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ISBN: 978-65-87226-00-2

GOVERNO DO ESTADO DO MARANHÃO


SECRETARIA DE ESTADO DE PROGRAMAS ESTRATÉGICOS – SEPE
INSTITUTO MARANHENSE DE ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS E CARTOGRÁFICOS – IMESC

ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS MARANHENSES


LENÇÓIS MARANHENSES

VOLUME 5

São Luís
2020
Governador do Estado do Maranhão
Flávio Dino de Castro e Costa

Vice-Governador do Estado do Maranhão


Carlos Orleans Brandão Júnior

Secretário de Estado de Programas Estratégicos – SEPE


Luis Fernando Moura da Silva

Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos – IMESC


Presidente
Dionatan Silva Carvalho

Diretor de Estudos Ambientais e Geoprocessamento


Josiel Ribeiro Ferreira

Diretor de Estudos e Pesquisas


Hiroshi Matsumoto

Coordenação
José Ribamar Trovão

Elaboração Colaboração
Carlos Henrique Santos da Silva Eloína Coelho Carneiro
Getúlio Estefânio Duarte Martins Natália de Almeida
José Ribamar Trovão Weskley Sandes Silva de Almeida
Paulo César dos Santos Garras

Normalização Revisão de Linguagem


Dyana Paula Silva Pereira Yamille Priscilla Castro Oliveira

Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos-IMESC.

Enciclopédia dos Municípios Maranhenses: Lençóis Maranhenses / São


Luís: Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos-
IMESC, 2020.

v. 5: il; 222 p.

ISBN: 978-65-87226-00-2

1.Enciclopédia. 2. Municípios –3. Maranhão. I. Titulo

CDU 030 (812.1)

Av. do Vale, quadra 29, Lote 13, Ed. Zircônio, 1º andar, Renascença II
São Luís – Maranhão CEP. 65.075-820
Fone: (98) 3221 2349 Fax. (98) 3221 2504
Site: www.imesc.ma.gov.br
APRESENTAÇÃO

Os Lençóis Maranhenses compreendem uma vasta paisagem formada por dunas e


lagoas de águas doces e azuis, que, se vista de cima, aparenta um imenso lençol amarrotado,
dando origem ao topônimo.
A região, formada por seis municípios: Barreirinhas, Humberto de Campos, Paulino
Neves, Primeira Cruz, Santo Amaro do Maranhão e Tutóia, distribui-se em uma área de
10.757,457 km² e uma população de 197.301 habitantes estimada em 2019, isto é, 2,79% da
população estadual, o que leva a refletir sob a sua baixa taxa demográfica, mas que se justifica
pela imensa paisagem que, mesmo em parte inóspita ao ser humano, é inigualável o seu
potencial o turístico e econômico.
Principal área turística do Maranhão, os lençóis são conhecidos internacionalmente,
despertando o fascínio em conhecer, estudar e preservar esse patrimônio natural singular
surpreendendo tanto habitantes locais, quanto turistas e cientistas.
Além disso, detentor de vasta área ambiental, integrado ao turismo da Rota das
Emoções e à exploração da energia eólica, esse ambiente é um presente que a natureza deu ao
Maranhão e que seus filhos concedem ao mundo, tornando-o conhecido e agregado à economia
brasileira.
Com a presente publicação, o Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e
Cartográficos (IMESC), autarquia estadual vinculada à Secretaria de Estado de Programas
Estratégicos (SEPE), dá prosseguimento à execução do projeto – “Enciclopédia dos Municípios
Maranhenses”, iniciado no ano de 2012.
A obra possui um escopo abrangente, compreendendo uma série de temáticas:
símbolos municipais, processo de ocupação, caracterização física, economia, população, saúde,
educação, espaço urbano e rural, cultura, turismo, transporte, além de diversificadas
particularidades próprias de cada município.
A Enciclopédia dos Municípios Maranhenses – Lençóis Maranhenses –, em seu
volume V, está disponível a toda comunidade acadêmica, – docente e discente, pesquisadores
e gestores públicos e privados e demais interessados e, traz informações capazes de subsidiar o
planejamento de ações que propicie traçar diagnósticos e prognósticos dessa parte significativa
do território maranhense, a qual tem despertado o interesse de vários países do mundo.

Luis Fernando Moura da Silva Dionatan Silva Carvalho


Secretário de Estado de Programas Estratégicos Presidente do IMESC
LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Municípios dos Lençóis Maranhenses – 2019 ..................................................... 15


Mapa 2 - Municípios maranhenses que fazem parte da Rota das Emoções........................ 29
Mapa 3 - Localização do município Barreirinhas ............................................................... 41
Mapa 4 - Localização do município Humberto de Campos ................................................ 78
Mapa 5 - Localização do município Paulino Neves ......................................................... 108
Mapa 6 - Localização do município Primeira Cruz .......................................................... 136
Mapa 7 - Localização do Município Santo Amaro do Maranhão ..................................... 163
Mapa 8 - Localização do município Tutóia ...................................................................... 192
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Árvore genealógica dos municípios dos Lençóis Maranhenses – 2019..... 16


Figura 2 - Área dos Lençóis Maranhenses.................................................................. 22
Figura 3 - Distribuição interestadual da Rota das Emoções........................................ 27
Figura 4 - Aerogeradores do parque eólico – 2019..................................................... 34
Figura 5 - Imagem aérea da MA-315, entre Barreirinhas e Paulino Neves – 2019 .... 37
- Barreirinhas
Figura 6 - Planta da cidade – 2007.............................................................................. 45
Figura 7 - Vista aérea da cidade – 2009...................................................................... 45
Figura 8 - Morro da Ladeira – 2014............................................................................ 46
Figura 9 - Avenida Joaquim Soeiro de Carvalho – 2013............................................ 47
Figura 10 - Rua do Comércio – 2013............................................................................ 47
Figura 11 - Praça da Matriz – 2014............................................................................... 48
Figura 12 - Casa colonial – 2012................................................................................... 48
Figura 13 - Casa de taipa não revestida......................................................................... 49
Figura 14 - Hospital Geral de Barreirinhas – 2013........................................................ 55
Figura 15 - Resorts – 2013............................................................................................ 63
Figura 16 - Lençóis Maranhenses – 2013...................................................................... 64
Figura 17 - Travessia de balsa no Rio Preguiças – 2013............................................... 64
Figura 18 - Embarque nas lanchas voadeiras – 2013.................................................... 65
Figura 19 - Praia de Caburé – 2012............................................................................... 65
Figura 20 - Vista parcial do povoado Mandacaru observada de cima do Farol – 2013 66
Figura 21 - Farol da Marinha no povoado Mandacaru – 2013...................................... 66
Figura 22 - Vista parcial do Rio Preguiças na sede – 2013 .......................................... 68
Figura 23 - Beira Rio – 2013......................................................................................... 68
Figura 24 - Igreja Nossa Senhora da Conceição – 2014................................................ 69
Figura 25 - Fibra do grelo da palmeira de buriti – 2013................................................ 71
Figura 26 - Loja de artesanato – 2013........................................................................... 72
Figura 27 - Loja de artesanato no povoado Mandacaru – 2013..................................... 72
Figura 28 - Ginásio municipal – 2013........................................................................... 73
Humberto de Campos
Figura 29 - Vista do porto da cidade – 2012................................................................. 82
Figura 30 - Prédio da Prefeitura Municipal – 2012....................................................... 83
Figura 31 - Padrão de arquitetura das casas na cidade – 2012...................................... 83
Figura 32 - Planta da cidade – 2007.............................................................................. 84
Figura 33 - Avenida pavimentada e arborizada – 2012................................................. 85
Figura 34 - Ambulancha – 2012.................................................................................... 90
Figura 35 - Estabelecimento comercial tradicional (quitanda) – 2012.......................... 96
Figura 36 - Comercialização da produção local (farinha de mandioca e farinha de
tapioca) – 2012............................................................................................ 96
Figura 37 - Duna próxima à área urbana localizada à margem do curso inferior do
Rio Periá – 2012.......................................................................................... 97
Figura 38 - Boi de Muitas Pessoas – 2012..................................................................... 99
Figura 39 - Embarcação tradicional utilizada para transporte, pesca e passeios –
2012............................................................................................................ 100
Figura 40 - Igreja Matriz dedicada a São José do Periá – 2012..................................... 101
Paulino Neves
Figura 41 - Avenida Rio Novo – 2013.......................................................................... 112
Figura 42 - Ponte sobre o Rio Novo – 2013.................................................................. 112
Figura 43 - Avenida Paulino Neves – 2013.................................................................... 113
Figura 44 - Praça Zeca Penha e Igreja São Sebastião – 2013........................................ 113
Figura 45 - Via que leva ao campo de dunas – 2013..................................................... 114
Figura 46 - Nova ponte construída sobre o Rio Novo................................................... 115
Figura 47 - Planta da cidade – 2007.............................................................................. 115
Figura 48 - Centro de Saúde – 2013.............................................................................. 119
Figura 49 - Hospital Municipal de Paulino Neves – 2013............................................ 120
Figura 50 - Lagoa entre as dunas – 2013....................................................................... 128
Figura 51 - Dunas – 2013.............................................................................................. 129
Figura 52 - Igreja de São João Batista – 2013............................................................... 130
Figura 53 - Quadriciclo – 2013...................................................................................... 133
Primeira Cruz
Figura 54 - Vegetação de mangue – 2012...................................................................... 139
Figura 55 - Planta da cidade – 2007............................................................................... 140
Figura 56 - Cais de Primeira Cruz – 2012...................................................................... 141
Figura 57 - Passarela que leva à cidade – 2012.............................................................. 141
Figura 58 - Cruz de madeira na entrada da cidade – 2012............................................. 142
Figura 59 - Rua da Matriz – 2012.................................................................................. 143
Figura 60 - Praça da Matriz – 2012................................................................................ 143
Figura 61 - Hospital Municipal de Primeira Cruz Dr. Celso Simões – 2012................ 147
Figura 62 - Embarcações utilizadas na pescaria – 2012................................................ 153
Figura 63 - Fábrica de blocos de pavimentação – 2012................................................ 155
Figura 64 - Quitanda – 2012 ......................................................................................... 155
Figura 65 - Rio Periá – 2012......................................................................................... 156
Figura 66 - Lagoa do Caçó – 2012................................................................................ 157
Figura 67 - Casas em estilo colonial – 2012................................................................... 158
Figura 68 - Igreja Matriz – 2012................................................................................... 159
Figura 69 - Campo de futebol – 2012............................................................................ 161
Santo Amaro do Maranhão
Figura 70 - Vista parcial do Lago Santo Amaro – 2011................................................ 167
Figura 71 - Planta da cidade – 2007.............................................................................. 168
Figura 72 - Rua do Mercado Velho – 2013................................................................... 168
Figura 73 - Praça principal – 2013................................................................................ 169
Figura 74 - Camarão da malásia.................................................................................... 180
Figura 75 - Rio Alegre – 2013....................................................................................... 181
Figura 76 - Lagoa da Gaivota – 2013............................................................................ 182
Figura 77 - Pôr do sol – 2013........................................................................................ 183
Figura 78 - Camarão com salada – 2012....................................................................... 184
Figura 79 - Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição – 2019............................... 185
Figura 80 - Igreja de Santo Amaro – 2019.................................................................... 185
Figura 81 - Toyota Bandeirante – 2010......................................................................... 188
Figura 82 Quadriciclo (meio de transporte usado na sede) – 2013............................. 188
Tutóia
Figura 83 - Avenida Paulino Neves – 2013................................................................... 197
Figura 84 - Planta da cidade – 2007.............................................................................. 197
Figura 85 - Praça Teremembés – 2013......................................................................... 198
Figura 86 - Instituto Paulino Neves – 2013................................................................... 198
Figura 87 - Prefeitura Municipal – 2009....................................................................... 199
Figura 88 - Dunas no município – 2009........................................................................ 211
Figura 89 - Praia no município – 2011.......................................................................... 211
Figura 90 - Lagoa na localidade Lagoinha – 2013........................................................ 212
Figura 91 - Igreja dedicada à Nossa Senhora de Nazaré – 2013................................... 213
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 População, hospedagem, leitos e restaurantes dos municípios


maranhenses incluídos na Rota das Emoções......................................... 30
Tabela 2 Necessidade de energia elétrica nos municípios maranhenses da Rota das
Emoções................................................................................................... 31
Tabela 3 Necessidade de água potável dos municípios maranhenses da Rota das
Emoções................................................................................................... 31
Tabela 4 Rodovias que passam pelos municípios maranhenses da Rota das
Emoções................................................................................................... 32
Barreirinhas
Tabela 5 Número de estabelecimento e área, segundo a utilização das terras –
2017........................................................................................................... 51
Tabela 6 Número de estabelecimento e área, segundo a condição legal das terras
– 2017........................................................................................................ 52
Tabela 7 Distribuição da população residente – 2000 e 2010................................... 53
Tabela 8 Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da
produção da lavoura temporária – 2010 e 2017......................................... 56
Tabela 9 Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da
produção da lavoura permanente – 2010 e 2017........................................ 58
Tabela 10 Número de estabelecimento e quantidade produzida, por produtos da
horticultura................................................................................................ 59
Tabela 11 Efetivo dos rebanhos – 2010 e 2017.......................................................... 60
Tabela 12 Quantidade produzida e valor da produção extrativista vegetal – 2017.... 60
Tabela 13 Produção e valor da aquicultura, por tipo de produto – 2017................... 61
Tabela 14 População residente por religião – 2010................................................... 70
Tabela 15 Consumidores e consumo de energia elétrica por classe –
2015........................................................................................................... 70
Humberto de Campos
Tabela 16 Número de estabelecimento e área, segundo a utilização das terras –
2017.......................................................................................................... 87
Tabela 17 Número de estabelecimento e área, segundo a condição legal das terras
– 2017........................................................................................................ 88
Tabela 18 Distribuição da população residente – 2000 e 2010................................. 89
Tabela 19 Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da
produção da lavoura temporária – 2010 e 2017....................................... 92
Tabela 20 Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da
produção da lavoura permanente – 2010 e 2017...................................... 93
Tabela 21 Número de estabelecimento e quantidade produzida, por produtos da
horticultura – 2017.................................................................................... 94
Tabela 22 Efetivo dos rebanhos – 2010 e 2017.......................................................... 94
Tabela 23 Quantidade e valor da produção extrativista vegetal – 2016...................... 95
Tabela 24 Produção e valor da aquicultura, por tipo de produto – 2017................... 96
Tabela 25 Distribuição da população por religião – 2010......................................... 101
Tabela 26 Consumidores e consumo de energia elétrica por classe –
2015.......................................................................................................... 102
Paulino Neves
Tabela 27 Número de estabelecimento e área, segundo a utilização das terras –
2017.......................................................................................................... 117
Tabela 28 Número de estabelecimento e área, segundo a condição legal das terras
– 2017........................................................................................................ 118
Tabela 29 Distribuição da população residente – 2000 e 2010.................................. 119
Tabela 30 Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da
produção da lavoura temporária – 2010 e 2017......................................... 123
Tabela 31 Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da
produção da lavoura permanente – 2010 e 2017........................................ 124
Tabela 32 Número de estabelecimento e quantidade produzida, por produtos da
horticultura – 2017.................................................................................... 125
Tabela 33 Efetivo dos rebanhos – 2010 e 2017.......................................................... 126
Tabela 34 População residente por religião – 2010.................................................... 130
Tabela 35 Consumidores e consumo de energia elétrica por classe – 2015............... 131
Primeira Cruz
Tabela 36 Número de estabelecimento e área, segundo a utilização das terras –
2017........................................................................................................... 145
Tabela 37 Número de estabelecimento e área, segundo a condição legal das terras
– 2017........................................................................................................ 146
Tabela 38 Distribuição da população residente – 2000 e 2010.................................. 147
Tabela 39 Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da
produção da lavoura temporária – 2010 e 2017.......................................... 149
Tabela 40 Número de estabelecimento e quantidade produzida, por produtos da
horticultura – 2017.................................................................................... 151
Tabela 41 Efetivo do rebanho – 2010 e 2017............................................................. 152
Tabela 42 Quantidade e valor da produção extrativista vegetal – 2017..................... 153
Tabela 43 Produção e valor da aquicultura, por tipo de produto – 2017.................... 154
Tabela 44 População residente por religião – 2010.................................................... 159
Tabela 45 Consumidores e consumo de energia elétrica por classe – 2015............... 160
Santo Amaro do Maranhão
Tabela 46 Número de estabelecimento e área, segundo a utilização das terras –
2017........................................................................................................... 171
Tabela 47 Número de estabelecimento e área, segundo a condição legal das terras
– 2017........................................................................................................ 172
Tabela 48 Distribuição da população residente – 2000 e 2010................................... 172
Tabela 49 Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da
produção da lavoura temporária – 2010 e 2017......................................... 175
Tabela 50 Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da
produção da lavoura permanente – 2010 e 2017........................................ 176
Tabela 51 Número de estabelecimento e quantidade produzida, por produtos da
horticultura – 2017.................................................................................... 177
Tabela 52 Efetivo do rebanho – 2010 e 2017.............................................................. 178
Tabela 53 Quantidade e valor da produção extrativista vegetal – 2017..................... 179
Tabela 54 Distribuição da população por religião – 2010.......................................... 185
Tabela 55 Consumidores e consumo de energia elétrica por classes – 2015............ 186
Tutóia
Tabela 56 Número de estabelecimento e área, segundo a utilização das terras –
2017........................................................................................................... 201
Tabela 57 Número de estabelecimento e área, segundo a condição legal das terras
– 2017........................................................................................................ 202
Tabela 58 População residente – 2000 e 2010........................................................ 203
Tabela 59 Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da
produção da lavoura temporária – 2010 e 2017......................................... 205
Tabela 60 Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da
produção da lavoura permanente – 2010 e 2017........................................ 206
Tabela 61 Número de estabelecimento e quantidade produzida, por produtos da
horticultura – 2017.................................................................................... 207
Tabela 62 Efetivo dos rebanhos – 2010 e 2017.......................................................... 208
Tabela 63 Quantidade e valor da produção extrativa vegetal – 2017......................... 209
Tabela 64 População residente por religião – 2010.................................................... 213
Tabela 65 Consumidores e consumo de energia elétrica por classe – 2015................ 214
LISTA DE SIGLAS

APA - Área de Proteção Ambiental


BPC - Benefício de Prestação Continuada
CAPS - Centro de Atenção Psicossocial
CEMAR - Companhia Energética do Maranhão
CRAS - Centro de Referência de Assistência Social
DSTs - Doenças Sexualmente Transmissíveis
EJA - Educação de Jovens e Adultos
ESF - Estratégia Saúde da Família
ETC - Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
IDM - Índice de Desenvolvimento Municipal
IFMA - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão
IMESC - Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
NASF - Núcleo de Assistência à Saúde da Família
NEMES - Núcleo Municipal de Educação e Saúde
PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
PETROBRAS - Petróleo Brasileiro
PIB - Produto Interno Bruto
PNLM - Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses
PROJOVEM - Programa Nacional de Inclusão de Jovens
RD - Regiões de Desenvolvimento
RGI - Regiões Geográficas Imediatas
UC – - Unidade de Conservação
UCI – - Unidade de Cuidados Intermediários
UEMA - Universidade Estadual do Maranhão
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 12
2 ABRANGÊNCIA AMBIENTAL DOS LENÇÓIS MARANHENSES........ 14
2.1 Litoral Oriental do Maranhão......................................................................... 14
2.2 Lençóis Maranhenses...................................................................................... 22
2.3 Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.................................................. 23
2.4 Rota das Emoções............................................................................................ 26
2.5 Parque Eólico do Estado do Maranhão......................................................... 34
3 BARREIRINHAS............................................................................................ 38
4 HUMBERTO DE CAMPOS........................................................................... 75
5 PAULINO NEVES........................................................................................... 106
6 PRIMEIRA CRUZ.......................................................................................... 134
7 SANTO AMARO DO MARANHÃO............................................................. 162
8 TUTÓIA............................................................................................................ 189
REFERÊNCIAS............................................................................................... 216
ÍNDICE............................................................................................................. 219
12

1 INTRODUÇÃO

Os quatro exemplares da Enciclopédia dos Municípios Maranhenses já publicados


– foram organizados de acordo com as Microrregiões Geográficas adotadas pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), substituídas recentemente pelas Regiões
Geográficas Imediatas (RGI), as quais redistribuíram em duas regiões, os municípios dos
Lençóis Maranhenses.
Essa medida fragmentou o espaço político e ambiental dos Lençóis Maranhenses,
dificultando, assim, abordá-lo como região, isso porque a Região Geográfica Imediata (RGI)
de Barreirinhas inclui municípios que não estão nos lençóis, assim como a RGI de Tutóia-
Araioses, cuja toponímia destaca um município – Araioses – o qual também não faz parte dos
Lençóis (Quadro 1).

Quadro 1 – Regiões Geográficas Imediatas


Regiões Geográficas Imediatas Municípios
Axixá, Cachoeira Grande, Humberto de Campos*, Icatu,
de Barreirinhas Morros, Presidente Juscelino, Primeira Cruz*, Santo
Amaro do Maranhão* e Barreirinhas*
Água Doce do Maranhão, Magalhães de Almeida,
de Tutóia-Araioses Paulino Neves*, Santa Quitéria do Maranhão, Santana do
Maranhão, São Bernardo, Tutóia*, Araioses
Fonte: IMESC (2017)
* Municípios dos Lençóis Maranhenses

O Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (IMESC), por


sua vez, em substituição às Regiões de Planejamento em vigor desde 2007, propôs uma nova
classificação regional para o estado, as Regiões de Desenvolvimento (RD) (em processo de
legalização), na qual consta a RD dos Lençóis Maranhenses.
A pesquisa referente à região dos Lençóis Maranhenses foi realizada em 2013 e
distribuída em duas etapas: pesquisa bibliográfica e cartográfica e trabalho de campo, com duas
viagens de sete dias cada, ocasião em que foram aplicados formulários. O intuito foi adquirir
informações sociais, econômicas, jurídicas, religiosas, socioculturais e fotografias de cada
município, além de entrevistas ou contatos informais com os moradores mais antigos, líderes
comunitários, sindicais e outros, no sentido de realizar um levantamento do maior número de
informações sobre os municípios que compõem os Lençóis.
As informações sobre a agricultura, a pecuária, o extrativismo e a aquicultura
trazem dados atualizados de 2017, diferente da utilização das terras, condição legal das terras e
13

horticultura, que são dados preliminares do censo agropecuário do ano de 2017 e que podem
sofrer, posteriormente, algumas alterações. No tocante aos novos dados (2017) disponibilizados
pelo IBGE, é necessário informar que, anteriormente, o IBGE, em sua pesquisa da agropecuária
municipal, informava os dados sobre os rebanhos de asinino e muar, mas atualmente não mais
os informa.
Na análise dos dados quantitativos percentuais, foi adotado o critério de
arredondamento, a partir de 0,5 para mais e de 0,49 para menos.
Se comparado com a sequência dos temas das publicações anteriores que compõem
a série “Enciclopédia dos Municípios Maranhenses”, este compêndio tem algumas inovações.
O item “Abrangência Ambiental” que inicia os volumes anteriores, neste, dada a
complexidade social, ambiental e econômica dos Lençóis, está dividido em itens específicos:
Litoral Oriental, Lençóis Maranhenses, Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, Rota das
Emoções e Energia Eólica.
Os demais capítulos seguem a metodologia já adotada, ou seja, é feita uma
distribuição por municípios.
Esta publicação, sem fins lucrativos e de base para se obter informações municipais,
será distribuída entre os órgãos municipais e estaduais, aos quais o IMESC agradece pela
colaboração e fornecimento de informações que compõem esta enciclopédia.
14

2 ABRANGÊNCIA AMBIENTAL DOS LENÇÓIS MARANHENSES

No planeta Terra, os Lençóis Maranhenses, pelo ineditismo de sua paisagem,


transformaram-se em dos recantos mais atrativos do mundo.
No propósito de fazê-lo mais perceptível, foram feitas, neste item, determinadas
considerações sobre o ambiente físico e as interferências antrópicas que vêm se manifestando
nessa região, resultado do seu principal recurso econômico – o potencial turístico –, assim como
serão explanadas as medidas que se fazem necessárias para o seu desenvolvimento econômico,
social e cultural, as quais são indispensáveis para o conforto e bem estar dos seus habitantes e
também dos visitantes.

2.1 Litoral Oriental do Maranhão

O território político do Litoral Oriental maranhense está distribuído em oito


municípios: Primeira Cruz, Humberto de Campos, Santo Amaro do Maranhão, Barreirinhas,
Paulino Neves, Tutóia, Água Doce do Maranhão e Araioses. Desses municípios, fazem parte
dos Lençóis Maranhenses: Primeira Cruz, Humberto de Campos, Santo Amaro do Maranhão,
Barreirinhas, Paulino Neves, Tutóia (Mapa 1); e do Delta do Parnaíba: Araioses e Água Doce
do Maranhão.
15

Mapa 1 – Municípios dos Lençóis Maranhenses – 2019

Fonte: Adaptado do IBGE (2016)

Dos seis municípios que fazem parte dos Lençóis Maranhenses, tanto Primeira
Cruz, quanto Humberto de Campos foram desmembrados de Icatu. Primeira Cruz deu origem
a Santo Amaro do Maranhão e Humberto de Campos originou os demais municípios (Figura
1).
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Figura 1 – Árvore genealógica dos municípios dos Lençóis Maranhenses

*Não faz parte da Região dos Lençóis Maranhenses.


**Além de Humberto de Campos, o município de Barreirinhas, recebeu parte dos territórios de Brejo e São
Bernardo, que não estão nos Lençóis Maranhenses.
Fonte: IMESC (2019)
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Ambiente físico

Geologia

A posição intracratônica do Meio Norte (Maranhão-Piauí) favoreceu a formação de


uma estrutura geológica sedimentar, constituindo uma vasta bacia, cuja gênese está ligada às
transgressões e regressões marinhas, combinadas com movimentos subsidentes e arqueamentos
ocorridos desde o início do Paleozoico ao final do Mesozoico (IBGE, 1984). Durante os
movimentos negativos, eram depositados sedimentos marinhos, acumulando-se arenitos,
folhelhos e calcários, enquanto que, durante os movimentos epirogenéticos, depositaram-se
sedimentos basálticos de origem continental.
No período Juro-Cretáceo, ocorreram atividades ígneas de certa importância.
Durante esse período, movimentos tectônicos provocaram a formação de um “horst” de direção
aproximada Leste-Oeste, denominada Arco Ferrer-Urbano Santos, responsável pelos
afloramentos de rochas pré-cambrianas, mais importantes na área do Gurupi e, pela
fragmentação da grande bacia sedimentar, dando origem às bacias epicontinentais de São Luís
e Barreirinhas (IBGE, 1984). A bacia de Barreirinhas limita-se a Oeste pelo “horst” de Rosário
que separa a bacia de São Luís; seu limite Sul é o Arco Ferrer-Urbano Santos, estendendo-se,
em seguida, para o oceano. Sua espessura máxima é de 7.000 metros e ocupa uma área de
85.000 km² dos quais 75.000 são submersos.
O Quaternário (Holoceno) é representado pelos depósitos litorâneos marinhos e
depósitos eólicos, muito extensos na região de Barreirinhas – Humberto de Campos e por
aluviões fluviomarinhos do Golfão Maranhense e do estuário do Rio Turiaçu.

Geomorfologia

Estudos sobre a gênese de ecossistemas lacustres litorâneos brasileiros evidenciam


que na sua formação participam processos fluviais, marinhos e fluviomarinhos. Em
consequência, são encontradas lagoas de água doce, lagunas com características estuarinas ou
marinhas. Tratam-se de ecossistemas bem diferenciados quanto à gênese, fauna e flora
(ESTEVES et al., 1984).
Pesquisas efetuadas até o momento demonstram que, na faixa sublitorânea
constituída pelos Lençóis Maranhenses, podem ser verificados duas épocas de formação de
dunas. A primeira deu-se logo após a transgressão Flandriana, quando as grandes oscilações
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das marés permitiam, durante a baixa-mar, a exposição de larga faixa arenosa. O vento
constante, transportando o farto material arenoso para o continente, originou dunas que
recobriram grandes extensões, podendo ser assinaladas algumas localizadas a mais de 100 km
do litoral. Seguiu-se uma fase climática mais úmida, responsável pela fixação dessas, que foram
parcialmente edafizadas (IBGE, 1984).
Com uma nova fase seca, surgiu uma segunda etapa, com a formação de novas
dunas que recobrem uma franja de terra ao longo do litoral. Outra fração dos Lençóis é
representada pelos campos de deflação, muito associados à gênese das dunas.
Estudos recentes têm sugerido que, na região mais interior do continente, próxima
à Lagoa do Caçó, pode ser observada uma terceira, a mais antiga, época de formação de dunas.
Na planície deltaica do Rio Parnaíba, constituída predominantemente por
sedimentos fluviais com forte influência marinha, também ocorrem recobrimentos parciais de
depósitos dunares, devido à intensa atividade eólica. O deslocamento de depósitos arenosos, na
faixa costeira, nesse trecho, induz a depósitos dunares e cordões arenosos marinhos na foz de
inúmeros rios, podendo criar barragens naturais gerando, normalmente, nesses locais, lagoas
costeiras.
Na região, os cordões de depósitos marinhos e fluviomarinhos tendem a se
processar no sentido Leste-Oeste, direção predominante dos ventos alísios. Desse modo, os
depósitos eólicos continentais revelam-se através dos extensos campos de dunas.
Dunas são montículos ou colinas de areia formadas pelos ventos, com altura
variável e capazes de se deslocarem (FREIRE, 1971). A existência de dunas litorâneas está
vinculada à abundância de areia de granulação fina vinda do mar e à velocidade do vento
(GUERRA; CUNHA, 1995). Formam-se dunas quando ventos fortes, de direção constantes,
sopram sobre as praias com intensa deposição de detritos. Ao se ligarem entre si, em uma linha
contínua, as dunas dispõem-se em cadeias ou cordões, que dão aspecto característico a esse tipo
de costa. Nos Lençóis Maranhenses, essas apresentam formato crescente (barcanas), paralelas
à direção do vento e onduladas.

Solos

Na região dos Lençóis, o solo pode ser classificado em três tipos principais:
gleissolos, latossolos e neossolos, este último o mais preponderante na área. Os gleissolos
compreendem solos hidromórficos, constituídos por material mineral, apresentando horizonte
glei. Caracterizam-se pela forte gleização, em decorrência do ambiente redutor, virtualmente
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livre de oxigênio dissolvido, em razão da saturação por água durante todo o ano, associado à
demanda de oxigênio pela atividade biológica, o que implica na manifestação de cores
acinzentadas, azuladas ou esverdeadas, devido à redução e solubilização do ferro, permitindo a
expressão das cores neutras dos minerais de argila. São solos mal ou muito mal drenados,
encontrando-se permanente ou periodicamente saturados por água. Desenvolvem-se em
sedimentos recentes na foz dos cursos d’água e áreas marinhas e, em materiais colúvio-aluviais
sujeitos a condições de hidromorfia. São solos presentes, principalmente, sob vegetação de
mangues (EMBRAPA, 2006).
Os latossolos compreendem solos constituídos por material mineral, com horizonte
B latossólico. São solos em avançado estágio de intemperização, muito evoluídos, como
resultado de enérgicas transformações no material constitutivo. São virtualmente destituídos de
minerais primários ou secundários menos resistentes ao intemperismo. Variam de fortemente a
bem drenados e são normalmente muito profundos, sendo a espessura do solum raramente
inferior a um metro. Têm sequência de horizontes com pouca diferenciação e transições
usualmente difusas ou graduais. Apresentam cores mais vivas, variando desde o amarelo até o
vermelho, decorrente dos constituintes minerais. São típicos do Sul da região dos Lençóis,
apresentando relevo plano e suave ondulado.
Os neossolos são solos constituídos por material mineral ou por material orgânico
pouco espesso, não apresentam alterações expressivas, em relação ao material originário,
devido à baixa intensidade de atuação dos processos pedogenéticos, às características do
material de origem e à composição químico-mineralógica, que podem impedir ou limitar a
evolução dos solos (EMBRAPA, 2006).
Grande parte dos solos da região litorânea dos Lençóis é considerada de baixa
aptidão agrícola.
Nos ecossistemas costeiros sobre solos arenosos, a entrada de nutrientes, via
atmosfera, pode ser significativa. Esse fluxo origina-se tanto pela lixiviação da atmosfera pela
chuva (precipitação úmida) quanto pela deposição de partículas de origem marinha (salsugem),
provenientes da evaporação de gotículas de água do mar ejetadas na atmosfera pelo rompimento
de bolhas na superfície do mar.

Clima

De maneira geral, o Estado do Maranhão possui elevados índices de precipitação


pluviométricos. No contexto nordestino, é uma área privilegiada. O regime de chuvas é
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nitidamente tropical, caracterizado pela divisão do ano em dois grandes períodos. O período
chuvoso inicia-se em novembro ou dezembro, prolongando-se até abril ou maio (verão e
outono), caracterizado por chuvas de grande intensidade. O período de estiagem inicia-se, entre
os meses de junho ou julho até outubro ou início de novembro, quando as precipitações são
geralmente muito escassas (UEMA, 2002). A região dos Lençóis Maranhenses, apresenta um
clima subúmido, com temperaturas mensais sempre superiores a 18°C e umidade relativa do ar
anual entre 76% e 82%. Além disso, apresenta um período chuvoso que, de maneira geral, se
estende de janeiro a julho, com precipitações pluviométricas anuais entre 1200 e 2000 mm.

Hidrografia

A partir do Rio Periá e da Ponta dos Mangues (MA) para Leste, a deposição de
areia retifica o litoral, em direção ao Piauí. Os rios mais importantes carreiam os sedimentos
para o litoral, depositando-o, preferencialmente, na direção Oeste. Nessa região, junto ao litoral,
surgem então linhas de restingas, paisagem típica da região. Elas são dominadas, muitas vezes,
por grandes dunas de coloração clara que contrastam com a coloração escura da restinga, em
virtude da presença de uma vegetação própria. Entre os cordões de restingas ocorrem as
“avenidas”, áreas deprimidas e geralmente alagadas. Os rios banhados pelos cordões arenosos
mostram inflexões que acompanham o litoral, enquanto no interior os riachos não atingem o
oceano. As águas desaparecem entre as “avenidas” ou mergulham nas areias, sob a forma de
lençol de infiltração (IBGE, 1984).
As condições climáticas reinantes parecem ser responsáveis pela disposição do
material depositado em grandes linhas de dunas. De fato, a região encontra-se submetida a um
clima com variáveis precipitações e atingida de forma contínua e predominante pelos ventos
alísios de Nordeste – NE. Dessa forma, a areia seca, resultado da elevada temperatura, não se
fixa. Por sua vez, o material que compõe as dunas, em sua maioria areia, não favorece o
desenvolvimento de vegetação capaz de fixar os depósitos, originando linhas de dunas, que
atingem a altura de cerca de 30 metros ou mais, as quais avançam em direção ao interior,
soterrando os alagados e os velhos cordões arenosos. Elas são constituídas por areias
quartzosas, bem selecionadas, brancas, desagregáveis, com pequena fração argilosa.
Acompanham a linha de costa, prolongando-se para o Sul e apresentam uma forma,
aproximadamente, triangular com o vértice voltado para o Sul.
As microbacias com os seus respectivos rios e riachos podem ser observadas no
Quadro 2.
21

Quadro 2 – Microbacias da região dos Lençóis Maranhenses


Microbacias Rios Riachos
do Rio Grande Grande, Queixada Alegre, das Pedras São Bento
Preguiças Cocal do Bosque
do Rio Novo Novo -
Tutóia Velha São João, Comum, Tutóia Velha Santa Luzia e Dendê
do Rio Bom Gosto Bom Gosto -
do Rio Barro Duro Barro Duro, Tamboril -
do Rio Flexeira Flexeira Grande e Flexeirinha -
do Rio Coqueiro Coqueiro -
do Rio Santa Rosa Santa Rosa Curva Grande e Baixão
do Rio Negro Negro Mundo Novo, Mirinzal
Fonte: IMESC – Adaptado de Mapas Municipais Estatísticos do IBGE (2010)

Vegetação

Na região dos Lençóis Maranhenses, predomina vegetação de paleodunas e


restingas.
A vegetação que há nas praias e dunas sofre efeito contínuo dos ventos marinhos
carregados de areia e aquelas espécies mais próximas ao mar, das águas da maré alta. Devido à
ação combinada do vento, areia e água salgada, intimamente variáveis, de acordo com a maior
ou menor distância do mar, a vegetação apresenta um aspecto característico, produzido por
variadas formas de adaptação à água salgada, às altas temperaturas da areia, à escassez de água
nas dunas, à forte ação do vento e da areia (IBGE, 1984).
Entre as espécies mais comuns encontram-se: o capim-da-areia (Panicum
racemosum), o capotiraguá (Iresine portulacoides), o alecrim-da-praia (Hybanthus
ipecacunha), a pimenteira (Cardia curassanica), o capim paratuá (Spartina alternifólia), a
campainha-branca (Ipomea acetosaefolia), a acariçoba (Hidrocotyle umbellata), o carrapicho-
da-praia ou espinho-de-roseta (Acicarpha spathuslata), o cardo-da-praia (Cereus
pernambucencis), a comandaiba (Sophora tomentosa), a grama-da-praia (Sporobolus
virginicus) e o feijão-da-praia (Canavalia obtusifolia) (IBGE, 1984).
Nas restingas crescem as espécies que não sofrem a ação direta das vagas, mas que
ainda estão correlacionadas com a proximidade do oceano. Em certos locais a vegetação das
restingas pode se tornar muito densa, constituindo-se em um espesso e emaranhado de plantas
lenhosas subarbustivas e até mesmo arbustivas.
22

Por vezes, a vegetação de restinga mistura-se com a vegetação das várzeas e do


cerrado.

2.2 Lençóis Maranhenses

Como parte do litoral oriental, os Lençóis Maranhenses – caracterizam-se por uma


imensa área de 127.767 hectares, onde se sucede uma infinidade de dunas de até 50 metros, que
se interiorizam 50 km estendendo-se cerca de 70 km nas praias desertas.
Os lençóis (Figura 2) dividem-se em Pequenos Lençóis, com 25.335 hectares e
Grandes Lençóis, com 102.432 hectares; os Grandes lençóis fazem parte do Parque Nacional
dos Lençóis.

Figura 2 – Área dos Lençóis Maranhenses

Fonte: O mundo aos meus pés

A população dos lençóis é constituída de pescadores, tanto de residência fixa como


pescadores chamados de pescadores de época ou nômades. Eles, nos meses chuvosos, abrigam-
se em cabanas cobertas de palha de buriti do teto ao chão e vivem basicamente da pesca. Quando
chega a estiagem (época da seca), os peixes ficam escassos e as condições naturais não
permitem a permanência, então eles se retiram em busca de outros meios de sobrevivência,
23

principalmente a pecuária, a agricultura e o turismo. Nessa época, é importante a participação


da mulher na renda doméstica, pois mantém praticamente a família com o produto do rico
artesanato de conchas e objetos marinhos. Esse fato é marcante no povoado de Mandacaru.
Ab’ Sáber (2001, p. 94 – 101) faz a seguinte observação sobre os Lençóis
Maranhenses:

Em um extraordinário contraste do que ocorre na costa nordestina maranhense, na


faixa litorânea Nordeste existe o mais amplo e notável campo de dunas costeira de
todo o Brasil. A diferença é mais gritante quando observada pelo prisma dos tipos de
sedimentos e processos de sedimentação predominante nos dois subsetores da costa
do Maranhão. Da fronteira do Pará até o Golfão Maranhense há a presença de
mangues frontais e laterais mascarando uma costa de rias, um tipo de ecossistema de
planície de marés tropicais desenvolvido em lodaçais costeiros salinos. O suporte
ecológico dessa vegetação costeira depende de grande massa de argila visitadas pela
salinidade das marés. Ao contrário, entre Golfão Maranhense e o Delta do Rio
Parnaíba, ocorrem grandes massas de sedimentos arenosos gerados por ação eólica
costeira na região reconhecida por Lençóis Maranhenses. Trata-se de um campo de
dunas aproximada de 1.500 quilômetros quadrados, completados a Leste por dois
pequenos “lençóis”. As dunas regionais se estendem ao longo da costa em um eixo
maior leste-oeste, por 75 a 80 quilômetros, adentrando 25 a 30 quilômetros na mancha
central. Em seu corpo total, os Lençóis Maranhenses têm um formato de pastel
alongado com terminações bem marcadas por outros setores e ecossistemas da
planície costeira do nordeste maranhense.
Houve na região um campo de dunas mais antigo que foi totalmente arrasado e
ocupado por vegetação psamófila rasteira. Sobre esse substrato de dunas se
estenderam alvas dunas sub-recentes, ainda ativas e não fixadas por vegetação no
corpo total principal. Assim, identifica-se a predominância de esplendidos cordões de
dunas resultantes da interligação de barcanas. Em alguns casos, as acumulações
dunares chegam a se superpor às ligeiras elevações topográficas do substrato das
velhas dunas arrasadas.
A fixação mais excepcional da faixa costeira do nordeste do Maranhão é constituída
pelas dunas litorâneas dos Lençóis Maranhenses. A partir do alto da praia arenosa,
estendem-se as dunas costeiras pelo interior adentro, de modo contínuo por 24,5
quilômetros. Lateralmente, na retaguarda das praias, o eixo maior de dunas é
aproximadamente 75 quilômetros.
É importante haver uma reflexão sobre a potencialidade de realizar na região um
ecoturismo bem planejado, fundamentado no conhecimento cultural e científico, sob
uma sistemática proteção contra impactos ambientais.

2.3 Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses

O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses foi criado pelo Decreto Federal nº
86.060 de 02 de junho de 1981, em terras devolutas da União. Ocupa uma área de 156.605,72
hectares e um perímetro de 270 quilômetros, dos quais 90.000 hectares correspondem a dunas
livres e lagoas interdunares.
É uma unidade de conservação da natureza, com proteção integral da fauna, da flora
e das belezas existentes. Abrange o território político dos municípios Primeira Cruz,
24

Barreirinhas e Santo Amaro do Maranhão. No município Barreirinhas, estão 2/3 do parque e


1/3 distribuído entre Primeira Cruz e Santo Amaro do Maranhão (TSUJI, 2002, p. 20).
Comparando a área dos lençóis maranhenses com o Parque Nacional dos Lençóis
Maranhenses, este ultrapassa aquele em 28.838,72 hectares, isso porque o parque estende-se
além dos lençóis, abrangendo as restingas e, ao sul, parte das várzeas.
Inserido no bioma costeiro marinho, o parque é um exponente dos ecossistemas de
mangue, restinga e dunas, associando ventos fortes e chuvas regulares. Sua grande beleza
cênica, aliada aos passeios pelos campos de dunas e à possibilidade de banhar-se nas lagoas,
atrai turistas de todo o mundo, que visitam o parque durante o ano inteiro.
Trata-se de um fenômeno geológico raro, parque é repleto de dunas de areia branca,
algumas chegando a 40 metros de altura, formando um imenso lençol às margens do Oceano
Atlântico, adentrando cerca de 50 km ao continente e estendendo-se por mais de 70 km de
praias desertas.
Em determinada época do ano, em função das chuvas intensas que se estendem de
janeiro a julho, formam-se, em meio às dunas de areia branca, inúmeras lagoas de água doce e
cristalina, em tons azul e verde, parada obrigatória de quem caminha ali. A cada duna que se
sobe, paisagens deslumbrantes e incomuns se revelam, seja pelas diferentes geometrias das
areias moldadas pelos ventos, seja pela luminosidade e tons de cores contrastantes a cada
período do dia, a cada estação.
O Parque é acessível, principalmente, por duas cidades: Barreirinhas, ao Leste, e
Santo Amaro do Maranhão, ao Oeste. Em ambas, as agências receptivas vendem passeios que
levam às maiores e mais próximas lagoas. Outras opções de acesso ao parque, por via terrestre,
incluem Humberto de Campos e Paulino Neves, por via marítima, enquadra-se Primeira Cruz.
A possibilidade de andar pelas dunas e banhar nas lagoas tornou-se a principal
motivação dos visitantes que procuram o parque, estimulados pela ampla divulgação dessas
imagens na mídia nacional e internacional, o que transformou os Lençóis em um dos pontos
turísticos mais cobiçados do Brasil.
O melhor período para visitação é de maio a setembro, época em que as lagoas estão
cheias. O Parque é bastante extenso e não tem estradas de acesso. Para conhecê-lo, é preciso
percorrer as dunas, sempre em companhia de um guia local.
A Lagoa Bonita é um dos principais atrativos turísticos do Parque Nacional. Para
conhecê-la, é necessário atravessar o rio Preguiças de balsa e seguir de jipe por uma trilha de
areia durante duas horas. Chegando lá, é preciso subir uma duna de 40 metros de altura para
chegar à lagoa.
25

Os outros atrativos de destaque são: Lagoa Azul, Lagoa da Esperança, Queimada


dos Britos e Baixa Grande, Atins e a foz do Rio Negro.
Nos intervalos de visita às dunas, pode-se olhar as diversas lojas de variado
artesanato, especialmente, de fibras da palmeira de buriti, transformadas em bolsas, chapéus,
esteiras, redes, adereços e outros, ou então pode-se passear pela movimentada avenida Beira
Rio, onde há sempre muitos turistas. Pode-se, também, passear pelas silenciosas ruas da cidade
e ir à antiga igreja católica.
O transporte de visitantes é realizado em veículo credenciado, com motorista e
condutor de visitante; a lotação máxima por veículo é de dez passageiros. Por este motivo,
proprietários de veículos particulares devem procurar a administração do parque para obter
autorização, pois não é permitido o transporte de visitante em moto, quadriciclo ou similares
em toda a extensão do Parque (restingas, dunas e praias).
O acesso ao parque por via terrestre, a partir de São Luís, dá-se pelas rodovias BR-
135 e BR-402, em 272 km de estrada asfaltada até Barreirinhas. Ônibus intermunicipais partem
diariamente do Terminal Rodoviário de São Luís com destino a Barreirinhas. A partir de
Barreirinhas, adentra-se a área do parque, através do rio Preguiças, usando tanto a linha regular
com barcos, como as lanchas particulares, que fazem o trajeto em, aproximadamente, uma hora
e meia.
A visita ao parque, por via fluvial, é espetacular, pois o turista tem outra visão dessa
área única e particular. Embarcando no cais da cidade de Barreirinhas em lanchas ou barcos,
navega-se através do rio Preguiças até a sua foz. Em uma viagem que dura, aproximadamente,
4 horas, encosta-se na comunidade Mandacaru, com seu imponente farol, onde há um
diversificado artesanato feito com conchas e outros produtos do mar. Ancorando na ilha dos
Macacos, o visitante pode observar os macacos pegarem bananas ou outros alimentos. Existe
ainda, a praia de Caburé, onde há restaurantes e pousadas.
Barreirinhas possui uma pista de pouso para aeronaves de pequeno porte, recebendo
voos fretados saindo de São Luís, com aproximadamente 50 minutos de duração.
O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses constitui o principal atrativo turístico
da região. A fauna do parque é constituída por aves marinhas e pássaros. Algumas praias da
região possuem dunas de cinco metros de altura, ocultando atraentes piscinas de água doce.
A forte ação dos ventos faz com que as dunas se movimentem cerca de 20 metros
por ano, ameaçando as comunidades vizinhas de soterramento. Os ventos circulam com
velocidade de até 70 km/h, principalmente nos meses de setembro e outubro. E, com as chuvas
formam-se inúmeras piscinas de águas cristalinas.
26

O turismo é um grande gerador de receita e emprego e, se bem planejado e


administrado, possui baixo impacto ambiental.
Face à implementação de novas rodovias e da Rota das Emoções, que ligará pela
região costeira várias cidades do Nordeste, passando próximo dos Lençóis Maranhenses, há
necessidade de estudos prévios para levantamento das condições atuais da região, visando
colaborar com propostas de gerenciamento e manejo.
IMESC (2013) apud Santos (2008, p. 63-64) assevera que:

Ainda que o turismo venha sendo significativo para a economia da Região, é possível
perceber que há uma intensificação no processo de especulação imobiliária dos
municípios que compõem o Parque dos Lençóis. Indubitavelmente o progresso chega,
mas sem a aplicação das políticas públicas inerentes à preservação do ambiente,
acarretando continuamente sérios problemas ambientais, como: o desmatamento, que
por sua vez, causa a redução das áreas verdes, a exposição do solo ao intemperismo e
erosão, nas áreas de extração de areias, remoção de dunas, obras de engenharia sobre
Áreas de Preservação Permanente, acúmulo de lixo, lançamento de esgotos “in
natura” e artificialização da drenagem.
As moradias e comércios em áreas próximas aos rios provocam a eliminação de
grande parte da cobertura vegetal, alterando a geometria das encostas, aumentando
sua declividade e, consequentemente, escoamento superficial difuso. Esse processo
redireciona materiais que protegem o terreno como a serapilheira, deixando o mesmo
desprotegido, o que provoca a perda de nutrientes em decorrência da
impermeabilização, compactação e lixiviação do solo.

O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses tem por vocação o turismo, mas esse
ocorre de forma descontrolada e sem fiscalização. Visando reduzir o impacto negativo do
turismo para a região dos Lençóis Maranhenses, seria interessante a elaboração de trilhas
ecológicas, permitindo o uso por jipeiros e motos. A alternância na visitação permitiria menor
impacto nas áreas visitadas. O planejamento, gerenciamento e manejo da área dos Lençóis
Maranhenses também são essenciais para que o uso e a ocupação dessa área seja sustentável.

2.4 Rota das Emoções

O Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo Regional da Rota das


Emoções 2014 especifica que uma rota é uma fórmula de desenvolvimento turístico, baseada
em um sistema integrado para facilitar a desconcentração da atividade turística, com os
seguintes objetivos:
a) conseguir uma distribuição territorial mais equilibrada dos visitantes e da
riqueza gerada;
b) aumentar o tempo de permanência e de gastos dos visitantes;
c) estimular a economia das áreas menos desenvolvidas;
27

d) aumentar a notoriedade dos atrativos e recursos turísticos menos


conhecidos;
e) reduzir a pressão sobre os atrativos principais;
f) minimizar os efeitos negativos da atividade turística;
g) aumentar a atividade global do produto/destino e de cada um dos seus
componentes;
h) aumentar e fortalecer a cooperação entre os agentes turísticos e as
comunidades envolvidas (BRASIL, 2014).
Considerando o grande potencial cênico do litoral nordestino, conhecido pelas
paisagens pontuais exploradas no Ceará – Jericoacoara; Piauí – Delta do Parnaíba; e Maranhão
– Lençóis Maranhenses e Delta do Parnaíba, os governos dos estados citados, com o apoio do
Ministério de Turismo, criaram a Rota das Emoções, que envolve 14 municípios nos destinos,
que fazem parte dos territórios do Maranhão, Piauí e Ceará (Figura 3).

Figura 3 – Distribuição interestadual da Rota das Emoções

Fonte: viagenspossiveis.com.br

A Rota das Emoções foi oficializada em 2007 e, atualmente, é um dos roteiros mais
desejados do Brasil.
A Rota é composta por três estados – Maranhão, Piauí e Ceará – e envolve os
paraísos naturais dos Lençóis Maranhenses, Delta do Parnaíba e Jericoacoara.
A porta de entrada para a Rota das Emoções é São Luís (MA) ou Fortaleza (CE).
Ao se iniciar a viagem por São Luís, poder-se aproveitar um dia do passeio para conhecer um
pouco sobre a cidade dos azulejos.
A Rota das Emoções é um destino turístico com algumas características naturais,
ambientais e sociais muito particulares e distintas de outras regiões turísticas do país,
28

oferecendo uma oportunidade única de conhecer diferentes tipos de experiências naturais,


esportivas, de relacionamento e de aventura em uma mesma viagem (BRASIL, 2014, p. 157).
Trata-se de um território de 600 km de extensão entre os municípios Santo Amaro do Maranhão
(Maranhão) e Jericoacoara (Ceará); os seus dois extremos entre São Luís e Fortaleza – no
sentido largo – é de quase 1.200km.
Do Maranhão estão incluídos na Rota das Emoções os seguintes municípios dos
Lençóis Maranhenses: Barreirinhas, Paulino Neves, Santo Amaro do Maranhão, Tutóia. Já do
Delta do Parnaíba (Delta das Américas), fazem parte Água Doce do Maranhão e Araioses
(Mapa 2).
Para visitar a Rota e realizar os passeios, é altamente recomendado contratar uma
empresa e fazer um roteiro personalizado. Muitos não podem ser feitos por conta própria, pois
ficam em áreas de proteção ambiental e somente guias credenciados podem levar os turistas até
lá.
Nos Lençóis Maranhenses, pode-se contratar empresas de turismo que fazem os
principais passeios da região com muito conforto e pontualidade.
Os passeios são recomendados para todas as idades, exceto para menores de 3 anos,
quando o destino são as dunas. Para os outros destinos, qualquer idade é válida.
Para ter um pouco mais de conforto e mobilidade, recomenda-se que se alugue um
carro na cidade de São Luís ou Fortaleza. Pode-se escolher andar pelo asfalto ou pelas dunas.
Caso o carro seja baixo, pode-se ir pelas BRs ou Mas. Caso seja carro 4×4, tem-se a
possibilidade de ir pelas dunas, mas cabe um pouco de bom senso, pois nem todos que possuem
4×4 sabem realmente usar. Além disso, pelas dunas, a conservação e mobilidade é
comprometida, em razão do deslocamento delas em função do vento.
Para ir às cidades do Delta do Parnaíba, pode-se percorrer de Barreirinhas a
Araioses, sendo, aproximadamente, 160 km percorridos em um pouco mais de 3 horas.
29

Mapa 2 – Municípios maranhenses que fazem parte da Rota das Emoções

Fonte: IBGE; IMESC


30

A visita, entretanto, não deve limitar-se a Barreirinhas – o ideal é combinar a capital


dos Lençóis Maranhenses com alguns dos vilarejos localizados dentro do parque nacional.
Santo Amaro do Maranhão tem as lagoas mais bonitas, e Atins, povoado de Barreirinhas, possui
ruas de areia e praia rústica.
Os Lençóis Maranhenses são caracterizados como um espaço de grande riqueza e
variedade de atrativos naturais e culturais, de oportunidades e possibilidades para o
desenvolvimento turístico, o qual é rico em artesanato de fibras do buritizeiro, conchas
marinhas, colares e pulseiras de sementes, além de uma variedade muito grande de bijuterias.
A avenida Beira Rio de Barreirinhas à noite é movimentadíssima, há pessoas de
todas as idades, bem como lanchonetes, bares, restaurantes e clubes de dança.
Sua população é muito hospitaleira. O total de 197.797 habitantes, nos municípios
maranhenses incluídos na Rota, de acordo com a estimativa de 2018 do IBGE, está assim
distribuído: 23% em Araioses, 31% em Barreirinhas, 8% em Paulino Neves e Santo Amaro do
Maranhão cada e 30% em Tutóia.
A oferta de hospedagem abrange doze hotéis, 106 pousadas/hospedarias e um
resort. Dos hotéis, 17% estão em Araioses e Tutóia cada e 33% em Barreirinhas e Santo Amaro
do Maranhão cada. No que tange às pousadas e hospedarias, encontram-se: Araioses com 8%,
Barreirinhas 69%, Paulino Neves 5%, Santo Amaro do Maranhão e Tutóia 9,43% cada (Tabela
1).
Distribuídos entre os diversos estabelecimentos de hospedagem, estão 1.559 leitos,
dos quais, 2% encontram-se em Araioses, 68% em Barreirinhas, 11% em Santo Amaro do
Maranhão e 19% em Tutóia; não foram informados os leitos e restaurantes em Paulino Neves
e restaurantes em Tutóia. Dos 16 restaurantes existentes, 12,5% estão em Araioses e Santo
Amaro do Maranhão cada e 75% em Barreirinhas (Tabela 1).

Tabela 1 - População, hospedagem, leitos e restaurantes dos municípios maranhenses incluídos


na Rota das Emoções
População 2018* Pousada e Nº de
Municípios Hotel Restaurantes
(estimativa) hospedaria leitos
Araioses 46.103 2 9 38 02
Barreirinhas 61.828 4 73 1.056 12
Paulino Neves 15.901 - 5 - -
Santo Amaro do Maranhão 15.654 4 9 174 02
Tutóia 58.311 2 10 291 -
Total 197.797 12 106 1.559 16
Fonte: Brasil (2014)
*IBGE (estimativa da população, 2018)
31

Do total estimado de consumo, dos 1.093 MW/dia, 24% referem-se a Araioses, 32%
Barreirinhas, 7% Paulino Neves e Santo Amaro do Maranhão cada e Tutóia 30%. Quanto à
potência da energia elétrica, há necessidade de 136,52 MW, distribuídos em: Araioses com
24%, Barreirinhas com 32%, Paulino Neves e Santo Amaro do Maranhão com 7% cada e Tutóia
com 30% (Tabela 2).

Tabela 2 - Necessidade de energia elétrica nos municípios maranhenses da Rota das Emoções
Consumo estimado Necessidades Potência em
Municípios
em MW/dia MW
Araioses 258 32,27
Barreirinhas 346 43,26
Paulino Neves 81 10,09
Santo Amaro do Maranhão 77 9,54
Tutóia 331 41,31
Total 1.093 136,47
Fonte: Brasil (2014)

Na Tabela 3, verifica-se a dotação de litros de água por dia/habitante de cada


município, cujo total foi de 1.130 l/hab./dia, distribuídos nos seguintes percentuais: Araioses,
Barreirinhas e Tutóia 22% cada, Paulino Neves e Santo Amaro do Maranhão 17% cada. Há, no
entanto, necessidade de recurso em metros cúbicos por dia, em um total de 42.941 que, por
município, apresenta os seguintes percentuais: Araioses 25%, Barreirinhas 31%, Paulino Neves
6%, Santo Amaro do Maranhão 7% e Tutóia 31%.

Tabela 3 - Necessidade de água potável dos municípios maranhenses da Rota das Emoções
Necessidade de recurso
Municípios Dotação l/hab./dia
m³/dia
Araioses 250 10.626
Barreirinhas 250 13.733
Paulino Neves 190 2.759
Santo Amaro do Maranhão 190 2.626
Tutóia 250 13.197
Total 1.130 42.941
Fonte: Brasil (2014)

O Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo Regional da Rota das


Emoções, contém um quadro demonstrativo da realidade das águas residuais nos municípios
maranhenses abrangidos pela Rota das Emoções (BRASIL, 2014), a seguir transcrito (Quadro
3).
32

Quadro 3 - Águas residuais


Necessidade de esgotamento Necessidade de
Municípios
sanitário tratamento
Araioses Imprescindível Alta
Barreirinhas Imprescindível Alta
Paulino Neves Média Recomendável
Santo Amaro do Maranhão Média Recomendável
Tutóia Imprescindível Alta
Fonte: Brasil (2014)

O território da Rota das Emoções no Maranhão é beneficiado pelas rodovias


estaduais 034, 315, 320, 325, 345 e BR-402 (Tabela 4).

Tabela 4 - Rodovias que passam pelos municípios maranhenses da Rota das Emoções
Rodovias
Municípios
MA BR
Araioses 345 -
Barreirinhas 225 402
Paulino Neves 315 -
Santo Amaro do Maranhão 320 -
Tutóia 034 -
Fonte: IMESC (2018)

Os estabelecimentos bancários que podem ser utilizados, nos municípios da Rota


das Emoções em território maranhense, são: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e
Bradesco (Quadro 4).

Quadro 4 - Estabelecimentos bancários na Rota das Emoções no Maranhão


Municípios Agências bancárias
Araioses Banco do Brasil e Bradesco
Barreirinhas Banco do Brasil, Bradesco e Caixa Econômica Federal
Paulino Neves -
Santo Amaro do Maranhão -
Tutóia Banco do Brasil e Bradesco
Fonte: Brasil (2014)

Considerando a estadia média dos turistas nos municípios maranhenses da Rota das
Emoções em 2014 (Quadro 5), percebe-se que esses passam mais tempo no município de
Barreirinhas, sendo esse o grande atrativo da região.
33

Quadro 5 - Estadia média do turista por município na Rota das Emoções no Maranhão
Municípios Permanência média (dias)
Araioses De passagem
Barreirinhas 02
Paulino Neves Meio dia
Santo Amaro do Maranhão 01
Tutóia 01
Fonte: Brasil (2014)

A Rota das Emoções Maranhenses está incluída nas seguintes áreas protegidas:
Área de Proteção Ambiental do Rio Preguiças, Área de Proteção Ambiental do Delta do
Parnaíba, Reserva Extrativista Marinha do Delta do Parnaíba e Parque Nacional dos Lençóis
Maranhenses.
Em que pese todas as vantagens turísticas, sociais e econômicas trazidas pela Rota
das Emoções, no Estado do Maranhão, algumas considerações devem ser feitas, em função dos
impactos negativos que podem vir a ocorrer, a saber:
a) Na passagem por áreas de paleodunas, essas acabam por ser cortadas e, têm a
cobertura vegetal destruída, o que favorece o deslocamento da área que ficou
desprotegida;
b) No Maranhão, na travessia feita pelas rodovias, há inúmeros riachos que alimentam
os afluentes do rio Parnaíba, assim como várias microbacias que são cortadas pela
Rota das Emoções. Nesse sentido, há sérios impactos ambientais provocados pelas
rodovias nas bacias hidrográficas encontradas na região, as quais certamente serão
modificadas pelas tubulações colocadas nos leitos dos rios, ocasionando
principalmente assoreamento dos leitos e talvegues.
As estradas maranhenses que compõem a Rota das Emoções e sua relação com as
microbacias estão assim distribuídas:
a) MA 320 – passa pela bacia do rio Grande, cortando os rios Grande, Quixadá,
Alegre, das Pedras e o riacho São Bento;
b) MA 315 – atravessa as microbacias dos rios Preguiças (riacho do Bosque), rio Novo
(rio homônimo), rio Tutóia Velha (rio São João, rio Comum) e riachos Santa Luzia
e Dendê.
c) MA 034 – corta a microbacia do rio Bom Gosto (rio homônimo);
d) MA 312 – atinge as microbacias do rio Barro Duro (rio Tamboril), bacia do rio
Flexeira Grande (rio homônimo), bacia do rio Flexeirinha (rio homônimo), bacia
34

do rio Coqueiro (rio homônimo), bacia do rio Santa Rosa (riachos Curva Grande e
do Baixão);
e) MA 345 – alcança a microbacia do rio Santa Rosa (rios Santa Rosa, Curva Grande
e riacho Baixão);
f) BR 402 – Ocupa microbacias do rio Negro (rio homônimo) e do rio Preguiças (rio
Cocal, riachos Mundo Novo e Mirinzal).

2.5 Parque Eólico do Estado do Maranhão

O Parque Eólico do Estado do Maranhão, está instalado nos municípios de Paulino


Neves e Barreirinhas, no Litoral Oriental do Maranhão e inserido nos Pequenos Lençóis. É uma
área de admirável beleza cênica, composta por praias, campos de deflação, dunas, lagoas e com
concentração de ventos bastante favoráveis para a produção de energia eólica.
O Complexo Eólico Delta 3, com investimento de R$ 1,5 bilhão, tem 10 hectares
de área arrendada. Entretanto, menos de 10% serão usados para a instalação dos 96
aerogeradores, equipamentos que são utilizados para capturar o vento (Figura 4).

Figura 4 - Aerogeradores do parque eólico

Fonte: Acervo pessoal de CARVALHO, J. R. S. (2019)


35

O parque do Maranhão é de 200 megawatts, o que deve gerar 1 milhão de


megawatts/horas por ano. Isso é o equivalente a um mês de consumo de São Luís. Os parques
começaram a operar no segundo trimestre de 2017, oferecendo energia de alta qualidade para
os consumidores.
A instalação do parque eólico garante uma linha de transmissão de energia, que
representa 40% do orçamento do projeto. A linha de transmissão conta com torres, nas quais
estão fixados cabos de transmissão, implantadas em uma rota que sai de Paulino Neves e vai
até Miranda do Norte. Já as torres que sustentam as turbinas de geração de energia eólica
possuem 100 metros de extensão, além de 30 metros de fundação; cada pá que compõe as
turbinas tem 60 metros de raio. As turbinas foram instaladas próximas à orla da praia.
Os benefícios da implantação do Parque Eólico no Maranhão, são variados, dentre
os quais: baixo impacto ambiental, ocupação da área muito baixa e também, não produção de
qualquer tipo de resíduo físico. Além desses, podem ser citadas a redução da dependência de
combustíveis fósseis e, consequentemente, a diminuição de gases poluentes de efeito estufa, e
a geração de empregos.
Vários benefícios do parque eólico já estão sendo notados, como por exemplo, a
parceria do Governo do Estado com a Omega que promoveu a regularização fundiária das
famílias que habitavam a região, mas que não tinham a posse da terra. Criou-se ainda um
modelo de arrendamento das terras dessas famílias para a produção de energia eólica, pagando
um percentual da receita para elas por meio de associações. Esse dinheiro vai fomentar suas
atividades produtivas e gerar renda. Um percentual também será pago às prefeituras da região
– 0,3% para Paulino Neves e 0,3% para Barreirinhas – e o Governo do Estado, 0,6%. O projeto
eólico no Maranhão, ao longo do seu funcionamento, vai gerar arrecadação para todas as esferas
de governo, quase R$ 500 milhões de reais em impostos, que podem ser investidos em diversas
áreas.
O Parque Eólico do Maranhão é destinado, também, a outros usos, como por
exemplo, o turismo, predominante na área. Adicionado a isso, tem-se a geração de
investimentos em uma zona antes desfavorável. Sendo uma fonte de energia inesgotável e
barata, é muito rentável ao estado. Além disso, os aerogeradores não necessitam de
abastecimento de combustível para funcionarem e nem requerem manutenções recorrentes.
Quanto às desvantagens observadas com a implantação do parque eólico, destacam-
se as seguintes:
36

a) A energia vinda do complexo instalado no Maranhão abastecerá, especialmente, a


região Sul do país, tendo em vista que o Maranhão já produz mais energia do que
consome atualmente.
b) A velocidade do vento não é constante, portanto, as turbinas eólicas não produzem
a mesma quantidade de energia elétrica todo o tempo, havendo momentos em que
eles não produzem eletricidade.
c) Os aerogeradores provocam impacto visual considerável, principalmente para os
moradores locais, além de gerarem grandes modificações na paisagem.
d) Os aerogeradores geram impacto sobre as aves locais e migratórias, principalmente
pelo choque dessas nas pás, além de causarem efeitos desconhecidos no
comportamento habitual das aves.
e) O som do movimento das hélices dos aerogeradores produz ruídos constantes,
provocando impacto sonoro. O ideal seria que as habitações ficassem, no mínimo,
a 200 m de distância do empreendimento.
f) Os aerogeradores também podem provocar modificações nos índices de sedimentos
que compõem as dunas dos Pequenos Lençóis, podendo diminuir a quantidade de
areias que alimentam as dunas ou o padrão de deslocamento dos ventos.
g) Com a instalação das linhas de transmissão, pode ocorrer o desmatamento da
vegetação nativa, para o estabelecimento da faixa de servidão das linhas. Com a
supressão da vegetação, podem ocorrer o agravamento de processos erosivos e o
desaparecimento de pequenos corpos hídricos.
Outro benefício, referente ao acordo entre o Governo do Estado e a Omega foi a
pavimentação do trecho da MA-315 que liga o município de Barreirinhas a Paulino Neves. Essa
teve sua estrutura melhorada com recursos da empresa, sem ônus ao contribuinte maranhense.
O caminho original era muito ruim, possuía uma série de problemas que dificultavam o tráfego,
fazendo com que a viagem entre as duas cidades levasse até 4h. Agora, o tempo de viagem caiu
para 40 minutos, o que vai impulsionar também o turismo, já que essa via conclui a Rota das
Emoções, interligando na faixa litorânea os Lençóis Maranhenses com Jericoacoara, por meio
do Delta do Parnaíba (Figura 5).
37

Figura 5 - Imagem aérea da MA-315, entre Barreirinhas e Paulino Neves

Fonte: Acervo pessoal de CARVALHO, J. R. S. (2019)


38

3 BARREIRINHAS

Símbolos Municipais

Brasão

Bandeira
39

Hino

Densas matas cortadas de rio,


Borboletas, mil aves e flores.
Palmeiras, campos, dunas e praias.
És um mundo de sonhos e amores.

Refrão
Barreirinhas rincão paraíso
Ai, se um dia eu tiver que partir,
Dos recantos e amores que tenho
Hei de sempre saudade sentir.

Foste berço de índios valentes


Que se uniram ao herói missionário
Tradições de folguedos e ritos
Que formaram teu mundo lendário.

Que delícia a rosada mangaba!...


Quão cheiroso é o teu bacuri!...
Como é bom ver a frágil juçara
A dançar a frente ao rei buriti.

Povo simples que acolhe num abraço


E cativa que vem com amor...
Teu futuro será venturoso
Se souberes guardar teu valor.

Autor: Pe. Jocy Rodrigues


40

Localização

O município de Barreirinhas localiza-se no Litoral Oriental, na Mesorregião Norte


Maranhense - Microrregião Geográfica dos Lençóis Maranhenses.
Limita-se ao Norte com o Oceano Atlântico; ao Oeste, com os seguintes
municípios: Santo Amaro do Maranhão e Primeira Cruz; ao Sul, com Santa Quitéria do
Maranhão e Urbano Santos; ao Leste, com Santana do Maranhão e Paulino Neves (Mapa 3).
Os pontos extremos correspondem às seguintes coordenadas: Norte -02°27’ 12” de
latitude e -43°00’57” de longitude; Oeste -43°14’33” de longitude e -02°59’31” de latitude; Sul
-03°12’58” de latitude e -42°49’29” de longitude; e Leste -42°45’47” de longitude e -03°07’23”
de latitude.

Extensão

O município ocupa a 25ª posição no ranking estadual em extensão, com 3.026,54


km², representando 0,91% do território maranhense. Em relação à Mesorregião Norte
Maranhense, ocupa a 1ª posição com 5,78% e, na Microrregião Geográfica dos Lençóis
Maranhenses, classificou-se na mesma colocação, correspondendo a 28,13% da área.
O município de Barreirinhas, ao ser criado pela Lei provincial nº 418 de 18 de junho
de 1858, possuía 5.742,828 km² de extensão. Entretanto, chegou à aquela área mencionada ao
ceder parte de seu território, em 1890, para a criação de Tutóia (1.651,66 km²) e, em 1994, para
surgimento do município de Paulino Neves (979,178 km²).

Processo de Ocupação

Não existem registros de quando começou exatamente o processo de ocupação do


espaço onde, atualmente, situa-se Barreirinhas. Entretanto, alguns acontecimentos foram
decisivos para essa ocupação.
Em 1849, com a construção de uma ponte pelo governo imperial, e motivadas pelas
pastagens, às margens do Rio Mocambo, várias pessoas migraram para a região, originando
pequenos povoados.
41

Mapa 3 - Localização do município Barreirinhas

Fonte: IBGE; IMESC (2016)


42

Uma estrada que partia da comarca de Campo Maior (Piauí) à de Brejo (Maranhão),
interligando povoados até Icatu, favoreceu o fluxo de pessoas e contribuiu para o surgimento
de pequenos aglomerados populacionais. Ressalta-se que Campo Maior era uma região com
inúmeras propriedades destinadas à criação de gado e, certamente, esses rebanhos foram a razão
para a abertura da estrada.
Em 1835, a abertura de uma estrada entre São Bernardo do Piauí (atual São
Bernardo) e São José do Periá1, que interligava férteis regiões da bacia hidrográfica do Rio
Preguiças, favoreceu o surgimento de povoados e, certamente, Barreirinhas foi um desses.
Apesar do desconhecimento sobre o local exato da fundação do município, supõe-se que o Rio
Preguiças tenha sido o caminho natural para a ocupação desse território, a qual se deu de forma
gradativa às margens do referido rio. Nesse ínterim, houve a fundação dos primeiros centros de
ocupação da freguesia2 de Nossa Senhora da Conceição das Barreirinhas, como: Santo Antônio,
São Domingos, Alto Bonito e Santa Rosa, destacando-se a de Santo Antônio pela fabricação de
açúcar e aguardente de cana. Circunvizinha a essa freguesia, situava-se a de São José do Periá
(Humberto de Campos) com áreas favoráveis à agricultura e pecuária, especialmente, Vertente
e Buriti Amarelo, em razão da vegetação favorável à lavoura e Santo Amaro, por suas ótimas
pastagens para a pecuária extensiva.
Os negros escravizados contribuíram no desbravamento de Barreirinhas. Em 1858,
foi criada a freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Barreirinhas, dividida em 14
quarteirões, totalizando 631 pessoas escravas, estabeleceram-se pequenos núcleos nas fazendas
de Santo Inácio, Santa Cruz, Alto Bonito, Santa Rosa, Buriti Amarelo, Massangano e Santo
Antônio, cujo povoado ainda existente é formado, em sua maioria, por descendentes de
escravos.
A pedologia e a hidrologia de Barreirinhas contribuíram para o fluxo populacional
migratório para a região, ao passo que a morfodinâmica da localidade foi favorável às atividades
agrícolas e pesqueiras.
Em 18 de junho de 1871, iniciou-se uma reorganização do espaço da freguesia com
a criação de Barreirinhas, formada por partes dos territórios de Tutóia, Brejo, Miritiba (hoje
Humberto de Campos) e São Bernardo.

1
Nome da Freguesia. Ao ser criado, o município recebeu o nome de Miritiba, atualmente, Humberto de Campos é
o nome adotado como terceira toponímia.
2
Após a transformação do Maranhão em província autônoma, houve a necessidade de distribuição do território.
Naquele período, era na igreja católica que se faziam os registros de aquisição de terras, casamentos e óbitos.
Nessa perspectiva que se estabeleceu a primeira distribuição do espaço maranhense – as freguesias.
43

No período de 1864 a 1928 os três primeiros quarteirões do Caçó e Santo Amaro


passaram para o município de Humberto de Campos; o quarteirão de Buritizinho, para o de
Morros; os quarteirões de Guaribas e Bom Jesus foram desanexados de Barreirinhas, formando,
posteriormente, o município de Urbano Santos.
Com a Lei Provincial n° 951, de 14 de julho de 1871, Barreirinhas foi elevada à
categoria de vila, transferindo para a povoação a sede da vila de Tutóia, então decadente. O
município de Tutóia, suprimido em consequência desse ato, foi restaurado apenas em 29 de
dezembro de 1890.
O município de Barreirinhas pertenceu à comarca de Tutóia até 1936, passando no
ano seguinte para a de Araioses. Duas décadas depois, Barreirinhas novamente tornou-se termo
da comarca de Tutóia. Anteriormente (1872), o município havia sido sede de comarca criada
pelo artigo 1° da Lei n° 995, de 15 de junho, compondo-se, inicialmente, com os termos de
Barreirinhas e São Bernardo (IBGE, 1959).

Ambiente Físico

O embasamento geológico municipal corresponde a três formações: Aluviões


Marinhos, Grupo Barreiras e Depósitos Eólicos. Os depósitos aluvionares ou Aluviões
Marinhos constituem-se por cascalhos, areias e argilas inconsolidadas. O Grupo Barreiras
constitui-se por sedimentos clásticos, mal selecionados, com predomínio das cores amarela e
vermelha, os arenitos existentes nessa formação são, em geral, cauliníticos com lentes de
folhelhos. Esse grupo encontra-se na porção Centro-Sul. Os Depósitos Eólicos são favorecidos
pela compactação ou aglutinação dos depósitos aluvionares marinhos (UEMA, 2002).
De acordo com a classificação geomorfológica, Barreirinhas enquadra-se na
formação dos Lençóis Maranhenses, caracterizando-se por faixas litorâneas e sublitorâneas da
porção oriental do estado. Além disso, constitui-se por campos de deflação, dunas e restingas.
As características geológicas supracitadas contribuem para a formação de três
grupos de solos: Gleissolos sálico sódico, Neossolos quartzarênicos órticos e Latossolos
amarelos distróficos.
Os gleissolos caracterizam-se por serem mal drenados, com alto conteúdo de sais
minerais, compostos de enxofre e com textura variando desde argilosa até arenosa. Em
Barreirinhas esses solos encontram-se nas proximidades da desembocadura do Rio Preguiças.
44

Os Neossolos, solos predominantes no município, são pouco evoluídos,


constituídos por material mineral ou por material orgânico com menos de 20 cm de espessura.
Eles, possuem predomínio de areias quartzosas e baixa retenção de água, apresentando maior
restrição ao uso agrícola.
A vegetação caracteriza-se pela presença de restingas, pastagens, manguezais,
campos de dunas, campos inundáveis e cerrado. As restingas são vegetações pioneiras que
ocorrem próximas ao litoral, compostas por vegetação rasteira, às vezes, alguma com porte
arbóreo. Dentre as espécies principais da restinga, pode-se citar: salsa-de-praia (Ipomoeapes-
caprae) e murici (Byrsonimacrassifolia).
O município faz parte da bacia hidrográfica do Rio Preguiças, que recebe no
território municipal os seguintes afluentes: Rio Santo Inácio, Rio Sucuriju, Riacho Sucuriju,
Riacho Tucuns, Riacho Achuí, Riacho Bom Passar, Rio Maçangano, Riacho do Poção, Riacho
do Pirunga, Rio Juçaral (que tem como tributários os riachos Mirinzal e Manoelzinho), Rio
Cocal (possui como afluente o riacho Araras), Riacho Varginha, Riacho das Pacas (com os
afluentes Angelim e Braço), Rio Guarimã (tem como afluente o Rio do Jacu), Rio Palmeira,
Riacho da Passagem do Gado, Riacho da Onça, Riacho do Meio, Riacho São José, Riacho das
Cacimbas, Riacho da Passagem do Canto, Rio Marmorana e Riacho do Bosque. Outro rio
localizado no município é o Formiga (ou Fome) com os seguintes afluentes os riachos:
Guarimã, Gira Mundo, do Macaco, Palmeirinha, Uriti, da Mata e dos Canudos. Compõem ainda
o conjunto hídrico do município as lagoas do Bonzinho, da Colher, Arapuã e outras.
O clima é tropical úmido, possuindo dois períodos: chuvoso de janeiro a junho e
estiagem de julho a dezembro. A temperatura média anual é superior a 27° C, a umidade relativa
do ar anual varia de 76% e 82% e os totais pluviométricos variam entre 800 e 2.000 mm.
As características ambientais do município foram favoráveis, para que esse fosse
enquadrado na Unidade de Conservação (UC) do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.

Espaço Urbano

O espaço urbano de Barreirinhas delineou-se à margem esquerda do Rio Preguiças


(Figura 6). Com a abertura da rodovia MA-225, evidenciou-se uma mudança na conjuntura do
espaço urbano, com a construção de novas residências, o aumento do fluxo populacional e da
especulação imobiliária. Em decorrência de suas características naturais, o crescimento urbano
foi restringido, pois a Leste encontra-se o aeroporto e, a Oeste, os limites do Parque dos Lençóis.
45

Vale ressaltar que a expansão urbana se dá, principalmente, em direção ao Sul e, de forma mais
limitada, na direção Norte (Figura 7).

Figura 6 - Planta da cidade

Fonte: IBGE (2007)

Figura 7 - Vista aérea da cidade

Fonte: barreirinhas.wordpress.com (2009)


46

Quem chega a Barreirinhas, observa, na entrada da cidade, uma enorme duna,


denominada Morro da Ladeira (Figura 8), que dá um toque de romantismo à localidade, já que
é a porta de entrada para os Lençóis Maranhenses.

Figura 8 - Morro da Ladeira

Fonte: Acervo Pessoal de SILVA, C.H.S (2014)

Os principais pontos comerciais do município situam-se na Avenida Joaquim


Soeiro de Carvalho (Figura 9), basilar via de trânsito urbano. Além dessa, destacam-se as ruas:
Treze de Maio, Antônio Rodrigues, Inácio Lins, da Alegria e do Comércio (Figura 10). Essas
ruas e travessas são, em sua maioria, pavimentadas com bloquetes e, em menor quantidade,
com asfalto e piçarradas. Ainda há quatro praças, que são ajardinadas e arborizadas (Figura
11).
47

Figura 9 - Avenida Joaquim Soeiro de Carvalho

Fonte: IMESC (2013)

Figura 10 - Rua do Comércio

Fonte: IMESC (2013)


48

Figura 11 - Praça da Matriz

Fonte: Acervo pessoal de SILVA, C.H.S (2014)

Quanto ao padrão das residências, predominam as casas de alvenaria que, em sua


maioria, são geminadas e algumas de arquitetura colonial (Figura 12).

Figura 12 - Casa Colonial

Fonte: Acervo pessoal de SILVA, C.H.S (2012)


49

A arquitetura do município está distribuída em 12.328 casas de tijolos, 453 de taipa


revestida, 695 de taipa não revestida (Figura 13), 194 de madeira e 435 de outros materiais
(BRASIL, 2014).
Em 2013, a área urbana tinha 8,95 km², o que corresponde a 0,28% do município.
Os principais bairros são: Cruzeiro, Amapá, Carnaubal, Ladeira, Murici, Boa Fé,
Cidade Nova, Santarém, Aeroporto e outros.

Figura 13 - Casa de taipa não revestida

Fonte: Acervo pessoal de TROVÃO, J.R. (s.d)

Espaço Rural

O espaço rural distribui-se em sítios, povoados e fazenda, os quais são descritos a


seguir.
Sítios: Água Fria, Alazão, Alto Bonito, Amapá, Anajá, Andresa, Aníbal, Armazém,
Arraial, Aterro, Atoleiro, Axuí, Bacuri, Baixa d’Água I, Baixa d’Água II, Baixa da Bacaba,
Baixão do Romualdo, Baixão dos Paulinos, Bandeira, Barra do Sítio I, Barra do Sítio II, Barras,
Barreira Velha, Barreiros, Barrocão, Bartolomeu, Bebedouro, Boa Vista, Boca do Rio, Boi,
Bom Jardim, Bom Passar, Bom Princípio, Bonito, Borges, Bosquinho, Bracinho, Buriti
Amarelo I, Buriti Amarelo II, Buritizal, Cabeceira I, Cabeceira II, Caboclo, Cachoeira, Cacimba
Seca, Cafundó, Cajazal, Campo Novo, Cancela, Cangote, Canoa, Cardosa, Carnaubeira, Cedro,
Centro II, Chapadinha, Ciciaca, Cigana, Cocal, Coqueiro, Dendê, Deserto, Engenho I, Engenho
II, Estiva II, Estiva III, Estopa, Estreito I, Estreito II, Faveira, Fazenda Velha, Fazendinha, Final
da Pedra, Fome, Fontinha, Formiga, Forquilha, Fumaça, Gambá, Gira Mundo, Gonçalo,
50

Guageru, Guaribinha I, Guaribinha II, Guarima, Guarimanzinho, Ingazeira, Itaperá, Jaboti,


Jacu, Janauba, João Pedro, Joaquinzinho, Juçaral I, Juçaral II, Jurubeba, Laçador, Ladeira,
Lagoa, Lagoa da Esperança, Lagoa de Areia, Lagoa de Satiro, Lagoa Grande, Laranjal I,
Laranjeira II, Lavado, Lontra, Macaco Grande, Macacos, Mamédio, Manga, Mangaba,
Manoelzinho, Maracujá, Maricão, Mata Fome, Mirinzal I, Mirinzal II, Mirinzal III,
Mocambinho, Mocambo, Moía, Mororó,Morro Alto I, Morro Alto II, Morro do Boi,
Mumbuca,Munim, Mutum I, Mutum II, Olho d’Água I, Olho d’Água II, Olho d’Água III, Olho
d’Água IV, Olho d’Água V, Onça, Onça do Salvador, Onça dos Paneiros, Pacas, Palmeira da
Raimundinha, Palmeira do Rio Grande, Palmeira dos Bentos, Palmeira dos Eduardos, Palmeira
dos Reis I, Palmeira dos Reis II, Palmira, Passa Bem, Passagem do Canto, Passagem do Gado,
Pati, Paulino, Pedras, Piaus, Pequizeiro II, Pequizeiro III, Ponta do Buriti, Porto da Telha, Prata,
Quebra, Queimadas, Recanto, Recanto da Ilha I, Riachão, Riachinho I, Riachinho II, Riacho do
Meio, Riacho I, Rio Grande do Celestino, Rio Grande dos Lopes, Rio Grande I, Rio Grande II,
Roca do Meio, Santa Cruz, Santa Fé, Santa Maria, Santa Rita, Santa Rosa, Santo Inácio, São
José, São José das Varas I, São José das Varas II, São José das Viúvas, São Miguel, São Pedro,
São Roque, Sexta, Sousa, Sucuruju I, Sucuruju II, Taboca dos Constantinos, Taboca dos Neves,
Taquipe, Tiririca, Tratada I, Tratada II, Tucuns, Uriti, Vale Porto, Vaquejador, Varas, Vassoura
I, Vassoura II, Vera Cruz, Vereda, Vigia e Vila Regina.
Povoados: Atins, Barra Seca, Boa Vista, Bosque, Braço, Coqueiro, Espardate,
Mandacaru, Massagano, Mirim, Moita, Pacas, Ponta do Mangue, São Domingos, Serraria,
Sobradinho, Tapuio e Varas.
Fazenda: Felisberto.
Comunidades Quilombolas: Cabeceira do Centro, Cantinho, Marcelino, Timóteo,
Santa Cruz I, Santa Cruz II, Santa Maria II e Santo Antônio.
Assentamentos: Alto Bonito, Morro, Alto São José, Santa Cruz I, Santa Cruz II,
Aníbal, Baixão do Julio, Baixão do Paulinos, Baixão do Romualdo/São Miguel, Baixinha I,
Bartolomeu, Braço, Cabloco I, Cabloco II, Cachoeira, Cangote, Canoas, Centro Novo, Cigana,
Deserto, Engenho, Estreito, Fome Zero, Gambá, Gira Mundo, Guaribinha, Jaboti, Joaquizinho,
Juçaral das Canoas, Jurubeba, Lagoa, Lagoa da Esperança II, Mamede, Mamede II, Mangas,
Manoelzinho, Massangano I, Massangano II, Massangano dos Maçus, Mata, Mirinzal, Mirinzal
da Branca, Morro Alto, Munin, Olho d’Água dos Bentos, Olho d’Água dos Pereiras, Olho
d’Água dos Pereiras II, Onça do Militão, Palmeira dos Bentos, Palmeira dos Eduardos, Palmeira
dos Ferreiras, Palmeira dos Reis, Passagem do Gado, Pati, Pedras, Ponta do Buriti, Riachinho,
51

Roça do Meio, Santa Maria, Santa Rosa, São José do Saco, São Raimundo, Sucuruju, Tiririca,
União Andiroba, Varas, Vera Cruz e Vereda.

Utilização das Terras

As últimas informações fornecidas pelo censo preliminar agropecuário (IBGE,


2017) e plotados na Tabela 5, sobre as atividades desenvolvidas no espaço rural do município,
inferem que agricultura temporária, permanente e lâmina d'água, tanques, lagos, açudes, área
de águas públicas para aquicultura, de construções, benfeitorias ou caminhos, de terras
degradadas e de terras inaproveitáveis são as que mais ocupam estabelecimentos. Entretanto,
não se fez a distribuição dos percentuais por estabelecimento, devido ao fato de alguns desses
locais ocuparem mais de uma atividade.
Quanto à área, dos 5.513 hectares, 52% estavam com a agricultura permanente,
35% com a agricultura temporária, 6% com pastagens naturais, 5% com lâmina d'água, tanques,
lagos, açudes, área de águas públicas para aquicultura, de construções, benfeitorias ou
caminhos, de terras degradadas e de terras inaproveitáveis e 1% com pastagens plantadas em
boas condições. As demais classes representaram menos de 1% cada.

Tabela 5 - Número de estabelecimento e área, segundo a utilização das terras


Nº de Estabelecimento Área
Utilização das terras
(Unidades) (ha)
Lavouras permanentes 989 2.863
Lavouras temporárias 2.182 1.954
Lavouras área para cultivo de flores 3 1
Pastagens naturais 21 305
Pastagens plantadas em boas condições 44 58
Pastagens plantadas em más condições 6 12
Matas ou florestas naturais destinadas à preservação
permanente ou reserva legal 13 11
Matas ou florestas naturais 7 19
Matas ou florestas plantadas 3 1
Sistemas agroflorestais – área cultivada com espécies
florestais também usada para lavouras e pastoreio por
animais 9 21
Lâmina d'água, tanques, lagos, açudes, área de águas
públicas para aquicultura, de construções, benfeitorias ou
caminhos, de terras degradadas e de terras inaproveitáveis 1.834 268
Total - 5.513
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2017)
52

Condição Legal das Terras

Quanto à condição legal das terras, ocuparam 2.502 estabelecimentos. Destes, 55%
eram próprias, 39% concedidas por órgão fundiário ainda sem titulação definitiva, 1%
arrendada, 4% ocupadas e menos de 1% em parceria e em regime de comodato.
Em relação aos 5.502 hectares, as terras próprias representaram 65%, concedidas
por órgão fundiário ainda sem titulação definitiva 28%, arrendadas 5% e ocupadas 2%. Não se
teve informações sobre a área das terras em parceria e em regime de comodato (Tabela 6).

Tabela 6 - Número de estabelecimentos e área, segundo a condição legal das terras


N° Estabelecimento Área
Condição legal das terras
(Unidades) (Hectares)
Próprias 1.366 3.585
Concedidas por órgão fundiário ainda sem
titulação definitiva 984 1.560
Arrendadas 26 291
Em parceria 9 -
Em regime de comodato 3 -
Ocupadas 114 66
Total 2.502 5.502
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2017)

Demografia

Com um total de 54.991 habitantes no ano de 2010 (IBGE), Barreirinhas ocupava


a 20ª posição no ranking populacional do Maranhão, representando 0,83% da população do
estado. Em termos regionais, situava-se na 6ª posição em relação à Mesorregião Norte
Maranhense, correspondendo a 2,11%. Na Microrregião Geográfica dos Lençóis Maranhenses,
ocupava a 1ª posição com 31,22% da população. O Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal (IDHM) foi de 0,570, ocupando a 111ª posição no estado. Em 2018, a estimativa da
população era de 61.828 habitantes.
No decênio 2000-2010, a população barreirinhense cresceu 39%. Em 2000, a
população urbana do município era de 13.209 habitantes, ascendendo 68% no decênio, por sua
vez, a população rural com 26.460 habitantes cresceu 24% no mesmo período. Naquele
intervalo, a população masculina aumentou 38% e a feminina 29%.
Em relação ao gênero, a população masculina, em 2000, totalizava 20.400
habitantes, representando 51%, enquanto a feminina era de 19.269 habitantes, correspondendo
53

a 49% da população. Em 2010, os percentuais quanto ao sexo mantiveram-se os mesmos.


Enquanto isso, a população urbana aumentou para 40% e a rural, diminuiu para 60%, embora
continue maior (Tabela 7).
Analisando-se os dados plotados na Tabela citada, identifica-se que, no intervalo
de uma década (2000-2010), a taxa de crescimento da população urbana foi 34% maior que a
rural. A população rural que outrora representava 67% no município, em 2010 decresceu 7%.
Esse percentual é reflexo da urbanização que Barreirinhas vem passando nas últimas décadas,
ocasionada, principalmente, pelo crescimento do setor terciário ligado ao desenvolvimento da
atividade turística na região.

Tabela 7 - Distribuição da população residente


População Censo 2000 Censo 2010
Urbana 13.209 22.156
Rural 26.460 32.835
Masculina 20.400 28.159
Feminina 19.269 26.832
Absoluta 39.669 54.991
Fonte: Censo Demográfico – IBGE (2000; 2010)

Educação

Em 2017, estavam matriculados 19.925 alunos. Na educação infantil, havia 2.411


alunos; no ensino fundamental, 13.625; no ensino médio, 2.671; na educação profissional, 394;
e na educação de jovens e adultos (EJA), havia 824 alunos. No que tange ao quantitativo de
docentes, totalizou 1.276 (SEDUC/MA, 2017).
Naquele aludido ano, registrou-se 155 estabelecimentos voltados para a educação
infantil, 168 voltados para o ensino fundamental, 5 para o ensino médio, 2 para a educação
profissional e 21 para EJA.
O ensino privado é representado pelo Centro de Ensino Lençóis Maranhenses e pela
escola JR Freitas Nascimento – “ Infância Feliz”.
No ensino superior funciona um campus do Instituto Federal do Maranhão (IFMA)
de responsabilidade do governo federal.
54

Saúde e Assistência Social

A referência à saúde no município é o Hospital Geral de Barreirinhas (Figura 14)


que tem à disposição 58 leitos, dos quais, seis estão na Unidade de Cuidados Intermediário
(UCI). Além dos atendimentos de urgência e emergência, são realizadas cirurgias,
ultrassonografias, exames laboratoriais, raios X e eletrocardiogramas. Os principais
atendimentos estão relacionados a verminoses e doenças do aparelho respiratório e circulatório.
Em casos mais graves, os pacientes são transferidos de avião ou em uma ambulância para São
Luís ou Teresina.
A equipe médica do hospital é composta por 48 médicos, 25 enfermeiros e 100
técnicos de enfermagem. Quanto aos outros profissionais ligados ao hospital, quatro são
assistentes sociais, três são fisioterapeutas e dois são nutricionistas.
Funciona também, mantido pelo município, o Centro de Saúde Eva dos Reis Lima
que disponibiliza para a população consultas ambulatoriais, imunizações, testes do pezinho e
pequenos procedimentos como curativos, nebulizações e outros atendimentos.
Auxiliando no serviço da saúde do município há os programas Estratégia da Saúde
da Família (ESF) e Saúde Bucal. O primeiro é composto por 18 equipes com 18 médicos,
mesmo quantitativo de enfermeiros e técnicos de enfermagem; o segundo possui dez equipes
com um dentista em cada.
As principais doenças atendidas pelo ESF são: gripes, leishmaniose, verminoses,
diabetes, hipertensão e hanseníase. Aqueles profissionais, além do acompanhamento, dão
assistência através dos postos de saúde e do fornecimento de remédios da Farmácia Básica para
os enfermos.
Estão distribuídos no território municipal 22 postos de saúde, 164 agentes
comunitários de saúde (60 na área urbana e 104 na área rural), 19 agentes de vigilância
epidemiológica e seis agentes da vigilância sanitária. Outros auxílios na área da saúde são três
ambulâncias, uma ambulancha, um Núcleo de Assistência da Saúde da Família (NASF), um
Núcleo Municipal de Educação e Saúde (NEMES) e campanhas contra Doenças Sexualmente
Transmissíveis (DST’s) com distribuição de preservativos e informativos, especialmente, no
período de carnaval e vaquejada.
55

Figura 14 - Hospital Geral de Barreirinhas

Fonte: IMESC (2013)

Economia

O PIB municipal, em 2015 (IMESC, 2015), estava em 27º lugar no ranking


estadual, correspondendo a 0,50% do PIB do Maranhão com o valor de R$ 389,696 milhões.
Para esse valor, o setor de serviços participou com R$ 131,457 milhões, o agropecuário com
R$ 57,947 milhões, o industrial com R$ 23,282 milhões e os R$ 19,038 milhões restantes
referem-se à cobrança de impostos. Em 2010, o IPEA registrou um IDHM de 0,337 e uma renda
per capita de R$ 197,08 reais.

Agricultura

A agricultura municipal é praticada de forma itinerante, voltada para a subsistência,


sendo uma das principais atividades econômicas do município, pois há no Sindicato de
Trabalhadores Rurais 11.000 associados, ou seja, 29% da população municipal. Essa instituição
estima que o número de trabalhadores agrícolas possa atingir os 20.000.
56

Agricultura Temporária

Entre 2010 e 2017, a área colhida diminuiu 22% e a quantidade produzida 13%. Já
o valor da produção subiu 37%. No período mencionado, a área colhida do feijão aumentou
4%, a do milho 60%, enquanto a do arroz e a da mandioca diminuíram 81% e 21%
respectivamente. Referente à quantidade produzida, o feijão aumentou 56% e o milho 108%; a
mandioca reduziu 10% e o arroz 60%. No rendimento médio, os produtos aumentaram: 108%
arroz, 50% feijão, 12% mandioca e 30% milho. Quanto ao valor da produção, o feijão, a
mandioca e o milho cresceram 243%, 49% e 116%, respectivamente; o arroz desvalorizou-se
55% (Tabela 8).
Em 2010, dos 8.420 hectares colhidos, 68% foram de mandioca, 18% de arroz, 10%
de milho e 4% de feijão. Das 54.389 toneladas produzidas, 94% eram de mandioca, 5% de
arroz, 1% de milho e menos de 1% eram de feijão. O rendimento médio pode ser observado na
Tabela 8. No valor da produção, dos R$ 10.665 milhões, a mandioca participou com 82%, o
arroz com 15%, o milho com 2% e o feijão com 1% (Tabela 8).
Em 2017, dos 6.540 hectares de área colhida, a mandioca ocupou 69%, o milho
21%, o feijão 5% e o arroz 4%. Com relação à quantidade produzida, das 47.417 toneladas, a
mandioca contribuiu com 96%, o arroz e o milho com 2% cada e o feijão com menos de 1%. O
rendimento médio pode ser observado na Tabela 8. Para o valor da produção, dos R$ 14,601
milhões, a mandioca contribuiu com 89%, o arroz com 5%, e o milho e o feijão com 3% cada
(Tabela 8).

Tabela 8 - Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção da


lavoura temporária
Área Colhida Quantidade Produzida Rendimento Médio Valor da Produção
Produto (Hectares) (Tonelada) (kg/ha) (Mil Reais)
2010 2017 2010 2017 2010 2017 2010 2017
Arroz 1.500 290 2.460 989 1.640 3.410 1.599 715
Feijão 335 350 101 158 301 451 111 381
Mandioca 5.710 4.500 51.390 45.360 9.000 10.080 8.736 13.030
Milho 875 1.400 438 910 500 650 219 475
Total 8.420 6.540 54.389 47.417 - - 10.665 14.601
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (2010; 2017)
57

Agricultura Permanente

Entre 2010 e 2017, a área colhida e a quantidade produzida da agricultura


aumentaram 6% cada e o valor da produção aumentou em 175%. Na quantidade produzida não
foi adicionada o coco-da-baía, pois sua produção é dada em mil frutos, enquanto os demais
produtos são em toneladas.
No aludido intervalo, a área colhida da banana diminuiu 53%, a do coco-da-baía
30% e a da laranja permaneceu estável, ao passo que, a da castanha de caju aumentou 9%. Para
a quantidade produzida, a castanha de caju aumentou 44% e a laranja 18%; em contrapartida,
houve diminuição na quantidade produzida do coco-da-baía 39% e da banana 55%. O
rendimento médio obteve variação positiva de 31% para a castanha de caju e 18% para a laranja,
enquanto que o coco-da-baía diminuiu 11% e a banana 5%. Relacionado ao valor da produção,
a banana diminuiu 65% e a laranja 3%, ao passo que a castanha de caju aumentou 350% e o
coco-da-baía 13%.
Em 2010, dos 2.931 hectares, foram ocupados com castanha de caju 94%, com
banana e coco-da-baía 3% cada, e laranja com 1%. Das 1.673 toneladas produzidas (excluindo-
se o coco-da-baía, pois é dado em frutos por hectares, enquanto os demais produtos são
quantificados em toneladas), a castanha de caju participou com 57%, a banana com 37% e a
laranja com 6%. O rendimento médio pode ser observado na Tabela 9. No que tange ao R$
1,384 milhão do valor da produção, a castanha de caju contribuiu com 55%, a banana com 31%,
o coco-da-baía com 9% e a laranja com 5% (Tabela 9).
Em 2017, dos 3.120 hectares colhidos, 96% foram relacionados à castanha de caju,
2% ao coco-da-baía, 1% à banana e a laranja cada. Das 1.774 toneladas (excluindo-se o coco-
da-baía por motivos já mencionados), 78% correspondem à castanha de caju, 15% à banana e
7% à laranja. O rendimento médio pode ser observado na Tabela 9. Dos R$ 3,804 milhões, a
castanha de caju contribui com 91%, a banana e o coco-da-baía ambos com 4% e a laranja com
2% (Tabela 9).
58

Tabela 9 - Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção da lavoura
permanente
Área Colhida Quantidade Produzida Rendimento Médio Valor da Produção
Produto (Hectares) (Hectares) (kg/ha) (Mil Reais)
2010 2017 2010 2017 2010 2017 2010 2017
Banana 85 40 612 274 7.200 6.850 428 148
Castanha de caju 2.740 3.000 959 1.380 350 460 767 3.450
Coco-da-baía 86 60 247 152 2.872 2.533 123 142
Laranja 20 20 102 120 5.100 6.000 66 64
Total 2.931 3.120 - - - - 1.384 3.804
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal – PAM (2010; 2017)
*Mil por frutos

Horticultura

Pela experiência em trabalho de campo, sabe-se que, nessa modalidade, os produtos


são, na maioria, consorciados com a agricultura temporária e, em maior escala, com hortas
domésticas.
A quantidade dos cultivos não corresponde especificamente à produção, pois
enquanto estão listados dezessete produtos, só oito alcançaram até uma tonelada.
Em relação aos 710 estabelecimentos por produto, tem-se como mais importante o
milho verde com 48%; o maxixe e o quiabo, ambos com 15%. Os demais atingiram percentuais
pouco significantes, a saber: 5% tanto para o coentro quanto para a cebolinha, 4% para o alface,
3% para o couve e 2% para a pimenta. Os demais produtos atingiram menos que 1% dos
estabelecimentos (Tabela 10).
Em relação às 102 toneladas, foram significativas as seguintes produções: milho
verde representando 34%, cebolinha e coentro 13% cada, alface e quiabo 11% cada, maxixe
10%, couve 7% e pimenta 1%. Quanto aos demais produtos, destaca-se que abobrinha, agrião,
hortelã, manjericão, pepino, pimentão, rúcula, salsa e tomate não tiveram os dados de produção
disponibilizados.
59

Tabela 10 - Número de estabelecimento e quantidade produzida, por produtos da


horticultura
Nº de Estabelecimento Quantidade Produzida
Produto
(Unidade) (Tonelada)
Abobrinha 1 -
Agrião 3 -
Alface 31 12
Cebolinha 34 13
Coentro 35 13
Couve 24 7
Hortelã 3 -
Manjericão 2 -
Maxixe 109 10
Milho verde (espiga) 341 35
Pepino 2 -
Pimenta 11 1
Pimentão 1 -
Quiabo 108 11
Rúcula 1 -
Salsa 1 -
Tomate (estaqueado) 3 -
Total 710 102
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2017)

Pecuária

Entre 2010 e 2017, o rebanho diminuiu -25%, apresentado as seguintes variações:


25% bovino, -24% suíno, caprino -19%, ovino -24%, aves -11%, equinos -36% e bubalino -
100%. Em 2010, das 139.507 cabeças, 74% eram de aves, 13% de suíno, 6% de bovino, 4% de
caprino, 2% de ovino, 1% de equino e menos de 1% de bubalino. Em 2017, o efetivo do rebanho
foi de 104.795 animais, com 70% de aves, 13% de suíno, 10% de bovino, 4% de caprino, 2%
de ovino e 1% de equino (Tabela 11).
No tocante ao resultado da pecuária, tem-se a produção da origem animal – ovos de
galinha e leite. Em 2017, foram produzidos 175 mil litros de leite que renderam R$ 315.000,00
(trezentos e quinze mil reais) e 58 mil dúzias de ovos, valorizados em R$ 269.000,00 (duzentos
e sessenta e nove mil reais). Somados, contribuíram com R$ 584.000,00 (quinhentos e oitenta
e quatro mil reais), dos quais, 54% é referente ao leite e 46% aos ovos de galinha.
60

Tabela 11 - Efetivo dos rebanhos


2010 2017
Rebanho Número de cabeças Número de cabeças
(Unidades) (Unidades)
Bovino 8.172 10.210
Equino 980 623
Bubalino 10 0
Suíno 17.812 13.609
Caprino 5.780 4.683
Ovino 2.893 2.212
Aves 103.860 73.458
Total 139.507 104.795
Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal (2010; 2017)

Extrativismo

Em 2017, das 1.125 toneladas de produtos vegetais coletados, 85% corresponderam


ao carvão vegetal, 7% à fibra do buriti, 2% à juçara e ao pequi cada, 1% à carnaúba (pó), 3%
aos outros frutos e menos de 1% para outras fibras. A lenha teve produção de 49.080 metros
cúbicos.
A renda detida com os referidos produtos foi de R$ 3.908.000,00 (três milhões
novecentos e oito mil reais) com participações percentuais por produtos: lenha 39%, carvão
vegetal 32%, fibra de buriti 25%, carnaúba 2% e juçara, pequi e outras fibras com 1% cada
(Tabela 12).

Tabela 12 - Quantidade produzida e valor da produção extrativista vegetal


Quantidade Produzida Valor da Produção
Produto
(Tonelada) (Metros Cúbicos) (Mil Reais)
Juçara 20 - 51
Pequi 25 - 25
Outros Frutos 32 - 39
Carnaúba (pó) 12 - 82
Buriti (fibra) 74 - 920
Outras Fibras 1 - 21
Carvão Vegetal 961 - 1.249
Lenha - 49.080 1.521
Total 1.125 49.080 3.908
Fonte: IBGE – Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (2017)
61

Embora não informado oficialmente, foi observado, em trabalho de campo, a


extração de barro (argila), areia, pedra e, também, jazidas não exploradas de petróleo e gás.

Pesca e Aquicultura

No município, a pesca é praticada artesanalmente tanto em ambiente fluvial,


principalmente no Rio Preguiças, quanto em ambiente marinho. Reflexo disso é a presença da
colônia de pescadores Z 18, a qual auxilia uma série de pescadores.
As principais espécies comercializadas são: pargo (Lutjanus purpureus), pescada
amarela (Cynoscionacoupa), serra (Scomberomorus brasiliensis), bagre (Bagre bagre),
camarão Piticaia (Xiphopenaeuskroyeri), cará (Achirusachirus), traíra (Hopliasmalabaricus) e
outros.
Em 2017, a criação de peixes em açudes ou tanques produziu 250.549 toneladas
(não se somou os alevinos, pois são quantificados em milheiros, enquanto os demais produtos
são dados em quilogramas). Desses, curimatã e curimatá corresponderam a 3%, pacu e patinga
a 2%, tambaqui a 38% e tilápia a 42%. De alevinos, foram produzidos 957 milheiros.
O valor de produção, que foi de R$ 2.582.000,00 (dois milhões, quatrocentos e oitenta e
dois mil reais), teve como renda por espécie: curimatã e curimatá 3%; pacu e patinga 2%;
tambacu e tambatinga 14%; tambaqui 37%; tilápia 41%; alevinos 4%. A produção por
quantidade individual, assim como o valor da produção por cada espécie, pode ser observada
na Tabela 13.

Tabela 13 - Produção e valor da aquicultura, por tipo de produto


Valor da Produção
Espécie Quantidade Produzida
(Mil Reais)
Curimatã, curimbatá (Quilogramas) 7.545 64
Pacu e patinga (Quilogramas) 4.870 41
Tambacu, tambatinga (Quilogramas) 36.327 363
Tambaqui (Quilogramas) 96.228 962
Tilápia (Quilogramas) 105.579 1.056
Alevinos (Milheiros) 957 96
Total - 2.582
Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal (2017)
62

Indústria

Encontra-se no município um total de 235 indústrias, sendo: uma de extração de


minerais não metálicos, nesse caso, extração e britamento de pedras e outros materiais para
construção e beneficiamento associado; 34 de fabricação de produtos alimentícios; quatro de
fabricação de produtos têxteis; sete de confecção de artigos do vestuário e assessórios; 16
fábricas de produtos de madeira; uma de fabricação de celulose, papel e produtos de papel; 13
de impressão e reprodução de gravações; duas de fabricação de produtos químicos; dez de
fabricação de produtos de minerais não metálicos; 14 de fabricação de produtos de metal; 13
fábricas de móveis; 12 de fabricação de serviços diversos, neste caso, joalheria e ourivesaria,
painéis e letreiros luminosos; seis de manutenção, reparação e instalação de máquinas e
equipamentos; uma de distribuição de energia elétrica; cinco de coleta, tratamento, disposição
de resíduos e recuperação de materiais; 50 de construção, podendo ser empreendimentos
imobiliários, construção de edifícios e obras de urbanização e 46 de serviços especializados
para construção (BRASIL, 2019).

Comércio

O comércio é principalmente varejista, representado por quitandas, supermercados,


feiras e mercados abastecidos com produtos importados de São Luís e dos estados do Ceará e
de Pernambuco. De acordo com BRASIL (2019), há no município 1.796 estabelecimentos
comerciais, sendo: 174 de comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas; 57 de
comércio atacadista e 1.565 de comércio varejista.

Turismo

O município de Barreirinhas turisticamente é um dos principais do estado.


Localizada no polo turístico dos Lençóis Maranhenses, a cidade está apenas a 260 km de
distância da capital, o que facilita a visita de turistas do Brasil e do mundo, pelo aeroporto
Marechal da Cunha Machado em São Luís, em seguida, pelas empresas de receptivo, carros,
vans ou micro-ônibus, em uma viagem de, aproximadamente, três horas e meia até a cidade de
Barreirinhas. Esse é o método mais usado pelas empresas que trabalham fazendo o transfer de
passageiros; o outro é através do aeroporto da cidade que consegue receber apenas aviões
63

pequenos como monomotores e bimotores; o voo de São Luís para Barreirinhas é de,
aproximadamente, 40 minutos.
A cidade dispõe de uma vasta rede hoteleira, compreendendo 45 meios de
hospedagem registrados pelo CADASTUR (BRASIL, 2019), das mais simples pousadas e
hotéis a grandes flats e resorts (Figura 15), dentre outros, apresentando uma variação muito
grande no preço, o que dá opção a todas as classes.

Figura 15 - Resorts

Fonte: skyscrapercity.com (2013)

Como principal objetivo dos visitantes, os Lençóis Maranhenses (Figura 16) têm a
maior procura e são roteiro certo na agenda de quem visita à cidade, com saídas diárias às sete
horas. É fácil observar o grande número de toyotas bandeirantes circulando pela cidade,
passando pelos meios de hospedagem para o embarque dos turistas rumo aos grandes lençóis,
como é conhecido o roteiro desse passeio. Com a lotação completa, as toyotas dirigem-se a uma
das duas balsas (Figura 17) que as transportam, atravessando o Rio Preguiças até a outra
margem, para em seguida percorrerem uma trilha de areia fofa e em, aproximadamente, 40
minutos chegarem ao ponto de desembarque e começarem uma boa caminhada de apreciação
às dunas e lagoas do parque. Vale ressaltar que esse passeio também é feito na parte da tarde,
em que o turista só retorna, após o belíssimo pôr do sol.
64

Figura 16 - Lençóis Maranhenses

Fonte: belezasnaturais.com.br (2013)

Figura 17 -Travessia de balsa no rio Preguiças

Fonte: IMESC (2013)

Outro roteiro importante são os pequenos lençóis, no qual o turista é levado até à
margem do rio, para o embarque nas lanchas voadeiras (Figura 18) ou no próprio local de
hospedagem, quando esse possui píer próprio. A partir desse ponto começa o passeio que vai
até a praia de Caburé (Figura 19), entre a foz do rio e o Oceano Atlântico, passando antes pela
localidade Vassouras, onde avista-se o primeiro conjunto de dunas dos Pequenos Lençóis e os
65

inúmeros macacos que se aproximam dos turistas. Além disso, é possível contemplar, o
povoado de Mandacaru (Figura 20), uma vila de pescadores, onde está instalado o farol da
marinha (Figura 21), bastante visitado para a observação dos grandes e pequenos lençóis, os
quais é possível ver do alto dos 54 metros.

Figura 18 - Embarque nas lanchas voadeiras

Fonte: IMESC (2013)

Figura 19 - Praia de Caburé

Fonte: blogsoestado.com (2012)


66

Figura 20 - Vista parcial do povoado Mandacaru observada de cima do


Farol

Fonte: IMESC (2013)

Figura 21 - Farol da Marinha no povoado Mandacaru

Fonte: IMESC (2013)


67

Além das possibilidades citadas, existem outras tidas como opcionais na maioria
das agências que trabalham com esse segmento. Uma delas é explorar os 155 mil hectares que
compreendem o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, com passeios à Lagoa Bonita, à
Lagoa Verde, às comunidades de Atins e à Queimada dos Britos, dentre outras.
Passeios aéreos têm sido bastante requisitados nos últimos anos. Trata-se de um
sobrevoo de, aproximadamente, 30 minutos, feito em avião pequeno para grupos de até quatro
pessoas, quando é possível apreciar e fotografar os pequenos e grandes lençóis, além de
observar o belíssimo encontro do Rio Preguiças com o mar.
A flutuação ou Boia Cross no Rio Formiga, geralmente, é recomendada para o
último dia, pois é considerado um passeio relaxante após dias intensos. Localizado no povoado
Cardosa, consegue-se chegar a ele, após viagem por toyota 4x4, em mais ou menos uma hora.
Com uma boia, flutua-se navegando nas águas cristalinas do rio, por cerca de uma hora e meia
entre a mata nativa com seus buritizais imponentes. A correnteza leve proporciona um passeio
delicioso e refrescante, no qual se pode lentamente desfrutar de um prazeroso banho enquanto
se contempla a natureza.
O Rio Preguiças (Figura 22), pelo fato de banhar a sede municipal, oferece diversos
pontos de banho na cidade e em povoados próximos, como São Domingos, o qual está a,
aproximadamente, seis quilômetros do centro. O povoado tem bares e restaurantes, inclusive
de fundo para o rio, proporcionando ao visitante usufruir da estrutura e de um bom banho no
rio.
Além dos diversos passeios, o município destaca-se também pelo seu artesanato,
que tem como matéria-prima principalmente, a fibra vegetal extraída do grelo da folha do
buritizeiro. Em Barreirinhas, encontram-se várias lojas com um diversificado número de
produtos de palha do buritizeiro, desde sandálias, redes, chapéus, toalhas e outros.
Durante a noite, a concentração maior é no Beira Rio (Figura 23), onde restaurantes
e pizzarias oferecem um bom forró pé de serra e um cardápio bem diversificado com pratos
típicos como moqueca, peixe frito, arroz de pequi, peixe ao molho de camarão, galinha caipira,
dentre outros.
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Figura 22 - Vista parcial do Rio Preguiças na sede

Fonte: IMESC (2013)

Figura 23 - Beira Rio

Fonte: skyscrapercity.com (2013)

Poderes Judiciário e Legislativo

O município é comarca, funcionando na cidade um cartório. Corresponde à 56ª zona


eleitoral, a qual possui 153 seções (TSE, 2012).
69

No município, foram registrados 37.470 eleitores e quinze vereadores nas eleições


de 2018 (TSE, 2018).
Há ainda, no município uma delegacia e um quartel da polícia militar.

Religião

O principal templo católico é a Igreja de Nossa Senhora da Conceição (Figura 24),


considerada a padroeira do município. Além desse templo, há outros na sede e várias capelas
espalhadas pela zona rural.

Figura 24 - Igreja Nossa Senhora da Conceição

Fonte: Acervo pessoal de SILVA, C. H. S. (2019)

Os evangélicos são representados, principalmente, pelas seguintes congregações:


Testemunha de Jeová, Assembleia de Deus, Adventista, Batista, Reino da Graça e Universal do
Reino de Deus.
Dos 54.931 moradores entrevistados pelo IBGE em 2010, 71% se declararam
católicos, 21% evangélicos, 7% corresponderam a sem religião e os de outras religiões, do
espiritismo ou os que não sabiam em qual religião se enquadram, representaram 1% (Tabela
14).
70

Tabela 14 - População residente por religião


Religião Número de adeptos
Católicos 39.357
Evangélicos 11.525
Espírita 11
Outras Religiões 279
Sem religião 3.739
Não sabe 20
Total 54.931
Fonte: IBGE – Censo Demográfico (2010)

Infraestrutura

O abastecimento de água é de responsabilidade municipal, possuindo os rios como


fonte de abastecimentos. Em 2014, o número de ligações era 3.246 (BRASIL, 2014).
A fonte de energia é hidroelétrica e possui uma subestação local, de
responsabilidade da Companhia Energética do Maranhão (CEMAR). Em 2015, o número de
consumidores registrado foi de 199.203, distribuídos em: 91% residencial, 8% comercial, 1%
poder público e menos de 1% para rural, industrial, serviço público, iluminação pública e
CEMAR. O consumo no aludido ano foi de 31.925.787 Mwh, com os seguintes percentuais:
60% residencial, 19% comercial, 11% iluminação pública, 6% poder público, 2% serviço
público, 1% industrial e menos de 1% rural e CEMAR (Tabela 15).

Tabela 15 - Consumidores e consumo de energia elétrica por classe


Usuário Número de consumidores Consumo em Mwh
Residencial 180.634 19.058.201
Industrial 356 425.762
Comercial 15.478 6.048.821
Rural 116 28.778
Poder Público 2.433 1.971.872
Iluminação Pública 40 3.643.936
Serviço Público 121 704.084
CEMAR 25 44.333
Total 199.203 31.925.787
Fonte: CEMAR; IMESC (2015)
71

Serviços e Comunicação

O serviço bancário possui agência do Bradesco, Banco do Brasil e Caixa


Econômica Federal, duas lotéricas e uma agência dos Correios. Na área da telefonia, há
cobertura e internet da TIM, CLARO, VIVO e OI, esta última com linhas fixas.
Como meio de comunicação local, encontram-se cinco rádios.

Folclore e Lazer

As principais manifestações folclóricas são: bumba meu boi com os sotaques de


orquestra e matraca, quadrilhas, danças country e portuguesa, folia dos reis ou reisado, cordão
de São Gonçalo e encenação da paixão de Cristo.
O artesanato é derivado, principalmente, da fibra do grelo das folhas do buritizeiro
(Figura 25), a qual é destinada a confecções de redes, chapéus, bolsas, cintos e outros adereços
que são comercializados em lojas na cidade e em alguns povoados (Figura 26 e 27). Há também
a fabricação de utensílios domésticos e decorativos de cerâmica.

Figura 25 - Fibra do grelo da palmeira de buriti

Fonte: IMESC (2013)


72

Figura 26 - Loja de artesanato

Fonte: IMESC (2013)

Figura 27 - Loja de artesanato no povoado Mandacaru

Fonte: IMESC (2013)

Para o entretenimento, há um museu, duas bibliotecas, três escolas de artes


marciais, um parque, dois clubes, três campos de futebol, um estádio de futebol, um ginásio
(Figura 28). Ademais há, concursos de beleza, gincanas, vaquejadas, encontros religiosos,
73

exposições agropecuárias, festivais de música e gastronomia, pré-carnavais com dois blocos de


rua e corredor da folia.

Figura 28 - Ginásio municipal

Fonte: IMESC (2013)

Lendas

Várias lendas norteiam o imaginário popular de Barreirinhas. Dentre essas, podem


ser citadas as da fazenda Santo Inácio e o peixe encantado (REIS, 2008).
a) Fazenda Santo Inácio – Na época da Balaiada, essa fazenda de propriedade da
família Diniz foi saqueada. Sabendo disso Dom Diniz mandou um escravo de sua
confiança esconder todo o ouro e joias da família dentro de um tacho e enterrá-lo.
O escravo foi preso e torturado para que dissesse onde escondeu o tesouro, mas
morreu sem nada dizer. O esconderijo do tesouro foi marcado por uma corrente de
ferro, colocada em uma árvore junto ao rio, após a morte do escravo, o local ficou
assombrado. Dizem que esse ponto do rio é muito profundo e que muitos que
tentaram mergulhar jamais alcançaram o leito.
b) Peixe encantado – A população conta que, conforme a lua, um gigantesco peixe, de
10 metros de comprimento aparece no Rio Preguiças. Contudo, nunca fez mal a
ninguém. Dizem que se trata de um jovem atleta que se apaixonou pela mãe d’água
e ficou encantado como peixe.
74

Transporte

A cidade de Barreirinhas localiza-se a 237 km da capital São Luís, podendo ser


alcançada através das BRs 135 e 402 e da MA-225, por meio de ônibus da empresa Cisne
Branco, o qual faz trajeto três vezes ao dia. Outros veículos que fazem esse percurso são vans
e micro-ônibus de cooperativas.
O translado urbano–rural é realizado por veículos particulares, principalmente
motos, e por toyotas bandeirantes, este último voltado mais para o turismo dos Lençóis
Maranhenses.
Encontra-se ainda no município uma pista de pouso que está sendo reformada e
equipada para transformar-se em aeroporto.
75

4 HUMBERTO DE CAMPOS

Símbolos Municipais

Brasão

O Brasão foi criado na administração de José Ribamar, através da Lei nº 13/05. Esse
símbolo tem a representação da bandeira do Brasil, do Maranhão e do município. Em sua base,
há duas datas importantes: 1859 – Miritiba, e 1934 – Humberto de Campos.

Bandeira
76

A bandeira idealizada pelo prefeito, Edson dos Santos Fonseca, foi reformulada em
2005 por Dulcinéa Lopes Espindola dos Santos na gestão de José Ribamar, aprovada na Câmara
Municipal pelo Decreto-Lei nº 13/05. Os símbolos que existem na bandeira representam a
cultura e a produção do município:
Branco – simboliza a paz.
Azul – representa o céu do Brasil.
Livro – homenageia o escritor Humberto de Campos.
Barco (canoa ou igarité) – representa o meio de transporte e produção de pescado,
bem representativos do município.

Hino

Entre alvacento litoral e arvoredo esmeraldino.


Surgiu um núcleo social berço de notável paladino.
Humberto de Campos, nosso bardo em áureas páginas revelado
Legou nome a terra nativa a antiga Miritiba

Humberto de Campos floresce, casto como gota de orvalho


É pérola do litoral Nordeste, que nos anima ao trabalho.
Tem o seu solo, fertilidades, em seus ares, essências puras,
Tem o povo mais atividades, com as bênçãos das alturas.

Mesmo pequeno rincão do mundo com praias, rios e mar profundo,


É região rica e amada, por Deus sempre bençoada.
Entre alvacento litoral e arvoredo esmeraldino,
Surgiu um núcleo social berço de notável paladino.

Sob céu poente cor de rubi, nosso nauta descobre a fronte


E o camponês sorri feliz, contemplando esse horizonte.
Seus filhos tão laboriosos amantes da paz e liberdade
Provém de ancestrais valorosos forjados no amor da verdade.

Hábil gente, no trato da terra bem como nas lutas do mar,


De alma que bravura encerra e constante dom de amar.
Humberto de Campos sempre enleva com o puro amor tão fraternal
E reluz entre o mar e a selva como um bem celestial.

Autor e Música: Djalma Frazão


Arranjo: Raimundo Amaral
77

A primeira vez que o hino foi tocado em 1986 foi, durante a comemoração do
centenário de nascimento do escritor Humberto de Campos. Com autoria de um humbertuense,
o hino faz alusão ao antigo nome do município: "Miritiba", à localização da cidade, aos
antepassados, a seus filhos ilustres, a suas praias, a seus rios, aos pescadores, aos lavradores, à
união entre os humbertuenses e a paz que sempre reinou no município.

Localização

O município de Humberto de Campos está localizado no Litoral Oriental


Maranhense. Faz parte da Mesorregião Norte Maranhense – Microrregião Geográfica dos
Lençóis Maranhenses.
Limita-se ao Norte com o oceano Atlântico, e com os seguintes municípios: a Oeste,
com Icatu e Morros; ao Sul com Belágua; a ao Leste, com Primeira Cruz (Mapa 4).
Os pontos extremos correspondem às seguintes coordenadas geográficas: Norte -
02°13'08'' de latitude e -43°36'53'' de longitude; Oeste -43°45'42'' de longitude e -02°24'48''de
latitude; Sul -03°02'15'' latitude e -43°34'15'' de longitude; Leste -43°25'01''de longitude e -
02°54' 58''de latitude.

Extensão

O município tem 2.131,24 km², correspondendo a 0,64% do território maranhense,


classificando-se em 38º lugar no estado, na Mesorregião Norte Maranhense ocupa a terceira
posição com 4,07% e a segunda posição com 19,81% na microrregião da qual faz parte.
Seu território distribui-se em insular, formado por um arquipélago, do qual fazem
parte as seguintes ilhas: Santana, do Rosário, Tubarão, Macacueira, Carnaubeira, Carrapatal,
Grande, Macunandiba, além de outras menores.
O município possuía mais de 5.000 km² de extensão; 2.969 km² foram cedido para
a criação de Primeira Cruz (incluindo a área de Santo Amaro do Maranhão) e parte para
composição da área de Barreirinhas, cujo tamanho cedido se ignora.
78

Mapa 4 - Localização do município Humberto de Campos

Fonte: IBGE; IMESC (2016)


79

Processo de Ocupação

O primeiro marco da civilização europeia, no município, foi em 26 de julho de


1612, quando o navio francês Santana ancorou na Ilha Pequena (atual Santana), enquanto
aguardava a decisão das negociações entre os franceses e portugueses sobre o domínio do
Maranhão, as quais se efetuavam na Ilha Grande de Upaon-Açu.
No início do século XIX, o maranhense José Carlos Frazão, procurando um local
apropriado para a agricultura, foi, casualmente, parar em uma aldeia de índios e, fazendo
amizade com o cacique, obteve informações de onde poderia encontrar melhor terreno para
plantio. Seguindo a orientação do índio, encontrou um matagal, localizado entre lençóis de
areia. Uma circunstância, porém, foi decisiva na escolha de Carlos Frazão, a existência do Rio
Periá, que, aliás, era também o apelido da tribo.
José Carlos Frazão convidou parentes e amigos para virem morar perto de si.
Posteriormente, o ajuntamento transformou-se em arraial com o nome de São José do Periá
localizado à margem esquerda do Rio Periá, duas léguas da barra do Veado, foz do referido rio.
Em 1835, quando pela Lei nº 13, de 8 de maio foi transformado em distrito de Icatu, mudou o
nome para Miritiba. A Lei nº 543, de 20 de julho de 1859, elevou a área à categoria de vila,
desmembrando-a de Icatu, com a denominação de vila de Miritiba de São José do Periá (IBGE,
1959).

Fatos Históricos

Miritiba destacou-se na história do Maranhão, quando na Balaiada, teve início à


“monarquia” do negro Cosme, velho escravo que fugiu para as matas circunvizinhas, formando,
ali, uma corte de 2.000 negros foragidos. Tendo saqueado a igreja, Cosme apossou-se dos
paramentos dourados do sacerdote e era neles que se locomovia no “reino”, onde, cercado de
uma nobreza africana, defendido por um exército de negros, vivia deitado em um andor, no
qual se deslocava carregado por mulheres de sua raça. Em 1840, a vila foi tomada e retomada
pelos rebeldes em luta com as forças legais sob o comando de Lima e Silva, o Duque de Caxias,
que, em janeiro de 1841, derrotou os 700 rebeldes de Raimundo Gomes e enforcou o índio
Matroá, de 120 anos e que nessa idade era ainda um dos mais terríveis guerrilheiros balaios
(IBGE, 1959).
80

Pelo Decreto-Lei estadual nº 743, de 13 de dezembro de 1934, passou a chamar-se


de Humberto de Campos, em homenagem ao grande escritor maranhense, filho dessa
localidade. Na divisão territorial de 1936, o município compunha-se de dois distritos: Humberto
de Campos e Primeira Cruz. Em 1938, o distrito de Primeira Cruz desapareceu, foi absorvido
pelo distrito de Humberto de Campos. No mesmo ano, entretanto, o Decreto-Lei estadual nº
159, de 6 de dezembro, restabeleceu o distrito de Primeira Cruz, o qual, na divisão territorial
1944-1948, continuava ocupando o segundo lugar no município. Em 28 de julho de 1947, por
ato das disposições constitucionais transitórias do estado, foi alterada a divisão administrativa
e judiciária que foram fixadas para 1944-1948, criando o município de Primeira Cruz,
desmembrado de Humberto de Campos.
No pleito de 03 de outubro de 1950, foi escolhido prefeito Aarão Mendes de
Almeida, que governou por cinco anos. Em 03 de outubro de 1955, novas eleições foram
realizadas no município, não podendo, entretanto, assumir o candidato que apresentou maioria,
tendo em vista os constantes recursos dirigidos ao Tribunal Eleitoral. Assim sendo, assumiu
José da Conceição Ferreira, então Presidente da Câmara, até que o candidato eleito pudesse
entrar em exercício. Esse cenário permaneceu até julho de 1957, quando assumiu a prefeitura
Kleber Almeida, que foi o candidato vitorioso, e nove vereadores que fizeram parte da Câmara
Municipal.

Ambiente Físico

A geologia da área é constituída pela formação de aluviões marinhos e depósitos


eólicos recentes do Quaternário, formados por cascalho, areia e argila inconsolidada. Essa área
está localizada na Bacia Sedimentar de Barreirinhas com a formação Humberto de Campos.
Para Rodrigues et al. (1994), a formação Humberto de Campos é do Cretáceo, composta por
arenito fino com estratificação plano-paralela e siltito creme de aspecto placoso que o sobrepõe.
Na parte Norte do município, a geomorfologia é constituída por um litoral recortado
em estuarios, caracterizado por uma planície aluvial e presença de ilhas constituídas por
sedimentos quaternários inconsolidados com presença de gleissolos sálicos, manguezais e
planícies salinas. Ao Sul, encontram-se planos arenosos sendo recobertos por neossolos
quartzarênicos com formações pioneiras marinhas. Em alguns trechos, destacam-se dunas
ocupadas pela vegetação.
81

Os solos predominantes no município são os neossolos, estes apresentam grande


percentual de areias quartzosas que, por ter tal característica, é muito pobre em nutrientes, o
que impossibilita o cultivo de grandes culturas. Na área insular do município, predominam os
gleissolos. As áreas úmidas concentram certa quantidade de matéria orgânica, apresentando
alguns brejos e lagoas.
O clima é tropical subúmido, tendo dois períodos: chuvoso, de janeiro a junho e
estiagem, de julho a dezembro. Possui uma pluviometria anual entre 1.600 a 2.000 mm, com
temperatura média anual superior a 27º C, além de possuir umidade relativa do ar anualmente
variando de 79% a superior 82% (UEMA, 2002).
A vegetação é caracterizada por campos inundáveis, áreas mais rebaixadas, que
alagam durante o período chuvoso – várzea –, representado por formações abertas e rasteiras
em áreas planas com fisionomia campestre; capoeira mista e capoeirão latifoliado; mata ciliar;
vegetação de restinga, compostas de vegetação rasteira e, às vezes, arbustiva ou arbórea, como
guajeru (Chrysobalanus icaco), alecrim-da-praia (Bulbostylis capillaris), salsa-da-praia
(Ipomea littoralis); e manguezais (Rhizophora mangle) na faixa costeira, ocorrendo
normalmente em ambientes salinos e salobros, que acompanham os cursos dos rios, instalando-
se nas áreas que sofrem influência das marés.
O território municipal localiza-se na bacia hidrográfica do Rio Periá, destacando-se
os seguintes afluentes: riachos da Prata, da Mata, Tangidor, Rodeador, Mangal, Santo Antonio,
Baixa Seca, Cancela e Rio Bacaba (com seus afluentes, o Rio Pequi e os riachos São Bento e
Preá). Além desses, há os rios São Bernardo, Axuí, Marapucáia, do Meio e da Ribeira.
O território municipal encontra-se totalmente inserido na Área de Proteção
Ambiental (APA) – Upaon-Açu/Miritiba/Alto Preguiça.

Espaço Urbano

A cidade de Humberto de Campos estruturou-se, inicialmente, à margem esquerda


do Rio Periá, cujo porto teve influência marcante, graças ao atracamento de inúmeras
embarcações, na época, único meio de comunicação que fazia ligação com a Ilha do Maranhão,
principalmente São José de Ribamar e os municípios litorâneos circunvizinhos.
No porto, há um trapiche com estrutura de cimento e piso de tábuas (Figura 29).
Ladeando-o, então, duas escadarias de cimento que acompanham o nível do rio (que é
influenciado pelas marés), facilitando o embarque e desembarque de passageiros.
82

Figura 29 - Vista do porto da cidade

Fonte: IMESC (2012)

Logo após, no primeiro plano, está o mercado público do lado direito de quem sobe
a rampa; do lado esquerdo, estão dois bares. Na frente do mercado, há um cais que certamente
protege parte da praça do desmoronamento e, para alcançá-la, há três pequenas escadarias. A
partir dessas escadarias e da rampa, alcança-se a praça principal da cidade, onde está a igreja
matriz dedicada a São José.
A cidade começava a partir da praça que, em um traçado triangular, é bastante
espaçosa.
Da frente da igreja, observa-se a praça em toda a extensão e em todos os ângulos.
Do lado direito, ficam a prefeitura, único prédio de estilo totalmente colonial (Figura 30), e as
várias residências de tamanho entre médio e pequeno porte, algumas até bem humildes. Do lado
esquerdo há um bar e várias residências. Na praça, há um coreto com 40 metros de distância da
frente da igreja e bem mais distante, na mesma direção próxima ao mercado, está uma cruz com
Jesus crucificado, de tamanho médio.
Um elemento que chama a atenção na cidade é a sua arquitetura. Embora seja de
certo modo antiga, não se observam, exceto a prefeitura e a igreja, casas coloniais. Estas são,
na maioria, de padrão entre pequeno e médio porte (Figura 31). Não são tão espaçosas, largas
e de muitas janelas e portas como é comum nas cidades antigas. Acompanhando a praça do lado
esquerdo e indo até o fim da área urbana, está a rua Dr. Leôncio Rodrigues e, paralelas a ela,
estão as ruas Prof. Nascimento de Moraes, da Fazenda, Rio Branco, todas no sentido
Leste/Oeste e, atravessando-as, a partir das praças, estão as travessas Pedro Ribeiro (que passa
83

em frente à pequenina e aconchegante Praça Humberto de Campos), Rio Branco, Irineu Santos
e Dr. Leôncio Rodrigues, em direção Oeste, que se assemelha a uma avenida, devido à largura
e aos canteiros no centro.

Figura 30 - Prédio da Prefeitura Municipal

Fonte: IMESC (2012)

Figura 31 - Padrão de arquitetura das casas na cidade

Fonte: IMESC (2012)

Saindo da Praça da Vitória, em direção Leste, atinge-se um pequeno beco que chega
ao porto da Rede e, consequentemente, a uma ponte que atravessa o rio e leva ao bairro da
Manga, atualmente rebatizado de Santo Expedito. O referido bairro fica em uma duna
rebaixada.
84

Da Praça da Vitória, em direção à rodovia alcançam-se os bairros Chico Tripa e


Gomes, que até pouco tempo eram considerados área rural.
Observando a distribuição urbana de Humberto de Campos, verifica-se que a cidade
apresenta forma praticamente retangular (Figura 32). Estende-se entre o Rio Periá ao Leste e
as dunas ao Oeste e Norte. A única opção para crescer é em direção ao Sul, o que já está
acontecendo com a incorporação dos bairros Chico Tripa e Gomes.

Figura 32 - Planta da cidade

Fonte: IBGE (2007)

Como as cidades crescem sempre em direção à principal via de comunicação,


Humberto de Campos não tem outra opção a não ser para o lado da rodovia. Em se tratando de
85

pavimentação, 80% das ruas e avenidas estão pavimentadas com bloquetes (Figura 33); as
demais vias urbanas são arenosas.

Figura 33 - Avenida pavimentada e arborizada

Fonte: IMESC (2012)

Os principais bairros são: Base, Condomínio Irineu Santos, Gomes, Lagoinha,


Passagem I, Passagem II e Santo Expedito.
A arquitetura do município está distribuída em 1.153 casas de tijolo, 1.858 de taipa
revestida, 2.210 de taipa não revestida, 47 de madeira e 14 de outros materiais (BRASIL, 2015).

Espaço Rural

O espaço rural de Humberto de Campos está distribuído em sítios, povoados


fazendas e comunidades quilombolas.
Sítios: Altos, Anajá dos Dias, Anajá dos Mendes, Angelim I, Angelim II, Aperta,
Apicum Grande, Araióses, Bacuri do Roberto, Bacuri do Zé Dias, Bacuri II, Baixa Seca,
Bandeira, Barras, Barreiros, Barro Vermelho, Boa União, Boa Vista dos Moraes, Boca da
Bacaba, Bom Princípio, Boqueirão, Brejo, Buretana, Buriti, Buritirana, Cachoeira, Cajazeiras,
Cancela, Caçozinho, Catirina, Cedrinho, Centro dos Ferreiras, Centro dos Taveiras, Centro
Novo, Conceição, Coroatá, Cuia Furada, Deserto, Dois Rios, Estiva, Estivinha, Fazendinha,
Felipa, Granja, Guarimanzal, Guaxinhim, Gurgueia, Ilha das Cotias, Ilha do Duarte, Ilha do
86

Furo, Ilha do Tubarão, Ilha Grande, Jaboti, Jatobá, Jordão, José Ferreira, Juçaral dos Mendes,
Lagoa do Peixe, Lagoa Grande, Leandro, Macena, Mangueira, Maracaçumé, Mariana,
Mariquita, Martins, Mata do Lisboa, Mata dos Carrobimbas, Moçambique, Monte Alegre,
Mourão, Nicolau, Olho d’Água I, Olho d’Água II, Pacas I, Pacas II, Passagem Franca,
Passarinho, Peba II, Pedrinhas, Peracambu, Picos, Pequi, Pequizal, Pirangi I, Pirangi II,
Pirungal, Pisca Maneiro, Prata da Minervina, Prata do Américo, Prata dos Cajados, Pratinha,
Riachinho I, Riachinho II, Riacho, Ribeira Velha, Rio da Carneira, Rio da Onça, Rio do Meio
I, Rio do Meio II, Rodeador, Rumo, Santa Bárbara, Santa Filomena, Santa Maria, Santa Tereza,
Santana, Santo Antônio I, Santo Antônio II, São Bento I, São Bento II, São Joaquim, São José,
São Vicente, Sapucáia, Tucanguira, Tucuns, Urubu, Varas, Vargem da Vassoura, Vertente e
Vista Alegre.
Fazendas: Aterro, Axuí Grande, Baianos, Barreiras, Bulandeira, Cabaceira, Canto
Grande, Celeiro, Centrinha, Condonga, Curupati, Deserto, Farol, Gonçalo, Grota, Guapiriba,
Guedes, Ilha da Macacoeira, Ilha das Carnaubeiras, Ilha do Mucunandiba, Ilha do Rosário,
Jenipapeiro, Junco I, Junco II, Jurubeba, Lagoa, Lagoa de São Pedro, Lagoa Grande, Lima
Cantanhede, Lírio dos Vales, Macena, Mamoim, Mangueira I, Mangueira II, Marinheiro,
Massalina, Mato Grosso, Palhas, Palmeiral, Peba, Porto Novo, Prata, Quebra Anzol, Remanso,
Retiro, Roncadeira, Sangule, Santa Rita de Fora, Santa Rosa, Santarém, Santo Antonio, São
Domingos I, São Domingos II, São Francisco, São João de Zé Bina, São Joaquim, São Lucas,
São Raimundo do Faustino, São Raimundo Moia, Soledade, Sororoca, Sururuju, Tetéu, Tiririca,
Vaca Velha de Fora, Venenente e Vila Nova.
Povoados: Axuí, Bacaba, Bacabeira, Bom Jesus, Carrapatal, Cedro, Cocal, Curral
do Meio, Curralinho, Farol de Santana, Flexeira, Ilha do Gato, Ilha Grande, Jurucutuoca, Mata
dos Alves, Mutuns, Pedras, Periá, Porto da Roça, Rampa, Santa Clara, Santa Rita, São João,
São Miguel, São Raimundo I, São Raimundo II, Serraria, Tábua.
Comunidades Quilombolas: Cachoeira, Jatobá I e Jatobá II.
Assentamentos: Cocal, São Raimundo/Santa Cruz, São Bernardo/Grota/Anajazal,
Joaquim/Buenos Aires, Porto das Tábuas/Pequizeiro, São Miguel/Bacuri e Juçaral, Sagrado
Coração de Jesus, São Bento/Alto Alegre/Pau Alto, Mata, Taboa, São Raimundo, Axuí, Cuural
do Meio, Onça, Mutuns, Bacuri Roxo, Mangal, Pirangi e Tucangueira.
87

Utilização das terras

A Tabela 16 traz informações sobre a utilização das terras do espaço rural do


município, distribuída primeiramente em estabelecimentos que, por terem mais de uma
atividade rural, não podem ser analisados quantitativamente. Entretanto, pode-se observar que
os referidos estabelecimentos desenvolvem atividades ligadas à agricultura, principalmente a
lavoura temporária, além de áreas com lâmina d'água, tanques, lagos, açudes, área de águas
públicas para aquicultura, de construções, benfeitorias ou caminhos, de terras degradadas e de
terras inaproveitáveis.
Quanto à área cultivada, dos 15.093 hectares ocupados, 70% foi de agricultura
temporária, 20% de pastagens naturais, 5% de matas ou florestas naturais destinadas à
preservação permanente ou reserva legal e 2% de pastagens plantadas em más condições; as
demais classes representaram juntas 3%. Não foram obtidas informações referentes à área
plantada em boas condições e matas ou florestas plantadas (Tabela 16).

Tabela 16 - Número de estabelecimento e área, segundo a utilização das terras


Nº de
Área
Utilização das terras Estabelecimento
(hectares)
(Unidade)
Lavouras permanentes 11 35
Lavouras temporárias 783 10.576
Pastagens naturais 29 2.976
Pastagens plantadas em boas condições 2 -
Pastagens plantadas em más condições 26 276
Matas ou florestas naturais destinadas à preservação
13 820
permanente ou reserva legal
Matas ou florestas naturais 56 150
Matas ou florestas plantadas 1 -
Sistemas agroflorestais – área cultivada com espécies
florestais também usada para lavouras e pastoreio por 8 25
animais
Lâmina d'água, tanques, lagos, açudes, área de águas
públicas para aquicultura, de construções, benfeitorias ou
805 235
caminhos, de terras degradadas e de terras
inaproveitáveis
Total - 15.093
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2017)
88

Condição Legal da Terra

Quanto à condição legal das terras, em 2017, dos 853 estabelecimentos, 94% eram
próprias, 4% concedidas por órgão fundiário ainda sem titulação definitiva e 1% arrendadas e
ocupadas, cada. Quanto à área, dos 15.105 hectares, as terras próprias representaram 99% e as
concedidas por órgão fundiário ainda sem titulação definitiva 1%. No aludido ano, não foram
disponibilizadas informações sobre os hectares das terras arrendadas e ocupadas (Tabela 17).

Tabela 17 - Número de estabelecimento e área, segundo a condição legal das terras


N° Estabelecimento Área
Condição legal das terras
(Unidades) (Hectares)
Próprias 767 15.076
Concedidas por órgão fundiário ainda sem
titulação definitiva 36 29
Arrendadas 6 -
Ocupadas 10 -
Total 819 15.105
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2017)

Demografia

O município ocupa no estado o 60° lugar em população, correspondendo a 0,40%,


com densidade demográfica de 12,29 hab./km². Na Mesorregião Norte Maranhense, ficou em
20º lugar em habitantes com 1,01%, enquanto, na Microrregião Geográfica dos Lençóis
Maranhenses, correspondeu a 14,86%, ocupando a terceira posição. Segundo o IPEA (2010), o
IDHM foi de 0,535, ocupando a 182ª posição no Maranhão. A população estimada para o ano
de 2018 foi de 28.498 habitantes.
Entre 2000 e 2010, a população absoluta do município cresceu 23%, a população
masculina 24%, a feminina 22%, a urbana 68% e a rural 4%.
Em 2000, os percentuais foram: homens 52%, mulheres 48%, urbana 29% e rural
71%. Em 2010, os homens e mulheres continuaram com os mesmos percentuais, enquanto a
população urbana atingiu 40% e a rural 60% (Tabela 18). Nesses dez anos analisados, a
população, por gênero, manteve-se equilibrada, enquanto a urbana cresceu; a rural, embora
continue maior, demonstra tendência para diminuir, graças ao seu baixo percentual de
crescimento.
89

Tabela 18 - Distribuição da população residente


População Censo 2000 Censo 2010
Masculina 11.047 13.684
Feminina 10.219 12.505
Urbana 6.240 10.506
Rural 15.026 15.683
Absoluta 21.266 26.189
Fonte: IBGE – Censo Demográfico (2000; 2010)

Ao se analisarem os dados, pode-se observar que, na última década, houve


crescimento populacional expressivo na área urbana de 68%. Presume-se citar como indicador
desse crescimento a pavimentação da MA-311, que facilitou o acesso da sede municipal com
outras localidades, como também a entrada de atividades econômicas que proporcionaram o
desenvolvimento como o turismo e o comércio.
Quanto ao êxodo da área pesqueira, dá-se, principalmente, pela necessidade de
educar os filhos. Esse movimento, no entanto, apresenta um aspecto pendular, isto é, os chefes
de família ainda mantêm um vínculo de trabalho com as praias, principalmente, na época da
pesca, retornando para a cidade para comercializar o pescado.
O êxodo rural que se intensificou na última década provocou um crescimento
desordenado e pelo fato da cidade apresentar um fraco setor secundário e terciário que não
absorve a mão de obra e também pela falta de qualificação do migrante, vários problemas
socioeconômicos surgiram, como o uso de tóxico.

Saúde e Assistência Social

O município possui um hospital “Hospital Municipal Elda Ribeiro Fonseca” o qual


possui dois leitos de urgência e emergência e 26 leitos no setor de internação, além de
atendimento de obstetrícia e pequenas cirurgias.
A estrutura do hospital permite fazer alguns exames laboratoriais, ultrassonografias
e raios X. Em caso de transporte de pacientes em estado mais grave, é utilizada ambulância
com destino à cidade de Barreirinhas ou São Luís, ou ainda uma ambulancha (Figura 34), que
transporta os pacientes dos povoados litorâneos para a sede do município.
Os atendimentos mais frequentes são: trauma por acidentes de motos, acidente
vascular cerebral – AVC e doenças relacionadas ao trato digestivo.
90

Na rede de saúde municipal, a equipe é composta por cinco médicos, sendo um


cirurgião geral, um pediatra, um ginecologista, cinco enfermeiros, dez técnicos de enfermagem,
30 auxiliares de enfermagem, 82 agentes comunitários de saúde distribuídos na área urbana e
rural, além de quatorze agentes de vigilância epidemiológica e quatro agentes sanitários.
Além da assistência na área urbana, a zona rural é atendida por equipes do
Estratégia Saúde da Família (ESF) e Saúde Bucal, que atende toda a área municipal. Esse
programa possui dez equipes, compostas cada uma por dez enfermeiros, dez técnicos de
enfermagem, dez médicos e sete dentistas.
Além desses programas, funciona o Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS),
que atende à população, realizando acompanhamento clínico entre outros atendimentos. Nesse
centro são feitas consultas com clínicos gerais, fisioterapeutas, terapeuta ocupacional,
fonoaudiólogo, ortopedista, assistente social, farmacêutico e ginecologista, além de vários tipos
de exames.
Ademais, existe o serviço de parteira leiga no município, principalmente na área
rural.

Figura 34 - Ambulancha

Fonte: IMESC (2012)


91

Educação

Em 2017, o município matriculou 10.323 alunos, distribuídos em 1.629 na educação


infantil, 6.886 no ensino fundamental, 1.496 no ensino médio e 312 na EJA. O número de
docentes registrados foi de 614 (SEDUC/MA, 2017).
O número de estabelecimentos registrados, no ano mencionado, foi: 55 na educação
infantil, 66 no ensino fundamental, 2 no ensino médio e 8 na EJA (SEDUC/MA, 2017).

Economia

O município ocupou a 110ª posição, em relação ao PIB (IMESC, 2015), com o valor
de R$ 119,233 milhões, representando 0,15% do estado, sendo o setor de serviços o mais
representativo com uma contribuição de R$ 27,348 milhões, o agropecuário com R$ 14,190
milhões, o industrial com R$ 4,808 milhões e R$ 3,951 milhões com cobranças de impostos.
Ocupa a 168ª posição, em relação ao IDHM (2010), correspondendo a 0,287. A renda per capita
é de R$ 125,91, ocupando o 112º lugar no estado.
Vale ressaltar que as principais atividades econômicas do município estão ligadas
ao setor primário, destacando-se a agropecuária.

Agricultura

O município tem a sua renda concentrada principalmente na agricultura, em que


pese a tradicional roça de toco, cujo método inibe o desenvolvimento e dificulta a vida dos
agricultores. A referida atividade divide-se em agricultura temporária e permanente.

Agricultura Temporária

Os produtos de importância econômica na agricultura temporária são: mandioca,


arroz, milho e feijão.
Entre 2010 e 2017, pode-se observar que a área colhida diminuiu 65%, a quantidade
produzida 56% e o valor da produção 45%. Em área colhida, o arroz diminuiu 67%, o feijão
11%, a mandioca 61% e o milho 86%. Na quantidade produzida, o arroz, a mandioca e o milho
diminuíram 16%, 55% e 78%, respectivamente, ao passo que o feijão cresceu 27%. No
92

rendimento médio, o arroz aumentou 150%, a mandioca 15%, o feijão 43% e o milho 51%. O
valor da produção do arroz aumentou 100% e o do feijão 215%, enquanto a mandioca diminuiu
46% e o milho 74%.
Dos 2.808 hectares de área colhida em 2010, o arroz participou com menos de 1%,
o feijão 3%, a mandioca 75% e o milho 22%. Na quantidade produzida, das 15.040 toneladas,
o arroz e o feijão obtiveram menos de 1% cada, a mandioca 98% e o milho 2%. O rendimento
médio pode ser observado na Tabela 19. Quanto ao valor da produção, dos R$ 3,891 milhões,
os resultados foram: o arroz menos que 1%, o feijão 1%, a mandioca 94% e o milho 5% (Tabela
19).
Em 2017, dos 969 hectares de área colhida, menos de 1% foi ocupado com arroz,
7% com feijão, 84% com mandioca e 9% com milho. Das 6.662 toneladas produzidas, 98% foi
de mandioca, 1% de milho e menos de 1% para o feijão e o arroz. O rendimento médio pode
ser observado na Tabela 19. Para o valor da produção, cujo valor foi R$ 2.122 milhões, a
mandioca representou 94%, o feijão 4%, o milho 2% e o arroz menos de 1% (Tabela 19).
Refletindo sobre a quantidade produzida, o arroz é pesado e avaliado com casca e
a mandioca em tubérculos. Obviamente, isso influi no destino final do produto, pois o arroz vai
para o comércio beneficiado e a mandioca é transformada em farinha. Em ambos os casos, há
influência na tonelagem e na relação entre o produto inicial e o produto final no comércio.

Tabela 19 - Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção da


lavoura temporária
Área Colhida Quantidade Produzida Rendimento Médio Valor da Produção
Produto (Hectares) (Tonelada) (kg/ha) (Mil Reais)
2010 2017 2010 2017 2010 2017 2010 2017
Arroz 12 4 6 5 500 1.250 3 6
Feijão 73 65 22 28 301 431 26 82
Mandioca 2.100 810 14.700 6.561 7.000 8.100 3.675 1.985
Milho 623 90 312 68 500 756 187 49
Total 2.808 969 15.040 6.662 - - 3.891 2.122
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (2010; 2017)

Agricultura Permanente

A quase totalidade dos frutos produzidos provém de atividades domésticas, de


quintais. São considerados agricultura permanente a banana, a castanha de caju e o coco-da-
baía. Pela Tabela 20, verifica-se que, desses produtos, a banana é o mais importante.
93

Comparando o período analisado (2010-2017), a área colhida reduziu 17%, a


quantidade produzida 43% e o valor da produção 18%. Na área colhida, obtiveram queda a
banana em 40% e o coco-da-baía em 20%; a área destinada à castanha de caju cresceu 100%.
Na quantidade produzida, a castanha de caju caiu 53%, a banana e o coco-da-baía 58%; e a
castanha de caju aumentou 24%. No que tange ao rendimento médio, nesse período, a castanha
de caju aumentou 20%, o coco-da-baía 84%, enquanto a banana obteve decréscimo de 21%. No
valor da produção, a banana diminuiu 41%, o coco-da-baía 16%, enquanto a castanha de caju
aumentou 662%.
Em 2010, dos 119 hectares ocupados, 21% foram de banana, 42% de castanha de
caju e 37% de coco-da-baía. A quantidade produzida (excluindo-se o coco-da-baía, pois esse
produto foi contado em frutos por hectares, enquanto os outros dois foram em toneladas) foi de
240 toneladas, sendo que a banana correspondeu a 92% e a castanha de caju a 8%. O rendimento
médio pode ser observado na Tabela 20. Do valor da produção foram arrecadados R$ 214 mil,
dos quais 67% foi de banana, 7% da castanha de caju e 26% do coco-da-baía (Tabela 20).
Em 2017, a área colhida foi de 125 hectares, dos quais, 12% foram ocupados com
banana, 80% com castanha de caju e 8% com coco-da-baía. Na quantidade produzida, do total
de 152 toneladas (excluindo-se o coco-da-baía, por motivo colocado no parágrafo anterior), a
banana correspondeu a 68% e a castanha de caju a 32%. O rendimento médio pode ser
observado na Tabela 20. Quanto ao valor da produção, de R$ 253 mil, a banana influiu com
37%, a castanha de caju com 48% e o coco-da-baía com 18% (Tabela 20).

Tabela 20 - Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção da


lavoura permanente
Área Colhida Quantidade Produzida Rendimento Médio Valor da Produção
Produto (Hectares) (Toneladas) (kg/ha) (Mil Reais)
2010 2017 2010 2017 2010 2017 2010 2017
Banana 25 15 220 104 8.800 6.933 143 85
Castanha de caju 50 100 20 48 400 480 16 122
Coco-da-baía* 44 10 110 46 2.500 4.600 55 46
Total 119 125 - - - - 214 253
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (2010; 2017)
*Mil por frutos

Horticultura

De acordo com dados preliminares do censo agropecuário (IBGE, 2017), dedicados


à horticultura, haviam 37 estabelecimentos, dos quais, 3% produziram alface, 16% cebolinha,
94

11% coentro, couve, pimenta e quiabo cada, 13% maxixe e 24% milho verde. As referidas
hortaliças atingiram um total de 51 toneladas, distribuídas da seguinte forma: 4% cebolinha e
coentro cada, couve 2%, maxixe 37%, milho verde 8%, pimenta 27% e quiabo 18%. A produção
da alface foi menos de uma tonelada, logo seu quantitativo não foi disponibilizado (Tabela 21).

Tabela 21 - Número de estabelecimento e quantidade produzida, por produtos da


horticultura
Nº de Estabelecimento Quantidade Produzida
Produto
(Unidade) (Tonelada)
Alface 1 -
Cebolinha 6 2
Coentro 4 2
Couve 4 1
Maxixe 5 19
Milho verde (espiga) 9 4
Pimenta 4 14
Quiabo 4 9
Total 37 51
Fonte: IBGE – Produção Agropecuário (2017)

Pecuária

A pecuária é outra atividade econômica importante do município; os principais


rebanhos por números de cabeças estão na Tabela 22. Entre os anos analisados o efetivo total
do rebanho diminuiu 7%, os que obtiveram variação positiva foram: suíno 7%, ovino 3%,
caprino 3% e aves 1%; os que tiveram variação negativa foram: bovino 81% e equino 27%.
Como pode ser observado na referida tabela, das 54.145 cabeças em 2010, o bovino
representou 13%, equino 2%, ovino 2%, suíno 22%, caprino 7% e aves 54%. Em 2017, das
50.159 cabeças, os rebanhos obtiveram os seguintes percentuais: bovino 3%, equino 1%, suíno
26%, caprino 9%, ovino 3% e aves 58% (Tabela 22).

Tabela 22 - Efetivo dos rebanhos


2010 2017
Rebanho Número de cabeças Número de cabeças
(Unidades) (Unidades)
Bovino 7.188 1.358
Equino 889 651
Suíno 12.057 12.863
Caprino 3.899 4.760
Ovino 1.345 1.391
Aves 28.767 29.136
Total 54.145 50.159
Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal (2010; 2017)
95

Como a pecuária continua sendo extensiva, a exiguidade do rebanho está ligada


diretamente ao ambiente, uma vez que grande parte do território está em áreas de dunas, com
pouco espaço para pastos naturais.
A produção de origem animal restringe-se aos ovos de galinhas e ao leite. Em 2017,
foram produzidos 63.000 litros de leite que renderam R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) e
25.000 dúzias de ovos de galinhas, que arrecadaram R$ 106.000,00 (cento e seis mil reais). A
renda total dos dois produtos foi de R$ 226.000,00 (duzentos e vinte e seis mil reais).

Extrativismo

Os principais produtos extrativos vegetais, de acordo com o IBGE (2017),


totalizaram 440 toneladas, dessas, o carvão vegetal representou 96% e a juçara 4%. Nesse
mesmo ano, obteve-se uma produção de 15.130 metros cúbicos de lenha. O total do valor da
produção foi de R$ 1.025.000,00 (um milhão, vinte e cinco mil reais), dos quais 4% foi da
comercialização da juçara, 52% do carvão vegetal e 44% da lenha (Tabela 23).
O carvão vegetal e a lenha são atividades preocupantes pelo impacto ambiental,
causado, principalmente, no desmatamento e na massa de ar, pela emissão de fumaça. No
município não foi identificada atividade extrativa mineral.

Tabela 23 - Quantidade e valor da produção extrativista vegetal


Quantidade Produzida Valor da produção
Produto
Tonelada Metros Cúbicos (Mil Reais)
Carvão vegetal 423 - 529
Lenha - 15.130 454
Juçara 17 - 42
Total 440 15.130 1.025
Fonte: IBGE – Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (2017)

Pesca e Aquicultura

Por possuir rios e ser banhado pelo mar, Humberto de Campos é produtor de peixe
e camarão. Embora não existam informações sobre a produção, as 3.000 pessoas inscritas como
profissionais na colônia e no sindicato de pescadores, cerca de 1.800 sindicalizados, são um
indicador da importância dessa atividade econômica para o município.
96

As espécies mais comuns são: pescada amarela (Cynoscion acoupa), piau


(Leporinus obtusidens), curimatá (Prochilodus spp.), entre outros.
Referente à produção da aquicultura, o IBGE registrou, em 2017, uma produção de
57.398 quilogramas, que foram distribuídos da seguinte forma: 35% tambaqui, 29% tilápia; e
37% ostras, vieiras e mexilhões. O valor da produção registrado, naquele aludido ano, foi de
R$ 417 mil, com as seguintes contribuições: tambaqui 48%; tilápia 39%; 13% ostras, vieiras e
mexilhões (Tabela 24).

Tabela 24 - Produção e valor da aquicultura, por tipo de produto


Quantidade Produzida Valor da Produção
Espécie
(Quilogramas) (Mil Reais)
Tambaqui 20.000 200
Tilápia 16.398 164
Ostras, vieiras e mexilhões 21.000 53
Total 57.398 417
Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal (2017)

Indústria

No município, há 76 indústrias, sendo: 27 de extração de minerais não metálicos,


nesse caso, extração de sal marinho; 11 de fabricação de produtos alimentícios; uma de
fabricação de produtos têxteis; quatro de confecção de artigos do vestuário e acessórios; quatro
de impressão e reprodução de gravações; três de fabricação de produtos de minerais não
metálicos; três de fabricação e produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos; três de
fabricação de móveis; uma de distribuição de energia elétrica; uma de coleta, tratamento,
disposição de resíduos e recuperação de materiais; dez de construção civil e oito de serviços
especializados para construção (BRASIL, 2019).

Comércio

O comércio na sede distribui-se em quitandas (Figura 35), as quais são pequenos


estabelecimentos comerciais antigos em que o freguês pode encontrar todo o tipo de utensílios
para a casa e trabalho. Com o surgimento das redes comerciais atacadista e varejista, essas
foram desaparecendo, sendo substituídas por supermercados e feiras, cujo abastecimento é
realizado por transportadoras de São Luís e outros estados. Ao longo da área comercial, é
97

possível ver inúmeros produtos expostos nos comércios e nas suas calçadas, como por exemplo,
a farinha d’água (Figura 36), produto alimentício indispensável na mesa do maranhense.
Foram registrados 562 estabelecimentos comerciais no município, sendo: 28 de
comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas; seis de comércio atacadista e 528
de comércio varejista (BRASIL, 2019).

Figura 35 - Estabelecimento comercial tradicional (quitanda)

Fonte: IMESC (2012)

Figura 36 - Comercialização da produção local (farinha de mandioca


e farinha de tapioca)

Fonte: IMESC (2012)


98

Turismo

O turismo é umas das atividades econômicas mais utilizadas nas cidades litorâneas.
O município possui um potencial muito grande, devido ao vasto ecossistema costeiro
possuindo, inúmeras ilhas, praias com largo trecho de areias alvas, dunas (Figura 37) e floresta
de mangues com animais típicos desses ambientes. No município, de acordo com dados do
CADASTUR, há três meios de hospedagem registrados (BRASIL, 2019).

Figura 37 - Duna próxima à área urbana localizada à margem do curso inferior do


Rio Periá

Fonte: IMESC (2012)

Como atrações turísticas, destacam-se:


Cordão de São Gonçalo: um bailado belíssimo do qual podem participar homens e
mulheres de todas as idades. É feito sempre como pagamento de uma promessa a São Gonçalo
cuja graça foi alcançada.
Boi de Muitas Pernas: trata-se de um boi de São João, sob o qual ficam inúmeras
pessoas para fazê-lo dançar, apresentando-se todos os anos nas festas juninas (Figura 38).
A culinária é rica em sabores variados, destacando-se o cuxá, preparado à base de
folha de vinagreira (planta nativa), acrescida de gergelim, farinha seca e camarão. Esse,
geralmente, é servido com arroz branco, peixe frito e/ou torta de camarão. Os frutos do mar
também compõem a base da variedade de pratos típicos: caldeirada, torta de camarão, fritada
de mariscos e peixadas, além da galinha caipira acompanhada de pirão (angu de farinha seca de
mandioca).
99

Figura 38 - Boi de Muitas Pessoas

Fonte: Prefeitura Municipal de Humberto de Campos (SEMTUR, 2012)

Utilizam-se também de embarcações para passeio pelo Rio Periá (Figura 39). Outra
importante atração turística é o povoado Periá, à margem do rio homônimo. Ali, um grupo de
mulheres trabalha com o barro, desenvolvendo atividades diversas. Inicialmente, faziam,
principalmente, potes de barro enormes, parecendo com as urnas mortuárias dos índios. Com o
advento do plástico, esses potes, que eram utilizados como recipiente de água, foram perdendo
o valor. Então, as artesãs diversificaram a produção para travessas, bandejas e outros utensílios
domésticos, animais e até flores de barro.
Periá cria alma nova e perde o bucolismo, em dezembro, quando festeja o Divino
Espírito Santo com mastros, caixeiras, bandeireiras, imperadores e mordomos ricamente
vestidos. Dizem que, no que tange ao luxo, a festa do Divino de Periá rivaliza com a de
Alcântara.
100

Figura 39 - Embarcação tradicional utilizada para transporte, pesca e


passeios

Fonte: Prefeitura Municipal de Humberto de Campos (SEMTUR, 2012)

Poderes Judiciário e Legislativo

O município é comarca, funcionando na cidade dois cartórios e 86 seções eleitorais


(TSE, 2012). Acrescenta-se ainda que, nas eleições de 2018, possuía 21.541 eleitores e 11
vereadores (TSE, 2018).

Religião

O catolicismo possui três igrejas na sede, sendo uma matriz dedicada ao padroeiro
São José do Periá (Figura 40) e, aproximadamente, dezenove capelas distribuídas pelo espaço
rural. A igreja matriz em forma de T apresenta na frente um pavilhão que termina na torre onde
fica o sino. No interior, o altar fica de frente, ladeado por duas alas, além do espaço da entrada,
em cujas alas e blocos de frente ficam os bancos. Os altares são distribuídos de maneira
harmoniosa. Esses contam com santos de considerável tamanho, principalmente a Santa Ana,
alguns desses são de madeira.
Os principais festejos são o de Santa Ana e o do padroeiro na sede municipal e a do
Divino Espírito Santo no povoado Periá.
101

Os evangélicos possuem vários templos na área urbana e rural, dentre os quais, cita-
se: Assembleia de Deus, Quadrangular, Batista Nacional, Testemunha de Jeová, Universal do
Reino de Deus, entre outros.
As religiões afro-brasileiras, são representadas por terreiros, principalmente na área
rural.

Figura 40 - Igreja Matriz dedicada a São José do Periá

Fonte: IMESC (2012)

Segundo o IBGE (2010), a religião predominante é o catolicismo, representando


73% da população, seguido pelos evangélicos com 17%, sem religião 7% e outras religiões 2%.
Espírita e umbanda/candomblé representaram menos de 1% (Tabela 25).

Tabela 25 - Distribuição da população por religião


Religião Número de Adeptos
Católica 19.096
Evangélica 4.378
Espírita 12
Umbanda e Candomblé 15
Outras Religiões 534
Sem Religião 1.685
Não Sabem 469
Total 26.189
Fonte: IBGE – Censo Demográfico (2010)
102

Infraestrutura

O abastecimento de água na área urbana é de responsabilidade da CAEMA, por


meio da captação de poço artesiano. Na área rural, embora seja também abastecida de poço
artesiano, são os moradores que se responsabilizam, individualmente ou por iniciativa das
comunidades. Foram registradas 951 ligações em todo o município (BRASIL, 2015).
O município não tem rede de esgoto. O esgotamento sanitário é feito por meio de
fossas, por iniciativa de cada morador. Nesse sentido, foram registradas 1.814 fossas (BRASIL,
2015).
O lixo é coletado só na área urbana, em dias alternados, em uma caçamba e um
compactador. Em seguida, é depositado em um lixão a céu aberto a 15 km de distância da sede.
A energia elétrica é de responsabilidade da CEMAR. O número de consumidores,
em todo o município, em 2015, foi de 77.561, com 93% de ligações residenciais, 5% é
comercial, 2% do poder público e menos de 1% de indústria, serviço público, rural, iluminação
pública e consumo próprio. Quanto ao consumo dos 31.925.787 MWh, 60% foi residencial,
19% comercial, 11% para a iluminação pública, 6% para o poder público, 2% para o serviço
público e 1% para o industrial; o rural e a CEMAR obtiveram menos de 1% (Tabela 26).

Tabela 26 - Consumidores e consumo de energia elétrica por classe


Usuário Número de consumidores Consumo em Mwh
Residencial 71.955 19.058.201
Industrial 91 425.762
Comercial 3.580 6.048.821
Rural 204 28.778
Poder Público 1.611 1.971.872
Iluminação Pública 12 3.643.936
Serviço Público 72 704.084
CEMAR 36 44.333
Total 77.561 31.925.787
Fonte: CEMAR (2015)

Serviços e Comunicação

O sistema bancário está representado por três agências, sendo: Banco do Brasil,
Bradesco e Banco da Amazônia, além de duas casas lotéricas.
103

A comunicação postal é de responsabilidade da Empresa Brasileira de Correios e


Telégrafos (ETC). Enquanto isso, a telefonia fixa e a internet são de responsabilidade da Oi; e
a móvel é feita operadoras Oi, Vivo e Tim.
Como instrumento de comunicação, o município dispõe de uma repetidora de sinal
de televisão local, além das rádios Cidade de Vitória, Babaçu e Vitória FM. Existe, ainda, a
veiculação de jornal impresso “A folha AVL”.

Folclore e Lazer

As manifestações culturais que podem ser observadas no município ocorrem no


período do carnaval, quando os foliões reúnem-se formando blocos de rua, percorrendo toda a
cidade. No período junino, são realizadas as festas de São Pedro e São João, com a construção
de arraiais, onde são feitas apresentações de grupos folclóricos da região, como: quadrilhas,
danças, bumba meu boi, cacuriá, entre outros.
O folclore da região é muito diversificado, estão vinculadas a ele as seguintes
brincadeiras: Cordão de São Gonçalo, Pastor, Reis, Bumba meu boi (um muito conhecido na
região é o Famosão, no qual existe um boneco do boi com cerca de 3 metros de comprimento).
Como lazer, tem-se o futebol, bastante apreciado pela juventude, aos finais de
semana, além dos balneários que ficam ao longo do curso do Periá. O município dispõe de
quatorze quadras poliesportivas, um ginásio esportivo com capacidade para 8.000 pessoas,
inúmeros campos de futebol, além do estádio “O Lorão”. Para alimentação, existem oitos
restaurantes que possuem no cardápio comidas típicas da região. Funcionam ainda na cidade
clubes onde são promovidas festas dançantes, além das praças que servem de ponto de encontro
para os jovens.

Lendas

Segundo Santos (2005), existem algumas lendas que circulam na região:


• Antes da chegada da energia elétrica de Boa Esperança, a sede do município
tinha energia até as 22 horas. Contam os mais velhos que, durante a noite de São João, à meia-
noite, passava pelas ruas da cidade um cavaleiro com veste toda prateada que brilhava muito.
Tratava-se de um príncipe bem arrumado montado em um cavalo.
104

• Outra lenda conhecida é a dama de padre que diz que, nas noites escuras, uma
dama chamada Ambrosina virava cavala-canga (mula sem cabeça) e percorria as ruas da cidade
altas horas da noite, porque era namorada do padre. Por isso, há tradição de que quem namora
padre vira cavala-canga.
• Na localidade Ilha Igapó, na noite de São João, apareciam três ondas. Na última,
vinha um boi que ficava correndo na praia, com uma corrente dourada. Quem conseguisse pegar
a corrente desencantaria a ilha e encantaria a Ilha de São Luís. Segundo a população local, até
hoje a ilha é mal-assombrada, não podendo ser habitada nem nela serem feitos ranchos de
pescadores. Os muricizeiros são enfileirados, dando ideia de ruas.
• No povoado Periá existe uma lagoa chamada “Lagoa Grande”; falam que
ninguém conseguiu morar nas suas proximidades. Várias pessoas tentaram fazer casas, mas
quando chegava à noite começavam a ouvir barulhos intensos, impedindo que alguém dormisse
naquele local.
• Na estrada velha Humberto de Campos – Periá, bem próximo ao povoado,
existiam vários bacurizeiros bem altos. O lugar era sombrio, muito esquisito, principalmente
no final da tarde, dando medo a quem passava. Muitos comentavam que, nesse lugar, um
homem, ao subir no bacurizeiro, caiu e faleceu. O lugar ficou mal-assombrado e, quando as
pessoas passavam a noite, ouviam o homem gritar assim: “lá vai o braço” e caía o braço; “lá
vai a perna” e caía a perna, assim por diante, até cair o corpo inteiro. Até hoje, existem alguns
pés de bacuri nesse local, e a lenda continua.
• Segundo relatos de Mundico Seabra, durante a guerra da Balaiada, um morador
da cidade, conhecido como Frazão, mandou cavar um poço e depositou toda a riqueza que
possuía, cobrindo-o com uma camada de vidro quebrado, mandou entrar os dois escravos que
haviam cavado o poço, e os atirou nele, matando-os. Fugiu com toda a família para voltar
depois, mas nunca voltou. O tesouro ainda continua debaixo do chão. De vez em quando
pessoas vão ao local para procurar, mas se acharem-no, ficam “abestalhadas”. Dizem que, o
poço aparece, elas ficam sem ação e depois torna a desaparecer. A barreira quebrou e acharam
prata. O prefeito Joaquim Bragança fez a conta, na época estava com 118 anos.

Transporte

A cidade de Humberto de Campos fica a 150 km aproximadamente da capital do


estado. Essa distância pode ser vencida pela BR-135 até o município de Bacabeira. Depois,
105

segue-se a esquerda, percorrendo a BR-402/MA-110, passando pela cidade de Rosário,


atravessando a ponte sobre o Rio Itapecuru. Percorrendo cerca de 30 km, alcança-se a cidade
de Morros. Logo depois, cerca de 80 km pela BR-402 e MA-311, chega à cidade de Humberto
de Campos.
Antes da pavimentação da rodovia MA-311, o transporte fluviomarinho era o único
que ligava a Ilha do Maranhão, pelo porto de São José de Ribamar, à cidade de Humberto de
Campos. Essa viagem é feita por lanchas de grande porte, que saem do porto do Barbosa,
localizado na cidade balneária de São José de Ribamar. Com duração aproximada de 10 horas,
a navegação é feita pelas baías de São José, Tubarão e Carrapatal até chegar à foz e ao baixo
curso do Rio Periá, onde está localizada a sede municipal.
106

5 PAULINO NEVES

Símbolos Municipais

Brasão

Bandeira
107

Hino

Paulino Neves minha terra tão querida


Fostes escolhida por esta grande nação
Entre as rainhas tu fostes escolhida
Berço divino de toda população.

Teus filhos sempre estarão de frente erguida


Terra querida de poetas e cantores
De onde ela pesca se formam grandes famílias
Dos mais humildes até os agricultores.

Minha cidade crescendo hei de te ver


Com toda força deste povo varonil
Com esperança haveremos de vencer
Porque formamos um pedaço do Brasil.

Letra: Helena Cabral

Localização

Localizado no Litoral Oriental, o município Paulino Neves faz parte da


Mesorregião Norte Maranhense e Microrregião Geográfica dos Lençóis Maranhenses.
Limita-se ao Norte com o Oceano Atlântico e com município de Tutóia; nas demais
direções, com os seguintes municípios: ao Oeste, com Barreirinhas; ao Sul, com Santana do
Maranhão; e ao Leste, com Tutóia (Mapa 5).
Os pontos extremos do município correspondem às seguintes coordenadas
geográficas: Norte -02°37’33” de latitude e -42°38’28” de longitude, Oeste -42°46’37” de
longitude e -03°00’02” de latitude, Sul -03°03’35” de latitude e -42°40’53” de longitude e Leste
-42°25’58” de longitude e -02°44’11” de latitude.
108

Mapa 5 - Localização do município Paulino Neves

Fonte: IBGE; IMESC (2016)


109

Extensão

Com 979,178 km², o município ocupa o 104° lugar em extensão, correspondendo a


0,29% da área territorial do estado. Na Mesorregião Norte Maranhense, situa-se em 20° lugar
com 1,87% e, na Microrregião Geográfica dos Lençóis Maranhenses, ocupa a última posição,
representando 9,10%.

Processo de Ocupação3

A história de ocupação do espaço onde atualmente localiza-se a cidade de Paulino


Neves perdeu-se no tempo, uma vez que não se pode determinar com exatidão o início da
ocupação.
Segundo informações do Sr. José dos Reis, os primeiros moradores foram a família
Diniz, que pode ser de origem portuguesa ou os descendentes dela habitavam à margem do
Lago Taboa. De tempos em tempos, foram chegando outras famílias. Os Araújos Nolascos, por
serem mais abastados, dedicaram-se ao pastoreio caprino, bovino, ovino e equino, enquanto os
menos abastados voltaram-se para a pesca.
À proporção que a população aumentava, ia deslocando-se para uma área rebaixada
entre a restinga e a várzea, dada à facilidade de abrir pequenas cacimbas para abastecimento de
água.
Nessa área rebaixada, há o Lago Tábua, grande e volumoso e a Lagoa Tábua.
O lago Tábua deságua no Rio Preguiças. Em 1907, houve uma grande estiagem que
prejudicou o nível de água do lago que, em virtude disso, deixou de desaguar no Rio Preguiças,
principalmente, porque o afluente desapareceu, sendo o seu leito assoreado pelas dunas.
No ano seguinte, em 1908, as chuvas chegaram com intensidade e o lago
transbordou, inundando grande parte dos campos e várzeas.
Impossibilitado de desaguar, pelo assoreamento do canal que ia dar no Rio
Preguiças e pelo acúmulo da água na parte mais baixa, gradativamente, a massa líquida
começou a escoar por um pequeno canal, atravessando o campo e as várzeas, começando assim
a surgir um novo rio, denominado de Rio Novo que, inicialmente era um riacho que se podia
atravessar a pé, mas que com o passar dos tempos, foi se enlarguecendo e aprofundando com o
leito intercalado de ilhotas, as quais foram desaparecendo, ficando somente uma.

3
Histórico retirado do Estudo Preliminar dos Lençóis Maranhenses.
110

Hoje, o Rio Novo é um rio soberbo. Na sede municipal, adquire dimensões e largura
que se assemelham às do Rio Preguiças, embora tenha menos meandros.
Pelas informações da população local, tudo leva à hipótese de que ele nasça no lago
Taboa que, por sua vez, é alimentado por inúmeros tributários, principalmente, pelo Rio
Formiga (conhecido também como Fome). O referido rio tornou-se um acidente físico misto.
Quanto ao nome do município, o povoado rural, que foi escolhido para a sede
municipal, era chamado de Rio Novo. O referido povoado, que se desenvolveu em ambas as
margens do rio homônimo, tinha parte da sua margem esquerda sob a jurisdição do município
de Tutóia, enquanto a margem direita pertencia a Barreirinhas, já que o Rio Novo servia de
divisa entre os dois municípios.
Com a criação do município, parte da margem direita foi incorporada ao novo
município.
O nome Paulino Neves deve-se a uma homenagem prestada a um coronel
latifundiário, que se considerava “dono do lugar”, e que era influente político em Tutóia, tendo
dirigido aquele município por muitas décadas.
No povoado, existiam dois “domínios” políticos, ambos ligados ao coronel; do lado
de Barreirinhas, era o Capitão Joaquim Oliveira de Araújo e na parte de Tutóia, o João Lopes.
O município foi criado pela Lei nº 6.185, de 10 de novembro de 1994, sendo o seu
território desmembrado dos municípios de Barreirinhas e Tutóia.
O primeiro prefeito do município foi Josemar Oliveira Vieira, seguido por Antonio
Costa Barros e Raimundo de Oliveira.

Ambiente Físico

De acordo com a UEMA (2002), o embasamento geológico do município


corresponde a três formações: Aluviões Marinhos, Depósitos Eólicos e Grupo Barreiras. A
primeira formação encontra-se na porção Centro-Norte, sendo constituída por cascalho, areias
e argilas inconsolidadas. Os depósitos eólicos são encontrados em pequenas porções,
recobrindo a formação Barreiras. Estes depósitos formaram-se no Quaternário (1 milhão e 500
mil anos atrás). A Formação Barreiras de idade terciária, entre 66,4 e 1,6 milhões de anos atrás,
está estruturada por sedimentos clásticos, mal selecionados, com arenitos caulínicos e lentes de
folhelhos.
111

Em relação à geomorfologia, o município pertence aos Lençóis Maranhenses, que


correspondem às faixas litorâneas e sublitorânea da porção oriental do estado, constituído por
restingas, dunas e campos de deflação eólica.
O embasamento geológico do município favoreceu a formação de dois grupos
pedológicos principais: gleissolos e neossolos quartzarênicos. O primeiro grupo encontra-se nas
áreas com alto teor de sais minerais, próximo à desembocadura do rio, compreendendo solos
hidromórficos, sujeitos a alagamentos periódicos; em geral, constitui-se de solos mal drenados,
com textura variando desde argilosa à arenosa. Os neossolos quartzarênicos, são solos rasos,
com baixos teores de argila, apresentam-se em relevo suave ondulado (UEMA, 2002).
O clima é tropical úmido, possuindo dois períodos distintos: chuvoso de janeiro a
junho e de estiagem de julho a dezembro. A temperatura média anual é superior a 27°C, com
umidade relativa do ar entre 76% e 82% e índices pluviométricos entre 1.200 e 1.600 mm.
As características supracitadas possibilitaram a formação de uma cobertura vegetal
marcada pela presença de um mosaico de pastagens, matas abertas e campos cerrados. No
município, encontram-se áreas sujeitas a inundações sazonais, englobam-se, nesse tipo, as
associações vegetais e suas variadas fisionomias, que ocorrem nos litorais arenosos, sendo as
espécies mais comuns: capim-de-areia (Panicum racemosum), alecrim-da-praia (Hybanthus
ipecacuamba), carrapicho-da-praia (Acicarpha spathulata), dentre outras.
Parte do território municipal encontra-se na APA Upaon-Açu/Miritiba/Alto
Preguiça.

Espaço Urbano

A identidade principal da cidade é o Rio Novo que a atravessa no sentido


Leste/Oeste. É um rio com, aproximadamente, 50 m de largura e uma profundidade bastante
significativa, cujas margens, em alguns pontos, são abruptas e, em outros pontos, caem
suavemente. Neste último caso, invadem os quintais das casas que dão o fundo para às margens,
estabelecendo privacidades para os moradores, que além de ter um rio próprio, dispõem área de
lazer individualizada.
Paralela à margem direita, encontra-se a Avenida Rio Novo (Figura 41), em grande
parte calçada por bloquetes de cimento e asfalto. Ali está praticamente o centro urbano,
prefeitura, igreja, praça, área para esporte, salão de beleza, bares e um pequeno comércio.
112

Nas proximidades do trecho cimentado da avenida Rio Novo, há uma travessa que
vai até uma ponte grande de madeira (Figura 42), sem balaustrada, que atravessa o rio. Próximo
à ponte, há um pequeno aglomerado de bares e comércios tipo quitanda. Essa área é bastante
animada, uma vez que a maioria que sai dos bares cria um aspecto festivo.

Figura 41 - Avenida Rio Novo

Fonte: IMESC (2013)

Figura 42 - Ponte sobre o Rio Novo

Fonte: IMESC (2013)


113

Atravessando a ponte, atinge-se a Avenida Paulino Neves (Figura 43), nas


proximidades da Praça Zeca Penha e da Igreja São Sebastião (Figura 44). Essa via acompanha
a margem esquerda do Rio Novo, sendo pavimentada com bloquetes de cimento.

Figura 43 - Avenida Paulino Neves

Fonte: IMESC (2013)

Figura 44 - Praça Zeca Penha e Igreja São Sebastião

Fonte: IMESC (2013)


114

As demais vias são ruas ou travessas que partem de ambas as avenidas, algumas
terminando na área de campos, várzeas e restingas, facilitando o acesso às dunas que, embora
distantes, podem ser observadas a parir dessas próprias ruas (Figura 45), dando, assim, à área
urbana uma sensação de paz.

Figura 45 - Via que leva ao campo de dunas

Fonte: IMESC (2013)

Em 2017, uma nova ponte foi construída sobre o Rio Novo, com 140 metros de
extensão e 12 metros de largura. Essa, possibilita a passagem de vários veículos por vez e
suporta transportes de carga, caminhões e outros veículos de grande porte. Foram construídas
duas pistas, uma para ciclovia e outra para área protegida aos pedestres (Figura 46). Essa
construção foi de grande utilidade para o escoamento da produção, deslocamento de pessoas
para outras localidades, impulsionando o turismo e facilitando o acesso à Rota das Emoções.
115

Figura 46 - Nova ponte construída sobre o rio Novo

Fonte: Governo do Estado do Maranhão (2017)

A malha viária da sede (Figura 47) é composta de 44 ruas, duas estradas, três
avenidas (uma delas arborizada) e parte da rodovia MA-315.
Os bairros da cidade são: São João Batista, Anil, Cajazeiras, Novo Horizonte,
Marrocos, Cacimba, Redondo, Arame, São Sebastião, Caixa d’Água, Carraspão, Santa Bárbara,
Gramado, Portelinha e Campo Verde. Completando o espaço urbano, estão quatro praças, sendo
uma arborizada.

Figura 47 - Planta da cidade

Fonte: IBGE (2007)


116

As casas são pequenas, um pouco baixas, com tendência a serem estreitas na frente,
alongando-se para o fundo. Os quintais são grandes, bastantes arborizados com árvores
frutíferas e limpos, varridos, com areia exposta.
A área urbana de Paulino Neves tem 3,14 km², o que corresponde a 0,32% do
município (IMESC, 2013).
Incluindo o espaço rural o município tem 3.050 casas de tijolos, 124 de taipa
revestida, 170 de taipa não revestida, 107 de madeira e 77 de outros materiais (BRASIL, 2015).
Chamam a atenção os tipos de moradias, ao longo das estradas vicinais, pois são quase elas
todas de tijolos, com telha colonial e avarandadas.

Espaço Rural

O espaço rural de Paulino Neves era composto, em 2011, por sítios, povoados,
projetos de assentamento e uma fazenda, denominados abaixo.
Sítios: Acenso, Água Fria, Água Riquinha, Alazão, Alegre, Alto Bonito, Amaro,
Anajá I, Anajá II, Anajazinho, Baixa da Boia, Baixa dos Cavalos, Baixinha I, Baixinha II,
Balsas, Bananeira, Barra do Tatu, Barras, Barro Vermelho, Barrocão, Beira do Lago, Belo
Horizonte, Boa Fé, Boa Vista, Boca do Rio, Boiada, Bom Fim, Bom Jesus, Bom que Dói, Bom
Sucesso, Borrachudo, Buriti, Buriti Amarelo, Buriti Redondo, Cabeceira, Cabeceira do Alegre,
Caboba, Cachoeira I, Cachoeira II, Caeté, Cajazeiras, Cajueiro, Canudo, Carrapato, Cedro,
Centro, Centro do Euzébio dos Reis, Centro do Zé Firmino, Centro dos Caldas, Centro Velho,
Conceição, Contendas I, Contendas II, Contendas III, Deserto, Diogo do Pedro, Estiva I, Estiva
II, Estrema, Fazendinha, Funil, Guajeru, Guarima, Ilha dos Camaleões, Inácio da Luz, Jenipapo,
Juçara, Jurema, Jurubebal, Lagoa Comprida, Malhada, Mangaba, Mangueira, Marajá,
Marmorana, Mata dos Anúncios, Meladinho, Mirim, Morro Branco, Mulungu, Mundo Novo,
Olho d’Água, Palmeira dos Rodrigues, Passagem do Lago, Passagem Grande, Pedras II, Penha,
Pequizeiro I, Pequizeiro II, Poços, Ponta Grossa, Ponte, Porto da Mata, Quebra Anzol, Recanto
da Ilha, Recanto Grande, Riacho do Meio, Riacho I, Riacho II, Rio Grande, Rio Velho,
Salgadinho, Santa Luzia, São Bernardo, São Domingos, São Felix, São João, São Joaquim, São
Lourenço, São Pedro, São Raimundo I, São Raimundo II, Taboca I, Taboca II, Tapera, Tiuba,
Vargem do Tanque, Varginha e Vista Alegre.
Comunidade Quilombola: Canto do Lago.
117

Assentamento: Baixão dos Almeidas, Boa Esperança/Tiuba, Cardosa, Copaíba,


Pedras I, Prata, Santa Rita, Siquiriba/Extrema e Tingidor, Passagem do Lago, São Francisco,
São José.
Povoados: Mata e Simplício.
Fazenda: Fazenda Modelo.

Utilização das Terras

Na Tabela 27, estão plotadas informações sobre o espaço rural municipal, estando
grande parte dos estabelecimentos voltados principalmente para a agricultura temporária e
permanente e lâmina d'água, tanques, lagos, açudes, área de águas públicas para aquicultura, de
construções, benfeitorias ou caminhos, de terras degradadas e de terras inaproveitáveis. A
análise quantitativa é comprometida, devido a um estabelecimento se dedicar a mais de uma
atividade.
Dos 1.520 hectares utilizados em 2017, 32% estão com a lavoura temporária, 21%
pastagens naturais, 14% pastagens plantadas em más condições, 13% matas ou florestas
naturais, 8% lavoura permanente, 4% pastagens plantadas em boas condições. As demais
classes representaram juntas 8% (Tabela 27).

Tabela 27 - Número de estabelecimento e área, segundo a utilização das terras


Nº de
Utilização das terras Estabelecimento Área (ha)
(Unidade)
Lavouras permanentes 443 125
Lavouras temporárias 890 482
Pastagens naturais 334 313
Pastagens plantadas em boas condições 258 66
Pastagens plantadas em más condições 170 219
Matas ou florestas naturais destinadas à preservação
4 4
permanente ou reserva legal
Matas ou florestas naturais 124 191
Sistemas agroflorestais – área cultivada com espécies
florestais, também usada para lavouras e pastoreio por 191 64
animais
Lâmina d'água, tanques, lagos, açudes, área de águas
públicas para aquicultura, de construções, benfeitorias ou
918 56
caminhos, de terras degradadas e de terras
inaproveitáveis
Total - 1.520
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2017)
118

Condição Legal das Terras

Quanto à condição legal das terras em 2017, há 1.494 estabelecimentos. Desses, as


terras próprias representavam 56%, as concedidas por órgão fundiário ainda sem titulação
definitiva 4%, as em parceria 28%, as ocupadas 11%, as arrendadas e em regime de comodato
menos de 1% cada.
Na distribuição da área, dos 1.519 hectares, verifica-se que ocorreu uma grande
concentração de terras próprias representando 70% do total, 3% foram concedidas por órgão
fundiário ainda sem titulação definitiva, 16% em parceria, 10% ocupadas e 1% arrendadas e
em regime de comodato (Tabela 28).

Tabela 28 - Número de estabelecimento e área, segundo a condição legal das terras


Estabelecimento Área
Condição legal das terras
(Unidades) (Hectares)
Próprias 845 1.061
Concedidas por órgão fundiário ainda sem
titulação definitiva 53 41
Arrendadas 9 8
Em parceria 421 246
Em regime de comodato 3 8
Ocupadas 163 155
Total 1.494 1.519
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2017)

Demografia

O município ocupou, em 2010, o 128º lugar no ranking populacional maranhense


com 14.519 habitantes, equivalendo a 0,22% da população estadual. Na Mesorregião Norte
Maranhense, correspondeu a 0,56%, sendo o 39º município em população. Na Microrregião
Geográfica dos Lençóis Maranhenses, estava na 4ª posição, representando 8,24% dos
habitantes. A densidade demográfica do município foi de 14,83 hab./km². O IDHM foi de 0,561,
ocupando a 136ª posição no estado. A estimativa da população, no ano de 2018, foi de 15.901
habitantes.
Entre 2000 e 2010, a população cresceu em 26%, ou seja, um acréscimo de 2.993
pessoas. Esse crescimento foi maior na área urbana, com registro de 36% contra 22% da zona
rural, onde a população estava concentrada com 70% em 2000 e com 68% em 2010; enquanto
119

a população urbana correspondeu a 30% e 32% nos respectivos censos analisados. Relacionado
ao gênero, predominou o masculino no decênio com 52% contra 48% do feminino. Quanto ao
crescimento, houve um equilíbrio em ambos os sexos com 26% (Tabela 29).

Tabela 29 - Distribuição da população residente


População Censo 2000 Censo 2010
Masculina 5.957 7.502
Feminina 5.569 7.017
Urbana 3.413 4.654
Rural 8.113 9.865
Absoluta 11.526 14.519
Fonte: IBGE – Censo Demográfico (2000; 2010)

Saúde e Assistência Social

A referência na área da saúde no município é o Centro de Saúde Santa Teresinha


(Figura 48) que realiza consultas ambulatoriais, ultrassonografias, exames laboratoriais,
atendimentos odontológicos e fisioterapias. A equipe de profissionais da saúde nesse centro é
composta por três médicos, cinco enfermeiros, dez técnicos de enfermagem, dois auxiliares de
enfermagem, um fisioterapeuta e um nutricionista.

Figura 48 - Centro de Saúde

Fonte: IMESC (2013)


120

O município possui cinco equipes do ESF e cinco equipes do programa Saúde


Bucal. Este programa tem cinco dentistas, enquanto aquele é composto por cinco médicos,
cinco enfermeiros e cinco técnicos de enfermagem. Vincula-se ao ESF, a distribuição gratuita
de alguns medicamentos, assim como o programa Farmácia Básica, que também distribui
remédios gratuitamente.
Dando suporte aos atendimentos à saúde da população, funcionam quatro postos de
saúde com 39 agentes comunitários de saúde (distribuídos oito na sede e 31 na zona rural); dois
agentes da vigilância epidemiológica; seis da vigilância sanitária; além de duas ambulâncias,
as quais, em casos mais graves, encaminham os pacientes ao hospital local (Figura 49), o qual
é de responsabilidade estadual equipado com quatro leitos para urgência/emergência, 16 leitos
para internação e sete enfermarias. O referido hospital conta com uma equipe de profissionais
composta por seis médicos, igual número de enfermeiros e 24 técnicos de enfermagem.

Figura 49- Hospital Municipal de Paulino Neves

Fonte: IMESC (2013)

O hospital oferece consultas, exames laboratoriais, atendimentos de urgência e


emergência, cirurgias de médio porte, raios X e outros tipos de exames. Os casos de
gastroenterocolite aguda e doenças respiratórias são os atendimentos mais frequentes. O
hospital dispõe de uma ambulância que, em casos mais graves, transfere os pacientes para a
cidade de Parnaíba (PI) ou para a capital do estado, São Luís.
121

Outras ações do município são o Programa Saúde na Escola e as campanhas contra


DSTs que funcionam por meio da distribuição de preservativos e informativos para a população.
Essas campanhas intensificam-se no período da vaquejada municipal.
Na assistência social, há dois psicólogos, duas assistentes sociais e um
fisioterapeuta.
As atividades desenvolvidas pela secretaria de assistência são as oficinas de
capacitação com cursos profissionalizantes de corte e costura e pintura de tecido, Programa
Nacional de Inclusão de Jovens (PROJOVEM), Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
(PETI), atendimento aos idosos, oficina de marcenaria. Há também os favorecidos pelo
Benefício de Prestação Continuada (BPC) e pelo Bolsa Família, este último com,
aproximadamente, 3.500 famílias cadastradas.
No povoado Boa Esperança, há o programa Viva Melhor, que visa melhorar as
condições de vida da localidade.

Educação

Encontravam-se, na rede municipal, 6.979 alunos matriculados, distribuídos em:


1.229 na educação infantil, 4.066 no ensino fundamental, 1.188 no ensino médio, 27 na
educação especial e 469 na EJA. O número de docentes foi de 595 (SEDUC/MA, 2017).
O número de estabelecimentos registrados na educação infantil foi de 58, no ensino
fundamental 60, no ensino médio 6, educação especial 01 e na EJA 25 (SEDUC/MA, 2017).

Economia

O PIB municipal, em 2015, registrado pelo IMESC, classificou o município no 154º


lugar no ranking estadual, equivalendo a 0,09% do PIB do estado, com R$ 73,739 milhões.
Desse valor, o setor de serviços colaborou com R$ 14,631 milhões, o agropecuário com R$
9,522 milhões e o industrial com R$ 4,581 milhões. Os R$ 1,779 milhões restantes são resultado
de cobranças tributárias. Relacionado ao IDM, o município ficou na 186ª posição com 0,272;
enquanto a renda per capita no aludido ano foi de R$ 159,46.
As principais atividades econômicas estão ligadas ao setor primário,
principalmente, à agricultura e à pecuária.
122

Agricultura

A agricultura é itinerante, voltada principalmente para a subsistência. Essa


atividade tem grande contribuição na economia do município, pois segundo o Sindicato dos
Trabalhadores Rurais, dos 4.266 trabalhadores, 50% sindicalizados equivalendo, equivalendo
a 37% dos habitantes.

Agricultura Temporária

De 2010 a 2016, a área colhida da agricultura temporária diminuiu 32%, a


quantidade produzida aumentou de 0,10% e o valor da produção 8%.
No aludido período, a área colhida do arroz diminuiu 43%, a do feijão 69%, a da
mandioca 10% e a do milho 49%. Na quantidade produzida, o arroz diminuiu 51%, o feijão
60% e o milho 15%; em contrapartida, a mandioca aumentou 3%. No rendimento médio, o
feijão aumentou 30%, a mandioca 14% e o milho 69%; ao passo que o arroz obteve queda de
14%. Sobre o valor da produção, o arroz diminuiu 26%, o feijão 55%, e o milho 2%; enquanto
isso, a mandioca obteve aumento de 19%.
Em 2010, dos 5.618 hectares colhidos, 5% foi de arroz, 16% de feijão, 53% de
mandioca, 2% de melancia e 24% de milho. Quanto à quantidade produzida, das 22.191
toneladas, o arroz correspondeu a 2%, o feijão a 1%, a mandioca a 94%, o milho a 2% e a
melancia a menos de 1%. O rendimento médio pode ser observado na Tabela 30. Dos R$ 6,327
milhões do valor da produção, o arroz colaborou com 3%, o feijão com 8%, a mandioca com
83%, o milho com 4% e a melancia 2% (Tabela 30).
Em 2017, dos 3.825 hectares colhidos, a mandioca colaborou com 71%, o milho
com 18%, o feijão com 7% e o arroz com 4%. Na quantidade produzida, das 22.215 toneladas,
a mandioca contribuiu com 96%, o milho com 2% e, o arroz e o feijão com 1% cada. O
rendimento médio pode ser observado na Tabela 30. Quanto ao valor da produção, dos R$
6,845 milhões, as participações dos produtos por percentuais foram: mandioca 91%, milho 4%,
feijão 3% e o arroz 2%. No ano de 2017, não houve registro de produção de melancia no
município.
123

Tabela 30 - Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção da


lavoura temporária
Área Colhida Quantidade Produzida Rendimento Médio Valor da Produção
Produto (Hectares) (Toneladas) (kg/ha) (Mil Reais)
2010 2017 2010 2017 2010 2017 2010 2017
Arroz 265 150 398 193 1.501 1.287 199 148
Feijão 927 290 324 131 349 452 518 231
Mandioca 2.984 2.700 20.888 21.487 7.000 7.958 5.222 6.189
Melancia 90 - 108 - 1.200 - 105 -
Milho 1.352 685 473 404 349 590 283 277
Total 5.618 3.825 22.191 22.215 - - 6.327 6.845
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (2010; 2017)

Agricultura Permanente

Quanto à agricultura permanente, embora o município apresente uma diversidade


de frutos, só são consideradas de importância econômica: a banana, acastanha de caju, a manga,
a laranja e o coco-da-baía. A produção deste último é dada em mil frutos, enquanto as demais
são quantificadas em toneladas (Tabela 31), fator que impossibilita de extrair o percentual
desse produto, em relação à quantidade produzida.
Entre 2010 e 2017, a área colhida da agricultura permanente diminuiu 0,38%; a
quantidade produzida (exceto o coco-da-baía) aumentou 12% e o valor da produção 39%. No
que tange à área colhida da banana, do coco-da-baía, da laranja e da manga, diminuiu 73%, 9%,
33% e 22% respectivamente, enquanto a da castanha de caju cresceu 7%. Na quantidade
produzida, a banana diminuiu 66% e a laranja 45%; ao passo que a castanha de caju e o coco-
da-baía aumentaram 11% cada e a manga 41%. Quanto ao rendimento médio, o crescimento da
banana foi de 28%, o da castanha de caju 4%, o do coco-da-baía 22% e o da manga 80%;
enquanto isso, a laranja decresceu 18%. No valor da produção, tiveram rendimento negativo: a
banana 69% e a laranja 33%. Os demais produtos aumentaram, a castanha de caju 105%, o
coco-da-baía 96% e a manga 27%.
Em 2010, dos 531 hectares colhidos, 3% foram com banana, 75% com a castanha
de caju, o coco-da-baía e a manga com 10% cada e 1% com laranja. Excluindo o coco-da-baía,
por razões já explicadas, das 553 toneladas de frutos cultivados, 14% foi banana, 30% de
castanha de caju, 6% de laranja e 50% de manga. O rendimento médio pode-se observar na
Tabela 31. Quanto ao valor da produção, dos R$ 513 mil, as participações em percentuais
foram: banana 11%, castanha de caju 19%, coco-da-baía 13%, laranja 3% e manga 54%
(Tabela 31).
124

Em 2017, a área colhida foi 529 hectares, ocupados com banana e laranja 1% cada,
castanha de caju 81%, coco-da-baía 9% e manga 8%. Da quantidade produzida, das 618
toneladas, excetuando-se o coco-da-baía, os resultados foram: banana 4%, castanha de caju
30%, laranja 3% e manga 63%. O rendimento médio pode-se observar na Tabela 31. No tocante
ao valor da produção, dos R$ 714 mil, a banana colaborou com 2%, a castanha de caju com
29%, o coco-da-baía com 19%, a laranja 1% e a manga com 49 % (Tabela 31).

Tabela 31 - Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção da lavoura
permanente
Área Colhida Quantidade Produzida Rendimento Médio Valor da Produção
Produto (Hectares) (Toneladas) (kg/ha) (Mil Reais)
2010 2017 2010 2017 2010 2016 2010 2017
Banana 15 4 79 27 5.266 6.750 55 17
Castanha de caju 400 428 168 186 420 435 100 205
Coco-da-baía * 55 50 170 188 3.090 3.760 68 133
Laranja 6 4 31 17 5.166 4.250 15 10
Manga 55 43 275 388 5.000 9.023 275 349
Total 531 529 - - - - 513 714
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (2010; 2017)
*Mil por frutos

Horticultura

Em 2017, das 71 toneladas produzidas, 16% foram de cebolinha e tomate cada, 14%
de coentro, 8% de couve, milho verde, pimenta e pimentão cada, 7% de alface e quiabo cada,
6% de maxixe e 2% de batata-doce. Das 5 toneladas produzidas, a cebolinha, o coentro, a couve,
o milho verde e o tomate contribuíram com uma tonelada cada. Quanto a alface, batata-doce,
maxixe, pimenta, pimentão e quiabo esses tiveram uma produção abaixo de uma tonelada e, por
esse motivo, não foram contabilizados (Tabela 32).
125

Tabela 32 - Número de estabelecimento e quantidade produzida, por produtos da


horticultura
N° de Estabelecimento Quantidade Produzida
Produto
(Unidades) (Tonelada)
Alface 5 -
Batata-doce 1 -
Cebolinha 11 1
Coentro 10 1
Couve 6 1
Maxixe 4 -
Milho verde (espiga) 6 1
Pimenta 6 -
Pimentão 6 -
Quiabo 5 -
Tomate (estaqueado) 11 1
Total 71 5
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2017)

Pecuária

Entre 2010 e 2017, o número de animais ligados à pecuária diminuiu 6%. No


referido período, o bubalino aumentou 31%, o caprino 43%, o ovino 47% e as aves 6%; o
bovino, o equino e o suíno diminuíram 7%, 4% e 61%, respectivamente.
Em 2010, das 76.112 cabeças, 60% eram de aves, 24% de suínos, 7% de ovinos,
4% de bovinos e caprinos cada, 1% equinos, sendo que bubalino apresentou menos de 1%. Em
2017, das 71.500 cabeças, 68% eram aves, 10% ovino e suíno cada, 7% caprino, 4% bovino e
1% equino, sendo que bubalino correspondeu a menos de 1% (Tabela 33).
Embora as aves representem mais da metade do rebanho, não foi registrada, em
pesquisa de campo, nenhuma granja no município. Deduz-se, portanto, que referidas aves são
de atividades domésticas, em que pese a informação do IBGE que as identifica como rebanho.
O equino é um rebanho em decadência, dado o processo de utilização como meio de transporte,
sendo, gradativamente, substituído por veículos motorizados. O ovino quase não tem utilidade,
pois dado o clima do Maranhão, não produz lã, restringe-se para churrascos em ocasião de
festas. Quanto ao caprino, gradativamente, vai sendo utilizado na dieta alimentar, embora ainda
predomine certo preconceito.
126

Tabela 33 - Efetivo dos rebanhos


2010 2017
Número de cabeças Número de cabeças
Rebanho
(Unidades) (Unidades)
Bovino 3.400 3.155
Equino 780 745
Bubalino 32 42
Suíno 17.900 6.963
Caprino 3.400 4.860
Ovino 5.100 7.485
Aves 45.500 48.250
Total 76.112 71.500
Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal – IBGE (2010; 2017)

O IBGE, em 2017, registrou uma produção de 67 mil litros de leite e 62 mil dúzias
de ovos de galinhas. A primeira faturou R$ 114 mil, enquanto a segunda R$ 179 mil, cujo total
foi de R$ 293 mil.

Extrativismo

A produção extrativa vegetal registrada pelo IBGE, em 2016, foi de: carvão vegetal
e de lenha. Esta teve uma produção de 19.500 metros cúbicos que valeram R$ 780 mil, enquanto
aquele obteve uma produção de 181 toneladas que renderam R$ 199 mil, cujo valor total da
produção foi de R$ 979 mil.
Em trabalho de campo, constatou-se que o município produz também buriti,
carnaúba, juçara, murici, mirim e guajeru, ocasião em que foi constatado o extrativismo da
castanha de caju, que está incluída como agricultura temporária, a qual já foi citada.
Verifica-se o não aproveitamento da polpa de caju, já que, ao observar-se a
produção industrial, não foi constatado qualquer produto ligado a esse fruto.
No extrativismo mineral, são explorados: areia, barro e pedra, os quais são
utilizados para a construção civil.

Pesca e Aquicultura

A pesca possui bastante significação no município, pois é dessa atividade que várias
famílias retiram seu sustento e renda. Segundo a Colônia de Pescadores em 2013, registrou-se
que há 2.080 associados (18% da população municipal), com estimativa de ter mais 3.500
127

pescadores não cadastrados. A partir disso, verifica-se a importância dessa atividade na


economia municipal, uma vez que não se dispõe de dados estatísticos de pesca.
Essa atividade é praticada, de forma artesanal, em ambiente marinho, utilizando
canoa a vela e pequenos barcos a motor, sendo as principais espécies pescadas: tainha (Mugil
curema), serra (Scomberomorus brasiliensis), bonito (Euthynnus alletteratus), corvina
(Macrodon ancylodon), bagre (Bagre bagre), cangatã (Aspistor quadriscutis), uritinga (Arius
proops), cambéua (Arius grandicassis) e bandeirado (Bagre spp).
Referente à produção da aquicultura, o IBGE registrou, em 2017, apenas a produção
do tambaqui que foi de 2.800 quilogramas que resultaram em um valor de R$ 24 mil.

Indústria

No município, há 61 indústrias, sendo: seis de fabricação de produtos alimentícios;


uma de confecção de artigos do vestuário e acessórios; uma de impressão e reprodução de
gravações; uma indústria de transformação; uma de fabricação de produtos diversos, nesse caso,
serviço de prótese dentária; 40 de fabricação de eletricidade, geração de energia elétrica
(eólica); quatro de construção civil e sete de serviços especializados para construção (BRASIL,
2019).

Comércio

O comércio concentra-se na Avenida Paulino Neves, sendo eminentemente


varejista, representado por supermercados, feiras, farmácias, posto de gasolina, padarias e
várias quitandas. No ano de 2019, foram identificados, no município, 161 estabelecimentos
comerciais, sendo: 17 de comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas e 144
de comércio varejista.

Turismo

A principal atração turística são os Lençóis Maranhenses, podendo-se se deslocar a


pé da sede até alcançar as dunas que, durante o período de chuvas, formam várias lagoas
(Figura 50).
128

Figura 50 - Lagoa entre as dunas

Fonte: IMESC (2013)

Essa aproximação da cidade, com relação aos “lençóis”, faz com que vários turistas
a utilizem como passagem para alcançarem o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.
Sendo os visitantes de várias partes do país – principalmente do Rio de Janeiro, São Paulo e
Minas Gerais –, e estrangeiros, em sua maioria, italianos, japoneses, franceses, canadenses
muitos alugam as toyotas bandeirantes e quadriciclos para deslumbrarem-se com a maravilhosa
paisagem (Figura 51).
Outro fator embelezador é o Rio Novo, que passa pelo centro da cidade, penetrando
nos quintais das residências ribeirinhas.
O serviço de hospedagem conta com dois meios de hospedagens registrados pelo
CADASTUR (BRASIL, 2019).
Se a cidade perde em urbanização, em compensação transmite um sentimento de
paz e segurança. É tão pacata que, na melhor pousada, a porta fica sempre semi-cerrada à noite.
O bucolismo de Paulino Neves é especial. É ideal para repousar, sendo esse, talvez,
um dos grandes potenciais turísticos. Rio, peixe, camarão em abundância, sucos naturais e
doces caseiros que são oferecidos gratuitamente nas pousadas, as redes armadas entre as árvores
nos fundos dos quintais são atrações irresistíveis para quem vive em um centro urbano bastante
conturbado.
129

Figura 51 - Dunas

Fonte: IMESC (2013)

Em que pese a formação arenosa, algumas ruas, quando melhor conservadas,


ficarão bem mais bonitas, pois são bastante largas.
Na culinária, destacam-se os frutos do mar, principalmente: o sururu e o camarão
cozido, o peixe preparado no leite de coco ou frito, além das tortas dos dois primeiros citados.
A prefeitura mantém uma casa de apoio ao artesanato de palha de buriti, carnaúba
e crochê.

Poderes Judiciário e Legislativo

O município é termo da comarca de Tutóia; corresponde à 40ª zona eleitoral com


30 seções (BRASIL, 2012), possuindo 13.285 eleitores e nove vereadores (BRASIL, 2018). Há
também uma delegacia com efetivo de quatro policiais militares.

Religião

O catolicismo possui, aproximadamente, doze templos na área rural e cinco na


urbana, sendo um desses dedicado a São João Batista (Figura 52), padroeiro do município que
é festejado no mês de junho. Outros santos reverenciados são: São Sebastião, São José, Santa
Terezinha e São Pedro.
130

Os evangélicos são representados pelas congregações Batista, Adventista,


Assembleia de Deus, Universal do Reino de Deus, Madureira e Congregação Nacional.
Relacionados às religiões afro-brasileira, existem sete terreiros espalhados no território
municipal.

Figura 52 - Igreja de São João Batista

Fonte: IMESC (2013)

Dos 14.519 habitantes informados pelo IBGE em 2010, 63% declaram-se católicos,
20% evangélicos, 5% adeptos a outras religiões e 12% não tinham religião (Tabela 34).

Tabela 34 - População residente por religião


Religião Número de adeptos
Católicos 9.177
Evangélicos 2.885
Outras Religiões 710
Sem religião 1.747
Total 14.519
Fonte: Censo Demográfico – IBGE (2010)

Infraestrutura

O abastecimento de água municipal tem como fonte os poços ou rios. Foram


registradas 724 ligações (BRASIL, 2015).
Por serem desprovidos de rede coletora de esgotos domésticos, os efluentes têm
como principal destino as 1.994 fossas (BRASIL, 2015).
131

A energia elétrica é de origem hidroelétrica, tendo como subestação distribuidora a


de Tutóia, de responsabilidade da CEMAR. Em 2015, essa empresa registrou 48.940
consumidores, sendo 91% residencial, 5% comercial, 3% poder público e 1% de demais
usuários. O consumo foi de 5.117.184 Mwh, cuja distribuição no aludido ano foi: 66%
residencial, 15% iluminação pública, 8% poder público, 6% comercial, 4% serviço público e
menos de 1% para o rural, industrial e CEMAR (Tabela 35).

Tabela 35 - Consumidores e consumo de energia elétrica por classe


Usuário Número de consumidores Consumo em Mwh
Residencial 44.718 3.360.969
Industrial 39 23.262
Comercial 2.475 309.481
Rural 228 22.336
Poder Público 1.223 422.987
Iluminação Pública 12 785.381
Serviço Público 240 191.225
CEMAR 5 1.543
Total 48.940 5.117.184
Fonte: CEMAR (2015)

Serviços e Comunicação

Os serviços de telefonia e internet são das empresas OI e CLARO, sendo a primeira


responsável pela linha fixa. Outros serviços são uma casa lotérica e uma agência dos Correios.
Além disso, funcionam, no município, oficinas de sapateiro, carpinteiro, ferreiro,
alfaiate e sete mecânicas.

Folclore e Lazer

Para o entretenimento da população, existem quatro campos de futebol, um estádio


com capacidade para cinco mil pessoas, cinco restaurantes, três lanchonetes, doze bares, dois
clubes de festas, além de uma biblioteca.
Os principais eventos são gincanas realizadas duas vezes ao ano e uma vaquejada
no mês de julho.
O bumba meu boi com sotaque de orquestra, tambor de crioula, quadrilhas, dança
country e dança portuguesa são os principais grupos folclóricos do município.
132

Os principais ritmos populares apreciados são o pagode e o forró.

Lendas

• Carro do campo – Conta que no tempo que a Petróleo Brasileiro (PETROBRAS)


realizava pesquisas no território municipal, um carro virou e todos os ocupantes morreram.
Acontece de vez em quando, durante a noite, de se observar um carro no campo que depois
desaparece.
• Camurim Encantado – Uma mulher, quando brincava o carnaval, colocou o filho
no cesto e jogou no rio. A criança desapareceu e transformou-se em um camurim. Quando o
camurim aparece, alguém vai morrer. Pescadores já tentaram pegá-lo várias vezes, mas não
conseguiram. Ele aparece sempre debaixo da ponte.
• Outras lendas:
É comum, entre os moradores da cidade, a lenda contada pelos seus ancestrais que
garantem ter ouvido ou olhado, a mãe d’água.
Dentre as lendas mais comuns, acredita-se que, todas as noites ouvia muito barulho
de caixa do Divino, tambores, canções e que, ao amanhecer, as pessoas ficavam surpresas com
a mudança do rio que surgia, após cada noite, o qual se tornava cada vez maior e mais profundo.
Ainda hoje o rio continua se enlarguecendo, tendo recentemente tomado parte do largo da Igreja
de São João Batista, o que fez com os habitantes da cidade fizessem um apelo para a
governadora do estado que, ao visitar o lugar, prometeu construir um cais.
Nas anotações do professor Enéas Miranda Conceição, de Barreirinhas, consta:
Importa-nos saber “registrar o que os nossos antepassados contaram, quando
afirmam fatos que chegaram a presenciar. Durante o decorrer da abertura do aventureiro rio,
dias transcorriam sem nenhuma alteração e, para surpresa daquelas que observavam todas as
noites, ouviam fortes troar de caixas, ribombar de tambores e vozes estranhas movimentavam
aquela euforia festiva, marcando, assim, o avanço das águas até chegarem triunfantes ao
oceano, cumprindo o capricho da mãe natureza”.

Transporte

A sede municipal localiza-se a 480 km da cidade de São Luís, comunicando-se pelas


seguintes rodovias: BR-135, BR-222, MA-034 e MA-315. Esta última liga a sede de Paulino
Neves a Tutóia.
133

O município é servido pela empresa Coimbra que disponibiliza ônibus diariamente


entre Paulino Neves e a cidade de Timon. O traslado intermunicipal é realizado, principalmente,
por motos e carros traçados, especialmente as toyotas bandeirantes, que são adaptadas com
madeira e lonas ligando o município à cidade de Barreirinhas e demais localidades do espaço
rural municipal.
No deslocamento dentro da sede, além das motos, toyotas bandeirantes, carros
particulares, a população utiliza muito os quadriciclos (Figura 53); veículo que facilita o
deslocamento em solo arenoso.

Figura 53 - Quadriciclo

Fonte: IMESC (2013)


134

6 PRIMEIRA CRUZ

Símbolos Municipais4

Bandeira

4
O brasão municipal não foi disponibilizado.
135

Hino

I
Salve, Primeira Cruz
Recanto de beleza e esplendor
Berço que nos dá luz e calor
Dos teus solos ricos emanam
O pão que nos faz sustentar
Do mar fluem extensas salinas
Fazendo a riqueza jorrar
Ao sopro do vento balançam
Os teus ricos carnaubais
Com a graça dos teus verdes coqueirais
II
Primeira Cruz, minha terra querida,
Cidade da paz e amor
Em uma só voz exaltamos com fervor
Toda alegria, de nossa vida
Solitárias dunas de areia branca
Enfeitam tuas praias em todo alvorecer
Primeira Cruz, importante no teu modo de viver
Abrigas no teu seio com todo o teu calor
Uma Juventude brava e feliz
Mais uma esperança do nosso país.

Letra: José Arnold Pinho


Música: Carlos Salomão Chaib

Localização

Localizado no Litoral Oriental, o município está na Mesorregião Norte Maranhense


e Microrregião Geográfica dos Lençóis Maranhenses.
Limita-se ao Norte, com Oceano Atlântico e com os municípios: ao Oeste,
Humberto de Campos; ao Sul, Belágua e Urbano Santos; e ao Leste, Barreirinhas e Santo
Amaro do Maranhão (Mapa 6).
Os pontos extremos correspondem às seguintes coordenadas geográficas: Norte -
02º19’29” de latitude e -43º22’47” longitude; Oeste -43º29’32” longitude e -02º22’22” de
latitude; Sul -02º57’31” de latitude e -43º11’08” de longitude; Leste -43º00’40” de longitude e
-02º27’57” de latitude.
136

Mapa 6 - Localização do município Primeira Cruz

Fonte: IBGE; IMESC (2016)


137

Extensão

O município tem 1.367,67 km2, sendo o 77º do estado em extensão, representando


0,41% do território estadual. Na Mesorregião Norte Maranhense, ocupa a 13ª posição em
território, representando 2,61% e, na Microrregião Geográfica dos Lençóis Maranhenses, ocupa
a 5ª posição, representando 12,71% do território microrregional.
Ao ser criado, o município possuía 2.968,85 km2. Em 1994, perdeu 1.601,18 km2,
com a emancipação do município de Santo Amaro do Maranhão.

Processo de Ocupação

Embora os portugueses tenham aportado em 1614 no local onde hoje está a cidade,
tendo colocado ali uma grande cruz, só no fim do século XX, o território começou a ser
desbravado.
Segundo Trovão (2002) apud Carneiro (1998), o início da ocupação do espaço que
deu origem à cidade de Primeira Cruz foi a passagem de Jerônimo de Albuquerque, que ali
permaneceu durante nove dias, quando se dirigia com toda a sua companhia para combater os
franceses na Ilha do Maranhão.

Com doces dois dias de viagem, seguindo sempre pela costa, e tendo salvado grandes
perigos os parcéis de Parnaíba e Tutóia (...) entrou a armada a 14 de outubro pelo rio
do Periá, fundado às dez horas da noite, três léguas por ele acima. Saltaram os chefes
imediatamente para a terra com a maior parte da gente ergueu-se uma cruz, e tomou-
se posse do país em nome do rei (CARNEIRO apud LISBOA, 1998).

Afirma ainda, o citado autor:

[...] reencetaram a marcha no dia 12/10 e ao anoitecer de 14 alcançaram a foz do Periá,


já em terras maranhenses, onde se instalaram provisoriamente num chamado Quartel
de São Tiago e onde o nome da pequena cidade hoje ali existente. Primeira Cruz [...].

Os primeiros povoadores vieram de municípios vizinhos, para ali desenvolver a


pesca e a agricultura rudimentar, plantando com mais intensidade a mandioca, já que a terra era
propícia para essa cultura.
O único meio de comunicação com outros centros era por via marítima, razão pela
qual o movimento portuário ajudou na formação do lugar. Mais tarde, outros moradores foram
chegando, dentre eles, o Sr. Domingos José Carneiro, o qual muito ajudou no crescimento do
lugar, tendo desenvolvido o comércio, além de transformar-se no líder da família Carneiro,
tradicional na política da região e, posteriormente, na do estado.
138

Fatos Históricos

O distrito foi criado com a denominação de Primeira Cruz, pelo Decreto-Lei


estadual Nº 159, de 06 de dezembro de 1938, subordinado ao município de Humberto de
Campos, permanecendo assim até 1943.
Foi elevado à categoria de município, com a denominação de Primeira Cruz por ato
das disposições transitórias do estado, promulgada em 28 de julho de 1947, desmembrado de
Humberto de Campos. Sede no antigo distrito de Primeira Cruz.
Pela Lei Estadual Nº 269, de 31 de dezembro de 1948, foi criado o distrito de Santo
Amaro e anexado ao município de Primeira Cruz. Em divisão territorial datada de 1 de julho de
1960, o município era constituído de dois distritos: Primeira Cruz e Santo Amaro, assim
permanecendo em divisão territorial de 17 de janeiro de 1991. Pela lei estadual Nº 6.127, de 10
de novembro de 1994, desmembrou do município de Primeira Cruz, o distrito de Santo Amaro,
elevando-o à categoria de município. Na divisão territorial de 15 de julho de 1997, o município
ficou constituído do distrito sede.

Ambiente Físico

O embasamento geológico do município está formado por depósitos quaternários:


eólicos litorâneos (areias bem selecionadas, com grãos arredondados e dunas costeiras
naturais); eólico continental (areias finas e médias, pouco consolidadas e dunas fixas
sublitorâneas); marinhos litorâneos (areias marinhas litorâneas); e aluviões marinhos, formados
por cascalho, areia e argila inconsolidada. Em uma pequena área no Sul do município, o
embasamento é a Formação Barreiras do Período Terciário, caracterizando-se por sedimentos
areno-argilosos e, ocasionalmente, conglomeráticos de coloração róseo-avermelhados,
ferruginizados, parcialmente consolidados (UEMA, 2002).
Geomorfologicamente, o território municipal insere-se no litoral de “rias”, que
afogadas foram convertidas em planícies aluviais, emolduradas externamente por pontões
lodosos e ilhas que se formaram pela ação das marés; lençóis maranhenses, correspondendo às
faixas litorânea e sublitorâneas compostas por restinga, campos de deflação eólica e dunas,
mostrando-se superficialmente como planície levemente ondulada.
Predominam os neossolos, esses são pouco evoluídos constituídos por material
mineral ou por material orgânico com menos de 20 cm de espessura, possuem predomínio de
139

areias quartzosas e baixa retenção de água, apresentando maior restrição ao uso agrícola. Outro
solo encontrado no município são os gleissolos, caracterizados por serem muito mal drenados,
com alto conteúdo em sais minerais provenientes da água do mar, composto de enxofre com
textura, variando de argilosa até arenosa. Distribuem-se principalmente ao longo da faixa
costeira e na desembocadura dos rios.
O clima é tropical subúmido com dois períodos: chuvoso, de janeiro a junho e
estiagem de julho a dezembro. Possui uma pluviometria anual entre 1.600 a 2.000 mm;
apresenta temperatura média anual é superior a 27º C e umidade relativa do ar anualmente
variando de 79% a superior a 82% (UEMA, 2002).
A vegetação do município caracteriza-se por: herbácea em campos inundáveis nas
áreas mais rebaixadas, principalmente entre paleodunas, as quais alagam durante o período
chuvoso, capoeira mista e capoeirão latifoliado, mata ciliar e restinga, compostas de vegetação
rasteira e, às vezes, arbustiva ou arbórea, como o guajeru (Chrysobalanus icaco), alecrim-da-
praia (Bulbostylis capillaris), salsa-da-praia (Ipomea Littoralis), murici (Byrsonima crassifólia)
e manguezais (Rhizophora mangle) na faixa costeira, ocorrendo normalmente em ambientes
salino e salobro, que acompanham os cursos dos rios, instalando-se nas áreas que sofrem
influência das marés (Figura 54).

Figura 54 - Vegetação de mangue

Fonte: IMESC (2012)

O território municipal faz parte da bacia hidrográfica do Rio Periá, tendo como
afluentes os seguintes: Rio Mirim, Rio Marciano (com o afluente Alegre), Rio Ribeira com o
tributário Riacho do Centro Velho. Outros rios que banham o município são: Alegre (que tem
140

como afluentes os riachos do Cambota e do Brazinho), Cocal, Queixada e os riachos Gengibre,


Marmorana e São Bento (possui como tributário o Riacho da Lagoa Grande). Completa o
conjunto hídrico municipal as lagoas do Caçó e Alagoinha.
Parte do território municipal insere-se na APA – Upaon-Açu/Miritiba/Alto Preguiça
e no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.

Espaço Urbano

A área urbana de Primeira Cruz localiza-se à margem direita do Rio Periá,


delimitada ao Norte por igarapés; ao Sul pelo Rio Alegre; e ao Leste, pelas dunas, única área,
em que pese às implicações ambientais, disponível para sua possível expansão. Em 2013, a
cidade tinha 0,82 km2 de extensão, ocupando 0,06% do território municipal (Figura 55).

Figura 55 - Planta da cidade

Fonte: IBGE (2007)


141

Ao atingir a cidade por via fluvial, salta-se através do cais (Figura 56) e alcança-se
a área urbana por uma passarela até um abrigo (Figura 57). Logo na entrada, há uma enorme
cruz de madeira (Figura 58), que dá ao visitante uma boa impressão. Alcança-se depois o centro
urbano na mesma direção, por uma avenida que vai até a praça da matriz, onde está a igreja. A
partir desse ponto, as ruas vão se distribuindo harmoniosamente em várias direções,
principalmente às dos pontos cardeais.

Figura 56 - Cais de Primeira Cruz

Fonte: IMESC (2012)

Figura 57 - Passarela que leva à cidade

Fonte: IMESC (2012)


142

Figura 58 - Cruz de Madeira na Entrada da cidade

Fonte: IMESC (2012)

O centro é pavimentado com blocos e cimento, as ruas são limpas e as casas têm
aspectos agradáveis. Chama a atenção a sensação de calma e de silêncio, dando para sentir o
barulho e o vento nas árvores, especialmente nos coqueiros.
O traçado urbano está distribuído em 23 ruas (Figura 59), dezenove travessas e três
avenidas (duas possuem canteiro central com árvores). Quanto à pavimentação estima-se que
70% do traçado urbano seja pavimentado com blocos ou pedra bruta com cimento. Compõem
ainda o espaço urbano, seis praças todas arborizadas (Figura 60).
Quanto ao padrão das residências, predominam as casas de alvenaria que, na
maioria, são geminadas ou separadas por cercas de pau a pique e, em raros casos, por muros.
Encontram-se, em partes mais afastadas do centro da cidade, pequenas lagoas
temporárias, formadas a partir do acúmulo de água das chuvas entre as dunas.
O comércio é pequeno e muito espalhado, assim como os órgãos públicos,
colaborando, para que não haja o burburinho próprio das cidades do interior. Uma plena
segunda-feira, dá a impressão, de um dia de domingo.
Destacam-se algumas casas de arquitetura colonial. As demais, embora não
obedeçam a um estilo próprio, são arrumadas, limpas e bem pintadas.
Por ser uma cidade que até o presente momento tem como principal via de acesso
fluviomarinho, justifica-se o seu bucolismo.
143

O município possui 1.622 casas de tijolo, 527 de taipa revestida, 698 de taipa não
revestida, 9 de madeira e 72 de outros materiais (BRASIL, 2015).

Figura 59 - Rua da Matriz

Fonte: IMESC (2012)

Figura 60 - Praça da Matriz

Fonte: IMESC (2012)


144

Espaço Rural

O espaço rural do município é composto por comunidades distribuídas em sítios,


povoados, fazendas, comunidades quilombolas e assentamentos, os quais são descritos abaixo.
Sítios: Água Branca, Água Vermelha, Aguapé, Alto Bonito, Amarelo, Anajá I,
Anajá II, André, Aninga, Babosa, Bacaba do Zezidório, Bacaba I, Bacaba II, Bacaba III,
Bacabal I, Bacabal II, Bacuri, Bacurizal, Baiano, Barras II, Barreiro, Barroca, Boa Fortuna, Boi
Brabo, Bom Gosto, Bom Jardim, Bom Jesus, Bom Passar, Bom Sossego, Bracinho, Brandura,
Brejo de Arroz, Brejo I, Buenos Aires, Bulandeira, Buriti do Cosme, Buriti do Raimundo Rosa,
Buriti I, Buritizinho, Cabeceira, Caçambinha II, Cachoeira, Caldeirão, Calixto, Camarão,
Campo Novo, Capembas II, Ceará, Celestino, Centrinho, Centro Velho I, Centro Velho II, Cipó,
Clemente, Condurus, Cova da Onça, Crioli, Curicaca, Curralzinho, Estiva, Estrepado, Faveira,
Fazenda Velha, Felipe, Ilha da Baleia, Ilha da Ribeira, Ilha de Santaninha, Ilha do Pretinho, Ilha
do Veado, Jaboti, Juquinho, Lagoa da Cruz, Lagoa Grande, Libânia, Machado, Machado dos
Correia, Mairizinho, Maracujá, Marajá, Marciano, Mata, Mirim, Mirinzeiro, Miritibinha,
Moçambique, Moía, Morro do Chapéu, Onça Velha, Oncinha, Outeiro, Pachical, Palheiro,
Palmeiral, Palmeiras, Pau Seco, Pau Vermelho, Paulinas, Pombas, Porto da Balsa, Porto de
Areia, Queimada I, Queimada II, Queimada III, Riacho Preto, Ribeira I, Ribeira II, Rosário,
Salina, Salsas, Santo Antônio, São Bento, São Domingos I, São João, São Joaquim, São José,
São Miguel, Sapequeiro, Tabual, Tanque, Tanque Novo, Tapera, Terra Vermelha, Tingidor,
Toco Preto, Traíra, Travosa, Trincheira, Tucum I, Tucum II, Vaca Morta, Vargem
Comprida,Vargem Grande, Vargem Verde, Veneza, Vicente.
Povoado: Aparecida, Areinhas, Caeté, Caçó e Cocal.
Fazenda: Buriti IV, Faxadinha, Mangueira e Marraeiro.
Comunidade Quilombola: Santo Antônio dos Pretos.
Assentamentos: Buriti, Troncho/Buritizal, Ronca/Mirim Cheiroso, Zé Lino,
Algodão, Boca do Campo, Machado I, Machado II, Papagaio, Corralzinho, Puba, Capemba,
Alegria, Matões.

Utilização das terras

A Tabela 36 traz informações preliminares relacionadas à utilização das terras em


2017, podendo-se observar as atividades desenvolvidas no espaço rural. Sabe-se que há
145

múltiplas utilizações da terra nos estabelecimentos, ou seja, um único estabelecimento pode


possuir várias utilidades como áreas de pastagens, agricultura e outras. Em decorrência disso,
a análise quantitativa torna-se complexa, embora seja necessária uma análise qualitativa dos
estabelecimentos. Portanto, em 2017, os estabelecimentos estavam ocupados principalmente
com agricultura temporária e permanente.
Em 2017, havia 937 hectares utilizados, onde a lavoura permanente ocupou 9%;
lavoura temporária 25%; pastagens naturais 3%; matas ou florestas naturais destinadas à
preservação permanente ou reserva legal 1%; matas ou florestas naturais 49% e lâmina d'água,
tanques, lagos, açudes, área de águas públicas para aquicultura, de construções, benfeitorias ou
caminhos, de terras degradadas e de terras inaproveitáveis 13% (Tabela 36).

Tabela 36 - Número de estabelecimento e área, segundo a utilização das terras


Nº de
Área
Utilização das terras estabelecimento
(ha)
(Unidade)
Lavouras permanentes 101 87
Lavouras temporárias 402 231
Lavouras – área para cultivo de flores 1 -
Pastagens naturais 5 26
Pastagens plantadas em boas condições 1 -
Matas ou florestas naturais destinadas à preservação
permanente ou reserva legal 3 4
Matas ou florestas naturais 4 463
Matas ou florestas plantadas 1 -
Sistemas agroflorestais – área cultivada com espécies
florestais, também usada para lavouras e pastoreio por
animais 2 -
Lâmina d'água, tanques, lagos, açudes, área de águas
públicas para aquicultura, de construções, benfeitorias ou
caminhos, de terras degradadas e de terras
inaproveitáveis 195 126
Total - 937
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2017)

Condição Legal das Terras

Em 2017, havia 437 estabelecimentos, distribuídos em 1.120 hectares. Os referidos


estabelecimentos estavam assim distribuídos: 61% próprias, 11% concedidas por órgão
146

fundiário ainda sem titulação definitiva, 8% arrendadas, 19% ocupadas e 1% em parceria e em


regime de comodato (Tabela 37).
Em relação à área dos 1.120 hectares ocupados, as terras próprias representaram
38%, as concedidas por órgão fundiário ainda sem titulação definitiva 2%, arrendadas 42% e
ocupadas 18%. Não foram encontrados dados em relação aos hectares das terras em parceria e
em regime de comodato (Tabela 37).

Tabela 37 - Número de estabelecimento e área, segundo a condição legal das terras


N° Estabelecimento Área
Condição legal da terra
(Unidades) (Hectares)
Próprias 266 426
Concedidas por órgão fundiário ainda
sem titulação definitiva 49 24
Arrendadas 34 469
Em parceria 6 -
Em regime de comodato 1 -
Ocupadas 81 201
Total 437 1.120
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2017)

Demografia

Em população, Primeira Cruz classifica-se no 42º lugar na Mesorregião Norte


Maranhense o que corresponde a 0,54% da população do estado. Na Microrregião Geográfica
doa Lençóis Maranhenses, está no 5º lugar com 7,92%. No estado, ocupa o 135º lugar em
habitantes, o que representa 0,21%. Tem a densidade demográfica de 10,20hab/km2. O IDHM
(2010) ocupa o valor de 0,512, sendo o 209°, em relação ao Maranhão. A estimativa da
população para o ano de 2018 foi de 15.197 habitantes.
Entre 2000 e 2010, a população total obteve um crescimento populacional de 27%.
Esse crescimento, relacionado à área, ocorreu principalmente no espaço rural com 33%,
enquanto o urbano cresceu 14%; o gênero o masculino cresceu 29% e o feminino 24%.
Em 2000, a população masculina representava 52%, a feminina 48%, a urbana 34%
e a rural 66%. Em 2010, a população masculina representou 53%, a feminina 47%, a urbana
31% e a rural 69%. Observa-se que, quanto ao gênero, predominou nos dois levantamentos
censitários o gênero masculino; na área, predominou a população rural, enquanto a urbana
pouco cresceu no período analisado (Tabela 38).
As pessoas que nascem no município são chamadas primeiracruzense.
147

Tabela 38 - Distribuição da população residente


População Censo de 2000 Censo de 2010
Masculina 5.737 7.410
Feminina 5.282 6.544
Urbana 3.759 4.289
Rural 7.260 9.665
Absoluta 11.019 13.954
Fonte: IBGE – Censo Demográfico (2000; 2010)

Saúde e Assistência Social

No que tange ao atendimento relacionado à saúde, é referência o hospital municipal


Maria Carvalho Alves, o qual conta com treze leitos. Nesse hospital são realizadas consultas,
atendimentos de urgência e emergência, exames de ultrassonografia, laboratoriais, raios X,
além de cirurgias como cesárea, laqueadura, hérnia e outros pequenos procedimentos
cirúrgicos. Nos casos mais graves, em que a rede hospitalar precisa transferir os pacientes para
a capital, conta com o serviço de ambulância na sede, sendo auxiliado por uma voadeira até
Humberto de Campos, além do frete de carros particulares custeados pela prefeitura do
município.
A equipe do hospital é composta por dois médicos, treze enfermeiros e um dentista.
Há também, no município, o hospital Municipal Dr. Celso Simões (Figura 61), que
dispõe de 20 leitos, serviço de pronto atendimento 24h nas clínicas médica, pediátrica e
obstetríca, além de raio X, ultrassonografias, laboratório, farmácia, entre outros serviços
básicos.

Figura 61 - Hospital Municipal de Primeira Cruz, Dr. Celso Simões

Fonte: blogdojorgearagao.com.br (2012)


148

Encontram-se dando assistência, em todo o território municipal, cinco equipes do


ESF, as quais são compostas por médicos, enfermeiros, dentistas, técnicos de enfermagem e
auxiliares de dentista. Vale ressaltar que, cinco profissionais compõem cada área mencionada.
Dando suporte à rede de saúde municipal, há cinco postos de saúde, 41 agentes
comunitários, distribuídos da seguinte forma: treze no espaço urbano e 28 na zona rural, dois
agentes da vigilância epidemiológica, com o mesmo quantitativo dos agentes da vigilância
sanitária. No município ainda existem parteiras, porém não se sabe quantas.

Educação

O município registrou, em 2017, 4.798 alunos matriculados, sendo 900 na educação


infantil, 2.731 no ensino fundamental, 455 no ensino médio, 25 na educação profissional e 687
na EJA. O número total de docentes é de 344.
No aludido ano, 48 dos estabelecimentos estavam dedicados à educação infantil, 48
ao ensino fundamental, um ao ensino médio, um à educação profissional e 16 à EJA.

Economia

Em relação ao PIB (2015), ocupava a 158ª posição, contribuindo com R$ 68,025


milhões, o que correspondeu a 0,09% do estado, sendo o setor agropecuário o mais
representativo com uma contribuição de R$ 11,863; o de serviços com R$ 9,985 milhões; o
industrial com R$ 2,489 milhões; e R$ 1,037 milhões de arrecadação de impostos. Ocupou
também a 217ª posição, em relação ao IDM (2010), correspondendo a 0,192. Na renda per
capita ocupava a 209ª posição com R$ 129,85.
Cabe destacar que a economia do município é resultado principalmente das
atividades primárias, relacionadas à agropecuária.

Agricultura

Predomina a agricultura itinerante e temporária, voltada especialmente para a


subsistência, com alguns vegetais comercializados no próprio município, principalmente
mandioca e milho.
149

Agricultura Temporária

Embora o ambiente rural do município cultive uma diversidade de vegetais, são, no


entanto, consideradas agricultáveis aquelas que influem principalmente na economia. Como
agricultura temporária do município, são considerados o arroz, o feijão, a mandioca e o milho.
Entre 2010 e 2017, a agricultura temporária diminuiu 27% em área colhida, teve aumento de
34% na quantidade produzida e 63% no valor da produção. Referente à área colhida, todos os
produtos tiveram crescimento negativo, o arroz com 25%, o feijão 10%, a mandioca 14% e o
milho 77%. Em quantidade produzida, o arroz permaneceu estável, o feijão e a mandioca
tiveram aumentos de 31% e 37%, respectivamente; o único produto que diminuiu foi o milho
em 70%. No rendimento médio, todos os produtos tiveram aumento: arroz 33%, feijão 46%,
mandioca 58% e milho 31%. No valor da produção, os aumentos deram-se com o arroz 100%,
o feijão 206% e a mandioca 66%; ao passo que o milho diminuiu 47% (Tabela 39).
Em 2010, a mandioca ocupava 74% dos 1.088 hectares colhidos, sendo seguido
pelo milho com 21%, feijão com 4% e arroz com menos de 1%. Quanto à quantidade produzida,
das 5.020 toneladas, 97% foram de mandioca, 3% de milho, e menos de 1% de feijão e arroz.
O rendimento médio pode ser observado na Tabela 39. No valor da produção a mandioca
participou com 94%, dos R$ 1,288 milhões, 4% do milho, 1% do feijão e menos de 1% do arroz
(Tabela 39).
Em 2017, a área colhida foi de 793 hectares, dos quais, a mandioca participou com
88%, o milho com 7%, o feijão com 4% e o arroz com 1%. A quantidade produzida no aludido
ano foi de 6.717 toneladas, com a participação de 99% da mandioca e 1% de arroz, feijão e
milho juntos. O rendimento médio pode ser observado na tabela 22. Para a renda, dos R$ 2,097
milhões, a mandioca contribuiu com 96%, o feijão com 2%, o milho e o arroz com 1% cada
(Tabela 39).

Tabela 39 - Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção da


lavoura temporária
Área Colhida Quantidade Produzida Rendimento Médio Valor da Produção
Produto (Hectares) (Toneladas) (kg/ha) (Mil Reais)
2010 2017 2010 2017 2010 2017 2010 2017
Arroz 8 6 5 5 625 833 2 4
Feijão 39 35 16 21 410 600 16 49
Mandioca 810 700 4.860 6.650 6000 9.500 1215 2.015
Milho 231 52 139 41 601 788 55 29
Total 1.088 793 5.020 6.717 - - 1.288 2.097
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (2010; 2017)
150

Agricultura Permanente

Na agricultura permanente, destacaram-se economicamente em 2010 e 2017: o


coco-da-baía e a castanha de caju.
Entre 2010 e 2017, a área colhida aumentou 36%, a quantidade produzida não foi
analisada, por se tratarem de unidades diferenciadas, a castanha em toneladas e o coco-da-baía
em mil frutos, e o valor da produção aumentou em 108%. Com relação aos produtos, em área
colhida a castanha de caju aumentou 186% e o coco-da-baía diminuiu -16%. Na quantidade
produzida, a castanha de caju aumentou 180% e o coco-da-baía diminuiu -20%. No rendimento
médio, a castanha de caju e o coco-da-baía diminuíram 2% e 4% respectivamente; no valor da
produção a castanha de caju aumentou 775% e o coco-da-baía 55%.
Em 2010, a área colhida foi de 162 hectares, estando 42ha com castanha de caju e
120ha com coco-da-baía. Na quantidade produzia, este contabilizou 300 mil frutos, enquanto
aquele teve uma produção de 15 toneladas. No valor da produção, dos 162 mil reais, o primeiro
colaborou com 12 mil reais e o segundo com 150 mil reais.
Em 2017, os hectares colhidos totalizaram 220, sendo 100 de coco-da-baía e 120
de castanha de caju. Este fruto obteve, no aludido ano, uma produção de 42 toneladas, contra
240 mil frutos daquele. O valor da produção foi de 337 mil reais, distribuídos em 105 mil reais
para a castanha de caju e 232 mil para o coco-da-baía.
Em trabalho de campo, foram informados muitos outros frutos, dos quais, no
entanto, não se tem dados.

Horticultura

De acordo com dados preliminares do censo agropecuário – IBGE (2017), apenas


cinco produtos da horticultura são importantes economicamente: cebolinha, coentro, maxixe,
milho verde e quiabo.
Dos 114 estabelecimentos, 50% são representados pelo milho verde, maxixe 13%,
quiabo 6%, coentro 5%, cebolinha, couve, pimenta e tomate 4% cada, alface e pimentão 3%
cada, pepino 2% e abobrinha, batata-doce, berinjela e rúcula somaram 4%.
A quantidade produzida foi de 15 toneladas, cabendo 47% para o milho verde, 20%
para cebolinha e coentro cada, maxixe e quiabo somaram 6% (Tabela 40).
151

Tabela 40 - Número de estabelecimento e quantidade produzida, por produtos da


horticultura
N° de
Quantidade Produzida
Produto Estabelecimentos
(Toneladas)
(Unidades)
Abobrinha 1 0
Alface 3 -
Batata-doce 1 -
Berinjela 1 -
Cebolinha 5 3
Coentro 6 3
Couve 4 -
Maxixe 15 1
Milho verde (espiga) 57 7
Pepino 2 -
Pimenta 4 -
Pimentão 3 -
Quiabo 7 1
Rúcula 1 -
Tomate (estaqueado) 4 0
Total 114 15
Fonte: Censo Agropecuário – IBGE (2017)

Pecuária

A pecuária, voltada para o corte, desenvolve-se através de práticas extensivas,


utilizando pastos naturais. Os principais rebanhos são: o bovino, o caprino, o suíno e as aves.
Entre 2010 e 2017, o rebanho diminuiu 11%, sendo que, nesse período, apenas o caprino e as
aves obtiveram crescimento de 29% e 9%, respectivamente. Os demais, apresentaram taxas
negativas: bovino -77%, equino -42%, bubalino -60%, suíno -24% e ovino -41%.
Em 2010, das 39.159 cabeças, as aves obtiveram o maior percentual,
correspondendo a 46%, o suíno com 24%, o bovino com 13%, o caprino com 11%, o ovino
com 3%, o equino com 2% e o bubalino com 1% (Tabela 41).
Em 2017, as aves continuaram a ter o maior efetivo equivalendo a 57% das 34.827
cabeças. Dessas, o suíno representou 21%, o bovino 3%, o caprino 15%, o ovino 2%, equino e
o bubalino 1% cada (Tabela 41).
A exiguidade de pastos naturais e praticamente a inexistência de pastagens
plantadas, cuja razão principal deve-se à grande área de dunas, são as responsáveis pelo
pequeno rebanho bovino.
152

O equino, que antes era utilizado como meio de transporte, está sendo substituídos
por veículos motorizados, principalmente a motocicleta. Quanto ao bubalino, o ambiente é
impróprio, pois esses animais preferem áreas alagadas ou pantanosas. Significativos são os
rebanhos suíno e caprino, ambos criados soltos, alimentando-se de frutos e folhas de qualquer
vegetal. As aves referem-se às criações domésticas e às granjas.

Tabela 41 - Efetivo do rebanho


2010 2017
Rebanho Número de cabeças Número de cabeças
(Unidades) (Unidades)
Bovino 4.942 1.143
Equino 742 430
Bubalino 454 183
Suíno 9.518 7.215
Caprino 4.119 5.301
Ovino 1.231 725
Aves 18.153 19.830
Total 39.159 34.827
Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal (2010; 2017)

Os produtos de origem animal registrados em 2017 foram os ovos de galinhas e o


leite. Este teve uma produção de 6 mil litros que renderam R$ 13 mil, enquanto aquele foi de
11 mil dúzias, valendo R$ 52 mil, perfazendo o total de R$ 65 mil.

Extrativismo

Dos produtos informados pelo IBGE, o carvão vegetal correspondeu a 86% das 21
toneladas produzidas em 2016; os 14% restantes pertenceram à juçara. A lenha produziu 1.755
metros cúbicos. Quanto ao valor da produção, dos R$ 81 mil, a participação da lenha foi de
63%, enquanto que a juçara e o carvão vegetal obtiveram 10% e 27%, respectivamente.
A extração da lenha e a obtenção do carvão vegetal têm implicações ambientais,
pois contribuem para o aumento do desmatamento, principalmente porque é utilizado o mangue
ou a derrubada das árvores nativas. O mangue é utilizado para construção de cercas que são
usadas para demarcar as propriedades no município, além de servir como combustível para os
fornos das casas de farinhas, das padarias e de alambiques (Tabela 42).
153

Da juçara extrai-se a polpa para formação do suco que é muito apreciado na região.
Entretanto, verifica-se o não aproveitamento da polpa de caju, já que, ao observar-se a produção
industrial, não foi constatado qualquer produto ligado a esse fruto.

Tabela 42 - Quantidade e valor da produção extrativista vegetal


Quantidade Produzida Valor da produção
Produto
Tonelada Metros Cúbicos (Mil Reais)
Juçara 3 - 8
Carvão Vegetal 18 - 22
Lenha - 1.755 51
Total 21 1.755 81
Fonte: IBGE – Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (2017)

No município, foi encontrado extração de sal marinho, em uma pequena salina,


próxima à área urbana.

Pesca e Aquicultura

Apesar de não se ter dados oficiais da produção, a pesca é umas das principais
atividades econômicas do município, graças aos 3.700 associados na Colônia de Pescadores.
Essa atividade é praticada de maneira artesanal no ambiente fluvial/marinho, utilizando
principalmente canoas a vela e motorizadas (Figura 62).

Figura 62 - Embarcações utilizadas na pescaria

Fonte: IMESC (2012)


154

O pescado é comercializado, no próprio município e em Humberto de Campos,


porém o caranguejo e o sururu são voltados para o mercado de São Luís e São José de Ribamar.
As principais espécies comercializadas são: camarão vermelho (Farfantepenaeus subtilis),
camarão branco (Litopenaeus schmitti), pescada amarela (Cynoscion acoupa), tainha
(Mugilidae sp), peixe pedra (Genyatremus luteus), caranguejo-uça (Ucides cordatus), sururu
(Mytella falcata) e outros.
O IBGE registrou, em 2017, uma produção de 164.440 quilogramas, sendo 54% de
camarão, 23% de tilápia e tambaqui cada. Quanto ao valor da referida produção, dos R$ 2,360
milhões, o camarão participou com 68%, a tilápia e o tambaqui com 16% cada (Tabela 43).

Tabela 43 - Produção e valor da aquicultura, por tipo de produto


Quantidade Produzida Valor da Produção
Espécies
(Quilogramas) (Mil Reais)
Tambaqui 37.000 370
Tilápia 38.000 380
Camarão 89.440 1.610
Total 164.440 2.360
Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal (2017)

Indústria

No município, há 25 indústrias, sendo: seis de extração de minerais não metálicos,


nesse caso, extração de sal marinho; quatro de fabricação de produtos alimentícios; uma de
fabricação de produtos têxteis; duas fábricas de metalurgia; uma de fabricação de móveis; uma
de fabricação de produtos diversos; duas de distribuição de energia elétrica; duas de coleta,
tratamento, disposição de resíduos e recuperação de materiais; três de construção civil, nesse,
destaca-se a fabricação de blocos de pavimentação (Figura 63); e três de serviços
especializados para construção (BRASIL, 2019).
155

Figura 63 - Fábrica de blocos de pavimentação

Fonte: IMESC (2012)

Comércio

O comércio é principalmente varejista, formado principalmente por quitandas


(Figura 64) e pequenas casas comerciais, além de um mercado e uma feira livre que ocorre
diariamente.

Figura 64 - Quitanda

Fonte: IMESC (2012)


156

De acordo com Brasil (2019), há 144 estabelecimentos comerciais, sendo: dois de


comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas; três de comércio atacadista e 139
de comércio varejista.

Turismo

As atrações turísticas são variadas, com destaque principalmente para as lagoas, os


igarapés, e o Rio Periá (Figura 65), das quais é possível vislumbrar a instigante paisagem e as
ilhas. Município integrante dos Lençóis Maranhenses, possui praias semi desertas de areia
branca e lagoas de águas cristalinas, na época das chuvas, formadas entre as dunas. Como meio
de hospedagem, há no município quatro estabelecimentos cadastrados, de acordo com o
CADASTUR (BRASIL, 2019).

Figura 65 - Rio Periá

Fonte: IMESC (2012)

A lagoa do Caçó (Figura 66) é um paraíso à parte. Com 5km de extensão e cerca
de 800 metros de largura, é uma das maiores do Maranhão. Possui água tépida, calma e
transparente com fundo de areia branca que ao sol reluz, transformando o fundo e a superfície
da lagoa em um brilho único; é um lugar cercado de mata nativa, com longos buritizais que
fazem sombra em partes da lagoa. Totalmente navegável, pode-se realizar mergulhos de
157

superfície, tranquilos e relaxantes, windsurf, caiaque, e desfrutar da área de camping e praias


de águas doce.

Figura 66 - Lagoa do Caçó

Fonte: IMESC (2012)

Outros atrativos são as competições de rali com motos, carros e quadriciclos, nas
dunas e trilhas, quando o participante sente toda a emoção. O acervo arquitetônico destaca-se
pelas casas em estilo colonial (Figura 67), a igreja matriz e a cruz de madeira na entrada da
cidade fixada pelos portugueses, as quais fazem o turista voltar ao passado, vislumbrando
fachadas, portas e janelas das casas que se encontram em ruas calmas, onde se pode ouvir o
canto dos pássaros e a brisa a balançar as árvores. Além desses, há o carnaval e as festas juninas
realizadas próximo à igreja matriz e os campeonatos de futebol de areia e campo.
Chama-se a atenção para a quase inexistência de veículos motorizados, o que confere
à cidade um bucolismo invejável. Para atender o turista, o município dispõe de três pousadas.
Pode-se considerar como atração as quitandas já mencionadas, pela tradicional
distribuição e variedade das mercadorias, separadas do consumidor por um balcão,
possibilitando que o comprador só tenha acesso ao produto que solicitou, sem participação
direta na seleção.
Na culinária, são pratos típicos: caldeirada de camarão, torta de sururu e de
caranguejo, peixada, patinha de caranguejo à milanesa, galinha caipira ao molho pardo, arroz
de coco e arroz de cuxá.
158

Figura 67 - Casas em estilo colonial

Fonte: IMESC (2012)

Poderes Judiciário e Legislativo

O município faz parte da comarca de Humberto de Campos. Corresponde à 32º zona


eleitoral, com 10.167 eleitores, distribuídos em 37 seções, e conta com nove vereadores.
Funciona na cidade um cartório e uma delegacia, com quatros policiais militares, auxiliados por
oito guardas municipais.

Religião

A Igreja Católica possui aproximadamente oito capelas na zona rural, além de um


templo na sede dedicado à padroeira do município Nossa Senhora da Conceição, a qual é
homenageada e festejada em dezembro (Figura 68). Os outros santos comemorados são Santa
Maria em maio e São Jorge em abril.
Os sete templos evangélicos distribuem-se em três na área urbana e quatro na rural,
sendo as principais denominações: Batista, Adventista, Assembleia de Deus, Testemunha de
Jeová e Congregação Cristã do Brasil.
159

Figura 68 - Igreja Matriz

Fonte: IMESC (2012)

Dos 13.954 habitantes, 90% declararam-se católicos, 6% evangélicos, 3% não


tinham religião e 1% participava de outras religiões (Tabela 44).

Tabela 44 - População residente por religião


Religião Número de adeptos
Católicos 12.570
Evangélicos 855
Outras Religiões 54
Sem religião 475
Total 13.954
Fonte: IBGE (2010)

Infraestrutura

O abastecimento de água no município tem como fonte os poços artesianos de


responsabilidade municipal. De acordo com o BRASIL (2015), foram registradas 314 ligações.
Por não haver rede coletora de esgoto, os efluentes domésticos têm como destino
as fossas rudimentares e sépticas que, de acordo com BRASIL (2015), totalizaram 1.033.
A coleta de lixo é realizada na sede e nos povoados Caçó e Aparecida cinco vezes
na semana, sendo os resíduos destinados a um lixão a céu aberto, localizado a 3 km da sede
municipal.
160

A energia elétrica é de origem hidroelétrica com a subestação localizada em


Morros. Em 2015, registraram-se 33.719 consumidores, sendo 94% residencial; 3% comercial;
2% poder público; 1% refere-se ao consumidor rural, industrial, serviço público, iluminação
pública e CEMAR. Quanto ao consumo, dos 3.176.782 MWh, 73% foi residencial, 11% foi de
iluminação pública, 8% foi do poder público, 7% foi comercial e menos de 1% foi industrial,
serviço público, rural e CEMAR (Tabela 45).

Tabela 45 - Consumidores e consumo de energia elétrica por classe


Usuário Número de consumidores Consumo em Mwh
Residencial 31.806 2.329.523
Industrial 60 10.354
Comercial 1.131 215.706
Rural 24 771
Poder Público 647 264.026
Iluminação Pública 13 343.062
Serviço Público 32 12.391
CEMAR 6 949
Total 33.719 3.176.782
Fonte: CEMAR (2015)

Serviços e comunicação

Funciona no município uma rádio FM, denominada Oceânica. Quanto ao serviço


de telefonia fixa, móvel e Internet, é de responsabilidade da empresa OI.
A rede bancária é representada por um posto do Banco do Brasil e outro do
Bradesco. Há também uma agência dos correios e uma casa lotérica.

Folclore e Lazer

As manifestações tradicionais no município são destacadas pelas festas religiosas


de São Gonçalo, Nossa Senhora da Conceição, Cristo Rei, Santo Amaro e São Sebastião, e pelo
bumba meu boi, quadrilha, dança do coco e tambor de mina.
O artesanato local inclui a produção de bolsas e chapéus de palha (fabricados com
fibra de carnaúba, tucum e buriti); redes, selas e tapetes feitos com junco; e cestos tecidos de
cipós.
161

Para o lazer, o município conta com duas quadras poliesportivas, um ginásio


esportivo, vários campos de futebol (Figura 69), um estádio com capacidade para 2.000
pessoas, três lanchonetes, duas casas de show (Casino e Clube da Deola), biblioteca, e inúmeros
bares.

Figura 69 - Campo de Futebol

Fonte: IMESC (2012)

Transporte

A principal rota entre a capital São Luís e Primeira Cruz é através das BR-135, BR-
402 e MA-025, chegando até a sede do município de Humberto de Campos. Do porto dessa
cidade, o transporte é fluvial até o terminal Jerônimo de Albuquerque, localizado em Primeira
Cruz.
O traslado entre Primeira Cruz e os municípios vizinhos é realizado de barco,
principalmente as voadeiras (canoas motorizadas), bianas, barcos de médio porte e lanchas. Há
também uma rota terrestre, ligando até a BR-402, passando pelo município de Santo Amaro do
Maranhão, porém o acesso só é feito por carros traçados, em razão do trajeto ser difícil. No
município, há uma pista de pouso para pequenos aviões.
O deslocamento entre o espaço urbano e o rural é feito por motos, toyotas e barcos.
Na sede, o deslocamento é realizado principalmente de moto.
162

7 SANTO AMARO DO MARANHÃO

Símbolos Municipais5

Bandeira

Localização

O município de Santo Amaro do Maranhão está localizado no Litoral Oriental, faz


parte da Mesorregião Norte Maranhense e encontra-se, inserido na Microrregião Geográfica
dos Lençóis Maranhenses.
Limita-se ao Norte, com o Oceano Atlântico e, nas demais direções, com os
seguintes municípios: ao Oeste, com Primeira Cruz; ao Sul, com Primeira Cruz e Barreirinhas;
e, ao Leste, com Barreirinhas (Mapa 7).
Os pontos extremos do município estão determinados pelas respectivas
coordenadas geográficas: Norte -02°19’55” de latitude e -43°22’24” de longitude; Oeste -
43°22’40” de longitude e -02°20’29” de latitude: Sul -03°46’12” de latitude e -44°16’30” de
longitude; Leste -44°01’43” de longitude e -03°40’41” de latitude.

5
O brasão e o hino municipal não foram disponibilizados.
163

Mapa 7 - Localização do Município Santo Amaro do Maranhão

Fonte: IBGE; IMESC (2016)


164

Extensão

O município tem 1.601,18 km2, classificando-se no 58° lugar em extensão, o que


corresponde a 0,48% do território estadual. Na Mesorregião Norte Maranhense, ocupa o 8º
lugar, com 3,06% de participação. Na Microrregião Geográfica dos Lençóis Maranhenses, está
na 4ª posição, com 14,88% do território microrregional.

Processo de Ocupação

Trovão (2002) relata o depoimento prestado pelo Sr. Hilário Resende Ribeiro, 72
anos, um dos moradores mais antigos da cidade. O início da ocupação deu-se através dos
jesuítas, que tinham sido expulsos de Tutóia, em virtude de ali terem desenvolvido, já naquela
época, grilagem.
Viajando pelo interior dos Lençóis Maranhenses, os jesuítas, sob a justificativa de
catequese, buscavam ouro. Nessas andanças, resolveram fixar-se no local e construíram um
rancho. Depois, procuraram o proprietário das terras e pediram a doação do terreno, dizendo
que todo o espaço que necessitavam correspondia ao traçado de um couro de boi, que
espalharam no chão.
O proprietário aceitou e eles demarcaram o terreno na presença dele, tomando por
base o tamanho do couro.
Depois que o proprietário foi embora, eles colocaram o couro dentro d’água e
cortaram em tiras muitos finas, praticamente na espessura de uma linha e com o novelo
adquirido foram demarcar o terreno. Fincaram mourões e iam espalhando as “linhas” de couro.
Enquanto teve couro em linha, o terreno foi demarcado, formando assim uma figura geométrica.
Como o lugar ficava muito distante da fazenda do proprietário e a comunicação era
difícil, especialmente pelo grande vazio demográfico, só bem mais tarde o fazendeiro tomou
conhecimento do fato e expulsou os jesuítas.
Perseguidos por soldados, os jesuítas percorreram pelas dunas e, depois de vários
dias, acamparam próximo a uma pequena elevação chamada Morro de Espia, onde mantiveram
um espião que, ao avistar a aproximação dos soldados, os fez fugir. Acampatam depois,
definitivamente, em uma restinga próxima às dunas, onde o jesuíta mais antigo, de nome
Amaro, morreu. Assim, os demais deram ao lugar o nome de Santo Amaro, em homenagem a
ele.
165

Depois de enterrar o jesuíta falecido, os demais afastaram-se mais ou menos um


quilômetro e ali, com malas de couro, enterraram todo o ouro e dinheiro (moeda) que levavam,
em um lugar que foi chamado de Canto do Inferno. Após terem feito isso, foram embora,
deixando, no entanto, o Sr. Alfredo, um português que os acompanhava e que gostou muito do
lugar.
Tempos depois, José Joaquim dos Anjos, que morava em São Luís, foi a Tutóia
Velha. Ali chegando, apaixonou-se por uma jovem do lugar, filha de um fazendeiro, com a qual
noivou. Voltou, no entanto, para São Luís, já que residia em Iguaíba. Um ano depois, Joaquim
voltou para Tutóia para casar-se e, na passagem, hospedou-se com Alfredo.
Por ter se identificado com o lugar, Joaquim foi buscar a esposa para morarem ali,
mas a sua mãe que era viúva, não lhe deu herança, entregando-lhe apenas 50 novilhas, 50
ovelhas e 50 cabras, os quais José Joaquim levou para Santo Amaro. Partir disso, surgiram as
três primeiras fazendas do lugar. Cajueiro, para a criação de bodes; Alto, para a criação de
carneiros; e uma para criação de gado, próxima ao que viria a ser mais tarde o povoado de Santo
Amaro.
Pode-se considerar, portanto, o Sr. Joaquim como fundador da cidade, pois
construiu ali uma igreja, marco inicial do lugarejo, para a qual o referido senhor adquiriu uma
imagem de Santo Amaro.
Para facilitar o trabalho, Joaquim comprou quatro escravos: Carlos, Domingos, José
Carlos e Emídia, uma adolescente de 14 anos. Esses, com a Lei Áurea, foram libertados, embora
Emídia tenha continuado com os ex-senhores.
Como não tive filhos com a Sra. Ana Joaquina, sua esposa, Joaquim, anos depois,
abandonou-a e passou a conviver maritalmente com Emídia, ex-escrava, a qual lhe deu vários
filhos, dentre os quais, Raimundo Bruzaca e Gentil. Nessa época, o povoado já estava
praticamente estruturado (TROVÃO, 2002).
O povoado foi elevado à categoria de município e distrito com a denominação de
Santo Amaro do Maranhão, pela lei estadual nº 6.127, de 10 de novembro de 1994,
desmembrando-se de Primeira Cruz e foi instalado em 01 de janeiro de 1997. Na divisão
territorial datada de 15 de julho de 1997, o município foi constituído distrito sede.
166

Ambiente Físico

Compõem o embasamento geológico do município os depósitos quaternários:


Eólicos litorâneos (areias bem selecionadas, com grãos arredondados e dunas costeiras
naturais), Eólicos continentais (areias finas e médias, pouco consolidadas e dunas fixas
sublitorâneas), Marinhos litorâneos (areias marinhas litorâneas) e Aluviões marinhos, formados
por cascalho, areia e argila inconsolidada. Em uma área ao Sul do município, o embasamento
é a Formação Barreiras do Período Terciário, caracterizando-se por sedimentos areno-argiloso
e, ocasionalmente, por conglomeráticos de coloração róseo-avermelhados, ferruginizados,
parcialmente consolidados (UEMA, 2002).
Geomorfologicamente, o território municipal insere-se nos Lençóis Maranhenses,
correspondendo às faixas litorânea e sublitorâneas compostas por restinga, campos de deflação
eólica e dunas, formando assim parte da planície costeira.
Predominam os neossolos, esses são pouco evoluídos, constituídos por material
mineral ou por material orgânico com menos de 20 cm de espessura, possuem predomínio de
areais quartzosas e baixa retenção de água, apresentando maior restrição ao uso agrícola. Outro
solo encontrado, em uma área no extremo Norte do município, é o gleissolo, caracterizado por
ser muito mal drenado, com alto conteúdo em sais minerais provenientes da água do mar e
composto de enxofre, com textura variando de argilosa à arenosa (UEMA, 2002).
O clima é tropical subúmido com dois períodos: chuvoso, de janeiro a junho e
estiagem de julho a dezembro. Possui uma pluviometria anual entre 1.600 a 2.000 mm. A
temperatura média anual é superior a 27º C e a umidade relativa do ar anualmente varia de 79%
a 82% (UEMA, 2002).
A vegetação do município é caracterizada por gramíneas em campos inundáveis,
várzeas em áreas mais rebaixadas, localizadas principalmente entre paleodunas, que alagam
durante o período chuvoso. O município é representado por formações abertas e rasteiras em
áreas planas; capoeira mista e capoeirão latifoliado; mata ciliar; vegetação de restinga,
composta de vegetação rasteira e, às vezes, arbustiva ou arbórea, vegetação de dunas
caracterizada por vegetais rasteiros como a salsa-de-praia (Ipomeapes-caprae).
O município encontra-se nas bacias hidrográficas dos rios Periá e Preguiças. É
representado pelos rios: Juçaral, Negro, Bacabinha, das Pedras, Grande, Queimado, Alegre;
pelos riachos: Gengibre, Baixa Funda, Mirinzal, Mundo Novo, São Bento, Pedro Reiro, do
Sucuriú, da Cabeceira, São Domingos e Baixo do Buritizal; e pelos lagos: do Gengibre, Travosa
167

e Santo Amaro (Figura 70), fazendo parte da APA – Upaon-Açu/Miritiba/Alto Preguiça;


enquanto o Centro-Norte insere-se no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (PNLM).

Figura 70 -Vista parcial do Lago Santo Amaro

Fonte: Acervo pessoal de SILVA, C.H.S. (2011)

Espaço Urbano

A cidade de Santo Amaro do Maranhão distribui-se, ao Oeste, entre os meandros


do Rio Alegre e, ao Sul e nas demais posições, é cercada por campos e dunas, assemelhando-
se a um triângulo (Figura 71).
Ao atingir a cidade por via terrestre, atravessa-se o Rio Alegre de Toyota ou de
barco. Alcança-se depois o centro urbano na mesma direção, por uma avenida. A partir desse
ponto, as ruas vão se distribuindo em várias direções. A sede municipal possui 28 ruas, das
quais nove são pavimentadas com bloquetes de cimento (Figura 72), dezesseis com areia solta,
três avenidas e uma praça arborizada (Figura 73).
É característica principal da cidade, o bucolismo, imperando o silêncio, já que na
sede não se tem muitos automóveis. Além disso, a atividade turística, embora crescente, não é
tão intensa quanto no município de Barreirinhas.
Em 2013, a cidade tinha 2,35 km2 de extensão, ocupando 0,14% do território
municipal.
168

O município possuía 1.237 casas de tijolo, 298 de taipa revestida, 568 de taipa não
revestida, 208 de madeira e 79 de outros materiais (BRASIL, 2014). As casas registradas como
de outros materiais são principalmente cobertas e revestidas com palhas de buritizeiro,
principalmente na área rural, onde, o solo, por ser arenoso, não possui argila para revestimento
das paredes.

Figura 71 - Planta da cidade

Fonte: IBGE (2007)

Figura 72 - Rua do Mercado Velho

Fonte: IMESC (2013)


169

Figura 73 - Praça principal

Fonte: IMESC (2013)

Espaço Rural

O espaço rural do município está distribuído em comunidades (BRASIL, 2011),


classificadas em sítios, povoados, fazenda e assentamentos.
Sítios: Aniceto, Bacabeira, Bacabinha (PN6), Bacuri III, Baixão, Barras, Bebedouro
(PN), Betânia (PN), Boa Hora, Boca da Lagoa (PN), Bom Fim, Braço da Juçara, Buenos Aires,
Buriti (PN), Buriti Alto, Buriti Grosso (PN), Buriti I, Buritizal (PN), Buritizalzinho,
Buritizinho, Cabeceira (PN), Cachoeira, Cachorro Morto, Cacimbinha, Cajueiro, Cangalha
Quebrada, Canto Grande I, Canto Grande II, Capembas, Carnaubal do Meio, Combucão (PN),
Conceição, Córrego do Jaboti, Corta Bico, Engodo, Esperança, Espigão, Ferreira, Formosa
(PN), Forquilha do Brejo, Ilha do Cavalo, João Caetano, Laranjeira (PN), Lavado I, Lavado II,
Maria Nunes, Maricão, Mocambo I, Mocambo II, Mundo Novo (PN), Olho d'Água (PN),
Pacoveira, Palha, Pão, Passagem do Gado, Patacas, Patos, Pebas, Pedras (PN), Pedro Reiro
(PN), Pescoço Fino, Pinto, Poço de Cinza, Ponta do Espigão, Ponta Verde (PN), Pontal, Porto
da Telha, Porto do Alegre, Queimada dos Britos (PN), Queimada Grande (PN), Rancharia,
Recanto das Pedras, Riachão I (PN), Riachão II, Riachinho I, Riachinho II, Riacho de Areia,
Riacho Seco, Sangue, Santa Luzia, Santa Maria, São Domingos, São Domingos I, São

6
PN – Lugares localizados no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses
170

Francisco (PN), São Jerônimo, São João (PN), São João I, São Lourenço (PN), São Tomé,
Setúbal (PN), Serra (PN), Serragem, Sucuruju, Tetéu, Tiririca, Tucum, Vai Quem Quer, Vem
Cá e Veado.
Povoados: Baixa Funda (PN), Boa Vista (PN), Cocal (PN), Rio Grande (PN) e
Travosa (PN).
Fazenda: Faxadinha.
Assentamentos: PE7 Riachão, PE Rio Grande e PE Satuba.

Utilização das Terras

A Tabela 46 traz informações sobre a utilização das terras do espaço rural do


município, classificada em estabelecimentos que, por terem mais de uma atividade rural, não
puderam ser analisados quantitativamente. Entretanto, pode-se observar que os referidos
estabelecimentos desenvolvem principalmente atividades ligadas à lavoura, tanto temporária,
quanto permanente.
Quanto à área cultivada, dos 8.038 hectares, 12% foram com agricultura
permanente; 3% com agricultura temporária; 37% com pastagens naturais; 1% com pastagens
plantadas em boas condições e sistemas agroflorestais, cada; 43% com matas ou florestas
naturais; e 3% com lâmina d'água, tanques, lagos, açudes, área de águas públicas para
aquicultura, de construções, benfeitorias ou caminhos, de terras degradadas e de terras
inaproveitáveis. Não foram disponibilizados dados sobre a área das pastagens plantadas em más
condições e matas ou florestas naturais destinadas à preservação permanente ou reserva legal
(Tabela 46).

7
Projeto de Assentamento Estadual.
171

Tabela 46 - Número de estabelecimento e área, segundo a utilização das terras


Nº de
Área
Utilização das terras Estabelecimento
(hectares)
(Unidades)
Lavouras permanentes 11 928
Lavouras temporárias 783 247
Pastagens naturais 29 2.966
Pastagens plantadas em boas condições 2 101
Pastagens plantadas em más condições 26 -
Matas ou florestas naturais destinadas à preservação
13 -
permanente ou reserva legal
Matas ou florestas naturais 56 3.426
Matas ou florestas plantadas 1 -
Sistemas agroflorestais – área cultivada com espécies
florestais também usada para lavouras e pastoreio por 8 98
animais
Lâmina d'água, tanques, lagos, açudes, área de águas
públicas para aquicultura, de construções, benfeitorias ou
805 272
caminhos, de terras degradadas e de terras
inaproveitáveis
Total - 8.038
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2017)

Condição Legal das Terras

Quanto à condição legal das terras, dos 697 estabelecimentos, 78% são próprios,
7% concedidas por órgão fundiário ainda sem titulação definitiva, 11% arrendadas, 2%
ocupadas e 2% em parceria e em regime de comodato. Quanto à área, dos 8.093 hectares, as
terras próprias representaram 73%, concedidas por órgão fundiário ainda sem titulação
definitiva 2%, arrendadas 25% e ocupadas menos de 1%. Os hectares das terras em parceria e
em regime de comodato não foram identificados (Tabela 47).
172

Tabela 47 - Número de estabelecimento e área, segundo a condição legal das terras


N° de Estabelecimento Área
Condição legal das terras
(Unidades) (Hectares)
Próprias 546 5.899
Concedidas por órgão fundiário ainda sem
titulação definitiva 49 131
Arrendadas 76 2.035
Em parceria 1 -
Em regime de comodato 8 -
Ocupadas 17 28
Total 697 8.093
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2017)

Demografia

O município ocupa no estado o 137º lugar em população, para o qual participa com
0,21%. Na Mesorregião Norte Maranhense, ocupa o 43º lugar com 0,53% e, na Microrregião
Geográfica dos Lençóis Maranhenses, ocupa o 6º lugar com 7,84%. A densidade demográfica
é de 8,63 hab/km2. Em 2010, o IDHM teve o valor de 0,518 ocupando a 200ª posição. A
estimativa da população para o ano de 2018 foi de 15.654 habitantes.
Entre 2000 e 2010, a população absoluta do município cresceu 44%, a masculina
47%, a feminina 41%, a urbana 31% e a rural 49% (Tabela 48).
Em 2000, a população masculina foi de 52%, a feminina de 48%, a urbana de 29%
e a rural de 71%. Em 2010, os homens passaram para 53% e as mulheres para 47%, a urbana
para 26% e a rural para 74%. Como pode ser observado na Tabela 48, a população rural, além
de ser maior, cresceu em dez anos 4%. Como a população urbana diminuiu 3% no mesmo
período, presume-se que está acontecendo migração urbano-rural, caso praticamente inédito no
Maranhão.
As pessoas que nascem no município são chamadas santamarenenses.

Tabela 48 - Distribuição da população residente


População Censo 2000 Censo 2010
Masculina 4.987 7.314
Feminina 4.625 6.506
Urbana 2.775 3.630
Rural 6.837 10.190
Absoluta 9.612 13.820
Fonte: Censo Demográfico – IBGE (2000; 2010)
173

Saúde e Assistência Social

O município conta com um hospital, atendendo aos casos de internação,


urgência/emergência e pequenas cirurgias. Para o atendimento, dispõe de quatro médicos, uma
enfermeira, cinco técnicos de enfermagem, quatro auxiliares de enfermagem. Além disso, conta
com 32 agentes de saúde, dos quais, oito trabalham na área urbana, 24 na área rural, além de
dois agentes de vigilância epidemiológica e um agente de vigilância sanitária.
Funciona, também, no município o ESF, distribuído em cinco equipes, cada uma
com um médico, uma enfermeira, um técnico em enfermagem, um auxiliar de enfermagem e
dentistas que também atuam no Programa de Saúde Bucal. As doenças mais frequentes são:
hipertensão, diabetes, viroses, infecções respiratórias, gastroenterocolite aguda, além de
traumas relacionados a acidentes de trânsito especialmente com moto. Os casos que não são
resolvidos no local vão para Barreirinhas ou São Luís de ambulância.
A Secretaria de Assistência Social possui um CRAS, desenvolvendo os seguintes
programas: Grupo de Capoeira, PETI, PROJOVEM, BPC, Florescendo a Melhor Idade, Auxílio
Natalidade e Bolsa Família.
Recentemente foi construído um hospital municipal com 20 leitos, serviço de
pronto atendimento 24h nas clínicas médica, pediátrica e obstetríca, além de raio X,
ultrassonografias, laboratório, farmácia, entre outros serviços básicos.

Educação

O município registrou, em 2017, 3.942 alunos matriculados, sendo 631 na educação


infantil, 2.943 no ensino fundamental e 368 no ensino médio. O número total de docentes é de
251 (SEDUC/MA, 2017).
No aludido ano, 43 dos estabelecimentos estavam dedicados à educação infantil, 47
ao ensino fundamental e um ao ensino médio (SEDUC/MA, 2017).
O município conta ainda com duas unidades de ensino superior particular: FAREM
e Cândido Mendes, com os seguintes cursos: Pedagogia e Administração.
174

Economia

Em 2015, o município ocupava a 160ª posição em relação ao PIB (IMESC, 2016),


correspondendo a R$ 65,783 milhões ou a 0,08% no estado, sendo o setor de serviços o mais
representativo, com uma contribuição de R$ 10,308 milhões. Enquanto isso, o setor
agropecuário contribuiu com R$ 8,479 milhões e o industrial com R$ 2,469 milhões,
acrescenta-se ainda R$ 1,023 mil referente à arrecadação de impostos. Em 2010, ocupou a 209ª
posição em relação ao IDM, correspondendo a 0,236. A renda per capita foi de R$ 135,04,
ocupando o 205º lugar, em relação ao Maranhão.
As principais atividades econômicas do município estão ligadas ao setor primário,
destacando-se a agropecuária.

Agricultura

A agricultura no município é itinerante, utilizando técnicas rudimentares. O


município depende economicamente e, principalmente, da agricultura. A produção agrícola está
distribuída em agricultura temporária e permanente, sendo aquela a de maior
representatividade.
O Sindicato de Trabalhadores Rurais tem 3.929 pessoas sindicalizadas, embora se
saiba que o total desses trabalhadores é bem maior.

Agricultura Temporária

Os produtos que se destacam na agricultura temporária são: mandioca, arroz, milho


e feijão.
De 2010 a 2017, a área colhida aumentou 65%, a quantidade produzida 117% e o
valor da produção 240%. Na área colhida, obteve-se os seguintes aumentos: arroz 400%, feijão
220%, o milho 271% e a mandioca 28%. Em quantidade produzida apresentaram aumento: o
arroz 700%, o feijão 383%, o milho 569% e a mandioca 109%. No rendimento médio, o arroz,
o feijão, o milho e a mandioca aumentaram 60%, 51%, 80% e 64%, respectivamente. Quanto
ao valor da produção, o arroz não teve produção no primeiro ano, por isso não foi possível fazer
uma análise, os demais produtos tiveram crescimentos positivos: o feijão 857%, a mandioca
210% e o milho 857%.
175

Dos 558 hectares de área colhida em 2010, o arroz participou com menos de 1%, o
feijão com 3%, a mandioca com 84% e o milho com 13%. Das 2.487 toneladas produzidas, a
mandioca colaborou com 98%, o milho com 1%, e o arroz e o feijão com menos de 1%. Dos
R$ 509 milhões, referente ao valor da produção, o arroz não obteve produção, o feijão 1%, o
milho 3% e a mandioca 96% (Tabela 49).
Em 2017, dos 923 hectares de área colhida, 2% esteve ocupada com arroz, 5% com
feijão, 65% com mandioca e 28% com milho. A quantidade produzida foi de 5.394 toneladas,
resultando nas seguintes participações: o arroz e o feijão apresentam juntos 1%, a mandioca
95% e o milho 4%. No valor da produção de R$ 1,730 milhões, os resultados foram: a mandioca
87%, o milho 8%, o feijão com 4% e o arroz com 1% (Tabela 49).

Tabela 49 - Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção da


lavoura temporária
Área colhida Quantidade Produzida Rendimento Médio Valor da Produção
Produto (Hectares) (Toneladas) (kg/ha) (Mil reais)
2010 2017 2010 2017 2010 2017 2010 2017
Arroz 3 15 2 16 666 1.067 0 15
Feijão 15 48 6 29 400 604 7 67
Mandioca 470 600 2.444 5.115 5.200 8.525 488 1.514
Milho 70 260 35 234 500 900 14 134
Total 558 923 2.487 5.394 - - 509 1.730
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (2010; 2017)

Agricultura Permanente

Oficialmente, a agricultura permanente restringe-se a banana, castanha de caju e


coco-da-baía.
Entre 2010 e 2017, a área colhida aumentou 143%, a quantidade produzida 165%
(exceto o coco-da-baía, pois esse é quantificado em mil frutos, enquanto os demais produtos o
são em toneladas) e o valor da produção 514%. Em relação aos produtos, em área colhida, a
castanha de caju aumentou 155%, o coco-da-baía diminuiu 72%, já a banana permaneceu
estável. Em quantidade produzida, a banana e o da coco-da-baía diminuíram 6% e 73%,
respectivamente, enquanto a castanha de caju aumentou 200%. No rendimento médio a banana
e o coco-da-baía diminuíram 6% e 4%, respectivamente, enquanto a castanha de caju aumentou
18%. No valor da produção, a castanha de caju aumentou, ao passo que a banana e o coco-da-
baía diminuíram 10% e 50%, respectivamente.
176

Dos 1.163 hectares colhidos em 2010, a banana representou menos de 1%, a


castanha de caju 95% e o coco-da-baía 5%. Das 465 toneladas produzidas (excetua-se o coco-
da-baía), coube à banana 17% e à castanha de caju 83%. No valor da produção, dos R$ 503 mil,
a banana representou 10%, a castanha de caju 77% e o coco-da-baía 13% (Tabela 50).
Em 2017, da área colhida de 2.825 hectares, coube à castanha de caju 99%, a banana
e o coco-da-baía representaram juntos 1%. Das 1.231 toneladas produzidas (excluindo o coco-
da-baía), 6% foram de banana e 94% de castanha de caju. Dos R$ 3,086 milhões do valor da
produção, a banana participou com 2%, a castanha de caju com 97% e o coco-da-baía com 1%
(Tabela 50).
A castanha de caju responde por quase toda economia da agricultura permanente.
Isso porque os cajueiros são totalmente adaptáveis a solos arenosos e o clima do município
facilita a produção. Quanto à polpa, é pouco valorizada, serve como alimento para animais ou
se deteriora embaixo dos cajueiros. O ideal seriam políticas públicas de incentivo ao
aproveitamento, já que é rica em vitamina C, podendo também ser transformada em diversos
subprodutos como: doces, sucos, licores, mel e outros.

Tabela 50 - Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção da


lavoura permanente
Área colhida Quantidade Produzida Rendimento Médio Valor da Produção
Produto (Hectares) (Toneladas) (kg/ha) (Mil Reais)
2010 2017 2010 2017 2010 2017 2010 2017
Banana 10 10 80 75 8.000 7.500 52 47
Castanha de caju 1.100 2.800 385 1.156 350 413 385 3.006
Coco-da-baía* 53 15 133 36 2.509 2.400 66 33
Total 1.163 2.825 - - - - 503 3.086
Fonte: Pesquisa Agrícola Municipal – IBGE (2010; 2017)
*Mil Frutos

Horticultura

De acordo com dados preliminares do censo agropecuário (IBGE, 2017), havia 50


estabelecimentos que se dedicavam à horticultura no município. Desses, 12% eram cebolinha,
coentro e couve cada; 10% maxixe, pimenta e quiabo cada; 8% alface e tomate cada; 6%
pimentão; 4% pepino; e 2% batata-baroa, batata-doce, milho verde e rúcula cada (Tabela 51).
Nesse mesmo ano, foram produzidas cinco toneladas, com uma tonelada para a alface,
cebolinha, coentro, couve e quiabo cada. Não foram contabilizadas a quantidade produzida da
177

batata-baroa, batata-doce, maxixe, milho verde, pepino, pimenta, pimentão, rúcula e tomate,
pois esses produziram menos de uma tonelada (Tabela 51).

Tabela 51 - Número de estabelecimento e quantidade produzida, por produtos da


horticultura
N° de
Quantidade Produzida
Produto Estabelecimento
(Toneladas)
(Unidades)
Alface 4 1
Batata-baroa (Mandioquinha) 1 -
Batata-doce 1 -
Cebolinha 6 1
Coentro 6 1
Couve 6 1
Maxixe 5 -
Milho verde (espiga) 1 -
Pepino 2 -
Pimenta 5 -
Pimentão 3 -
Quiabo 5 1
Rúcula 1 -
Tomate (estaqueado) 4 -
Total 50 5
Fonte: Censo Agropecuário – IBGE (2017)

Pecuária

A pecuária é extensiva, utilizando pastos naturais. Os rebanhos que mais se


destacam são as aves, o bovino e o suíno, voltados principalmente para o abate.
Entre 2010 e 2017, o rebanho total diminuiu -8%. Nesse mesmo intervalo,
cresceram: o caprino 35% e as aves 4%. Os demais diminuíram: bubalino e equino 30% cada,
bovino 53%, ovino 31% e suíno 15%.
Em 2010, das 31.500 cabeças, o bovino representou 12%, o caprino 7%, o ovino
4%, o suíno 26%, a ave 49%, o bubalino e o equino 1% cada.
Em 2017, o rebanho era representado por 28.983 cabeças, das quais 6% eram
bovinos, 10% caprinos, 3% ovinos, 24% suínos, 55% de aves, bubalinos e equinos 1% cada
(Tabela 52).
Observa-se que o rebanho bubalino é pouco expressivo, em razão de fatores
naturais, pois esse é pouco adaptável a pedologia e clima do município. Outro rebanho, como
o equino, diminuiu, decorrente da pouca utilização que, anteriormente era usado em atividades
178

na área rural, principalmente para o transporte de pessoas e cargas. Sendo relegados a segundo
plano, visto que, com novas tecnologias, consórcios e medidas facilitadoras, o homem do
campo pode obter transportes mais facilmente e de fácil manipulação, como motocicleta que
pode ser utilizada para diversos fins.
Quanto ao rebanho caprino, esse é muito utilizado na alimentação. O número de
aves chama a atenção, pois em trabalho de campo, não foram identificadas granjas no
município, essas são criadas no quintal e por pequenos produtores, assim como os suínos.

Tabela 52 - Efetivo do rebanho


2010 2017
Rebanho Número de cabeças Número de cabeças
(Unidades) (Unidades)
Bovino 3.988 1.872
Bubalino 229 160
Equino 285 200
Caprino 2.228 3.010
Ovino 1.218 836
Suíno 8.093 6.865
Aves 15.459 16.040
Total 31.500 28.983
Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal – IBGE (2010; 2017)

A produção de origem animal foi de 3 mil litros de leite no valor de R$ 5 mil e os


ovos de galinhas 14 mil dúzias no valor de R$ 74 mil, perfazendo o total de R$ 79 mil (IBGE,
2017).

Extrativismo

Os produtos vegetais considerados de influência econômica (IBGE, 2017) foram:


juçara, carvão vegetal e lenha. Os dois primeiros são informados em toneladas e o último em
metros cúbicos.
Das 41 toneladas coletadas, 8% foram de juçara, 85% de carvão vegetal e 7% de
outros produtos. A lenha apresentou 1.515 metros cúbicos. Quanto ao valor da produção, cujo
total foi R$ 103 mil, 9% veio de juçara, 40% de carvão vegetal, 43% de lenha e 8% de outros
produtos (Tabela 53).
179

Entretanto, tanto o carvão vegetal como a lenha são atividades preocupantes pelo
impacto ambiental que provocam, como desmatamentos, queimadas, emissão de fumaça e
deposição das cinzas nos leitos dos rios, quando transportadas pela chuva, causando
assoreamento. Esses danos seriam minimizados, se as cinzas fossem usadas como complemento
com a argila, na tapagem e reboco das casas de taipa ou então como adubo.
No município, também há o extrativismo mineral, com extração de areia, cuja a
quantidade e valor não foram informados.
Apesar de não ser informado, em trabalho de campo, foi observada a coleta de
buriti, bacaba, jatobá, mirim, murici e outros.

Tabela 53 - Quantidade e valor da produção extrativista vegetal


Quantidade Produzida Valor da Produção
Produto (Mil Reais)
Tonelada Metros Cúbicos
Juçara 3 - 9
Carvão Vegetal 35 - 41
Lenha - 1.515 45
Outros 3 8
Total 41 1.515 103
Fonte: IBGE – Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (2017)

Pesca e Aquicultura

A inexistência de dados quantitativos dificulta uma análise acurada sobre a


importância da pesca na economia. Entretanto, quando do trabalho de campo, a partir das
informações obtidas, verificou-se que a pesca certamente contribui para a economia. É praticada
nos ambientes lacustres (Lagos Gengibre, Travosa e Santo Amaro), fluviais (rios Alegre,
Grande e outros) e marinhos, de forma artesanal. As principais técnicas utilizadas são o puçá,
o choque, a caçoeira, a tarrafa e o curral.
As espécies mais pescadas são: corvina (Macrodon ancylodon), pescada
(Cynoscion acoupa), peixe serra (Scomberomorus brasiliensis), tainha (Mugil curema), peixe
pedra (Genyatremus luteus), cará (Achirus achirus), piau (Leporinus friderici), traíra (Hoplias
malabaricus), mandi (Pimelodus blochii Valenciennes), camarão Piticaia (Xiphopenaeus
kroyeri) e camarão da Malásia (Macrobrachium rosenbergii) (Figura 74).
180

Figura 74 - Camarão da Malásia

Fonte: fotolog.com

Em 2017, duas únicas espécies destacaram-se na aquicultura, o tambaqui com


40.500 quilogramas e a tilápia com 35.230 quilogramas. Aquele foi valorizado em R$ 405 mil
e este em R$ 352 mil. O tambaqui representou 53% da produção e a tilápia 47%. O valor total
da produção foi de R$ 757 mil, distribuídos 53,50% referente ao tambaqui e 46,50% à tilápia.

Indústria

As atividades industriais restringem-se a cinco fábricas de produtos alimentícios;


uma de fabricação de bebidas, exclusivamente cachaça; uma de fabricação de produtos de
madeira; uma fábrica de produtos minerais não metálicos, com fabricação de cerâmica e barro
cozido para uso na construção; uma de fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e
equipamentos; uma de fabricação de móveis; uma fábrica de produtos diversos; três de
construção civil e seis de serviços especializados para construção (BRASIL, 2019).

Comércio

A área comercial da cidade de Santo Amaro do Maranhão distribui-se


principalmente próximo à praça da igreja matriz e em algumas ruas transversais. O comércio é
essencialmente varejista, distribuído em quitandas, supermercados, feira livre e mercado. Há
181

42 estabelecimentos, sendo: seis de comércio e reparação de veículos automotores e


motocicletas; três de comércio atacadista e 33 de comércio varejista.

Turismo

Encravado nos Grandes Lençóis, o município possui diversos potenciais turísticos,


destacam-se: rios, lagoas, lagos, comunidades tradicionais, dunas, campos, praias e trilhas.
Rios: Alegre, Grande e outros. O Rio Alegre (Figura 75) banha a cidade em vários
pontos, nesse, é possível se deliciar com banhos em águas calmas e cristalinas. Ao longo do
dia, ele transforma-se em um verdadeiro clube, com pessoas jogando futebol, vôlei ou
simplesmente sentando em suas areias brancas para relaxar.

Figura 75 - Rio Alegre

Fonte: IMESC (2013)

Lagoas: Gaivota, Andorinha, da Sonda, das Emendadas, da América, da Esperança


e outras. A lagoa da Gaivota (Figura 76) é uma das maiores e mais belas, possuindo água
límpida, cercada por grandes dunas de areia branca.
182

Figura 76 - Lagoa da Gaivota

Fonte: Prefeitura Municipal de Santo Amaro do Maranhão (2013)

Povoados: Rio Grande, Travosa, Bebedouro, São Francisco, Ponta Verde, Betânia,
Boa Vista, Queimada dos Britos e Baixa Grande, entre outras. Nessas comunidades tradicionais
de trabalhadores rurais, pescadores e criadores, o visitante pode participar do plantio do caju e
da mandioca para a produção de farinha, bolo e cachaça (tiquira). Além disso, pode-se
aproveitar as dunas e riachos.
Lagos: Santo Amaro, Boa Vista, Bebedouro, Queimada dos Britos e outros. No lago
de Santo Amaro, pode-se fazer passeios de barco e vislumbrar a paisagem.
Espigão: trecho de dunas recortado pelo rio Alegre em meio à mata, possui muitas
lagoas e pode-se fazer caminhadas pelas dunas.
Praia: o litoral é repleto de praias de areia branca, quase desertas, onde pode ser
visualizado o oceano Atlântico e escassos ranchos de pescadores. Essas servem de base para
alimentação e reprodução de inúmeras espécies de aves migratórias.
Trilhas: pode-se realizar inúmeras trilhas com motocicletas, quadriciclos e veículos
com tração nas quatro rodas, em meio à vegetação de restinga, serpenteando no areião entre
olhos d’água e buritizais.
Pôr do sol: assistir ao pôr do sol entre as dunas (Figura 77) é um espetáculo à parte,
à medida que o sol se põe, o céu se enche de cores, desde o amarelo até o vermelho, enchendo
de paz as pessoas que o assistem.
183

Figura 77 - Pôr do sol

Fonte: Prefeitura Municipal de Santo Amaro do Maranhão (2013)

No município, há 12 meios de hospedagens cadastrados pelo CADASTUR


(BRASIL, 2019), a maior parte é de pousadas domiciliares, que proporcionam um contato mais
próximo do visitante com os moradores. Também é possível encontrar restaurantes familiares,
que servem comida caseira.
Para o atendimento turístico, o município conta com quinze pousadas, duas
hospedarias, doze restaurantes e oito lanchonetes.
O artesanato é, na maioria, de responsabilidade das mulheres que trabalham
intensamente com as folhas de carnaúba, com as quais tecem chapéus, vassouras e esteiras; e
com a fibra das folhas do buritizeiro, com as quais confeccionam redes, chapéus, bolsas e
tapetes. Os produtos são comercializados na própria cidade.
Na culinária, destacam-se os peixes em diversas modalidades, especialmente, o
surubim, o camarão da Malásia, o camarão com salada (Figura 78) e outros. Além disso, tem-
se os doces de buriti e mirim feitos artesanalmente.
184

Figura 78 - Camarão com salada

Fonte: santoamaro.ma.gov.br (2012)

Poderes Judiciário e Legislativo

O município é termo da comarca de Humberto de Campos. Faz parte da 32ª zona


eleitoral, com 37 seções (TSE, 2012).
No município, existem 9.665 eleitores e nove vereadores (TSE, 2018).

Religião

A religião predominante é o catolicismo, dispondo de duas igrejas na sede, a matriz


de Nossa Senhora da Conceição, ainda em construção (Figura 79); outra mais antiga (Figura
80) dedicada a Santo Amaro, o padroeiro da cidade; e oito capelas distribuídas pela zona rural.
Os principais festejos são o de São Sebastião, o de Nossa Senhora da Conceição e o do
padroeiro.
Há templos evangélicos, distribuídos na área urbana e rural, divididos nas
congregações Batista, Assembleia de Deus, Adventista e outras. Os terreiros de origem indígena
ou africana estão na área rural.
185

Figura 79 - Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição

Fonte: Acervo pessoal de MARTINS, G. E. D. (2019)

Figura 80 - Igreja de Santo Amaro

Fonte: Acervo pessoal de MARTINS, G. E. D. (2019)

Em 2010, dos 13.821 habitantes entrevistados, os católicos representavam a maioria


com 78%, seguidos dos evangélicos com 12%, outras religiões 1%, sem religião 9% (Tabela
54).
Tabela 54 - Distribuição da população por religião
Religião Número de Adeptos
Católica 10.742
Evangélica 1.707
Outras Religiões 89
Sem Religião 1.283
Total 13.821
Fonte: Censo Demográfico – IBGE (2010)
186

Infraestrutura

Toda área urbana e rural é abastecida de água, pelos rios e poços artesianos, que
são de responsabilidade dos moradores e por iniciativa das comunidades.
O município não possui sistema de coleta e tratamento de efluentes; a destinação
final do esgoto doméstico são as 805 fossas, mais utilizadas na área urbana (BRASIL, 2014).
O lixo é coletado em dias alternados só na área urbana, em uma caçamba da
prefeitura. Depois, é depositado em um lixão a céu aberto distante a 4 km da sede.
Em 2015, a CEMAR registrou 30.593 consumidores, cujo maior consumo foi
residencial com 93%, depois o comercial com 5%, poder público com 2%, industrial,
iluminação pública e CEMAR com menos de 1%. O consumo de energia foi de 3.021.214
MWh, com o maior percentual para o residencial com 73%, o comercial e a iluminação pública
com 10% cada, o poder público com 7% e menos de 1% para o industrial e a CEMAR. Não se
obteve informações sobre as classes rural e serviço público (Tabela 55).

Tabela 55 - Consumidores e Consumo de Energia Elétrica por Classes


Usuário Número de consumidores Consumo em Mwh
Residencial 28.513 2.219.433
Industrial 25 3.553
Comercial 1.486 301.698
Rural - 0
Poder Público 551 200.443
Iluminação Pública 13 295.412
Serviço Público - 0
CEMAR 5 675
Total 30.593 3.021.214
Fonte: CEMAR (2015)

Serviços e Comunicação

O sistema bancário está representado por um posto do Bradesco, e uma casa


lotérica.
A comunicação postal é de responsabilidade da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos (ETC), enquanto a telefonia fixa, móvel e internet é da OI.
O município possui 22 terminais acessíveis 24 horas (ANATEL, 2009).
187

Folclore e Lazer

As principais manifestações folclóricas são as festas religiosas principalmente de


São Sebastião e Nossa Senhora da Conceição, além das festas juninas com apresentações dos
seguintes grupos: bumba-meu-boi sotaque de matraca e orquestra, tambor de crioula,
quadrilhas, dança country, dança portuguesa, cordão de São Gonçalo e outras.
As datas cívicas comemoradas são a Independência do Brasil com desfile das
escolas estaduais e municipais e o aniversário da cidade. São realizados ainda eventos como
concurso de beleza, gincanas, festivais e carnaval. Para o lazer, o município oferece quadra
poliesportiva, campos de futebol, além de três bares e quatro clubes.

Lendas

• Porca dos olhos vermelhos - Em noites de sexta-feira, com lua cheia, aparece um
animal aterrador, uma porca de olhos vermelhos, que tem como alvo assombrar as crianças.
• Gritador - É uma alma que, por ter assassinado alguém, é obrigada a cumprir a
penitência de carregar um pesado fardo, o corpo da vítima, por toda a eternidade; quando o peso
torna-se insuportável, ele emite berros, gritos lancinantes noite adentro, assustando as pessoas
que andam pelas estradas.
• A mulher com uma trouxa de roupas na cabeça - Mulher que aparece
repentinamente, ela adora falar palavrões e, às vezes, aparece na companhia de uma criança,
quando isso acontece, alguém na comunidade visitada pela tal senhora vem a falecer.

Transporte

A cidade de Santo Amaro do Maranhão fica a, aproximadamente, 198 km da capital


São Luís. Essa distância é vencida pela BR-135 até Bacabeira, indo pela BR-402 até o povoado
Sangue. A partir desse ponto, alcança-se a MA-320 até a sede municipal; resta lembrar que
grande parte da MA está asfaltada, faltando pavimentar poucos quilômetros até a sede
municipal.
As viagens para o município são feitas, geralmente, em vans e ônibus de empresas
que vão para Barreirinhas, passando pelo povoado Sangue, onde se embarca nas toyotas
188

(Figura 81) e em outros veículos que fazem o transporte de pessoas e mercadorias até a sede.
Na área urbana, o deslocamento é feito por motos, quadriciclos (Figura 82) e canoas.

Figura 81 - Toyota Bandeirante

Fonte: Acervo Pessoal de SILVA, C.H.S. (2010)

Figura 82 - Quadriciclo (meio de transporte usado na sede)

Fonte: IMESC (2013)


189

8 TUTÓIA

Símbolos Municipais

Brasão

O brasão municipal, está representado por um sol entre as duas palhas cruzadas de
coqueiro, tendo, na parte central, a ilustração das dunas circulando a orla marítima, sendo
observadas de luzeiro pelos navegantes. Ainda pode-se ver um coqueiro, simbolizando uma
vasta faixa desse precioso vegetal da região e o Farol de Andreza.
190

Bandeira

A bandeira municipal foi idealizada por uma comissão nomeada pelo prefeito Dr.
Merval de Oliveira Melo e integrada pelos professores Francisco das Chagas Sousa e José de
Ananias Pereira dos Santos. Foi oficializada pelo Decreto nº 56de 28 de janeiro de 1981.
Os idealizadores optaram pelo fundo da bandeira de cor amarela, uma representação
das praias e dunas do litoral tutoiense, cujos coqueiros lhes servem de ornamentação à paisagem
litorânea, com suas palmas verdes, movidas pela brisa marinha.
191

Hino

Suaves rios e mares bravios


Matas floridas, verde coqueiral,
Terra de amor, feliz amostra
Do paraíso terreal

Estribilho

Praias amenas, brisas serenas


Dunas beijando igarapés, (bis)
Campos risonhos, terra de sonhos
Tutóia dos Teremembés

II

Céus povoados de aves multicores


Garridas flores perfumando os ares
Vida inspirando mil amores
Pelos teus lagos e teu mar

III

Filha do amor dos santos missionários


Berço feliz de heróis desbravadores,
De tua história e tua cultura
Seremos sempre defensores

Letra e música: padre Jocy Neves Rodrigues

Localização

O município Tutóia localiza-se no Litoral Oriental. Faz parte da Mesorregião Norte


Maranhense e da Microrregião Geográfica dos Lençóis Maranhenses.
Limita-se, ao Norte, com o Oceano Atlântico e Araioses; ao Oeste, com os
municípios de Paulino Neves e Santana do Maranhão; ao Sul, com os municípios de Santana
do Maranhão e São Bernardo; e ao Leste, com Água Doce do Maranhão e Araioses (Mapa 8).
Os pontos extremos correspondem às seguintes coordenadas geográficas: Norte -
02°40’00” de latitude e -42°13’40” de longitude, Oeste -42°40’48” de longitude e -03°03’ 33”
de latitude, Sul -03°05’31” de latitude e -42°18’32” de longitude e Leste -42°06’56” de
longitude e -02°45’05” de latitude.
192

Mapa 8 - Localização do município Tutóia

Fonte: IBGE; IMESC (2016)


193

Extensão

Com uma área de 1.651,649 km², o município ocupa a 55ª posição no estado,
representando 0,50% do território estadual. Na Mesorregião Norte Maranhense, classifica-se
na 7ª posição, com 3,15%. Na Microrregião Geográfica dos Lençóis Maranhenses, situa-se no
3° lugar com 15,35%.
O território do município divide-se em continental e insular, esta, ao Norte,
resultado da influência do delta do Parnaíba, onde se destaca um arquipélago, cujas ilhas
principais são: Igoronhon, Canindé, Grande, do Paulino, além de outras.

Processo de Ocupação

A população indígena de teremembés que se fixou às margens do Rio Tutóia,


possibilitou a formação de uma vila que, pouco tempo depois de ser fundada, em 1° de agosto
de 1758, pelo governador Gonçalo Pereira Lobato e Souza, recebeu grande contingente de
homens vindos do Parnaíba que estabeleceram fazendas e introduziram o gado equino na região.
Graças ao porto que facilitava o escoamento da produção, o povoado prosperou,
sendo elevado à categoria de vila, recebendo o nome de Vila Viçosa, denominação que na
realidade não durou, prevalecendo o nome antigo.
De acordo com o relatório de Joaquim de Mello e Póvoas enviado à sua majestade
em 17 de junho de 1767, a vila Viçosa da Tutóia era pouco desenvolvida naquele período e,
para favorecer o crescimento econômico dela, substituiu-se o diretor da vila e recomendou-se
ao novo diretor que estimulasse as atividades econômicas. O porto da vila era favorável às
embarcações de alto bordo, porém estava decadente pelo acanhado comércio.
O município compunha-se das freguesias da vila de Tutóia, de Nossa Senhora da
Conceição de Araioses e de Nossa Senhora das Barreirinhas, tendo cada uma um juizado de
paz próprio. O termo composto dessas freguesias pertencia à comarca de Brejo.
Segundo pesquisa feita em 1862, a população da vila era de 14.554 habitantes,
sendo 12.938 livres e 1.616 escravos. O patrimônio da câmara consistia nas terras das fazendas
do Lago, do Buriti Redondo, do Salgado, das Ilhas de São Cosme, do Canindé, de José Corrêa,
do Pontal e da Ilha Grande. Segundo a Câmara Municipal, os títulos de posse dessas terras
extraviaram-se no tempo da revolta de 1839.
194

O governador e capitão-general João da Mata da Gama, na cidade de Belém, em 21


de junho de 1724, concedeu 4 léguas de terras ao principal Manoel Miguel e aos índios da tribo
teremembés da vila. Em 1727, o mesmo capitão-general concedeu aos índios uma légua e meia
de terra (9km) na ilha de Pará-Mirim, conhecida pelo nome de Cajuais, onde haviam construído
casas e currais.
Cento e treze anos após a elevação à categoria de vila, isto é, em 1871, Tutóia
tornou-se de tal maneira decadente que a sede foi transferida para Barreirinhas, ficando em
plano secundário dentro do próprio município. Em 1890, Tutóia desmembrou-se de
Barreirinhas.
Em 1938, pelo Decreto-Lei n° 45, de 29 de março, Tutóia foi elevada à categoria
de cidade, posição que ainda conserva8.

Fatos Históricos

É provável que a pequena igreja erguida na vila tenha sido designada como matriz
sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, a partir da Resolução régia de 18 de junho de
1757. O templo erguido possuía um curral nas terras da vila com grande quantidade de gado
que pertencia aos índios que habitavam a localidade. Todavia, os jesuítas João Ferreira e Luiz
Barreto tiraram o gado e mandaram para suas fazendas, distante 30 léguas da vila9.
No intuito de identificarem o gado como sendo de sua propriedade, mandaram
demarcar com o ferro da Companhia e, como o gado pertencente aos índios eram um desenho
de meia lua, os jesuítas facilmente acrescentaram outra, fecharam o círculo e puseram uma cruz
no meio. O governador examinando a situação ordenou que os jesuítas restituíssem todo o gado
retirado das terras indígenas. O povoado, que foi cenário desses acontecimentos, estava
localizado à margem esquerda do Rio Tutóia, no lugar onde o rio deságua em um dos braços
do delta do Parnaíba.
Espalhados esparsamente pela costa, vários pescadores tinham o hábito de coletar
ovos de gaivotas, em uma ilhota originada de uma coroa de areia que se formou na entrada da
baía de Tutóia, a qual era denominada Coroa de Gaivotas. Presume-se também que esses
pescadores foram os primeiros habitantes, após os índios, a ocupar a região.

8
Histórico retirado da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros (IBGE,1959).
9
Uma légua corresponde a 6 km.
195

Em 1727, quando era o governador do Maranhão o Capitão-General João da Mata


da Gama, o povoado tinha “duas datas de seis léguas de terras, as quais foram medidas e
demarcadas à custa dos próprios índios” (IBGE, 1959).
Mais tarde, vários habitantes do Parnaíba resolveram mudar-se para as
proximidades do povoado, instalando ali fazendas de criação bovina e de cavalos, cuja atitude
provocou desentendimentos com os indígenas.
Um jesuíta, que tinha uma certa intimidade com os índios, dizendo-se interessado
em ver terminado o desentendimento entre índios e fazendeiros, resolveu comprar as fazendas
destes, passando, assim, as referidas fazendas a pertencer aos padres da Companhia de Jesus.

Ambiente Físico

O embasamento geológico do município corresponde a três formações: Aluviões


Marinhos, Depósitos Eólicos e Grupo Barreiras. Os depósitos aluvionares ou aluviões marinhos
constituem-se por cascalhos, areias e argilas inconsolidadas, são identificados no Norte do
município.
Os depósitos eólicos recobrem alguns pontos da Formação Barreiras. Essa
formação constitui-se de sedimentos clásticos, mal selecionados, com o predomínio das cores
amarela e vermelha. Os arenitos existentes nessa formação são caulínicos com lentes de
folhelhos (UEMA, 2002).
O município é classificado como pertencente à formação geomorfológica dos
Lençóis Maranhenses. Essa formação constitui-se de restingas, campos de deflação e dunas.
A geologia do município favoreceu a formação dos seguintes grupos pedológicos:
neossolos quartzarênicos e gleissolos. O primeiro, predominante no município, compõe solos
pouco evoluídos, constituídos por material mineral ou por material orgânico com menos de 20
cm de espessura; possuem predomínio de areais quartzosas e baixa retenção de água,
apresentando maior restrição ao uso agrícola. Ao longo da faixa costeira municipal, pode-se
identificar os gleissolos que se caracterizam por serem mal drenados, com alto teor de sais
minerais e com textura variando de argilosa à arenosa. São solos argilosos e muito argilosos
sujeitos a alagamentos periódicos. As características são resultantes do excesso de umidade
permanente ou temporário, pois se formam, geralmente, às margens dos rios e igarapés,
identificados especialmente às margens destes (UEMA, 2002).
196

O clima é tropical subúmido com dois períodos definidos: chuvoso de janeiro a


julho e estiagem de agosto a dezembro. Os totais pluviométricos anuais ficam entre 1.200 e
1.600 mm, temperaturas anuais superiores a 27° C. A umidade relativa do ar está entre 76% e
79%. As características supracitadas possibilitaram a formação de uma vegetação formada por
um mosaico de restingas, campos com pastagens naturais e matas ciliares.
A hidrografia do município é composta pelos rios: Cangatâ (tem como afluentes os
rios Grande e Tutóia Velha); riachos Cajazeira, Barro Duro (possui como tributário os riachos
Baixão Cocal e Mutamba); além dos subafluentes riachos Manuí e Coroatá, e Magu (que tem
como afluente o Riacho da Grota); Riacho Tamboril (tem como tributário o Rio Baixa do Moia),
Flecheira Grande, Baixa Funda, Baixa da Oiticica, Bom Gosto (com os afluentes córrego
Chapada do Meio e Riacho Santa Clara), Rio Carrapato (possui como tributários os riachos do
Meio, do Hilário e das Cotias), São João e riachos Santa Luzia e Água Rica. Somam-se a esses
as lagoas do Mocambo, Grande e outras.
Parte da porção setentrional do território de Tutóia está inserido na APA foz do Rio
Preguiças/ Pequenos Lençóis e Região Lagunar Adjacente.

Espaço Urbano

Observando a parte mais antiga da cidade de Tutóia chega-se à conclusão que ela
surgiu em uma ilha, tendo, ao Norte, o mar e depois meandros do Rio Salgado.
A cidade desenvolveu-se, de forma alongada, acompanhando a meandricidade do
Rio Salgado, na realidade um braço de mar à margem do qual o aglomerado urbano começou e
onde está o porto.
Com a construção da MA-314, a cidade atravessou a ponte construída sobre o rio e
está acompanhando as duas margens da referida rodovia, direção para qual está crescendo.
Dentro da “ilha” a sua malha urbana distribui-se em três avenidas (Figura 83), 44
ruas, doze travessas e 29 becos, dos quais, 19% estão asfaltados, 40% calçados com bloquetes
e 50% cimentados (Figuras 84).
Possui cinco praças, dentre as quais, quatro são arborizadas, com destaque para a
da matriz, a Teremembés (Figura 85) e a José Sarney.
197

Figura 83 - Avenida Paulino Neves

Fonte: IMESC (2013)

Figura 84 - Planta da cidade

Fonte: IBGE (2007)


198

Figura 85 - Praça Teremembés

Fonte: IMESC (2013)

Embora seja uma cidade antiga, o casario colonial está totalmente descaracterizado,
resistem apenas duas casas antigas; a residência de Paulino Neves, seu fundador (Figura 86),
e outra parcialmente destruída, assim como a Igreja Católica e a prefeitura municipal (Figura
87). Os bairros são: São José, Cajueiro, Monte Castelo, Grajaú, Duro, Paxicá, Comum, Alto
Alegre, Lagoinha, Lagoa Grande, Tutóia Velha, Porto de Areia, Santa Rita e Dom Bosco.

Figura 86 - Instituto Paulino Neves

Fonte: IMESC (2013)


199

Figura 87 - Prefeitura Municipal

Fonte: Sergio Ramos (2009)

Em 2013, a área urbana total tinha 7,89 km², o que corresponde a 0,48% do
município.
O município possuía 9.832 casas de tijolos, 581 de taipa revestida, 737 de taipa não
revestida, 10 de madeira e 139 de outros materiais (BRASIL, 2015).

Espaço Rural

Encontram-se, no espaço rural municipal, localidades que, segundo Brasil (2011),


estão distribuídas em: sítios, povoados e projetos de assentamentos.
Sítios: Água Rica do J. Ambrosio, Água Rica dos Teixeiras, Anajá I, Anajazal,
Ananás I, Ananás II, Ananás III, Araticum I, Araticum II, Arpoador, Atoleiro, Baixa Funda,
Baixão da Cacula, Baixão do Afonso, Baixão do Coqueiro, Baixão do Mamo II, Baixão do
Mamo III, Baixão do Otávio, Baixão do Romão, Baixão do Tanque, Baixão do Tucunzeiro,
Bangue, Bebedouro, Bela Vista, Belém, Bezerro, Boa Esperança I, Boa Hora, Bolotas, Bom
Fim I, Buritizal, Buritizinho, Cabeceira da Cotia, Cabeceira de São Carlos, Cajueiro I, Caminho
do Fio, Canto Grande, Carioca, Carnutuba, Coqueiro, Coroatá, Córrego, Cotia, Curralinho,
Damásia, Dende, Fazenda Velha, Forquilha, Garrancho, Guará, Ilha Cajueiro, Ilha Canindé,
Ilha da Caieira, Ilha do Coroatá, Ilha do Papagaio, Ilha Grande do Paulino, Ilha Igoronhon, Ilha
José Correia, Itapera, Jardim Velho, João Grande, Justa, Lagoa, Lagoa Grande, Lama Preta,
Leirão, Madeira, Mangueira II, Maniçoba, Manoel Geraldo, Mata, Mirim II, Moita Verde,
200

Munguba, Mutamba, Passagem do Buritizinho, Passagem Velha, Paxica, Peroba, Pindaíba,


Pinheiro, Pequizeiro I, Poço Danta, Poço Fundo I, Poço Fundo II, Ponta da Faca, Raposa,
Remanso, Ronca, Saco, Salgado, Santa Rosa dos Teodoros, Santa Rosa dos Tomás, Santana
dos Basílios, Santo Antônio I, Santo Antônio II, Santo Antônio III, Santo Hilário, São Bento,
São Carlos, São Francisco, São Gregório, São João II, São José das Lagoas, São José I, São
Miguel, São Paulo, São Roque, Sariema Nova, Surrão, Taboal, Taboquinha, Tamancão,
Tamboril, Taperinha, Tirica, Trindade, Várzea Comprida, Veados, Vereda I, Vereda II, Vereda
III, Volta e Zé Correia.
Povoados: Almas, Bom Gosto, Cajazeiras, Cocal, Jardim, Lagoa Grande,
Lagoinha, Porto de Areia, Santa Rosa dos Tomás, Santana dos Carvalhos, Sariema Velha e
Tutóia Velha.
Assentamentos: Baixão da Curva/Curvinha, Baixão do Murici/Murici, Barro Duro,
Belágua, Comum, Santa Clara e São Benedito.

Utilização das Terras

A Tabela 56 traz informações referentes ao espaço agrário do município, com


destaque para a agricultura temporária e permanente, pelo número de estabelecimentos ligados
a ela. Entretanto, a análise da distribuição dos percentuais desse item é inviabilizada, devido ao
fato de um estabelecimento se dedicar a mais de uma atividade.
Quanto à área dos 8.415 hectares, 57% estavam com a lavoura temporária, 24%
matas ou florestas naturais, 9% lavouras permanentes, 3% matas ou florestas naturais destinadas
à preservação permanente ou reserva legal. As demais classes somadas representaram 7%
(Tabela 56).
201

Tabela 56 - Número de estabelecimento e área, segundo a utilização das terras


Nº de
Utilização das terras estabelecimentos Área (ha)
(Unidades)
Lavouras permanentes 693 781
Lavouras temporárias 2.240 4.766
Lavouras – área para cultivo de flores 7 3
Pastagens naturais 123 92
Pastagens plantadas em boas condições 89 82
Pastagens plantadas em más condições 19 4
Matas ou florestas naturais destinadas à preservação
15 289
permanente ou reserva legal
Matas ou florestas naturais 77 2.028
Sistemas agroflorestais – área cultivada com espécies
florestais, também usada para lavouras e pastoreio por 38 106
animais
Lâmina d'água, tanques, lagos, açudes, área de águas
públicas para aquicultura, de construções, benfeitorias ou
1.858 264
caminhos, de terras degradadas e de terras
inaproveitáveis
Total - 8.415
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2017)

Condição Legal das Terras

Quanto à condição legal das terras, havia 2.728 estabelecimentos que estavam
distribuídos em 8.370 hectares. Dos estabelecimentos, 46% eram próprios, 12% concedidos por
órgão fundiário ainda sem titulação definitiva, 2% arrendados e em parceria cada, 1% em
regime de comodato e 37 % ocupadas (Tabela 57).
Relacionado à área, as terras próprias representaram 39%, sendo seguidas pelas
ocupadas 46%, as concedidas por órgão fundiário ainda sem titulação definitiva representaram
15% e as arrendadas menos de 1%. A área das terras em parceria e em regime de comodato não
foram identificadas (Tabela 57).
202

Tabela 57 - Número de estabelecimento e área, segundo a condição legal das terras


N° de Estabelecimentos Área
Condição Legal das Terras
(Unidades) (Hectares)
Próprias 1.267 3.258
Concedidas por órgão fundiário ainda sem
titulação definitiva 329 1.219
Arrendadas 56 35
Em parceria 45 -
Em regime de comodato 12 -
Ocupadas 1.019 3.858
Total 2.728 8.370
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2017)

Demografia

Em 2010, o município ocupou a 21ª posição no ranking populacional estadual com


52.788 habitantes, o equivalente a 0,80% da população do estado. Representou 2% das pessoas
da Mesorregião Norte Maranhense, sendo o 7º neste quesito. Na Microrregião Geográfica dos
Lençóis Maranhenses, foi o 2º, correspondendo a 30% dos habitantes. Sua densidade
demográfica é de 31,96 hab./km2. O IDHM foi de 0,561, ocupando a 138ª posição. A estimativa
da população para 2018 foi de 58.311 habitantes.
Entre 2000 e 2010, a população cresceu 40%, ou seja, um acréscimo de 15.060
habitantes. Quanto à área, o maior crescimento foi na parte urbana do município com o aumento
de 61% contra 30% da população rural. Entretanto, era nesta última que estava a maior parte
dos habitantes registrados em 2000 com 69% e em 2010 com 65%. Na área urbana, o percentual
foi de 31% e 35%, nos respectivos censos (Tabela 58).
Relacionado ao gênero, predominou, em ambos os anos com o mesmo percentual,
o masculino com 51%, contra 49% do sexo feminino. Porém, no referido decênio, as mulheres
obtiveram o crescimento de 42% e os homens 38%.
O êxodo rural que vem se manifestando é resultado da atração exercida pela área
urbana, principalmente com o asfaltamento da rodovia, que facilita o deslocamento (Tabela
58).
203

Tabela 58 - População residente


População Censo 2000 Censo 2010
Masculina 19.302 26.680
Feminina 18.426 26.108
Urbana 11.589 18.680
Rural 26.139 34.108
Absoluta 37.728 52.788
Fonte: IBGE – Censo Demográfico (2000; 2010)

Educação

O município registrou, em 2017, 18.568 alunos matriculados, sendo 3.237 na


educação infantil, 11.382 no ensino fundamental, 3.050 no ensino médio, 129 na educação
especial e 770 na EJA. O número total de docentes é de 1.132.
No aludido ano, 78 dos estabelecimentos estavam dedicados à educação infantil, 81
ao ensino fundamental, sete ao ensino médio, um à educação especial e 27 à EJA (SEDUC/MA,
2017).
Funciona no município um centro de ensino superior estadual com os cursos de
Matemática, Letras, Biologia e Química.
A rede privada é representada pela Escolinha Vovó Maria Joana e pelo Instituto
Maria Madalena.

Saúde e Assistência Social

A referência no atendimento à saúde é o hospital municipal Lucas Vera, o qual


realiza consultas ambulatoriais, urgência/emergência, cirurgias de médio porte, exames
laboratoriais, ultrassonografias, raio X e endoscopias, sendo disponibilizados leitos para a
população, além de duas ambulâncias que, em casos mais graves, transferem os pacientes para
a cidade de Parnaíba (PI). A equipe de profissionais é composta de seis médicos, um enfermeiro,
catorze técnicos de enfermagem e dez auxiliares de enfermagem.
O município possui dezesseis equipes do ESF que cobrem, aproximadamente, 90%
do território municipal, composto por 16 médicos, mesma quantidade de enfermeiros, seis
auxiliares de enfermagem, dez técnicos de enfermagem, além de oito equipes do Saúde Bucal
com oito dentistas.
204

A distribuição de medicamentos é feita através das visitas dos profissionais do ESF,


nos dezesseis postos de saúde e no programa Farmácia Básica.
Outros profissionais que se encontram na área da saúde são: um dentista, um
bioquímico, um fisioterapeuta, 140 agentes comunitários (35 na área urbana e 105 na área
rural), 19 agentes da vigilância epidemiológica e da vigilância sanitária. Possui ainda um NASF,
com dois fisioterapeutas, um nutricionista, um psicólogo e um assistente social. Outras
atividades desenvolvidas são as campanhas contra DSTs e gravidez precoce através de
informativos e a distribuição de preservativos.

Economia

O PIB municipal em 2015 (IMESC) foi o 35º do estado com R$ 320,974 milhões,
o que correspondeu a 0,41% do PIB estadual. Para esse valor, o setor de serviços contribuiu
com R$ 104,883 milhões, o agropecuário com R$ 33,687 milhões e o industrial R$ 24,658
milhões; os R$ 16,882 milhões restantes referem-se a cobranças de impostos. O IDM registrado
por aquele instituto em 2010, foi de 0,297, o 154º no ranking estadual. A renda per capita no
aludido ano foi R$ 235,38. As principais atividades econômicas no município são a pesca e a
agricultura.

Agricultura

A agricultura municipal é praticada de forma itinerante voltada para a subsistência,


sendo uma das principais atividades econômicas do município, pois há, no Sindicato de
Trabalhadores Rurais do município, 11.000 associados inscritos, ou seja, 29% da população
municipal. Essa instituição estima que o número de trabalhadores agrícolas possa chegar aos
20.000.

Agricultura Temporária

Entre 2010 e 2017, a área colhida, a quantidade produzida e o valor da produção


diminuíram 50%, 15% e 3%, respectivamente. No aludido período, referente à área colhida,
todos os produtos tiveram crescimento negativo, o arroz 69%, o feijão 66%, a mandioca 31%,
e o milho 64%. Quanto à quantidade produzida, o arroz e o feijão diminuíram em 48% cada, a
205

mandioca 14% e o milho 5%. No rendimento médio, todos os produtos tiveram crescimento
positivo: arroz 65%, feijão 53%, mandioca 25% e o milho 163%. Relacionado ao valor da
produção, tiveram crescimento positivo a mandioca 7% e o milho 9%. Quanto aos que
obtiveram decréscimos, temos: o arroz 47% e o feijão 41%. A melancia não foi analisada, pois
sua produção foi quantificada apenas no ano de 2010 (Tabela 59).
Em 2010, dos 10.136 hectares colhidos, a mandioca ocupou 45%, o feijão 24%, o
milho 29%, a melancia e o arroz 1% cada. Das 33.995 toneladas produzidas, 94% foram de
mandioca, 3% de feijão e milho cada, e menos de 1% para o arroz e a melancia. No valor da
produção, do total de R$ 9,264 milhões, 76% foi a participação da mandioca, o feijão contribuiu
com 17%, o milho com 5%, a melancia com 2% e o arroz com menos de 1% (Tabela 59).
Em 2017, dos 5.035 hectares de área colhida, 62% estavam com a mandioca, 16%
com o feijão, 21% com o milho e menos de 1% com o arroz. No que se refere à quantidade
produzida, das 28.793 toneladas, a mandioca contribuiu com 95%, o com milho 3%, feijão com
1% e o arroz com menos de 1%. Com relação ao valor da produção, dos R$ 9,003 milhões, a
mandioca participou com 83%, o feijão com 10%, o milho com 6% e o arroz com menos de
1%.

Tabela 59 - Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção da


lavoura temporária
Quantidade
Área Colhida Produzida Rendimento Médio Valor da Produção
Produto
(Hectares) (Toneladas) (kg/ha) (Mil Reais)
2010 2017 2010 2017 2010 2017 2010 2017
Arroz 80 25 64 33 800 1.320 32 17
Feijão 2.450 835 980 511 400 612 1.568 923
Mandioca 4.560 3.125 31.920 27.419 7.000 8.774 7.022 7.528
Melancia 130 0 156 0 1200 0 152 0
Milho 2.916 1.050 875 830 300 790 490 535
Total 10.136 5.035 33.995 28.793 - - 9.264 9.003
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (2010; 2017)

Agricultura Permanente

Entre 2010 e 2017, a área colhida da agricultura permanente aumentou 18%, a


quantidade produzida 6% (exceto o coco-da-baía, pois é quantificado em mil frutos, enquanto
os demais produtos o são em toneladas) e o valor da produção cresceu 116%. Nesse período, a
área colhida da banana e da laranja diminuíram 25% cada, enquanto a da castanha de caju
206

aumentou 23% e a do coco-da-baía 20%. Na quantidade produzida, a castanha de caju e o coco-


da-baía aumentaram 49% e 83%, respectivamente, enquanto a banana e a laranja decresceram
49% e 83%, respectivamente. No rendimento médio, a banana cresceu 27%, a castanha de caju
21%, o coco-da-baía 53% e a laranja diminuiu 7%. Relacionado ao valor da produção, a
castanha de caju e o coco-da-baía aumentaram 265% e 153%, respectivamente, ao passo que a
laranja diminuiu 33% e a banana 10%.
Em 2010, o coco-da-baía ocupou 50% dos 240 hectares colhidos, castanha de caju
42%, a banana 7% e a laranja 2%. A quantidade produzida, excetuando-se o coco-da-baía, foi
de 127 toneladas; a banana participou com 57%, a castanha de caju com 28% e a laranja com
15%. Quanto ao valor, dos R$ 229 mil, o coco-da-baía participou com 66%, a banana com 22%,
a castanha de caju com 7% e a laranja com 5% (Tabela 60).
Em 2017, dos 282 hectares colhidos, 51% foram de coco-da-baía, 44% de castanha
de caju, 4% de banana e 1% de laranja. A quantidade produzida, excetuando-se o coco-da-baía,
foi de 135 toneladas, das quais, 51% foram de banana, 39% de castanha de caju e 10% de
laranja. O valor da produção foi de R$ 494 mil, tendo a participação de 77% do coco-da-baía,
9% de banana, 12% de castanha de caju e 2% de laranja (Tabela 60).

Tabela 60 - Área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção da


lavoura permanente
Área Colhida Quantidade Produzida Rendimento Médio Valor da Produção
Produto (Hectares) (Toneladas) (kg/ha) (Mil Reais)
2010 2017 2010 2017 2010 2017 2010 2017
Banana 16 12 72 69 4.500 5.750 50 45
Castanha de caju 100 123 35 52 350 423 17 62
Coco-da-baía* 120 144 300 550 2.500 3.819 150 379
Laranja 4 3 20 14 5.000 4.667 12 8
Total 240 282 - - - - 229 494
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (2010; 2017)
*Mil frutos

Horticultura

Em 2017, de acordo com dados preliminares do censo agropecuário, 252


estabelecimentos dedicavam-se à horticultura. Desses, 3% eram de abobrinha, 7% de alface,
batata-baroa, batata-doce e milho verde 1% cada, 17% de cebolinha, 13% de coentro, 8% de
207

couve, 19% de maxixe, 10% de pimentão, 5% de quiabo, 15% de tomate e menos de 1% de


pimenta
Das 116 toneladas produzidas, 38% foram de quiabo, 23% de coentro, 17% de
cebolinha, 12% de maxixe, 6% de couve e 1% de alface e tomate cada. Os demais produtos:
abobrinha, batata-baroa, batata-doce, pimenta e pimentão produziram menos de uma tonelada
e, por esse motivo, não foram contabilizados (Tabela 61).

Tabela 61 - Número de estabelecimento e quantidade produzida, por produtos da


horticultura
N° de Estabelecimento Quantidade Produzida
Produto
(Unidade) (Tonelada)
Abobrinha 8 -
Alface 17 1
Batata-baroa
(mandioquinha) 2 -
Batata-doce 4 -
Cebolinha 42 20
Coentro 33 27
Couve 20 7
Maxixe 47 14
Milho verde (espiga) 3 2
Pimenta 1 -
Pimentão 24 -
Quiabo 12 44
Tomate (estaqueado) 39 1
Total 252 116
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2017)

Pecuária

Entre 2010 e 2017, o rebanho diminuiu em 2%. Tiveram crescimento positivo: o


equino 7%, o suíno 6%, o caprino 69% e o ovino 58%. Em contrapartida, houve diminuição
nos rebanhos bovino 40% e aves 8%.
Apesar de não serem os primeiros em crescimento, as criações de aves e de suíno
são as mais significativas em número de animais, pois das 104.710 cabeças registradas em 2010,
69% eram de aves e 20% de suíno. Enquanto isso, o bovino equivaleu a 5%, o ovino a 3%, o
caprino a 2% e o equino a 1% (Tabela 62).
208

Em 2017, as aves e o suíno continuaram a ser os maiores. Das 102.146 cabeças, o


primeiro rebanho detinha 65% contra 22% do segundo. Assim, a bovinocultura participou com
3%, o ovino com 5%, o caprino com 4% e o equino com 1% (Tabela 62).
O número elevado de avícolas explica-se pelas três granjas encontradas no
município, além de criações domésticas.

Tabela 62 - Efetivo dos rebanhos


2010 2017
Rebanho Número de cabeças Número de cabeças
(Unidades) (Unidades)
Bovino 4.900 2.950
Equino 1.430 1532
Suíno 20.800 22.104
Caprino 2.380 4.023
Ovino 3.200 5.040
Aves 72.000 66.497
Total 104.710 102.146
Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal (2010; 2017)

Em 2017, a produção de origem animal foi de 52 mil litros de leite, com o valor de
R$ 91 mil. Além disso, foram, 82 mil dúzias de ovos de galinhas, as quais renderam R$ 280
mil, perfazendo o total de R$ 371 mil (IBGE, 2017).

Extrativismo

Em 2017, das 231 toneladas de produtos extrativos, 80% corresponderam ao carvão


vegetal, 17% à fibra do buritizeiro e 3% à amêndoa de babaçu. A lenha não participou nessa
classificação, porque é informada em metros cúbicos, cuja produção foi 8.100 m³. O valor da
produção foi de R$ 1.019 mil com as seguintes participações: 48% da fibra do buritizeiro, 18%
do carvão vegetal, 33% da lenha e 1% da amêndoa de babaçu (Tabela 63).
Outros produtos informados em trabalho de campo foram: o bacuri, o pequi, o
murici, o buriti e a juçara.
209

Tabela 63 - Quantidade e valor da produção extrativista vegetal


Quantidade Produzida Valor da Produção
Produto
Tonelada Metros Cúbicos (Mil Reais)
Buriti (fibra) 40 - 482
Carvão vegetal 185 - 185
Lenha - 8.100 340
Amêndoa babaçu 6 - 12
Total 231 8.100 1.019
Fonte: IBGE – Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (2017)

No extrativismo mineral, tem-se a extração de argila, pedra, sal e calcário.

Pesca e Aquicultura

O número de colonizados na Colônia de Pescadores, em 2013, foi de 10.500.


Enquanto isso, o Sindicato de Pescadores registrou 956 associados.
A pesca artesanal é praticada em ambiente marinho, com a utilização de barcos a
vela principalmente motorizados e canoas a remo. Utiliza-se dos seguintes instrumentos: rede
de arrastão, puçá, caçoeira, groseira e redes. A pesca é de subsistência e o remanescente é
comercializado no próprio município. Outra parte é exportada para os municípios vizinhos e
para o Ceará.
As principais espécies de pescados são: pescada amarela (Cynoscion acoupa),
corvina (Macrodon ancylodon), tainha (Mugil curema), peixe-pedra (Genyatremus luteus),
cação (Carcharhinus spp), serra (Scomberomorus brasiliensis), cavala (Scomberomorus

cavala), bagre (Bagre bagre), arraia (Dasyatis spp) e caranguejo (Ucides cordatus).
Pela inexistência de dados estatísticos da pesca, não foi possível verificar-se a sua
importância na economia do município. Entretanto, pelo número de pescadores legalizados, dá
para inferir a importância dessa atividade para o município.
Referente à produção da aquicultura, o IBGE registrou, em 2017, as produções de
tambaqui (26.000 quilogramas) e alevinos (4.200 milheiros). O total dessas produções totalizou
R$ 654 mil, sendo 234 mil de tambaqui (equivalente a 36%) e 420 de alevinos (correspondendo
a 64%).

Indústria
210

As atividades industriais que se destacam no município são: cinco fábricas de


extração de minerais não metálicos, nesse caso, extração de calcário e dolomita e sal marinho;
29 de fabricação de produtos; uma fábrica de produtos têxteis; nove de confecção de artigos de
vestuário e acessórios; uma de preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, de
artigos para viagens e de calçados; cinco de fabricação de produtos de madeira; duas de
fabricação de celulose, papel e produtos de papel; três de impressão e reprodução de gravação;
duas de fabricação de produtos químicos; três de fabricação de produtos de borracha e de
material plástico; 21 de fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos;
cinco fábricas de móveis; sete de fabricação de produtos diversos; duas de manutenção,
preparação e instalação de máquinas e equipamentos; cinco de eletricidade; quatro de coleta,
tratamento, disposição de resíduos e recuperação de materiais; 33 de construção civil e 32 de
serviços especializados para construção (BRASIL, 2019).

Comércio

O comércio é, principalmente, varejista, com destaque para quitandas,


supermercados, feiras, farmácias, postos de gasolinas e várias padarias espalhadas pelo
município. O polo abastecedor de produtos da hortifruticultura é o município de Tianguá e o de
confecções são de municípios do Ceará. Outros mercados abastecedores são Pernambuco, São
Paulo e Minas Gerais de onde vêm vários produtos industrializados. No ano de 2019,
contabilizaram-se 1.296 estabelecimentos comerciais, sendo: 122 de comércio e reparação de
veículos automotores e motocicletas; 48 de comércio atacadista e 1.126 de comércio varejista.

Turismo

A principal atração turística são os Lençóis Maranhenses, região localizada no


município, conhecida como Pequenos Lençóis, formada por rios, dunas e lagoas que se formam
no período das chuvas. Praticamente, a sede municipal está dentro dos lençóis, pois pode-se
alcançar as dunas a pé, sem grande esforço (Figura 88). No município, há dez meios de
hospedagem registrados pelo CADASTUR (BRASIL, 2019).
211

Figura 88 - Dunas no município

Fonte: itugeo.no.comunidades.net (2009)

A cidade tem uma grande orla marítima, com praias de estirâncio significativo e de
fácil acesso (Figura 89).

Figura 89 - Praia no município

Fonte: tutoiaturismo3.blogspot.com (2011)

Outra atração é a MA-315, estrada que liga as sedes de Tutóia e Paulino Neves.
Atravessando essa rodovia, observam-se, aproximadamente, dez riachos de águas cristalinas e
muito frias. Na margem esquerda, próximo à sede de Tutóia, está a localidade Lagoinha, onde
há uma lagoa perene (Figura 90), bastante procurada aos fins de semana, onde há bares e
restaurantes.
Outra atração são os templos católicos, a exemplo dos da sede de Tutóia Velha, de
Barro Duro, entre outros. São igrejas antigas, que fazem lembrar o estilo barroco, construídas
pelos jesuítas quando ali passaram, onde estão imagens belíssimas, algumas de madeiras.
A culinária tem como principais pratos a moqueca, a peixada, o peixe frito, a
caranguejada, o pirão de parida, a galinha a molho pardo e o sururu ao leite de coco.
212

Figura 90 - Lagoa na localidade Lagoinha

Fonte: IMESC (2013)

Poderes Judiciário e Legislativo

O município é comarca de 1º entrância e possui três cartórios. Corresponde à 40ª


zona eleitoral. Possui 115 seções, treze vereadores e 36.214 eleitores.
Existe ainda uma delegacia no município, a qual conta com um contingente de três
policiais militares, mesmo número de policiais civis e 50 guardas municipais.

Religião

O catolicismo dispõe de cinco igrejas na sede e 80 capelas espalhadas na área rural.


Uma igreja da sede é dedicada à padroeira do município Nossa Senhora de Nazaré (Figura 91),
a qual é festejada entre os dias 25 de agosto e 8 de setembro. Outros santos reverenciados no
município são: São Pedro, Santa Luzia, Nossa Senhora de Fátima, São José, São Francisco, São
Judas, Rosa Mística, Nossa Senhora da Conceição, São Paulo Apóstolo, São Camilo, São
Bernardo e outros.
Os evangélicos possuem vários templos, sendo os principais da Assembleia de
Deus, da Batista, da Adventista do 7º dia e da Testemunha de Jeová.
213

Figura 91 - Igreja dedicada à Nossa Senhora de Nazaré

Fonte: IMESC (2013)

Das 52.789 pessoas informadas em 2010, 76% declararam-se católicas, 14%


evangélicas, 8% sem religião, 1% não sabia e menos de 1% seguia outras religiões (Tabela 64).

Tabela 64 - População residente por religião


Religião Número de adeptos
Católicos 40.290
Evangélicos 7.290
Espírita 18
Umbanda e Candomblé 27
Outras Religiões 261
Sem religião 4.257
Não sabe 646
Total 52.789
Fonte: IBGE – Censo Demográfico (2010)

Serviços e Comunicação

No setor bancário, há duas agências, uma do Banco do Brasil e outra do


Bradesco, além de duas lotéricas.
O serviço de telefonia e internet são de responsabilidade das empresas OI e TIM.
214

A comunicação municipal utiliza uma rádio local de frequência FM e uma


agência dos correios.

Infraestrutura

O abastecimento de água é de responsabilidade municipal, possuindo como fonte


principal os poços e os rios.
Por não possuir rede coletora de esgoto, o principal destino dos efluentes
domésticos são 6.400 fossas (BRASIL, 2013).
A coleta de lixo é realizada nos cincos dias úteis da semana na sede, por meio de
caminhões e caçambas que depositam os resíduos no lixão a céu aberto que está a 7 km da sede.
Na área rural, o lixo é queimado ou enterrado.
A energia elétrica é hidroelétrica, com uma subestação localizada no povoado
Barro Duro. É responsável pela distribuição a CEMAR. Em 2015, essa empresa registrou
180.397 consumidores, cuja distribuição em percentual foi de: 88% residencial, 8% comercial,
2% rural, 1% poder público e serviço público cada; as demais classes (industrial, iluminação
pública e CEMAR) ficaram com menos de 1%. Quanto ao consumo, dos 23.894.991 Mwh, 64%
foi residencial, 14% comercial, 6% industrial e iluminação pública cada, 5% poder público, 3%
serviço público, 2% rural e menos de 1% a CEMAR (Tabela 65).

Tabela 65 - Consumidores e consumo de energia elétrica por classe


Usuário Número de consumidores Consumo em Mwh
Residencial 158.672 15.275.363
Industrial 289 1.520.596
Comercial 13.802 3.305.137
Rural 4.230 384.796
Poder Público 2.226 1.100.144
Iluminação Pública 25 1.450.782
Serviço Público 1.127 803.091
CEMAR 26 55.082
Total 180.397 23.894.991
Fonte: CEMAR (2015)
215

Folclore e lazer

Existem três grupos de bumbas meu boi com sotaques de orquestra e zabumba.
Dentre esses, destaca-se o Boi Pelado que é um boi imenso, símbolo da cidade, o qual dança
com oito pessoas embaixo. Outros grupos folclóricos correspondem às quadrilhas, dança
portuguesa, dança do caroço e cacuriá. Existe também uma escola de música, uma banda de
música e fanfarras.
Os principais eventos são os festivais, os encontros de grupos evangélicos, as
vaquejadas e o carnaval com blocos de abadás e desfiles.
Na parte de entretenimento, existem 60 campos de futebol, três ginásios esportivos,
um estádio de futebol com capacidade para 6.000 pessoas, 30 restaurantes, 68 bares, seis casas
de shows e duas bibliotecas.
O artesanato é representado por oficinas mecânicas, de carpintaria, marcenaria,
serralheria e de utensílios variados provenientes da fibra do buritizeiro.
Os ritmos mais apreciados são o reggae e, principalmente, o forró.

Lendas

Segundo Reis (2008), existem algumas lendas que circulam na região:


• O padre milagroso: contam os habitantes mais antigos de Tutóia Velha que, no
século XVII, foi sepultado, às margens do caminho para Tutóia Nova, um padre missionário.
As pessoas sempre, em dia demarcado, deixavam flores em sua sepultura. Os visitantes que por
lá passavam, como não tinham flores, atiravam folhas verdes. Todos obedeciam a esse costume,
quem não o fizesse era castigado. Os que iam pescar ou tratar de qualquer negócio nada
conseguiam, se não realizassem a tradição. O mato ou as flores formavam uma quantidade
enorme, a ponto de impedir o trânsito, por isso as pessoas do lugar ou viajantes tocavam-lhe
fogo. Mas, no dia seguinte continuava tudo novamente.
• O tesouro das areias brancas de Tutóia: um espanhol fugiu de seu país de origem,
com muito dinheiro e barras de ouro. Acabou chegando em Tutóia em um navio, onde decidiu
enterrar o tesouro que trazia nas dunas tutoienses. Depois de escondê-lo, fez um mapa do
esconderijo, cujo trajeto apenas ele sabia. Passado o tempo, o espanhol resolveu ir embora para
visitar sua única filha que ficou na Espanha, mas quando chegou ao país, foi reconhecido e
preso, não chegando sequer a olhar a filha. Apesar de diversas tentativas de dentro da prisão
216

para se comunicar com alguém de Tutóia ou com sua filha, nunca obteve êxito até a sua morte
no cárcere, o que faz com que as pessoas acreditem que o tesouro permanece escondido nas
dunas.

Transporte

A cidade de Tutóia localiza-se a 465 km da capital São Luís podendo ser alcançada
através das BR-135 e 222 e MA-034, utilizando diariamente ônibus da empresa Transbrasiliana,
a qual faz linha direta também para Rio de Janeiro e São Paulo. Para Parnaíba (PI), o transporte
é feito pela empresa Continental, de segunda-feira a sábado.
O traslado urbano–rural é realizado por veículos particulares, principalmente
motos, e por toyotas bandeirantes voltadas para o turismo, nos Lençóis Maranhenses.
217

REFERÊNCIAS

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TSUJI. Tetsuo. Região dos Lençóis Maranhenses: cenários futuros de Ecoturismo e


Desenvolvimento Sustentável. Curitiba: Juruá Editora, 2002.

TIBIRÊ. Lima, José Matussalem Banoeiri. As belezas e os mistérios do rio Preguiças. São
Luís: Editora e Gráfica Aquarela, 2000.

UEMA. Laboratório de Geoprocessamento – LABGEO. Atlas do Maranhão. 2. ed. São


Luís: Geplan, 2002.
220

ÍNDICE

BARREIRINHAS, 38
Agricultura, 55 HUMBERTO DE CAMPOS, 75
Agricultura Temporária, 56 Agricultura, 91
Agricultura Permanente, 57 Agricultura Temporária, 91
Horticultura, 58 Agricultura Permanente, 92
Ambiente Físico, 43 Horticultura, 93
Comércio, 62 Ambiente Físico, 80
Condição Legal das Terras, 52 Condição Legal das Terras, 87
Demografia, 52 Comércio, 96
Economia, 55 Demografia, 88
Educação, 53 Economia, 91
Espaço Rural, 49 Educação, 90
Espaço Urbano, 44 Espaço Rural, 85
Extensão, 40 Espaço Urbano, 81
Extrativismo, 60 Extensão, 77
Folclore e Lazer, 71 Extrativismo, 95
Lendas, 73 Folclore e Lazer, 103
Indústria, 62 Lendas, 103
Infraestrutura, 70 Indústria, 96
Localização, 40 Infraestrutura, 102
Mapa do Município, 41 Localização, 77
Pecuária, 59 Mapa do Município, 78
Pesca e Aquicultura, 61 Pecuária, 94
Poderes Judiciário e Legislativo, 68 Pesca e Aquicultura, 95
Processo de Ocupação, 40 Poderes Judiciário e Legislativo, 100
Religião, 69 Processo de Ocupação, 79
Saúde e Assistência Social, 54 Fatos Históricos, 79
Serviços e Comunicação, 71 Religião, 100
Símbolos Municipais, 38 Saúde e Assistência Social, 89
Bandeira, 38 Serviços e Comunicação, 102
Brasão, 38 Símbolos Municipais, 75
Hino, 38 Bandeira, 75
Transporte, 74 Brasão, 75
Turismo, 62 Hino, 76
Utilização das Terras, 51 Transporte, 104
221

Turismo, 98
Utilização das Terras, 86
PAULINO NEVES, 106 PRIMEIRA CRUZ, 134
Agricultura, 122 Agricultura, 148
Agricultura Temporária, 122 Agricultura Temporária, 149
Agricultura Permanente, 123 Agricultura Permanente, 150
Horticultura, 124 Horticultura, 150
Ambiente Físico, 110 Ambiente Físico, 138
Comércio, 127 Comércio, 155
Condição Legal das Terras, 118 Condição Legal das Terras, 145
Demografia, 118 Demografia, 146
Economia, 121 Economia, 148
Educação, 121 Educação, 148
Espaço Rural, 116 Espaço Rural, 144
Espaço Urbano, 111 Espaço Urbano, 140
Extensão, 109 Extensão, 137
Extrativismo, 126 Extrativismo, 152
Folclore e Lazer, 132 Folclore e Lazer, 160
Lendas, 132 Indústria, 154
Indústria, 127 Infraestrutura, 159
Infraestrutura, 131 Localização, 135
Localização, 107 Mapa do Município, 136
Mapa do Município, 108 Pecuária, 151
Pecuária, 125 Pesca e Aquicultura, 153
Pesca e Aquicultura, 127 Poderes Judiciário e Legislativo, 158
Poderes Judiciário e Legislativo, 129 Processo de Ocupação, 137
Processo de Ocupação, 109 Fatos Históricos, 138
Religião, 130 Religião, 158
Saúde e Assistência Social, 119 Saúde e Assistência Social, 147
Serviços e Comunicação, 131 Serviços e Comunicação, 160
Símbolos Municipais, 106 Símbolos Municipais, 134
Bandeira, 106 Bandeira, 134
Brasão, 106 Hino, 135
Hino, 107 Transporte, 161
Transporte, 133 Turismo, 156
Turismo, 128 Utilização das Terras, 144
Utilização das Terras, 117
222

SANTO AMARO DO MARANHÃO, 162 TUTÓIA, 189


Agricultura, 174 Agricultura, 204
Agricultura Temporária, 174 Agricultura Temporária, 204
Agricultura Permanente, 175 Agricultura Permanente, 205
Horticultura, 176 Horticultura, 206
Ambiente Físico, 165 Ambiente Físico, 195
Condição Legal das Terras, 171 Comércio, 210
Comércio, 180 Condição Legal das Terras, 201
Demografia, 172 Demografia, 202
Economia, 174 Economia, 204
Educação, 173 Educação, 203
Espaço Rural, 169 Espaço Rural, 199
Espaço Urbano, 167 Espaço Urbano, 196
Extensão, 164 Extensão, 193
Extrativismo, 178 Extrativismo, 208
Folclore e Lazer, 187 Folclore e Lazer, 214
Lendas, 187 Lendas, 214
Indústria, 180 Indústria, 209
Infraestrutura, 186 Infraestrutura, 213
Localização, 162 Localização, 191
Mapa do Município, 163 Mapa do Município, 192
Pecuária, 177 Pecuária, 207
Pesca e Aquicultura, 179 Pesca e Aquicultura, 209
Poderes Judiciário e Legislativo, 184 Poderes Judiciário e Legislativo, 211
Processo de Ocupação, 164 Processo de Ocupação, 193
Religião, 184 Fatos Históricos, 194
Saúde e Assistência Social, 173 Religião, 212
Serviços e Comunicação, 186 Saúde e Assistência Social, 203
Símbolos Municipais, 162 Serviços e Comunicação, 213
Bandeira, 162 Símbolos Municipais, 189
Transporte, 187 Bandeira, 190
Turismo, 181 Brasão, 189
Utilização das Terras, 170 Hino, 191
Transporte, 215
Turismo, 210
Utilização das Terras, 200

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