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MANUAL DE FORMAÇÃO

UFCD: STC6 -Modelos de Urbanismo e Mobilidade 50 H

Manual elaborado por: Luísa Nogueira


STC6-Modelos de Urbanismo e Mobilidade

Conteúdo
Conteúdo.................................................................................................................................................................................. 2
1 Introdução...................................................................................................................................................................... 4
2 Fluxos migratórios....................................................................................................................................................... 5
2.1 A realidade Portuguesa.....................................................................................................................5

3 URBANIZAÇÃO E INDUSTRIALIZAÇÃO................................................................................................................ 8
3.1 O CRESCIMENTO DAS CIDADES.........................................................................................................8
3.2 Cidades – critérios de diferenciação.........................................................................................10
3.3 EXODO RURAL.................................................................................................................................12
Causas do êxodo rural................................................................................................................................12
Consequências do êxodo rural..................................................................................................................14
3.4 ÁREA URBANA................................................................................................................................15
Conceito....................................................................................................................................................15
3.5 A TERCIARIZAÇÃO...........................................................................................................................15

4 QUALIDADE DE VIDA............................................................................................................................................... 17
4.1 QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE..............................................................................................18
4.2 QUALIDADE DE VIDA E MEIO AMBIENTE............................................................................18

5 SUSTENTABILIDADE.................................................................................................................................................. 19
Conceito.....................................................................................................................................................19
5.1 MODELO DE ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE..............................................................20
5.2 MEIO URBANO E SUSTENTABILIDADE................................................................................21
5.3 INFRA-ESTRUTURAS DE MOBILIDADE E FLUXOS URBANOS.......................................22

6 CONCLUSÃO............................................................................................................................................................... 24
7 BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................................................. 25
8 GLOSSÁRIO.................................................................................................................................................................. 25

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1 Introdução
O manual de formação que se apresenta incide sobre a dinâmica do crescimento das cidades,
relacionando esse crescimento com a integração social e a melhoria do bem-estar individual.
Pretende associar a qualidade de vida ao equilíbrio territorial e a modelos de desenvolvimento
rural ou urbano. Pretende se reconhecer as diferentes formas de mobilidade territorial na
perspetiva da sua evolução e desenvolvimento.

OBJECTIVO(S) GERAL(AIS)
1. Objetivo 1 – No final da formação os formandos deverão ser capazes de relacionar o
crescimento das cidades com a melhoria do bem estar individual
2. Objetivo 2 – No final da formação dos formandos deverão ser capazes de associar a
qualidade de vida a modelos de desenvolvimento
3. Objetivo 3 – No final da formação os formandos deverão ser capazes de identificar
diferentes formas de mobilidade territorial

OBJECTIVO(S) ESPECÍFICO(S)
1. Objetivo 1 - No final da formação os formandos deverão ser capazes de relacionar o
crescimento das cidades com a melhoria do bem-estar individual, recorrendo ao
estabelecimento de índices de integração social
2. Objetivo 2 – No final da formando os formandos deverão ser capazes de associar a
qualidade de vida a diferentes modelos de desenvolvimento, identificando os
3. Objetivo 3 . No final da formação os formandos deverão ser capazes de identificar
diferentes formas de mobilidade e as suas vantagens e inconvenientes para a construção de
comunidades sustentáveis.

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2 Fluxos migratórios

2.1 A realidade Portuguesa


Há 40 anos, Portugal era um país de emigração que tinha alguns imigrantes. Hoje é um
país de migrações. Entre o retorno ou repatriamento de muitos nacionais portugueses e o
acolhimento de centenas de milhares de estrangeiros, a demografia nacional ganhou
diversidade e complexidade. Sem a imigração seríamos menos, mais pobres e mais
velhos. Após o anunciado fim da emigração, constatamos que atravessámos vários ciclos
de emigração e retorno, mas que nunca os fluxos de saída deixaram de ter
consequências sociais e sociológicas. Afinal, a emigração é mais estrutural do que
pensáramos. A dinâmica e diversidade das origens dos migrantes para Portugal, mas
também a geografia múltipla dos destinos dos emigrantes portugueses, representam
sinais de alteração do posicionamento do país no sistema migratório global. Portugal
(ainda) não é um centro, mas (já) não é periferia (ou talvez o seja para alguns migrantes).
A lei de nacionalidade evoluiu, ao sabor de ideologias mais ou menos inclusivas e alargou
o número de cidadãos que fazem parte da comunidade nacional. Um país em movimento,
pleno de dinâmicas migratórias, é um retrato possível que permite antever um futuro cheio
de desafios de integração e de gestão da diversidade. 
 Os fluxos de entrada e saída são parte da estrutura e da dinâmica de um sistema
migratório em processo de solidificação (o sistema migratório lusófono), apoiado num
complexo sistema de relações culturais, históricas, económicas e políticas que
interrelaciona os países que integram este sistema. À semelhança de outros sistemas
migratórios, este é um sistema que através de um processo de “acoplamento estrutural”
recorre, com frequência, a estruturas de funcionamento de outros sistemas (como
o sistema migratório da Europa ocidental) para o desenvolvimento de processos
migratórios no seu interior. Assim, por exemplo, através das políticas migratórias
europeias (em particular as referentes ao princípio da liberdade de circulação) que
constituem um elemento estruturante do sistema migratório da Europa ocidental, o
sistema migratório lusófono, em que Portugal funciona como polo estruturante, realiza um
acoplamento estrutural com aquele outro sistema migratório. Dito de outro modo, os
fluxos migratórios de e para Portugal assentam na mobilização de oportunidades de

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mobilidade que se desenvolvem em determinados sistemas migratórios e que servem de


ponte entre diferentes sistemas migratórios. Tal significa que estes dois sistemas se
interpenetram, sendo cada um não a condição para a existência do outro, mas sim uma
condição para a sua coevolução. 
 
As imigrações originárias do continente africano são realizadas por cidadãos dos Países
Africanos cuja língua oficial é o português: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique e São Tomé e Príncipe. Os imigrantes africanos constituem um dos grupos
com maior peso em território português, destacando-se de entre estes os cidadãos cabo-
verdianos. Estes imigrantes apresentam níveis baixos de qualificação, sendo mesmo
identificados como trabalhadores desqualificados. Os fluxos migratórios destas
populações são e fomentados pela necessidade de encontrar um emprego e, desta forma,
estes fluxos são apelidados de imigração de trabalho: Portugal é o destino de
trabalhadores desqualificados oriundos dos PALOP. Fruto deste tipo de imigração,
destaca-se em Portugal a presença muito forte destes imigrantes num sector
de actividade onde predomina o recurso intensivo a mão- de-obra pouco qualificada, a
construção civil, sendo também notória a presença deste grupo de imigrantes em postos
mais precários do mercado de trabalho e socialmente desvalorizados.  
 
Do continente americano, os imigrantes proveem essencialmente do Brasil. A imigração
originária deste país integra-se nos movimentos migratórios transcontinentais. A
imigração de cidadãos brasileiros para Portugal adquiriu uma expressão significativa a
partir dos anos 80, do século XX. Esta população é detentora de níveis superiores de
qualificação e exerce actividades no sector dos serviços especializados. Tal como os
cidadãos dos PALOP, a população brasileira foi atraída pela vantagem de uma língua
comum, bem como de referentes culturais facilitadores da integração social em Portugal.
Ao longo dos anos, este fluxo migratório tem-se intensificado e, atualmente, o grupo de
cidadãos brasileiros constitui-se como o maior grupo de imigrantes em Portugal. 
 
As imigrações asiáticas têm adquirido grande visibilidade em Portugal, relativizando-se
dois fluxos principais: o indiano e o chinês. As migrações asiáticas apresentam: elevada
proporção de ativos inseridos nos pequenos negócios e contraste cultural, em particular
religioso. A população associada a este fluxo migratório apresenta-se como sendo
qualificada e exerce a sua vida laboral essencialmente no comércio e em negócios de
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ramos diversificados. No que diz respeito à imigração chinesa, encontra-se ligada à


existência de pequenos negócios (atividades comerciais), sendo característica desta
população a criação de pequenas empresas com recurso a mão de obra dependente
(familiar e/ou de outras nacionalidades, incluindo cidadãos de nacionalidade portuguesa).
Estes fluxos assentes nos pequenos negócios introduziram uma maior heterogeneidade
na reprodução da sociedade portuguesa e contribuíram para descentrar do espaço
lusófono as áreas geradoras da imigração. 
Relativamente ao grupo de cidadãos originários de países da União Europeia (UE), este
provém essencialmente dos países desenvolvidos e apresenta níveis elevados de
qualificação. Assim, este fluxo migratório assenta em migrações de profissionais. Estes
cidadãos têm estatuto socioeconómico elevado e distribuem-se tipicamente
pelas actividades e categorias superiores das empresas e dos serviços. Deste grupo
também fazem parte os cidadãos que, em período de reforma, escolheram Portugal como
país de residência permanente. O fluxo migratório proveniente da UE está associado às
dinâmicas do investimento estrangeiro em território português. Este movimento migratório
integra-se nas migrações intraeuropeias, isto é, migrações em que o país de origem e o
país de acolhimento são ambos Estados-membro da EU. 
Por fim, ainda originária do continente europeu, desenvolve-se a imigração da Europa do
Leste, com origem em países como a Roménia, a Ucrânia e a Moldávia, fruto da queda do
Muro de Berlim (Barre. Os cidadãos provenientes destes países têm níveis relativamente
elevados de instrução, nomeadamente no que se refere a níveis de qualificação escolar e
profissional, com grande peso das formações intermédias e de carácter técnico, bem
como dos graus de instrução de nível superior. Apesar destes níveis de instrução, os
imigrantes da Europa do Leste trabalham em atividades com baixos salários e
desvalorizados socialmente, como a construção civil (tipicamente os indivíduos do sexo
masculino), os serviços de limpeza e trabalhos domésticos (essencialmente as mulheres).
Ainda nesta perspetiva relativa ao emprego, estes cidadãos têm sido recrutados para
as actividades mais desqualificadas do mercado de trabalho, quase sempre em situações
de clandestinidade. 
 Á Diversidade cultural resultante dos fluxos migratórios associam-se muitas das questões
que conduzem à exclusão e marginalização de algumas comunidades estrangeiras. Ainda
assim, apesar da dificuldade de integração de algumas comunidades, os discursos dos
imigrantes atribuem aos portugueses boas capacidades de acolhimento.  

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No sentido de se minimizar o impacto dos fatores sociais que não promovem a


convivência pluricultural harmoniosa, o Estado tem vindo a desenvolver um conjunto de
estratégias e instrumentos que visam a integração do “outro”.  

3 URBANIZAÇÃO E INDUSTRIALIZAÇÃO

3.1 O CRESCIMENTO DAS CIDADES


 A urbanização das sociedades foi um dos fenómenos mais marcantes do século XX e
está intimamente relacionado com o processo de industrialização pós 2ª guerra mundial. 
O processo de industrialização baseou-se numa grande mobilidade geográfica,
nomeadamente, no êxodo rural para as grandes áreas industriais, e no alargamento das
bacias de emprego, com a expansão da urbanização (o que implica mudança
de actividades económicas e modo de vida), permitindo a satisfação das crescentes
necessidades de mão – de - obra, nas zonas de maior acessibilidade onde se encontram
as indústrias. 
Esta relação do processo de urbanização com a industrialização, e a concentração de
mão – de – obra nos locais de maior acessibilidade, tem provocado no nosso país um
agravamento da bipolarização e da litoralização, conduzindo a alguns problemas tais
como a poluição e degradação ambiental, congestionamento de infra-estruturas. 
Algumas cidades no nosso país, principalmente no Interior, em busca do
desenvolvimento, procuram atrair a indústria através da criação de parques industriais,
mas por outro lado, as zonas já urbanizadas tentam afastar a indústria da sua
proximidade, de forma a minimizar os impactos negativos por ela causados. 
Apesar desta relação entre a urbanização e a industrialização, torna-se cada vez mais
evidente a concentração do sector terciário nas cidades. Esta progressiva terciarização do
espaço urbano pode ser justificada por vários factores, entre eles, o aumento dos tempos
livres e do lazer, maior mobilidade populacional com os progressos nas comunicações e
transportes. Estes factores são potenciadores de certos problemas, como o
congestionamento, mas também são uma via para a sua diminuição. 
Desta forma o crescimento das cidades está ligado tanto ao processo de industrialização
como ao de terciarização. Desde sempre que as cidades estiveram relacionadas com a
aglomeração de actividades e funções terciárias potenciadas pela intensidade de relações

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com a sua área de influência. Isto explica a importância de numerosas cidades do Interior,
que apesar de serem pólos de relativa atracção face a região envolvente, vão mantendo
ao longo do tempo funções de centralidade em relação ao espaço envolvente. 
A relação de cada cidade com o espaço envolvente, começando pelo fornecimento de
determinados bens, serviços ou por funções a área envolvente, vai-se alterando ao longo
do tempo, evoluindo progressivamente, devido à industrialização e/ou a terciarização,
para formas diferenciadas. 
Quanto maior a importância da cidade, mais esta vai possuindo funções mais
especializadas, sendo assim mais importante a sua área de influência. A ocorrência
destas funções centrais, sobrepõe-se no espaço, segundo a lógica da rede, potenciando-
se o desenvolvimento de alguns dos centros, favorecidos por determinadas condições
económicas, físicas. Vários modelos quer de base económica quer de base geográfica
têm sido desenvolvidos, de forma a tentar explicar cientificamente a constatação empírica
desta lógica de organização espacial, sendo o mais conhecido o da hierarquização de
lugares centrais. 
Portugal é um país onde é visível a falta de centros urbanos de nível intermédio, existindo
um grande número de pequenas cidades, que desempenham funções de ordem inferior e
duas cidades (Porto e Lisboa bastante diferenciadas entre si), associadas a funções de
alto nível. 
O processo de urbanização provoca uma inevitável alteração dos padrões de consumo
das pessoas, não só por causa da assimilação dos espaços rurais de algumas
características do modo de vida urbano, como por todas as influências que as populações
rurais transportam consigo para as cidades. 
 
Em Portugal a perspetiva de planeamento de forma a reduzir os desequilíbrios inter -
regionais tem sido relativamente alcançada, sobretudo nos últimos anos, à excepção do
agravamento da bipolarização (referido anteriormente). No entanto, problemas como os
desequilíbrios inter – regionais, nomeadamente no espaço mais rural, têm vindo a
agravarem-se. Estes desequilíbrios surgem entre as populações que já têm acesso
a infraestruturas e serviços de que anteriormente não beneficiavam e as outras, onde não
é compensador investir. 
O fenómeno de urbanização encontra-se em acentuada expansão, provocando mudanças
estruturais nas relações económicas, sociais, na organização espacial, causando novas
formas intermediárias entre o rural e o urbano e diluindo as diferenças entre as duas
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formas. Perante isto fará sentido falar de espaço urbano e rural ou é necessário analisar
apenas as diferentes formas de organização das relações económicas, sócias e
culturais? 
 

3.2 Cidades – critérios de diferenciação


 
 
No decurso da expansão urbana, fenómeno característico do mundo global que vivemos,
a dicotomia espaço rural/ espaço urbano é cada vez mais difícil de estabelecer.

O crescimento populacional e o aumento da mobilidade tem conduzido à difusão


espacial da população, das atividades económicas e do modo de vida urbano. A
progressiva expansão dos espaços urbanos define espaços de transição, suportes de
população urbano-rurais

Uma cidade é uma área urbanizada, que se diferencia de vilas e outros espaços
urbanos através de vários critérios.

Uma cidade caracteriza-se por um estilo de vida particular dos seus habitantes, pela
urbanização e pela concentração de atividades económicas. Cada país define os seus
próprios critérios para a definição de cidade.

Ainda assim existem critérios muitas vezes utilizados:

 Critérios Demográficos: Recorrem ao número de habitantes e/ou à densidade


populacional (o limiar varia de país para país);

 Critérios Funcionais: Na cidade deve predominar atividades relacionadas com


os setores secundário e terciário;

 Critérios administrativos, políticos, e/ou históricos: aplicam-se às cidades


definidas por decisão legislativa, atribuída por diferentes motivações (capitais de
distrito, vontade régia, incentivar o povoamento, defesa das regiões de fronteira, …);

 Critérios morfológicos: Tipo de edifícios e densidade das vias de comunicação.


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Em Portugal, o enquadramento legal das cidades está consagrado na Lei n.º12/82, de


2 de junho, e utiliza os três primeiros critérios acima indicados.

Uma vila pode ascender a cidade em Portugal desde que tenha um número de eleitores
superior a 8000 e possua pelo menos metade dos seguintes equipamentos coletivos;

Instalações hospitalares,

Farmácias,

Corporação de bombeiros ,

Casa de espetáculos,

Centro cultural,

Biblioteca,

Instalações hoteleiras,

Escolas de ensino preparatório e secundário,

Estabelecimentos de ensino pré-primário e infantários….

Existem grandes assimetrias relativamente à distribuição das cidades portuguesas.


Em todos os campos de análise, é visível o contraste entre o Norte e o Sul e entre o
Litoral e o Interior. Neste sentido, as cidades não fogem à regra.

O nº de cidades tem vindo a aumentar consideravelmente. No sec. XIX existiam


poucas cidades, somente oito, mas no final do sec. XX este nº atinge já as 110 cidades,
incluído as Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores

Quando falamos de cidades hoje em dia, temos que falar de Cidades Sustentáveis.

Atualmente, cerca de 50% da população mundial vive em áreas urbanas e espera-se que
a proporção aumente para 66% em 2050, especialmente na Ásia e em África.

Este crescimento traz grandes desafios à gestão da vida nas cidades, associados à
capacidade de resposta às necessidades de um elevado número de pessoas – em áreas

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como a educação, habitação, alimentação, saneamento e mobilidade – e gestão dos


impactos ambientais, sociais e económicos do estilo de vida nestes centros urbanos

É preciso (re)pensar as estratégias de gestão dos recursos naturais, sociais e económicos

para a proteção do meio ambiente e combate à pobreza nos centros urbanos. Se formos

capazes de promover cidades sustentáveis, podemos ter a chave para as soluções de

muitos dos desafios mundiais. As cidades sustentáveis podem liderar a promoção de

uma economia verde, melhorando a eficiência no uso da energia, da água e nos sistemas

de resíduos, como resposta aos desafios do seu grande crescimento. Para isso, é preciso

uma ação concertada entre todos os que habitam a cidade – cidadãos, comunidades,

organizações governamentais, organizações não governamentais, empresas…

Gerir áreas urbanas é um dos desafios mais importantes do século XXI. O sucesso ou

fracasso na construção sustentável das cidades vai ser o principal factor de sucesso do

desenvolvimento mundial.

3.3EXODO RURAL
– Definição, causas e consequências

O êxodo rural pode ser definido como a migração de pessoas da zona rural para a zona
urbana, o que pode acontecer por diferentes razões: climáticas, económicas, ambientais,
sociais, políticas, etc. 

Este movimento ocorre em todas as partes do mundo, seja em países desenvolvidos, seja
em países subdesenvolvidos, e está associado à urbanização das cidades, aumento
populacional nas áreas urbanas e problemas no campo.

Causas do êxodo rural

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A migração campo-cidade sempre ocorreu na história da humanidade, ora de forma mais


branda, ora de forma mais intensa, principalmente após as grandes transformações
espaciais, como a Revolução Industrial - industrialização

Entretanto, reduzir essa migração a fatores industriais é reduzir as suas causas, que podem
acontecer por vários motivos, e a industrialização é só mais um deles.

O habitante da zona rural, em geral, muda-se para a cidade em busca de melhores


condições de vida e oportunidades.

Fatores deste processo:

 climáticos, como ocorre nas áreas áridas do mundo, já que a falta d’água afeta
diretamente a vida nessas localidades;
 políticos, como quando os moradores das zonas rurais não encontram suporte local
para continuar a vida nessa área;
 sociais, como em busca de emprego e renda, quando não os encontram na zona
rural;
 ambientais, como ocorre quando tragédias naturais atingem as zonas rurais,
obrigando os habitantes a procurarem outra moradia.

Das causas citadas, a busca por emprego, renda e melhores oportunidades de estudo e
ascensão social é a mais frequente. Isso acontece com a mecanização agrícola vivenciada
nas últimas décadas, promovida pelas mudanças oriundas da Revolução Verde, nos anos
1960-70.

A mecanização agrícola faz com haja diminuição da mão de obra utilizada no campo,


tornando-a mais qualificada. Pequenos produtores rurais não conseguem competir com
grandes latifundiários e acabam em desvantagem no mercado, diminuindo renda e
enfrentando dificuldades. Com isso, mudam-se para as cidades em busca de trabalho e
sobrevivência.

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O êxodo rural sempre existiu, mas foi intensificado no século XX, com os avanços
tecnológicos no campo. Esta migração contribuiu para o crescimento das cidades em
razão do aumento populacional, que muitas vezes ocorreu de forma desordenada e sem
planeamento.

Consequências do êxodo rural

O êxodo rural traz consequências significativas para o espaço geográfico e a relação dos
seres que nele vivem. Grande parte do crescimento populacional nas cidades que se
industrializaram no século XIX ocorreu graças à migração campo-cidade, pois o foco dos
migrantes eram as zonas urbanas, em busca de emprego e melhores oportunidades.

Todo esse crescimento que aconteceu de forma acelerada trouxe sérios problemas


urbanos, como:

 poluição;
 pobreza;
 doenças;
 baixíssimas condições de higiene (falta de saneamento básico, por exemplo).

A indústria acelerou o crescimento das cidades e intensificou o êxodo rural.

Durante o século XX, esses problemas foram sanados, de forma gradativa, com a
implantação de sistemas de tratamento de esgoto, recolha de lixo e pavimentação das
ruas. Contudo, cidades que tiveram esse pico de crescimento populacional no século
passado sofrem com os problemas citados anteriormente.

Além do crescimento populacional urbano, o êxodo rural proporciona um esvaziamento


rural, podendo gerar concentração fundiária por parte de quem consegue se manter no
campo e adquire as propriedades de quem teve que se mudar para a cidade.

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O êxodo rural também pode trazer para o espaço urbano graves problemas ambientais,
como a ocupação de áreas irregulares, além de ocupações e bairros sem nenhum
planeamento urbano.

Todavia, o aumento da população das cidades pode aquecer o mercado consumidor e a


oferta de mão de obra, tornando a cidade competitiva no âmbito regional e até nacional.

3.4 ÁREA URBANA


Conceito
Área de um município caracterizada pela edificação contínua e a existência de
equipamentos sociais destinados às funções urbanas básicas, como habitação, trabalho,
recreação e circulação. 

3.5 A TERCIARIZAÇÃO
Uma das maiores características da fase atual do sistema capitalista,
marcada pela aceleração da globalização e também pelo predomínio da
mecanização do campo e da acumulação flexível na produção industrial, é
o processo de terciarização da economia. Contudo, para melhor
entendermos este conceito, é preciso lembrar algumas noções básicas a
respeito dos diferentes setores que integram as atividades económicas.

A economia, em termos de classificação das suas atividades, costuma ser


dividida em três setores: o primário, o secundário e o terciário, cujas
características são:

Setor primário – setor de produção de matérias-primas ou produtos


primários. Envolve a exploração agrícola, animal (caça e pesca) e mineral.

Setor secundário – setor de transformação das matérias-primas em


mercadorias ou produtos de base. Envolve, basicamente, a indústria, a
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transformação dos minerais, a construção civil e também a produção de


energia.

Setor terciário – é o setor mais amplo em termos de classificação, pois


envolve duas grandes áreas: o comércio e a prestação de serviços.

Assim sendo, entende-se por terciarização da economia o processo de


direcionamento do emprego e do rendimento para o setor terciário,
principalmente para a área de serviços.

Historicamente, a economia das primeiras civilizações foi marcada pelo


predomínio das atividades agropecuárias, em que o espaço geográfico era
marcado pela hierarquia predominante do campo sobre a cidade. O
mundo era composto por atividades essencialmente rurais.

Com as sucessivas Revoluções Industriais e o progressivo processo de


industrialização das sociedades, podemos dizer que ocorreu uma espécie
de secundarização da economia, com a maior parte do rendimento das
sociedades e do emprego nas indústrias, havendo, assim, um maior
predomínio da cidade sobre o campo.

Ao longo do século XX e do início do século XXI – primeiramente nos


países desenvolvidos, atualmente nos emergentes e, futuramente, nos
subdesenvolvidos –, ocorreu a evolução da transferência das atividades
para os serviços.

As causas da terciarização da economia estão, sobretudo, nas


transformações técnicas ocorridas no campo e também nas indústrias,
onde houve a implantação da maquinaria em substituição ao trabalho
manual e também a substituição da produção em massa pela produção
flexível, que, por natureza, emprega menos trabalhadores.
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Em face dessas circunstâncias, a maior parte dos trabalhadores migrou


para o setor terciário, o que assinala também o que muitos economistas
classificam como a terciarização do emprego. Em países como os
Estados Unidos, quase 80% dos trabalhadores atuam no setor terciário.

Portanto, podemos concluir que o processo de terciarização, mais do que


um termo económico, é uma tendência cada vez mais presente nas mais
diversas partes do mundo globalizado.

4 QUALIDADE DE VIDA
O conceito de qualidade de vida é muito abrangente, compreende não só a saúde física
como o estado psicológico, o nível de independência, as relações sociais em casa, na
escola e no trabalho e até a sua relação com o meio ambiente. De facto, existem
naturalmente outros fatores que a influenciam, mas comecemos por ver o que significa
qualidade de vida, para a Organização Mundial de Saúde (OMS). 
O conceito de qualidade de vida está diretamente associado à auto-estima e ao bem-estar
pessoal e compreende vários aspetos, nomeadamente, a capacidade funcional, o
nível socio-económico, o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o
autocuidado, o suporte familiar, o estado de saúde, os valores culturais, éticos e
religiosos, o estilo de vida, a satisfação com o emprego e/ou com atividades diárias e o
ambiente em que se vive. 
Para a OMS, a definição de qualidade de vida é a “a percepção que um indivíduo tem
sobre a sua posição na vida, dentro do contexto dos sistemas de cultura e valores nos
quais está inserido e em relação aos seus objectivos, expectativas, padrões e
preocupações”. Trata-se de uma definição que contempla a influência da saúde física e
psicológica, nível de independência, relações sociais, crenças pessoais e das suas
relações com características inerentes ao respetivo meio na avaliação subjectiva da
qualidade de vida individual. Neste sentido, poderemos afirmar que a qualidade de vida é
definida como a “satisfação do indivíduo no que diz respeito à sua vida quotidiana”. 

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Não devemos confundir qualidade de vida com padrão de vida. Muitas pessoas têm uma
errada noção de qualidade de vida, confundindo os termos. Padrão de vida é uma medida
que calcula a qualidade e quantidade de bens e serviços disponíveis. 

4.1 QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE


Saúde e qualidade de vida são dois temas muito relacionados, uma vez que a saúde
contribui para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos e esta é fundamental para que
um indivíduo ou comunidade tenha saúde. Mas não significa apenas saúde física e
mental, mas sim que essas pessoas estejam de bem não só com elas próprias, mas
também com a vida, com as pessoas que as cercam, enfim, ter qualidade de vida é estar
em harmonia com vários factores. 
 

4.2 QUALIDADE DE VIDA E MEIO AMBIENTE


O meio ambiente traz vários benefícios ao homem, sendo que um deles é, sem dúvida,
melhorar a sua qualidade de vida. A qualidade de vida e meio ambiente são, por isso
também, dois termos indissociáveis. 
O meio ambiente diz respeito a tudo o que nos rodeia, logo a nossa qualidade de vida
está diretamente associada à qualidade do meio ambiente envolvente. Deste modo, a
preservação do meio ambiente são um importante fator para aumentar a qualidade de
vida das pessoas. 
A título de exemplo, imagine uma cidade com muito lixo, muita poluição e sem espaços
verdes. Certamente que serão fatores, por um lado, suscetíveis de causar doenças e por
outro, não produzem sentimentos de bem-estar nas pessoas. Um praticante de atividade
física, por exemplo, quando opta por fazê-lo num espaço verde, une os benefícios do
exercício físico a um local de ar puro, tornando a sua atividade muito mais agradável e
saudável. Uma pessoa quando realiza uma massagem e pode usufruir simultaneamente
dos sons da natureza, consegue tirar ainda mais proveito do seu momento de
relaxamento. 
Hoje mais do que nunca, notamos que há uma preocupação crescente com o homem
para que este tenha uma vida com qualidade. 
Entre vários outros factores é preciso preservar e respeitar o meio ambiente para
garantirmos a nossa qualidade de vida, para isso, devemos ter atitudes mais assertivas e

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protetoras, no sentido de tornarmos o nosso habitat melhor tanto para nós como para as
gerações vindouras. 
É, sobretudo, quando falamos sobre o meio ambiente que vamos tomar consciência de
que somos organismos vivos que se encontram em harmonia com a natureza. A nossa
qualidade de vida depende do estado em que o meio ambiente se encontra, ou seja,
precisamos de ar, água, alimentos, elementos essenciais para a sobrevivência, daí ser
fundamental um meio ambiente ecologicamente equilibrado e que garantamos a sua
sustentabilidade. 
Para que possamos garantir uma boa qualidade de vida no futuro, devemos começar já a
preocuparmo-nos com a manutenção de hábitos saudáveis, a saber: cuidar do corpo, uma
alimentação equilibrada, exercício físico, relações saudáveis, ter tempo para realizar
atividades de lazer e vários outros hábitos que propiciem à pessoa bem-estar e qualidade
de vida. 
A promoção da saúde é o processo que visa aumentar a capacidade dos indivíduos para
controlarem a sua saúde, no sentido de a melhorar. Para atingir um estado de completo
bem-estar físico, mental e social, o indivíduo deve ser capaz de identificar e realizar os
seus desejos, satisfazer as suas necessidades e modificar ou adaptar-se ao meio. 
Ser saudável não se limita àquilo que vemos no nosso corpo. Sentirmo-nos bem e felizes
é uma parte importante da saúde e bem-estar e não deve ser descurada. 
Encontre tempo para si e para quem gosta, dedique-se a novos hobbies e torne o tempo
de lazer tão importante quanto o tempo que passa no trabalho. Alie a saúde à beleza.
Embora seja importante gostarmos do nosso reflexo no espelho, é também fundamental
não cair em extremismos. Dietas loucas não só podem ser perigosas como também se
tornam difíceis de cumprir. 
Aprenda a combater o stress. Com isto, ajudará a reduzir os níveis de stress, diminuindo
a probabilidade de sofrer de problemas como a hipertensão, alergias, infecções causadas
por baixa imunidade, etc para além de melhorar a qualidade de vida. 

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5 SUSTENTABILIDADE

Conceito
Característica de modelo de desenvolvimento económico que procura a melhoria do nível
de vida das populações, garantindo em simultâneo a preservação do ambiente e dos
recursos naturais, através da sujeição das atividades económicas e industriais a princípios
de equilíbrio ecológico, de modo a satisfazer as necessidades das gerações existentes
sem comprometer as necessidades das gerações futuras. 

5.1 MODELO DE ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE

A definição de desenvolvimento humano para Bronfenbrenner consiste em: mudança


duradoura na maneira pela qual uma pessoa percebe e lida com o seu ambiente, (...) é o
processo através do qual a pessoa desenvolvente adquire uma concepção mais
ampliada, diferenciada e válida do meio ambiente ecológico, e se torna mais motivada e
mais capaz de se envolver em atividades que revelam as  suas propriedades, sustentam
ou restituíram aquele ambiente em níveis de complexidade semelhante ou maior de forma
e conteúdo  
Bronfenbrenner, em vez de dar toda a importância aos processos psicológicos tradicionais
como percepção, motivação, pensamento ou aprendizagem, enfatiza o conteúdo desses
processos como o que é percebido pela pessoa, ou ainda o que é temido, pensado ou
adquirido como conhecimento, importando-se mais em como a natureza desse
material psicológico pode ser alterada em função da exposição e interação do ser
humano em desenvolvimento com o seu meio ambiente. 
  
Microssistema é um padrão de atividades, papéis e relações interpessoais
experienciados pela pessoa em desenvolvimento num dado ambiente com características
físicas e materiais específicas. 
Ambientes tais como a casa, a creche ou a escola em que a pessoa é envolvida em
interações face-a-face fazem parte do microssistema. Os padrões de interação, conforme
persistem e progridem por meio do tempo, constituem os veículos de mudança
comportamental e de desenvolvimento pessoal. Igual importância é atribuída às conexões
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entre as pessoas presentes no ambiente, à natureza desses vínculos e à sua influência


direta e indireta sobre a pessoa em desenvolvimento. 
O mesossistema diz respeito às inter-relações entre dois ou mais ambientes nos quais
uma pessoa participa ativamente, podendo ser formado ou ampliado sempre que ela
passe a fazer parte de novos ambientes. Em alguns casos, por exemplo, esse sistema
inclui as relações que um indivíduo mantém em casa, na escola, no clube e com amigos
da vizinhança; em outros, apenas as relações exclusivamente familiares e com membros
da igreja da qual sua família faz parte. 
Num exosssistema, ao contrário do mesossistema, a criança ou pessoa em
desenvolvimento não é participante ativa, mas aí podem ocorrer eventos que a afetem, ou
ainda vice e versa, podem ser afetados por acontecimentos do ambiente imediato onde a
criança se encontra. Estes tipos de ambientes que consistem em exosssistemas podem
ser por exemplo: o local de trabalho dos pais, a escola do irmão ou a rede de amigos dos
pais. 
Finalmente, o macrossistema envolve todos os outros ambientes, formando uma rede de
interconexões que se diferenciam de uma cultura para outra. Neste caso, podemos dar,
como exemplo, a estrutura política e cultural de uma família norte americana de classe
média enquanto sistema, muito diferente de um grupo familiar de operários portugueses. 
 

5.2 MEIO URBANO E SUSTENTABILIDADE

A cidade desenvolvida nas últimas décadas, caracterizada pela dispersão, especialização,


e segregação espacial e revela-se ineficiente em termos energéticos e altamente
consumidora de recursos. 
Surge então uma política de compactação urbana, que associa a contenção do
crescimento urbano com políticas de regeneração, reabilitação e renovação e com a
promoção de usos mistos. Em termos ambientais, os argumentos utilizados podem ser
resumidos tanto por uma menor pressão sobre as áreas ainda não urbanizadas como
pela menor necessidade de utilização do automóvel privado, resultando naturalmente
numa redução de consumo de combustível. Defende-se que uma cidade compacta e com
usos mistos proporciona uma maior proximidade entre as diversas actividades, o que
reduz a necessidade de utilização de automóvel privado, e facilita a constituição de uma
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rede eficiente de transportes públicos, o que por sua vez ainda mais contribui para a
diminuição da motorização individual. 
A relação entre sustentabilidade e forma urbana é complexa.  
A forma urbana desejável não pode ser somente determinada com base em premissas
energéticas e ambientais, tendo de ser ponderadas questões como custos públicos e
privados, interacção social e técnica ou exequibilidade política e económica. Por outro
lado, a construção da forma urbana envolve longos períodos de tempo, pelo que a
mudança dos discursos e as suas consequências só podem gradualmente manifestar-se
em ajustamentos da forma urbana.  
As relações sociedade/espaço e sociedade/ natureza é fundamental para sustentabilidade
urbana. É evidente que as cidades têm vindo, e vão continuar, a afectar o
desenvolvimento do ambiente e que o ambiente deve, se as presentes preocupações
forem levadas seriamente, afectar o desenvolvimento da cidade. Por estas razões, as
questões da sustentabilidade e das inter-relações entre cidade e ambiente vão emergir no
centro da geografia urbana no futuro. 

5.3 INFRA-ESTRUTURAS DE MOBILIDADE E FLUXOS URBANOS

Desde as últimas décadas do século XX, em particular desde a adesão de Portugal à


Comunidade Económica Europeia (1986), assiste-se a uma construção e transformação
aceleradas das infra-estruturas de mobilidade do território nacional. Este acréscimo
construtivo levanta inevitavelmente questões sobre a governabilidade, a estratégia e a
organização do território e do espaço urbano.  
Numa altura em que a cidade se encontra cada vez mais saturada, dada a concentração
de população, actividades, edificação e movimentação diária em massa, resultam
inevitáveis preocupações com a sustentabilidade e identidade da cidade, visto que se
acumulam problemas globais, tais como a degradação, o congestionamento, a
insegurança, a poluição, a descaracterização do espaço público, etc. Nesse sentido os
transportes colectivos representam uma posição essencial para a integridade da cidade e
para o restabelecimento de uma identidade colectiva face a uma sociedade cada vez mais
voltada para si própria. Os novos usos do solo urbano e as necessidades de uma
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sociedade em constante transformação dificultam o esforço da cidade e do território na


resolução dos seus problemas, agravados pela descontinuidade na expansão dos
aglomerados e pela fragmentação das cidades nas últimas décadas, originando a perda
de limites entre o espaço urbano e o espaço rural. A construção de infra-
estruturas rodoviárias, melhoraram as condições de mobilidade, mas, ao mesmo tempo,
contribuíram para a descontinuidade do território. O uso desregrado, a utilização em
massa do transporte individual, o desinteresse e desabituação com os
transportes colectivos – quanto ao uso, organização e planeamento - pioraram
significativamente estes problemas. 
Perante uma sociedade em contínua transformação e extremamente mutável no que diz
respeito aos modos de vida e usos do solo, a cidade actual apresenta-se cada vez mais
envolvida pelas questões da mobilidade. A concentração e diversidade
de actividades sociais, económicas, políticas e culturais, originam grandes volumes de
movimentação que podem causar graves problemas, internos e externos, caso as
condições de mobilidade não sejam favoráveis, colocando em causa a evolução, a
integridade e a sustentabilidade da cidade. É inevitável a análise dos fluxos urbanos e das
questões de mobilidade no sentido de actualizar e criar novas condições de circulação
nos centros urbanos, especialmente quando estes possuem uma estrutura urbana
complexa. 
 Os transportes públicos colectivos, os sistemas e as infra-estruturas de transportes,
constituem os mais importantes instrumentos para a integridade da cidade e do território,
não só como resposta às necessidades de mobilidade e fluxo urbano, mas igualmente,
como instrumento para o desenvolvimento e organização dos usos do solo urbano. Os
problemas de circulação na cidade, tais como o congestionamento, a insegurança e a
poluição, provocados pela supremacia e o uso desregrado do transporte individual e a
descaracterização do espaço público, despertaram a atenção e o investimento para as
políticas de transporte e redes de comunicação. Reestabelecer a continuidade no território
e melhorar as redes de comunicações, requer uma persistente procura da evolução
tecnológica e inovação e adaptação dos transportes à realidade da sociedade e
das actividades sociais, económicas e culturais. 
Os recursos naturais, o clima, a fauna, a flora, a localização geográfica, contribuíram ao
longo dos séculos para a afixação dos povos, e consequentemente definiram as
variadas actividades predominantes em cada local. Durante todos estes séculos
decorreram várias modificações territoriais provocadas por diferentes fenómenos: guerras,
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revoluções, tragédias, etc., que ao mesmo tempo provocaram transformações


demográficas de evolução crescente e decrescente, e manipularam as
principais actividades e o desenvolvimento do território. São precisamente
essas actividades os principais factores de desenvolvimento ou encolhimento gerais,
originando estratégias de distribuição e organização do território, como um espaço
dominado por um Estado com determinadas políticas, sabendo que estas dependem
essencialmente da conjuntura económica, social e cultural locais e globais e das suas
oportunidades. As estratégias, arcaicas ou actuais (planeamento ou ordenamento do
território, por exemplo) têm como base, respostas às circunstâncias criadas
pelas actividades instigadoras de movimento económico, social e cultural no território,
regulando e estabelecendo medidas directivas que visam o crescimento organizado. As
diversas estratégias devem concentrar-se na integração do território, contínuo, não
unicamente nas centralidades ou zonas mais desenvolvidas, o que constitui em algumas
situações, problemas repetitivos, visto que o desenvolvimento das áreas urbanas é
influenciado pelas regiões subentendidas, por vezes subestimadas. Portanto, é importante
que as estratégias sejam inclusivas e não apresentem simplesmente reflexões e soluções
para problemáticas de determinado local.  

6 CONCLUSÃO
Os fluxos migratórios em Portugal espelham o movimento que todas as populações
fizeram ao longo do tempo – a procura de melhores condições de vida e de trabalho,
muitas vezes traduzidas na fuga dos campos para as cidades, do interior para o litoral,
das periferias para os centros urbanos. Portugal é agora um país importador/acolhedor de
migrantes e sem eles seríamos menos, mais velhos e mais pobres. A diversidade
sociocultural resultante deste movimento mostra uma socialização eficaz que a todos
enriquece.

O diálogo entre o meio urbano e o meio rural é agora mais fácil e ocorre com maior
fluidez, devido à diversidade de sistemas de mobilidade de que todos tiramos partido. As
grandes cidades continuam a atrair pessoas porque é nelas que mais oportunidade de
trabalho existe e onde se encontram mais facilmente os serviços de que precisamos. Mas
neste momento as cidades mais pequenas e com um pendor rural ainda acentuado, já
oferecem esses mesmo serviços e equipamentos socioculturais, começando a atrair, já,
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uma franga da população que querendo fugir do stress das grandes cidades não
prescinde das facilidades e serviços do sector terciário. Vive-se uma consciência
ecológica refectida nas opções de mobilidade de cada um e que mostram a sensibilização
para a sustentabilidade. Neste aspecto, voltamos a constatar o factor “sistemas de
mobilidade” a facilitar e promover o diálogo entre o meio urbano e o meio rural.

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7 BIBLIOGRAFIA

8 GLOSSÁRIO

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