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Macroeconomia

PARTE I
Introdução e Enquadramento – o que é a
Macroeconomia

1
Parte I. Introdução e Enquadramento - O que é a
Macroeconomia?
1.1 Objeto de estudo

1.2 Macroeconomia versus Microeconomia

1.3 Principais problemáticas e desafios da


macroeconomia - curto prazo versus longo prazo

1.4 Análise positiva versus análise normativa

1.5 A Macroeconomia enquanto ciência


1.1 Objeto de Estudo

A Macroeconomia é um ramo da ciência económica que estuda a


economia como um todo, com recurso a variáveis agregadas que
medem a produção de bens e serviços, o emprego de factores
produtivos e o nível de preços.

A informação de natureza macroeconómica é fundamental para a


definição de políticas macroeconómicas que promovam o
crescimento económico, que combatam o desemprego, e que
assegurem a estabilidade dos preços (principais preocupações da

macroeconomia)

3
Objeto de Estudo

muitas das questões mais relevantes que se colocam


no âmbito da economia requerem uma análise
macroeconómica

uma forma de ter uma noção do que é a macroeconomia


passa, então, pelo tipo de questões com que esta área do
saber lida.

EXEMPLOS?

TAREFA: em grupos de dois apresentar duas questões


Objeto de Estudo

Como explicar as elevadas


taxas de desemprego (fração Porque é que em determinados
da força de trabalho que períodos há uma plena
deseja trabalhar, mas que utilização da capacidade
não tem emprego )? produtiva da economia
(mensurada em função dos
Como explicar as seus trabalhadores, fábricas,
variações nas taxa equipamento e “know-how”
desemprego? tecnológico, e porque é que
Porque é que numa noutros períodos uma parte
economia o total de bens significativa essa capacidade se
e serviços produzidos encontra ociosa/não utilizada?
(PIB real) cresce a uma
taxa média de 4% numa
década e a uma taxa
média de 2% numa outra
década?
5
Quais são as causas mais
determinantes e mais
impactantes para a crise das
dívidas soberanas que afetou
a Zona Euro na sequência da
crise financeira global de
2008 (e que culminou no A resposta das instituições
pedido de resgate por europeias (Comissão, Conselho
Portugal, em 2011) ? e Banco Central Europeu) à
crise das dívidas soberanas foi
a mais adequada para
salvaguardar os interesses
comunitários e dos Estados-
Que avaliação se poderá fazer
membros?
sobre o real impacto do
Programa de Assistência
Económica e Financeira na
economia e na sociedade
portuguesas?

6
Porque há países que vivem
O que determina a taxa fenómenos hiperinflacionistas, em
de inflação, isto é, o que que o nível de preços explode,
determina a rapidez com aumentando mais de mil vezes e
que os preços crescem tornando, basicamente, a moeda
numa economia? local inútil?

Porque há diferenças no
nível médio de vida Porque surge numa
(PIBpc) entre cidadãos de economia um défice
países diferentes? orçamental elevado ou um
alto défice comercial, ou
ambos? Quais são as
Qual o papel das autoridades consequências dessas
(o governo, enquanto situações? Os grandes
autoridade fiscal e o banco défices são realmente um
central, como autoridade problema?
monetária), em recessões e
booms e na determinação da
taxa de inflação?

7
1.2 Macroeconomia versus Microeconomia

A Macroeconomia estuda o comportamento agregado dos


agentes económicos nos mercados, cujo comportamento
individual é explicado por princípios micro. Assume a não
alteração (interferência sobre a análise) dos comportamentos
individuais
A Microeconomia dedica-se ao comportamento de cada agente
num dado mercado, assumindo que não há interferência
significativa das grandezas agregadas. Considera-se que
variáveis como o produto interno bruto, a inflação ou a taxa de
desemprego se mantêm constantes.

8
1.2 Macroeconomia versus Microeconomia

 Exemplo: a Microeconomia explica como é que a empresa

individual decide:

 o preço de venda de um produto em particular

 o volume de produção que lhe permite maximizar os lucros

 como combinar os fatores de produção com vista a minimizar o

custo de produção para obter um dado volume de produção

9
1.2 Macroeconomia versus Microeconomia

 na prática a análise económica não é conduzida em dois


compartimentos separados e estanques
 a reflexão sobre questões macroeconómicas exige leituras
microeconómicas
 os fundamentos microeconómicos são essenciais

Exemplo:
• o investimento total das empresas em maquinaria e equipamento
contribui para explicar a rapidez com que uma economia cresce –
esta é claramente uma temática macroeconómica
• para se compreender a quantidade de máquinas e equipamentos
que as empresas decidem comprar é necessária uma análise dos
incentivos que, individualmente, cada um destes agentes
económicos tem para o fazer – o que é claramente uma temática
microeconómica
10
1.3 Principais problemáticas e desafios da
macroeconomia -curto prazo versus longo prazo

11
1.3.1. Curto prazo versus longo prazo

O horizonte temporal é determinante para o âmbito


da análise macroeconómica e para os objetivos de
política económica:

 Análise de Curto Prazo: Ciclos Económicos

 Análise de Longo Prazo: Desenvolvimento e

Crescimento Económico

12
Curto Prazo Longo Prazo
Horizonte Temporal trimestres 10 ou mais anos
1 a 10 anos

Objeto de Estudo Ciclos Económicos Potencial Produtivo da Economia


Fenómenos Transitórios e Recorrentes Evolução Tendencial da Economia
Flutuações do produto, do nível de emprego e do
nível geral de preços (análise de conjuntura)
Políticas Objetivo: Estabilização dos Ciclos Económicos Objetivo: Desenvolvimento e Crescimento
Macroeconómicas Económico
Políticas de Estabilização ou de Gestão da
Procura (conjunturais): manutenção de um nível Políticas económicas com impacto sobre a
adequado de atividade produtiva (elevado mas Oferta Agregada, isto é, decisões com impacto
compatível com a estabilidade de preços); efeitos sobre o potencial produtivo da economia;
previsíveis a curto prazo efeitos refletem-se a médio/longo prazo
nível de tecnologia disponível, stock de capital
Exemplos: Política Orçamental; Política Cambial; disponível, stock de trabalho (e qualificações)
Política Monetária disponível
Exemplos: Políticas de Emprego; Políticas de
Concorrência; Políticas de Formação de Capital
Humano, Políticas de Investigação e de
Desenvolvimento

Variáveis Chave PIB real PIBpc


Emprego/Desemprego
Nível de Preços (inflação/deflação) (evolução ao longo do tempo e no espaço)

13
Principais problemáticas e desafios

objetivos consensuais

 Produto: um nível elevado e um crescimento rápido do produto

nacional

 Emprego: um nível elevado de emprego e desemprego

involuntário reduzido

 Nível Geral de Preços (Inflação): estabilidade (ou aumento

suave) do nível geral de preços

14
1.3.2 Curto Prazo: Estabilização dos Ciclos
Económicos

i) Conceito de Ciclo Económico

flutuações na atividade económica (em torno da sua

tendência de longo prazo), medida pelo PIB real,

caracterizadas por períodos de expansão ou recessão

15
Ciclo Económico

O PIB real é a variável económica

utilizada por excelência para

monitorizar as alterações de curto

prazo na economia.

Fonte: Gordon (2012), Capítulo 1


Ciclo Económico
O PIB real é a variável económica utilizada
por excelência para monitorizar as
alterações de curto prazo na economia.

 durante as expansões: PIB real cresce


(e taxa de desemprego diminui)

 durante as recessões: PIB real diminui


(e taxa de desemprego aumenta)
 pico
 no pico (Peak) de um dado ciclo
económico a atividade económica
atinge o seu máximo, marcando o fim
de uma expansão.

 na cava (Trough) de um dado ciclo


económico a atividade económica
atinge o seu mínimo, marcando o fim
de uma recessão.

17
Uma recessão tem início
imediatamente após o pico e Ciclo Económico
termina na cava.
Uma expansão tem início
imediatamente após a cava e
termina no pico.
Um ciclo económico engloba
uma expansão e uma recessão
completas.
Duração do ciclo económico- Ciclo completo
de pico a pico
duas abordagens possíveis:
 período entre duas cavas
consecutivas
ou
 período entre dois picos
consecutivos.
Ciclo Completo
Amplitude do ciclo: intensidade das
de cava a cava
flutuações; diferença entre o valor
máximo e o valor mínimo do ciclo
18
NOTAS SOBRE O PIB, PIB
NOMINAL E PIB REAL

19
Nota1 : Produto Interno Bruto (PIB)

 O produto interno bruto (PIB) é a medida habitualmente utilizada para


avaliar o desempenho de uma economia e compará-la com outras.

 O PIB é a riqueza que um país consegue criar. É o resultado final da


atividade de produção das unidades produtivas residentes.

 O PIB serve de referência às políticas económicas em diversos


domínios como o desenvolvimento (PIB por habitante), a produtividade
(PIB por trabalhador), a sustentabilidade orçamental (dívida pública em
percentagem do PIB) ou o equilíbrio externo (saldos da balança corrente
e de capital em percentagem do PIB).

20
Nota2 : distinção entre produto nominal e produto
real

produto nominal/a preços correntes produto real/a preços


constantes
Valor dos bens e serviços produzidos Valor dos bens e serviços
num determinado ano avaliado com produzidos num determinado ano
base nos preços do próprio ano avaliado com base nos preços de
um determinado ano base, ou
seja, mantendo constantes os
preços

A evolução do produto nominal reflete A evolução do produto real reflete


a evolução das quantidades exclusivamente a evolução das
produzidas e dos preços quantidades produzidas
O aumento do produto nominal entre O aumento do produto real é
dois anos pode ser o resultado do indicador de crescimento
aumento das quantidades produzidas, económico
da subida dos preços ou da
combinação dos dois fatores
21
Nota2 : distinção entre produto nominal e produto real

Exemplo

Produto 2011 2012


Q P unitário Valor Q P unitário Valor

A 100 15 1500 95 18 1710


B 150 8 1200 140 12 1680
Total 250 2700 235 3390

 PIB nominal de 2011: 𝟐𝟎𝟏𝟏 𝟐𝟎𝟏𝟏

 PIB nominal de 2012: 𝟐𝟎𝟏𝟐 𝟐𝟎𝟏𝟐

 De 2011 para 2012: PIB nominal aumentou de 2700 u.m para 3390
u.m., mas não há crescimento económico: o volume de produção
diminui de 250 unidades para 235 unidades

 O aumento do PIB é explicado pela inflação (aumento dos preços)


22
Nota2 : distinção entre produto nominal e produto real

Exemplo

Produto 2011 2012


Q P unitário Valor Q P unitário Valor

A 100 15 1500 95 18 1710


B 150 8 1200 140 12 1680
Total 2700 3390

 PIB a preços constantes de 2011 (ano base)

 PIB real de 2011: 𝟐𝟎𝟏𝟏 𝟐𝟎𝟏𝟏

ano base o

 PIB real de 2012: 𝟐𝟎𝟏𝟐 𝟐𝟎𝟏𝟏

23
Nota2 : distinção entre produto nominal e produto real

Exemplo

 Crescimento da economia em termos nominais

 Crescimento da economia em termos reais ou


crescimento económico

24
Nota2 : distinção entre produto nominal e produto real

Exemplo

 O crescimento nominal foi explicado pela


inflação:

25
Nota2 : distinção entre produto nominal e produto real

Exemplo

Se, para cada ano, compararmos o valor do PIB a preços

correntes com o valor do PIB a preços do ano anterior temos a

taxa de crescimento dos preços uma vez que entre os dois

valores apenas se alteram os preços, mantendo-se as

quantidades produzidas

26
Nota2 : distinção entre produto nominal e produto real

Portugal O gráfico descreve a evolução


PIB NOMINAL (1960-2019) nominal do PIB desde 1960: traduz
250000000,00 a ideia de que de que o PIB
português cresceu muito depressa,
200000000,00
a taxas crescentes , sem grandes
150000000,00
perturbações.
Este gráfico é pouco esclarecedor
100000000,00 porque mistura a evolução do
volume de produção com a
50000000,00 evolução dos preços.
0,00
1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020

Dados: Pordata
Portugal
O gráfico descreve a evolução real PIB REAL (1960-2019)
(base=
do PIB desde 1960: traduz a 250000,00

evolução da economia sem a


influência dos preços (traduz 200000,00

exclusivamente as mudanças no
volume de produção), e traduz uma 150000,00
imagem do crescimento diferente:
não temos um crescimento 100000,00
exponencial, sem poucas
perturbações, mas um crescimento 50000,00
mais moderado, com algumas
oscilações significativas. 0,00
1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
Dados: Pordata
27
Nota2 : distinção entre produto nominal e produto real

Portugal: Taxa de Crescimento Nominal e Real do PIB A importância da análise do PIB em


(%)
(1961-2019)
termos reais e não em termos
35,00

30,00 nominais ainda se torna mais

25,00
evidente neste gráfico, quando se
20,00
comparam as taxas de crescimento
15,00

10,00 nominais e reais.

5,00

0,00
1961 1971 1981 1991 2001 2011 2021

-5,00

Dados: Pordata
-10,00

TAXA CRESCIMENTO PIB NOMINAL TAXA CRESCIMENTO PIB REAL

28
Curto Prazo: Estabilização dos Ciclos
Económicos

Conceito de Ciclo Económico

flutuações no curto prazo da atividade económica


face à tendência de longo prazo

29
ii) Datação dos Ciclos Económicos em Portugal desde 1980

https://www.ffms.pt/crises-na-economia-portuguesa

Projeto: "Crises na Economia Portuguesa"

Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS)

30
Entre 1980 e 2020: seis recessões na economia nacional

31
Cronologia dos Ciclos Económicos Portugueses
Duração (em trimestres)

PICO CAVA
Recessão Queda da Economia (entre o ponto mais alto e
(trimestres) o mais baixo do ciclo económico)

1983:T1 1984:T1 4 Década de 80 PIB real per capita cai 3%

PIB real per capita cai 1,1%


1992:T2 1993:T3 5 Década de 90

PIB real per capita cai 2,9%


2002:T1 2003:T2 5 Década de 2000

2008:T1 2009:T1 4 Década de 2000 PIB real per capita cai 4,4%

Década de 2010 PIB real per capita cai 6,9%


2010:T3 2013:T1 10

Década de PIB real per capita cai 19,2%


2019:T4 2020:T2 2 2010/2020

32
Sugere-se a visualização dos vídeos ……
https://www.ffms.pt/pt-pt/estudos/1983-1984-crise-que-demorou-chegar
1983-1984

1992-1993 https://www.ffms.pt/pt-pt/estudos/1992-1993-crise-que-veio-de-fora

2002-2003 https://www.ffms.pt/pt-pt/estudos/2002-2003-depois-da-euforia-ressaca

2008-2009
https://www.ffms.pt/pt-pt/estudos/2008-2009-filha-da-crise-financeira-internacional

2010-2013
https://www.ffms.pt/pt-pt/estudos/2010-2013-mais-longa-e-severa-das-crises

2019-2020

https://www.ffms.pt/pt-pt/estudos/2019-2020-o-virus-que-obrigou-economia-travar

33
iii) Medição das flutuações

PIB potencial (ou PIB natural)

Hiato do produto

34
PIB Efetivo versus PIB Potencial ou Natural

 PIB real Efetivo: traduz o valor que de facto é

produzido numa economia, num dado período de

tempo (o valor nominal foi corrigido das variações

dos preços)

35
PIB Efetivo versus PIB Potencial ou Natural

PIB real Potencial (ou Natural) – Indicador de Tendência de LP


do PIB real efetivo
 O produto potencial é o produto real que pode ser obtido na

economia de forma sustentável, no caso em que os recursos


disponíveis são utilizados em condições de eficiência ("plena
capacidade"), dadas as limitações institucionais e tecnológicas da
economia, sem criar pressões inflacionistas (taxa de inflação
constante)
 valor da atividade produtiva realizada sob “condições normais” (médias)

 corresponde à capacidade produtiva de um país

 permite avaliar o potencial de crescimento económico

 corresponde ao pleno emprego dos recursos

36
PIB Efetivo versus PIB Potencial ou Natural

PIB real Potencial (ou Natural)


 Conceito teórico: variável não observada, tem que ser estimada

 O produto potencial não representa o máximo que pode ser

produzido numa economia, mas sim o produto obtido em

condições normais de utilização dos recursos

 apenas temporariamente, capital e trabalho podem ser utilizados com

uma intensidade superior à normal (por exemplo, se houver recurso a

horas extras ou ao recurso intensivo de equipamentos –laboração em

vários turnos)

37
PIB Efetivo versus PIB Potencial ou Natural

O PIB potencial cresce ao longo do tempo (fontes de

crescimento económico):

 à medida que o capital humano aumenta (conjunto das

habilitações e competências produtivas dos trabalhadores)

 à medida que o stock de capital aumenta

 com a inovação tecnologica

38
𝑷
Hiato do Produto (Output Gap) 𝑷

O hiato do produto corresponde à diferença entre o PIB real efetivo (produto

observado de uma economia) e o PIB real potencial ( a estimativa do produto

potencial), relativamente ao produto potencial .

)
Se o PIB estiver acima do seu nível potencial, o hiato do produto é positivo

(desvio expansionista)

)
Se o PIB estiver abaixo do seu nível potencial, o hiato do produto é negativo

(desvio recessivo)
39
Medição das flutuações….

Portugal: PIB e PIB potencial (1965-2021)


O PIB
250
observado
200 pode ficar
acima ou
Mil milhões de euros

150
abaixo do
100
PIB
potencial
50

0
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020

Fonte: AMECO

PIB (preços constantes de 2015) PIB Potencial


apresenta uma
varia com o ciclo tendência crescente
económico ao longo do tempo
40
Tomando o PIB potencial como referência de
tendência…….
O PIB observado
pode ficar acima
ou abaixo do PIB
potencial

Ao estarmos, num
determinado momento
do tempo, com um
PIB observado abaixo
do PIB potencial não
(𝒀𝒕 > 𝒀𝒕𝑷 ) (𝒀𝒕 > 𝒀𝒕𝑷 ) significa, por si só,
(𝒀𝒕 < 𝒀𝒕𝑷 ) que estejamos numa
recessão

Fonte: Gordon (2012), Capítulo 1

41
…. e calculando o Desvio do Produto face ao PIB potencial
No curto prazo, o produto pode estar acima ou abaixo do potencial
sinalizando cenários de sobreutilização ou subutilização de recursos

Portugal: Hiato Produto (% PIB potencial)


(1965-2021)
10
)
8

4 Hiato do
2 Produto >0
0
%

1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
-2
)
-4

-6

-8
Hiato < 0
-10
Fonte: AMECO

Note-se a irregularidade do padrão dos ciclos (são


irregulares e os picos e cavas têm amplitudes diferentes)
42
Conciliação entre a posição face à tendência e a taxa de crescimento
Quatro Fases do Ciclo Económico
A e B: Recessão: PIB Diminui
(início no pico e fim na cava do ciclo)
C e D: Expansão: PIB Aumenta
A: acima do PIB Potencial (início na cava e fim no pico do ciclo)
B: abaixo do PIB Potencial
C: abaixo do PIB Potencial
D: acima do PIB Potencial
Duração entre picos
Hiato do Produto (%)

Diferença
entre o valor
máximo e o
valor mínimo
do ciclo:
medida da
severidade
da recessão

43
iv) Factos estilizados dos ciclos económicos

1) Âmbito generalizado: : afetam a maior parte dos setores da


economia.
2) Têm um padrão e são recorrentes (repetem-se ao longo do tempo),
mas com frequência e duração irregulares-(são de difícil previsão.
3) Correlação negativa entre o Hiato do Produto e o Hiato do
Desemprego. Introduzir o conceito de Taxa
de Desemprego Natural

4) Correlação positiva entre o Hiato do Produto e a Inflação.


44
1) Âmbito generalizado: : afetam a maior parte dos setores da

economia Portugal: Taxa de Desemprego (1983-2021)


18,0
16,0
14,0
12,0
10,0

%
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
1983 1987 1991 1995 1999 2003 2007 2011 2015 2019

Fonte: Pordata

PIB real e Despesas de


Portugal: Despesas de Investimento (1983- Investimento (Formação
45 000,0 2021)
40 000,0 Bruta de Capital Fixo)
35 000,0
diminuem durante as
milhões de euros

30 000,0
25 000,0
20 000,0
recessões, enquanto que
15 000,0 a taxa de desemprego
10 000,0
5 000,0 aumenta
0,0
1983 1987 1991 1995 1999 2003 2007 2011 2015 2019
Fonte: Pordata
45
Variação da Taxa de Desemprego versus Taxa de Crescimento
real do PIB (%)
Portugal (1996-2020)
12

10
há uma relação negativa entre as
variação na taxa de desemprego (pp)

8 duas variáveis: um maior


6
crescimento do produto está
associado a uma diminuição do
4
desemprego.
2

0
-3 -2 -1 0 1 2 3 4

-2

-4

-6 como descreve a relação entre


-8
estas duas variáveis?

-10

taxa de crescimento real do PIB (%)


Fonte: AMECO

46
Taxa de Inflação (variação % IPC) versus Taxa de Desemprego(%)
Portugal (1965-2020)
35,0

há uma relação negativa entre as


30,0
duas variáveis: uma taxa de
25,0
desemprego maior está associada a
uma menor inflação
Taxa de Inflação (%)

20,0

15,0
como descreve a relação entre
estas duas variáveis?
10,0

5,0

0,0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

-5,0

Taxa de Desemprego (%)

47
Taxa Natural de Desemprego

 Taxa de desemprego independente do ciclo económico

 Parte do desemprego associada ao desemprego friccional e ao


desemprego estrutural (sempre presentes na economia)

 O desemprego natural ( 𝑵) corresponde à tendência no longo


prazo, o desemprego cíclico ( 𝑵) ao desvio relativamente a
essa tendência

 Taxa de desemprego quando o PIB observado coincide


com o PIB potencial, logo, é a taxa de desemprego para a
qual não há pressão para a inflação aumentar ou diminuir
(taxa de inflação constante).
Hiato do Produto, Taxa Natural de Desemprego e
Inflação

Se o PIB estiver acima do seu nível potencial, o hiato do produto é

positivo: )

 a restrição da capacidade produtiva tende a tornar-se ativa, o que se

manifesta numa tendência de aumento da inflação (se as empresas se

defrontam com uma procura que excede em muito a sua capacidade

produtiva de modo sustentado, os preços tendem a aumentar)

 o desemprego é reduzido para um valor abaixo da sua taxa natural.


𝑵

49
Hiato do Produto, Taxa Natural de Desemprego e
Inflação

Por outro lado, se o hiato do produto é negativo, o PIB é inferior

ao seu potencial: )

 existe capacidade produtiva não utilizada

 as pressões inflacionistas diminuem

 o desemprego cresce para valores acima da taxa natural de


𝑵
desemprego

50
Hiato do Produto, Taxa Natural de Desemprego e
Inflação

Se o hiato do produto é nulo:

 o PIB está no seu nível potencial )

 não há tendência para a inflação aumentar ou

diminuir

 a taxa de desemprego é a taxa de desemprego

natural 𝑵

51
Taxa de Desemprego Observada e taxa de Desemprego Natural
Portugal (1965-2020)

Desemprego Cíclico:( 𝑵
)
18

2013:
16 2013:12,8 16,4
14

12

10
%

0
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020

Dados: AMECO

Taxa de Desemprego Observada Taxa de Dsemprego Natural


52
Hiato do Desemprego e Hiato do Produto Ao Longo do Ciclo
Económico

 Hiato do Desemprego: desvio (em pontos percentuais), no


curto prazo, da taxa de desemprego observada relativamente à
estimativa da taxa de desemprego natural

 Hiato do Produto: desvio (percentual), no curto prazo, entre o


produto observado e o produto potencial estimado,
relativamente ao produto potencial

𝑷 um Hiato do Desemprego positivo


𝑷 está associado a
um Hiato do Produto negativo,
e vice versa

53
Correlação negativa entre o Hiato do Produto e o Hiato
do Desemprego

𝑵 𝑵

𝑵 𝑵

𝑵 𝑵

O PIB real efetivo


não pode ser
“demasiado
reduzido”
Fonte: Gordon (2012), Capítulo 1
Correlação positiva entre o Hiato do Produto e a Inflação

O PIB real efetivo


não pode ser
“demasiado

Fonte: Gordon (2012), Capítulo 1


elevado”
Lei de Okun

Os hiatos do produto e do desemprego estão relacionados através

da lei de Okun que, na sua forma mais simples, determina uma

relação inversa entre o hiato do desemprego—uma proxy para o

nível de recursos subutilizados na economia—e o hiato do produto

Quanto mais abaixo (acima) do potencial de situar o produto, mais


acima (abaixo) se tenderá a situar a taxa de desemprego face ao
seu nível natural
56
Portugal: Flutuações cíclicas do
produto e do desemprego (1965-2020)

como descreve a relação


4
entre as flutuações cíclicas
Hiato do Desemprego (pp)

3 do desemprego e as
flutuações cíclicas do
2
produto?
1

0
-10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10

-1

-2

-3

Dados: AMECO Hiato do Produto (%)


As flutuações cíclicas do desemprego estão inversamente

relacionadas com as flutuações cíclicas do produto


57
v) Indicadores de Ciclo
Indicadores Avançados séries temporais de variáveis económicas que iniciam a
fase de recessão antes do ciclo de referência ter atingido a crista; são
importantes para a previsão das mudanças de fase nos ciclos económicos; é o
caso da série dos lucros das empresas, preço das ações, expectativas dos
agentes económicos.
Séries Coincidentes séries temporais de variáveis económicas que apresentam
um ciclo que coincide com o ciclo de referência, é o caso da criação de emprego
e da produção industrial.
Séries Desfasadas séries temporais de variáveis económicas que atingem a
crista depois do ciclo de referência, passando-se o mesmo com as cavas, é o
caso da taxa de desemprego, lucros e taxas de juro; servem para confirmar as
flutuações na economia previstas a partir dos indicadores avançados ou
evidenciadas pelos indicadores coincidentes; normalmente está em causa
informação estatística disponível antes da disponibilizada pelas contas
nacionais.
58
vi) Quais as causas dos ciclos económicos ?

As flutuações no curto prazo da atividade económica

são explicadas pelo modelo da procura agregada

(AD) e da oferta agregada (AS)

59
Quais são as causas dos ciclos económicos?

Conceitos
 procura agregada
soma de todos os bens e serviços que todos os
agentes de uma dada economia (famílias, empresas,
estados, outras instituição nacionais, entidades estrangeiras
quaisquer que elas sejam) pretendem comprar aos
diferentes preços

 oferta agregada
quantidade total de bens e serviços que todos os
produtores de uma dada economia estão dispostos a
produzir e vender para cada nível de preços

60
Declive da Procura Agregada: m(AD)<0

PIB (ótica da despesa) = C + I + G + X - M: cada uma


das componentes do PIB contribui para a procura
Nível de preços

agregada de bens e serviços

Admitindo que a despesa pública (G) é


definida pela política governamental, a
PROCURA questão é:
AGREGADA
(AD)
Como é que o nível de preços afeta a

PIB real
quantidade de bens e serviços procurados
para consumo (C), investimento (I) e
exportações líquidas (X-M)?
61
Declive da Procura Agregada: m(AD)<0

Nível de Preços e Despesas de Consumo (C)

Efeito Riqueza
Uma descida do nível de preços significa um aumento do poder

de compra que se traduz num aumento da procura de bens e

serviços por parte dos consumidores .

62
Declive da Procura Agregada: m(AD)<0

Nível de Preços e Investimento (I)

Efeito Taxa de Juro


Uma descida do nível de preços significa uma diminuição da
procura de moeda por parte das famílias para adquirir bens e
serviços. O excesso de moeda é canalizado para aplicações
financeiras, com a consequente descida das taxas de juro. A
descida das taxas de juro constitui um incentivo ao aumento das
despesas de investimento (mais sensíveis às taxas de juro) . Este
aumento do investimento significa uma maior procura de bens e
serviços.
63
Declive da Procura Agregada: m(AD)<0

Nível de Preços e Exportações Líquidas (X-M)

Efeito Taxa de Câmbio Real


Taxa de Cambio Real: estabelece a relação entre os preços dos
bens na economia nacional e os preços dos bens no exterior.
Quanto mais reduzida é a taxa de câmbio real (depreciação real) ,
mais baratos são os bens nacionais, e mais caros são os bens no
exterior (ganho de competitividade da economia nacional).

Uma depreciação da taxa de câmbio real conduz a um aumento do


volume das exportações e a uma diminuição do volume das
importações, isto é, um aumento das exportações líquidas (X-M),
com o consequente aumento da procura de bens e serviços.

64
Declive da Oferta Agregada: m(AS) > 0

Os salários nominais não se ajustam imediatamente a


uma queda não esperada no nível de preços.

Os salários em termos reais aumentam para um nível superior ao

expectável pelas empresas. Constituindo os salários uma parte

significativa dos custos das empresas, as empresas oferecem uma

menor quantidade de bens e serviços.

65
Declive da Oferta Agregada: m(AS) > 0

Uma descida não esperada no nível de preços faz com que

algumas empresas pratiquem preços temporariamente mais

elevados. Em consequência, as suas vendas diminuem,

diminuindo a produção de bens e serviços.

Uma descida não esperada no nível de preços faz com que as

empresas tenham a perceção errada de que o preço relativo dos

bens que produzem está a diminuir, com a consequente decisão de

diminuir a produção.
66
Para níveis muito reduzidos do PIB real, muito abaixo do PIB potencial, a curva AS
é quase horizontal: um aumento relativamente pequeno nos preços dos bens e
serviços que as empresas vendem (sem aumento nos preços fatores de produção)
incentiva um aumento considerável na quantidade de oferta agregada (PIB real) .
Para a direita do PIB potencial , a curva AS começa a adquirir uma configuração
vertical, sinal de que preços mais elevados não constituem um incentivo à produção
adicional

Produto Potencial

Nível de preços

OF E R T A
AG R E G A D A
(AS)

PIB real
Quais são as causas dos ciclos económicos?

Os ciclos económicos
manifestam-se em consequência
Produto
Potencial do aumento ou diminuição do
Nível de preços

OFERTA
AGREGADA
hiato entre o PIB observado e o
(AS)
PIB potencial e são provocados
pelo deslocamento da curva (AD)
PROCURA ou da curva (AS)
AGREGADA
(AD)

PIB real

Não esquecer que o problema de uma recessão não se limita ao nível do PIB real: existe uma relação
clara ao longo do ciclo entre as modificações no produto e a taxa de desemprego (Lei de Okun)
Quais são as causas dos ciclos económicos?
 porque se deslocam estas curvas:
alguns exemplos
Nível de preços

OF E R T A
1. alterações nas taxas de juro
AG R E G A D
A (AS) determinante para as decisões de consumo (das
famílias) e de investimento (de todos os agentes)

2. expectativas dos consumidores e


PROCURA
AGREGADA das empresas
(AD)
perceção dos agentes económicos sobre o

PIB real
desenvolvimento futuro da atividade económica

3. choques externos sobre a economia


eventos externos (fora do controlo das autoridades e
até fora das fronteiras físicas da economia)
Porque se desloca a curva (AD)

concretizando:
Qualquer evento que, para cada nível de preços, faça

aumentar (diminuir) :

 o Consumo Privado

 o Investimento

 o Consumo Público

 as Exportações Líquidas

traduz-se num aumento (diminuição) da procura agregada e a

curva AD desloca-se para a direita (esquerda)

70
Políticas Económicas conducentes ao aumento da procura
agregada Deslocamento da curva AD para a direita

 tudo o que impulsione


 o consumo (privado e público)
 o investimento
 as trocas líquidas com o exterior
EXEMPLOS DE POLÍTICAS ECONÓMICAS
 aumento da despesa das administrações públicas (política orçamental
expansionista)
 redução dos impostos (política orçamental expansionista)
 depreciação da moeda nacional (política cambial expansionista: a
desvalorização da moeda incentiva as exportações e desincentiva as
importações)
 Aumento da oferta de moeda (politica monetária expansionista, com a
consequente redução da taxa de juro e aumento do investimento)
Política monetária e cambial estão, no âmbito da Zona
Euro, a cargo do Banco Central Europeu
Porque se desloca a curva (AS)

concretizando:
Qualquer evento que, para cada nível de preços, faça aumentar

(diminuir) a produção:

Expectativas quanto ao nível de preços

Alterações na mão de obra disponível

Alteração dos custos dos fatores de produção

Progresso Tecnológico e Aumento da Produtividade

traduz-se num aumento (diminuição) da oferta agregada e a curva

AS desloca-se para a direita (esquerda)

72
vii) Estabilização dos Ciclos Económicos

Significado de “Estabilização dos Ciclos”

73
Estabilização dos Ciclos Económicos

Significa:
 “alisar” o comportamento da economia, restringindo as

flutuações do PIB real (em torno da tendência de longo prazo)

 manutenção de um nível adequado do PIB real, isto é, elevado

mas compatível com a estabilidade de preços, já que:

 um PIB real “demasiado elevado” exerce pressão sobre a

subida dos preços e deve ser evitado

 níveis reduzidos de PIB real significam maior desemprego


74
Volatilidade versus Estabilidade

Volatilidade Estabilidade

Estabilidade Macroeconómica: alisar” o comportamento da economia,

restringindo as flutuações do PIB real (em torno da tendência de longo

prazo)
Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos

A principal preocupação da Macroeconomia no curto prazo é a estabilização

macroeconómica, isto é, definir políticas para “alisar” o ciclo económico, de

modo a que o PIB real efetivo e a taxa de desemprego efetiva estejam o mais

próximo possível dos seus valores naturais

76
Curto Prazo: estabilização dos ciclos económicos

Indesejabilidade dos Ciclos:


 porque as recessões têm custos sociais importantes: falências,

desemprego, desequilíbrios sociais

 porque a estabilidade do ambiente económico facilita decisões

económicas (especialmente as com impacto intertemporal) e

pode estimular o crescimento económico

 porque a inflação não é desejável

77
Papel da Política Económica

Políticas de Gestão da Procura ou Conjunturais


medidas de política económica expansionistas (contraciclo)
para eliminar o hiato negativo do produto, com efeitos visíveis a
curto prazo, fazendo aumentar o produto e diminuir o
desemprego no curto prazo

 política orçamental expansionista: aumento do consumo público,


redução dos impostos, aumento das transferências

 política monetária expansionista: redução da taxa de juro com


impacto positivo sobre o investimento

 política cambial expansionista: depreciação da moeda nacional


com impacto positivo na competitividade
1.3.3 Longo Prazo: Crescimento Económico

Objetivos essenciais da teoria do crescimento económico:

 estudar a dinâmica das economias no longo prazo

 explicar a diferença (no espaço e/ou no tempo) entre taxas de

crescimento do PIB natural/ tendência do PIB real per capita

 identificar políticas governamentais que possam alterar essas

taxas de crescimento.
79
Longo prazo: crescimento económico

Mesmo com forte

estabilidade conjuntural, a

proximidade entre o PIB

real efetivo e o PIB real

natural não garante um

crescimento económico

rápido e sustentável

Taxa de crescimento Taxa de crescimento


muito lenta do PIB muito acentuada do
real PIB real
80
Longo prazo: crescimento económico

O principal objetivo económico de longo prazo é o crescimento


económico, dada a repercussão que tem na qualidade de vida da
população.
Se assumirmos
que a taxa de
crescimento da
população é a
mesma para as
duas
economias,
então o
crescimento do
PIB real per
capita é maior
no caso (b)

81
Longo prazo: crescimento económico

Uma das medidas de bem-estar mais generalizada é o Produto Interno


Bruto (PIB) a preços constantes, em particular PIB per capita a
preços constantes
Portugal: PIB per capita a preços constantes (Euro-Rácio) (1960-2019)
25000,00 O aumento tendencial do

PIB per capita ocorre


20000,00

em simultâneo com
15000,00
flutuações conjunturais

10000,00 mais ou menos amplas

consoante os períodos
5000,00

0,00
1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020
PIB per capita a preços constantes Linear (PIB per capita a preços constantes)

82
Longo prazo: crescimento económico

Fatores que influenciam o crescimento de uma economia:


 Capital humano (o conjunto das habilitações e competências
produtivas das pessoas);
 Infra-estruturas;
 Inovação, investigação e desenvolvimento;
 Regime e estabilidade política;
 Liberalização e abertura da economia;
 Sistema judicial e direitos de propriedade;
 Situação geográfica.

83
Longo prazo: crescimento económico sustentado

Políticas estruturais: o objetivo é modificar os aspetos estruturais do


funcionamento da economia, com impacto sobre a capacidade
produtiva da economia
 Formação de capital humano – promover o ensino e formação profissional, a
saúde pública, e reter o capital humano existente (evitar a chamada “fuga de
cérebros”).
 Apoio à inovação e difusão tecnológica – incentivar a investigação e
desenvolvimento, a inovação, a criação de redes empresariais e a divulgação da
informação.
 Investimento em infra-estruturas públicas – construir escolas, hospitais e
estradas, e fornecer bens públicos que contribuam para a competitividade das
empresas ou que reduzam os seus custos.
 Regulação dos mercados – definir políticas de concorrência e proteger os
direitos de propriedade.
 Maiores níveis de flexibilidade e de liberalização económica, de modo a
incentivar o investimento (interno e externo).
84
1.4 Análise positiva versus análise normativa

Análise objetiva dos factos (recorrendo à quantificação)


sobre o funcionamento da economia e dos impactos das
políticas adotadas
ECONOMIA POSITIVA

Raciocínios económicos baseados em juízos de valor sobre


o que “deveria ser” ( escolhas políticas; prioridades das
escolhas políticas; impacto das políticas adotadas)

ECONOMIA NORMATIA
Perspetivas da economia normativa
 Não são falsas
 Têm por base uma análise positiva
85
1.5 A macroeconomia enquanto ciência

86
Abordagem metodológica

1. OB S E R V A R /D O C U M E N T A R O S F A T O S
(ES T A T ÍS T IC A /EC O N O M E T R IA )
2. DESENVOLVER UM MODELO, suscetível de explicar os factos
documentados
3. COMPARAR AS PREVISÕES DO MODELO COM OS FATOS ORIGINAIS,
para validar ou rever as explicações dos fenómenos dadas
pelo modelo
4. USAR O MODELO PARA REALIZAR OUTRAS PREVISÕES suscetíveis
de virem a ser testadas
5. AGIR (Política Económica/ Macroeconomia Normativa).

2/3/4/: Compreender/TeoriaEconómica/
Macroecomia Positivaer
Exemplo:

A estabilização dos ciclos económicos envolve:


 identificar o ciclo e a tendência de longo prazo;

 compreender quais os fatores e mecanismos que originam e influenciam o


ciclo e a tendência de longo prazo.

 intervir (ou não) no sentido de estabilizar o ciclo sem prejudicar a tendência


de longo prazo.

88
Nota: Caracterização das variáveis
2.1 Variáveis endógenas e variáveis exógenas
 Relembrar a importância da distinção na formulação e interpretação
dos modelos económicos: as variáveis endógenas são aquelas que
o modelo se propõe explicar, as variáveis exógenas são as variáveis
explicativas, que o modelo não se propões explicar (variáveis não
económicas e variáveis económicas)
2.2 Grandezas nominais e grandezas reais
 Relembrar a distinção entre valorização das variáveis a preços
correntes e a preços constantes
2.3 Variáveis fluxo e variáveis stock
 Variável fluxo: que para ficar adequadamente caracterizada
necessita da indicação de um intervalo de tempo a que que respeita
para ganhar significado (consumo, despesas públicas, exportações,
PIB etc.)
 Variável stock: fica adequadamente caracterizada pela indicação de
uma data, um único ponto no tempo em que é medida (quantidade
de Moeda, stock de capital físico, dívida pública, etc.)
89
Exemplos da relação entre variáveis stock e variáveis fluxo

 A riqueza de um indivíduo é uma variável


stock; o seu rendimento e despesas são
variáveis fluxo;

 O número de desempregados é uma variável


stock, o número de indivíduos que perderam
o emprego é uma variável fluxo;

 O stock de capital na economia é uma variável


stock, o montante do investimento é uma
variável fluxo;

 A dívida pública é uma variável stock, o défice


orçamental é uma variável fluxo
90
Modelos económicos

simplificação da foco nos aspetos mais


realidade relevantes

hipótese ceteris paribus


Dificuldades associadas à definição de políticas
económicas

 Escassez de instrumentos, acentuada pela união monetária e pacto

de estabilidade )

 Conflito entre objetivos (exemplo: desemprego versus inflação;

aumento dos impostos para aumento das receitas do Estado versus

diminuição do rendimento disponível; aumento dos gastos do

Estado versus aumento da dívida pública )

 Incerteza relativamente aos efeitos das políticas, potenciada pelo

intervalo de tempo entre intervenção e consequências.

92

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