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capital de giro
Agora que já sabemos o quão relevante são as consequências de uma variação da Necessidade de Investimentos em Giro (NIG),
vamos discutir um pouco quais podem ser as principais origens dessas variações. Começaremos compreendendo as origens do
crescimento da NIG, sendo que as origens de sua diminuição podem ser entendidas por pura analogia.
Se a NIG é dada pela diferença entre o Ativo Circulante Operacional (ACO) e o Passivo Circulante Operacional (PCO), um
aumento do ACO ou uma diminuição do PCO levam a um aumento da NIG. A figura a seguir ilustra essa relação:
ACO
NIG
(ACO – PCO)
PCO
Figura 1| A relação de ACO e PCO com o crescimento da NIG.
Fonte: Elaborada pelo autor.
Considerando que, de forma simplificada, as principais contas do ACO são Contas a Receber e Estoques, podemos concluir
que uma elevação do saldo dessas contas levaria a um aumento de ACO que, por sua vez, elevaria a NIG.
Para continuarmos com o nosso raciocínio, é importante relembrarmos as fórmulas de prazos médios:
Prazo Médio de Recebimento(PMR) = Contas a Receber / Receitas Diárias.
Se PMR = Contas a Receber / Receitas Diárias, logo: Contas a Receber = PMR × Receitas Diárias.
Se PMP = Contas a Pagar / Compras Diárias, logo: Fornecedores = PMP × Compras Diárias.
Vamos analisar essas expressões uma a uma, começando com Contas a Receber. Se Contas a Receber = PMR × Vendas Diárias,
é fácil perceber que há dois direcionadores de Contas a Receber: o PMR e o nível de receitas. Assim, se o PMR crescer,
mesmo que se mantenha o volume de receitas, o saldo de Contas a Receber crescerá, o ACO crescerá e a NIG aumentará.
Da mesma forma, se a empresa mantiver o PMR sem modificações, mas aumentar o PMR, o ACO e, consequentemente,
a NIG subirão.
Observando a fórmula Estoques = PME × Custos Diários, podemos concluir que, se a empresa aumentar o PME, ainda que
mantenha o nível de Custos Diários, o saldo de Estoques e, consequentemente, a NIG crescerão. E se a empresa aumentar
PMR
Contas a
Receitas Receber
ACO
PME
Estoques NIG
Custos (ACO – PCO)
PCO
PMP
Fornecedores
Compras
Figura 3 | A relação dos prazos médios e do nível de atividade com o crescimento da NIG.
Observando a Figura 3 é possível concluir, portanto, que há duas grandes origens de variações (em nosso caso, de aumento)
da NIG: piora de prazos ou aumento do nível de atividades da empresa. Explicando:
Se considerarmos que aumento das magnitudes de receitas, aumento dos valores de custos e diminuição das magnitudes
de compras levam ao aumento de NIG, podemos dizer que o nível de atividade da companhia também afeta sua NIG.
Assim, aumento de nível de atividade tende a elevar a NIG, e queda no nível de atividade tende a reduzir a NIG.
Nessa seção, abordaremos as fontes de financiamento da NIG, especialmente as discussões sobre as fontes de curto e longo
prazos e sua relação com o nível de risco da gestão de capital de giro das companhias.
Para começar, vamos relembrar as separações do Ativo e Passivo Circulantes em suas partes operacionais e financeiras a fim de
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trazermos o conceito de Saldo em Tesouraria (ST) e a relação do Capital de Giro Líquido (CGL) com a NIG.
CGL = NIG + ST
Observe, na Figura 4, que, nas duas primeiras linhas, o Ativo Circulante e o Passivo Circulante estão separados em suas partes
operacionais e financeiras, gerando, na primeira linha, o Ativo Circulante Operacional (ACO) e o Ativo Circulante Financeiro
(ACF) e, na segunda linha, o Passivo Circulante Operacional (PCO) e o Passivo Circulante Financeiro (PCF).
Se subtrairmos a primeira linha da segunda, obtemos a terceira linha de nossa ilustração, que contém:
CGL = NIG + ST
Se o CGL for negativo, o ST será negativo, sinalizando que a NIG é integralmente financiada por recursos de curto
prazo e indicando uma situação de elevadíssimo risco no financiamento do capital de giro.
O efeito tesoura acontece quando a empresa apresenta aumento de NIG e manutenção (ou queda) do CGL, saindo de
uma situação em que o CGL é maior do que a NIG e, portanto, o ST é positivo, para uma situação em que o CGL passa a
ser menor do que a NIG e, portanto, o ST fica negativo.
Em outras palavras, o efeito tesoura ocorre quando a empresa sai de uma situação em que a NIG é integralmente
financiada por recursos de longo prazo (gestão conservadora), para uma situação em que a empresa passa a ter recursos
de curto prazo, parcial ou totalmente, financiando a NIG (gestão agressiva).
Esse movimento em geral é gerado por um aumento da NIG causado por aumento do nível de atividade da companhia
(overtrade). Isso ocorre porque é comum, nas organizações, prestarmos bastante atenção aos prazos, descuidando ou até
vendo com bons olhos crescimentos do nível de atividade e esquecendo sua consequência nociva na NIG. Como a empresa
nem sempre consegue obter fontes de longo prazo de forma ágil para financiar esse incremento de NIG, acaba utilizando
NIG
CGL
Tempo