Você está na página 1de 37

USTM

Faculdade de Ciências Económicas e


Empresariais

Disciplina: SISTEMA FINANCEIRO

Licenciaturas: GESTÃO DE EMPRESAS E


CONTABILIDADE & AUDITORIA

1
MOEDA
CONCEITO:

Moeda é o meio através do qual são efectuadas as


transacções monetárias. É todo activo que
constitua forma imediata de solver débitos, com
aceitabilidade geral e disponibilidade imediata, e
que confere ao seu titular um direito de saque
sobre o produto social.

Barata (1998), define moeda como um agregado


ou conjunto de três elementos: notas de banco,
moedas metálicas e depósitos bancários, nas mãos
do sector não-bancário da economia.

De uma forma geral moeda é qualquer coisa que


geralmente é aceite para pagamentos de bens e
serviços 2
Distinção entre dinheiro e moeda

Na sua obra Moeda e Mercados Financeiros,


Barata (1998), sustenta que o dinheiro tem a
acepção da linguagem comum e significa notas e
moedas admitidas em circulação. Por sua vez, a
Moeda tem um significada técnico e consiste no
dinheiro possuído pelos agentes económicos não
bancários, seja sob forma de notas e moedas,
seja sob a forma de depósitos em bancos,
representativos dessas duas espécies.

3
Evolução Histórica da Moeda

A moeda, como hoje a conhecemos, é o


resultado de uma longa evolução. No início não
havia moeda. praticava-se o escambo, simples
troca de mercadoria por mercadoria, sem
equivalência de valor. Assim, quem pescasse
mais peixe do que o necessário para si e seu
grupo trocava este excesso com o de outra
pessoa que, por exemplo, tivesse plantado e
colhido mais milho do que fosse precisar.

4
MOEDA-MERCADORIA

Algumas mercadorias, pela sua utilidade,


passaram a ser mais procuradas do que
outras. Aceitas por todos, assumiram a
função de moeda, circulando como elemento
de troca por outros produtos e servindo para
avaliar-lhes o valor.

5
O gado, principalmente o bovino, foi dos mais
utilizados; apresentava vantagens de locomoção
própria, reprodução e prestação de serviços,
embora corresse o risco de doenças e da morte.
O sal foi outra moeda–mercadoria; de difícil
obtenção, principalmente no interior dos
continentes, era muito utilizado na conservação
de alimentos.

No entanto, tendo resolvido um problema, três


outros estavam para ser resolvidos: as
mercadorias que serviam de moeda eram em
geral perecíveis, apresentavam problemas de
divisibilidade, como no escambo, e traziam,
ainda problemas com a stocagem.

6
MOEDA METÁLICA

As necessidades e a criatividade humana


fizeram com que surgisse uma solução que
resolvesse a questão da coincidência de
desejos, verificada nas trocas directas, além
do problema da perecibilidade e da
divisibilidade. É introduzida, então, a moeda
metálica como intermediária das trocas.

7
Inicialmente os metais empregues como
instrumentos monetários foram o cobre, o
bronze, em especial o ferro.

Com o andar do tempo estes metais foram


deixados de lado, pois não serviam como
reserva de valor devido a sua abundância,
por essa razão foram substituídos pelo ouro e
prata.

8
A utilização do ouro e prata acabou trazendo
grandes vantagens no tocante as moedas
cunhadas por esses metais, eram pequenas e
fáceis de carregar, além de serem padronizadas
e com valor intrínseco, isto é, valor de compra
equivalente ao valor da mercadoria;

Serviam como reserva de valor;

Sendo raras mantinham estável o seu valor ao


longo do tempo.

9
Apesar de todas estas vantagens a moeda
metálica apresentava um inconveniente:

O transporte a longas distâncias em função


do peso das moedas e o risco dos assaltos
que estavam sujeitos os comerciantes
durante suas viagens

10
MOEDA PAPEL OU MOEDA
REPRESENTATIVA.

Na Idade Média, surgiu o costume de se


guardarem os valores com um ourives,
pessoa que negociava objectos de ouro e
prata. Este, como garantia, entregava um
recibo. Com o tempo, esses recibos
(designados certificados de depósito),
passaram a ser utilizados para efectuar
pagamentos, circulando de mão em mão e
dando origem à moeda papel.
11
Eliminou as dificuldades que os comerciantes
enfrentavam em seus deslocamentos, facilitado a
efectivação de suas operações comerciais e de
crédito, especialmente entre cidades, pois, ao
invés de carregar o ouro levavam apenas o
certificado de depósito que era emitido por casas
de custódia onde os comerciantes depositavam o
seu ouro e outros valores sob garantia .

12
O seu uso acabou se generalizando de tal forma
que os comerciantes passaram a transferir os
direitos dos certificado de depósito (CD)
directamente, fazendo com que os CD tomassem
o lugar das moedas metálicas,

Estava assim criada a nova moeda com plena


garantia de conversibilidade a qualquer momento
pelo seu detentor.

13
PAPEL MOEDA OU MOEDA FIDUCIÁRIA
Ao longo do tempo as casas de custódia que
recebiam o metal e passavam o CD perceberam que
os detentores dos CD não faziam a reconversão ao
mesmo tempo. Assim, começaram a emprestar o
ouro que ficava ocioso, por meio de novos
certificados sem lastro, ou seja, sem depósito em
moedas metálicas que serviam de garantia ao papel-
moeda ou certidão de depósito, a uma taxa de juros
suficiente para compensar os riscos.
É assim que surgiu a idéia de Banco .
As primeiras notas de Banco aparecem no século
XVII, ligadas ao aparecimento de primeiros bancos
(Roma e Amsterdão).
14
A emissão do ouro passou a ser feita ao critério das
autoridades monetárias de cada país.

O papel moeda tem circulação forçada, ou seja, por


lei os agentes económicos são obrigados a aceitá-la.
Toma também o nome de moeda fiduciária (é a
moeda que hoje se usa, moeda baseada na fidúcia,
na confiança) e consiste nas notas e moedas
emitidas pelos bancos Centrais

Paulatinamente passou se a emissão de notas


inconversíveis. Situação que evoluiu com o tempo,
chegando aos dias actuais, em que a moeda é de
emissão privativa do Estado, onde não há
conversibilidade.
15
MOEDA ESCRITURAL OU BANCÁRIA

É representada pelos depósitos à vista e a prazo

É chamada escritural uma vez que diz respeito aos


lançamentos (débito e crédito) realizadas nas
contas correntes dos bancos.

O cheque, por sua vez, é apenas o mecanismo de


conversão do depósito em moeda manual, ou seja,
nada mais é, do que uma ordem de transferência
de fundos. Como só uma parcela de depósitos é
requerida em espécie, pois, grande parte retorna
aos bancos em forma de novos depósitos.
16
MOEDA VIRTUAL (Moeda electrónica)

A evolução das formas de moeda está vinculada ao


aspecto intrínseco de que novas formas são
adoptadas por tornarem mais fáceis, as transações
entre os agentes econômicos.

A moeda na forma digital (mecanismos de


pagamento por via eletrônica) implica redução
significativa nos custos de transacção.

17
Seu surgimento e desenvolvimento, está ligado
ao facto de que são vislumbradas as
oportunidades de negócios com o oferecimento de
serviços financeiros por meio de cartões de débito
e crédito, cheque electrónicos, etc.

Essas novas formas de dinheiro electrônico


ganharam impulso com a criação da Internet, que
permite a realização de compras via computador,
debitando-se os respectivos custos em cartões de
crédito ou directamente na conta bancária do
usuário.

18
Funções da Moeda

A moeda desempenha simultaneamente as


funções de:

Meio de pagamento ou troca


Medida de valor
Reserva de valor
Padrão de pagamentos diferidos

19
Meio de pagamento ou troca

É geralmente aceite pelos indivíduos na


realização das suas transacções. Usa-se como
um instrumento intermediário de trocas,
permitindo que a economia como um todo
aumente sua eficiência. Isto significa que a
moeda serve para saldar débitos, que é um
meio geral de pagamentos.

20
Medida de Valor (Unidade de conta)

A moeda serve para comparar o valor de


mercadorias diversas (os diversos bens e serviços
são expressos em quantidade de moeda, por meio
dos preços).

A moeda converte-se num instrumento de


medição de bens e serviços produzidos ou
transaccionados na economia sob a forma de
preços.

21
Reserva de valor

Um indivíduo que recebe moeda por alguma


transacção que tenha realizado, não precisa
gastá-la imediatamente, pode guardá-la para
uso posterior. Isto é, a moeda pode ser utilizada
como um depósito de poder aquisitivo a usar no
futuro.

22
Padrão de pagamentos
diferidos

Esta função resulta da capacidade da moeda em


facilitar a distribuição de pagamentos ao longo do
tempo. Os pagamentos feitos aos factores de
produção por exemplo, factor trabalho, são
exemplos de diferimento.

As operações de crédito e financiamento, que dão


sustentação a maior parte das grandes
transacções econômicas, são também exemplos
de compromissos diferidos, cuja liquidação é
contratada e se dá sob a interferência da moeda.
23
Características da Moeda

Para a moeda desempenhar as suas funções


ela possui um conjunto de características:

Durabilidade;
Homogeneidade;
Divisibilidade;
Transmissibilidade;
Facilidade de manuseio e transporte

24
Durabilidade
A moeda deve resistir a inúmeras relações de
troca a que estiver sujeita, exigindo que ela
seja impressa em material de excelente
qualidade para que não perca suas
características nem se possa altera-las.

Deve ser impressa em papel resistente e não


falsificável.

25
Homogeneidade
Diferentes unidades monetárias, mas que
possuam o mesmo valor de compra.

Divisibilidade
A moeda-padrão ou moeda principal de uma
economia deve possuir múltiplos e submúltiplos,
para permitir a realização de todos os tipos de
transacções comerciais e facilitar trocos.

26
Transmissibilidade

A moeda deve circular na economia, sem


nenhuma dificuldade facilitando o processo de
trocas. A razão principal para esta característica
é o curso legal imposto pelo estado, que emite e
garante o papel moeda em circulação. Isto é,
deve ser aceite por todos agentes económicos.

Facilidade de manuseio e transporte

O papel moeda de uma economia deve ser


impresso de forma a facilitar o seu uso e o seu
transporte, para evitar que a sua utilização seja
dificultada e que, ela seja descartada. 27
Formas de Moeda
Define-se por sistema monetário o conjunto
de moedas utilizadas em um país e que
compreende:

Moeda metálica
Papel moeda
Moeda escritural

28
Moeda Metálica

Emitido pelo Banco Central visa facilitar as


operações de pequeno valor, servem também
como unidade fraccionada, facilitando o troco.

Constituem pequena parcela da oferta


monétaria.

29
Papel moeda

São cédulas emitidas pelo Banco Central e


representam parcela significativa da
quantidade de dinheiro em poder do público.
Também circulam por força de dispositivo
legal, que lhes dá curso legal no país.

30
Moeda escritural

É a moeda dos bancos, representado a


contrapartida dos depósitos à vista e a curto
prazo, é constituída pelos lançamentos feitos
pelos bancos .

As moedas escriturais circulam sob forma de


cheques e ordem de pagamento.

31
Quase moeda

É o conjunto de activos do sistema financeiro não


monetário, constituídos por compromissos
assumidos pelas instituições financeiras e pelo
governo. Se caracterizam pela sua extrema
liquidez além de possuírem muitas propriedades
de moeda.

Títulos da dívida pública que estejam fora do


Banco Central (obrigações de tesouro)
Depósitos de poupança;
Depósitos a prazo ( certificado de depósitos
bancários, recibos de depósito) 32
DETERMINANTES DA PROCURA DA
MOEDA
Os agentes económicos procuram moeda por
múltiplas razões. Keynes apud Barata (1998),
refere-se a procura por preferênca pela liquidez
[1] e designa três motivos (determinantes),
“psicológicos e comerciais”, para a sua existência:

Motivo de Transacção (transacional);


Motivo de Precaução (Precaucional);
Motivo de Especulação.

[1] Liquidez é a facilidade com que um activo


pode ser convertido em meio de troca na
economia.
33
1.Motivo de Transacção (transacional)

Respeita à necessidade de realização de negócios


ou transacções. Explicado pela necessidade de
manter dinheiro disponível para efectuar pagamentos
correntes de bens e serviços. O nível de moeda a
manter para realizar transacções depende da renda
das pessoas.

2. Motivo de Precaução (Precaucional)

Respeita á necessidade de fazer face á despesas


inesperdas (súbitas), assim como a possibilidade
de poder aproveitar oportunidades imprevistas de
compras vantajosas. 34
3.Motivo de Especulação
Deve-se ao desejo de aproveitamento de
oportunidades especulativas em relação a certos
activos (acções, obrigações, imóveis, etc) desde
que os agentes económicos acreditem numa
valorização atraente de seus preços, podem
justificar maior procura por dinheiro.

A quantidade de moeda retida para especulação


é função da rentabilidade oferecida pelas
aplicações.

35
MOEDA E INFLAÇÃO

INFLAÇÃO → Corresponde ao aumento no nível


geral dos preços.

- Moderada

Inflação - Galopante

- Hiperinflação

36
Inflação Moderada→É caracterizada pelo
aumento dos preços em ritmo lento. De forma
arbitrária classifica-se como moderada quando
apresenta taxas anuais de um só dígito.

Inflação Galopante→É caracterizada por um


aumento a dois ou três dígitos (20%, 100% ou
200%) ao ano. Nestas circunstâncias começam a
surgir distorções económicas graves. A maior
parte dos contratos fica indexada a um índice de
preços ou a uma moeda estrangeira como o dólar
americano. A moeda nacional perde valor
rapidamente.

Hiperinflação→É caracterizada por aumentos


dos preços em mais de um milhão por cento ao
ano. Mankiw (2006) sustenta que a hiperinflação
37

é uma inflação que supere 50% ao mês.

Você também pode gostar