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União económica e monetária:

Objetivo inicial do tratado de Roma (1957) mercado comum europeu e


abolição das barreiras económicas entre os países da União
Anos 80 objetivo era estabelecer uma união económica e monetária (moeda
única e comum)
1992/1993 tratado da União Europeia
A partir de 1 de janeiro de 1999 deu-se a criação da união monetária
europeia 11 países passam a ter a mesma moeda. Contudo, existem outros
países da EU que não adotaram o euro.

(Ver o documento das aulas teóricas da Mafalda)

15/9/2023
Se um país dispuser de moeda própria pode alterar a quantidade de moeda em
circulação. Dai que em situações de maior crise, se as autoridades nacionais
forem também monetárias poderão resolver esse problema.
Na união monetária o que existe de diferente é existir uma área monetária
comum internacional envolvendo vários Estados soberanos. Isto porque
durante muito tempo estes Estados reservaram para si a emissão de moeda
própria. Como cada país tinha a sua moeda, procediam à sua gestão com
independência. O que difere na união monetária é que um conjunto de países
terem decidido que a partir de determinada data vão começar a partilhar a
mesma moeda (1 de janeiro de 1999). Atualmente 20 países dos Estados
membros partilham a mesma moeda.
Para que estejamos perante a mesma moeda é necessário que sejam
respeitadas algumas regras. A gestão tem de ser idêntica e por isso cada país
perde liberdade, perde o poder monetário de gerir a sua moeda. O Banco
Central Europeu é que faz a gestão do euro.
Um dos poderes fundamentais de administração da moeda é a fixação das
taxas de juro aplicadas pelo BCE aos bancos comerciais. Essas taxas
repercutem-se nos múltiplos contratos celebrados pelos bancos comerciais e
outras entidades com concessão de credito. Estas entidades vão ter de ajustar
as suas taxas (que não correspondem aqui às taxas do BCE).
Para um bem desempenhar as funções de moeda é quase indiferente a sua
substância. O que é importante para o reconhecimento como tal é:
 Que toda a gente ache que é apto, ou seja, ser reconhecido ao nível social
e através de uma autoridade
 Haver um ato de autoridade. Que seja definida por lei, que impõe o curso
legal
 Como é que se sabe qual o valor da moeda? Uma das formas de
apurarmos o seu valor é ao olharmos para o valor dessa moeda comparada
com outras; uma outra forma é a de olhar para a taxa de inflação (pois isto
pode desvalorizar a moeda ou não).
Tratado do Funcionamento da União Europeiaartigo 119º. Mesmo que a
lei disponha que não deve haver inflação ou que ela deve ser reduzida, não
quer dizer na prática que se consiga alcançar esse objetivo.

20/09/2023
Funções da moeda:
 Função de instrumento geral de troca a moeda é utilizada por todas as
pessoas (é divisível pois de outro modo não poderia ser um instrumento
geral de troca)
 Unidade padrão de valores (unidade monetária) quando se pretende
avaliar qualquer bem ou serviço recorre-se à unidade monetária (no caso de
Portugal ao Euro), porque se a pessoa pretende adquirir o bem, precisa de
dispor da quantidade necessária para tal.
Nota: neste caso não é indiferente o valor da moeda. Um dos problemas da
moeda é o facto de esta se poder desvalorizar, condicionando os seus
utilizadores, e frustrando as suas expectativas.
 Reserva de valores utiliza-se a moeda para reservar/guardar valores.
Quando as pessoas pretendem guardar valores tendem a preferir a reserva
de valores em moeda, pois a moeda tem uma função de instrumento geral
de trocas. Assim, as pessoas tendem a preferir guardar o valor em moeda
porque em qualquer momento podem utilizar a moeda para adquirir
qualquer bem. É claro que alguém pode decidir trocar um bem por outro
bem sem ser moeda (não é a regra) porque deste modo não existe qualquer
registo bancário da troca.
Os criptoativos não preenchem todas estas funções, pois não são um
instrumento geral de troca já que não é uma moeda utilizada pela generalidade
das pessoas. Contudo, preenchem a função de reserva de valores (na situação
da preferência pela liquidez), já que existe uma expectativa de especulação
(acredita-se que podem vir a aumentar o valor).
Valor da moeda: é importante ir sabendo se a moeda aumenta, diminui ou
mantem o sue valor à medida que o tempo passa. O valor da moeda pode ser
medida internamente, com recurso à taxa de inflação, o que corresponde à
desvalorização da moeda naquele ano. Assim, recorre-se ao poder de compra
da moeda no sentido em que a moeda deixa de satisfazer as necessidades das
pessoas, embora continue a satisfazer as necessidades indiretas através de
aquisição de bens.
Instituto Nacional de Estatísticaentidade que calcula o valor da moeda, com
base no cabaz medio de compras, calculando a taxa de inflação.
A lei determina/impõe alguma regra sobre o valor da moeda à autoridade
encarregada de gerir a moeda? A confiança das pessoas na moeda pode variar
consoante o valor da moeda se mantenha estável ou não. Tratado da UE artigo
119º e ss  as entidades responsáveis pelo euro devem manter a moeda
estável para garantia a confiança das pessoas.
Artigo 119º/1estabelecimento de uma politica económica comum à escala da
UE, embora baseada nas politicas económicas dos EM
Artigo 119º/2 ao contrário do numero anterior da politica económica comum,
em que existe alguma discricionariedade ao nível das politicas nacionais, aqui
temos uma moeda única e a definição de uma politica monetária e a
manutenção da externalidade dos preços, o que significa que se houver
estabilidade de preços, a moeda mantém-se.
Esta estabilidade não significa 0% de inflação mas sim é entendida como uma
taxa de inflação reduzida, ou seja, inferior a 2%. Contudo, esta opinião é
contestada defendendo-se uma taxa de inflação mais elevada.

22/09/2023
De acordo com os tratados é proibido receber instruções, ordens em matéria
de politica monetária, pois devem ser independentes e respeitar o objetivo de
manter a estabilidade da moeda.
Podemos ter competências:
 Exclusivas da União
 Partilhadas (entre a União e os Estados)
A política económica e monetária é da competencia da união. Artigo 3º TFUE
prevê as competencia da União e não pode ser exercidas pelos próprios
Estados como é o caso, por exemplo da:
 União aduaneira
 Concorrência
 Politica monetária (quando a moeda é o euro)
O Banco central Europeu define as taxas de juro diretoras.

Noção de união monetária:


Tradicionalmente cada país tinha a sua moeda. Contudo, mais tarde Portugal e
outros pises da UE adotaram uma moeda única (1999). Os efeitos da decisão
de se adotar uma moeda comum é a de quem passou a decidir sobre a
estabilidade da moeda e dos preços é o Banco Central Europeu e não os
próprios Estados (os Estados transferiram o poder monetário para as
autoridades competentes, ou seja, para o eurosistema).
27/09/2023:
Principio da liberdade de cunhagem quem quisesse poderia transformar o
ouro ou a prata em moeda.
A identificação entre a moeda e um determinado bem (ouro ou prata..etc) não
se justifica e deixou de ter correspondência.
Pq é que os Estados pretendem reservar esse poder (de cunhagem e emissão
da moeda):
 Credibilidade
 Curso legal da moeda
Quem detém o poder monetário poderá extinguir ou aumentar qualquer
montante de moeda. Daí a importância de haverem regras, nomeadamente a
reserva por parte do poder politico da definição das regras monetária em
vigência num determinado país. O poder politico pode entender útil e urgente a
criação imediata de moeda, nomeadamente quando por exemplo:
Os Estados precisam de dinheiro para as suas despesas correntes
(obrigações contratuais)
situação pandémica generalizada
Guerra (este é um exemplo incontestável)
catástrofes naturais

A quebra da moeda pode ser feita de várias formas:


 Através da alteração do valor nominal (ex: quebrar a moeda em duas
ficando com menos valor, contudo continuando a valer cada metade o
mesmo que uma moeda inteira)
 Injetar liquidez, acabando por desvalorizar a moeda em circulação

29/09/2023:
Contexto Internacional
O princípio da liberdade de cunhagem, no século XIX, consistia na
determinação para certa entidade oficial (casa da moeda) cunhar a moeda,
verificando o seu peso, valor, etc., com custos relativamente reduzidos -
relação precisa da unidade monetária vigente com a prata ou ouro, na vigência
do “padrão-ouro” (até à I Guerra).

Grande parte da moeda circulante seriam consideradas convertíveis nos


mercados, assegurando essa mesma correspondência. Esta ligação deixou de
ser cumprida pelas dificuldades de conversão que surgiram, nomeadamente
por parte do Reino-Unido, sem prejuízo de se ter tentando regressar ao
“padrão-ouro”, sem sucesso. Apenas os EUA mantiveram a ligação da moeda
com o valor do ouro = espécie de união monetária informal (sem tratado),
que facilitava as trocas dentro do pais, mas não entre os vários países.

A posterior instabilidade monetária, económica e social fez surgir expetativas


de uma nova ligação com um metal precioso, porque garantiria confiança e
segurança. No final da II Guerra mundial surgiu o Acordo de Bretton-Woods de
1944 que fizeram retornar o padrão-ouro num Sistema Monetário Internacional,
mas determinado, agora, numa relação indireta e não direta, pois o “centro”
desta nova “ordem” era a moeda dos EUA, por ser a mais estável = “padrão-
câmbio-ouro”. Aqui já não estamos perante uma espécie da união monetária.

O primeiro compromisso entre os Estados integrantes seria a garantia da


convertibilidade da sua moeda (pressuposto atual), que potencia o aumento do
bem-estar da comunidade (ideia de David Ricardo). O segundo consistia em
cada país manter o valor da sua moeda estável, sem prejuízo da existência de
variações máximas e mínimas e de certas exceções comunicáveis, em relação
à “moeda-âncora”.
Nota: atualmente, existe, sim, um “cabaz de moedas” para determinar o valor
dos “saques especiais” do FMI.

Do ponto de vista económica, ao ser criada a CEE, surgiram dificuldades


práticas de adoção de medidas comum, como a política agrícola comum (PAC),
e de cálculos de convertibilidade entre os seis países entre si, com diferentes
moedas (não em relação ao dólar). Criou-se, por isso, uma unidade de conta
europeia que determinava um valor de referência ao SMI.

Nos anos 70, o dólar (referência de estabilidade) passa a oscilar de forma


descontrolada, agravando-se o problema em causa – crise do SMI e crise
energética. Este deixou de ter relação com o ouro, pela sua insuficiência em
assegurar a convertibilidade. Consequentemente, alguns Estados procuraram
converter os restantes dólares de que dispunham, nomeadamente a França, o
que potenciou o desligamento total dessa moeda com o SMI e dos
compromissos elencados inicialmente.

Na CEE procurou-se criar um mecanismo de estabilidade monetária europeu,


pelo que em 1972 é celebrado o Acordo Basileia (Acordo de Estabilidade
Monetária Europeia), abandonando-se o valor de referência do SMI.

4/10/2023:
União monetária nacionaiso poder politico tendeu a reservar os poderes
monetários para si próprio
União monetária internacionaiscolocava-se a questão de saber quem é
que podia tomar decisões sobre o valor da moeda de, ou seja, quanto à
quantidade de moeda em circulação.
Quem é que exigiu que o mandato da UE no que respeita ao valor da moeda?
A Alemanha pois tinha uma das moedas mais estáveis do mundo e receava
perder essa estabilidade.
Acordo de criação de uma união económica e monetária entre a Bélgica e o
Luxemburgo (século XX). Esse acordo serviria como modelo para os países da
europa ocidental. Estre os dois países as fronteiras económicas foram
eliminadas para facilitar as trocas e a moeda que circulava nos dois países era
a mesma.
Depois da 2º Guerra Mundial foi importante o Plano Marshall dos EUA. Com o
plano Marshall foi também criada a Organização Europeia de Cooperação
Económica, destina a gerir o plano Marshall.

11/10/2023:
O problema fundamental da união monetária é o facto de, na Europa, ter sido
alargada a um território superior a apenas um Estado – a função mais
importante de um Estado seria o controlo do valor da moeda (indiretamente),
que está reservado à Autoridade Monetária.

Sistema Monetário Europeu – começou a funcionar em 1979

O objetivo era a estabilização do valor da moeda, de forma a contrariar a


instabilidade extrema do SMI (muito por resultado dos choques petrolíferos –
quadruplicação do valor);

A maior parte dos países europeus não conseguiram manter as suas moedas
estáveis em relação às moedas mais fortes, quando se celebraram os acordos
no início dos anos 70.

3 elementos essenciais:

- instrumentos de financiamento, chamado “facilidades” de crédito, que


correspondem ao FECOM (criado em 1972);

- mecanismo de taxas de câmbio, inspirado nos limites da “serpente monetária


europeia” de 1972; a participação dos países neste mecanismo não era
obrigatória (ex.: Reino Unido não aderiu), nem todos os Estados tinham de
garantir que o valor da sua moeda não podia alterar-se para além de
determinados limites;

Permitiram-se duas margens de flutuação dos valores – uma margem mais


estreita e exigente =/ outra mais flexível e menos exigente > eram os países
que escolhiam em qual participavam

- criação de uma unidade monetária, embora meramente escritural – ECU –


não substituía no imediato nenhuma moeda, os Estados europeus é que
tinham de constituir uma percentagem das suas reservas oficiais nesse tipo de
moeda > falamos da primeira moeda oficial

O objetivo era que, a longo prazo, a moeda pudesse vir a substituir as moedas
nacionais - seriam criados incentivos pelos agentes económicos para a
utilização desta moeda > nos anos seguintes, os Estados e as empresas
passam a emitir dívida em ECUs

Anos 80

Ao contrário dos anos 70, marcados pela instabilidade monetária, nos anos 80,
os países exportadores de petróleo, com grandes quantidades de dólares,
passaram a depositar estas quantias nas instituições financeiras europeias –
tinham maior segurança e maior rendibilidade.

Levou ao crescimento do SME > torna-se mais fácil o cumprimento dos


compromissos de estabilidade monetária e começam a integrar-se outros
países nas comunidades europeias.

Em 1989, já se tinha decidido a substituição das moedas nacionais por uma


moeda única – base no Relatório sobre a UEM, da Comissão Delors (inspirado
pelo Relatório Werner, de 1972) > é aprovado pelo Conselho Europeu (mesmo
com várias questões quanto ao modelo a adotar em si);

A Comissão Europeia encomendou estudos depois da aprovação do Relatório


– um dos mais relevantes é o “Mercado Único, Moeda Única”, que identificou
problemas na integração e propôs os mecanismos mais adequados para a
união monetária
Nota: para a existência de uma união monetária, é essencial uma unificação
económica através de políticas comuns

10/11/2023:

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