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Ora, a poupança utilizada num país tem duas parcelas: a poupança interna (realizada pelas
famílias, as empresas e o Estado) e o recurso à poupança externa, (o país "fornece" poupança
a outros países).
Por consequência, se o país pretender investir mais e não aumentar suficientemente a sua
poupança interna, então tem de recorrer a maior poupança externa. Esse recurso pode ser
realizado de duas formas principais: ou o investimento é estrangeiro e vem acompanhado por
financiamento, também ele exterior, e nenhum problema surge para a solvabilidade do país;
ou, como sucede na maior parte dos casos, o recurso à poupança externa faz-se através dum
aumento do endividamento face ao exterior e o país pode enfrentar no futuro um sério
problema de insolvência externa, que afetará o sistema económico.
É interessante comparar estas ideias gerais com o que sucedeu em Portugal a partir dos finais
do século passado.
Desde 1998 até 2011 Portugal poupou de menos face ao investimento que realizou. Teve por
isso de recorrer muito à poupança externa sob a forma de endividamento, já que o
investimento estrangeiro não aumentou. O resultado é que se acumulou dívida externa em
montantes tais que temos hoje uma das economias mais endividadas em relação ao exterior.
Para termos uma economia competitiva e dinâmica temos de ter o investimento a puxar pela
poupança. Mas dado o nosso endividamento externo não podemos esquecer a poupança
interna. Naturalmente que um maior recurso ao investimento estrangeiro é necessário para
resolver, ao menos parcialmente, este dilema. No resto, a utilização dos fundos estruturais é
fundamental e tem de ser agilizada. Assim como é essencial que o destino do investimento
seja prioritariamente o dos setores produtores de bens e serviços transacionáveis.
Assim, podemos concluir que é urgente criar todas as condições para que o sistema
económico possa funcionar como incentivador do investimento produtivo, que necessitamos
e, não só, impulsionador do consumo ou da compra de habitação.
Webgrafia :
https://qifinanceiro.com.br/qual-a-diferenca-entre-investir-e-poupar/
https://www.repository.utl.pt/handle/10400.5/7821
https://www.fep.up.pt/docentes/joao/material/macro2/macro2_texto_investimento.pdf