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Comércio e Moeda
A moeda
Noção
Funções da Moeda
As pessoas podem ser levadas a reservar moeda por diversos motivos, entre os quais se
destaca:
As trocas começaram por se realizar com bens naturais, o que consistia na troca de um
bem por outro. Estabelecia-se, de comum acordo, uma proporção entre os dois bens a
trocar. Era uma economia de troca directa mas que tinha alguns inconvenientes, pois
era necessário que existissem duas pessoas, uma a querer o bem da outra para trocar,
havia a impossibilidade de determinar o valor de uma mercadoria em relação a todas as
outras e a necessidade de atribuir o mesmo valor aos bens a trocar ou de arranjar outros
bens para compensar a diferença de valores, devido ao problema da indivisibilidade dos
bens.
Logo este sistema de troca foi progressivamente abandonado surgindo então o sistema de
troca indirecta, ou seja, a troca em que a unidade de valor de uma dada mercadoria era
aceite e reconhecida por toda a comunidade (moeda-mercadoria) – por exemplo as
conchas na África, o chá no Tibete, cabeças de gado dos pastores, etc.
Mas também este sistema trouxe inconvenientes e o desenvolvimento das trocas acabou
por favorecer o recurso à troca monetária – existe um bem intermediário, a moeda, que
serve de medida de valor a todos os outros bens, em duas operações sucessivas, a
compra, que consiste na entrega de moeda em troca do bem pretendido, e a venda, que
consiste na entrega de um bem em troca de moeda.
A moeda funciona como um denominador comum para determinar o valor dos bens
existentes no mercado, expressos por um preço em unidades monetárias. Primeiramente,
eram utilizados o ouro e a prata para as moedas, surgindo a moeda-pesada – em que se
pesava o metal para verificar a sua pureza e proceder a troca, o que se tornava um
processo moroso, que dificultava a transacção.
Nos nossos dias, estas moedas não têm curso legal, não existem em circulação moedas
feitas destes metais, mas ainda desempenham um papel importante no entesouramento e
nos pagamentos internacionais.
A existência de moeda metálica reduz-se, hoje, à moeda de trocos ou divisionária, que é
utilizada no pagamento de pequenas quantias. Esta tem um valor real (valor comercial)
muito inferior ao valor nominal (valor facial). Mas a par destas moedas surgiu a moeda
de papel (notas de banco).
Desde a Antiguidade que os particulares podiam depositar no Banco ouro e/ou prata,
recebendo em troca um documento comprovativo desse depósito – moeda
representativa. Era aceite pela comunidade como forma de pagamento pois havia
confiança no banco emissor do documento e sabia-se que em qualquer momento podia
ser trocado por moeda-metálica no banco, designava-se então por moeda fiduciária.
Mas, em situações de crise, havia uma corrida aos bancos para efectuar o reembolso do
papel. Isso trazia consequências graves para a economia, pelo que o Estado decidiu
intervir instituindo o curso forçado, ou seja, converteu a moeda de papel em papel-
moeda, a aceitação do documento era obrigatória e a confiança na moeda é imposta pelo
Estado.
O conjunto dos saldos credores dos agentes económicos não bancários (famílias,
empresas, Administração Pública, etc.) constitui a moeda escritural. A utilização desta
moeda faz-se nomeadamente através de cheques, ordens de transferência, créditos, etc.
Os pagamentos em moeda escritural realizam-se apenas mediante a movimentação das
contas que os clientes possuem nos Bancos.
Através das operações de crédito realizadas pelos Bancos, a moeda escritural permite
aumentar a quantidade de moeda existente na economia, isto é, dá-se a criação de moeda
pelo sistema bancário. Assiste-se a uma desmaterialização da moeda visto que o seu
valor nominal ser muito maior que o seu valor real. A moeda representa apenas o valor
nela inscrito. A desmaterialização da moeda acentuou-se com as formas actuais de moeda
como os cartões electrónicos (Multibanco, Visa, etc.) sendo a moeda electrónica e a
moeda informática, quando podemos efectuar transacções através de um computador,
efectuando os negócios de uma forma muito mais eficaz.
A necessidade de uma união monetária europeia surgiu no século XIX, sob o Segundo
Império. Napoleão III, em 1865, adoptou a iniciativa de uma reunião monetária cujo
objectivo era reunir diversos países da Europa que pudessem manter um sistema
monetário comum. Isso resultou num acordo, a Convenção de Paris, que reuniu França,
Bélgica, Suíça e Itália. Essa convenção recebeu outras adesões: a Espanha e Grécia, em
1868, e a Finlândia, em 1877. Os grandes conflitos do início do século XX, entretanto,
constituíram um golpe fatal para essa união monetária.
Só mais tarde, através do Acto Único Europeu, de 1986, e do Tratado da União Europeia
(Tratado de Maastricht), em 1992, puderam ser estabelecidas as bases para a introdução
da moeda única. Para a moeda europeia se tornar realidade, foi preciso a manifestação de
uma extraordinária vontade política de doze dos quinze países da União Europeia e dos
seus dirigentes. Inglaterra, Suécia e Dinamarca permanecem, por enquanto, fora da zona
do Euro.
Vantagens Desvantagens
- Facilita a comparação dos preços dos - Sobrecarga de informação para o
produtos nos vários países; consumidor final devido à dupla fixação de
Assegura a transparência dos mercados; preços na fase transitória;
O Crédito
Noção
Com efeito, elevadas taxas de juro dos depósitos (operações passivas) poderão constituir
um incentivo à elevação da poupança dos particulares (por contenção do consumo). Mas,
por outro lado, taxas de juro elevadas para os empréstimos (operações activas) poderão
também conduzir a uma retracção da actividade económica, já que aumenta a parcela dos
encargos financeiros nos custos das empresas.
Este aumento poderá provocar um efeito inflacionista se os empresários repercutirem os
acréscimos de custos, resultantes do agravamento dos encargos financeiros, nos preços
praticados pelas empresas.
Por sua vez, uma descida da taxa de juro pode ser posta em prática, tendo em vista
aumentar a procura e, consequentemente, o investimento. Assim, a manipulação das taxas
de juro terá que ser reflexo da política económica global definida.
A fixação das taxas de juro é um acto de grande responsabilidade pois do seu valor
dependerá o acesso ao crédito e o incremento da actividade produtiva.
Tipos de Crédito
No que respeita à sua origem, podemos classificar o crédito em crédito interno, quando
o beneficiário e o credor residem no mesmo país e crédito externo, quando o
beneficiário e o credor são unidades institucionais residentes em países diferentes.
Preços
Elementos do preço
Outros elementos:
A Inflação
Noção
O fenómeno da inflação é, de uma maneira geral, conhecido por todos e faz parte das
preocupações do cidadão comum. Não só nos vários meios de comunicação social, como
também nas conversas do dia-a-dia, a cada passo deparamo-nos com referências a este
fenómeno. A subida dos preços dos bens e serviços reflecte-se no quotidiano de todos
nós. Mas, a inflação não se pode confundir com uma subida acidental dos preços dos
bens e serviços como a verificada nos preços dos bens agrícolas fora da época própria
para a sua produção. Também o aumento da procura de certos bens em determinados
períodos do ano pode originar uma subida acidental dos preços. É o que acontece, por
exemplo, na época do Natal.
Assim, podemos definir inflação com sendo um fenómeno que se caracteriza pelo
aumento generalizado do preço dos bens e serviços de uma dada economia, de forma
contínua.
Causas da Inflação
Aumento da procura
Se a procura de bens e serviços for superior à oferta verifica-se uma subida dos preços
pois a oferta tornou-se escassa, exercendo pressão sobre os preços.
Práticas de açambarcamento
O açambarcamento de alguns bens por parte dos produtores ou dos distribuidores origina
uma escassez desses bens no mercado e, consequentemente, a subida dos respectivos
preços.
Consequências da Inflação
Redução do investimento
A inflação cria insegurança e desequilíbrio. Os empresários tendem a retrair as decisões
de investimento uma vez que se torna difícil prever os custos.
A medida da inflação
I1/0= P1 x 100, aplicando a fórmula aos valores apresentados I1/0= 60 x 100 (=) I1/0=150
P0 40
O índice particular obtido (150) permite-nos concluir que o preço de cada litro de leite
aumentou 50% entre 2000 e 2005.
Em Portugal é o Instituto Nacional de Estatística (INE) a instituição que tem a seu cargo
a elaboração do IPC. Parara a sua determinação procede-se à realização de inquéritos, a
fim de saber qual a percentagem do orçamento familiar que, em média, cada agregado
familiar atribui às diversas rubricas do consumo. Estas rubricas constituem um cabaz de
bens e serviços considerados representativos do consumo de uma família média e com
importância no respectivo orçamento familiar. É com base nas variações de preços deste
cabaz de bens e serviços que se determinam as variações do índice de preços no
consumidor em relação a um ano-base.
Taxa de inflação
Passemos a outro exemplo. Se um cabaz de bens e serviços custava, no ano 2004, 800
euros e, no ano 2005, 880 euros, o IPC em relação ao ano-base seria calculado da
seguinte forma:
I05/04 = 880 x 100 = 110
800
Neste exemplo, o IPC passou de 100 (ano-base) para 110, pelo que podemos concluir que
em 2005, com 880 euros, compravam-se os mesmos bens e serviços que no ano anterior
se adquiria com 800 euros. O índice de preços no consumidor tal como a taxa de inflação
revela o aumento do custo de vida da população, sendo por isso considerados,
equivalentes.
A taxa de inflação pode ser medida de várias formas que nos permitem ter perspectivas
diferentes da evolução dos preços:
Taxa de inflação mensal – Mede a evolução dos preços entre um determinado mês e o
mês seguinte, dentro do mesmo ano. Por exemplo, a taxa de inflação de Dezembro de
2006 mede a evolução entre Novembro de 2006e Dezembro de 2006.
Taxa de inflação homóloga – Compara um mês com o mês homólogo do ano anterior.
Por exemplo, a taxa de inflação homóloga referente a Maio de 2006 mede a variação dos
preços entre Maio de 2005 e Maio de 2006. Deve ser analisada com atenção uma vez que,
o facto de ser construída apenas sobre duas observações torna-a muito volátil.
Taxa média de inflação – Mede a evolução dos preços nos últimos 12 meses. Esta taxa
corresponde à média das 12 últimas taxas homólogas. Assim, a taxa média de inflação em
Agosto de 2006 traduz a média das taxas homólogas entre Agosto de 2005e Agosto de
2006. É fiável já que mede a linha de fundo da evolução dos preços.