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Moeda e Política Monetária

Moeda e Política Monetária


Paulo Ricardo da Silva Miguel; 5311
Tiago Manuel Rodrigues Fardilha; 5481
Rodrigo Daniel de Sousa Rodrigues; 5383

Instituto Superior de Entre Douro e Vouga

Maio 2020
Moeda e Política Monetária

Paulo Ricardo da Silva Miguel; 5311


Tiago Manuel Rodrigues Fardilha; 5481
Rodrigo Daniel de Sousa Rodrigues; 5383

Trabalho apresentado ao docente: Drº Fernando Carvalho Costa


da unidade curricular: Macroeconomia
Ano: 1º ano
Turma: 2
Curso: Licenciatura em Gestão de Empresas

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Moeda e Política Monetária

Resumo

Numa economia de mercado como aquela que nos inserimos, dificilmente


conseguimos imaginar o funcionamento do sistema económico sem a intervenção da
moeda.

Qualquer transação no mercado de bens e serviços é efetuada através de


operações de compra e venda de produtos, no processo de produção a remuneração
dos fatores produtivos faz-se em pagamentos monetários, a atuação do Estado nas suas
diversas funções exige a definição de montantes financeiros.

Na atualidade, a maioria das transações monetárias é realizada através dos


intermediários financeiros (bancos, instituições de crédito, ou por outras instituições) e
surgem questões sobre as novas formas que a moeda pode assumir e o papel de cada
um dos agentes que atuam nos mercados monetários e financeiros.

Sendo agentes económicos específicos e simultaneamente autoridades


reguladoras do sistema económico e monetário, o Governo e o Banco Central Europeu
(BCE), através dos instrumentos da política monetária, conseguem influenciar a
evolução de todo o sistema económico e financeiro. O controlo da massa monetária
pode ser utilizado para estimular ou arrefecer a economia, influenciando não só o nível
dos preços como o crescimento do produto e, através dele, o próprio nível de emprego.

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ÍNDICE

Resumo........................................................................................................... 2
Introdução ....................................................................................................... 4
Definição e Função da moeda ........................................................................ 5
Tipos de Moeda .............................................................................................. 6
Moeda e Financiamento da atividade económica ........................................... 9
Intermediários Financeiros ............................................................................ 11
Política Monetaria ......................................................................................... 12
Taxas de Juro ............................................................................................... 14
Estabilidade de Preços ................................................................................. 17
Análise económica e análise monetária ........................................................ 19
Conclusão ..................................................................................................... 21
Bibliografia / Webgrafia ................................................................................. 23

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Introdução

No âmbito da unidade curricular de Macroeconomia, foi-nos proposto a


realização de um trabalho de grupo sobre a Moeda e a Política Monetária, no qual
iremos abordar alguns pontos importantes do tema.

A metodologia utilizada para a realização deste trabalho foi a informação que


fomos explorando através do conjunto de páginas da internet bem como a exploração
de alguns livros da especialidade de Macroeconomia, tendo em conta o conteúdo
programático da unidade curricular referente ao tema.

Nos próximos pontos vamos começar por abordar a definição da moeda e das
funções que ela pode desempenhar nas sociedades atuais, seguindo-se uma breve
análise do papel da moeda e das vias de financiamento do investimento da economia e
a apresentação do sistema de intermediários financeiros. Numa segunda fase, iremos
abordar a política monetária, as taxas de juro e a análise económica e monetária.

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Definição e funções da moeda
Ao longo da história, as definições e o papel que a moeda tem desempenhado
têm refletido a própria evolução das sociedades humanas.

Nas sociedades mais antigas o mercado surge com a troca direta de bens – um
animal em troca de um saco de cereais, um vaso de barro em troca de uma peça de
tecido, … que naturalmente, se tornou impraticável quando a produção aumentou e o
mercado se alargou. Após esta situação, foi necessário recorrer a um instrumento para
o mercado funcionar sem qualquer prejuízo para nenhuma das partes: a moeda.

A introdução da moeda, começou então a ser o representante do valor da


mercadoria, permitindo assim que as trocas se desenvolvessem, e passa então a ser o
ativo utilizado para a realização das transações pois possui maior liquidez, isto é, tem a
capacidade de se converter rapidamente em poder de compra, e transformar-se em
mercadorias.

Ao ser colocada como intermediária das trocas, a moeda permite a separação


temporal entre o ato de compra e o de venda. O indivíduo não é obrigado a comprar
instantaneamente apenas pelo fato de ter vendido.

Em 1985, Portugal adere á atual União Europeia, mas na altura ainda


transacionava com o escudo. Com as diversas adesões que surgiram por parte de outros
países e o consequente alargamento da CEE foi necessário criar uma moeda única que
garantisse uma estabilidade económica, financeira e fosse a rampa de lançamento das
economias.

Em 1999 que foi criada essa moeda, o euro, mas a sua emissão só começou a
partir de 2002, passando a ser utilizada pelos países que tinham aderido à União
Europeia e assim o escudo passou a ser extinto.

Com esta troca, o Banco de Portugal deixou de poder emitir moeda passando
esse encargo para o Banco Central Europeu (BCE) e assim 1€ passa a corresponder a
200,482 escudos.

A adesão de Portugal na União Europeia na Zona Euro foi bastante vantajosa pois
fez com que a nossa economia melhorasse consideravelmente e consequentemente

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melhorasse a qualidade de vida da população portuguesa, mas em contrapartida, fez
com que houvesse um aumento do custo de vida.

Tipos de Moeda

• Moeda-mercadoria

Antes das transações com moedas as populações tinham a necessidade de se


recorrer a um bem específico (gado, azeite, vinho, metais…). Como tal, faziam as suas
trocas comerciais através da troca de mercadoria, designando-se como moeda-
mercadoria que tinha a desvantagem de ser difícil de se dividir, transportar e até
guardar, pois alguns alimentos poderiam estragar-se pois a sua validade era muito
reduzida. Em contrapartida, este tipo de moeda tinha algumas vantagens pois algumas
trocas permitiam a acumulação de poupanças pois não se estragavam.

Figura 1 – moeda-mercadoria

• Moeda-metálica

Após alguns anos das trocas comerciais serem feitas através da moeda-mercadoria
houve a necessidade de introduzir outros tipos de moeda como moeda-metálica. Esta,
foi produzida para padronizar as transações. Para esta conceção, recorreram ao ouro e

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á prata, pois eram muito raros ou escassos, tinham grande facilidade de transporte
devido ao seu tamanho apesar de grande valor, em termos de divisão não perdia valor
e não se alterava com o tempo e o uso.

A moeda-metálica passou por diversas fases como a moeda pesada, a moeda


contada e a moeda cunhada. A moeda pesada tinha algumas características pois tinha
peso e formas variáveis e assim definia o seu valor. A moeda contada, era contável e
tinha pesos para os determinados valores. A moeda cunhada também era uma moeda
que era contável, mas tinha a tinha a indicação do peso, que acabaria por indicar o seu
valor.

Figura 2 – moeda-metálica

• Moeda de papel

A moeda de papel deixa de ser procurada pelo seu valor próprio (o papel em si nada
vale…) mas sim pela possibilidade de ser trocada pelos bens que desejamos, reforçando
as possibilidades de transporte pois é mais leve e o desfasamento no tempo das
transações com novas formas de poupança. Esta, assume a mesma função da moeda
metálica, mas com características melhores pois é ainda mais leve e tem um valor
superior.

Dada esta situação, esta sofreu bastantes mutações, começando pela moeda
representativa, passando pela moeda fiduciária e chagando então ao Papel-moeda,
que atualmente é muito utilizada por todos nós.

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A moeda representativa, era de papel e tinha características próprias pois tinha
uma cobertura em ouro a 100%. O valor dela era igual ao valor dos depósitos em ouro
pois era transformável a qualquer momento.

A moeda fiduciária era também uma moeda de papel semelhante à moeda


representativa, mas tinha uma cobertura em ouro inferior a 100%, apesar de se poder
converter na mesma em ouro. O valor das notas que circulavam eram superiores aos
depósitos que eram efetuados, daí a sua cobertura ser inferior a 100%.

A última alteração foi a papel-moeda, que é utilizada por todos nós nos dias de
hoje. Com esta atualização, esta passa a ser de uso forçado e não se pode converter,
como ocorria nas anteriores. A emissão é feita através do Banco Central, mas é
controlada pelas autoridades monetárias.

Figura 3 – Papel-moeda

• Moeda escritural (ou bancária)

Numa época mais recente, com o desenvolvimento do mercado surgiu o


aparecimento das primeiras instituições com funções de intermediários financeiros, os
primeiros bancos.

Reforça-se assim, a função dos bancos e de todo o sistema financeiro, conduzindo


ao aparecimento de novas formas de moeda nos nossos dias em que os pagamentos são
efetuados por transferência bancária, através de cheques, de cartão de débito, de
crédito, entre outros. O aspeto físico da moeda perde relevância e ela define-se pelas

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funções especificas que desempenha assim como pelo papel institucional que continua
a ter numa base de garantia e confiança dos agentes económicos que atuam no sistema.

Assim, em termos funcionais, a moeda define-se pelas funções especificas que


desempenha e será qualquer bem que possa ser utilizado nas seguintes funções:

• Meio de pagamento – a moeda permite as transações entre os agentes


económicos no mercado de bens e serviços e a remuneração dos fatores
produtivos no processo de criação do rendimento nacional;
• Unidade de conta – a moeda é o padrão que permite medir os valores relativos
dos diferentes bens e serviços que se transacionam no mercado;
• Reserva de valor – a moeda permite desfasar as trocas no tempo, ou seja,
guardar uma parte do rendimento atual para o poder gastar no futuro,
possibilitando a formação de poupanças e a atribuição de créditos.

Simultaneamente, em termos institucionais, a moeda continua a ser um bem


económico mas com características bem específicas como a aceitabilidade geral e
disponibilidade, mas é, sobretudo, um ativo que constitui uma forma imediata de soltar
débito, que confere a quem o possui um direito sobre uma parte da produção global de
bens, direito esse que pode ser transmitido a outra pessoa ou entidade.

Moeda e financiamento da atividade económica

O saldo orçamental corrente, em que a poupança do estado será igual aos


impostos recebidos menos as transferências do estado para as famílias menos o
consumo do estado, verificamos que a igualdade entre a poupança e o investimento,
numa economia aberta ao exterior e com o Estado está, desde logo, dependente da
evolução do saldo orçamental corrente e das trocas comerciais com o exterior
(exportações).

Admitindo a situação hipotética de equilíbrio das contas públicas e das trocas


com o exterior, a igualdade entre a poupança e o investimento, ou seja, entre a

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capacidade e a necessidade de financiamento do investimento que se deseja realizar,
pode levantar algumas questões.

A primeira questão que se coloca prende-se o facto de a poupança ser a maioria


das vezes realizada por agentes, sendo a maioria pelas famílias, que só realizam
diretamente uma parte do investimento, (pois as famílias enquanto consumidores
finais, investem maioritariamente na habitação) e haver necessidade de canalizar as
poupanças de uns para os investimentos dos outros. Uma das formas mais simples de o
conseguir seria através do financiamento direto em que os agentes com capacidade de
financiamento, entregariam diretamente as suas poupanças aos investidores.

Taxa de poupança das


Anos
famílias

2012 10,2

2013 9,7

2014 6,9

2015 7,1

2016 7,1

2017 6,8

2018 Pro7,1

Figura 4 – taxa de poupança das famílias (%)

Naturalmente que, embora ainda seja possível encontrar exemplos de


financiamento direto, por exemplo os pais que canalizam as suas poupanças para os
filhos na aquisição de casa própria ou carro, também vemos muitas vezes anúncios nos
jornais a oferecerem crédito direto a quem necessitar. Estas situações não deixam de
ser formas de financiamento, apesar de serem pouco eficazes, com bastantes
dificuldades de aplicação geral e com riscos para os agentes envolvidos.

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Assim, a generalidade do financiamento de forma indireta, através da
intervenção dos intermediários financeiros que contribuem para uma maior eficiência
de todo o sistema, permitindo uma melhor gestão dos riscos e a canalização das
poupanças (de um ou mais agentes financiadores) para os investimentos que outros
pretendem realizar.

Mas uma segunda questão que se coloca quando se pretende garantir o


encontro com as capacidades e as necessidades de financiamento dos vários agentes.
As dificuldades podem surgir numa situação em que haja agentes com poupanças (que
se consideram dependentes do rendimento disponível) mas que não estejam dispostos
a confiá-las aos agentes investidores preferindo em vez disso guardá-las sob a forma de
entesouramento.

Assim, ficava reduzida a possibilidade de as poupanças financiarem os


investimentos, pois (e continuando, hipoteticamente, a admitir que as contas públicas
e com o exterior se mantêm equilibradas) agora uma parte das poupanças não é sequer
disponibilizada para financiamento.

Uma das formas de ultrapassar esta dificuldade será através do aumento da


moeda por uma entidade que tenha poder para tal, ou seja, uma autoridade monetária
(Governo ou Banco Central Europeu que emite a moeda que legalmente vigora num
país) ou mesmo os intermediários financeiros com poder para criar moeda, ou seja, os
bancos.

Intermediários financeiros

A principal função dos intermediários financeiros é conseguir o encontro entre


os agentes com capacidades de financiamento e os que necessitam de recorrer a
poupanças alheias para financiar a sua atividade. Recorrendo aos intermediários
financeiros consegue-se ultrapassar as dificuldades e riscos inerentes ao financiamento
direto, com vantagem para os agentes intervenientes e maior eficiência de todo o
sistema económico.

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Os intermediários financeiros não são todos do mesmo tipo e há que distinguir os dois
grupos fundamentais:

• Os intermediários financeiros monetários, ou sejam, os bancos que, como já


vimos têm capacidade de criar moeda e intervir ativamente no processo de
financiamento da atividade económica;

• Os intermediários financeiros não monetários que não podem criar moeda,


mas recebem poupanças dos agentes que neles confiam e depois fornecem
crédito a outros agentes essencialmente através da compra de títulos (ações e
obrigações) emitidas pelas empresas que necessitam de financiamento. Neste
segundo grupo estão incluídas as instituições financeiras investidoras no
mercado de títulos (os fundos de pensão da segurança social pública e os
fundos privados de pensões e ainda as companhias seguradoras) e as
companhias de financiamento.

Política Monetária

Tradicionalmente, a autoridade monetária de um país (incluindo Portugal) era


exercida pelo seu governo através de um banco central, único emissor de moeda legal
e executor da política monetária definida pelo governo.

O Banco de Portugal (BdP) foi criado por decreto em 1846, a partir de um banco
comercial (o banco de Lisboa, fundado em 1821) que se fundiu com a companhia de
confiança nacional. Desde a sua criação o banco de Portugal passou a ter um monopólio
da emissão de notas (monopólio que só começou a exercer em 1891).

Até 1974 o Banco de Portugal manteve-se em sociedade anónima, cumprindo


um contrato com o governo pelo qual, entre outras funções, deveria garantir o serviço
público de emissão de moeda e, sob orientação do ministro das finanças, executar a
política monetária, regular o funcionamento do mercado monetário e financiar o
sistema bancário.

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A política monetária é o instrumento de política económica responsável pela
quantidade de moeda em circulação, de crédito e das taxas de juro, controlando a
liquidez global do sistema económico.

O banco central europeu (BCE) e os bancos centrais europeus da zona euro, nos
quais estão incluídos o Banco de Portugal (BdP) constituem o Eurosistema. Este, o
Eurosistema, é o organismo com autoridade e está responsável pela implementação das
políticas monetárias de todos países da zona euro.

O principal objetivo desta política centra-se na conservação da estabilidade de


preços, isto é, na conservação do poder de compra da moeda (euro).

O Eurosistema, tem em apreço e apoia todas as políticas da União Europeia, que


se concentra em promover um elevado nível de emprego e de crescimento económico.

A política do Eurosistema é definida pelo conselho do Banco Central Europeu, no


qual é efetuada pela comissão executiva do BCE, mediante as diretivas emanadas pelo
conselho.

A oferta da moeda acontece a partir da liquidez dos ativos, ou seja, onde bens e
serviços são oferecidos e trocados por dinheiro, sendo sempre maior quando a
economia está mais saudável.

Em épocas de crescimento do PIB, a economia possui maior liquidez e nos


momentos de recessão ela é menor, por isso, o governo controla a oferta da moeda
equilibrando-se entre dois diferentes cenários. Sendo elas diferenciadas por política
expansionista e política contracionista.

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Na política monetária expansionista, o Banco Central aumenta a oferta da moeda
ao país e diminui as taxas de juros com o objetivo de crescer a economia e a expansão
do consumo. Com o objetivo concluído, a procura dos bens e serviços aumenta e com
as taxas de juro mais baixas, as empresas contraem mais empréstimos para assegurar a
procura. Se a oferta não for toda correspondida ocorre um aumento na inflação. Se a
oferta não for toda atendida, ocorre um aumento dos preços, ou seja, um aumento na
inflação.

Resumindo, a Política Monetária Expansionista tem como vantagem a expansão


da economia, no entanto, possuí a desvantagem de deixar país sujeito à inflação.

Pelo contrário, a política monetária contracionista consiste em reduzir a oferta da


moeda, aumentando assim as taxas de juro e reduzindo os investimentos no setor
privado. Essa modalidade da política monetária é aplicada quando a economia está a
sofrer uma alta inflação, com o objetivo de reduzir a procura agregada e
consequentemente o nível de preços.

Taxas de juro

As taxas de juro oficiais do Eurosistema são imprescindíveis para a condução da


política monetária e para sinalizar a respetiva orientação. Assim, o Eurosistema,
consegue controlar as taxas de juro de curto prazo, gerir a liquidez do mercado.

O Banco Central Europeu (BCE), inicia as operações de mercado aberto e decide o


instrumento a utilizar, os termos e condições para a sua execução. As taxas de juro
oficiais do Eurosistema são as taxas de juro aplicáveis às operações principais de
refinanciamento, as taxas de juro da facilidade permanente de cedência marginal de
liquidez e as taxas de juro da facilidade permanente de depósito.

Nas principais operações de refinanciamento, o objetivo é ceder liquidez à maior


parte do sistema financeiro com uma frequência semanal (1semana) através de leilões
realizados pelos bancos centrais nacionais.

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Nas operações de refinanciamento de prazo alargado, o objetivo é ceder liquidez à
maior parte do sistema financeiro por um prazo mais longo com uma frequência mensal
(3 meses) através de leilões realizados pelos bancos centrais nacionais.

Já nas operações ocasionais de regularização (fine-tuning), o objetivo centra-se na


gestão da liquidez do mercado e no controlo das taxas de juro, e pode comportar-se
através da absorção ou cedência de liquidez. São realizados leiloes pelos bancos centrais
nacionais, mas em situações excecionais, podem ser realizadas operações bilaterais pelo
BCE.

Nas operações estruturais, o objetivo é alterar a posição estrutural de liquidez do


Eurosistema e pode comportar-se através de absorção ou cedência de liquidez. Estas
operações centram-se na emissão de certificados de dívida do Banco Central Europeu
através de leilões realizados pelos bancos centrais nacionais.

• Taxa de juro da facilidade permanente de cedência


marginal de liquidez

A taxa de juro da facilidade permanente de cedência marginal de liquidez é a taxa à


qual os bancos podem contrair empréstimos junto do BCE pelo prazo overnight (com
um custo superior ao dos empréstimos por uma semana)

• Taxa de juro da facilidade permanente de depósito

A taxa de juro da facilidade permanente de depósito estabelece os juros que os


bancos recebem ou pagam, em períodos de taxas de juro negativas pelos depósitos
realizados junto do BCE pelo prazo overnight (negociações fora de horas).

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Estas taxas de juro, têm um papel decisivo na formação nas de curto prazo, como a
EURIBOR, a €STR e a EONIA.

EURIBOR
As taxas EURIBOR (Euro Interbank Offered Rate) são as taxas de juro para prazos
compreendidos entre uma semana e um ano. Estas são uma referência para os créditos
habitação com taxa de juro variável. Se esta taxa baixar, a prestação do crédito
habitação será mais baixa, ficando o rendimento do cliente mais alto e
consequentemente este terá mais para gastar no consumo.

Estas, são calculadas diariamente com média das contribuições diárias de um


conjunto de bancos de referência do mercado monetário do euro e também pode ser
influenciada por fatores externos como o crescimento económico e o nível da inflação.

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€STR
A €STR (Euro Short Term Rate) é uma taxa de juro de referência do mercado
monetário do euro e é considerada uma taxa de juro sem risco.

A €STR é apoiada em transações diárias de aquisição de fundos no mercado


monetário sem garantia do euro, no prazo overnight (fora de horas), sendo as
transações efetuadas não só no mercado interbancário, mas também junto de outras
entidades financeiras que não bancos, como seguradoras, fundos de pensões, fundos
do mercado monetário, entre outras.

EONIA
A EONIA (Euro Overnight Index Average), é uma taxa de juro que vai ser suspensa
no final de 2021, tomando o seu lugar a taxa €STR.

Esta, resulta da média das taxas de juro efetivas das operações de concessão de crédito
sem garantia efetuadas no mercado interbancário do euro fora de horas, até 30 de
setembro de 2019.

É apurada com base nas contribuições diárias de um conjunto de bancos de referência


do mercado monetário do euro.

Por vezes, quando as decisões de taxas de juro não são suficientes para atingir o
objetivo primordial de estabilidade de preços, é necessário o Eurosistema definir e
implementar medidas não convencionais de política monetária, como por exemplo os
programas de compra de ativos.

Estabilidade de preços

Para atingir a estabilidade de preços é necessário controlar das taxas de juro. Para
tal, o Conselho do BCE é que define as taxas de juro oficiais do Eurosistema, isto é, as
taxas de juro a que o Eurosistema vai ceder liquidez ao aos bancos e também recebe
liquidez do sistema bancário. Para tal, o Eurosistema utiliza os instrumentos de mercado
aberto, as capacidades permanentes e a imposição às instituições de crédito de
constituição de reservas mínimas.
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O Conselho do Banco Central Europeu determinou a estabilidade de preços como
um aumento equivalente do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) para
a área do euro inferior a 2%.

Estes 2%, proporcionam uma margem de segurança suficiente contra a deflação, isto
é, contra a descida universalizada dos preços e assim será considerada prejudicial para
o bem-estar dos cidadãos. Esta margem é igualmente importante para acomodar
diferenciais de inflação dentro da área do euro, bem como eventuais desfasamentos no
cálculo do IHPC.

A estabilidade de preços contribui para que ocorra um crescimento sustentável, o


bem-estar económico e a criação de emprego pois:

• Permite aos agentes económicos (cidadãos e empresas) tomarem decisões de


consumo e investimento que são mais adequadas pois reduz a incerteza quanto
à evolução geral dos preços;
• reduzirá o risco de inflação (a remuneração adicional) das taxas de juro,
contribuindo para a eficácia dos mercados de capitais na afetação de recursos e
assim aumentam os incentivos ao investimento;
• evita que os agentes económicos (indivíduos e as empresas) desperdicem
recursos para se protegerem contra a inflação ou a deflação;
• redução da deformação nos sistemas fiscais e de segurança social;
• evita a distribuição injusta da riqueza e dos rendimentos;
• contribui para a estabilidade financeira.

Para tomar decisões de política monetária, o Conselho do BCE tem em conta duas
componentes da denominada “estratégia de política monetária” que são:

• a definição quantitativa de estabilidade de preços;


• a análise económica e a análise monetária dos riscos para a estabilidade de
preços.

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A alteração das taxas de juro oficiais, dependem das decisões de política
monetária ao nível dos preços e assim são formados pela cadeia de causa e efeito.

Análise económica e análise monetária

As decisões de política monetária tomadas pelo Conselho do BCE assentam-se


numa avaliação dos riscos para a estabilidade de preços que têm dois focos que se
completam: a análise económica e a análise monetária.
A análise económica tem como principal função identificar os riscos de curto e
médio prazo na estabilidade de preços e concentra-se na avaliação da atividade real
e das condições financeiras da economia, incluindo a elaboração de projeções
económicas.
Já a análise monetária tem como objetivo avaliar as tendências de médio e longo
prazo da inflação, tendo em conta a estreita relação no longo prazo entre a
quantidade de moeda e os níveis de preços. A análise monetária permite

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complementar, numa perspetiva de médio e longo prazo, as indicações de curto e
médio prazo fornecidas pela análise económica.

As decisões de política monetária que afetam a economia e o nível de preços em


particular é chamado por “mecanismo de transmissão da política monetária”. Os canais
de transmissão são ligações individuais através das quais os impulsos de política
monetária se organizam.

O processo dinâmico ilustrado acima envolve diversos mecanismos e atuações


dos agentes económicos nas várias etapas do processo. Em resultado, as medidas
de política monetária demoram um tempo a afetar a evolução dos preços. Além
disso, as dimensões dos diferentes efeitos podem alterar de acordo com o estado
da economia e com a evolução das expetativas dos agentes (famílias e empresas), o
que torna complicado calcular o seu impacto.

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Conclusão
Com a realização deste trabalho, aperfeiçoamos os conhecimentos da Moeda e
Política Monetária. Inicialmente, as trocas comerciais eram transacionadas através da
troca de mercadorias, mas foi necessário introduzir uma ferramenta importante para
que não prejudicar nenhuma das partes intervenientes nas trocas comerciais, a moeda.

Esta, sofreu ao longo dos tempos algumas mudanças, começando pelas moeda-
mercadoria, passando para a moeda-metálica, a moeda-papel e a moeda escritural/
bancária que ainda se encontra em curso.

A política monetária constitui um conjunto de decisões tomadas pelo banco de


Portugal para influenciar as taxas de juro e disponibilidade de moeda em circulação pois
o seu objetivo é afetar o consumo e o investimento.

Na união europeia 19 países adotaram o euro e unificaram a sua política


monetária criando o Eurosistema. A autoridade monetária da área do euro integra o
banco central europeu e os bancos centrais desses países. O Eurosistema orienta-se pela
manutenção da estabilidade de preços, ou seja, atua tendo em vista um aumento anual
inferior, mas próximo de 2% dos preços pagos pelos consumidores de bens e serviços
na área do euro.

As decisões de política monetária no Eurosistema são tomadas pelo conselho do


BCE, formando pelos membros da comissão executiva e pelos governadores dos bancos
centrais dos estados membros da área do euro. Este grupo inclui o governador do banco
de Portugal, embora o processo de decisão seja centralizado, a política monetária é
implementada de forma descentralizada pelos bancos centrais em cada um dos países
da área do euro de acordo com regras comuns.

O conselho do BCE decide com base numa análise económica e monetária, qual
o nível das taxas de juro do curto prazo necessário para manter a estabilidade de preços
e desta forma procura influenciar as condições no mercado monetário e as taxas de juro
praticadas pelos bancos nos depósitos e nas operações de crédito. Para tal, os bancos
centrais do Eurosistema, tem à sua disposição um conjunto de instrumentos para ceder
ou absorver liquidez do sistema financeiro, como por exemplo, o caso das operações de

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mercado aberto, das facilidades permanentes de depósito e de cedência das reservas
mínimas obrigatórias.

Nas operações de cedência de liquidez o Eurosistema requer que os bancos


apresentem ativos de garantia adequados e suficientes. Em situações excecionais para
se evitar um desvio face ao objetivo de estabilidade de preço definido, o Eurosistema,
pode decidir estender a sua atuação e introduzir medidas não convencionais de política
monetária, como por exemplo, o caso das operações de cedência de liquidez a médio e
longo prazo e dos programas de compra de ativos.

No território Português as decisões de política monetárias são implementadas


pelo banco de Portugal (BdP) que interage diretamente com as instituições autorizadas
a participar nas operações de política monetária e para cumprir esse papel de forma
eficiente o banco de Portugal desempenha múltiplas funções como o aconselhamento
do governador na tomada de decisão no Conselho do BCE, na execução de operações
de política monetária, na verificação do cumprimento dos critérios definidos para as
instituições terem acesso ás operações de política monetária. Para além disso avalia a
elegibilidade dos ativos de garantia para as operações de cedência de liquidez, controla
o cumprimento de reservas mínimas, prevê diariamente as necessidades de liquidez do
sistema bancário doméstico e acompanha os efeitos das decisões de política monetária
sobre o sistema bancário nacional.

Desta forma o banco de Portugal participa ativamente na implementação das


medidas convencionais e não convencionais de política monetária do Eurosistema e
contribui diretamente para o objetivo definido de estabilidade de preços na área do
euro e para o bem-estar dos seus habitantes.

Em suma, a realização deste trabalho permitiu-nos uma melhor compreensão de


tudo o que está relacionado com a moeda e a política monetária, utilizando os
conhecimentos adquiridos nas aulas e no estudo da disciplina de macroeconomia. Alem
disso, percebemos tudo o que está na envolvência da moeda sendo ela um grande
influenciador da evolução da economia.

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Bibliografia / Webgrafia

• https://www.bportugal.pt/page/o-que-e-e-como-funciona?mlid=878
• https://economipedia.com/definiciones/politica-monetaria.html
• https://enciclopediaeconomica.com/politica-monetaria/
• https://www.bportugal.pt/page/taxas-de-juro-oficiais-do-eurosistema-pol-
mon?mlid=1046
• https://www.bportugal.pt/page/sistemas-de-informacao-pol-
mon?mlid=884
• https://www.bportugal.pt/page/programas-de-compra-de-ativos-do-
eurosistema-pol-mon?mlid=887
• https://www.researchgate.net/publication/320536322_Macroeconomia_T
eoria_e_Pratica_Simplificada
• https://dhg1h5j42swfq.cloudfront.net/2016/01/13084224/Intro_%C3%A0_
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• https://pt.scribd.com/doc/94127415/introducao-a-macroeconomia-resumo
• Joseph E. Stiglitz e Carl E. Walsh, Joseph E. Stiglitz e Carl E. Walsh, (2003),
Introdução à Macroeconomia (3ª Edição), Lisboa Editora Campus
• Louçã, Francisco; Amaral, João Ferreira do; Ferreira, Cândida;
Santos, Susana; Fontaínha, Elsa e Caetano, Gonçalo (2007), Introdução à
Macroeconomia, Escolar Editora

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