGA
Segundo o sítio eletrônico da empresa, a Sigga é uma empresa de capital nacional que
oferece soluções integradas para Gestão Estratégica de ativos através do desenvolvimento de
softwares para gestão que engloba todas as atividades de uma empresa, desde as atividades de
manutenção, rotinas de estoque e movimentação de materiais, planejamento e programação de
ordens, até o controle de reparos e inspeções em campo e análise estratégica de indicadores
chave de performance. Além disso, a empresa promete fornecer a seus clientes tecnologia
capaz de inseri-las na Indústria 4.0, última geração da automação industrial.
Presente há 18 anos no mercado, a empresa hoje conta com mais de 40 mil usuários de
seus serviços e mais de 200 mil horas de P&D. Possui escritórios de representação nos
Estados Unidos, Bélgica e China. Possui em sua carteira de clientes empresas de relevância
no cenário econômico, tais como Ambev, Furnas Bunge e Votorantim Cimentos.
Segundo informações contidas no site da empresa Sigga, a utilização de seus softwares
contribui significativamente para a sustentabilidade, eficiência e produtividade das empresas.
A AMBEV, por exemplo, conseguiu uma economia anual de 7,2 milhões de folhas de papel,
redução de 80% do tempo médio de solução de anomalias no processo produtivo e aumento
de 15% na produtividade dos técnicos. No que tange a Furnas, as utilizações dos softwares da
empresa resultaram em uma economia anual de 500.000 folhas de papel, além do despacho de
ordens de manutenção cinco vezes mais rápido.
A Sigga ainda possui parceria com empresas de diferentes setores de atuação e
relevância mundial, tais como: Petrobrás, Shell, Saint-Gobain, Unilever, Vale, Brasken,
dentre outras.
É possível perceber, por tanto que a empresa está situada no segmento
hierarquicamente superior no interior da cadeia de valor do setor de SSTI. Seus serviços de TI
tendem a adotar uma estratégia horizontal, uma vez que a empresa declara mais de 200 mil
horas em P & D, sendo assim, sua estratégia inovativa aparente ser fortemente ofensiva.

STI Soluções em TI
A STI consultoria é uma empresa especializada no desenvolvimento de soluções
voltadas para o negócio de nossos clientes e utiliza TI para geração de resultados. A STI é
uma empresa de tecnologia de informação que oferece soluções customizadas e de alto nível
de valor agregado, sempre observando a atual fase dos nossos clientes, crescendo e adequando
as soluções juntamente com eles. Somos tecnologia, vamos além, criamos vínculos e nos
conectamos com sua empresa.
A empresa indica estar focada na satisfação de seus clientes, o que orienta sua busca
por soluções customizadas que atendam às exigências específicas de seus clientes.
Segundo o site da empresa, cada cliente é único, portanto, a empresa não visualiza a
possibilidade de oferecer um portfólio fixo de produtos e/ou serviços. Por isso, de acordo com
a própria empresa, após ser contratada a empresa inicia um trabalho de consultoria do cliente.
O objetivo é entender a realidade dos nossos clientes para poder propor soluções que
realmente façam a diferença. Ao fim desse processo, a empresa apresenta os resultados do
levantamento da fase um e propõe soluções customizadas, bem como um cronograma e um
plano de ação que leva em conta e põe em relevo uma comparação entre o cenário atual e o
cenário proposto. Feito isso, abre-se a possibilidade de realizar alguns ajustes, os quais
precederão o processo de execução, de testes e de avaliação das medidas propostas.
Após essa fase, é apresentado aos clientes os resultados obtidos, bem como é realizada
uma comparação entre o cenário anterior, quando foi realizado o diagnóstico, e o cenário
encontrado após a execução do plano de ação. Além da execução, a Sigga oferece também um
acompanhamento contínuo do ambiente de seus clientes, a fim de mantê-lo sempre adequado
às mudanças de cenário de seu setor. Sempre que necessário, a Sigga também promete
realizar um novo plano de ação, bem como em aprimorar continuamente seus serviços de
acordo com as necessidades de seus clientes.
A empresa possui uma estrutura composta por profissionais com capacidade para atuar
em diversos segmentos do mercado, o que significa que mesmo os investimentos em
treinamento dos funcionários segue uma lógica de customização.
A empresa está situada no segmento hierarquicamente inferior no interior da cadeia de
valor do setor de SSTI, os serviços de TI, além indicam uma estratégia verticalizada, e a
empresa aparenta concentrar seus esforços inovativos para atender necessidades específicas
de seus clientes. Sua estratégia inovativa tende a ser, portanto, pouco ofensiva.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Certo de que o processo inovativo é um fenômeno fundamental para o desenvolvimento
econômico, o Governo Brasileiro formulou uma agenda para o desenvolvimento da indústria
nacional de softwares e serviços de tecnologia da informação. Para tanto implementou no ano
de 1997 o Prosoft, programa que concedia aporte financeiro a empresas com sede e
administração no Brasil que mantinham atividades relacionadas à cadeia produtiva de
software nacionais.
Conforme já exposto, a primeira versão do programa tinha um papel modesto,
sobretudo porque restringia seu apoio às micros e pequenas empresas nacionais através do
financiamento direto de suas atividades de P&D a juros abaixo do usualmente praticado pelas
instituições financeiras privadas. Entretanto, esse quadro sofreu significativa alteração
mediante a reformulação do programa em função do lançamento da Política Industrial
Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE).
A nova versão do Prosoft, lançada no ano de 2003, ampliou o espectro de cobertura,
agora englobando empresas de médio e grande porte, bem como resultou em um progressivo
aumento de capital do BNDES disponibilizado para o programa. Ainda sob efeito da
reformulação do programa, o BNDES reduziu suas taxas para estimular investimentos no
setor de softwares e TI.
Segundo levantamentos disponibilizados pelo próprio BNDES, seis empresas situadas
no Estado de Minas Gerais receberam, ao todo, financiamento de 24,7 milhões de reais,
através de oito operações realizadas ao longo dos anos de 2010 a 2015. Tais firmas foram
beneficiadas com contratos cuja taxa de juros mensal que variavam de 1% e 4,87, amortização
em 48 meses e prazo de carência para início do adimplemento das parcelas entre 06 e 25
meses. Observa-se que cinco dessas empresas encontram-se sediadas na capital do Estado.
Emerge nos dias atuais um debate que perpassou toda a história do pensamento
econômico: afinal, a intervenção estatal é maléfica ou benéfica ao desenvolvimento
econômico e tecnológico de uma nação? Liberais dirão que, em linhas gerais, a presença
excessiva do Estado não gera uma economia eficiente. Desenvolvimentistas dirão, por outro
lado, que sem o Estado não há uma economia forte e uma industrialização pulsante.
Entretanto, as diversas formas de parceria entre agências governamentais e empresas de
setores estratégicos da economia global mostraram-se como estratégicas para alcançar o
desenvolvimento através da inovação.

REFERÊNCIAS

FREEMAN, C.; SOETE, L. A economia da inovação industrial. Campinas: Editora da


Unicamp, 2008.

GUTIERREZ, Regina Maria. Complexo eletrônico: O setor de software Brasileiro e o


Prosoft. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, nº 26, P. 25-62, set. 2007.

MARTES, A. C. B. ―Weber e Schumpeter: a ação econômica do empreendedor‖. In: Revista


de Economia Política, V. 30, N 2, 2010, p. 254-270.

SCHUMPETER, J. A.. Teoria do desenvolvimento econômico. (Col. Os Economistas). São


Paulo: Editora Nova Cultural, 1997.

https://sigga.com.br/ acessado em 31 de agosto de 2019 as 15:10

http://www.sticonsultoria.com.br acessado em 27 de julho de 2019 – 20:15

http://www.rvtecnologia.com.br/pt/ acessado em 23 de julho de 2019 – 23:00

https://www.emis.com/php/company-profile/BR/Wbr_Consultoria_SA_pt_3895099.html.
Acessado em: 30 de agosto de 2019 - 15:55

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