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CAPÍTULO 2 – TEORIA E PRÁTICA CAMBIAL

Entendemos câmbio como a compra e venda de moedas estrangeiras. É nesse


mercado que são realizadas as transações com moedas estrangeiras com o objetivo
de suprir a demanda por moeda existente na economia, podendo esta ser feita por
qualquer pessoa, física ou jurídica. Em solo nacional, essas operações não podem
ser praticadas livremente, elas devem ser obrigatoriamente conduzidas através de
um estabelecimento bancário autorizado, sendo regulamentado pelo Banco Central.

O Contrato de Câmbio é o instrumento firmado entre o vendedor e o comprador


de moedas estrangeiras, no qual se definem as características completas das
operações de câmbio e as condições sob as quais se realizam, cujos dados são
registrados no Sistema de Informações do Banco Central do Brasil - SIS BACEN.
(BANCO CENTRAL, 2005).

As operações de câmbio são atividades complexas, não


somente em virtude das inúmeras normas ditadas pelo BC,
que são constantemente alteradas, mas também, devido á
dependência de regras internacionais, fixadas pela Câmara do
Comércio Internacional, pelos tratados internacionais e pelo
uso de costumes locais de diversos países parceiros da
negociação (VIEIRA, 2008, p.44).

2.1 – MERCADO NACIONAL DE CÂMBIO

Conforme Ratti (2006, p.106), “o mercado cambial compreende, além de


compradores e vendedores, bolsa de valores, bancos, corretores e outros membros
interessados em transações com o exterior”.

De acordo com Galvão et al.(2006, p.313), “a estrutura do mercado cambial


brasileiro pode ser analisada sob duas premissas: em nível regulatório e em nível
operacional”. Segundo o autor, o nível regulatório é restrito a bancos comerciais e
de investimentos que, são licenciados pelo Banco Central, e as instituições federais
a fim de equilibrar a balança de pagamentos. No segundo caso temos de acordo
com Werneck (2005) um mercado acessível a pessoas comuns, pessoas jurídicas,
empresas importadoras e exportadoras, e todo agente que não seja bancário ou
investidor em escala global.

O Dólar Americano é a principal moeda negociada que será cotada e, segundo


Freitas (2004, p.104), existem quatro taxas de cotação, sendo elas:

Comercial: formada pelas operações oficiais de compra e venda de moedas entre


bancos e em presas como exportações, importações, captações ou em préstimos.

Interbancário: formada pela negociação entre bancos, com prazo de liquidação


financeira D +2.
Paralelo: formada pelas operações informais de negociação de moeda realizadas
em casas de câmbio ou doleiros.
Turismo: formada pela negociação de dólares entre pessoas que irão viajar
para o Exterior e casas de câmbio autorizadas.

2.2 – BENEFÍCIOS DO MERCADO CAMBIAL

Existem três formatos de operação: Câmbio Fixo, Câmbio Flutuante e Banda


Cambial, vamos apresentar seus respectivos conceitos bem como as vantagens e
desvantagens de cada formato.

Sob um arranjo de câmbio fixo, a taxa tem que ser imutável ao longo do
tempo, isto é, o valor da moeda estrangeira é fixado pelo próprio governo, podendo
assim controlar melhor a inflação. Porém, o câmbio fixo pode causar um certo
desequilíbrio na balança comercial e em todo comercio exterior do país, onde pode
haver a valorização da moeda nacional provocando assim uma diminuição das
exportações.

No regime de câmbio flutuante, o Banco Central estipula apenas a política


monetária, ou seja, ele controla a taxa básica de juros e a base monetária. não
possuindo nenhuma política cambial explícita. A taxa de câmbio varia diariamente
ao saber da oferta de moeda estrangeira, da demanda de estrangeiros pela moeda
nacional e, principalmente, da percepção dos investidores estrangeiros e dos
especuladores quanto à situação econômica e política do país. Um fator positivo
desse formato cambial é que o próprio mercado regula as taxas de câmbio, assim
não havendo distorções como um todo, mas, segundo Vieira (2005) a valorização
excessiva de moedas estrangeiras pode ocasionar inflação, enquanto a
desvalorização destas moedas pode ocasionar diminuição das exportações.

“A banda cambial é o regime cambial no qual a autoridade monetária do país


(no Brasil é o Banco Central) define os limites de flutuação da moeda. Assim como
no câmbio fixo, a banda cambial também é um instrumento artificial de câmbio.
Toda vez que as taxas de câmbio saírem dos limites de valor mínimo e máximo
estabelecidos, o Banco Central precisa intervir. Nesse caso, sua atuação será a de
comprar ou vender a moeda estrangeira“ (BONA, 2019). A vantagem de uma banda
cambial é proporcionar aos agentes envolvidos uma variação cambial não volátil,
podendo acompanhar as necessidades do mercado, mas há o fato de que esse
sistema possa gerar certo artificialismo cambial.

2.3 – QUESTÕES GOVERNAMENTAIS

O estado sempre irá influenciar diretamente ou indiretamente no comércio


exterior, independente de sua estrutura ou condições. Portanto, as questões
governamentais afetam o comércio e o câmbio. Abaixo segue um organograma com
os órgãos que intervém no comércio exterior brasileiro
Figura 1. Organograma do comércio exterior brasileiro.

FONTE: https://www.comexblog.com.br/importacao/a-estrutura-do-comercio-exterior-brasileiro/
A Camex (Câmara de Comércio Exterior) é o órgão mais importante e atuante,
está ligado diretamente ao presidente da república. É nesse órgão que são feitas as
diretrizes da política tarifária, a fixação das alíquotas do imposto de importação e
exportação e a participação das negociações de acordos internacionais. Portanto, a
Nestlé é diretamente afetada para se igualar as demais empresas no comércio, a
fim de uma inserção competitiva. A empresa deve firmemente cumprir todas as
normas de política tarifária.
O MRE (Ministério das Relações Exteriores) atua no marketing externo,
fazendo a promoção e divulgação das atividades e oportunidades comerciais
internacionais. Dentro desse segmento, há o Setor de Promoção Comercial
(SECOM) que fornece apoio as exportações, coletando e divulgando informações
sobre importações de produtos.
2.4 – MECANISMOS DE PROTEÇÃO CAMBIAL

Dada uma taxa de câmbio instável como a brasileira, o comércio exterior tem
pouca representatividade na balança comercial nacional se comparado a grandes
países. Para se proteger das variações cambiais, empresas como a Nestlé adotam
ferramentas de gestão que permitem analisar de forma eficiente os ganhos e riscos
financeiros e operacionais.

As ferramentas mais utilizadas para protecionismo são os SWAPS e HEDGES,


as operações de hedge são realizadas nos mercados de derivativos das
negociações de contratos futuros e é neste aspecto que os agentes adotam
comportamentos estratégicos com a intenção de reduzir os riscos, uma vez que a
incerteza é inerente a estes mercados.

Segundo Eiteman et al. (2002), a política de hedge é a tomada de uma posição


de aquisição tanto de um ativo quanto de um contrato, caracterizando um fluxo de
caixa que aumentará em valor e compensará uma queda no valor de uma posição
existente. O hedge, portanto, protege o proprietário de um ativo existente contra a
perda. Entretanto, também elimina qualquer ganho proveniente de um aumento no
valor do ativo contra o qual o hedge foi feito. No Brasil, a política de hedge é
regulamentada pelo Banco Central do Brasil, que dispõe sobre as operações de
proteção contra riscos de variações de taxas de juros, paridade entre moedas e
preços de mercadorias no mercado internacional.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Circular n 2231. Brasília, 2005. 65p.

BONA, André. Regime cambial: diferenças entre câmbio fixo, banda cambial e
câmbio flutuante. [S. l.], 24 out. 2019. Disponível em:
https://andrebona.com.br/regime-cambial-diferencas-entre-cambio-fixo-banda-
cambial-e-cambio-flutuante/. Acesso em: 4 nov. 2019.

EITEMAN, David K. et al. Administração Financeira e Internacional. Trad. Vera


Pezerico. 9 ed., Porto Alegre: Bookman,. 2002.

GALVÃO, A. et al. Mercado financeiro: uma abordagem prática dos principais


produtos e serviços. 3ª reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

RATTI, B. Comércio Internacional e câmbio. 11. ed. São Paulo: Lex Editora, 2006
VIEIRA, A. Teoria e prática cambial: exportação e importação. 3ed. São Paulo:
Aduaneiras, 2008.

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