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Tema 6

Comércio e Moeda
A moeda

Noção

A dinâmica que a actividade comercial tomou e a multiplicidade de produtos a trocar


exigiu o aparecimento de um bem que servisse para medir o valor de todos os outros,
facilitando e permitindo, assim, o desenvolvimento das trocas. O desenvolvimento da
actividade produtiva exigiu a criação da moeda. A moeda é, portanto, um bem de
aceitação generalizada que se utiliza como intermediário nas trocas, isto é, em todos os
actos de compra e de venda de bens e serviços. A moeda surge, assim, como um bem que
todos os indivíduos aceitam sem contestação e que é utilizada para medir o valor de todos
os bens e serviços.

Funções da Moeda

A moeda tem as seguintes funções na actividade económica:

- Medida de valor (unidade de medida): É através da moeda que se expressam os


valores dos bens e dos serviços, permitindo comparar o valor entre estes que se
transaccionam no mercado.

- Meio de Pagamento: A moeda é um instrumento universal de aquisição de bens


e serviços, isto é, serve de intermediária nos actos de compra e venda. A moeda
permite também liquidar imediata e definitivamente as dividas.

- Reserva de Valor: A moeda pode ser retida, ou seja, a moeda permite a


poupança, não se tornando imprescindível a sua utilização imediata, podendo os
seus possuidores, pelos mais diversos motivos, optar por conservá-la durante
algum tempo e utilizá-la futuramente.

Porque razão se reserva moeda?

As pessoas podem ser levadas a reservar moeda por diversos motivos, entre os quais se
destaca:

- Motivo de transacção – Reserva monetária para realizar despesas

- Motivo de precaução – Fazer face a riscos e imprevistos futuros


- Motivo de especulação – Expectativas de ganhos decorrentes de previsões
sobre o comportamento provável das taxas de juro, preços, etc, que poderão
permitir negócios especulativos.

Evolução da Moeda e Tipos de Moeda

As trocas começaram por se realizar com bens naturais, o que consistia na troca de um
bem por outro. Estabelecia-se, de comum acordo, uma proporção entre os dois bens a
trocar. Era uma economia de troca directa mas que tinha alguns inconvenientes, pois
era necessário que existissem duas pessoas, uma a querer o bem da outra para trocar,
havia a impossibilidade de determinar o valor de uma mercadoria em relação a todas as
outras e a necessidade de atribuir o mesmo valor aos bens a trocar ou de arranjar outros
bens para compensar a diferença de valores, devido ao problema da indivisibilidade dos
bens.

Logo este sistema de troca foi progressivamente abandonado surgindo então o sistema de
troca indirecta, ou seja, a troca em que a unidade de valor de uma dada mercadoria era
aceite e reconhecida por toda a comunidade (moeda-mercadoria) – por exemplo as
conchas na África, o chá no Tibete, cabeças de gado dos pastores, etc.

Mas também este sistema trouxe inconvenientes e o desenvolvimento das trocas acabou
por favorecer o recurso à troca monetária – existe um bem intermediário, a moeda, que
serve de medida de valor a todos os outros bens, em duas operações sucessivas, a
compra, que consiste na entrega de moeda em troca do bem pretendido, e a venda, que
consiste na entrega de um bem em troca de moeda.

A moeda funciona como um denominador comum para determinar o valor dos bens
existentes no mercado, expressos por um preço em unidades monetárias. Primeiramente,
eram utilizados o ouro e a prata para as moedas, surgindo a moeda-pesada – em que se
pesava o metal para verificar a sua pureza e proceder a troca, o que se tornava um
processo moroso, que dificultava a transacção.

Depois surge a moeda-metálica – também de metal mas com a indicação do peso e do


título do metal precioso. As peças metálicas passaram a ser autenticadas pelas
autoridades religiosas, para garantir o seu valor e passou a ser então moeda-cunhada.
Era o sistema do bimetalismo que fez surgir dificuldades devido ao recurso simultâneo do
ouro e da prata, pois a moeda de ouro era entesourada devido ao facto do seu valor
comercial ser mais alto do que o seu valor nominal. Caminhou-se então para o
monometalismo, ou seja, para o metal menos apreciado.

Nos nossos dias, estas moedas não têm curso legal, não existem em circulação moedas
feitas destes metais, mas ainda desempenham um papel importante no entesouramento e
nos pagamentos internacionais.
A existência de moeda metálica reduz-se, hoje, à moeda de trocos ou divisionária, que é
utilizada no pagamento de pequenas quantias. Esta tem um valor real (valor comercial)
muito inferior ao valor nominal (valor facial). Mas a par destas moedas surgiu a moeda
de papel (notas de banco).

Desde a Antiguidade que os particulares podiam depositar no Banco ouro e/ou prata,
recebendo em troca um documento comprovativo desse depósito – moeda
representativa. Era aceite pela comunidade como forma de pagamento pois havia
confiança no banco emissor do documento e sabia-se que em qualquer momento podia
ser trocado por moeda-metálica no banco, designava-se então por moeda fiduciária.
Mas, em situações de crise, havia uma corrida aos bancos para efectuar o reembolso do
papel. Isso trazia consequências graves para a economia, pelo que o Estado decidiu
intervir instituindo o curso forçado, ou seja, converteu a moeda de papel em papel-
moeda, a aceitação do documento era obrigatória e a confiança na moeda é imposta pelo
Estado.

No século XIX, com o desenvolvimento da indústria e da actividade bancária, surgiu uma


nova moeda, a moeda escritural. Esta é constituída por depósitos bancários, ou melhor
dizendo, pelos saldos credores das contas correntes dos particulares dos Bancos. Assim,
por exemplo, se um particular faz um depósito ou levantamento no Banco, o seu
montante é inscrito, respectivamente, a crédito e a débito da conta aberta em seu nome.

O conjunto dos saldos credores dos agentes económicos não bancários (famílias,
empresas, Administração Pública, etc.) constitui a moeda escritural. A utilização desta
moeda faz-se nomeadamente através de cheques, ordens de transferência, créditos, etc.
Os pagamentos em moeda escritural realizam-se apenas mediante a movimentação das
contas que os clientes possuem nos Bancos.

Através das operações de crédito realizadas pelos Bancos, a moeda escritural permite
aumentar a quantidade de moeda existente na economia, isto é, dá-se a criação de moeda
pelo sistema bancário. Assiste-se a uma desmaterialização da moeda visto que o seu
valor nominal ser muito maior que o seu valor real. A moeda representa apenas o valor
nela inscrito. A desmaterialização da moeda acentuou-se com as formas actuais de moeda
como os cartões electrónicos (Multibanco, Visa, etc.) sendo a moeda electrónica e a
moeda informática, quando podemos efectuar transacções através de um computador,
efectuando os negócios de uma forma muito mais eficaz.

Em conclusão podemos referir que o processo de desmaterialização da moeda


corresponde à perda do seu suporte físico. A generalização dos cartões de crédito e de
débito e o recurso ao computador (e-banking) como suporte da moeda escritural,
constituem as últimas manifestações para esta tendência.
Euro: A moeda única europeia

A necessidade de uma união monetária europeia surgiu no século XIX, sob o Segundo
Império. Napoleão III, em 1865, adoptou a iniciativa de uma reunião monetária cujo
objectivo era reunir diversos países da Europa que pudessem manter um sistema
monetário comum. Isso resultou num acordo, a Convenção de Paris, que reuniu França,
Bélgica, Suíça e Itália. Essa convenção recebeu outras adesões: a Espanha e Grécia, em
1868, e a Finlândia, em 1877. Os grandes conflitos do início do século XX, entretanto,
constituíram um golpe fatal para essa união monetária.

Mais de cinquenta anos depois, em 1958, o Tratado de Roma estabeleceu as bases da


existência do Mercado Comum, cujo objectivo era promover a prosperidade económica
dos povos que dele faziam parte, e também caminhar na direcção de uma maior
integração política e social.

Só mais tarde, através do Acto Único Europeu, de 1986, e do Tratado da União Europeia
(Tratado de Maastricht), em 1992, puderam ser estabelecidas as bases para a introdução
da moeda única. Para a moeda europeia se tornar realidade, foi preciso a manifestação de
uma extraordinária vontade política de doze dos quinze países da União Europeia e dos
seus dirigentes. Inglaterra, Suécia e Dinamarca permanecem, por enquanto, fora da zona
do Euro.

A terceira etapa dessa União Económica e Monetária começou no dia 1 de Janeiro de


1999, quando foi estabelecida a paridade fixa das moedas dos países participantes. A
última e mais delicada etapa deste processo aconteceu em 1 de Janeiro de 2002, quando
notas e moedas da nova unidade monetária entraram efectivamente em circulação,
completando a mais espectacular reforma económica e monetária da história. O Euro
passou a ser moeda única de uma população superior a 300 milhões de pessoas.

Vantagens e desvantagens do euro

Vantagens Desvantagens
- Facilita a comparação dos preços dos - Sobrecarga de informação para o
produtos nos vários países; consumidor final devido à dupla fixação de
Assegura a transparência dos mercados; preços na fase transitória;

- Elimina a variabilidade das taxas de - Perda de um instrumento de política


câmbio; económica - a taxa de câmbio;

- Reduz os custos das transacções - Custos de preparação da introdução do


cambiais; euro por parte do sector bancário;

- Facilita o turismo; - Elevado investimento em caixas


automáticas, cabines telefónicas, máquinas
- Permite rivalizar no mercado de contagem de moedas e notas,
internacional com o dólar e o iene; parquímetros, distribuidoras de bilhetes,
códigos de barras, máquinas registadoras,
- Garante reduzidas taxas de juro, condição etc;
fundamental para o relançamento do
investimento e criação de emprego; - Dupla contabilização e utilização de dois
- Potencia uma zona económica alargada; sistemas de pagamentos diferentes;

- Permite poupanças ao nível das reservas


de divisas

O Crédito

Noção

O desenvolvimento da actividade económica exige a aplicação de vastos recursos


financeiros por parte dos agentes económicos. Nem todos os agentes dispõem dos
recursos necessários à sua actividade e por isso têm de utilizar valores pertencentes a
outros agentes económicos que os não desejam utilizar directamente.

O empresário que não possua os recursos próprios para a manutenção ou ampliação da


sua actividade empresarial terá de recorrer às poupanças (valores) constituídos por outros
agentes económicos.

Crédito corresponde à cedência temporária de recursos a quem deles necessita,


mediante uma determinada remuneração, o juro

O crédito constitui a principal fonte de investimento, cabendo às instituições financeiras a


tarefa de recolher as poupanças da sociedade que canalizam para o processo produtivo
(através da concessão de crédito).

O preço do Crédito: Taxa de Juro

A remuneração (preço) do crédito corresponde à taxa de juro. No entanto, a livre


formação do preço do dinheiro (taxa de juro), pelo confronto entre a oferta e a procura de
moeda, frequentemente não se verifica devido a limitações directas à concessão de
crédito feitas pelas autoridades monetárias.

Se a quantidade de moeda em circulação é excessiva pode causar tensões inflacionistas.


Por outro lado, se for insuficiente para financiar a expansão da Economia, terá reflexos
negativos, nomeadamente na produção e no emprego. Assim, os bancos centrais, através
da política monetária, podem controlar a taxa de juro.

Com efeito, elevadas taxas de juro dos depósitos (operações passivas) poderão constituir
um incentivo à elevação da poupança dos particulares (por contenção do consumo). Mas,
por outro lado, taxas de juro elevadas para os empréstimos (operações activas) poderão
também conduzir a uma retracção da actividade económica, já que aumenta a parcela dos
encargos financeiros nos custos das empresas.
Este aumento poderá provocar um efeito inflacionista se os empresários repercutirem os
acréscimos de custos, resultantes do agravamento dos encargos financeiros, nos preços
praticados pelas empresas.

Por sua vez, uma descida da taxa de juro pode ser posta em prática, tendo em vista
aumentar a procura e, consequentemente, o investimento. Assim, a manipulação das taxas
de juro terá que ser reflexo da política económica global definida.

Em resumo, por taxa de juro entende-se uma remuneração correspondente à cedência de


capital, constitui o juro do capital emprestado. O acesso ao crédito depende do valor da
taxa de juro, influenciando, assim, o volume do consumo.

A fixação das taxas de juro é um acto de grande responsabilidade pois do seu valor
dependerá o acesso ao crédito e o incremento da actividade produtiva.

Tipos de Crédito

O crédito desempenha duas funções fundamentais: promover o consumo e estimular a


produção. Assim, atendendo ao seu destino, podemos falar de crédito ao consumo e de
crédito à produção.

O crédito ao consumo apresenta hoje uma tendência expansionista em sectores como o


crédito para aquisição de habitação própria e o crédito para a compra de automóveis.
Muitos bancos vêm hoje praticando novas modalidades de crédito ao consumo:
possibilidade de levantamento antecipado dos vencimentos/ordenados, crédito para
viagens, crédito para aquisição de material informático, etc.

O crédito à produção é concedido às empresas no sentido de estimular a produção e


destina-se a vários fins:

- crédito ao investimento (ou crédito de financiamento), quando se destina a financiar


a formação, a ampliação ou a substituição dos capitais fixos, isto é, a aquisição de
terrenos, edifícios, máquinas, etc.

- crédito de funcionamento, quando se destina à aquisição de matérias primas ou ao


pagamento de salários, colmatando assim uma falha temporária de liquidez da empresa.

- contrato de leasing, um contrato que surgiu com o desenvolvimento da actividade


económica e com o aparecimento de sociedades cujo objectivo fundamental é fornecer os
equipamentos necessários à actividade produtiva de outras empresas.
Quanto à duração, podemos considerar o crédito a curto prazo, quando é concedido por
um período inferior a um ano, crédito a médio prazo, quando é concedido por um
período compreendido entre um e cinco anos e crédito a longo prazo, quando é
concedido por um período superior a cinco anos.
Tendo em conta a natureza do beneficiário há que distinguir o crédito particular,
quando a entidade que a ele recorre é de natureza privada e o crédito público, quando é a
Administração Pública que o contrai.

No que respeita à sua origem, podemos classificar o crédito em crédito interno, quando
o beneficiário e o credor residem no mesmo país e crédito externo, quando o
beneficiário e o credor são unidades institucionais residentes em países diferentes.

Preços

O preço de um bem corresponde à quantidade de moeda que se dá em troca para obter


esse bem, ou seja, o preço corresponde à expressão monetária do valor de troca de um
bem.

Elementos do preço

Desde logo o preço está relacionado com o custo de produção de um bem:

Matérias-primas Despesas Gerais (agua; luz, etc)


Custos directos Custos Indirectos
Salários Amortizações+Lucro

Outros elementos:

- Número de consumidores - Evolução Tecnológica


- Número de produtores - Estação do ano
- Prestígio - Datas Especiais

A Inflação

Noção

O fenómeno da inflação é, de uma maneira geral, conhecido por todos e faz parte das
preocupações do cidadão comum. Não só nos vários meios de comunicação social, como
também nas conversas do dia-a-dia, a cada passo deparamo-nos com referências a este
fenómeno. A subida dos preços dos bens e serviços reflecte-se no quotidiano de todos
nós. Mas, a inflação não se pode confundir com uma subida acidental dos preços dos
bens e serviços como a verificada nos preços dos bens agrícolas fora da época própria
para a sua produção. Também o aumento da procura de certos bens em determinados
períodos do ano pode originar uma subida acidental dos preços. É o que acontece, por
exemplo, na época do Natal.
Assim, podemos definir inflação com sendo um fenómeno que se caracteriza pelo
aumento generalizado do preço dos bens e serviços de uma dada economia, de forma
contínua.

No entanto, a intensidade da inflação é variável. De facto, tanto podemos verificar


inflação moderada ou rastejante – em que a subida dos preços é quase imperceptível
(inferior a dois dígitos – Ex. 3%) – como também inflação galopante (dois a três dígitos –
Ex: 80% ou 800%) e hiperinflação, em que a subida dos preços é incontrolável (quatro
dígitos – Ex. 5000%).

Nível de Vida e Custo de Vida


É vulgar associar-se a expressão “custo de vida” a outra, de sentido por vezes oposto,
“nível de vida”. Normalmente um aumento do custo de vida dos indivíduos corresponde a
uma diminuição dos seus hábitos e padrões de consumo, isto é, do nível de vida.
Quando falamos em nível de vida, falamos na possibilidade de efectuar determinado
consumo (alimentação, vestuário, educação, etc.). Com efeito, o nível de vida
corresponde à quantidade de bens e serviços que uma determinada população pode
adquirir com o rendimento de que dispõe. São indicadores do nível de vida todo o
conjunto de elementos estatísticos relativos ao consumo. O nível de vida traduz-se na
qualidade desses bens e serviços. As condições de habitação, a saúde, instrução, o
consumo de bens duradouros, entre outros, dão, no seu conjunto, a informação sobre o
nível de vida. A inflação tem reflexos negativos no nível de vida das populações.

Causas da Inflação

Excesso de moeda em circulação


O aumento da moeda em circulação, sem o correspondente aumento de produção de bens
e serviços (ou a diminuição da produção, sem a correspondente diminuição da quantidade
de moeda em circulação) acarreta um excesso de procura de bens e de serviços face à
respectiva oferta por parte dos produtores, originando a consequente subida do preço.

Aumento da procura
Se a procura de bens e serviços for superior à oferta verifica-se uma subida dos preços
pois a oferta tornou-se escassa, exercendo pressão sobre os preços.

Aumento do preço das matérias-primas


A subida dos preços das matérias-primas vai fazer aumentar os custos de produção das
empresas e em consequência, os preços de venda. Foi o que aconteceu em 1973, 1978 e
1990 com a subida acentuada dos preços do petróleo.
Relações comerciais entre países (Inflação importada)
As próprias relações comerciais entre países por vezes originam ou incrementam o
processo inflacionista. Nestas circunstâncias fala-se de inflação importada, que afecta os
países dependentes dos países com maior inflação.

Aumento da massa salarial distribuída sem aumento da produtividade


A elevação dos salários pode contribuir para o desenvolvimento da inflação, a dois
níveis: por um lado, pode concretizar-se num aumento da procura de bens e de serviços,
não satisfeito pela respectiva oferta e, por outro, vem onerar os custos de produção e,
consequentemente, os preços de venda, a fim de que possam manter-se as margens de
lucro dos empresários.

Práticas de açambarcamento
O açambarcamento de alguns bens por parte dos produtores ou dos distribuidores origina
uma escassez desses bens no mercado e, consequentemente, a subida dos respectivos
preços.

Consequências da Inflação

Depreciação do valor da moeda


O aumento dos preços faz com que o consumidor compre, com o mesmo dinheiro, cada
vez menos produtos.

Entesouramento de ouro ou de divisas estrangeiras


Estes não se desvalorizam em consequência da quebra de confiança na moeda nacional.

Deterioração das condições de vida dos cidadãos


Em geral, a qualidade de vida é inferior, nomeadamente para aqueles cujo rendimento é
fixo (como é o caso dos pensionistas), pois este é desvalorizado progressivamente.

Redução do investimento
A inflação cria insegurança e desequilíbrio. Os empresários tendem a retrair as decisões
de investimento uma vez que se torna difícil prever os custos.

A medida da inflação

Índice de Preços no Consumidor

Os índices de preços no consumidor traduzem, estatisticamente, as variações dos preços


dos bens e serviços numa dada economia e num determinado período de tempo,
permitindo-nos assim medir o fenómeno da inflação.

Observe-se então o seguinte exemplo. Para determinar o aumento do preço do leite do


ano de 2005 em relação ao ano-base de 2000, teremos que estabelecer a relação
percentual entre os dois preços. Esta relação é designada por índices de preço no
consumidor (IPC).

Se pretendermos analisar a evolução do preço do leite, teremos de considerar um ano-


base que servirá de referência e que poderá ser o ano de 2000. Suponhamos que um litro
de leite custava nesse ano 40 cêntimos. Em 2005 o custo de um litro do mesmo tipo de
leite foi, por exemplo, de 60 cêntimos.

Passemos então ao cálculo do índice particular ou elementar, utilizado para medir a


evolução do preço de um bem:

P1 – Preço de um produto determinado no momento actual = 60 cêntimos


P0 – Preço do mesmo produto numa época base = 40 cêntimos

O índice particular expressa-se pela seguinte relação

I1/0= P1 x 100, aplicando a fórmula aos valores apresentados I1/0= 60 x 100 (=) I1/0=150
P0 40
O índice particular obtido (150) permite-nos concluir que o preço de cada litro de leite
aumentou 50% entre 2000 e 2005.

Generalizando, podemos então dizer que:

I.P.C. ano x/ano y = Preços do ano x x 100


Preços do ano y

Em Portugal é o Instituto Nacional de Estatística (INE) a instituição que tem a seu cargo
a elaboração do IPC. Parara a sua determinação procede-se à realização de inquéritos, a
fim de saber qual a percentagem do orçamento familiar que, em média, cada agregado
familiar atribui às diversas rubricas do consumo. Estas rubricas constituem um cabaz de
bens e serviços considerados representativos do consumo de uma família média e com
importância no respectivo orçamento familiar. É com base nas variações de preços deste
cabaz de bens e serviços que se determinam as variações do índice de preços no
consumidor em relação a um ano-base.

Taxa de inflação

Se compararmos a evolução do custo de um cabaz ao longo de um determinado período


de tempo obtemos uma medida da inflação. Ou seja, a taxa de inflação permite-nos medir
a variação dos preços entre dois períodos diferentes.

Passemos a outro exemplo. Se um cabaz de bens e serviços custava, no ano 2004, 800
euros e, no ano 2005, 880 euros, o IPC em relação ao ano-base seria calculado da
seguinte forma:
I05/04 = 880 x 100 = 110
800

Neste exemplo, o IPC passou de 100 (ano-base) para 110, pelo que podemos concluir que
em 2005, com 880 euros, compravam-se os mesmos bens e serviços que no ano anterior
se adquiria com 800 euros. O índice de preços no consumidor tal como a taxa de inflação
revela o aumento do custo de vida da população, sendo por isso considerados,
equivalentes.

Assim, podemos concluir que a taxa de inflação foi de 10% (110-100).

A taxa de inflação pode ser medida de várias formas que nos permitem ter perspectivas
diferentes da evolução dos preços:

Taxa de inflação mensal – Mede a evolução dos preços entre um determinado mês e o
mês seguinte, dentro do mesmo ano. Por exemplo, a taxa de inflação de Dezembro de
2006 mede a evolução entre Novembro de 2006e Dezembro de 2006.

Taxa de inflação homóloga – Compara um mês com o mês homólogo do ano anterior.
Por exemplo, a taxa de inflação homóloga referente a Maio de 2006 mede a variação dos
preços entre Maio de 2005 e Maio de 2006. Deve ser analisada com atenção uma vez que,
o facto de ser construída apenas sobre duas observações torna-a muito volátil.

Taxa média de inflação – Mede a evolução dos preços nos últimos 12 meses. Esta taxa
corresponde à média das 12 últimas taxas homólogas. Assim, a taxa média de inflação em
Agosto de 2006 traduz a média das taxas homólogas entre Agosto de 2005e Agosto de
2006. É fiável já que mede a linha de fundo da evolução dos preços.

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