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O ambiente internacional monetário e

financeiro
O ambiente internacional monetário e financeiro • 2/13

O ambiente internacional monetário e financeiro


Conteúdo organizado por Renato Cividini Matthiesen em 2023 do livro
Internacionalização de empresas: teorias e aplicações, publicado em 2013 por
Adriana Beatriz Madeira, José Augusto Giesbrecht Da Silveira, pela editora Saint Paul.

Objetivos de Aprendizagem
• Explicar e analisar os princípios do sistema monetário e integração econômica
internacional, política em negócios internacionais e planejamento estratégico
global.
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Introdução
“Provavelmente a percepção isolada mais importante de toda a
economia internacional é a de que existem ganhos do comércio,
isto é, quando os países vendem bens e serviços uns aos outros, essa
troca é quase sempre um benefício mútuo”. Krugman e Obstfeld
(2005, p. 3).

A economia internacional utiliza os mesmos métodos fundamentais de análise de


outras subáreas da economia, considerando que os motivos e o comportamento dos
indivíduos em ambos os contextos são iguais, ou seja, no comércio internacional ou
nas transações internas.

Economia internacional

Os benefícios do comércio internacional não se limitam ao comércio de bens


tangíveis. A migração e o empréstimo internacional também são formas de comércio
mutuamente benéfico, relatam Krugman e Obstfeld (2005). O comércio internacional
pode ter sérios efeitos sobre a distribuição de renda, os quais têm sido preocupações
nas teorias do comércio internacional quando se reflete que muitas nações conseguem
grandes ganhos com a internacionalização de suas empresas, ao passo que algumas
outras empresas acabam por serem fortemente prejudicadas com estas operações de
grandes multinacionais.
A economia internacional pode ser dividida em duas grandes subáreas: comércio
internacional e o estudo da moeda internacional, relatam Krugman e Obstfeld (2005).
A análise do comércio internacional foca então em transações reais na economia
internacional, ou seja, as transações que envolvem um movimento físico de bens ou
um compromisso tangível de recursos econômicos. A análise monetária internacional
enfoca o lado monetário da economia internacional, ou seja, as transações financeiras
como compras externas de dólares dos Estados Unidos.
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Saiba Mais
Um exemplo de questão de comércio internacional é o conflito
entre os Estados Unidos e a Europa quanto às exportações europeias
subsidiadas de produtos agrícolas. Já um exemplo de questão monetária
internacional é a controvérsia sobre se devemos permitir que o valor da
taxa de câmbio do dólar flutue livremente ou se deve ser estabilizado
por meio de uma ação do governo.
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Moedas e taxas de câmbio nos negócios internacionais

As transações internacionais ocorrem por meio de troca de moedas entre compradores


e vendedores. Cavusgil (2010, p. 224) defende que “uma moeda é uma forma de
dinheiro e uma unidade de câmbio”. A tendência de cada país de preferir usar uma
moeda em específico complica as transações comerciais internacionais, considerando
que há cerca de 175 moedas em uso no mundo (relato considerando o ano de 2010
quando na publicação do texto). Outro fator que também deixa estas operações
complexas, é que a taxa de câmbio (que é o preço de uma moeda expressa em
relação a outra moeda) varia com o tempo e esta flutuação significa que é necessário
considerar três questões:
1. Necessário saber se o fornecedor estrangeiro em uma transação internacional
concordam de antemão sobre uma taxa de câmbio em específico e se ela será
definida na data do efetivo pagamento.
2. Deve-se considerar o acordo de compra e a cotação do preço em uma moeda.
3. As flutuações na taxa de câmbio durante um período de demora para finalização
de uma transação podem implicar custo ou ganho monetário para uma das partes
na transação comercial.
Considere também, caro leitor, que exportadores e licenciadores também correm risco
porque os clientes no exterior ou paga em moeda estrangeira ou devem converter
sua moeda àquela do fornecedor. Os investidores estrangeiros enfrentam então o
risco cambial considerando que recebem e incorrem em pagamentos em moeda
estrangeira. Veja algumas considerações sobre o câmbio e as moedas para transações
comerciais internacionais:
Moedas conversíveis e não conversíveis: uma moeda conversível pode ser
prontamente trocada por outras e uma moeda não conversível é usada em transações
domésticas e não é aceita em transações internacionais.
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Mercados cambiais: a função essencial de uma moeda é facilitar o pagamento pelos


bens e serviços que uma empresa vende. O câmbio representa todas as formas de
moeda comercializadas internacionalmente, incluindo moedas estrangeiras, depósitos
bancários, cheques e transferências eletrônicas. As moedas como dólar americano, iene
e euro são comercializadas no mercado de câmbio, o mercado global para compra
e venda de moedas nacionais que não possui local fixo. Os negócios internacionais
seriam impossíveis sem o câmbio e o mercado de câmbio na visão de Cavusgil (2010).
Fluxo constante das taxas de câmbio: ocasionalmente ocorrem flutuações drásticas
na taxa de câmbio entre o dólar norte americano e o euro e também entre inúmeras
moedas. Esta flutuação impacta o mercado com alguns efeitos: efeitos para empresas
europeias e efeitos sobre comunidades europeias;

Sistemas internacionais monetário e financeiro

O atual sistema cambial considera que as principais moedas começaram a ser livremente
comercializadas nos mercados mundiais, e seu valor é formado de acordo com forças
de oferta e demanda. O preço oficial do ouro, por exemplo, foi formalmente abolido
e os governos passaram a ter livre escolha quanto ao tipo de sistema cambial que
melhor atendesse às suas próprias necessidades após o colapso do sistema Bretton
Woods. Os sistemas de câmbio fixo receberam igual status do câmbio flutuante e os
países não eram mais obrigados a manter valores fixos atrelados a suas moedas. Eram
iniciados a seguir políticas econômicas domésticas que sustentam a estabilidade de
sua moeda em relação a outras. Assim, o sistema cambial atual consiste de dois tipos
principais de administração de câmbio: o flutuante e o fixo.
Câmbio Flutuante: as economias mais avançadas utilizam o sistema de câmbio
flutuante, pelo qual os governos se abstêm de uma intervenção sistemática e cada
moeda nacional oscila de maneira independente, de acordo com as forças do mercado.
As principais moedas mundiais como o dólar canadense, a libra esterlina, o euro, o
dólar norte americano e o iene japonês têm livre flutuação nos mercados cambiais
mundiais. Suas taxas de câmbio são determinadas diariamente pelas forças de oferta
e demanda. Este sistema busca proporcionar aos governos flexibilidade necessária
para modificar a política monetária de acordo com as circunstâncias que enfrentam
em um dado momento.
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Câmbio Fixo: também chamado de atrelado, o valor de uma moeda é estipulado em


relação a outra (ou o valor de uma cesta de moedas) a uma taxa prefixada. É o oposto
do sistema flutuante pois ``a medida que o valor de referência sobe ou cai, o mesmo
ocorre com a moeda atrelada. Este sistema foi utilizado no acordo de Bretton Woods
e atualmente é adotado por muitas economias em desenvolvimento e algumas de
mercados emergentes, por exemplo a China.
O sistema monetário internacional refere-se “a estrutura, regras e procedimentos
institucionais pelos quais uma moeda nacional é trocada por outra”, relata Cavusgil
(2010, p. 231). O sistema financeiro global refere-se ao conjunto de instituições
financeiras que facilitam e regulamentam os fluxos de fundos de investimento e capital
pelo mundo. Veja, caro leitor, que os principais envolvidos no sistema financeiro global
são os ministérios de finanças, as bolsas de valores nacionais, os bancos comerciais e
os bancos centrais, bem como o Bank for International Settlements, o Banco Mundial
e o Fundo Monetário Internacional. Vejamos algumas informações mais detalhadas.
O Sistema monetário internacional abrange acordos internacionais utilizados
pelos países para administrar as taxas de câmbio, afeta as atividades financeiras de
governos por todo o mundo e constitui a base dos mercados financeiros globais e o
Sistema financeiro global acomoda os fluxos internacionais maciços de moeda e os
mercados cambiais maciços que engendraram, relata Cavusgil (2010).
Importante considerar a reflexão de Krugman e Obstfeld (2005, p. 397) que “nas
economias abertas, os formuladores da política econômica são motivados pelos dois
objetivos que mencionamos: o equilíbrio interno e o externo”. De maneira simplificada,
o equilíbrio interno é visto como aquele ponto em que os recursos do país estão
plenamente empregados e o nível de preços local está estável. O equilíbrio externo
é alcançado quando as transações correntes dos países não estão em um déficit tão
profundo que o país não possa pagar sua dívida externa no futuro, nem com um
superávit tão grande que sejam os estrangeiros os mais prováveis inadimplentes.

Participantes do sistema monetário e financeiro internacional

Existe uma variedade de participantes nacionais, internacionais e governamentais no


sistema monetário internacional e do sistema financeiro global. Esses componentes
operam nos níveis empresarial nacional e internacional. Vamos conhecer com mais
detalhes estes participantes conforme defende Cavusgil (2010).
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Empresa: as atividades internacionais de compra e venda das empresas requerem que


elas adquiram um grande volume de câmbio. Clientes fazem pagamentos às empresas
em decorrência de transações comerciais internacionais e a empresa costuma receber
pelas operações internacionais em moeda estrangeira para convertê-la em moeda
doméstica. Podem ser citadas como participantes do setor privado envolvidos com o
sistema monetário e financeiro internacional as companhias seguradoras, as instituições
de poupança e crédito e as corretoras que administram fundos de pensão e mútuos.
Bolsa de valores e mercados de obrigações: a bolsa de valores é o local onde
se transacionam títulos e outros instrumentos financeiros. Cada país estabelece suas
próprias regras para emissão e resgate de ações em bolsa, comenta Cavusgil (2010).
Bancos comerciais: os bancos são importantes componentes do setor financeiro
global, armazenam depósitos e estendem crédito a domicílios e empresas. Um banco
levanta fundos ao atrair depósitos, conceder empréstimos no mercado interbancário
ou emitir instrumentos financeiros no banco monetário ou de títulos global. Os bancos
são regulados pelos governos nacionais e regionais, que possuem grande interesse
em assegurar a solvência de seu sistema bancário. São tipos de bancos e atividades
primárias: bancos de investimento, bancos mercantis, bancos privados, bancos offshore
e bancos comerciais.
Bancos centrais: considerado o banco nacional oficial de cada país, regula a oferta
de moeda e crédito, emite moeda e administra a taxa de câmbio. Controla também o
volume de reservas financeiras mantidas pelos bancos privados, implementa a política
monetária, aumentando ou diminuindo a oferta de moeda por meio de diferentes
métodos: compra e venda de moeda no sistema bancário, elevação ou redução da
taxa de juros sobre fundos emprestados a bancos comerciais ou compra e venda de
títulos governamentais. Pode ser uma função de último recurso no advento de uma
crise financeira.
Fundo monetário internacional: ou FMI, provê a estrutura e determina o código
de conduta do sistema monetário internacional através de sua sede em Washington
D.C. – EUA. Promove cooperação monetária internacional, estabilidade da taxa de
juros e ajustes cambiais sistemáticos, além de estimular os países a adotar políticas
econômicas estáveis.
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Banco de compensações internacionais: organização internacional estabelecida


em 1930 e sediada na Basileia – Suíça para promover a cooperação entre os bancos
centrais e outros órgãos governamentais, como o objetivo de sustentar a estabilidade
nos sistemas monetários e financeiros globais. Chamado de BIS (Bank for International
Settlements) provê serviços bancários aos bancos centrais e contribui com eles na
elaboração de uma sólida política monetária.
Banco mundial: conhecido como Banco Internacional para Reconstrução e
Desenvolvimento, teve como finalidade promover fundos para reconstrução do
Japão e da Europa após a Segunda Guerra Mundial. Na atualidade, visa a redução
da pobreza mundial e atua em uma gama de projetos de desenvolvimento de
infraestrutura de água, eletricidade e transporte. É formado por um conjunto de
agências que supervisionam as atividades internacionais de desenvolvimento.
Figura 3 – Principais participantes e inter-relações nos sistemas monetário e financeiro globais

Fonte: Cavusgil (2010, p. 233)


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Saiba Mais
Leia o artigo: História – Bretton Woods, da revista Desafios do
desenvolvimento, disponibilizado pelo IPEA – Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada do Governo Federal.
Link: https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_
content&view=article&id=2247:catid=28&Itemid=23. Acesso em: 18
dez. 2022.

Em Resumo

Nesta aula, vimos que a economia internacional utiliza os mesmos métodos


fundamentais de análise de outras subáreas da economia, considerando que os
motivos e o comportamento dos indivíduos em ambos os contextos são iguais, ou seja,
no comércio internacional ou nas transações internas. Exportadores e licenciadores
correm risco porque os clientes no exterior ou paga em moeda estrangeira ou devem
converter sua moeda àquela do fornecedor. Os investidores estrangeiros enfrentam
então o risco cambial considerando que recebem e incorrem em pagamentos em
moeda estrangeira. São considerações sobre o câmbio e as moedas para transações
comerciais internacionais: moedas conversíveis e não conversíveis, mercados cambiais
e fluxo constante das taxas de câmbio. Vimos que o sistema cambial de um país pode ser
de câmbio flutuante ou câmbio fixo. Por fim, conhecemos os participantes do sistema
monetário e financiamento internacional: empresa, bolsa de valores e mercados e
obrigações, bancos comerciais, bancos centrais, fundo monetário internacional, banco
de compensações internacionais e banco mundial.
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Na ponta da língua
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Referências Bibliográficas
CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. R. (2010). Negócios internacionais:
estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson Prentice Hall.
KRUGMAN; P. R.; OBSTFELD. M. (2005). Economia internacional: teoria e prática.
6. ed. Pearson Addison Wesley.
MADEIRA, A. B.; SILVEIRA, K. A. G. (2013). Internacionalização de empresas: teorias
e aplicações. São Paulo. BR: Saint Paul.
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LIVRO DE REFERÊNCIA:

Internacionalização de Empresas: Teorias e


Aplicações
Adriana Beatriz Madeira, José Augusto Giesbrecht Da
Silveira
Saint Paul, 2013

Imagens: Shutterstock

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