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MERCADO

DE CÂMBIO
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Mercado de Câmbio

O fato de não se aceitar moedas estrangeiras em pagamento das


exportações, nem a moeda nacional em pagamento das importações constitui a base
de um mercado em que são compradas e vendidas as moedas dos diversos países,
mercado este denominado mercado cambial ou mercado de divisas.

Há cinco diferentes categorias de transações que são realizadas em um mercado


cambial:

 transações entre bancos e clientes dentro do país;


 transações entre bancos no mesmo país;
 transações entre bancos localizados em diferentes países;
 transações entre bancos e Bancos Centrais dentro do mesmo país;
 transações entre Bancos Centrais localizados em diferentes países.

Quando utilizamos a expressão mercado cambial, estamos nos referindo ao


contato sistemático entre vendedores e compradores com o objetivo de realizar
transações cambiais.

Estrutura do mercado cambial

O mercado cambial compreende, além dos exportadores e importadores,


também bolsa de valores, bancos, corretores e outros elementos que, por qualquer
motivo, tenham transações com o exterior. Eventualmente poderá abranger as
chamadas autoridades monetárias (Tesouro e Bancos Centrais).

Vendedores e compradores

De um lado, vamos ter um grupo de vendedores, representado pelos


exportadores, tomadores de empréstimos no exterior, vendedores de serviços,
turistas e, às vezes, especuladores, que desejam vender divisas provenientes de
exportações ou de qualquer outra operação. De outro lado, temos o grupo de
compradores, em que são incluídos todos aqueles elementos importadores,
compradores de serviços ou de títulos estrangeiros, turistas e especuladores, que
desejam adquirir divisas a fim de liquidar seus compromissos no exterior provenientes
de importações, pagamento de serviços, remessa de capitais, dividendos,
pagamentos de viagem, etc.
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Operações de câmbio

Na realização das operações cambiais, utilizam-se os bancos de funcionários


altamente especializados, os operadores de câmbio (dealers), os quais se encarregam de
comprar e vender moedas estrangeiras. Tais operadores possuem à sua disposição
vários equipamentos de comunicação. Em bancos internacionais de grande movimento,
poderemos ter um operador para cada uma das principais moedas negociadas, sob o
comando de um operador-chefe (chief dealer).

O local onde os operadores operam é denominado mesa de operações.

Os operadores devem ficar de olho nos relógios, que indicam qual a hora nas
principais praças financeiras do mundo, pois, em virtude das diferenças de fuso
horário, quando alguns mercados estão iniciando suas operações, outros já estão
terminando seu expediente, ou já encerraram.

O operador de câmbio não deve ser confundido com o gerente de câmbio,


que é o responsável por todo o departamento de câmbio, o qual fornece ao operador
as linhas gerais sobre como atuar.

ESTRUTURA DO MERCADO CAMBIAL BRASILEIRO

CORRETOR CORRETOR

VENDEDORES BANCO COMPRADOR

Figura: Funcionamento do mercado cambial

Subdivisões do mercado cambial

Mercado de câmbio sacado: o mercado de câmbio sacado compreende o


grosso das operações cambiais realizadas pelos estabelecimentos bancários, ou seja,
a compra e venda de divisas estrangeiras, representadas por depósitos, letras de
câmbio, cheques, ordens de pagamento, valores mobiliários, etc. A concretização
dessas operações ocorre mediante movimentação (débito ou crédito) nas contas de
depósitos que os bancos mantêm junto aos seus correspondentes no exterior.
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Mercado de câmbio manual: dentro do mercado cambial, encontramos o


chamado mercado de câmbio manual, que nada mais é do que o comércio de dinheiro
em espécie quando pelo menos uma das moedas transacionadas for de país
estrangeiro. São transacionadas não apenas as cédulas bancárias, mas também as
moedas metálicas em circulação. O câmbio manual, porém, é muito limitado. É
utilizado praticamente por viajantes que se dirigem ao exterior e que, assim, adquirem
os recursos para atender às despesas pessoais fora do país, bem como por viajantes
que procedem do exterior e que necessitam adquirir moeda nacional. Em muitos
países, essas operações geralmente são efetuadas em agências de passagens e
turismo e em casas bancárias, pouco ocorrendo nos bancos. As taxas mais ou
menos acompanham as vigorantes para o câmbio sacado. No Brasil, entende-se por
operações de câmbio manual a compra, venda ou troca de moedas em espécie ou
traveller’s checks. As operações de câmbio manual, inclusive traveller’s checks,
estão isentas de contrato de câmbio e de intervenção de corretor, qualquer que seja
o valor da transação.

Mercado de câmbio interbancário: como o próprio nome indica, trata-se do


mercado em que são realizadas apenas operações entre bancos. Quando um banco
estiver com sua posição cambial vendida acima dos limites permitidos, por exemplo,
poderá adquirir divisas de um outro banco.

Operações básicas

Como regra geral, qualquer pagamento ou recebimento em moeda


estrangeira pode ser realizado no mercado de câmbio. Grande parte dessas
operações não necessita de autorização prévia do Banco Central para sua
realização, pois já se encontram descritas e especificadas nos regulamentos e
normas vigentes (Consolidação das Normas Cambiais − CNC), bastando procurar
uma instituição autorizada a contratar câmbio. As operações não regulamentadas
dependem de manifestação prévia do Banco Central.

Mercado de câmbio livre ou comercial

No mercado livre, você pode realizar as operações decorrentes de comércio


exterior, ou seja, de exportação e de importação. Nesse mercado, também são
realizadas as operações dos governos, nas esferas federal, estadual e municipal.
Também têm curso, no mercado de câmbio de taxas livres, outras
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operações, tais como aquelas relativas a investimentos estrangeiros no país e


empréstimos a residentes, sujeitos a registro no Banco Central, bem como
pagamentos e recebimentos de serviços.

Mercado flutuante (operações de turismo)

Inicialmente, esclarecemos que o termo turismo é utilizado de forma


inadequada, visto que, nesse mercado, além das operações relacionadas à compra
e venda de moeda estrangeira para o turismo internacional, podem ser realizadas
diversas transferências não relacionadas ao turismo, tais como contribuições a
entidades associativas, doações, heranças, aposentadorias e pensões, manutenção
de residentes e tratamento de saúde. É importante ressaltar que, como regra geral,
não há limite de valor para as operações previstas no regulamento do mercado
flutuante (Capítulo 2 da CNC), tais como compras a título de turismo, transferências
unilaterais e pagamentos de serviços.

Taxas de câmbio

A taxa cambial nada mais é do que o preço, em moeda nacional, de uma


unidade de moeda estrangeira, ou vice-versa. A taxa cambial mede o valor externo
da moeda, fornece uma relação direta entre os preços das moedas nos demais
países. Com os preços nacionais e externos a um dado nível, um conjunto de baixas
taxas de câmbio prejudicará as exportações e estimulará as importações, o que
poderá provocar um déficit no balanço de pagamentos. Se, ao contrário, tivermos
taxas cambiais elevadas, as exportações ficarão mais competitivas e as importações
não serão estimuladas, o que tenderá a provocar um superávit no balanço de
pagamentos.

Formação Teórica De Taxa Cambial

Tipos de taxas cambiais

Ao examinarmos o funcionamento do mercado cambial, fizemos menção a


dois tipos de taxas: compra e venda. Todavia, existem outros tipos de taxas, conforme
a seguir:
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Taxa de repasse e de cobertura: taxa de repasse é aquela pela qual o Banco


Central do Brasil adquire moeda estrangeira dos bancos comerciais. Taxa de
cobertura é aquela pela qual o Banco Central do Brasil vende moeda estrangeira aos
bancos comerciais.
Taxas livres e oficiais: taxas Livres são aquelas provenientes das condições
de oferta e procura de divisas em um mercado livre de câmbio, admitindo-se, contudo,
a possibilidade de uma intervenção das autoridades monetárias mediante operações
de compra e venda de divisas, com o objetivo de evitar variações excessivas das
taxas. Taxas oficiais são as determinadas pelas autoridades monetárias, não
resultando, assim, do livre entrechoque das condições de oferta e procura, embora
estas possam, em grande parte, influenciar o pensamento das autoridades
monetárias na determinação do nível das taxas oficiais.
Taxas prontas e taxas futuras: taxas prontas são aquelas aplicadas em
operações de compra e venda de moeda estrangeira, em que moeda é entregue
dentro do prazo de até dois dias úteis (48 horas) contados da data de negociação.
Taxas futuras referem-se às transações de compra e venda de moeda
estrangeira, em que a entrega dessa moeda e o seu pagamento somente ocorrerão
após o período de tempo concordado entre as partes.

Taxas fixas e taxas variáveis: taxas fixas são aquelas mantidas invariáveis
em um determinado nível, seja por determinação governamental (congelamento da
taxa), seja por operações de compra e venda de divisas por parte das autoridades
governamentais sempre que as cotações de mercado se desviarem das taxas
determinadas pelo governo. Uma pequena variante das taxas fixas seria a taxa
estável, em que é permitida uma certa variação, dentro de pequenos limites. As
autoridades monetárias não intervêm no mercado, a não ser quando é atingido o
limite mínimo ou máximo. As taxas variáveis, como o próprio nome está dizendo, são
aquelas que variam. Podem ser flexíveis quando as paridades monetárias são
reajustadas gradualmente dentro de pequenos intervalos de tempo. Existe também
uma outra taxa variável, que é conhecida por taxa flutuante. Nesse caso, não existem
paridades monetárias, e as taxas cambiais flutuam livremente, embora possam estar
sujeitas a sofrer intervenções da parte das autoridades monetárias em caso de
flutuações exageradas. Não é possível dizer qual dos dois sistemas (taxas fixas ou
taxas variáveis) apresenta maiores vantagens ou desvantagens. A verdade é que
ambos os sistemas apresentam méritos e deficiências, devendo ser aplicados
conforme a situação econômica de cada país.

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