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Análise de Cenários Econômicos
Análise de Cenários Econômicos
Autoria: Roberto Resende Simiqueli
Como citar este documento: SIMIQUELI, Roberto. Análise de Cenários Econômicos. Valinhos: 2017.
Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Os fundamentos da análise macroeconômica 05
Unidade 2: O protagonismo do investimento e a importância da dinâmica financeira 37
Unidade 3: As Relações com o Mercado Externo: taxa de câmbio, importações e exportações 69
Unidade 4: Decisões governamentais e seu impacto sobre a economia 98
Unidade 5: Concorrência: fundamentos e estruturas 129
Unidade 6: A Concorrência em Perspectiva Estratégica 153
Unidade 7: Analisando a Economia Brasileira Contemporânea – anos 80 e 90 179
Unidade 8: Analisando a Economia Brasileira Contemporânea – anos 2000 206
2 /236
Apresentação da Disciplina
3/236
de informação, esperamos que você possa
analisar em detalhe as transformações da
nossa economia.
4/236
Unidade 1
Os fundamentos da análise macroeconômica
Objetivos
5
Introdução
Link
Além de recomendarmos a leitura da Teoria Geral, um dos textos fundamentais em economia, sugerimos
a introdução feita por Jorge Miguel Cardoso Ribeiro de Jesus, em A Economia de John Maynard Keynes: uma
pequena introdução.
Agora talvez esteja um pouco mais claro o porquê de afirmarmos que a economia nacional é algo
vastamente diferente do orçamento familiar ou das contas de uma empresa. Tratamos, em cada
caso, de diferentes unidades de análise, recorrendo a diferentes informações, e atendendo a di-
ferentes finalidades. Mas como essas unidades interagem? Qual o peso e a importância dessas
informações? Quais as consequências esperadas de diferentes escolhas de política econômica?
É disso que trataremos ao longo desta seção.
• Variações positivas no investimento resultariam em elevações na renda e na produção, por maior de-
manda de matérias primas, máquinas e bens intermediários.
• De forma inversa, uma elevação na carga tributária impactaria sobre a demanda agregada, reduzin-
do-a, com consequências negativas sobre a renda e a produção.
Uma primeira conclusão é que a produção e a renda, nesse modelo, são dependentes das variá-
veis exógenas (investimento, gasto do governo e tributação). Logo, a única forma de se garantir
crescimento econômico, a curto prazo, é por meio de elevações no investimento ou no gasto do
governo (os subsídios – redução de T – seriam uma possibilidade algébrica, mas exploraremos
suas insuficiências no futuro).
27
Considerações Finais (2/2)
Y=Z
Y = c0 + c1(Y-T) + I + G
Y= 1 [c0+I+G-c1T]
1-C1
• O multiplicador keynesiano dos gastos (k = 1/(1-c1) ou k = 1/s1) dá indícios do
ritmo em que uma dada economia cresce, a partir de variações no gasto autôno-
mo. É maior ou menor de acordo com a propensão marginal a consumir e a pro-
pensão marginal a poupar (c1 e s1, respectivamente, lembrando que c1 + s1 = 1).
• Começamos a construir um primeiro modelo analítico, referencial base em-
pregado pelos economistas para a análise de cenários econômicos. Partindo
do equilíbrio no mercado de bens, discutiremos na próxima seção as outras di-
mensões dessa economia – o mercado financeiro e o mercado de trabalho. Mu-
nidos de considerações sobre esses três mercados, completaremos nosso mod-
elo e teremos condições de partir para a análise.
28
Referências
a) Consumo e investimento.
b) Investimento e poupança.
c) Propensão marginal a consumir e propensão marginal a poupar.
d) Investimento e despesa do governo.
e) Despesa do governo e consumo.
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Questão 2
2. Assinale a alternativa que melhor explica a função consumo das famí-
lias.
a) O consumo das famílias é uma das variáveis de gasto autônomo, sendo, portanto, exógena
ao modelo.
b) O consumo das famílias é função direta da tributação e das importações, uma vez que de-
pende das tarifas cobradas pelo governo sobre bens importados.
c) O consumo das famílias pode ser desmembrado em dois componentes: uma parcela cons-
tante, invariável, que representa o mínimo de subsistência, e outra, composta pela parcela
da renda destinada ao consumo (e correspondente à propensão marginal a consumir).
d) O consumo das famílias varia exclusivamente em função da poupança e dos subsídios go-
vernamentais.
e) Variável exógena ao modelo, o consumo das famílias é tomado como dado para os períodos
de análise, e permanece invariável.
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Questão 3
3. Tomando por base uma economia hipotética, com famílias com propen-
são marginal a consumir de 90% (c1 = 0,9) e propensão marginal a poupar
de 10% (s1 = 0,1), assinale a alternativa que apresenta o multiplicador ke-
ynesiano de gastos:
a) 5.
b) 2,25.
c) 0,11.
d) 3.
e) 10.
32/236
Questão 4
4. Suponha que uma economia cuja propensão marginal a poupar seja de
20% (s1 = 0,2) apresentou elevação das despesas governamentais da ordem
de dois bilhões de reais (R$2.000.000.000,00). Mantidas todas as demais
variáveis constantes, assinale a alternativa que seria a elevação resultante
da produção e da renda.
33/236
Questão 5
5. Assinale a alternativa que representa corretamente o equilíbrio do mer-
cado de bens:
a) Y = (1/(1-c1))(c0 + I - G + c1T).
b) Y = (1/(1-c1))(c0 + I + G - c1T).
c) Y = (1/(1+c1))(c0 + I + G - c1T).
d) Y = (1/(1-s1))(c0 + I + G - c1T).
e) Y = (1-c1)(c0 + I + G - c1T).
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Gabarito
1. Resposta: D. nal a consumir). Isso garante a forma usual
dessa função:
Investimento (I) e despesa do governo (G)
C = c0+c1(Y-T)
são as variáveis exógenas ao modelo, deter-
minadas externamente. Como tal, são tam-
bém conhecidas como variáveis de gasto
3. Resposta: E.
autônomo, ou seja: representantes de deci- O multiplicador keynesiano dos gastos
sões de gasto que não são definidas exclusi- pode ser calculado a partir da propensão
vamente pelo montante da renda disponível marginal a consumir (k = 1/(1-c1)) ou a par-
ou por condicionantes internos ao modelo. tir da propensão marginal a poupar (k = 1/
s1). Como c1 = 0,9 e s1 = 0,1, qualquer uma
2. Resposta: C. das duas formas nos levaria a k = 1/0,1 , ou
O consumo das famílias pode ser desmem- seja: k = 10.
brado em dois componentes: uma parce-
la constante, invariável, que representa o 4. Resposta: A.
mínimo de subsistência, e outra, composta
Partindo das fórmulas elencadas na res-
pela parcela da renda destinada ao consu-
olução do exercício anterior (k = 1/(1-c1) e k
mo (e correspondente à propensão margi-
35/236
Gabarito
= 1/s1), temos que k, para s1 = 0,2, é igual a
5. Mantidas todas as demais variáveis con-
stantes, uma variação de G seria acompan-
hada por uma variação 5 vezes maior de Y
– logo, os dois bilhões em gastos governa-
mentais resultariam em dez bilhões de el-
evação da produção e da renda.
5. Resposta: B.
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Unidade 2
O protagonismo do investimento e a importância da dinâmica financeira
Objetivos
37
Introdução
Ao discutir os fundamentos do modelo ke- Como discutimos de forma breve, essa de-
ynesiano básico – a principal ferramenta manda é compreendida, num primeiro mo-
que empregaremos na construção de aná- mento, como a resultante de três grandes
lises macroeconômicas de conjuntura – en- conjuntos de despesas – o consumo das
fatizamos, em vários momentos, a prepon- famílias (C), os gastos do governo (G) e o
derância e o protagonismo da demanda investimento (I). Na unidade anterior, ex-
nesse modelo. A demanda move o sistema ploramos em algum detalhe a determina-
econômico, garantindo que a produção seja ção do consumo, sua relação inversa com a
consumida, e que trabalhadores e máqui- poupança e a construção do multiplicador
nas sejam devidamente empregados ou keynesiano do gasto, mas também apre-
ocupados. Qualquer flutuação negativa na sentamos um dado importante sobre duas
demanda é motivo de alerta; se deixado à dessas variáveis: seu papel como elementos
própria sorte, o sistema pode não encon- de gasto autônomo no modelo.
trar meios de corrigir essa insuficiência e a O gasto autônomo é importante justamen-
economia em questão pode rapidamente te por sua independência relativa frente à
se encontrar numa espiral de estagnação e renda. O consumo, em sua compreensão
desemprego. usual, depende diretamente do montante
de recursos à disposição das famílias; já
38/236 Unidade 2 • O protagonismo do investimento e a importância da dinâmica financeira
investimento e gastos do governo pode- de juros no mercado de capitais e algumas
riam ser realizados mesmo em patamares dinâmicas peculiares do chamado “lado
deprimidos de renda, configurando veícu- monetário” da economia.
los interessantes para a recuperação dessa As aspas em torno do “lado monetário” são
economia, em momentos de estagnação e/ indispensáveis justamente pelas conside-
ou crise. rações de John Maynard Keynes sobre o in-
Mas dizer que o gasto autônomo é relati- vestimento e a dinâmica capitalista: crítico
vamente independente da renda não é o da usual dicotomia entre “lado real” (bens
mesmo que dizer que ele é determinado de e serviços, produção, mercado de trabalho)
forma alheia ao sistema. Muito pelo con- e “lado monetário” (mercados de capitais,
trário. Tanto investimento quanto despesas taxa de juros, mercados de divisas) na análi-
governamentais obedecem a uma série de se econômica, Keynes compreendia as eco-
limites e condicionantes, e só são realiza- nomias contemporâneas como “economias
dos em circunstâncias peculiares. Ao longo monetárias da produção”, em que o cha-
desta unidade, discutiremos a importância mado lado real responderia diretamente às
do investimento para as economias capita- flutuações experimentadas no lado mone-
listas contemporâneas, sua relação direta tário, e vice versa. Ainda que tenhamos se-
com a taxa de juros, a determinação da taxa parado essas dimensões em duas unidades,
39/236 Unidade 2 • O protagonismo do investimento e a importância da dinâmica financeira
só o fizemos para facilitar a exposição e a Provavelmente, se já considerou essa pos-
leitura – o mercado de capitais e o mercado sibilidade, você pensou em algum mercado
de bens e serviços estão intimamente liga- em visível expansão. Afinal, o número cres-
dos, e não podem ser separados, se quere- cente de estabelecimentos em um determi-
mos realmente entender o funcionamento nado setor deve ser indicativo de sua saúde
da economia. econômica. Não haveria tantos pet shops,
escolas de idiomas, hamburguerias, cerve-
1. Investimentos e incertezas jarias e food trucks se esses mercados ou
nichos não se mostrassem mais rentáveis.
Você já considerou a possibilidade de abrir Esse é um dos cânones de toda a reflexão
seu próprio negócio? Quais considerações em economia – os agentes econômicos es-
estariam envolvidas nessa decisão? O que é tão sempre em busca da realização de seus
necessário para que um cidadão brasileiro próprios interesses materiais, e, assim, mo-
se estabeleça como microempreendedor e ver-se-iam para ramos de atividade em que
passe a atuar de forma autônoma, ofere- esses interesses fossem melhor atendidos.
cendo bens ou prestando serviços em mer- Logo, por mais que talvez você não tenha
cados variados? se informado em profundidade sobre as
margens de lucro ou o valor agregado em
Como também consideramos o elemento especulação, é preciso ter em conta um impacto mais direto da
política monetária sobre a renda. Dá-se a esse fenômeno o nome de Efeito Keynes, e ele pode ser descrito
da seguinte forma: com uma elevação da base monetária, fica mais barato financiar investimentos (já que
um aumento de M promove uma redução da taxa de juros, i); essa redução de i garante uma elevação dos
investimentos (I), o que, por sua vez, eleva a demanda agregada e a renda nacional (y). Com isso, eleva-
ções na oferta de moeda (M) não necessariamente resultariam em inflação.
Quanto mais sensíveis forem os investimentos à taxa de juros, maior será a eficácia da política monetária.
De forma inversa, quanto mais sensível for a demanda de moeda à taxa de juros (pelo motivo especula-
ção), menor será a eficácia da política monetária.
59
Considerações Finai (2/2)
60
Referências
BLANCHARD, O. Macroeconomia: teoria e política econômica. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
JESUS, J.M.C.R. A Economia de John Maynard Keynes: Uma Pequena Introdução. Textos de Econo-
mia, Florianópolis, v.14, n.1, p.118-137, jan./jun. 2011.
KEYNES, J. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São Paulo: Atlas, 2007.
SILVA, A. Macroeconomia sem equilíbrio. Petrópolis: Vozes, 1999.
VASCONCELLOS, M. Economia: Micro e Macro. São Paulo: Atlas, 2001.
a) Compras e trocas.
b) Meio de troca, unidade de conta e reserva de valor.
c) Representação impressa do valor das mercadorias.
d) Medida básica dos preços e do valor de troca.
e) Meio de conta, unidade de troca e reserva de valor.
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Questão 2
2. Assinale a alternativa correta. Keynes denominava a economia capitalista
por economia monetária da produção. Essa denominação é explicada:
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Questão 3
3. Na equação Quantitativa da Moeda (MV = Py), os termos M e V represen-
tam, respectivamente:
64/236
Questão 4
4. Partindo da equação Quantitativa da Moeda (MV = Py) e considerando
uma economia em pleno emprego de fatores, uma elevação de 10% na
base monetária, com renda e velocidade-renda da moeda constantes, re-
sultaria em:
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Questão 5
5. “A decisão de investir é uma escolha complexa, e envolve uma série de
fatores. Marcadamente, investidores consideram __________, o custo de
contração de empréstimos ou aquisição de novo capital, e _________, uma
estimativa do retorno desse investimento, no futuro, comparando-o com a
despesa envolvida em sua realização e manutenção.” Escolha a alternativa
que preenche corretamente as lacunas do texto:
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Gabarito
1. Resposta: B. juros e é determinado pelos movimentos da
produção. Lado real e lado monetário não
A moeda é reconhecida por suas três fun- podem ser pensados independentemente.
ções básicas: a de meio de troca, funda-
mental para a comercialização de bens e 3. Resposta: D.
serviços; a de unidade de conta, já que ela
é a referência numérica básica de todos os Os termos em questão representam, res-
preços, em uma dada economia; e a de re- pectivamente, os meios de pagamento e a
serva de valor, já que a moeda representa a velocidade-renda da moeda. Esses elemen-
garantia institucional de certa quantia, de- tos explicam a relação entre expansão da
finida pelo governo. base monetária e elevação do nível geral de
preços.
2. Resposta: E.
4. Resposta: C.
Um dos dados fundamentais da reflexão ke-
ynesiana é a ligação fundamental entre lado Ao movimento em questão corresponderia
real e lado monetário da economia, em que uma elevação de 10% nos preços, explicada
o mercado de moeda determina a taxa de pelo fato da economia em questão encon-
trar-se em pleno emprego e pela constância
67/236
Gabarito
das outras variáveis. A TQM se pauta, justa-
mente, pela exploração dessa correlação;
medidas emissionárias resultariam, muitas
vezes, em uma elevação do nível geral de
preços.
5. Resposta: E.
A passagem em questão, com as lacunas
devidamente preenchidas: “A decisão de
investir é uma escolha complexa, e envolve
uma série de fatores. Marcadamente, inves-
tidores consideram a taxa de juros (i), o cus-
to de contração de empréstimos ou aquisi-
ção de novo capital, e a eficiência marginal
do capital (EMC), uma estimativa do retorno
desse investimento, no futuro, comparan-
do-o com a despesa envolvida em sua reali-
zação e manutenção.”
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Unidade 3
As Relações com o Mercado Externo: taxa de câmbio, importações e exportações
Objetivos
69
Introdução
73/236 Unidade 3 • As Relações com o Mercado Externo: taxa de câmbio, importações e exportações
Para saber mais
A reflexão sobre comércio internacional já era realizada séculos atrás, quando as primeiras Monarquias
Absolutistas procuravam formas de aumentar o tesouro real e assim financiar guerras e obras públicas.
Assim, esse tema sempre foi caro aos economistas. Uma primeira abordagem sistemática, nas linhas do
que expusemos nesse capítulo, é a chamada Teoria das Vantagens Absolutas, proposta por Adam Smith
na Riqueza das Nações. Segundo o pensador escocês, uma nação buscaria adquirir produtos em cuja pro-
dução não demonstrasse a mesma eficiência que as demais. Esse ponto é elaborado e refinado, poste-
riormente, por David Ricardo, no que foi denominado de Teoria das Vantagens Comparativas. Ricardo é o
proponente original da noção de especialização de diferentes economias nacionais apresentada nesta
unidade; cada nação se engajaria quase que exclusivamente na produção dos bens em que apresentasse
maior eficiência. Assim, todo o sistema internacional sairia ganhando.
74/236 Unidade 3 • As Relações com o Mercado Externo: taxa de câmbio, importações e exportações
Para saber mais
A ordem internacional foi marcada por uma série de paradigmas políticos e econômicos. Um desses mo-
mentos, de especial interesse para o estudo das relações econômicas internacionais na contemporanei-
dade, é o período marcado pela hegemonia do Império Britânico e pela constituição do padrão-ouro. Entre
o fim do século XVIII e a Primeira Guerra Mundial, a Inglaterra foi a principal potência política e econômica
do mundo ocidental; sob o domínio inglês, as relações comerciais e financeiras entre os países ganharam
uma nova institucionalidade. Adotando uma estratégia hoje compreendida como Imperialismo do Livre
Comércio, os ingleses mantinham uma série de nações independentes em sua zona de influência, tornan-
do-se os parceiros econômicos preferenciais de economias como a brasileira ou a argentina. Pautadas
pela exportação de produtos primários, essas economias periféricas se posicionavam de forma subalter-
na, nesse sistema, e se especializavam quase que exclusivamente nos gêneros agrícolas ou minerais que
costumavam vender para os ingleses. Além de serem os grandes promotores do liberalismo econômico e
da supressão de barreiras comerciais, no período, os ingleses também defendiam a conversibilidade das
moedas nacionais em ouro, como forma de estabilizar suas flutuações. Após adotarem esse padrão com a
libra, outras moedas, dependentes da moeda inglesa, seguiram o mesmo padrão. Com isso, esses gover-
nos abdicavam do controle sobre a sua política monetária e atrelavam o câmbio à performance da libra.
75/236 Unidade 3 • As Relações com o Mercado Externo: taxa de câmbio, importações e exportações
A radicalização da concorrência entre as
grandes economias capitalistas leva a uma Link
ruptura dessa institucionalidade, com as Uma etapa fundamental da institucionalização
disputas entre os imperialismos na virada das relações econômicas internacionais no pós-
do século XIX para o século XX. Com a Pri- -guerra é a conferência de Bretton Woods, rea-
meira Guerra Mundial, a Crise de 1929 e a lizada em 1944. O economista Luiz Gonzaga de
Segunda Guerra Mundial, o sistema inter- Mello Belluzzo explora em detalhe seu significado
nacional toma um severo golpe, do qual se e a crise originada do abandono desse paradigma
recupera com dificuldade; a reconstrução em O declínio de Bretton Woods e a emergência dos
da economia internacional a partir dos es- mercados ‘globalizados’.
combros da Era Vitoriana é uma tarefa difí-
cil, e só se torna possível a partir da criação
de um novo conjunto de instituições econô-
micas e financeiras internacionais. Merece
destaque a conferência de Bretton Woods, O período imediatamente posterior à Se-
de 1944, que define os termos básicos de gunda Guerra Mundial é marcado por uma
operação do sistema econômico interna- série de novidades – a descolonização de
cional no pós-guerra. territórios antes controlados pelos gran-
76/236 Unidade 3 • As Relações com o Mercado Externo: taxa de câmbio, importações e exportações
des impérios, a emergência de uma série de
novas potências em ascensão, a divisão do
mundo entre capitalistas e socialistas (in-
terrompida em 1989), as disputas entre pri-
Link
As relações econômicas internacionais são me-
meiro e terceiro mundo. Mas precisaremos
diadas, principalmente, por três grandes orga-
deixar alguns dos detalhes dessa história
nizações – o Banco Mundial, o Fundo Monetário
para outra ocasião. Por ora, é importante
Internacional e a Organização Mundial de Comér-
lembrar que esse sistema, como os ante-
cio. Para maiores informações sobre essas insti-
riores, é marcado pela especialização das
tuições, recomendamos a leitura do artigo Inter-
economias nacionais, agora organizadas
national Economic Organizations, Developing Coun-
em cadeias produtivas que se estendem de
try Reforms, and Trade, de Anne Krueger.
um canto a outro do mundo, e pela institu-
cionalidade garantida pelas Nações Unidas,
suas conferências e organismos.
77/236 Unidade 3 • As Relações com o Mercado Externo: taxa de câmbio, importações e exportações
1. O preço da internacionaliza- uma moeda em termos da outra? A resposta
ção: a taxa de câmbio, sua deter- a todas essas perguntas nos é dada por um
minação e sua importância dos preços chave da economia (junto com
o nível geral de preços e a taxa de juros) – a
Se você já visitou algum outro país, certa- taxa de câmbio.
mente sabe que não é possível consumir os A taxa de câmbio nominal é o preço da mo-
bens e serviços comercializados naquele eda ou divisa estrangeira em termos da
país com reais. Cada economia possui uma moeda nacional. Em termos aproximados,
moeda própria, ou adere a uma moeda co- em setembro de 2017, um peso argentino
mum de acordo com seu pertencimento a pode ser comprado por dezoito centavos de
um bloco econômico. No caso do Brasil, rea- real (1,00 ARS = 0,18 BRL), um euro pode
lizamos transações em reais (R$); na Argen- ser comprado por três reais e setenta cen-
tina, em pesos argentinos (ARS ou simples- tavos (1,00 EUR = 3,71 BRL), uma libra es-
mente $); na União Europeia, em euros (€); terlina pode ser comprada por quatro reais
no Reino Unido, em libras esterlinas (£); e, (1,00 GBP = 4,07 BRL) e um dólar americano
finalmente, nos Estados Unidos, em dólares pode ser comprado por três reais (1,00 GBP
(US$). Como essas diferentes moedas se re- = 3,09). Mas o que determina esses preços?
lacionam? Como é estabelecido o preço de No caso da taxa de câmbio, a relação chave
78/236 Unidade 3 • As Relações com o Mercado Externo: taxa de câmbio, importações e exportações
é a oferta e demanda de divisas, ou a ofer- a taxa de câmbio com outras moedas – i.e.,
ta e a demanda para cada uma das moedas como cada uma dessas operações cria de-
estrangeiras frente ao real. manda por dólares, elevamos o preço relati-
Como essa relação é determinada? Pela in- vo das moedas estrangeiras e rebaixamos a
tensidade das transações entre essas eco- nossa, fazendo com que o real valha menos
nomias. Quanto mais exportamos, rece- frente ao dólar, à libra, ao euro e assim por
bemos turistas e capitais externos, maior diante).
a demanda por reais (logo, mais valoriza- Se as economias capitalistas transacionas-
da é nossa moeda, e mais baixa é a taxa de sem de forma absolutamente livre, essas
câmbio com outras moedas – i.e., o real é flutuações seriam determinadas pelo mer-
demandado por agentes de outras econo- cado e pelo fluxo de mercadorias e pessoas
mias, seu preço relativo se eleva, e é possí- entre os diferentes países. Mas, como forma
vel comprar mais das moedas estrangeiras de limitar a vulnerabilidade de uma dada
com nossa moeda). Por outro lado, quanto economia a flutuações externas, esses sis-
mais importamos, enviamos turistas e ca- temas operam no que denominamos de re-
pitais para o exterior, maior a demanda (de gimes cambiais – regras estabelecidas pelas
brasileiros) por dólares (logo, isso implica autoridades monetárias para a flutuação da
em uma desvalorização do real, elevando taxa de câmbio. Comumente, dividimos es-
79/236 Unidade 3 • As Relações com o Mercado Externo: taxa de câmbio, importações e exportações
ses regimes em dois tipos: regimes de câmbio fixo, em que o Banco Central fixa antecipadamente
a taxa de câmbio e compra divisas a esse preço, para assegurar sua manutenção; e regimes de
câmbio flutuante, em que não há compromisso do Banco Central com a fixação da taxa de câm-
bio e ela é deixada à mercê do mercado. Na verdade, o que se observa é a existência de uma série
de formas intermediárias, como a chamada flutuação suja, em que se permite o estabelecimento
da taxa pelo mercado com a intervenção do Banco Central em casos limite, ou o regime de ban-
das cambiais, em que a flutuação é admitida dentro de limites estabelecidos pelo Banco Central.
80/236 Unidade 3 • As Relações com o Mercado Externo: taxa de câmbio, importações e exportações
Para saber mais
Logo, essa desvantagem se converte na principal vantagem do câmbio flutuante – nesse regime cambial,
não há necessidade de intervenção do Bacen no mercado de moeda estrangeira, logo não se observam
os custos elevados envolvidos na compra de dólares em regimes de câmbio fixo. Por outro lado, o câm-
bio flutuante sujeita a economia à variação constante do preço relativo de sua moeda frente às moedas
estrangeiras, trazendo certo grau de instabilidade para a economia e impossibilitando o controle efetivo
dos outros preços chave.
Como demonstramos acima, a taxa de câmbio é o preço chave do mercado de divisas, e sumari-
za, em si, as relações de uma dada economia com os mercados internacionais. Mas como se es-
81/236 Unidade 3 • As Relações com o Mercado Externo: taxa de câmbio, importações e exportações
tabelecem essas relações? Qual o impacto dutos que exportamos ficam correspon-
de flutuações na taxa de câmbio? Para isso, dentemente mais baratos, já que é possível
é importante que levemos em conta as ex- comprar R$3,00 de produtos com apenas
portações e importações. US$1,00, i.e., no exemplo acima, os produ-
tos importados ficam 50% mais caros (pas-
2. Exportações, Importações e sando de R$2,00 a R$3,00), ao passo que
Âncora Cambial nossas exportações ficam 33% mais baratas
para agentes estrangeiros (indo de US$1,50
Como mostramos anteriormente, com uma a US$1,00). Assim, uma primeira consequ-
desvalorização cambial (i.e., baixa deman- ência das variações cambiais é seu impacto
da de real frente ao dólar) a taxa de câm- sobre exportações, importações e demanda
bio sobe. Mas qual a consequência prática agregada – com valorização cambial (taxa de
disso? Num dado momento, poderíamos câmbio baixa), nossa moeda vale mais fren-
ter uma mudança de US$1,00 por R$2,00 te às moedas estrangeiras, o que nos permi-
para US$1,00 por R$3,00; com isso, bens te importar mais e exportar menos, fazen-
importados ficam mais caros, de modo que do com que a demanda agregada diminua.
não compensa comprarmos de outras eco- Correspondentemente, com desvalorização
nomias; ao mesmo tempo, todos os pro- cambial (taxa de câmbio alta), nossa moeda
82/236 Unidade 3 • As Relações com o Mercado Externo: taxa de câmbio, importações e exportações
vale menos frente às moedas estrangeiras, Como vimos, um movimento de valoriza-
o que nos permite exportar mais e importar ção cambial possibilita uma elevação das
menos, fazendo com que a demanda agre- importações. Com isso, os produtores na-
gada se eleve. cionais são forçados a competir com em-
Você deve se lembrar da importância da de- presas internacionais, respondendo aos
manda agregada na determinação da situa- preços praticados internacionalmente. O
ção de uma dada economia: é ela que move mecanismo de âncora cambial prevê que
a renda nacional e o nível geral de preços, os preços na economia nacional sejam re-
operando entre os limites do desemprego e duzidos pela pressão exercida pelos preços
da inflação. Assim, deve soar como natural estrangeiros, o que forçaria o empresaria-
que a taxa de câmbio possua uma ligação do brasileiro a operar com maior eficiência
direta com a inflação, em uma dada econo- e menores preços.
mia, e que a valorização e a desvalorização Se a relação entre inflação e taxa de câm-
cambial atuem no controle do nível geral de bio fosse tão simples assim, poderíamos dar
preços. Nesse sentido, utiliza-se muitas ve- nossa conversa por encerrada e passar para
zes a valorização do câmbio como uma ân- o próximo tópico. Mas não é. A âncora cam-
cora cambial. Mas como opera esse meca- bial muitas vezes se converte em uma ar-
nismo, e qual sua importância? madilha cambial: ao passo em que a fixação
83/236 Unidade 3 • As Relações com o Mercado Externo: taxa de câmbio, importações e exportações
de uma taxa de câmbio favorável para as res). Mas é possível apontar também resul-
importações tenderia a estimular a eficiên- tados de médio prazo para essas políticas:
cia e competitividade do empresariado bra- com câmbio desvalorizado, a elevação pro-
sileiro, essa mesma taxa de câmbio frustra longada das exportações poderia aumentar
o potencial de exportação dessa economia a oferta de dólares, com respectiva queda da
ao mesmo tempo em que aumenta a de- dívida externa em dólares. Efeito inverso é
pendência de financiamentos externos. Por esperado de uma valorização cambial, com
ser uma relação complexa, é preciso pensar o possível agravamento da dívida externa
em vários preços chave da economia, e nas (também pelo endividamento do governo
consequências sobre cada um deles. federal para manter o câmbio valorizado).
Em todos os casos, a relação entre taxa de
3. Dívida Externa, Mercados de câmbio e os demais preços de uma dada
Moedas e Taxa de Juros economia obedece a uma regra básica: é
preciso ponderar a variação dos preços in-
Outra consequência lógica dos movimentos
ternos frente aos preços externos, mediar
de valorização ou desvalorização cambial é
essas variações pela taxa de câmbio, e então
a flutuação do estoque da dívida externa em
se perguntar se seria conveniente a compra
reais (sem impacto sobre seu saldo em dóla-
ou venda de produtos ou capitais na nossa
84/236 Unidade 3 • As Relações com o Mercado Externo: taxa de câmbio, importações e exportações
economia ou nos mercados internacionais. cia estrutural do nosso mercado fren-
Vamos parar para pensar sobre isso por dois te aos mercados externos, pautada
minutos: pela importação de vários produtos
essenciais (como petróleo e bens de
• Em um contexto de elevada inflação,
capital) pode fazer com que a inflação
uma redução na taxa de câmbio (i.e.,
efetivamente se eleve. Nesse caso, ca-
valorização da moeda nacional) incor-
beria às autoridades de política cam-
reria em importações a preços mais
bial promoverem a desvalorização do
baixos, podendo fazer com que o nível
câmbio (i.e., elevação da taxa de câm-
geral de preços se reduzisse também.
bio) para garantir que as empresas na-
Esse é o mecanismo de âncora cam-
cionais aproveitassem a oportunidade
bial, que discutimos anteriormente.
para concorrer nos mercados interna-
Por outro lado, essa situação tornaria
cionais a baixos preços. A dificuldade,
a compra de bens nacionais desinte-
aqui, seria ponderar qual consequên-
ressante, para agentes internacionais,
cia traria mais danos ao sistema.
coibindo as exportações.
• Mecanismo similar pode ser observa-
• Por outro lado, se essa inflação for um
do no que diz respeito à taxa de juros.
fenômeno internacional, a dependên-
Quando há diferença positiva entre a
85/236 Unidade 3 • As Relações com o Mercado Externo: taxa de câmbio, importações e exportações
taxa de juros interna e as taxas exter-
nas, capitais internacionais migram
para a economia brasileira, elevando
a demanda por reais e promovendo
uma valorização da moeda nacional
(redução da taxa de câmbio).
• Efeito inverso acontece quando nos-
sas taxas de juros internas diminuem:
há uma queda na oferta de divisas,
com correspondente desvalorização
da moeda nacional, e capitais es-
trangeiros e nacionais buscam opor-
tunidades de valorização fora do país.
86/236 Unidade 3 • As Relações com o Mercado Externo: taxa de câmbio, importações e exportações
Glossário
Âncora Cambial: O mecanismo de âncora cambial prevê que os preços na economia nacional
sejam reduzidos pela pressão exercida pelos preços estrangeiros, o que forçaria o empresariado
brasileiro a operar com maior eficiência e menores preços.
Regimes cambiais: regras estabelecidas pelas autoridades monetárias para a flutuação da taxa
de câmbio. Comumente, dividimos esses regimes em dois tipos: regimes de câmbio fixo, em que
o Banco Central fixa antecipadamente a taxa de câmbio e compra divisas a esse preço, para as-
segurar sua manutenção; e regimes de câmbio flutuante, em que não há compromisso do Banco
Central com a fixação da taxa de câmbio e ela é deixada à mercê do mercado.
Taxa de câmbio: medida da relação entre oferta e demanda de divisas (moedas) estrangeiras.
Em termos usuais, é a taxa pela qual trocamos reais e dólares.
87/236 Unidade 3 • As Relações com o Mercado Externo: taxa de câmbio, importações e exportações
?
Questão
para
reflexão
Suponha que uma economia aberta e com governo opere com uma
taxa genérica de importação de 25%. Considerando o elevado défi-
cit governamental, seu ministro da fazenda propõe a adoção de um
regime de câmbio fixo com a valorização da moeda nacional, esta-
belecendo a paridade entre essa moeda nacional e o dólar. Quais
seriam as consequências imediatas dessa medida? Dentre essas,
quais poderiam trazer resultados para essa economia? Quais se-
riam prejudiciais, e quais setores seriam afetados por essa decisão?
Por fim, você consegue pensar em alguma outra forma de equilibrar
a receita estatal sem recorrer a este imposto de importação? Conti-
nue refletindo sobre estas questões conforme avançamos pela pró-
xima unidade, em que discutiremos o papel do Estado na economia.
88/236
Considerações Finais
90/236 Unidade 3 • As Relações com o Mercado Externo: taxa de câmbio, importações e exportações
Questão 1
1. Um elemento central nas relações de qualquer economia com o mercado
externo é a taxa de câmbio. Essa taxa pode ser definida como:
a) O preço do dólar e do euro num dado momento, resultante da inflação nessas economias.
b) Uma medida da relação entre oferta e demanda de divisas (moedas) estrangeiras.
c) O prêmio pago a investidores estrangeiros pela cessão da liquidez.
d) Uma das resultantes da inflação.
e) Uma taxa fixada arbitrariamente pelas autoridades monetárias, que determina nossa parti-
cipação nas trocas internacionais.
91/236
Questão 2
2. Assinale a alternativa que melhor define o funcionamento âncora cambial.
a) Manutenção do câmbio flutuante, com adequação da indústria nacional aos mercados ex-
ternos.
b) Estabelecimento de limites para flutuação do câmbio, com promoção das importações.
c) Preservação de uma taxa de câmbio fixo, com valorização da moeda nacional, promovendo
exportações e demanda agregada.
d) Transformação dos termos fundamentais da estrutura produtiva nacional, com participação
expressiva do crédito público.
e) Promoção do câmbio fixo e valorização da moeda nacional (i.e., redução da taxa de câmbio),
forçando as empresas nacionais a competirem com as estrangeiras.
92/236
Questão 3
3. Em macroeconomia, usamos constantemente o termo trindade impossível
para explicar a difícil manipulação simultânea da taxa de câmbio, taxa de juros
e nível geral de preços. Essa denominação pode ser explicada pela (o):
a) Utilização de alguns desses preços chave ou de seus mercados de origem no controle dos
demais (i.e. subordinação do câmbio à política industrial, ou manipulação da taxa de juros
para garantir a contenção da inflação).
b) Ausência de controles efetivos sobre o mercado externo, já que seus movimentos indepen-
dem das decisões governamentais locais.
c) Elevado risco de tentativas de redução da taxa de juros e do controle do câmbio, que podem
resultar em uma escalada inflacionária.
d) Impossibilidade de coexistência dos três preços, já que a internacionalização da economia
determina a sujeição do nível geral de preços à taxa de câmbio.
e) Recurso à taxa de juros como o único preço de ajuste em uma dada economia.
93/236
Questão 4
4. Escolha a alternativa que lista corretamente alguns dos regimes cambiais
mais comuns:
94/236
Questão 5
5. Quais as consequências prováveis, no curto prazo, da manutenção da
economia em um regime de câmbio fixo, com desvalorização da moeda
nacional?
95/236
Gabarito
1. Resposta: B. 3. Resposta: A.
A taxa de câmbio deve ser entendida como A denominação “trindade impossível” re-
a medida da relação entre oferta e deman- mete à utilização de alguns desses preços
da de divisas (moedas) estrangeiras. Em chave ou de seus mercados de origem no
termos usuais, é a taxa pela qual trocamos controle dos demais (i.e. subordinação do
reais e dólares. câmbio à política industrial, ou manipula-
ção da taxa de juros para garantir a conten-
2. Resposta: E. ção da inflação). Logo, ao menos um desses
preços chave será “sacrificado” para que se
Pela manutenção do câmbio fixo e valoriza- alcancem os objetivos de política econômi-
ção da moeda nacional, o mecanismo de ân- ca relacionados aos outros dois.
cora cambial prevê que os preços na econo-
mia nacional sejam reduzidos pela pressão 4. Resposta: E.
exercida pelos preços estrangeiros, o que
forçaria o empresariado brasileiro a operar Os regimes cambiais mais comuns são câm-
com maior eficiência e menores preços. bio fixo (fixação de taxa de câmbio e sua
manutenção pelo Bacen), câmbio flutuante
(aceitação da taxa de câmbio definida pelo
96/236
Gabarito
mercado), bandas cambiais (estabeleci-
mento de limites dentro dos quais o câmbio
flutua livremente) e flutuação suja (similar
ao câmbio flutuante, mas com amorteci-
mento de variações drásticas pelo Banco
Central).
5. Resposta: A.
Mantido todo o resto constante, essa estra-
tégia resultaria na promoção das exporta-
ções (pela relação entre os preços nacionais
e os praticados no mercado externo) e a en-
trada de capitais estrangeiros.
97/236
Unidade 4
Decisões governamentais e seu impacto sobre a economia
Objetivos
98
Introdução
Ao longo das unidades anteriores, constru- Há um último ponto que permanece obscu-
ímos um modelo simples, porém eficiente ro, em nossa análise: o papel do Estado. Dei-
para análise de cenários econômicos pre- xamos este ponto por último por uma razão
sentes, passados e futuros. Com o apoio de simples – enquanto discutíamos as formas
noções fundamentais de macroeconomia, de combate à inflação ou ao desemprego,
fomos capazes de esmiuçar o comporta- os mecanismos à disposição de agentes go-
mento da demanda agregada e da maioria vernamentais para a estabilização da eco-
de seus componentes (consumo, investi- nomia e as formas diretas e indiretas de es-
mento, exportações e importações), en- tímulo à demanda, constantemente tece-
tender as relações entre gasto autônomo mos considerações sobre opções de política
e crescimento da renda, explorar as deter- econômica para a realização dos objetivos
minações do investimento e a dinâmica do pontuais, de curto prazo, de uma economia
mercado de moeda, e, por fim, avançar so- (estabilidade de preços, distribuição de ren-
bre o entendimento das relações econômi- da e promoção do crescimento, por exem-
cas internacionais e da taxa de juros, medi- plo). A não ser que você esteja lendo este
da a ligação entre as dimensões produtiva texto a partir da referência peculiar de um
e financeira de uma dada economia com o dos órgãos públicos destinados à gestão
restante do mundo. da política econômica, essas considerações
• Liberalismo clássico (Smith, Ricardo, Mill): a economia deveria funcionar sem depender do Estado, mas
ele ainda é responsável por reformas importantes. Esses autores veem a possibilidade de promulgação
de leis que defendam a concorrência e garantam o bom funcionamento dos mercados.
• Economia Neoclássica (Jevons, Walras, Marshall): os mercados tendem ao equilíbrio se deixados à pró-
pria sorte. Economia e política são campos distintos, e não cabe aos economistas debaterem política,
como não cabe aos estadistas intervirem sobre a economia.
• Escola Austríaca (Hayek, von Mises, Bohm-Bawerk): nada de bom pode vir da intervenção estatal na
economia. As benesses distribuídas pelo Estado perturbariam a estrutura de recompensas de uma
dada sociedade, garantindo desincentivos à ação racional individual.
• Neoliberalismo (Friedman): o Estado tem função limitada. Se extrapolar seus limites, comumente ga-
rante a elevação do nível geral de preços e a instabilidade econômica.
• Nova Economia Institucional (North): o Estado deve se pautar por fomentar as instituições de defesa
da propriedade e da concorrência. Reformas liberalizantes garantiriam um ambiente mais saudável
para os negócios, promovendo ganhos significativos de competitividade.
Link
Uma das principais razões para a intervenção estatal sobre o mercado é a tendência a crises periódicas
nas economias capitalistas. Neste bem-humorado vídeo, o geógrafo David Harvey explica os fundamen-
tos dessas crises e sua recorrência ao longo do tempo: RSA Animate: David Harvey – Crises of Capitalism
(em inglês).
Como antecipamos no nosso tratamento das diferentes metas de política econômica, cada um
desses objetivos pode ser alcançado pelo emprego de uma variedade de instrumentos. Geral-
mente esses instrumentos são enquadrados da seguinte forma:
• Política Fiscal: compreende tanto a arrecadação de tributos pelo governo, por via da políti-
ca tributária, quanto suas despesas, pela chamada política de gastos. Os gastos são repre-
sentados como componente da demanda agregada, uma das formas de gasto autônomo
em nosso modelo; e os impostos? Grosso modo, impactam sobre a renda, reduzindo-a ao
montante de renda disponível para consumo e poupança. Discutiremos a tributação em
mais detalhe na sequência.
• Política Monetária: os mecanismos à disposição do governo para influenciar oferta e de-
manda de moeda – emissões, open market, depósitos compulsórios, redescontos e legisla-
109/236 Unidade 4 • Decisões governamentais e seu impacto sobre a economia
ção sobre crédito e taxa de juros. Ex- • Política de Rendas: algumas políticas
ploramos esses elementos em alguma peculiares, que usualmente seriam
profundidade no capítulo 2, sobre a entendidas como fiscais, monetárias
dinâmica financeira da economia. É ou cambiais, são geralmente enqua-
importante lembrar que instrumentos dradas como políticas de rendas. Tra-
de política monetária não servem so- tam-se de iniciativas de promoção do
mente à manipulação do mercado fi- poder de compra, da renda mínima
nanceiro: podem atuar no sentido do ou de distribuição de renda entre os
combate à inflação ou na promoção agentes econômicos. Como o governo
do crescimento econômico. arrecada recursos da coletividade, ele
• Política Cambial: exploramos esse pode redistribuí-los de forma a tornar
ponto no capítulo anterior; trata-se essa mesma sociedade mais igualitá-
do controle, pelo governo, da taxa de ria, da perspectiva da renda.
câmbio, com impacto decisivo sobre Pensar, ponto por ponto, nas múltiplas for-
importações, exportações, demanda mas de atuação dentro dos limites de cada
agregada, inflação e taxa de juros. um desses instrumentos, envolveria ela-
borar um compêndio muito mais extenso
do que o escopo desta disciplina permite.
110/236 Unidade 4 • Decisões governamentais e seu impacto sobre a economia
Como imaginar as consequências e desdobramentos de diferentes instrumentos de política eco-
nômica? É aqui que você vai empregar o modelo construído nas páginas anteriores. Procure se fazer
as seguintes perguntas sempre que se deparar com uma determinada linha de política econômica:
(1) como enquadrá-la, dentro do eixo política fiscal, política monetária, política cambial e política
de renda? (2) quais metas são defendidas ou promovidas por essa política? (3) como essa política
impactaria sobre as variáveis chave do modelo – nível de preços, taxa de juros, taxa de câmbio e
demanda agregada? (4) quais as consequências positivas e negativas dessa linha de atuação?
É preciso entender o nosso sistema tributário para que possamos criticá-lo. Caso contrário, corremos
o risco de fazer afirmações genéricas e pouco informadas sobre a necessidade de redução universal da
tributação, quando isso agravaria a fiscalidade do Estado e contribuiria para a instabilidade econômica.
Uma fonte indispensável, nesse sentido, é o breve texto publicado no Nexo Jornal em 2016 – Impostos:
aumentar, reduzir ou reformar todo um sistema. O artigo explica de forma clara e objetiva a estrutura do
sistema tributário brasileiro, recorrendo a alguns exemplos no detalhamento de tributos diretos e indi-
retos. Vale a leitura.
119/236
Considerações Finais
• O Estado é um componente fundamental de qualquer economia capitalista
avançada, e sua atuação sobre essa economia pode ser tanto positiva quan-
to negativa.
• A intervenção estatal é norteada por um conjunto de metas de política eco-
nômica, que comumente engloba a manutenção do nível de emprego, o
combate à inflação, a distribuição de renda e a promoção do crescimento
econômico.
• Essas metas são alcançadas por meio de uma série de instrumentos, que re-
presentam o arsenal de política econômica à disposição do governo. Trata-
-se da política fiscal, política monetária, política cambial e política de renda.
• A estrutura tributária é a forma pela qual o Estado arrecada tributos da po-
pulação, redirecionando-os para seus objetivos específicos. É preciso com-
preendê-la em profundidade e evitar críticas rasas, para construir análises
efetivas da situação econômica do país.
120
Referências
122/236
Questão 2
2. A afirmação comum de que a população brasileira é assolada por eleva-
dos impostos se deve, em grande medida, a:
123/236
Questão 3
3. Entre as alternativas listadas abaixo, escolha a única que NÃO corres-
ponde a uma meta usual de política econômica.
124/236
Questão 4
4. Analise as afirmações a seguir:
125/236
Questão 5
5. Analise as seguintes medidas de política econômica: (1) elevação do
encaixe compulsório; (2) promoção de programas de transferência de
renda; (3) manutenção de bandas cambiais para estabilização do câm-
bio. Essas medidas podem ser caracterizadas, respectivamente, como
componentes da:
126/236
Gabarito
1. Resposta: D. 3. Resposta: C.
A política fiscal compreende tanto a arreca- A única alternativa que não corresponde a
dação de tributos pelo governo, por via da uma meta usual de política econômica é a
política tributária, quanto suas despesas, elevação do índice de liberdade econômica.
pela chamada política de gastos.
4. Resposta: C.
2. Resposta: D.
O terceiro item está incorreto, uma vez que
O maior problema de nossa estrutura tribu- o princípio da capacidade de pagamento
tária é a regressividade dos impostos sobre supõe que agentes e famílias contribuiriam
bens e serviços - ou seja, os elevados impos- com impostos de acordo com sua capacida-
tos indiretos, que impactam sobre o consu- de de pagamento (o que chamamos de im-
mo dos mais pobres. postos progressivos).
127/236
Gabarito
5. Resposta: E.
128/236
Unidade 5
Concorrência: fundamentos e estruturas
Objetivos
129
Introdução
Até aqui, nos ativemos ao que denomina- cia para a dinâmica de concorrência num
mos de modelo keynesiano básico. Tecemos dado setor e as estratégias possivelmente
uma série de considerações sobre a econo- adotadas nesses cenários.
mia no âmbito macro, e extrapolamos es- Por que isso se faz necessário? Como ado-
sas considerações para os nexos lógicos tamos, desde o princípio, o referencial de
entre as diferentes variáveis que compõem análise de cenários econômicos a partir da
esse modelo. Com base nisso, estudamos a iniciativa privada e em resposta à atuação
taxa de câmbio, a taxa de juros, o nível geral do governo, em macroeconomia, é conve-
de preços, os condicionantes da demanda niente que discutamos o “microcosmo” da
agregada e as formas e objetivos de inter- atuação empresarial em uma economia ca-
venção estatal na economia. Agora, é che- pitalista. Você deve ter um conhecimento
gada a hora de abandonarmos o nível ma- aprofundado da organização de sua área
croeconômico de análise e nos dedicarmos de atuação. Provavelmente deve ser capaz
a alguns termos microeconômicos da refle- de listar os principais produtos comerciali-
xão sobre cenários econômicos: as chama- zados nesse setor, seus produtores, a forma
das estruturas de mercado, a sua importân- como eles se relacionam, os diferentes ni-
145
Referências
a) Monopólio.
b) Concorrência monopolística.
c) Concorrência perfeita.
d) Concorrência desigual.
e) Oligopólio.
147/236
Questão 2
2. Os traços definidores de um monopólio, na teoria microeconômica, são:
a) Baixas barreiras à entrada, fixação de preços pelo mercado, apenas uma empresa atuando
de forma decisiva no setor.
b) Elevadas barreiras à entrada, fixação de preços pelo mercado, apenas uma empresa atuando
de forma decisiva no setor.
c) Elevadas barreiras à entrada, fixação de preços pelo monopolista, múltiplas empresas atu-
ando de forma decisiva no setor.
d) Baixas barreiras à entrada, fixação de preços pelo mercado, múltiplas empresas atuando de
forma decisiva no setor.
e) Elevadas barreiras à entrada, fixação de preços pelo monopolista, apenas uma empresa atu-
ando de forma decisiva no setor.
148/236
Questão 3
3. “_____________ é uma situação de mercado em que os investimentos
necessários são muitos elevados e os custos marginais são muito baixos.
Caracterizados também por serem bens exclusivos e com muito pouca ou
nenhuma rivalidade.” Escolha a alternativa que preenche corretamente a
lacuna do texto acima:
a) Truste.
b) Concorrência imperfeita.
c) Monopólio natural.
d) Concorrência perfeita.
e) Oligopólio.
149/236
Questão 4
4. Uma empresa decide elevar seus investimentos em marketing, promo-
vendo a repaginação do design de seus principais produtos e apelando
para os gostos dos consumidores, com a intenção de elevar sua participa-
ção num dado mercado e conquistar espaços antes dominados por seus
rivais. Nos termos da teoria microeconômica, esse expediente pode ser
entendido como:
150/236
Questão 5
5. Na reflexão sobre estruturas de mercado, um dado fundamental é a di-
ficuldade para a participação de novas empresas em um dado mercado. O
nome usualmente dado a esse impedimento é:
a) Monopólio.
b) Limites à participação.
c) Constrangimentos institucionais.
d) Barreiras à entrada.
e) Poder de mercado.
151/236
Gabarito
1. Resposta: E. rios são muito elevados e os custos margi-
nais são muito baixos. Caracterizados tam-
O mercado brasileiro de refrigerantes é ca- bém por serem bens exclusivos e com muito
racterizado, de forma clara, por um oligo- pouca ou nenhuma rivalidade.
pólio. Há elevadas barreiras à entrada e um
número limitado de empresas disputa o se- 4. Resposta: D.
tor.
Em teoria microeconômica, essa é uma es-
2. Resposta: E. tratégia de diferenciação de produtos, e a
interação da empresa com seus concorren-
Monopólios são caracterizados por eleva- tes denota a concorrência em oligopólio ou
das barreiras à entrada, fixação de preços concorrência imperfeita.
pelo monopolista e apenas uma empresa
atuando de forma decisiva no setor. 5. Resposta: D.
3. Resposta: C. O enunciado apresenta uma definição su-
mária da noção de barreiras à entrada, ex-
O monopólio natural é uma situação de plorando a sua obstrução à participação de
mercado em que os investimentos necessá- novos agentes num dado mercado.
152/236
Unidade 6
A Concorrência em Perspectiva Estratégica
Objetivos
153
Introdução
Mantendo esse esquema analítico em mente, podemos pensar nos seguintes traços definidores
de cada agente competitivo e da respectiva força competitiva:
• Os concorrentes estabelecidos disputam o setor a partir do que entendemos como inten-
sidade da rivalidade. Essa intensidade, por sua vez, é garantida por quão numerosos ou
159/236 Unidade 6 • A Concorrência em Perspectiva Estratégica
equilibrados são os concorrentes, pelo prática de preços de entrada dissuasi-
ritmo de crescimento desse setor, pela vos. As barreiras são o obstáculo ób-
presença de custos fixos ou de arma- vio à entrada de novos concorrentes
zenamento elevados, pela ausência de num dado setor; quão menores forem,
diferenciação entre os produtos, pe- maiores serão as ameaças de entrada.
los incrementos em que a capacidade Sumarizam um conjunto variado de
produtiva é aumentada, pelos inte- obstáculos à livre atuação econômi-
resses estratégicos nesse setor e pe- ca, como economias de escala, dife-
las barreiras de saída. Cada um desses renciação de produtos, necessidades
elementos contribui diretamente para específicas de capital, custos de mu-
a intensidade da rivalidade no setor, dança, acesso a canais de distribuição
contribuindo para o recrudescimento e políticas governamentais. De forma
das disputas entre as firmas no mer- análoga, há a ameaça, para os entran-
cado ou setor em questão. tes, de medidas retaliatórias por par-
• A ameaça de entrada, força à disposi- te das empresas estabelecidas num
ção dos entrantes potenciais, é con- dado setor; assim, a intensidade da
trabalanceada pelas barreiras à en- rivalidade naquele setor atua também
trada, pela retaliação prevista e pela no sentido de refrear a entrada de no-
168/236
?
Questão
para
reflexão
• Como se dá a relação usual dessas empresas com seus fornece-
dores? Pense na Foxconn, por exemplo, que é responsável pelos
componentes de diferentes aparelhos.
• Por fim, como entender a relação entre essas empresas e seus
consumidores? Quais os preços usualmente cobrados por apa-
relhos e jogos?
Respondendo essas questões, você terá um mapa simplificado dos
agentes e das forças competitivas em jogo nesse mercado. Isso o
ajudará a aplicar esse mesmo expediente para diferentes setores,
pensando, inclusive, no realinhamento dessas forças em mudanças
no cenário macroeconômico.
169/236
Considerações Finais
• Para uma análise estratégica das condições de concorrência a que uma em-
presa está sujeita, recorremos aos expedientes recomendados por Michael
Porter em sua conceituação sobre estratégia competitiva.
• Para Porter, é possível observar um conjunto de cinco agentes competitivos,
cada qual correspondendo à mobilização de uma força competitiva peculiar:
• Os concorrentes estabelecidos, que se movem a partir da intensidade da
rivalidade em um dado mercado;
• Os entrantes potenciais, contidos ou incentivados pela resistência (ou fra-
gilidade) das barreiras à entrada no mesmo mercado;
• Os substitutos potenciais, que acossam o setor em questão a partir da sua
ameaça de substituição;
• Os fornecedores, que possuem determinado poder de negociação frente a
seus consumidores nesse mercado;
• E, por fim, os consumidores, cuja força é mensurada, também, nos termos
de seu poder de negociação.
170
Referências
a) Estruturas de mercado.
b) Forças competitivas.
c) Agentes competitivos.
d) Estratégia competitiva.
e) Análise da concorrência.
172/236
Questão 2
2. A força competitiva associada aos concorrentes estabelecidos é a:
a) Ameaça de entrada.
b) Ameaça de substituição.
c) Intensidade da rivalidade.
d) Capacidade de negociação.
e) Estratégia.
173/236
Questão 3
3. Coca Cola e Pepsi disputam há décadas o mercado internacional de
refrigerantes. É comum a associação das duas empresas a esse mercado
específico, e seus produtos são reconhecidos internacionalmente. Caso
outra empresa ameaçasse esse mercado com a produção de bebidas não-
-gaseificadas, com menor teor de açúcar, e uma postura agressiva orien-
tada para a propaganda de seus efeitos positivos sobre a saúde, podería-
mos caracterizá-la como:
174/236
Questão 4
4. Qual das opções abaixo NÃO relaciona de forma correta um agente
competitivo a sua correspondente força competitiva?
175/236
Questão 5
5. Um dado importante sobre a reflexão empreendida por Michael Porter
e sumarizada nessa unidade é:
a) A ênfase dada pelo autor a situações de livre concorrência, predominantes nas economias
capitalistas.
b) Sua observação apurada dos aspectos macroeconômicos da concorrência.
c) O reconhecimento das especificidades, no âmbito micro, da operação de diferentes firmas,
em diferentes setores.
d) Sua defesa desinteressada do liberalismo econômico.
e) A crítica sistemática da desigualdade econômica.
176/236
Gabarito
1. Resposta: D. da, pelos interesses estratégicos nesse se-
tor e pelas barreiras de saída. Cada um des-
O ponto fundamental da análise elaborada ses elementos contribui diretamente para a
por Michael Porter é a reflexão sobre a cha- intensidade da rivalidade no setor, contri-
mada estratégia competitiva, seus condi- buindo para o recrudescimento das dispu-
cionantes e desdobramentos. tas entre as firmas no mercado ou setor em
questão.
2. Resposta: C.
3. Resposta: A.
Os concorrentes estabelecidos disputam o
setor a partir do que entendemos como in- Trata-se de uma ameaça de substituição por
tensidade da rivalidade. Essa intensidade, uma substituta potencial; apesar das eleva-
por sua vez, é garantida por quão nume- das barreiras à entrada nesse mercado, a
rosos ou equilibrados são os concorrentes, empresa pode se pautar pela produção de
pelo ritmo de crescimento desse setor, pela um substituto ao produto em questão, sem
presença de custos fixos ou de armazena- precisar arcar com os riscos e custos de se
mento elevados, pela ausência de diferen- envolver na acirrada disputa pelo mercado
ciação entre os produtos, pelos incrementos de refrigerantes.
em que a capacidade produtiva é aumenta-
177/236
Gabarito
4. Resposta: B. • Os fornecedores, que possuem deter-
minado poder de negociação frente a
Para Porter, é possível observar um conjun- seus consumidores nesse mercado;
to de cinco agentes competitivos, cada qual
• E, por fim, os consumidores, cuja fora
correspondendo à mobilização de uma for-
é mensurada, também, nos termos de
ça competitiva peculiar:
seu poder de negociação.
• Os concorrentes estabelecidos, que se
movem a partir da intensidade da ri- 5. Resposta: C.
validade em um dado mercado;
O grande mérito da análise construída por
• Os entrantes potenciais, contidos ou Porter é sua ênfase nas especificidades da
incentivados pela resistência (ou fra- concorrência no âmbito micro.
gilidade) das barreiras à entrada no
mesmo mercado;
• Os substitutos potenciais, que acos-
sam o setor em questão a partir da sua
ameaça de substituição;
178/236
Unidade 7
Analisando a Economia Brasileira Contemporânea – anos 80 e 90
Objetivos
179
Introdução
Essa unidade e a próxima representam, em Qual o nosso ponto de partida, nessa breve
última instância, exercícios práticos de aná- incursão pela economia brasileira contem-
lise de cenários econômicos. Até aqui nos porânea? Os malfadados anos 80.
pautamos quase que exclusivamente por
considerações teóricas, e recomendações A década de 1980 é comumente conheci-
para que você, ao analisar a performance re- da, pelos economistas e cientistas sociais
cente da economia brasileira, possa melhor brasileiros, como a “década perdida”. Pode
direcionar seu olhar. Agora, nossa intenção parecer um rótulo um tanto quanto pesa-
é empregar o referencial das unidades an- do, ainda mais considerando que se aplica
teriores para refletir sobre os dilemas en- a uma década inteira, mas ele correspon-
frentados por nossa economia nacional nos de, grosso modo, à realidade econômica do
últimos 30 ou 40 anos. Como você em breve país nesse momento. Eram anos difíceis, e
verá, os modelos construídos ao longo das a situação econômica profundamente des-
primeiras quatro unidades serão indispen- favorável dos mercados internacionais de
sáveis para que possamos entender as mu- capitais contribuiu para que a trajetória de
danças na conjuntura macroeconômica; as desenvolvimento dos anos anteriores fosse
considerações das unidades 5 e 6, por outro interrompida.
lado, contribuirão para a reflexão sobre a si-
tuação de diferentes mercados ou setores.
180/236 Unidade 7 • Analisando a Economia Brasileira Contemporânea – anos 80 e 90
1. Crise, inflação e estagnação – 2. Esse movimento de desenvolvimento
a década perdida da economia é garantido pelo que se convencionou
brasileira chamar de tripé do financiamento ou
capitalismo associado, em que a ini-
Antes de discutir a década em questão, é ciativa privada nacional, o Estado e a
importante refletirmos sobre os condicio- iniciativa privada estrangeira partici-
nantes estruturais da economia brasileira. pariam, conjuntamente, do desenvol-
Quais as diferenças fundamentais entre a vimento da economia nacional. Essa
nossa economia, naquele tempo, e o que proposta é bem-sucedida ao retirar o
temos hoje? ônus desses pesados investimentos
da indústria nacional e distribuí-los
1. A economia brasileira vinha, em 1980,
entre Estado e capital internacional,
de um ciclo prolongado de crescimen-
garantindo margens de crescimento
to econômico, garantido pelo inves-
superiores às resultantes do investi-
timento dos governos militares em
mento realizado apenas localmente.
infraestrutura e pela instalação, em
nosso país, de várias empresas multi- 3. Como você pode imaginar, a estrutura
nacionais. de financiamento da indústria brasi-
leira promovia elevadíssima vulnera-
181/236 Unidade 7 • Analisando a Economia Brasileira Contemporânea – anos 80 e 90
bilidade externa. As dívidas públicas e to e da estabilidade de preços para se
privadas estavam lastreadas em dólar, manter no poder. Tão logo a economia
e nós ainda nos relacionávamos com o brasileira perdesse a estabilidade e o
mercado externo por via da exportação crescimento conquistados nos anos
de gêneros primários. Logo, qualquer anteriores, a eficiência dos militares
flutuação na taxa de câmbio ou nas ta- seria duramente questionada.
xas de juros, nos mercados internacio-
nais, era recebida com apreensão. Para saber mais
4. Por fim, havia elevada sinergia entre Uma análise desse momento crítico da história
a trajetória de desenvolvimento eco- brasileira recente nos é dada por Maria da Con-
nômico das décadas de 1960 e 1970 e ceição Tavares, uma célebre economista portu-
o autoritarismo político dos governos guesa radicada no Brasil. Em O Grande Salto para
militares. Por um lado, o dirigismo da o Caos, Tavares explora a relação íntima entre a
ditadura garantia a realização de re- performance econômica dos governos militares e
formas por vezes impopulares e possi- sua legitimação política, discorrendo sobre como
bilitava a atuação estatal com planos crise econômica e crise política se relacionam de
de longo prazo; por outro lado, o regi- forma direta no início dos anos 1980.
me dependia do ritmo de crescimen-
182/236 Unidade 7 • Analisando a Economia Brasileira Contemporânea – anos 80 e 90
Esse modelo rui de forma decisiva no início dos internacionais de petróleo e no mer-
da década de 1980. A causa dessa crise é cado financeiro norte-americano. A OPEP
tanto interna quanto externa. Internamen- (Organização dos Países Exportadores de
te, a economia brasileira havia se desenvol- Petróleo), que se articula para reorganizar
vido com um perfil muito peculiar, manten- o mercado mundial de combustíveis, pro-
do a elevada dependência de investimen- move elevações de grande monta nos pre-
tos e bens de capital estrangeiros (logo, ços do barril de petróleo em 1973 e 1979.
refém da taxa de câmbio para a manuten- Com isso, várias economias dependentes de
ção do mercado financeiro local e da efici- importações dessa fonte de energia – como
ência marginal do capital das novas indús- a economia brasileira, nesse momento, e a
trias brasileiras). Por outro, os movimentos economia norte-americana – passam por
de valorização e desvalorização da moeda severas dificuldades em equacionar seu ba-
nacional também ditavam o ritmo das ex- lanço de pagamentos.
portações dos principais componentes de No caso da economia norte-americana,
nossa pauta, ainda estruturada em torno de essa situação é resolvida ao longo dos anos
produtos agrícolas e minérios. 1970, por meio de duas medidas peculia-
E onde tem início a crise que molda a dé- res. Em 1972, o governo dos EUA rompe a
cada perdida? Curiosamente, nos merca- paridade ouro-dólar que fundamentara sua
183/236 Unidade 7 • Analisando a Economia Brasileira Contemporânea – anos 80 e 90
atuação nas décadas anteriores. Seu obje- contraram repentinamente à míngua. Com
tivo central, com essa atitude, era abrir es- os capitais internacionais drenados pela
paço para novas formas de intervenção na economia norte-americana, a consequen-
economia, por um maior controle da política te alta do dólar e a elevação dos preços do
monetária. Esse controle, por sua vez, tinha petróleo, instala-se uma depressão econô-
um objetivo claro: reverter os déficits recor- mica profunda nas principais economias la-
rentes do balanço de pagamentos norte- tino-americanas. O Brasil não é exceção, e
-americanos, agravados pela elevação nos aqui o impacto da crise é severo.
preços internacionais do petróleo. O pró- A escassez de crédito colocava a economia
ximo passo é a elevação unilateral da taxa brasileira em cheque. A elevação dos custos
de juros base norte-americana, realizada dos investimentos, dos bens de capital e das
em 1979, que visava à garantia do retor- matérias primas obtidas no exterior já co-
no dos capitais norte-americanos interna- meçavam a mover o nível geral de preços, e
cionalizados para os mercados financeiros em 1979 experimentamos um primeiro sur-
ianques. Com isso, todas as economias em to inflacionário. A resposta do governo Fi-
desenvolvimento que dependiam desses gueiredo é desvalorizar o cruzeiro em 30%,
capitais para dar continuidade à trajetória ainda no mesmo ano, no intuito de conter a
de crescimento dos anos anteriores se en- inflação; a medida resulta em maior desa-
184/236 Unidade 7 • Analisando a Economia Brasileira Contemporânea – anos 80 e 90
celeração econômica, em pânico inflacio- res e sociedade civil que fundamentara as
nário e problemas de arrecadação. Com as duas décadas de ditadura.
contas do governo em claro desarranjo e os A eleição de Tancredo Neves, que falece an-
mercados se debatendo em torno de uma tes de assumir, e o empossamento de José
situação inusitada, que combinava inflação Sarney, em 1985, fazem pouco para conter
e estagnação, a economia brasileira experi- a inflação. As expectativas já estavam a tal
menta uma severa crise, que se estende até ponto deprimidas que a combinação hipe-
o segundo semestre de 1982. rinflação e estagnação fazia parte do coti-
O ano de 1983 assiste a outra maxidesvalo- diano dos brasileiros, que reajustavam os
rização cambial, com uma segunda desvalo- preços quase que diariamente. A moeda na-
rização do cruzeiro em 30%. Os ajustes im- cional entra em crise de confiança, e imó-
postos pelo Fundo Monetário Internacional veis e bens de consumo duráveis passam a
para permitir a rolagem da dívida externa ter os preços cotados em dólares. Impasses
limitam ainda mais o potencial de ação do nas negociações da dívida externa empur-
governo federal, e a recessão se aprofunda. ram a economia brasileira para a moratória,
As pressões levam o país à redemocratiza- no início de 1986. Em resposta à crise gene-
ção, com a falência do acordo entre milita- ralizada, é implementado o Plano Cruzado,
Link
A variação anual do PIB e preços acumulados foram listados, originalmente, por um relatório do IPEA
sobre os anos 1980 publicado em 2012. O texto curto, bastante direto, nos ajuda a entender os termos
gerais desse curioso período da economia brasileira. Para conhecer mais sobre o tema, leia Anos 1980,
década perdida ou ganha?
Outra dimensão do impacto dessas flutuações na vida dos brasileiros pode ser percebida por meio de
alguns comerciais do período. Há uma seleção de chamadas televisivas que dá ideia dos preços progres-
sivamente maiores, nesse momento de nossa história. Confira detalhes acerca disto.
194/236
Considerações Finais
195
Referências
197/236
Questão 1
198/236
Questão 2
2. Escolha a alternativa que lista corretamente duas das principais críticas
ao plano real:
199/236
Questão 3
3. Expedientes comuns na década de 1980, essas duas medidas tinham
por objetivo conter o avanço generalizado dos preços. Falamos de:
200/236
Questão 4
4. É correto explicar a profunda crise econômica que atinge a economia
brasileira, no início dos anos 90, como:
201/236
Questão 5
5. Os anos 1980 e 1990 deixaram um legado peculiar para as gerações fu-
turas de economistas. Trata-se da(o):
202/236
Gabarito
1. Resposta: A. estável. Os proponentes do plano defen-
diam, inclusive, a manutenção do real va-
Na superfície, o plano consistia em uma es- lorizado frente ao dólar como forma de ga-
tratégia de desindexação dos preços cha- rantir elevações da competitividade da in-
ve da economia brasileira, em que a rápida dústria nacional e estímulo às importações
troca de moedas (cruzeiro real – URV – real) de bens de capital, para modernização de
possibilitaria a sua adequação aos custos nosso parque industrial.
de produção da economia, ao mesmo passo
em que pregava equilíbrio fiscal e privatiza- 2. Resposta: A.
ções (como forma de aliviar a demanda dos
gastos governamentais e garantir, ainda Apesar da conquista da estabilidade, o real
assim, a fiscalidade do Estado). No âmbito comprometia, a um só tempo, a política mo-
internacional, o real dependia de um movi- netária e a política cambial, reféns da esta-
mento abrangente de abertura econômica bilidade de preço. A economia brasileira de-
e contingenciamento do câmbio – como o pendia de câmbio estável, garantido com a
real estava vinculado ao dólar, era funda- fixação de bandas de operação pelo Banco
mental que a relação entre a nossa moeda Central, e a manutenção dessas bandas teve
e a moeda norte-americana se mantivesse um impacto significativo sobre nossa dívida
203/236
Gabarito
externa, entre 1994 e 2002. Da mesma for- de alguns preços chave em patamares
ma, as limitações impostas à política mone- considerados razoáveis pelas autoridades
tária (com controle rígido sobre o crédito e de política econômica).
elevação da taxa de juros) objetivavam con-
trolar a inflação de demanda e atrair capi- 4. Resposta: E.
tais estrangeiros para o Brasil, garantindo a
entrada de algumas divisas para o custeio O modelo de financiamento rui de forma
das bandas cambiais. decisiva no início da década de 1980. A
causa dessa crise é tanto interna quanto ex-
3. Resposta: D. terna. Internamente, a economia brasileira
havia se desenvolvido com um perfil muito
Duas medidas tentadas recorrentemente peculiar, mantendo a elevada dependência
no combate à inflação foram a maxidesval- de investimentos e bens de capital estran-
orização (em que o governo desvalorizava geiros (logo, refém da taxa de câmbio para a
rapidamente a moeda nacional, na tenta- manutenção do mercado financeiro local e
tiva de interromper a cadeia de elevações da eficiência marginal do capital das novas
sucessivas de preços) e a indexação de indústrias brasileiras). Por outro, os movi-
preços (que promovia a fixação arbitrária mentos de valorização e desvalorização da
204/236
Gabarito
moeda nacional também ditavam o ritmo
das exportações dos principais componen-
tes de nossa pauta, ainda estruturada em
torno de produtos agrícolas e minérios.
5. Resposta: A.
205/236
Unidade 8
Analisando a Economia Brasileira Contemporânea – anos 2000
Objetivos
206
Introdução
Link
Há um amplo conjunto de teses sobre a chamada Nova Classe Média. Esse debate mobilizou setores im-
portantes das ciências sociais, no Brasil, por volta de 2010. Para uma síntese conveniente dessa discussão,
recomendamos o artigo de Celi Scalon e André Salata – Uma Nova Classe Média no Brasil da última década?
O debate a partir de uma perspectiva sociológica, publicado em 2012. Consulte em Scientific Electronic
Library Online - Scielo.
Uma crítica direta e pontual à ideia de Nova Classe Média é dada por Jessé de Souza, presidente do IPEA
no auge do debate. Em 2012, Jessé afirmava categoricamente – A noção de nova classe média é ilusória. A
entrevista está disponível no site do IPEA. Consulte.
225/236
Considerações Finais
• Analisamos em profundidade os termos gerais da política econômica pós
2002, marcada pela retomada do crescimento e por renovada preocupação
com a distribuição de renda.
• No âmbito do crescimento, vimos como a economia brasileira respondeu
positivamente à alta internacional das commodities, atendendo a demanda
da economia chinesa e vinculando seu crescimento ao ritmo de expansão
da China.
• Discutimos como os ganhos das exportações de grãos e da internacionali-
zação dos grandes grupos empresarias brasileiros foram revertidos para a
população, por meio de políticas ativas de crédito e distribuição de renda
(elevação do salário mínimo, programas de transferência de renda).
• Por fim, exploramos como a desaceleração da economia chinesa e a crise fi-
nanceira de 2008 contribuíram para a crise econômica que, combinada com
a instabilidade política pós-2013, encerra o atual ciclo de crescimento.
226
Referências
a) Âncora Cambial.
b) Brasil Sem Fome.
c) Campeãs Nacionais.
d) Minha Casa Melhor.
e) Fome zero.
228/236
Questão 2
2. O principal fator internacional responsável pelo crescimento da econo-
mia brasileira, nos anos 2000, foi:
229/236
Questão 3
3. Como explicar a conjugação de política de renda e política monetária
na primeira década dos anos 2000?
a) Pela atuação das campeãs nacionais, que recebiam aportes de recursos federais e crédito
facilitado.
b) As duas políticas não se articulavam de forma decisiva, operando como ferramentas inde-
pendentes de política econômica.
c) A elevação na competitividade (resultante das privatizações dos anos 90) trouxe à economia
brasileira maiores salários, que explicam o crescimento a partir dos anos 2000.
d) O congelamento do salario mínimo e a retenção do crédito garantiam os baixos níveis de
inflação, propiciando crescimento sem elevação de preços.
e) A articulação de políticas de renda (elevação do salário mínimo, programas de transferência
de renda) e de crédito (como o Minha Casa, Minha Vida) visavam à elevação da demanda e
distribuição dos ganhos do crescimento entre a sociedade.
230/236
Questão 4
4. “As dificuldades se asseveram a partir de 2012, com a queda no ritmo
de (1) da economia chinesa e a consequente queda nas importações de
produtos brasileiros. Conjugada com a (2) de 2008, que ainda não cau-
sara efeitos permanentes na economia brasileira, nossa economia se vê
em uma situação difícil: a retração da demanda internacional por nossos
produtos e o fechamento de canais de financiamento estrangeiro limitam
nosso ritmo de crescimento.”
231/236
Questão 5
5. Os dois mandatos de Dilma Roussef são marcados por:
a) Estabilidade e crescimento.
b) Manutenção das linhas gerais da política econômica da Era Lula.
c) Vasto apoio popular.
d) Instabilidade política e econômica.
e) Nenhuma das anteriores.
232/236
Gabarito
1. Resposta: C. que se destacassem em diferentes ramos de
atuação, vistos como estratégicos ou parti-
A política industrial da Era Lula foi pensada cularmente dinâmicos.
em articulação com a política fiscal – gas-
to público e investimento do setor privado 2. Resposta: D.
não eram pensados como elementos anta-
gônicos, e a entrada constante de divisas A China inundava os mercados internacio-
garantia que a política monetária pudesse nais de tecnologia comoditizada, vendendo
ser usada de forma independente, com os microchips “a preço de banana”. O acele-
objetivos inflacionários usuais. Uma série rado crescimento da indústria chinesa teve
de ambiciosas obras públicas, geradoras não só um impacto decisivo sobre o preço
de emprego e catalisadoras da arrancada dos bens de capital (principalmente daque-
de crescimento econômico de meados da les empregados pelas pequenas e médias
década, desencadeiam um efeito positivo,
empresas), mas também pela demanda por
dinâmico, na economia. A indústria é mobi-
produtos agrícolas. E, nesse cenário, a eco-
lizada por meio de uma política de campe-
nomia brasileira se estabelece como a prin-
ãs nacionais – o BNDES passa a atuar junto
cipal exportadora de soja e de proteína avi-
com os grandes complexos empresariais,
garantindo empréstimos para empresas ária do mundo, e um dos maiores centros
233/236
Gabarito
extratores de minério de ferro. Ambos os 4. Resposta: B.
produtos, fundamentais para a economia
chinesa em rápida expansão, garantiriam o As dificuldades se asseveram a partir de
acúmulo de divisas nessa década de opor- 2012, com a queda no ritmo de crescimen-
tunidades; com essas divisas, o governo se to da economia chinesa e a consequente
encontrava em posição vastamente favo- queda nas importações de produtos brasi-
rável, e podia realizar sua política cambial leiros. Conjugada com a crise financeira in-
sem incorrer em grandes riscos. ternacional de 2008, que ainda não causara
efeitos permanentes na economia brasilei-
3. Resposta: E. ra, nossa economia se vê em uma situação
difícil: a retração da demanda internacional
A estratégia governamental estava estrutu-
por nossos produtos e o fechamento de ca-
rada sobre a política de renda e sobre a polí-
nais de financiamento estrangeiro limitam
tica monetária. Esse arranjo de políticas era
nosso ritmo de crescimento.
operacionalizado pela elevação progressiva
do salário mínimo, pela transferência direta
de renda para as populações abaixo da linha
da pobreza e pela expansão de crédito.
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Gabarito
5. Resposta: D.
235/236