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INTERNACIONAIS
E CÂMBIO
Moeda, taxas
de juros e taxas
de câmbio
Felipe José Geromim dos Reis
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Importantes decisões na economia são tomadas com base na política monetária.
As autoridades monetárias têm responsabilidade sobre a oferta de moeda,
a taxa de juros e a taxa de câmbio, instrumentos essenciais que influenciam
todo o cenário econômico nacional. Contudo, todos esses instrumentos não
podem ser entendidos sem que antes sejam compreendidos o conceito de
moeda e as bases principais de seu uso na sociedade.
Cientes do papel da moeda na economia, podemos compreender como a
oferta de moeda é um importante instrumento da atividade econômica e como
os choques monetários têm efeitos em outras variáveis, como a taxa de juros
e a taxa de câmbio.
2 Moeda, taxas de juros e taxas de câmbio
Neste capítulo, você vai conhecer a definição de moeda, além das suas
funções. Além disso, vamos refletir sobre o equilíbrio monetário, abordando
a diferença entre o longo e o curto prazo na macroeconomia. Por fim, serão
discutidas as interdependências entre a política monetária, a taxa de juros,
o nível de preços e a taxa de câmbio no longo prazo.
Assim, Assaf Neto (2008, p. 9) define a moeda como “um meio de paga-
mento legalmente utilizado para realizar transações com bens e serviços”.
De forma similar, Mankiw (2015b, p. 58) afirma que a “moeda significa um
estoque de ativos que podem ser prontamente utilizados para realizar tran-
sações”. Froyen (1999, p. 395) complementa ao dizer que “moeda é tudo aquilo
que realiza funções monetárias”.
As funções monetárias são elencadas em três categorias, descritas a
seguir, conforme Gremaud et al. (2008) e Krugman, Obstfeld e Melitz (2015).
A oferta de moeda
Ciente da importância da moeda nos sistemas econômicos dos países, você
provavelmente deve pensar que a emissão desse instrumento deve ser feita
de forma centralizada e coordenada. Por isso, a oferta de moeda — ou seja,
a quantidade de moeda disponível na economia — é feita pelos bancos centrais
(BCs) dos países. O controle da oferta de moeda passa desde a impressão de
novas cédulas de dinheiro até o controle indireto sobre os depósitos à vista
feitos nos bancos privados.
Os BCs dos países podem ter seus próprios nomes e serem, assim,
mais facilmente reconhecidos. Por exemplo: quando alguém se refere
ao Federal Reserve, ou simplesmente Fed, sabe-se que se trata do Banco Central
do Estados Unidos. De forma análoga, isso também vale para o Bundesbank,
na Alemanha, e para o Nippon Ginko, no Japão. No Brasil, o BC também pode ser
reconhecido simplesmente por Bacen.
Taxa
de juros
Oferta de moeda
r1
Taxa de juros
de equilíbrio
r2 Demanda
por moeda
[...] o mercado sempre se move para uma taxa de juros na qual a oferta de moeda
real seja igual à demanda por moeda real. Se houver inicialmente um excesso de
oferta de moeda, a taxa de juros diminuirá, e, se houver inicialmente um excesso
de demanda, a taxa de juros aumentará.
Vimos o que ocorre quando a oferta de moeda é fixada pelo BC, mas
você pode estar se perguntando o que acontece se, por qualquer motivo,
o BC resolver modificar a oferta de moeda. A Figura 2 mostra o efeito de um
aumento na oferta de moeda pelo BC.
10 Moeda, taxas de juros e taxas de câmbio
Taxa de
juros, R Oferta
de moeda
Aumento na oferta
de moeda
R1 1
2
R2 Demanda por
moeda
M1 M2 Quantidade
de moeda
Taxa de
juros, R
Oferta de moeda
Redução na oferta
de moeda
R1 1
2
R2
Demanda por
moeda
M1 M2 Quantidade
de moeda
[...] diferença básica entre curto e longo prazo está no comportamento dos pre-
ços, e não no tempo cronológico. Assim, o curto prazo pode ser considerado um
período de tempo no qual alguns preços (principalmente os salários) são rígidos
e não respondem a alterações da oferta e demanda agregadas. Já no longo prazo,
os preços são flexíveis e podem responder a alterações de política econômica.
A partir dessas definições, você pode considerar que não existe um perí-
odo determinado de tempo cronológico (p. ex., um ano) em que seja possível
separar o curto do longo prazo.
Com isso em mente, veja a equação abaixo, apresentada por Krugman,
Obsteld e Melitz (2015):
= ( , )
onde:
MS = oferta de moeda;
P = nível geral de preços;
L = demanda por moeda;
R = taxa de juros;
Y = nível de produção (ou renda).
=
( , )
Moeda, taxas de juros e taxas de câmbio 13
Diante do que foi exposto, você já pode concluir que um aumento na oferta
de moeda pode aumentar o nível de preços e, consequentemente, causar
desvalorização do dinheiro, o que chamamos de “inflação”.
Agora que você já sabe como a oferta de moeda interfere no nível de preços,
vamos relacionar o preço da moeda com a taxa de câmbio no longo prazo.
Você pode considerar que o preço da moeda estrangeira em moeda nacional
é um dos inúmeros preços que temos na economia (p. ex., no caso hipotético
de US$ 1,00 custar R$ 5,00). Sendo um “preço”, a moeda estrangeira também
é afetada após modificações permanentes na oferta de moeda. Assim, para
Krugman, Obstfeld e Melitz (2015), um aumento na oferta de moeda nacional
causa um aumento no preço da moeda estrangeira, ou seja, um aumento na
oferta de moeda causa uma depreciação da moeda nacional em relação às
moedas estrangeiras. De forma inversa, pode-se afirmar que uma queda na
oferta de moeda nacional proporciona uma valorização da moeda em relação
às divisas, o que é o mesmo que dizer que a queda na oferta de moeda causa
uma queda na taxa de câmbio.
14 Moeda, taxas de juros e taxas de câmbio
Taxa de câmbio
real/dólar, ER/U ER/U
Retorno Retorno
2’ em reais 2’ em reais
E2
R/U
E2
R/U
Retorno Retorno
3’ esperado E3R/U 4’ esperado
em dólar em dólar
E1R/U 1’
Taxas de
0 retorno 0
R2$ R1$ R2$ R1$
(em reais)
Demanda Demanda
M1R por moeda M2R por moeda
P 1R 1 P 2R 4 Oferta de moeda
M 2
M2R brasileira
R
P 1
R
2 P 1R 2
Referências
ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
BARBOZA, R. M. Taxa de juros e mecanismos de transmissão da política monetária no
Brasil. Brazilian Journal of Political Economy, v. 35, n. 1, p. 133-155, 2015.
CARVALHO, F. J. C. et al. Economia monetária e financeira: teoria e política. Rio de
Janeiro: Campus, 2007.
FROYEN, R. T. Macroeconomia. São Paulo: Saraiva, 1999.
GREMAUD, A. P. et al. Sistema monetário: oferta e demanda de moeda. In: LOPES, L.
M.; VASCONCELLOS, M. A. S. (org.). Manual de macroeconomia: básico e intermediário.
3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 59-105.
KEYNES, J. M. The general theory of employment, interest and money. London: Palgrave
Macmillan, 2007.
KRUGMAN, P. R.; OBSTFELD, M. Economia internacional: teoria e política. 6. ed. São
Paulo: Pearson, 2005.
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LEANDRO, D. et al. Política monetária e taxa básica de juros no Brasil: Uma análise
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Sociais, v. 23, n. 47, p. 126-146, 2021.
MANKIW, N. G. Introdução à economia. 6. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015a.
MANKIW, N. G. Macroeconomia. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015b.