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Disciplina de

Cenários Econômicos
Prof. Eduardo Dalla Vecchia Sperandio

Livro

Introdução à economia:
aplicações no cotidiano
Autor: Leide Albergoni

Cap. 06 Os juros na Economia


O juro é basicamente o preço do dinheiro, que define a demanda e oferta por crédito, além da
decisão de poupar ou consumir dos indivíduos. Assim, é um importante instrumento para se
influenciar o Consumo das Famílias e os Investimentos das Empresas. A determinação dos juros
na economia é um dos instrumentos da política monetária, a qual visa controlar os meios de
pagamentos (moeda) para estimular o crescimento econômico ou controlar a inflação.
COMO AS TROCAS SÃO REALIZADAS NA ECONOMIA DE MERCADO
Em uma economia de mercado, as trocas de mercadorias e fatores de produção são mediadas
pela moeda, que é um denominador comum de trocas indiretas. Sem a moeda, os trabalhadores
receberiam sua remuneração pela participação na produção com parte dos produtos que
contribuíram para produzir e trocariam por outros bens e serviços que desejassem consumir.
Esse é o sistema de trocas diretas, ou escambo.
Em uma economia simples, com poucos produtos e pequena população, o escambo pode
funcionar até determinado ponto, pois as famílias produzem grande parte dos produtos que
necessitam e trocam o que sobra de seu consumo, o excedente, por outros bens e serviços que
outras famílias produziram.
Porém, conforme se diversificam os produtos e aumenta o número de pes- soas na economia, o
escambo torna-se impraticável como forma predominante de troca, pois se o indivíduo A produz
trigo e quer trocar por arroz produzido pelo indivíduo B, que por sua vez quer o feijão produzido
pelo indivíduo C, que não deseja realizar nenhuma troca, são necessárias várias trocas até que
todos estejam satisfeitos.
Sendo assim, ao longo da história da civilização surgiram os denominadores comuns de troca,
as moedas, na forma de alguma mercadoria com valor intrínseco, de grande aceitação e de
preferência de fácil manuseio. Em diferentes regiões e épocas foram usados vários produtos:
sal, fumo, gado, pérolas, especiarias e metais preciosos.
Por sua facilidade de manuseio, durabilidade e divisibilidade o metal precioso acabou
predominando como meio de troca indireta. Essas propriedades não eram alcançáveis em outras
mercadorias, como o sal, que poderia ser facilmente perdido em uma chuva, ou o gado, que não
poderia ser transportado em grandes distâncias e só permitia trocas de grande valor.
Porém, os metais ainda possuíam certa restrição ao transporte, pois grandes quantidades de ouro
requeriam guarda armada para seu transporte e vários veículos de carga. A segurança levou os
indivíduos a procurarem lugares para guardar o ouro, as ourivesarias, que em princípio
cobravam um valor para manter o metal em seus cofres e emitiam um certificado de depósito
na quantidade de ouro deixada pelo seu proprietário.
Os indivíduos passaram a usar esses certificados para transferir o ouro de propriedade, isto é,
ao invés de transportá-lo para o pagamento, entregavam o certificado de depósito e a outra parte
da transação se responsabilizava por retirar da ourivesaria. Esses também começaram a passar
o certificado de depósito para outras pessoas e, com o tempo, circulavam mais os certificados
do que o metal em espécie.
As ourivesarias, percebendo a transferência dos certificados e que muitas vezes o metal
depositado não era retirado, passaram a emprestar ouro para outras pessoas, por meio da
emissão de certificados de depósitos, idênticos aos originais. Sendo assim, a quantidade de
certificados em circulação supe- rava a quantidade de ouro e demais metais depositados, e no
caso de todos os detentores de certificados dirigirem-se até as ourivesarias para sacar o metal,
não haveria o suficiente para entregar. Assim, surgiam corridas às ourivesarias, desestabilizando
o sistema de pagamentos local.
Percebendo o risco, o Estado começou a emitir os certificados de depósito de ouro, o papel-
moeda, e a controlar a relação entre papel em circulação e a quantidade de ouro depositada.
Esse papel-moeda, emitido a partir da quantidade de ouro depositada, tinha o “lastro”, isso é,
podia ser convertido em ouro.
Com o tempo, pela necessidade de aumento da quantidade de moeda para realizar as transações
e pela dificuldade de as reservas de ouro acompanharem essas transações, o padrão-ouro foi
abandonado e a moeda emitida passou então a ser fiduciária, isto é, baseada na confiança que
os indivíduos têm de que aquele pedaço de papel e de metal vale o que nele está escrito. O
papel-moeda e a moeda metálica consistem na moeda manual, isto é, a forma física de moeda.
Além desta há a moeda escritural, que consiste nos depósitos em conta corrente nos bancos
comerciais. Ela é escritural porque está “escrito” em algum lugar que há o valor depositado.
Só é considerada moeda escritural o depósito em conta corrente, isto é, que não rende juros.
Depósitos em caderneta de poupança, por exemplo, rendem juros e são considerados ativos
financeiros. Incluem-se nos ativos financeiros os depósitos em fundos de investimentos,
certificados de depósito bancário (CDB), títulos públicos e privados, entre outros. Ou seja,
todos têm como características o rendimento em juros e para ser convertidos em moeda têm
alguma perda, seja do rendimento que poderia ser obtido caso se aguardasse o prazo correto
para ser sacado, seja em seu valor de mercado.
A facilidade de converter um ativo em mercadorias define sua liquidez, sendo que a moeda é a
liquidez por excelência. Considerando as diferentes formas como podemos armazenar nossa
riqueza, há uma ordem decrescente de liquidez de acordo com o tipo de ativo: os ativos físicos,
como imóveis e obras de arte, são mais difíceis de ser convertidos em outras mercadorias, pois
há dificuldade de encontrar um comprador disposto a pagar o preço desejado no momento em
que precisa ser vendido para se usar o dinheiro obtido.
Ações de empresas também têm certas restrições à conversão, pois no momento necessário para
sua conversão podem estar em baixa e o detentor terá uma perda de valor, ou ainda, dificuldade
para se desfazer da ação. Ativos financeiros, como títulos públicos, privados e depósitos
financeiros têm maior liquidez do que os ativos físicos e, por fim, as moedas manual e escritural
são a liquidez por excelência. A imagem a seguir resume, de forma simples, o grau de liquidez
dos ativos no sistema de trocas indiretas.
Figura 6.1 – Grau de liquidez dos ativos no sistema de trocas indiretas
O papel dos juros
De forma simples, poderíamos dizer que todos os indivíduos preferiam ter sua riqueza na forma
de moeda, a sua vista, ou seja, temos uma preferência pela liquidez. Porém, a realização de
aplicações financeiras surge para proteger nossa riqueza em caso de roubos e também da
deterioração do valor da moeda. Pense no Tio Patinhas, personagem da Disney: ele adora moeda,
mas não gasta, apenas as armazena em seu caixa forte, como riqueza.
Ao armazenar a riqueza em uma forma menos líquida que a moeda, isto é, em ativos financeiros,
os indivíduos esperam receber uma recompensa, que são os juros. Poupar é um adiamento do
consumo presente e os juros consistem na recompensa por esse adiamento. Ao realizar um
depósito em caderneta de poupança, adquirir uma cota de fundo de investimento, um CDB ou
um título público, as pessoas estão abrindo mão do consumo presente em busca da promessa
de um consumo futuro maior. Quanto maior o prazo de espera, maior tende a ser a expectativa
de recompensa, ou juros.
Sendo assim, quando se deseja estimular a armazenagem da riqueza na forma de ativos
financeiros, aumentam-se as taxas de juros. Com isso, os indivíduos estão deixando de consumir
no presente em troca de um consumo maior no futuro.
Mas por que os bancos têm interesse em pagar juros para as pessoas? Os bancos são
intermediadores de empréstimos: os indivíduos superavitários, cujo consumo é menor do que a
renda, podem emprestar parte de sua renda para os indivíduos deficitários, cujo consumo é
maior do que a renda. Para facilitar os empréstimos, os bancos recebem os depósitos dos
superavitários e emprestam para os deficitários, dividindo o risco com os poupadores e
facilitando o encontro entre poupadores e emprestadores em contrapartida a uma remuneração.
Os emprestadores estão antecipando um consumo que não seria possível se não tivessem o
empréstimo. Um indivíduo que planeja comprar uma TV de R$ 3.000 precisaria esperar até que
tivesse o montante necessário para pagar a vista. Com o empréstimo, é possível comprar a TV
hoje, isto é, antecipar o consumo, a um custo, que são os juros.
Portanto, os juros consistem na remuneração pelo adiamento do consumo e no custo pela
antecipação do consumo. A taxa de juros deve equilibrar esses dois lados da economia: deve
ser suficientemente alta para estimular o adiamento do consumo (poupança), mas baixa o
suficiente para estimular a antecipação do consumo (empréstimos).
Se a taxa de juros está muito baixa, ao invés de adiar o consumo as pessoas tendem a consumir
no presente, já que a recompensa é pequena. Porém, em algumas situações, com taxa de juros
baixa, os indivíduos transformam seus ativos financeiros em moeda, preferencialmente em casa,
não para consumir, mas sim para armazenar sua riqueza. Nesse caso, as pessoas são
superavitárias e desejam poupar, mas não confiam nas instituições financeiras para deixar sua
riqueza depositada, como ocorreu na crise financeira norte-americana de 2008 e também na
crise fiscal europeia de 2011.
Essa situação também é influenciada pela cultura: quando do tsunami do Japão em 2011,
estima-se que foram recuperados cerca de R$ 76 milhões guardados em cofres e carteiras dos
indivíduos. Os japoneses têm uma tendência maior a guardar dinheiro em casa, por hábito e por
desconfiança da solidez das instituições financeiras.1
Os juros também influenciam a decisão das empresas em realizar investi- mentos produtivos
ou aumentar a produção. As empresas utilizam o crédito para se financiar, o que significa que
quando a taxa de juros está elevada o custo de financiamento aumenta e, portanto, as empresas
não têm estímulos a aumentar a produção. Há ainda a comparação dos juros com a rentabilidade
de um investimento, já que os donos do capital podem deixar seu recurso em uma aplicação
financeira que rende juros de mercado ou investir no negócio, que renderá lucro: quanto maior
a taxa de juros de mercado, mais difícil será encontrar um negócio que gere lucro que compense
o investimento. A figura a seguir resume o papel dos juros na economia:

POR QUE A QUANTIDADE DE MOEDA INFLUENCIA O NÍVEL DE


PREÇOS
A moeda é uma mercadoria e funciona em um mercado com oferta e demanda, assim como
outros mercados.
A oferta de moeda é dada pela moeda manual (papel-moeda e moeda metálica) e pela moeda
escritural (depósitos a vista nos bancos comerciais).
A demanda por moeda é realizada basicamente pelas famílias e empresas, para efetivação de
transações e também como forma de armazenar riqueza, em algumas situações. Porém, como a
maior parte da demanda por moeda é para transações, vamos considerar esse o principal motivo
para que os indivíduos procurem moeda.
A interação entre oferta e demanda resultará no equilíbrio monetário, que influencia o nível de
preços.
Criação de moeda
O aumento da oferta de moeda, ou criação de moeda, pode ser realizado pela emissão de moeda
manual, isto é, impressão de moeda e colocação em circulação pelo Banco Central; ou pelo
aumento da moeda escritural, que são os depósitos em conta corrente.
Porém, como aumentar o depósito em conta corrente se as pessoas continuam com a mesma
renda? Parte dos depósitos que temos em conta corrente podem ser emprestados para outras
pessoas, que por sua vez são creditados em conta corrente e aumentam a quantidade de saldo
em conta corrente, isto é, moeda escritural.
Vamos supor que José realize um depósito de R$ 100 em sua conta corrente. O banco pode
emprestar parte desse depósito, enquanto que a outra parte deve ficar guardada em seu cofre
para prover saques, o depósito compulsório. Vamos considerar que o banco precisa guardar
R$ 40 (40%) do depósito a vista e emprestar R$ 60 (60%). O valor é emprestado para Maria,
por meio de um crédito em sua conta corrente, isto é, na forma escritural. Esse é um novo
depósito a vista, e parte dele (60%) pode ser emprestado. Então o banco guarda R$ 24 em seu
cofre e empresta R$ 36 para Luiz, creditado como depósito a vista em sua conta corrente.
Novamente, parte dos R$ 36 pode ser emprestada, isto é, 60%, que equivale a R$ 16,60.
Esse processo continua, de forma regressiva, até que o valor se aproxima de R$ 0. Ao final,
haverá um saldo de R$ 250 em depósitos em conta corrente e R$ 100 guardados no cofre do
banco, que equivale ao valor inicial depositado. Isto é, houve criação de moeda escritural por
meio de depósitos.
E se o banco pudesse emprestar 75% do valor depositado? Nesse caso, o resultado final seria
de R$ 400 em depósitos em conta corrente, ou seja, multiplicação de 4 vezes o valor inicial.
Portanto, quanto menor a taxa de depósito compulsório que o banco precisa manter para
provisionar saques, maior será a quantidade de moeda criada.
Se a autoridade monetária deseja aumentar a oferta de moeda, um dos mecanismos é reduzir a
taxa de depósito compulsório para que os bancos possam emprestar mais aos clientes.
Outro mecanismo que influencia a expansão de moeda escritural é a taxa de juros básica da
economia: além de reduzir o custo dos empréstimos e, portanto, estimular as famílias e
empresas a buscarem crédito, a taxa de juros também afeta a disposição dos bancos em conceder
empréstimos. Além dos depósitos compulsórios obrigatórios, os bancos podem manter
depósitos voluntários, que são remunerados pela taxa básica da economia. Se a taxa de juros
diminui, essa remuneração diminui e, portanto, para os bancos torna-se mais interessante
conceder mais empréstimos. Por outro lado, quando a taxa de juros básica da economia aumenta,
os bancos preferem manter um volume maior de depósito voluntário remunerado pela taxa
básica do que emprestar, especialmente se a inadimplência está elevada.
Demanda por moeda
A demanda por moeda é a manutenção de dinheiro em espécie em nossas carteiras ou em casa,
ou ainda, dinheiro em nossa conta corrente. Os motivos para demandarmos moeda são
basicamente dois: transações e especulação.
Transações são os pagamentos e compras que realizamos todos os meses com nossa renda: ao
receber nosso salário, sabemos quais são as despesas planejadas e quanto precisamos manter
em reserva para emergência (precaução) e, portanto, podemos separar parte da renda para
consumo e outra parte para poupança. Sendo assim, demandamos mais moeda quando
consumimos mais, seja em despesas planejadas (por exemplo, o aumento do aluguel) ou em
despesas novas (compra de uma roupa). Logo, quanto maior a quantidade de transações a serem
realizadas na economia, maior será a demanda por moeda.
A parte da renda que poupamos pode ser alocada em um dos ativos abordados na seção sobre o
papel dos juros, isto é, físicos, financeiros ou mone- tários. Quando mantemos nossa poupança
em casa, em um cofre ou debaixo do colchão, ou quando a mantemos em conta corrente,
estamos demandando moeda como forma de armazenar nossa riqueza. Em cenário de inflação
e altas taxas de juros, não faz muito sentido manter nossa poupança na forma de moeda, mas
quando a inflação e os juros são muito baixos e até negativos, como a notícia da seção, ou
quando observamos riscos de quebra de bancos, é mais racional manter nossa poupança em
casa mesmo.
EQUILÍBRIO NO MERCADO MONETÁRIO
Se considerarmos que a maior parte da demanda por moeda é utilizada para transações, isto é,
para comprar produtos e serviços, então quando há um aumento nas transações no país, há
também um aumento na demanda por moeda. Logo, se o país está crescendo, é necessário
colocar mais moeda em circulação para acompanhar o tamanho das transações.
Sendo assim, observamos uma relação entre a quantidade de bens e serviços disponíveis para
venda, isto é, produção econômica, e oferta de moeda.
Porém, o que ocorreria se, mantendo-se a quantidade de produtos constante, sem que se
aumente a produção, houvesse um aumento na quantidade de moeda? Nesse caso, com mais
moeda circulando e a mesma quantidade de produtos, haveria um aumento de preços dos
produtos.
Vamos supor que uma economia produza 100 unidades de bolinhos por dia, vendidos por
R$ 2,00, em uma economia em que há R$ 200 unidades monetárias por dia. Se em determinado
dia a quantidade de moeda aumenta para R$ 250, a demanda por bolinhos aumentará. Se há
apenas 100 bolinhos, o preço dos bolinhos aumenta proporcionalmente ao aumento da
quantidade de moeda, isto é, para R$ 2,50.
Nesse caso, o aumento da oferta de moeda causou um aumento do preço do produto no mesmo
dia, já que não havia produtos suficientes para atender ao aumento da demanda.
Por outro lado, se fosse possível aumentar a produção de bolinhos rapidamente ao observar o
aumento da demanda, então o aumento da oferta de moeda resultaria em aumento da produção.
Sendo assim, o aumento da oferta de moeda causa aumento da Demanda Agregada e o resultado
dependerá da forma como a Oferta Agregada pode responder a essa variação, conforme
abordado no Capítulo 4.
Na prática, observamos o aumento da oferta monetária por meio do aumento do crédito, que
pode estimular o crescimento econômico ou causar inflação. Se as empresas estiverem
operando com capacidade ociosa, poderão aumentar a produção e, portanto, o efeito será de
crescimento econômico. Por outro lado, se a economia estiver operando próxima ao pleno
emprego, isto é, com baixa capacidade ociosa, as empresas reagem aumentando os preços dos
produtos.
Para equilibrar o nível de preços, isto é, reduzir a inflação, pode-se reduzir a oferta monetária.
Com menor quantidade de moeda em circulação na economia, as pessoas reduzem a demanda
por bens e serviços e os preços deixam de aumentar. Isso geralmente ocorre por meio do
aumento da taxa de depósito compulsório ou da taxa de juros.
COMO OS JUROS SÃO DETERMINADOS
As taxas de juros variam para tomadores e emprestadores basicamente em função de dois
fatores: a oferta e demanda por moeda e o risco de empréstimo ou do investimento. A seguir
abordaremos a formação dos juros para os empréstimos e para as aplicações financeiras.
Os juros de empréstimos
O juro é o preço do dinheiro e, portanto, sofre influência de acordo com a demanda e a oferta
do produto, nesse caso, moeda.
Famílias e empresas demandam dinheiro, isto é, moeda manual e escritural. Quando sacamos
moeda que temos em conta, o saldo de nossa conta corrente, estamos demandando moeda mas
não crédito. Os juros incidem sobre a demanda por crédito, seja contraído diretamente do banco,
seja pelo financiamento de um imóvel, automóvel ou eletrônicos e eletrodomésticos.
Os bancos ofertam crédito no mercado, cujo custo é a taxa de juros básica da economia, a Selic.
A taxa Selic se forma no Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic, a partir da
negociação que os bancos realizam entre si, de títulos públicos.
Os depósitos em conta corrente que os bancos recebem podem ser usados para emprestar aos
clientes, para comprar títulos públicos ou para emprestar para outros bancos. Se o banco deixar
o dinheiro parado em seu cofre, deixa de ganhar com isso. Logo, se não empresta tudo aos
clientes durante o dia, vale a pena emprestar para outros bancos, ou comprar títulos públicos.
No Selic há negociação de títulos públicos entre bancos diariamente em operações overnight,
isto é, durante a noite, como se fosse um leilão, sendo que quem tem títulos e quer vender os
oferece por uma taxa de juros, e quem quer comprar decide se aceita aquela taxa de juros ou
oferece outra taxa. Assim, de acordo com a demanda e oferta de títulos naquele dia se forma a
taxa Selic over, cujo valor é projetado para o ano e forma a taxa Selic anual.
Mas por que os bancos querem vender ou comprar títulos públicos? Diariamente os bancos
precisam prover a demanda por saques e crédito, isto é, a procura por moeda de Famílias e
Empresas. Como têm parte dos depósitos que recebem dos clientes aplicados em títulos
públicos, caso a demanda seja maior do que a capacidade de criar moeda escritural e prover os
saques de moeda manual, os bancos se desfazem dos títulos para ter mais moeda. Então, se há
uma procura muito grande por moeda e muitos bancos precisam vender seus títulos para
equilibrar o mercado monetário, naquele dia a demanda tende a ser maior do que a oferta e a
taxa formada aumenta.
Caso os bancos não consigam vender seus títulos públicos, podem ainda recorrer à emissão de
títulos próprios no mercado interbancário, os Certificados de Depósitos Interbancário – CDI.
Esses títulos também são negociados na forma de leilão e a taxa formada é a taxa DI, que tende
a ser muito próxima da taxa Selic.
Sendo assim, podemos dizer que para conceder mais crédito, os bancos têm um custo de captar
mais dinheiro por meio da venda de títulos públicos ou de emissão de títulos próprios, isto é, a
taxa Selic ou a taxa DI. Porém, por que a taxa de juros do crédito concedido aos consumidores
e empresas é sempre maior do que as taxas básicas e varia de acordo com tipo de crédito?
A taxa Selic e DI são o custo de captação de recursos, como se fosse o custo de matéria-prima.
A diferença entre esse custo básico e as taxas de juros praticadas no mercado se chama spread
bancário, que é formada por vários componentes.
Um dos componentes do spread são os custos administrativos da operação, isto é, funcionários,
sistemas, agência, energia, entre outros. Há ainda impostos que incidem sobre os empréstimos,
que são Programa de Contribuição Social (PIS), a Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (COFINS), a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), o Imposto
de Renda (IR) e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Logo, se há aumento de um dos
impostos, a taxa de juros aumenta.
Outro item que tem um peso considerável na formação da taxa de juros é a provisão para
inadimplência, isto é, a reserva que o banco faz, caso parte dos clientes deixe de pagar o
empréstimo tomado. Quanto maior a inadimplência, maior a reserva que o banco precisa fazer
e, portanto, maior é o custo adicionado à taxa de juros. O risco de inadimplência varia de acordo
com a linha de crédito e, além disso, as garantias que lastreiam o empréstimo, isto é, que podem
garantir a recuperação do crédito, também influenciam esse risco.
A linha de crédito com menor custo de inadimplência, tanto porque o risco é menor devido aos
critérios rigorosos de concessão, quanto pela garantia do empréstimo, é o financiamento
habitacional, cujo valor da parcela deve representar no máximo 30% da renda dos tomadores e
o imóvel serve de garantia caso o empréstimo não seja pago.
O financiamento para automóveis também tem uma garantia significativa e, portanto, um custo
de inadimplência menor que as demais linhas, embora seja consideravelmente maior do que
para imóveis, já que os carros desvalorizam naturalmente, enquanto que os imóveis tendem a
se valorizar, ou manter seu valor.
Em seguida, vêm as linhas de crédito consignado, que são aqueles empréstimos cuja parcela é
descontada na folha de pagamento dos clientes. Os funcionários públicos, devido à estabilidade
de emprego, possuem taxa de juro menor do que os funcionários da iniciativa privada, já que
estes correm o risco de perder o emprego e, portanto, deixar de pagar os empréstimos.
Seguem o crédito direto ao consumidor, contraído sem garantia mas me- diante análise de
crédito e com pagamentos programados; o cheque especial, disponível ao cliente sem análise
de condições de pagamento; e o crédito rotativo do cartão de crédito, que é o pagamento da
fatura inferior ao valor total.
Estes dois últimos possuem taxas mensais próximas aos patamares das taxas anuais da Selic:
por exemplo, em determinado momento com taxa Selic de 11% ao ano, a taxa de juros do
cheque especial era de 9,56% ao mês e do cartão de crédito de aproximadamente 15% ao mês.
Os juros das aplicações financeiras
Há diversos tipos de aplicações financeiras disponíveis para os investi- dores, que pagam
diferentes remunerações. Basicamente, o ganho de um investimento é resultado do tripé risco-
retorno-liquidez.
O retorno é o ganho que o investidor obterá sobre o valor investido, seja por meio de juros, seja
por valorização do preço do ativo. Sua magnitude dependerá da relação com o risco e liquidez.
O risco é a possibilidade de perda do montante aplicado, seja parcial ou integral. Investimentos
em ações, por exemplo, podem resultar em perdas, já que o valor das ações oscila diariamente.
Uma pessoa só investe em um ativo com alto risco se a possibilidade de retorno também for
alta para com- pensar esse risco. Ou seja, quanto maior o risco, maior tende a ser o retorno para
compensá-lo; e quanto menor o risco, menor tende a ser o retorno do investimento.
A liquidez é a possibilidade de converter, rapidamente, o ativo em dinheiro, isto é, de resgatar
o investimento. Quanto mais difícil essa conversão, maior terá que ser a recompensa para o
investidor, isto é, maior terá que ser o retorno do investimento. Investimentos que são fáceis de
se converter em dinheiro possuem menor retorno.
A partir dessa lógica, os agentes econômicos superavitários, isto é, com mais recursos do que
gastam, decidem como alocar seu patrimônio nos diferentes ativos físicos e financeiros. Ao
aplicar em algum produto bancário, estão emprestando para o uso de algum outro agente
deficitário, ou seja, com menos recursos do que gasta. O banco é o intermediário desse
empréstimo e cobra pelo serviço.
Ao receber um depósito financeiro, o banco pode optar por emprestar aos clientes ou aplicar
em negociação de títulos. Tendo em vista que o investimento com menor risco é em títulos e o
banco tem como compromisso devolver o montante emprestado intacto acrescido de uma
remuneração, ele assume que está emprestando para um tomador livre de risco, que são os
outros bancos ou o governo, e paga a remuneração do investidor a partir desse parâmetro. Sendo
assim, o retorno da aplicação financeira será a taxa de juros básica da economia deduzida do
custo de intermediação do banco.
Mas afinal, o banco não empresta nosso dinheiro para famílias e empresas, que pagam juros
maiores? Sim, e nesse caso há duas implicações dessa opção. Se o investidor quer risco próximo
a zero, o banco assume o risco de calote dos emprestadores e, portanto, ganha essa remuneração.
Se o investidor quer ganhar parte dessa recompensa pelo risco, opta por produtos relacionados
a esse uso, sabendo que há risco de perda de parte do capital.
É importante destacar que os depósitos que os bancos recebem em seus diversos produtos têm
uso específico para alguns tipos de crédito. Os depósitos em caderneta de poupança, por
exemplo, devem ser usados majoritariamente para financiamento habitacional, enquanto que os
depósitos em fundos de investimentos podem ser usados para operações de empréstimos de
longo prazo. Assim, os juros entre as diferentes modalidades de aplicações financeiras devem
ser equivalentes ao seu risco, senão faltará recurso para alguma área. Um exemplo é a Caderneta
de Poupança, que rende 0,5% ao mês, totalizando juros anuais de 6,17%, sem incidência de
qualquer tipo de imposto. Essa rentabilidade é base para a alocação de recursos em fundos de
investimentos e títulos públicos e privados, sobre os quais incide imposto de renda sobre a
rentabilidade. Em 2012 a taxa Selic, que é a base do retorno dessas opções, chegou a 8,5% ao
ano e, nesse cenário, muitos fundos de investimentos teriam rendimento inferior ao da caderneta
de poupança e, portanto, os aplicadores migrariam seus recursos para essa opção. Para
reequilibrar o mercado, o Banco Central definiu que no caso de Selic igual ou inferior a 8,5%
ao ano, o rendimento da caderneta de poupança seria de 70% da Selic. A menor taxa que a Selic
atingiu foi de 7,25% ao ano de outubro de 2012 a abril de 2013 e, nesse contexto, se não
houvesse a nova regra, grande parte das aplicações financeiras teria migrado para a caderneta
de poupança e faltariam recursos para outros produtos bancários e financeiros.
A imagem a seguir resume a formação dos juros para empréstimos e aplicações financeiras:
COMO A AUTORIDADE MONETÁRIA ATUA NO MERCADO
A autoridade monetária de um país é o Banco Central, que tem como principais funções o
controle dos meios de pagamentos e a saúde do sistema financeiro, por meio do controle e
fiscalização das instituições financeiras.
Para controlar os meios de pagamentos, o Banco Central monitora a de- manda por moeda e
define a oferta monetária, seja por emissão de moeda, seja por meio da criação de moeda
escritural. Os principais mecanismos de controle da oferta de moeda são o controle do depósito
compulsório e a definição das taxas de juros.
A redução da taxa de depósito compulsório sobre os depósitos a vista em conta corrente permite
que os bancos aumentem os empréstimos às em- presas e famílias, ou seja, há mais moeda em
circulação na economia. Nesse caso, com o aumento da oferta de moeda, seu preço cai, isto é,
há redução das taxas de juros, atraindo os emprestadores. Se o Banco Central aumenta a taxa
de depósito compulsório, está diminuindo a oferta monetária com a redução da capacidade de
criar moeda por meio dos empréstimos. Nesse caso, há então um aumento do preço do dinheiro,
os juros, desestimulando as pessoas a realizarem empréstimos para antecipar o consumo e
estimulando o aumento da poupança.
Quando o Banco Central altera a taxa de juros, está alterando o preço do dinheiro, influenciando
a decisão de poupar e consumir. Se há redução das taxas de juros, há então um aumento em sua
demanda, ou seja, as pessoas aumentam as compras a prazo e reduzem a poupança, estimulando
a Demanda Agregada. Se há aumento das taxas de juros, as pessoas adiam o consumo,
aumentando a poupança e tomando menos empréstimos. Além disso, a taxa de juros influencia
a disposição dos bancos de emprestar, já que decidem se mantêm depósitos voluntários ou
emprestam a famílias e empresas.
No Brasil, o instrumento mais utilizado é o controle das taxas de juros, por meio do Sistema de
Metas para a Inflação.
O Conselho Monetário Nacional, autoridade máxima do sistema finan- ceiro que tem como
função definir as diretrizes da política monetária, fiscal e cambial, define uma taxa meta de
inflação, com os limites de tolerância para mais e para menos: no Brasil, a meta é de 4,5% ao
ano e tolerância de 2 pontos percentuais para cima e para baixo, isto é, a inflação pode atingir
de 2,5% a 6,5% ao ano.
Cabe então ao Banco Central, por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), monitorar
a inflação e o nível de atividade econômica na economia para verificar se há tendência de
aumento ou redução da inflação. O Copom é formado por 8 diretores do Banco Central e seu
presidente e se reúne a cada 45 dias em reuniões de 2 dias, para analisar os dados da economia
e decidir se aumenta ou reduz a taxa de juros.
Se a inflação está acima da meta, resultado de Demanda Agregada em crescimento e pouca
capacidade de reação da Oferta Agregada por meio de aumento da produção devido ao nível de
emprego da economia, o Copom aumenta a taxa de juros para reduzir o Consumo e
Investimentos, reduzindo então a pressão inflacionária. Quando observa demanda agregada
fraca e inflação abaixo da meta, o Copom reduz a taxa de juros para estimular o Consumo e
Investimentos por meio do aumento da procura por crédito.
OS EFEITOS DA POLÍTICA MONETÁRIA NO COTIDIANO
A autoridade monetária executa a política monetária com dois objetivos: controlar o nível de
preços, denominada política monetária contracionista, ou estimular o crescimento econômico,
por meio de política monetária expansionista.
A política monetária expansionista consiste na expansão dos meios de pagamentos com o
objetivo de estimular o crescimento econômico. O Banco Central pode reduzir a taxa de juros,
o preço do dinheiro, para estimular a demanda por crédito; ou reduzir os depósitos compulsórios
para aumentar a oferta de moeda na economia, baixando seu preço (juro) e, portanto,
estimulando o aumento dos empréstimos.
Como o crédito influencia o Consumo das Famílias e os Investimentos das Empresas, há então
expansão da Demanda Agregada, que estimula o aumento da produção das empresas, geração
de empregos e, portanto, aumento da renda. É necessário, no entanto, observar a capacidade de
reação da Oferta Agregada para evitar que estímulos à Demanda Agregada resultem em inflação.
Sempre que há aquecimento da Demanda Agregada, observa-se reação do nível de preços, que
pode ser pequena ou grande, de acordo com o nível de utilização da capacidade instalada na
economia.
A política monetária contracionista consiste na redução dos meios de pagamento na economia
com o objetivo de conter a Demanda Agregada e, com isso, controlar o nível de preços. O Banco
Central pode aumentar a taxa de juros, aumentando o custo dos empréstimos; ou a taxa de
depósito com- pulsório dos bancos, reduzindo a capacidade de concessão de empréstimos pelos
bancos, isto é, reduzindo a oferta de moeda.
O efeito é redução do Consumo das famílias e também dos Investimentos das empresas,
contraindo a Demanda Agregada. O multiplicador da Demanda Agregada atua em sentido
contrário, sendo que ao observarem a redução do Consumo das famílias, as empresas reagem
reduzindo a produção e demitindo trabalhadores, o que novamente reduz o Consumo e causa
nova reação das empresas.
É importante lembrar que os investimentos das empresas ampliam a capacidade instalada na
economia, o que significa que aumento dos juros pode comprometer o crescimento da Oferta
Agregada no futuro.
A política monetária terá efeitos também na política fiscal, já que o aumento de juros onera os
encargos da dívida pública. Ou seja, ao executar a política monetária, o Banco Central precisa
encontrar uma taxa de juros que equilibre o Consumo com o nível de preços, estimule os
investimentos e a poupança, mas não pese nos encargos da dívida pública.
Os efeitos da política monetária, no entanto, não são imediatos. As reações a um aumento ou
redução das taxas de juros, ou expansão/contração de crédito, especialmente no controle da
inflação são defasadas em relação à tomada da decisão: até que as famílias ajustem seu consumo,
ou até que as empresas aumentem a produção ao novo cenário, transcorre algum tempo.
Um aumento da taxa de juros terá efeito sobre a decisão de produção das empresas, que
dependem do crédito para financiar o capital de giro e para realizar investimentos. Por um lado,
nas empresas o efeito imediato do aumento dos juros é sobre as expectativas futuras, o que
impacta no ritmo de produção ou de novos investimentos. Porém, o efeito sobre a produção não
é imediato, já que as empresas, especialmente na indústria, geralmente trabalham com
encomendas e, portanto, a produção realizada no momento em que os juros aumentaram foi
encomendada antes do fato, e os novos pedidos impactarão somente no futuro.
Em relação à inflação, por sua vez, a taxa de juros afetará especialmente o crédito. Embora os
juros aumentem imediatamente para os consumidores e estes reduzem o consumo de produtos
comprados a prazo, haverá ainda correções de preços devido à inflação acumulada em períodos
anteriores: os salários serão reajustados pela inflação passada, enquanto que os preços dos
produtos incorporarão o aumento dos custos acumulados até o momento. Dessa forma, embora
se observe um desaquecimento da Demanda Agregada, os preços ainda continuam subindo
devido a esses reajustes.
O Banco Central estima que a política monetária tem efeito sobre a oferta agregada
(crescimento econômico) de três meses, enquanto que o reflexo sobre a inflação é de 2
trimestres e no máximo 3 trimestres. Isso significa que o nível de inflação atual é reflexo de
decisões monetárias adotadas há 9 meses, enquanto que o crescimento econômico reflete
decisões de 3 a 6 meses. Outros estudos sugerem que a defasagem da política monetária é maior:
os efeitos sobre a inflação atingem seu ponto máximo depois de um ou dois anos, enquanto que
sobre a atividade econômica é de um ano.3
De modo geral, o crédito é um mecanismo fundamental na economia: historicamente, tem sido
usado para estimular o mercado automobilístico e imobiliário: o boom imobiliário do Brasil dos
últimos 8 anos foi baseado na expansão do crédito. Em 2008, para reagir à crise mundial, o
Brasil estimulou o crédito no setor automobilístico, para aumentar as vendas. Em 2014, o fraco
desempenho do setor de automóveis no primeiro semestre teve como um dos fatores a restrição
de crédito, conforme a notícia da seção.
Porém, grandes crises também podem ser geradas como bolhas de crédito, como ocorreu na
crise norte-americana de 2008, quando empréstimos foram concedidos sem muito critério para
financiar imóveis. Com crédito farto, aumentou a demanda por imóveis e, portanto, seu preço.
Houve então aumento da taxa de juros e muitas pessoas não puderam pagar os emprés- timos,
o que resultou em aumento da inadimplência e queda na demanda por imóveis. Ao perceberem
que o preço dos imóveis estava artificialmente elevado, os investidores passaram a pagar menos
pelos imóveis. Por outro lado, os produtos de investimentos que forneciam recursos para a
oferta de crédito hipotecário começaram a dar prejuízos aos investidores, que tentaram resgatar
seu dinheiro e bancos começaram a quebrar.
Outra questão a ser considerada é que se a inflação observada não estiver relacionada à demanda,
como no caso de uma inflação de oferta ou custos, o aumento dos juros terá como efeito segurar
a demanda, mas não solucionar a causa da inflação, que pode ser uma queda da produção ou
aumento de custos de produção.
A figura a seguir resume a atuação da autoridade monetária no mercado e os efeitos sobre a
economia.
Figura 6.4 – Atuação da autoridade monetária no mercado

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