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Conceito e Origem da Contabilidade Bancaria e das Instituições Financeiras

A Contabilidade Bancária é um ramo da contabilidade aplicada que estuda, regista e controla


as operações pertinentes a instituições de crédito e sociedades financeiras, determinando o
resultado destas operações e a situação patrimonial.

Assim como a empresa mercantil tem por objectivo a compra e venda de mercadorias e
utilidades, a empresa industrial a transformação da matéria-prima em produtos de mais
variadas espécies. A empresa bancaria tem por objectivo o comercio do dinheiro, quer com
fornecedor de capitais, quer com como depositaria de capitais de terceiros, quer ainda com
intermediário de crédito.

O comércio sempre existiu através de permuta nas civilizações antigas na qual consistia na
troca de mercadoria por mercadoria, pois não existia um instrumento de troca legal, dava-se
tudo o que se fazia-o dinheiro veio mais tarde.

Desta forma, o homem criou mercadoria para padronizar o processo de troca, tendo iniciado
pelo GADO, que em latim significa PECUS, dai a palavra pecúnia que significa dinheiro.
Com o tempo, surgiram diversas moedas padrão, variando de região para região.

O homem no seu génio intuitivo mais uma vez criou uma moeda metálica, tendo estabelecido
como mercadoria padrão utilizando metais raros e de grande valor como, ouro, prata e
bronze.

Mais tarde surgiu o dinheiro de papel, conhecido também por moeda papel, tornando mais
fácil o transporte de pequenos e grande valores. A moeda sempre representou um instrumento
poderoso de realização dos anseios do ser humano devido às suas já conhecidas principais
funções.

A Moeda

Não sendo objectivo principal do trabalho, o estudo da moeda é, no entanto, importante


mesmo de uma forma resumida refrescar os conhecimentos sobre a matéria para melhor
perceber o funcionamento do sistema financeiro.

Muito embora não haja precisão absoluta, a unificação do sistema de cunhagem da moeda é
atribuída aos líbios, no século VII, entre 687 à 650 A.C. Contudo, no terceiro milénio A.C. já
o ouro era tido como unidade de conta no Egipto e a prata na Mesopotâmia.
A partir do século IX A.C. os chineses usavam o bronze como meio de pagamento com
diversas formas de inscrições gravadas. Isto significa que, a moeda apareceu numa fase mais
evoluída da organização social.

No ocidente, os povos que mais se notabilizaram na expansão da moeda foram os gregos, os


persas e romanos durante a Idade média e época renascentista através do mediterrâneo,
tornando-se num objecto de investigação por parte de teólogos, de filósofos como Platão e
outros pensadores.

Funções da Moeda

Não há uma definição da moeda e sempre que se pretenda defini-la acaba-se falando das suas
funções por ser mais prático. Esta dificuldade de definição resulta do facto de no passado a
moeda ter passado por várias representações desde a concha, gado, sal que coexistiram com a
troca directa até meados do século VIII, idade do ferro e bronze que veio revolucionar a
divisão de trabalho e por isso o papel da moeda evolui também. Assim temos as seguintes
funções:

 Meio de pagamento: toda peça monetária representa um direito sobre riquezas


existentes, permitindo ao seu portador adquirir certa quantidade dessas riquezas, à sua
escolha, até onde alcance o valor facial indicado;
 Unidade de conta: torna possível a indicação de todos os preços numa só unidade,
pela comparação dos valores relativos das mercadorias permitindo contabilizar ou
exprimir numericamente os ativos e os passivos, os haveres e as dívidas;
 Reserva de valor: permite armazenar e conservar os valores para utilização
oportuna;
 Instrumento de Troca: nas operações anteriormente descritas da troca indirecta, a
moeda aparece para satisfazer a necessidade de meio de pagamento. A moeda tem
poder legal de liberar débitos. Sua aceitação é baseada fundamentalmente nos factores
confiança e hábito.
A Moeda como fonte do sistema Bancário

Quando um cliente vem depositar dinheiro (em notas) no seu banco, ele troca moeda
fiduciária por importância igual de moeda escritural. Todavia, a moeda fiduciária não
desaparece na medida em que o Banco vai colocá-lo à disposição de um beneficiário de
empréstimo. Assim, completando a funções da moeda já estudadas anteriormente, pode-se
classificar em:

 Moeda metálica;
 Moeda fiduciária (constituído pelo conjunto das notas do banco elas se baseam na
confiança do portador para com o emissor);
 Moeda bancária ou Escritural (saldos dos depósitos bancários à ordem).

O Valor da moeda metálica depende de dois elementos:

 Elemento Material – que consiste pelo metal precioso (ouro ou prata) utilizado no
fabrico da moeda. É ainda o mesmo metal que serve de cobertura para as notas de
bancos postas em circulação.
 Elemento Psicológico – em que o valor da moeda, nas nações ditas civilizadas,
repousa mais a vontade de todos em lhes atribuírem esse valor do que na matéria de
que é fabricada.

Analisando a moeda como Suporte do Sistema bancário encontramos dois

grupos de moeda diferentes:

 Moeda Primária – que é constituído pelo conjunto de moedas metálicas e moeda


fiduciária (notas).
 Moeda Escritural / Bancária ou Secundaria – que é constituído pelo movimento
das contas de depósito nos bancos, através dos quais é possível efectuar pagamentos,
como já foi referido.

Ao conjunto da moeda primária e da moeda escritural dá-se o nome de Massa monetária.


Assim, a massa monetária representa o total dos meios de pagamento de uma economia.
Definição de Bancos e Instituições Financeiras

Bancos são empresas que possuem capitais próprios e de terceiros (depósitos) e que
empregam esses recursos em diversas espécies de operações peculiares ao comércio de
dinheiro, com o objectivo de lucro;

O papel dos Bancos é o comércio de dinheiro por um dado preço e aplicá-los por preço maior
(juros e descontos), donde a diferença representa lucro bruto, com que se pagam as despesas,
resultando o lucro líquido, distribuindo em forma de dividendo ou acumulando como reserva.

O desenvolvimento do sistema bancário através dos tempos deveu-se, sobretudo a busca do


lucro, os quais para além de trabalharem os metais preciosos, também recebiam como valores
a guarda.

Principais Objectivos do Banco

Na procura de maior lucro o banco pretende alcançar os seguintes fins:

 Pagamento dos depósitos;


 Aumento das Reservas;
 Remuneração dos accionistas que esperam um rendimento do seu investimento.

Noção do Sistema Financeiro

O Ministério das Finanças e o Banco de Moçambique são as instituições com poderes para
gerir as políticas fiscais e monetárias, respectivamente, no quadro dos objectivos
macroeconómicos definidos pelo Governo. Superintendem o funcionamento das instituições
financeiras e no caso do Ministério das Finanças garante também a necessária coordenação
com o Banco de Moçambique na apresentação, aos órgãos competentes, de projectos de
legislação para o sistema bancário.
Assim, o sistema financeiro é formado por um conjunto de entidades e instituições que
promovem a intermediação financeira, isto é, encontro entre credores e tomadores de
recursos.

Estrutura do Sistema Financeiro Nacional

As instituições financeiras podem ser classificadas numa perspectiva legal da seguinte forma:

 Instituições De Crédito;
 Instituições Auxiliares De Crédito;
 Instituições de Intermediação Financeira Autoridades monetárias.

Objectivos e entidades que utilizam o Plano Contabilístico das Instituições Financeiras

As normas consubstanciadas neste Plano Contabilístico têm por objetivo uniformizar os


registos contabilísticos dos actos e factos administrativos praticados, racionalizar a utilização
de contas, estabelecer regras, critérios e procedimentos necessários à obtenção e divulgação
de dados, possibilitar o acompanhamento do sistema financeiro, bem como a análise, a
avaliação do desempenho e o controle, de modo que as demonstrações financeiras elaboradas,
expressem, com fidedignidade e clareza, a real situação económico-financeira da instituição e
conglomerados financeiros.

As normas e procedimentos, bem como as demonstrações financeiras padronizadas previstas


neste Plano, são de uso obrigatório para todas as instituições autorizadas a funcionar pelo
Banco Central. Sendo o Plano Contabilístico um conjunto integrado de normas,
procedimentos e critérios de escrituração contábil de forma genérica, as diretrizes nele
consubstanciadas, bem como a existência de títulos contábeis, não pressupõem permissão
para prática de operações ou serviços vedados por lei, regulamento ou acto administrativo, ou
dependente de prévia autorização do Banco Central.

Exercício social
O exercício social tem duração de um ano e a data de seu término, 31 de dezembro, deve ser
fixada no estatuto ou contrato social.

Livros de Escrituração

A instituição deve manter o Livro Diário ou o livro Balancetes Diários e Balanços e demais

livros obrigatórios com observância das disposições previstas em leis e regulamentos.

A substituição do Livro Diário pelo livro Balancetes Diários e Balanços, uma vez deliberada

pela instituição, deve ser programada para que se processe na mesma data em todas as suas
dependências. Em tal hipótese, escritura-se o Livro Diário normalmente até a véspera e, ao
fim desse expediente, lavra-se o termo de encerramento.

No emprego de qualquer sistema mecanizado ou eletrônico na escrituração, será permitido


substituir os livros comerciais obrigatórios por formulários contínuos, folhas soltas, cartões
ou fichas.

A instituição deve possuir o Livro Diário, ou o livro Balancetes Diários e Balanços,


legalizado

no órgão competente.

O banco comercial, ou banco múltiplo com carteira comercial, que mantiver contabilidade
descentralizada deve possuir para a sede e cada uma das agências o Livro Diário ou o livro
Balancetes Diários e Balanços, legalizado no órgão competente.

O banco comercial, ou banco múltiplo com carteira comercial, que possua contabilidade de
execução centralizada, com uso de um único livro Balancetes Diários e Balanços, ou Livro
Diário, devidamente legalizado no órgão competente deve manter, nas agências, cópias da
contabilização dos respectivos movimentos e dos balancetes diários e balanços, admitindo-se
o arquivo sob a forma de microfilme.

No livro Balancetes Diários e Balanços, ou Livro Diário, da dependência centralizadora,


inscrevem-se, em 30 de Junho e 31 de Dezembro de cada ano, os seguintes documentos,
devidamente assinados por, no mínimo, 2 (dois) administradores estatutários e pelo
profissional de Contabilidade habilitado:

1. O balancete geral, o balanço geral, a demonstração do resultado e a demonstração das


mutações do patrimônio líquido;

2. O balanço geral e a demonstração de resultado da sede e de cada uma das agências, no


caso de banco comercial que possua a contabilidade descentralizada;
3. As notas explicativas e o parecer da auditoria independente.

Classificação das Contas

Activo

As contas dispõem-se em ordem decrescente de grau de liquidez, nos seguintes grupos:

Circulante:

 Disponibilidades;
 Direitos realizáveis no curso dos doze meses seguintes ao balanço;
 Aplicações de recursos no pagamento antecipado de despesas de que decorra
obrigação a ser cumprida por terceiros no curso dos doze meses seguintes ao balanço;

b) Realizável a Longo Prazo:

 Direitos realizáveis após o término dos doze meses subsequentes ao balanço;


 Operações realizadas com sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas
ou participantes no lucro da instituição que, se autorizadas, não constituam negócios
usuais na exploração do objeto social;
 Aplicações de recursos no pagamento antecipado de despesas de que decorra
obrigação a ser cumprida por terceiros após o término dos doze meses seguintes ao
balanço;

c) Permanente:

 Investimentos:
 Imobilizado:
 Diferido:
 Intangível
2) Passivo

As contas classificam-se nos seguintes grupos:

Circulante: obrigações, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do Activo


Permanente, quando se vencerem no curso dos doze meses seguintes ao balanço;

Exigível a Longo Prazo: obrigações, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do


Activo Permanente, quando se vencerem após o término dos doze meses subsequentes ao
balanço;

3) Resultados de Exercícios Futuros - representam recebimentos antecipados de receitas antes


do cumprimento da obrigação que lhes deu origem, diminuídas dos custos e despesas a elas
correspondentes, quando conhecidos, a serem apropriadas em períodos seguintes e que de
modo algum sejam restituíveis.

4) Patrimônio Líquido - divide-se em:

 Capital Social;
 Reservas de Capital;
 Reservas de Reavaliação;
 Reservas de Lucros;
 Lucros ou Prejuízos Acumulados.

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