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INTRODUÇÃO

1. POLITICAS PARA AS TAXAS DE CAMBIO


A taxa de cambio corresponde ao preço da moeda de um país em
termos da moeda de outro. Corresponde ao preço de um ativo. Os princípios
que governam o comportamento dos preços dos outros ativos também
governam o comportamento das taxas de câmbio.

1.1 O sistema de Bretton Woods


Era um conjunto de medidas propostas em conferência realizada em
1944, em Bretton Woods, Estado de New Hampshire, EUA, com o propósito de
reformar o sistema monetário internacional. Entre seus objetivos podemos
destacar:
• Definição de procedimentos para correção de desequilíbrios externos dos
diversos países participantes – como parâmetros para eventuais
alterações nos valores das moedas nacionais.
• Definição do aparato institucional para prover liquidez e financiar o
desenvolvimento econômico – como o Fundo Monetário Internacional e o
Banco Mundial.

Mas o sistema teve seu fim devido, principalmente há: déficits


comerciais crescentes dos EUA, altas taxas de inflação nos países
industrializados e desconfiança crescente em relação ao papel central do dólar.
Em novembro de 1975, representantes das principais nações industrializadas
concordaram em modificar os artigos constitutivos do FMI para comportar a
existência do regime de taxas de câmbio flutuantes.

Os argumentos favoráveis às taxas de câmbio flutuantes são:

• Autonomia da política monetária: Não haveria barreira legal à expansão


da oferta de moeda nacional e, por conseqüência, à depreciação da
moeda que isso poderia causar.
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• Simetria: Sob um sistema de taxas flutuantes, os EUA não seriam mais


capazes de estabelecer as condições monetárias mundiais
exclusivamente por si.
• Taxas de câmbio como estabilizadores automáticos.

Os argumentos contrários às taxas de câmbio flutuantes são:

• Disciplina: Os bancos centrais, livres da obrigação de fixar suas taxas de


câmbio, poderiam envolver-se com políticas inflacionárias.
• Especulação desestabilizadora

• Danos ao comércio e aos investimentos internacionais: Imprevisibilidade


dos preços relativos internacionais
• Políticas econômicas descoordenadas: competição predatória

1.2 O MERCADO DE CÂMBIO


É o local em que compradores (procura) e vendedores (oferta) de
bens, serviços ou recursos estabelecem contato e realizam transações, por
exemplo: em feiras, e-commerce, bolsa de valores, etc.
Pode ser também um ambiente abstrato onde se realizam as
operações de câmbio entre os agentes autorizados pelo BCB (bancos,
corretoras, distribuidoras, agências de turismo e meios de hospedagem). Existe
certo monopólio do câmbio onde as divisas são monopólio do Estado,
representado pelo BCB, o qual estabelece as condições pelas quais um agente
pode operar em câmbio.

Segmentos mais utilizados no Mercado de Câmbio:

 Livre / “comercial” (operações  Relacionadas às atividades


realizadas): das diversas esferas de
 Exportação e Importação governo
 IED
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 Empréstimos e  Contribuições a entidades


financiamentos associativas
 Pagamentos e recebimentos  Doações
de serviços  Heranças
 Flutuante/“turismo”  Manutenção de residentes
(operações realizadas):  Tratamento de saúde
 Compra e venda de moeda  Paralelo: à margem da lei
estrangeira para o turismo
internacional

Os principais atores do mercado de câmbio são:

• Bancos Comerciais: Estão no centro do mercado de câmbio porque quase


todas as transações internacionais envolvem o débito e o crédito das
contas nos bancos comerciais em diversos centros financeiros. Assim, a
grande maioria das transações de câmbio envolve a troca de depósitos
bancários denominados em moedas diferentes.
• Empresas: As empresas com operações em diversos países normalmente
fazem ou recebem pagamentos em moedas que não as do país em que
estão sediadas.
• Instituições financeiras não bancárias: A desregulamentação do mercado
financeiro tem motivado as instituições financeiras não bancárias a
oferecer a seus clientes uma variedade maior de serviços, muitos dos
quais não distinguíveis dos oferecidos pelos bancos Os investidores
institucionais.

Dentre estes atores, suas operações realizadas no mercado de


câmbio (em relação ao estabelecimento operador) são:

• Compra: recebimento de moeda estrangeira contra entrega de moeda


manual.
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• Venda: entrega de moeda estrangeira contra o recebimento de moeda


nacional.
• Arbitragem: entrega de moeda estrangeira contra o recebimento de outra
moeda estrangeira.

No Brasil é vedado o uso de moedas estrangeiras nas transações


internas, bem como seu depósito em contas correntes junto aos bancos do país.
Os pagamentos e recebimentos relativos às operações cambiais são efetuados
entre estabelecimentos bancários, sem que ocorra transferência física da
moeda. As transferências são meramente contábeis, valendo-se os bancos do
sistema de compensação mútua de seus débitos e créditos no exterior. Para
tanto, os bancos são obrigados a manter contas correntes em moeda
estrangeira no exterior.

1.3 OPERAÇÕES DE CÂMBIO

O Contrato de Câmbio é um instrumento especial firmado entre o


vendedor e o comprador de moedas estrangeiras, no qual se mencionam as
características das operações de câmbio e as condições sob as quais se
realizam.

As operações de câmbio são registradas por intermédio de terminais


interligados com o Sistema Integrado de Informações do Banco Central
(SISBACEN). Na celebração de operações de câmbio, as partes intervenientes
declaram ter pleno conhecimento das normas cambiais vigentes. Qualquer
dúvida com relação à aplicação das disposições contidas na CNC deverá ser
dirimida junto ao Departamento de Capitais Estrangeiros e Câmbio do Banco
Central do Brasil. Devem as partes adotar as cautelas necessárias quanto à
guarda e a manutenção dos documentos relativos a operações que se celebrem,
observados os prazos regulamentares a que se sujeitem. As operações de
câmbio são registradas de acordo com o seu tipo.

Os tipos de contratos de câmbio são:


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1. Exportação – Tipo 1: Destinado à contratação de câmbio de exportação


de mercadorias ou de serviços
2. Importação – Tipo 2: Destinado à contratação de câmbio de importação
de mercadorias pagáveis
3. Transferências financeiras do/para o exterior
4. Operações de câmbio entre instituições, entre Departamentos e de
arbitragens

Restritos à contratação de câmbio:


 Entre bancos
 Entre operadores credenciados a operar no mercado de câmbio de
taxas flutuantes
 Entre bancos e operadores credenciados a operar em câmbio no país

A Liquidação do Contrato de Câmbio é o processo de efetivação da


transferência de moeda estrangeira. As operações de câmbio contratadas para
liquidação pronta podem ser liquidadas em até 2 (dois dias). As operações de
câmbio de compra de natureza financeira, com ou sem registro no BCB/DECEC,
podem ser contratadas para liquidação futura, pelo prazo máximo de 60 dias,
sendo admitida a liquidação em data anterior à data originalmente pactuada no
contrato de câmbio.
As operações de câmbio de venda de natureza financeira, com ou
sem registro no BCB/DECEC, podem ser contratadas para liquidação futura,
pelo prazo máximo de 60 dias, não sendo admitida a liquidação em data anterior
à data de vencimento da obrigação no exterior. A contratação para liquidação
futura nessa modalidade é condicionada à apresentação, pelo cliente, de
documento em que esteja evidenciado o esquema de pagamento ou a data
futura de vencimento da obrigação (registro, contrato, fatura, etc.).

O Câmbio e o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)


Objetivo de um sistema de pagamentos é capacitar pessoas a
transferir fundos de uma conta de um banco para outro banco. Os bancos
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também usam os sistemas de pagamentos para transferir fundos como um


resultado de suas próprias transações.

Meio de liquidação entre os bancos envolvidos:


• Liquidação em tempo real (real time settlement): realizada no momento
em que o sistema recebe a instrução de pagamento, isto é, sem nenhum
intervalo entre o recebimento da informação e sua liquidação;
• Liquidação diferida no tempo (deferred settlement): é aquela que ocorre
em momento futuro à instrução de pagamento. Esses intervalos discretos
podem ocorrer no mesmo dia da realização da instrução de pagamento
(same-day settlement system) ou em dias posteriores (next-day
settlement system).

Riscos de Liquidação:

• Risco de Crédito: Risco de perda definitiva do valor total ou parcial de


uma operação.
• Risco de Liquidez: Risco da liquidação de uma operação somente ocorrer
em data posterior à combinada.

Se o devedor deixa de entregar a quantidade devida de reais ou


moeda estrangeira, conforme seja comprador ou devedor líquido de moeda
estrangeira, o participante é considerado devedor operacional ou inadimplente.
O participante em situação irregular deixa de receber o montante em
moeda que lhe seria devido, sendo que a câmara utiliza os recursos recolhidos
pela parte adimplente para a necessária compra de moeda, R$ ou US$,
conforme a contraparte adimplente seja, na operação original, vendedora ou
compradora de moeda estrangeira.

1.3 Regimes Cambiais

• Taxas de Câmbio Fixas: O governo estabelece uma taxa e compromete-


se a comprar e suprir, respectivamente, os excessos de ofertas e
demandas de divisas, utilizando-se do seu estoque de reservas externas.
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• Taxas de Câmbio Flexíveis: A taxa é determinada ao sabor das flutuações


de mercado
• Sistemas Mistos: Semi-Fixas (Bandas Cambiais) e “Flutuação Suja”
(ocorrência de intervenções do Banco Central).
2. MODALIDADE DE PAGAMENTO

1) PAGAMENTO ANTECIPADO
Pagamento antecipado é a operação onde a contratação e a liquidação do
câmbio (envio da moeda estrangeira ao exterior) ocorrem antes do embarque da
mercadoria. Esta operação envolve alto risco, pois há a possibilidade do
importador pagar e o exportador deixar de remeter a respectiva mercadoria, ou
mesmo remetê-la em condições diversas daquela que o importador solicitou.
Nos casos de pagamento antecipado, não ocorrendo o embarque ou a
nacionalização da mercadoria até a data informada na ocasião da liquidação do
contrato de câmbio, deve o importador providenciar, no prazo de até 30 dias, a
repatriação do valor correspondente ao pagamento efetuado. Nesta modalidade
de pagamento a responsabilidade pela vinculação do contrato de câmbio à D.I. é
do importador.

2) REMESSA DIRETA OU REMESSA SEM SAQUE


Remessa direta é o fechamento de câmbio de importação efetuado com base
em documentos enviados diretamente pelo exportador ao importador brasileiro.
A forma de desenvolvimento desta condição de pagamento consiste em o
exportador embarcar a mercadoria, preparar os documentos concernentes à
operação, remetê-los diretamente ao importador e posteriormente o importador
enviar lhe o pagamento. Modalidade não muito apreciada pelos exportadores,
pois existe o risco de não receberem as divisas, uma vez que os documentos
estarão de posse e propriedade do importador e o pagamento se dará somente,
após o recebimento da mercadoria como anteriormente dito. Nesta modalidade
de pagamento se a remessa for à vista, a responsabilidade pela vinculação do
contrato de câmbio à D.I. é do importador, e se a remessa for a prazo, a
responsabilidade é do banco.
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3) COBRANÇA À VISTA
Cobrança à vista, também chamada decobrança documentária à vista, consiste
na remessa da mercadoria, e, após, a entrega dos documentos a um banco no
exterior que se encarregará de enviá-los ao banco no brasil indicado pelo
importador, que registrará a cobrança e encaminhará o aviso ao importador.
os documentos virão acompanhados de "carta-remessa" onde consta as
instruções do banqueiro remetente para que o banco brasileiro cobre o
importador, sendo que a entrega dos documentos normalmente é feita mediante
a comprovação de pagamento (fechamento de câmbio). há risco para o
exportador uma vez que o importador pode desistir da mercadoria, não retirar os
documentos no banco e consequentemente não efetuar o pagamento, ficando o
exportador com o ônus de redestinar a mercadoria a outro comprador ou fazê-la
retornar ao país de origem. Nesta modalidade de pagamento a responsabilidade
pela vinculação do contrato à D.I. é do importador.

4) COBRANÇA A PRAZO
Cobrança a prazo, operação também intitulada de cobrança documentária a
prazo, assim como a cobrança à vista o exportador providencia a remessa da
mercadoria e após o embarque envia os documentos acompanhados do
saque/título de crédito, ao banco remetente, que providenciará o envio ao banco
indicado pelo importador. Os documentos virão acompanhados de carta-
remessa, onde constarão as instruções de cobrança, sendo que geralmente os
documentos são entregues ao importador mediante ao aceite no saque ,
podendo desta forma o importador providenciar o desembaraço das mercadorias
e quando do vencimento do saque ele deverá efetuar o respectivo pagamento.
Para o exportador além dos riscos constantes na cobrança documentária à vista,
nesta modalidade de pagamento adicionalmente há o isco do importador retirar
a mercadoria e não honrar com o compromisso de efetuar o pagamento. A
vinculação do contrato à D.I. é responsabilidade do banco.

5) CARTA DE CRÉDITO
A carta de crédito ou crédito documentário é um instrumento de garantia, emitido
por um banco por conta e ordem do importador (tomador) em favor do
exportador no exterior (beneficiário). É um instrumento de pagamento
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irrevogável e condicionado, que assegura o pagamento ao exportador, sendo


um documento padronizado e aceito internacionalmente, podendo ter
pagamento à vista ou a prazo, e ser confirmado ou não por outro banco. A carta
de crédito é uma garantia condicionada, porque o exportador só fará jus ao
recebimento se atender a todas as condições por ela estipuladas e é irrevogável
porque não pode ser cancelada sem o consentimento de todas as partes. Os
créditos documentários são regidos por normas específicas, elaboradas pela
câmara de comércio internacional (cci), segundo regras e usos uniformes para
crédito documentário, aceitas pela maioria dos bancos em todo mundo.
A grande virtude de uma carta de crédito está no fato do pagador não ser o
importador e sim um banco, isso dissocia o pagamento do comprador, ou seja,
pagar o valor relativo à operação passa a ser responsabilidade do banco.
Apesar da modalidade de crédito ter garantias bem definidas, nem sempre é
bem aceita pelos importadores, pois significa para eles um aumento de custos,
já que os bancos cobram taxas e comissões para emiti-las e também estipulam
contragarantias de acordo com o risco e os prazos envolvidos. O fechamento de
câmbio nesta modalidade tanto pode ocorrer quando da abertura da carta de
crédito, quanto na negociação dos documentos de embarque. A forma mais
comum, é a contratação de câmbio na abertura da carta de crédito, mas em
ambos os casos, o exportador só receberá o pagamento após a negociação dos
documentos junto ao banco no exterior. Nos casos de carta de crédito à vista a
responsabilidade pela vinculação do contrato de câmbio à D.I. é do importador,
sendo que se a carta de crédito for a prazo a responsabilidade é do banco

6) REMESSAFINANCEIRA
A remessa financeira, diferentemente das outras modalidades de pagamento
apresentadas, não envolve necessariamente contrapartida em mercadorias,
podendo ser efetuada, dependendo da natureza da operação, sem documentos
formais (proforma, etc.), apenas com o preenchimento de um formulário bancário
próprio, onde se declara a finalidade da transferência. As transferências
financeiras para o exterior podem estar ligadas a:
a) operações comerciais: armazenagem, inspeção de embalagem,
honorários advocatícios, marcas e patentes, diferença de peso, indenização de
sinistros,
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etc.
b) remessa de interesse do governo brasileiro: viagem com o objetivo de
cumprir
programa de natureza educacional, científica ou cultural, fundos de participação
e constituições associativas e a organismos internacionais, compra de mapas,
livros, jornais, revistas, publicações, etc.
c) outras transferências financeiras: pagamento de direitos autorais,
participação em feiras internacionais, doações, serviço de informações e de
imprensa, pagamento de software, análises, publicações etc.
Nesta modalidade de pagamento não há a vinculação do contrato de câmbio à
declaração de importação (D.I.).

3. CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS
UNESP. MANUAL DE IMPORTAÇÃO DA UNESP. Disponível em
http://unesp.br/prad//mostra_arq_multi.php?arquivo=6557 . Acesso em 13.09.2013.

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