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Crescimento Econômico: o Longo Prazo

Prof.a Dr.a Roseli Silva

Objetivos desta aula: reforçar a compreensão sobre os fatores relevantes para o


crescimento sustentado, diferenciando-o dos choques que produzem flutuação.

Uma vez que tenhamos compreendido o significado do equilíbrio de médio prazo e o


papel das expectativas racionais no contexto da estrutura macroeconômica, ainda que de forma
bastante simplificada, podemos voltar à compreensão do equilíbrio no mercado de trabalho
como sendo uma situação que marca um ponto bastante estratégico na nossa análise macroe-
conômica, que é o equilíbrio de médio prazo. Este equilíbrio, uma vez alcançado, significa que
todas as variáveis que afetam as decisões dos agentes já produziam seus efeitos sobre as deci-
sões, inclusive a formação expectativas e, portanto, estamos numa situação tal que a economia
só vai sair daí se sofrer um outro choque, e isso sempre ocorre. Ou seja, quando olhamos para
o mundo real, o que se observa é a economia flutuando em torno deste referencial que estamos
chamando aqui de equilíbrio de médio prazo e que vai corresponder ao produto potencial1 .
Lembremos que mesmo no equilíbrio de médio prazo ainda há variáveis que não foram
alteradas, simplesmente porque o tempo decorrido não foi suficiente para que elas se alterassem.
Estamos falando especificamente daquelas variáveis que explicam o crescimento econômico,
ou seja, as variáveis que são relevantes para que entendamos como o produto potencial da
economia evolui ao longo do tempo, e a qual taxa de crescimento ele evolui (a inclinação da
reta na figura 1).
Qual é a taxa de crescimento de longo prazo da economia? Os fatores que a deter-
minam estão associados ao lado real da economia, e que foram tomados como dados até o
momento, tais como o estoque de capital acumulado no longo prazo. Aqui, a explicação do
crescimento econômico é o que definimos como longo prazo. Alguns livros não distinguem
o médio e o longo prazo e não há problemas com essa nomenclatura, ainda que o equilíbrio
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Graficamente, representamos este ponto, nossa referência de pensamento, como sendo o ponto em que a curva
de oferta agregada se torna vertical, ou seja, o ponto em que o produto está definido, a inflação está definida
e a economia para de se movimentar. Alguns livros tratam esse equilíbrio como o equilíbrio de longo prazo e
não há nenhuma perda em usar essa nomenclatura

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I NTRODUÇÃO À A NÁLISE M ACROECONÔMICA 2

Figura 1 – Crescimento Econômico: evolução do produto potencial ao longo do


tempo

de médio prazo seja denominado de equilíbrio de longo prazo, ele ainda estará sendo tratado
como um ponto estático, uma referência de produto potencial dada A partir do momento em
que a literatura trata da evolução desse produto ao longo do tempo, é que estamos tratando de
modelos de crescimento econômico, ou seja, explicações de porque a economia cresce 10% e
a outra cresce a 2%. Por que uma economia para de crescer por décadas, mantém uma taxa de
crescimento muito baixinha? Como fazer a taxa de crescimento relativamente elevada e se man-
ter por muitas décadas? Desses aspectos que estamos falando e esses aspectos estão associados
principalmente ao acúmulo de capital como proporção do PIB, inicialmente, ao crescimento da
oferta de trabalho, mas principalmente ao crescimento da produtividade marginal tanto trabalho,
quanto do capital, são os aspectos de crescimento econômico de longo prazo.
Determinantes de crescimento econômico estão muito associados a como a economia
evoluiu ao longo em termos de ganhos de produtividade de seus trabalhadores. O que faz
um trabalhador ganhar produtividade? Basicamente é atender adequadamente às condições de
qualidade de vida, tais como boas condições de saúde, saneamento básico, educação, etc., até
aspectos estritamente associado ao seu trabalho, ou seja, a qualificação do capital humano,
que é o conjunto desses fatores, como evolui o capital humano de uma sociedade é um fator
extremamente relevante para entender como evolui a produtividade marginal do trabalho ao
longo do tempo.
Da mesma forma que tanto para a produtividade marginal do trabalho quanto do ca-
pital é extremamente relevante que tenhamos um processo de desenvolvimento tecnológico,
que em geral, passar por processo, uma capacidade de inovar tanto em processo de produção
quanto inovação em produto, criar novos produtos que atendam a novas demandas conforme
O FERTA AGREGADA E E XPECTATIVAS R ACIONAIS 3

a economia evolui ao longo do tempo. Atualmente, aspectos institucionais e culturais das


economias economias vêm sendo associados também a essas condições de crescimento, por
exemplo, economias que têm marcos regulatórios claros e que aplicam as regras do jogo com
rigor, ou seja, tem uma estrutura legal, judiciária forte e sólida, têm obtido sucesso no alcance e
na manutenção de taxas de crescimento elevadas no longo prazo.
Nosso objetivo aqui não é crescimento econômico. Estamos apenas trazendo uma
intuição sobre os principais determinantes do processo de crescimento da economia no longo
prazo, das possíveis explicações de diferenças de crescimento entre países diferentes, níveis de
desenvolvimento diferentes ao longo do tempo e que precisariam ser exploradas em muito mais
detalhe.
Porém, voltando ao nosso foco, que são as flutuações econômicas, estamos plenamente
capacitados a compreender como certos choques afetam a macroeconomia e que respostas es-
peraríamos das autoridades monetária e fiscal em função da ocorrência desses choques. Antes
de analisar um desses choques, vale a pena reforçar o seguinte aspecto: como já discutimos
anteriormente, é importante que tenhamos um cenário de ação, ou seja, um conjunto de normas
claras de ação tanto de política monetária, quanto fiscal e o regime de metas de inflação vem, de
certa forma, trazer essa configuração. Exatamente por isso que o regime de metas de inflação é
expresso como um tripé macroeconômico: a consistência entre a escolha do regime monetário,
do regime cambial e do regime fiscal.
O importante é termos que não fazemos, cometemos o erro de fugir da lógica que mes-
mos desenhamos como uma boa explicação para o funcionamento da economia real. Aprender
a fazer análise econômica, em primeiro lugar, é aprender a utilizar a estrutura lógica correta-
mente. Como como fazer isso? Essa é a aplicação que faremos no próximo módulo!

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