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I NTRODUÇÃO À A NÁLISE M ACROECONÔMICA 2
dia, pagamos com nosso cartão de débito, utilizando um recurso que está disponível na nossa
conta corrente, esse montante de recursos é moeda: uma vez utilizada, a transação está saldada,
ou seja, paguei com meu cartão de débito, ou com a moeda que está no meu bolso, papel-moeda
ou moedas metálicas, quitei a transação. O que aconteceria se eu tivesse utilizado o meu cartão
de crédito para fazer o pagamento? Seria bastante diferente: transação estaria quitada entre
mim e o dono da padaria, mas não estaria saldada entre a gestora do cartão de crédito e mim.
Temos aí o uso de um instrumento financeiro que não saldou a transação, portanto não é moeda,
ou seja, cartão de crédito é credito, não é moeda.
Ser meio de troca é a característica fundamental da moeda, em decorrência de ser meio
de troca, ela também passa naturalmente a ser usada como unidade de conta, ou seja, todos os
bens e serviços passam a ser cotados em moeda, seus preços são expressos em moeda. E além
disso, a moeda também pode ser uma reserva de valor de forma imperfeita, o que significa que
ela pode transportar valor no tempo, porque a inflação corrói o sobre o poder de compra, o valor
real, da moeda.
Em se tratando de moedas fiduciárias, um tema muito relevante é a determinação do
seu valor: o que garante o valor de uma moeda fiduciária? A confiança. É muito importante
que o governo escolha e comunique claramente para a sociedade quais são os regimes por meio
dos quais ele vai atuar, que a sociedade reconheça e legitime esses regimes, por meio das suas
escolhas em sociedades democráticas, votando, para que esses regimes se institucionalizem e se
tornem parte do processo histórico da sociedade, ou seja, não esteja sujeito a mudanças radicais
a cada novo governo, por exemplo. Especificamente em relação ao regime monetário, isto é
extremamente relevante, porque é a manutenção do regime de metas de inflação, a clareza com
que o governo o gerencia, a comunicação do governo sobre a sua gestão para o público, e a
compreensão do público de que o regime está sendo conduzido conforme indicado e anunciado
previamente, que produz credibilidade e valor para a moeda doméstica, já que ela não tem
nenhum lastro real. Uma moeda fiduciária tem o seu valor e ganha credibilidade quanto mais
os agentes confiem que o banco central, braço executivo do governo, irá gerenciar a política
monetária de tal forma a garantir a estabilidade de inflação e o poder de compra da moeda, no
contexto do regime de metas de inflação.