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Internacionalização de empresas e seus

alicerces conceituais econômicos


Internacionalização de empresas e seus alicerces conceituais econômicos • 2/12

Internacionalização de empresas e seus alicerces


conceituais econômicos
Conteúdo organizado por Renato Cividini Matthiesen em 2023 do livro
Internacionalização de empresas: teorias e aplicações, publicado em 2013 por
Adriana Beatriz Madeira, José Augusto Giesbrecht Da Silveira, pela editora Saint Paul.

Objetivos de Aprendizagem
• Explicar e analisar os princípios do sistema monetário e integração econômica
internacional, política em negócios internacionais e planejamento estratégico
global.
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Introdução
Os motivos na tomada de decisão sobre a internacionalização de uma empresa são
fundamentais para definir o sucesso ou mesmo o fracasso da iniciativa, observando
a melhor escolha do local e das estratégias de levar um negócio para o mercado
internacional.
Conforme sustentam Madeira e Silveira (2013), faz-se necessário entender as origens
dos estudos sobre os fatores, suas referências a questões demográficas, deslocamento
de indivíduos e processos migratórios, dentre outros. Devem ser levados em
consideração no processo de internacionalização fatores políticos, econômicos, sociais,
culturais, regulatórios, comerciais, financeiros e ambientais. Os riscos políticos e o nível
de vida pesam na seleção do país, ao lado do custo de operações. Os fatores sociais
também desempenham papel nessa escolha, ao lado de fatores fiscais e jurídicos,
além das relações com parceiros locais.
Os fatores que interferem no processo de internacionalização podem também ser
entendidos como riscos de diversas naturezas, como: regulamentação governamental,
competição no mercado, infraestrutura local, objetivos da organização necessidade
de controle, recursos internos, bens e capacidades, flexibilidade para se adaptar aos
consumidores, aos mercados e ao ambiente.
Madeira e Silveira (2013) nos chama a atenção para o fato de que a interdependência
na economia global se fortaleceu a partir da evolução dos transportes e das
telecomunicações, que reduziram as distâncias entre os países e, na mesma medida,
ampliaram a complexidade do ambiente competitivo empresarial. Os mercados
globalizados se tornaram opção estratégica para a expansão e êxito no âmbito
internacional.
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Saiba Mais
Leia o artigo: 7 motivos para pensar na internacionalização de
empresas.
Link: https://www.ibe.edu.br/7-motivos-para-pensar-na-
internacionalizacao-de-empresas/. Acesso em: 17 dez. 2022.

Alicerces conceituais econômicos

As teorias sobre internacionalização de empresas são normalmente agrupadas de


acordo com suas origens conceituais. As principais teorias que sustentam esta estratégia
empresarial são: a Teoria da Firma, a Teoria da Organização Industrial, e as ciências da
Sociologia e Antropologia, ditam Madeira e Silveira (2013, p. 64). Vejamos:
Teoria da Firma: classificada como Teoria dos Custos de Transação, foi
primeiramente apresentada por Ronald Coase em 1937, considerando que a firma é
uma estrutura, uma organização que se utiliza de fatores de produção, como a terra,
o capital e o trabalho, para produzir e vender bens e serviços. Essa teoria possibilita
um olhar para a produção da empresa sob a ótica da oferta e da demanda, com ideia
central de que os processos de produção se organizam para reduzir os custos inerentes
à produção e comercialização de bens ou serviços, chamados de custos de transação.
Estes custos incluem custos de produção, dinheiro, tempo, incertezas e restrições
legais e burocráticas que incidem nas transações entre compradores e vendedores.
Na Teoria da Firma, a empresa, ao se instalar em um mercado diverso daquele em
que atua, incorrerá em custos de transação. Se a empresa tomar a decisão de entrar
em mercado estrangeiro por meio de exportação, enfrentará os custos relacionados
à busca de informação e ao cumprimento de contratos. No caso de a empresa entrar
no mercado de forma mais comprometida, com aliança estratégica, subsidiária ou
aquisição de outra empresa, incorre nos custos de obtenção de conhecimento do
mercado, instalação da empresa no exterior, controle e coordenação das atividades
entre outros. Outra categoria desta teoria é a Visão Baseada em Recursos, que se
caracteriza por focar o mercado de fatores em vez de restringir-se ao de produtos. A
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principal origem de vantagem competitiva nesta classificação, traz à empresa a posse


de recursos estratégicos, onde a firma se comporta como uma unidade administrativa
que vai gerir um conjunto de recursos tangíveis e intangíveis necessários para produzir
bens e serviços. Os recursos tangíveis são aqueles que se pode ver e qualificar,
como fábricas, mão de obra dentre outros, formados por recursos financeiros,
organizacionais, físicos e tecnológicos. Já os recursos intangíveis são menos visíveis
e mais complexos, copiados e substituídos, como recursos humanos, recursos de
inovação, recursos relativos à reputação).
Teoria da Organização Industrial: originário de Michael Porter, data de 1980 como
uma estrutura conceitual cujas bases estão assentadas na Teoria da Organização
Industrial, definem Madeira e Silveira (2013). Tem como foco central a formulação
de estratégia capaz de criar uma posição exclusiva e valiosa, e dessa forma, obter
vantagem competitiva sustentável no mercado. Esta teoria pode ser explicada pelo
modelo do Diamante da Vantagem Nacional e pelo Modelo das Cinco Forças (Porter).
No primeiro Diamante da Vantagem Nacional, existem quatro condições de um
setor em um país atribuídos à capacidade de influenciar a vantagem competitiva
de suas empresas, tanto isoladamente quanto para o conjunto do setor. As quatro
condições são:
1. Condições de fatores: disponibilidade e qualidade dos fatores de produção
como mão de obra, terra, recursos naturais, capital, infraestrutura.
2. Condições de demanda: natureza da demanda do mercado local, suficiente
para comportar uma indústria de nível mundial.
3. Setores correlatos de apoio: presença de fornecedores de indústrias correlatas
para o setor em foco na nação em consideração.
4. Estratégia da firma, estrutura do setor e rivalidade interna: condições
do país, principalmente rivalidade interna entre as empresas, para criação,
organização e gerenciamento de uma estrutura saudável de concorrência.
No Modelo das Cinco Forças, Madeira e Silveira (2013, citando Porter, 2008),
destaca que o papel fundamental do estrategista de uma empresa é lidar com a
concorrência, mapeando e gerenciando as cinco forças competitivas que moldam
a concorrência em um negócio:
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1. Rivalidade no próprio setor.


2. Ameaça de novos entrantes.
3. Poder de negociação dos fornecedores.
4. Poder de negociação dos clientes.
5. Ameaça de bens ou serviços substitutos.
Belmiro (2012) sustenta que o modelo das cinco forças competitivas de Porter com
a visão geral da empresa dentro do seu ambiente interno, seus concorrentes e do
ambiente externo. O modelo baseia-se no ambiente de negócios da empresa, na
concorrência, em novos entrantes no mercado, em produtos e serviços substitutos,
em fornecedores e clientes. Esta ferramenta irá avaliar com profundidade a rivalidade
entre os concorrentes, a ameaça de produtos substitutos, a ameaça de novos
entrantes no mercado, o poder de barganha dos fornecedores e o poder de
barganha dos clientes.
Figura 2 – As 5 forças Competitivas de Porter

Fonte: adaptada de Lemos (2012)

Os concorrentes são as empresas que dividem o mercado com o negócio


estabelecido e oferecem produtos e serviços iguais ou similares, os novos entrantes
no mercado são as novas empresas que buscam entrar no mercado e se tornar futuros
concorrentes devido a economia livre e liberal, os produtos e serviços substitutos
são aos produtos e serviços oferecidos ao mercado que podem ser substituídos por
outros de igual ou similar utilidade, os fornecedores (poder de barganha) são os
elementos da cadeia produtiva que oferecem os insumos para a produção e por fim,
os clientes (poder de barganha) são os consumidores dos produtos e serviços e
estão no centro do planejamento estratégico da empresa. Sutherland e Sutherland
(2019), entusiastas dos modelos ágeis de gestão e criadores do Scrum, definem os
clientes como foco no desenvolvimento e gestão de produtos e serviços.
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Considere, caro leitor, que a análise de posicionamento estratégico tem em Michael


Porter o autor de maior expressão e faz uso de suas teorias e contribuições para
posicionamento de mercado e análise de concorrência.

Saiba Mais
Para Madeira e Silveira (2013, p. 65) “ a firma é uma relação orgânica
entre agentes, que se efetiva por meio de contratos, sejam
explícitos, como os de trabalho, ou implícitos, como parcerias
informais”.
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Teorias econômicas e a expansão internacional de empresas

Algumas teorias econômicas buscam explicar a expansão internacional das empresas.


As teorias de internacionalização de empresas que se apropriam de conceitos das
teorias econômicas são: Teoria do Poder de Mercado, Teoria do Ciclo do Produto,
Teoria de Internalização e Paradigma Eclético, relatam Madeira e Silveira (2013,
p. 75).
Teoria do Poder de Mercado: inspirada na Teoria da Firma e na Teoria da
Organização Industrial, tem bases relacionadas a questões do investimento direto no
estrangeiro e das formas que a operação internacional pode adquirir. Nesta teoria, a
operação internacional ocorre em situações com determinados contornos e, quando
ocorrem, muitas formas de atuação são possíveis e nem sempre se pode prever de
maneira precisa a forma ou extensão de atuação internacional, em função da natureza
monopolista dos mercados em que se desenvolve. Há quatro casos típicos de indústrias
onde a operação internacional pode ocorrer:
1. Aqueles setores em que empresas de diferentes países vendem no mesmo
mercado ou vendem umas para as outras em condições de concorrência perfeita.
2. Haverá operação internacional em indústria na qual há vantagem de uma firma
ou algumas firmas sobre as demais.
3. Operação internacional pode surgir da interdependência entre empresas em
diferentes países em função de imperfeição de mercado e de habilidade desigual.
4. A operação internacional não ocorre.
Teoria do Ciclo do Produto: fundamentada economicamente, caracteriza-se pelo
ciclo internacional de produtos, onde o comércio internacional e investimentos são
realizados, fundamentando-se na Teoria do Poder de Mercado, na Teoria da Firma
e na Teoria da Organização Industrial. Defende que primeiramente há a criação de
tecnologia e depois a sua disseminação no exterior. Sugere que a competitividade
internacional em qualquer indústria não é constante ao longo do tempo, e, sabendo-
se que o potencial competitivo é dinâmico, os fabricantes de países desenvolvidos
podem antecipar o declínio de um setor domesticamente e transportá-lo para o
exterior, visando melhorar a posição de rentabilidade da empresa como um todo e
sua competitividade quando seus produtos estão para atingir a fase de maturidade.
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Teoria de Internalização: tem como base a visão institucional da Teoria da Firma


como dispositivo para elevar a eficiência da empresa substituindo mercados por
hierarquias e vice-versa. A escolha dos locais obedece ao critério de existência de
custos menores para as atividades e implica internalização do mercado até os custos
das trocas se igualarem.
Paradigma Eclético: é considerado por Madeira e Silveira (2013) como uma proposta
que vai além dos contornos econômicos, sendo visto como algo a mais que uma
teoria, um arcabouço para analisar a produção internacional. Este modelo determina
que, ao decidir iniciar produção internacional, precisa ter alguma vantagem sobre
seus concorrentes, fazendo com que a internacionalização ocorra apenas se houver
interesse econômico em localizar a produção em mercados estrangeiros, de modo a
capturar os benefícios econômicos existentes nesses mercados.

Em Resumo

Nesta aula, vimos que os motivos na tomada de decisão sobre a internacionalização


de uma empresa são fundamentais para definir o sucesso ou mesmo o fracasso da
iniciativa, observando a melhor escolha do local e das estratégias de levar um negócio
para o mercado internacional. As teorias sobre internacionalização de empresas
são normalmente agrupadas de acordo com suas origens conceituais. As principais
teorias que sustentam esta estratégia empresarial são: a Teoria da Firma, a Teoria da
Organização Industrial, e as Ciências da Sociologia e Antropologia.
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Na ponta da língua
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Referências Bibliográficas
Belmiro, João N. (2012). Sistemas de informação. São Paulo: Pearson.
Madeira, A. B.; Silveira, K. A. G. (2013). Internacionalização de empresas: teorias e
aplicações. São Paulo. BR: Saint Paul.
Sutherland, Jef; Sutherland J. J. (2019). Scrum: a arte de fazer o dobro do trabalho na
metade do tempo. Rio de Janeiro: Sextante.
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LIVRO DE REFERÊNCIA:

Internacionalização de Empresas: Teorias e


Aplicações
Adriana Beatriz Madeira, José Augusto Giesbrecht Da
Silveira
Saint Paul, 2013

Imagens: Shutterstock

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