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ECONOMIA

Unidade 3 - Análise macroeconômica

GINEAD
Fávero, Márcia Huppe; Cabral, Raquel
SST Unidade 3 - Análise macroeconômica /
Márcia Huppe Fávero; Raquel Cabral
Ano: 2020
nº de p.: 18

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Unidade 3 - Análise macroeconômica

Objetivos específicos
• Estudar os principais conceitos macroeconômicos.
• Compreender como funcionam as políticas macroeconômicas.

Apresentando a Unidade
Nesta unidade, você será convidado a conhecer a área de estudo da
macroeconomia, isto é, o campo de estudo da economia que analisa os grandes
indicadores econômicos, e que diz muito a respeito de como anda a economia de
um país. Você compreenderá de que forma um governo busca utilizar medidas para
que qualquer país siga em um ambiente macroeconômico favorável e sólido por
meio de políticas econômicas.

Essas decisões influenciam diretamente na tomada de decisão dos agentes


econômicos, as empresas e os indivíduos, impactando diretamente em nossas
vidas, e você pode observar isso facilmente no noticiário econômico a respeito da
taxa de inflação e do desemprego, por exemplo. Desta forma, o nosso objetivo é que
você entenda os principais conceitos macroeconômicos e vislumbre a aplicação
dos instrumentos das políticas econômicas no nosso cotidiano.

Conceitos básicos
Segundo Dornbusch e Fischer (1991, p. 3):

A Macroeconomia trata do comportamento da economia como um


todo – com períodos de recuperação e recessão, a produção total de
bens e serviços da economia e o crescimento do produto, as taxas de
inflação e desemprego, a balança de pagamentos e a taxa de câmbio. A
macroeconomia lida com o aumento no produto e no emprego no decorrer
de longos períodos de tempo – isto é, crescimento econômico – e ainda
com as flutuações a curto prazo que constituem o ciclo de negócios.

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Os autores ainda prosseguem,

A macroeconomia abrange o comportamento econômico e as políticas


que afetam o consumo e o investimento, o câmbio e a balança comercial,
os determinantes das variações nos preços e salários, as políticas fiscal e
monetária, o estoque monetário, o orçamento do governo, taxas de juros
e a dívida pública. Em síntese, a macroeconomia lida com as principais
variáveis econômicas e com problemas do dia a dia. (DORNBUSCH;
FISCHER, 1991, p. 3).

Compreendemos, a partir dessas citações, a importância do estudo da


macroeconomia para apreender uma base real de modo global da economia. É
papel da macroeconomia identificar os agentes econômicos que atuam dentro do
sistema, bem como conhecer e quantificar as variáveis que determinam a produção
total de bens e serviços, o nível do emprego e o nível geral de preços de uma
economia.

Reflita
A macroeconomia propõe-se a responder questões tais como:
qual o motivo de tanto desemprego? A inflação poderá voltar? O
que fazer para baixar a taxa de juros? Convidamos você a refletir
sobre essas questões também!

A análise macroeconômica, considerando uma economia fechada, divide a


economia em duas grandes áreas, a saber, a parte real da economia e a parte da
economia monetária, como se observa no quadro a seguir com mais detalhes.

As grandes áreas da macroeconomia são subdivididas em quatro mercados, em


que do lado real temos, o mercado de bens e serviços e o mercado de trabalho. E
do lado monetário, temos os mercados financeiros (ou monetários e títulos) e o
mercado de divisas. As variáveis determinadas são as que vão produzir o nível de
atividade da economia (VASCONCELOS, 2002; PINHO; VASCONCELOS, 2011).

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Quadro 3.1: Estrutura de análise macroeconômica

Mercados Variáveis determinadas


Produto Nacional
Mercado de Bens e
Serviços
Parte real da Nível Geral de Preços

economia Nível de emprego


Mercado de Trabalho
Salário Mínimo

Taxa de Juros
Mercado financeiro
Parte Monetária (Monetário e títulos)
Estoque de Moeda
da economia
Mercado de Divisas Taxa de Câmbio

Fonte: Adaptado de Vasconcelos (2002).

O lado real da economia é definido como “real” por sua concretude física,
representada pelo emprego efetivo de fatores produtivos e, de outro lado, pelos
produtos gerados, quer se destinem a reprocessamentos, consumo final ou
acumulação (ROSSETTI, 2002).

O mercado de bens e serviços produz apenas um único bem, que seria a agregação
de diversos outros bens produzidos, como objetivo deste mercado está a
determinação do nível de produção agregada e o nível geral de preços. O nível geral
de preços é condicionado à evolução do nível de demanda e oferta agregados que
dependem dos consumidores, das empresas do governo e do setor externo.

O mercado de trabalho é o mercado em que se realiza compra e venda de mão de


obra, se estabelecem salários e o nível de emprego (GARCIA; VASCONCELOS, 2012).
Quando se trabalha em economia com o mercado de trabalho, não se faz distinção
entre os diferentes tipos ou níveis de qualificação que o trabalho exige. Assim, as
diferentes atividades se tornam homogêneas, ou seja, não há diferença entre um
professor e um pintor.

O mercado de trabalho entende que existe apenas um tipo de mão de obra e que
o nível geral do emprego é o que determina a taxa salarial. A oferta e a demanda
de mão de obra dependem do salário real que para a demanda refere-se ao custo
efetivo da mão de obra enquanto que para a oferta refere-se ao custo efetivo da
cesta básica.

O lado monetário é uma contrapartida dos fluxos reais da economia. Trata-se de um


lado, pelos pagamentos de remuneração aos fatores de produção empregados; de

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outro lado, pelos preços pagos aos bens e serviços adquiridos, independentemente
de sua destinação. O mercado monetário existe da necessidade das transações
dos agentes econômicos a serem efetuadas com a utilização de moeda, ou seja, a
demanda pela moeda. Esta demanda e oferta de moeda é que determina a taxa de
juros.

O mercado de títulos foi criado para analisar o papel dos agentes superavitários e
deficitários no modelo macroeconômico. Como os agentes superavitários possuem
gastos menores que os agentes deficitários, estes podem conceder empréstimos
aos agentes deficitários. Também se trabalha com o pressuposto de que exista um
título padrão, normalmente utilizado, o título público federal.

Um fato é que os mercados monetário e de títulos são analisados em conjunto,


inclusive ganharam o nome de mercado financeiro e são estes os verdadeiros
responsáveis pela taxa de juros. O mercado de divisas atua no comércio de moeda
com o restante do mundo devido às transações que ocorrem entre as empresas.
A oferta de divisas é dependente direto do nível de exportações e da entrada do
capital estrangeiro. Enquanto a demanda de divisas é determinada pelo nível de
importações e saída do capital financeiro. A principal variável deste mercado é a
taxa de câmbio.

Políticas macroeconômicas
Entendemos como políticas macroeconômicas as ações tomadas pelo governo,
que, se utilizando de instrumentos econômicos, buscam atingir determinados
objetivos macroeconômicos, a saber (VASCONCELOS; GARCIA 2012):

• crescimento econômico;
• estabilidade de preços;
• alto nível de emprego;
• distribuição socialmente justa da renda.

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Atenção
Os principais defeitos da sociedade econômica em que vivemos
são a sua incapacidade para gerar o pleno emprego e a sua
arbitrária e desigual distribuição da riqueza e das rendas (KEYNES,
1985).

O governo tem papel prioritário e seu dever é zelar pelos interesses e pelo bem
comum da comunidade. Com esse fim, o governo, enquanto um agente econômico
de relevância dentro do sistema, pretende atuar por meio de determinadas variáveis
e, assim, alcançar determinados objetivos tidos como este bem comum para a
população.

Notícias sobre a redução ou elevação da taxa de juros, por exemplo, são comuns
no jornalismo econômico. O que você talvez não saiba é como o governo altera os
juros para atingir outros objetivos maiores, como crescimento econômico e/ou o
controle inflacionário. Desta forma, é preciso o entendimento sequencial e lógico a
respeito das variáveis analisadas, dos objetivos requeridos e das possíveis ações
a serem tomadas. A seguir, vamos conhecer os principais instrumentos da política
macroeconômica, para atingir os objetivos governamentais citados anteriormente.
Vamos lá!

Política fiscal
A política fiscal refere-se às políticas tributária e de gastos, nas quais o governo,
além de promover a arrecadação dos tributos e o controle de gastos, consegue,
por meio da modificação da carga tributária, controlar o gasto das pessoas com
consumo, podendo controlar dessa forma a inflação e os postos de trabalho uma
vez que aumentando os impostos desestimula o consumo e diminuindo estes
impostos aumenta o estímulo ao consumo. Já caso seja de interesse do governo
promover uma melhor distribuição de renda, ele pode estimular de forma seletiva,
através de modificações na carga tributária que afetem determinada região ou
segmento da população.

O governo pode alterar o volume das receitas e gastos públicos por meio dos
instrumentos fiscais. De acordo com Rossetti (2002), esses instrumentos são:

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a. Impostos (receita): os impostos podem ser classificados em duas categorias:
• Impostos diretos: incidem diretamente sobre a renda das unidades familiares
e das empresas. Ex.: Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) e Imposto de
Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ).
• Impostos indiretos: são tributos que oneram as transações intermediárias e
finais. São incorporados ao processo produtivo e, portanto, incidem indireta-
mente sobre o contribuinte (consumidor). Ex.: ICMS, ISS, COFINS e PIS.
b. Despesas do governo (gastos): as despesas do governo podem ser divididas em:
• Consumo: gastos com salários, administração pública, funcionalismo civil e
militar.
• Transferências: benefícios pagos pelos institutos de previdência social, sob a
forma de aposentadorias, salário-escola, FGTS (Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço).
• Subsídios: são pagamentos feitos pelo governo a algumas empresas públi-
cas ou privadas.
• Investimentos: gasto com aquisição de novas máquinas, equipamentos,
construção de estradas, pontes, infraestrutura.
c. Orçamento do governo: o resultado das operações de receitas menos os gastos
do setor público representam o orçamento do governo. Esse saldo pode ser clas-
sificado em três esferas:
• Orçamento equilibrado: ocorre quando o total das receitas em valores mone-
tários de um determinado período for exatamente igual ao total dos gastos
em valores monetários.
• Orçamento superavitário: as receitas superam os gastos em valores monetá-
rios em um determinado exercício do governo.
• Orçamento deficitário: as receitas são inferiores aos gastos.

Políticas fiscais expansionistas são extremamente relevantes em situações em que


a economia tenha escassez de demanda, pois impactam em momentos de crise por
deficiência de demanda, como foi a crise que se iniciou em 1929 e ficou conhecida
como A Grande Depressão de 1930, pois perdurou por toda essa década; e também
a crise do subprime.

Já as políticas fiscais contracionistas fazem com que a renda e o Produto Interno


Bruto (PIB) diminuam. Essas políticas visam à contenção da demanda com fins de
evitar inflação ocasionada pela capacidade de crescimento da produção.

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Figura 3.1: Formulação das políticas macroeconômicas

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Política monetária
A política monetária atua na quantidade de moeda e títulos públicos que se
encontram na economia. Desta forma, se o objetivo é o de estimular o crescimento
da economia, o governo pode diminuir a taxa de juros, o que levará à movimentação
de mais dinheiro no mercado. Inversamente, também, o governo pode aumentar a
taxa de juros para desestimular o movimento de dinheiro assim contendo aumentos
na inflação. O Banco Central do Brasil (Bacen) pode alterar os meios de pagamento
(oferta de moeda) utilizando-se de quatro instrumentos (GARCIA; VASCONCELOS,
2012):

a. Operações de mercado aberto (Open Market): as operações de mercado


aberto são caracterizadas pela compra e venda de títulos públicos do Bacen
no mercado. Esses títulos podem ser de emissão própria ou em geral do Te-
souro.
b. Depósito compulsório: são depósitos sob a forma de reservas bancárias que
cada banco comercial é obrigado legalmente a manter junto ao Banco Cen-
tral.

É calculado como um percentual sobre os depósitos à vista nos bancos comerciais.

c. Redesconto bancário: o redesconto é o mecanismo pelo qual o Bacen socor-


re instituições financeiras com problemas de liquidez. O redesconto é o em-
préstimo que os bancos comerciais recebem do Bacen para cobrir eventuais
problemas de liquidez. A taxa cobrada sobre esses empréstimos é chamada
de taxa de redesconto.

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d. Controle e seleção de crédito: um instrumento não muito convencional, mas
às vezes utilizado pelo Banco Central, refere-se ao controle direto sobre o
crédito. Este pode estar relacionado ao volume de crédito, ao prazo e à des-
tinação do crédito. Este instrumento pode gerar distorções no livre funciona-
mento do mercado de crédito, e até desestimular a atividade de intermedia-
ção financeira.

O Bacen pode afetar a economia por meio de uma política monetária expansionista
ou de uma política monetária restritiva. Na primeira situação, o objetivo é estimular
a demanda agregada (expansão do PIB real e do nível de emprego no curto prazo –
política não antecipada pelos agentes econômicos), sendo efetuada pela aquisição
de títulos públicos pelo Bacen e da ampliação das reservas livres dos bancos e da
taxa de crescimento da oferta monetária.

Por outro lado, na segunda situação, o foco é a redução da demanda agregada


(queda do produto real e do emprego no curto prazo – política não antecipada
pelos agentes econômicos) e da taxa de inflação, sendo alcançadas por meio da
venda de títulos públicos pelo Bacen, da redução das reservas bancárias e da taxa
de crescimento da oferta monetária. No longo prazo, a política monetária afetará,
principalmente, os preços e não o produto real da economia.

Política cambial
As políticas cambial e comercial atuam no setor externo da economia. A política
cambial refere-se ao controle exercido pelo governo sobre as taxas de câmbio, já
a política comercial refere-se ao estímulo das exportações, através de subsídio de
juros e desestímulo ou controle das importações, através da imposição de barreiras
fiscais com majoração de taxas.

A taxa de câmbio é o valor da moeda do país em relação às moedas estrangeiras,


ou destas últimas em relação à primeira. Há, basicamente, duas maneiras de
estabelecer a taxa de câmbio de um país.

A primeira é chamada de câmbio fixo. Consiste na fixação do câmbio pela


autoridade monetária, ou seja, o termo fixo não implica em dizer que seja algo
imutável, mas sim que ele é fixado pelo Governo. A segunda maneira é o câmbio
flutuante, o que significa que a autoridade monetária deixa o valor da moeda
nacional flutuar de acordo com a oferta e a demanda de divisas estrangeiras no
mercado.

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Uma variação desta modalidade é a chamada flutuação suja (dirty floating), que
significa uma intervenção moderada do governo toda vez que a taxa de câmbio
flutua além de limites considerados toleráveis pela economia do país. Isso é o que
ocorre na maioria dos países que praticam a flutuação cambial – incluindo o Brasil,
na atualidade. Assim, aqui o Banco Central entra comprando ou vendendo divisas
no mercado de câmbio para inverter ou bloquear a tendência de variação cambial
além dos limites.

Política de rendas
Na política de rendas, existe a intervenção direta do governo sobre a renda através
do congelamento de preços ou determinação de salários, isto faz com que os
agentes econômicos não consigam responder a influências econômicas normais
do mercado. A política de rendas é utilizada fundamentalmente para controlar a
inflação através da fixação do salário mínimo e preços de alguns produtos que são
mais propícios à inflação.

Agregados macroeconômicos
A mensuração da atividade econômica se insere nos objetivos da macroeconomia.
Assim, é possível formar e distribuir o produto e a renda gerados pela atividade
econômica (VASCONCELOS, 2002). Ao medir o produto nacional, tentamos avaliar o
desempenho da economia no sentido de satisfazer as necessidades da sociedade
(PINHO; VASCONCELOS, 2011).

Figura 3.2: Mercado cambial

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

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Mankiw (2001) aponta que, se você fosse julgar a situação econômica de uma
pessoa, olharia para sua renda. Uma pessoa com renda mais elevada pode
desfrutar de um melhor padrão de vida – moradia, saúde, bens materiais. Para
o autor, um país apresenta a mesma lógica: de acordo com a renda de um país,
podemos sugerir se a economia vai bem ou mal. A análise da atividade econômica
compreende a relação entre o comportamento dos agentes e as atividades
desenvolvidas por eles, portanto, buscam ter uma visão do conjunto, sobre o seu
funcionamento e o efeito das medidas de política econômica (MANKIW, 2001).

Como se sabe, os indivíduos são detentores não só da mão de obra, mas também
de outros fatores produtivos, como terras, máquinas, equipamentos, construções
etc. Para produzir, as empresas, direta ou indiretamente, utilizam esses fatores
produtivos e remuneram os indivíduos pela utilização dos fatores.

A remuneração do conjunto dos fatores produtivos é chamada de renda e pode ser


expressa da seguinte forma:

• a que é feita aos proprietários: salário;


• a que é feita aos empresários (no processo de produção): lucro;
• a que é feita aos proprietários do capital financeiro: juros; e
• a que é feita ao capital produtivo, ou seja, os bens imóveis: aluguéis.

Assim, para um determinado período de tempo, o somatório de toda a renda


recebida pelos indivíduos compõe a Renda Nacional. De outro lado, o que
chamamos de Produto Nacional nada mais é que o valor resultante da produção de
bens e serviços por parte das empresas.

A Despesa Nacional é o somatório de todos os pagamentos que são efetuados para


a aquisição de bens e serviços por parte de todo indivíduo que compõe a nação.
Podemos afirmar, portanto, que:

Renda Nacional = Produto Nacional = Despesa Nacional

Oferta agregada ou Produto Nacional


É o valor monetário de todos os bens finais produzidos em todas as atividades que
compõem cada um dos grandes setores da economia, como se pode ver a seguir:

• no setor da agropecuária fazem parte a agricultura, pecuária, pesca, extração


vegetal e atividades afins;

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• a indústria é composta pela indústria extrativa mineral, a indústriade trans-
formação, indústria da construção e Serviços Industriais de Utilidade Pública
(SIUP);
• no setor de serviços estão comércio, transporte, comunicações, intermedia-
ções financeiras, aluguéis, administração pública e outros serviços.

De acordo com Vasconcellos (2002), para se calcular o Produto Nacional devem


ser considerados apenas os bens e serviços finais e nunca os bens intermediários,
ou seja, as matérias-primas que serão utilizadas no processo de produção. Caso
se somassem os produtos intermediários no valor final dos bens, estaria sendo
computado duplamente o valor de alguns bens. Isso estaria ocorrendo porque no
valor final dos bens já estão somados os valores de todas as matérias e os insumos
necessários para produzir esse bem.

O autor continua ainda informando que uma outra forma de se obter o valor final da
produção é pelo valor adicionado ou valor agregado, que é o valor que se adiciona
ao bem em cada etapa do processo de produção. Assim, se fosse somado o valor
adicionado em todas as etapas de produção de um bem, se chegaria ao valor final
deste bem. Generalizando para o conjunto da economia, pode-se dizer que, se fosse
somado o valor adicionado em todas as etapas da produção de todos os bens de
uma economia, chegar-se-ia ao produto total desta economia.

Assim, para se chegar ao valor adicionado, deve ser descontado do valor do produto
final o custo das matérias-primas utilizadas no processo de produção. O exemplo a
seguir mostra o valor adicionado na produção de uma mesa com seis cadeiras.

Preço final da mesa e das cadeiras = R$ 1.000,00

Custo das matérias-primas = R$ 400,00

Valor adicionado = R$ 600,00

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Renda Nacional
Somatório de todos os valores gastos para obtenção de Produto Nacional.

Quadro 3.2: Exemplo de formação da renda nacional

Produção Renda
Pagamentos de: Salário = 600
Produção da mesa = 400 Aluguel das instalações = 80
Produção das cadeira = 600 Juros = 100
Lucros = 220

Total = 1.000 Total = 1.000

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Demanda agregada ou Despesa Nacional


É todo valor despendido para aquisição do Produto Nacional, considerando apenas
a aquisição de produtos e serviços finais, uma vez que outros gastos, como o da
compra dos produtos intermediários, já estão incorporados no valor dos bens e
serviços finais. Assim:

Despesa Nacional = Consumo

Em se tratando da economia como um todo, há outros tipos de produtos


produzidos, que não são os bens de consumo. Há, também, por exemplo, as
máquinas, os equipamentos, as instalações, entre outros, que as empresas utilizam
para produzir. Esses bens são chamados de bens de investimento ou bens de
capital. Quem adquire esses bens são as empresas. Assim, é possível perceber a
existência de agentes econômicos, que são:

• indivíduos – famílias;
• empresas;
• governo;
• setor externo.

Quando forem inseridos todos os agentes econômicos na equação da despesa


nacional, o modelo completo é expresso da seguinte forma:

DN = C + I + G + X - M
Em que:

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C = gastos em consumo pelos indivíduos

I = gastos das empresas com os investimentos

G = gastos do governo

X = exportações

M = importações

Em relação aos gastos do governo, são considerados nas contas nacionais os


gastos com serviços públicos como educação, saúde, justiça, defesa nacional, entre
outros. Não são considerados nesse cálculo os gastos de empresas públicas ou
sociedade de economia mista, como a Petrobras e o Banco do Brasil, por exemplo.
Podem ser despesas correntes ou de custeio, como salários e manutenção da
máquina administrativa, por exemplo, ou despesas de capital, como aquisição de
equipamentos, construção de estradas, escolas etc.

Depois de compreendida cada uma das três óticas de se mensurar o nível da


atividade econômica, fica claro de onde vem a identidade básica da Contabilidade
Nacional, ou seja:

Renda Nacional = Produto Nacional = Despesa Nacional


A exemplo de uma empresa que tem sua contabilidade e nela registra todas as
suas transações, para um país ocorre a mesma coisa. Então, a contabilidade de
um país mensura as transações feitas entre os agentes econômicos, de maneira a
aferir o movimento da economia, em um determinado período de tempo: quanto foi
produzido; quanto foi consumido; de quanto foi o investimento; quanto foi o valor
das transações com outros países.

Estas são algumas das informações que se pode obter com um sistema de contas
de um país. São informações importantes para a tomada de decisões não só por
parte do governo, mas também das empresas, que podem, por exemplo, aumentar
seus investimentos se os indivíduos estiverem aumentando seus gastos com bens
de consumo.

A partir da Contabilidade Nacional, é possível entender as relações entre as


variáveis macroeconômicas, tais como:

• produção;
• consumo;
• financiamento;

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• acumulação de capital;
• relações com o resto do mundo.

Como a Contabilidade Nacional abrange um grande número de variáveis, é


necessário compreender alguns conceitos para evitar o uso equivocado de
determinadas informações. Entre eles está a definição de produto nominal e produto
real. A soma do valor de todos os bens e serviços finais produzidos, dentro de um
determinado período de tempo, compõe o produto de uma economia. Também pode
ser chamado de Produto Nacional Bruto, ou simplesmente PNB, que considera as
rendas enviadas e recebidas do exterior.

O produto nominal ou a preços correntes mede o valor da produção tomando


como referência os preços dos bens do próprio ano em que foram produzidos.
Já o produto real mede o valor da produção para um período qualquer, tomando
como referência os preços de um determinado ano, que servirá como base. Assim
é possível obter a estimativa da variação real ou física da produção ao longo de
vários anos. Isso é possível porque não haverá variações de preços dos produtos
de um ano para outro, já que a base de preços é de um ano específico e, portanto,
constante.

Outro conceito importante para a compreensão dos indicadores das contas


nacionais é o de Produto Interno Bruto. O PIB é o valor agregado de todos os bens
e serviços finais produzidos dentro do país, independente da origem da propriedade
dos fatores produtivos ou da empresa produtora desses bens e serviços.

Inflação e desemprego
Segundo Mankiw (2001), embora no longo prazo o nível mais alto de preço seja o
primeiro efeito do aumento da quantidade de moeda. No curto prazo, a situação é
mais complexa e controversa. Muitos economistas descrevem os efeitos de curto
prazo da injeção monetária como:

• o aumento da quantidade de moeda na economia estimula o nível geral de


consumo e, portanto, a demanda por bens e serviços;
• o aumento da demanda pode, com o tempo levar as empresas a elevar os
preços, porém, nesse ínterim, esse aumento também incentiva as empresas
a contratar mais mão de obra e a aumentar a quantidade de bens e serviços
produzidos;
• a maior contratação significa menor desemprego.

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Curiosidade
As crises do petróleo em 1973 e em 1979 provocaram um aumento
nos preços desse produto e, consequentemente, uma elevação do
nível de preços nos principais países industrializados do mundo.
Nestes episódios, houve o aumento de preços de matérias-primas
e de insumos básicos, provocando a elevação dos custos de
produção das empresas.

Essa linha de raciocínio leva a Economia a um grande trade-off de curto prazo entre
inflação e desemprego na economia. Isso significa que em um período de um ou
dois anos, muitas políticas econômicas empurram a inflação e o desemprego para
lados opostos. Outro conflito que pode ser observado é entre a estabilidade dos
preços e o desemprego, pois, quando a economia se aproxima da plena utilização
dos recursos, a pressão pelo aumento dos preços é muito forte, principalmente
nos setores de fornecimento de insumos. Esse fato leva o governo a controlar
o crescimento da economia, a fim de manter estável a inflação. Por outro lado,
quando o desemprego está crescente, a tendência da inflação é diminuir, forçando o
governo a incentivar o consumo para reduzir os níveis de desemprego.

Saiba mais
Para conhecer sobre o período inflacionário do Brasil, assista o
documentário “A era da inflação”, produzido pelo Laboratório
Brasil. Acesso o link disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=3LHH7nigO6A>. Acesso em: 5 fev. 2018.

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Referências
DORNBUSCH, R.; FISCHER, S. Macroeconomia. 5. ed. São Paulo: Makron Books,
1991.

KEYNES, John Maynard. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. 2. ed. São
Paulo: Nova Cultural, 1985.

MANKIW, G. Introdução à economia. São Paulo: Elsevier, 2001.

PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. de. Manual de Economia. 6. ed. São Paulo:


Ed. Saraiva, 2011.

ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

VASCONCELLOS, M. A. de. Economia micro e macro: teoria e exercícios. 3. ed. São


Paulo: Atlas, 2002.

VASCONCELOS, M. A. S. de; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 2. ed. São


Paulo: Saraiva, 2012.

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