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GINEAD
Fávero, Márcia Huppe; Cabral, Raquel
SST Unidade 3 - Análise macroeconômica /
Márcia Huppe Fávero; Raquel Cabral
Ano: 2020
nº de p.: 18
Objetivos específicos
• Estudar os principais conceitos macroeconômicos.
• Compreender como funcionam as políticas macroeconômicas.
Apresentando a Unidade
Nesta unidade, você será convidado a conhecer a área de estudo da
macroeconomia, isto é, o campo de estudo da economia que analisa os grandes
indicadores econômicos, e que diz muito a respeito de como anda a economia de
um país. Você compreenderá de que forma um governo busca utilizar medidas para
que qualquer país siga em um ambiente macroeconômico favorável e sólido por
meio de políticas econômicas.
Conceitos básicos
Segundo Dornbusch e Fischer (1991, p. 3):
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Os autores ainda prosseguem,
Reflita
A macroeconomia propõe-se a responder questões tais como:
qual o motivo de tanto desemprego? A inflação poderá voltar? O
que fazer para baixar a taxa de juros? Convidamos você a refletir
sobre essas questões também!
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Quadro 3.1: Estrutura de análise macroeconômica
Taxa de Juros
Mercado financeiro
Parte Monetária (Monetário e títulos)
Estoque de Moeda
da economia
Mercado de Divisas Taxa de Câmbio
O lado real da economia é definido como “real” por sua concretude física,
representada pelo emprego efetivo de fatores produtivos e, de outro lado, pelos
produtos gerados, quer se destinem a reprocessamentos, consumo final ou
acumulação (ROSSETTI, 2002).
O mercado de bens e serviços produz apenas um único bem, que seria a agregação
de diversos outros bens produzidos, como objetivo deste mercado está a
determinação do nível de produção agregada e o nível geral de preços. O nível geral
de preços é condicionado à evolução do nível de demanda e oferta agregados que
dependem dos consumidores, das empresas do governo e do setor externo.
O mercado de trabalho entende que existe apenas um tipo de mão de obra e que
o nível geral do emprego é o que determina a taxa salarial. A oferta e a demanda
de mão de obra dependem do salário real que para a demanda refere-se ao custo
efetivo da mão de obra enquanto que para a oferta refere-se ao custo efetivo da
cesta básica.
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outro lado, pelos preços pagos aos bens e serviços adquiridos, independentemente
de sua destinação. O mercado monetário existe da necessidade das transações
dos agentes econômicos a serem efetuadas com a utilização de moeda, ou seja, a
demanda pela moeda. Esta demanda e oferta de moeda é que determina a taxa de
juros.
O mercado de títulos foi criado para analisar o papel dos agentes superavitários e
deficitários no modelo macroeconômico. Como os agentes superavitários possuem
gastos menores que os agentes deficitários, estes podem conceder empréstimos
aos agentes deficitários. Também se trabalha com o pressuposto de que exista um
título padrão, normalmente utilizado, o título público federal.
Políticas macroeconômicas
Entendemos como políticas macroeconômicas as ações tomadas pelo governo,
que, se utilizando de instrumentos econômicos, buscam atingir determinados
objetivos macroeconômicos, a saber (VASCONCELOS; GARCIA 2012):
• crescimento econômico;
• estabilidade de preços;
• alto nível de emprego;
• distribuição socialmente justa da renda.
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Atenção
Os principais defeitos da sociedade econômica em que vivemos
são a sua incapacidade para gerar o pleno emprego e a sua
arbitrária e desigual distribuição da riqueza e das rendas (KEYNES,
1985).
O governo tem papel prioritário e seu dever é zelar pelos interesses e pelo bem
comum da comunidade. Com esse fim, o governo, enquanto um agente econômico
de relevância dentro do sistema, pretende atuar por meio de determinadas variáveis
e, assim, alcançar determinados objetivos tidos como este bem comum para a
população.
Notícias sobre a redução ou elevação da taxa de juros, por exemplo, são comuns
no jornalismo econômico. O que você talvez não saiba é como o governo altera os
juros para atingir outros objetivos maiores, como crescimento econômico e/ou o
controle inflacionário. Desta forma, é preciso o entendimento sequencial e lógico a
respeito das variáveis analisadas, dos objetivos requeridos e das possíveis ações
a serem tomadas. A seguir, vamos conhecer os principais instrumentos da política
macroeconômica, para atingir os objetivos governamentais citados anteriormente.
Vamos lá!
Política fiscal
A política fiscal refere-se às políticas tributária e de gastos, nas quais o governo,
além de promover a arrecadação dos tributos e o controle de gastos, consegue,
por meio da modificação da carga tributária, controlar o gasto das pessoas com
consumo, podendo controlar dessa forma a inflação e os postos de trabalho uma
vez que aumentando os impostos desestimula o consumo e diminuindo estes
impostos aumenta o estímulo ao consumo. Já caso seja de interesse do governo
promover uma melhor distribuição de renda, ele pode estimular de forma seletiva,
através de modificações na carga tributária que afetem determinada região ou
segmento da população.
O governo pode alterar o volume das receitas e gastos públicos por meio dos
instrumentos fiscais. De acordo com Rossetti (2002), esses instrumentos são:
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a. Impostos (receita): os impostos podem ser classificados em duas categorias:
• Impostos diretos: incidem diretamente sobre a renda das unidades familiares
e das empresas. Ex.: Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) e Imposto de
Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ).
• Impostos indiretos: são tributos que oneram as transações intermediárias e
finais. São incorporados ao processo produtivo e, portanto, incidem indireta-
mente sobre o contribuinte (consumidor). Ex.: ICMS, ISS, COFINS e PIS.
b. Despesas do governo (gastos): as despesas do governo podem ser divididas em:
• Consumo: gastos com salários, administração pública, funcionalismo civil e
militar.
• Transferências: benefícios pagos pelos institutos de previdência social, sob a
forma de aposentadorias, salário-escola, FGTS (Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço).
• Subsídios: são pagamentos feitos pelo governo a algumas empresas públi-
cas ou privadas.
• Investimentos: gasto com aquisição de novas máquinas, equipamentos,
construção de estradas, pontes, infraestrutura.
c. Orçamento do governo: o resultado das operações de receitas menos os gastos
do setor público representam o orçamento do governo. Esse saldo pode ser clas-
sificado em três esferas:
• Orçamento equilibrado: ocorre quando o total das receitas em valores mone-
tários de um determinado período for exatamente igual ao total dos gastos
em valores monetários.
• Orçamento superavitário: as receitas superam os gastos em valores monetá-
rios em um determinado exercício do governo.
• Orçamento deficitário: as receitas são inferiores aos gastos.
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Figura 3.1: Formulação das políticas macroeconômicas
Política monetária
A política monetária atua na quantidade de moeda e títulos públicos que se
encontram na economia. Desta forma, se o objetivo é o de estimular o crescimento
da economia, o governo pode diminuir a taxa de juros, o que levará à movimentação
de mais dinheiro no mercado. Inversamente, também, o governo pode aumentar a
taxa de juros para desestimular o movimento de dinheiro assim contendo aumentos
na inflação. O Banco Central do Brasil (Bacen) pode alterar os meios de pagamento
(oferta de moeda) utilizando-se de quatro instrumentos (GARCIA; VASCONCELOS,
2012):
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d. Controle e seleção de crédito: um instrumento não muito convencional, mas
às vezes utilizado pelo Banco Central, refere-se ao controle direto sobre o
crédito. Este pode estar relacionado ao volume de crédito, ao prazo e à des-
tinação do crédito. Este instrumento pode gerar distorções no livre funciona-
mento do mercado de crédito, e até desestimular a atividade de intermedia-
ção financeira.
O Bacen pode afetar a economia por meio de uma política monetária expansionista
ou de uma política monetária restritiva. Na primeira situação, o objetivo é estimular
a demanda agregada (expansão do PIB real e do nível de emprego no curto prazo –
política não antecipada pelos agentes econômicos), sendo efetuada pela aquisição
de títulos públicos pelo Bacen e da ampliação das reservas livres dos bancos e da
taxa de crescimento da oferta monetária.
Política cambial
As políticas cambial e comercial atuam no setor externo da economia. A política
cambial refere-se ao controle exercido pelo governo sobre as taxas de câmbio, já
a política comercial refere-se ao estímulo das exportações, através de subsídio de
juros e desestímulo ou controle das importações, através da imposição de barreiras
fiscais com majoração de taxas.
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Uma variação desta modalidade é a chamada flutuação suja (dirty floating), que
significa uma intervenção moderada do governo toda vez que a taxa de câmbio
flutua além de limites considerados toleráveis pela economia do país. Isso é o que
ocorre na maioria dos países que praticam a flutuação cambial – incluindo o Brasil,
na atualidade. Assim, aqui o Banco Central entra comprando ou vendendo divisas
no mercado de câmbio para inverter ou bloquear a tendência de variação cambial
além dos limites.
Política de rendas
Na política de rendas, existe a intervenção direta do governo sobre a renda através
do congelamento de preços ou determinação de salários, isto faz com que os
agentes econômicos não consigam responder a influências econômicas normais
do mercado. A política de rendas é utilizada fundamentalmente para controlar a
inflação através da fixação do salário mínimo e preços de alguns produtos que são
mais propícios à inflação.
Agregados macroeconômicos
A mensuração da atividade econômica se insere nos objetivos da macroeconomia.
Assim, é possível formar e distribuir o produto e a renda gerados pela atividade
econômica (VASCONCELOS, 2002). Ao medir o produto nacional, tentamos avaliar o
desempenho da economia no sentido de satisfazer as necessidades da sociedade
(PINHO; VASCONCELOS, 2011).
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Mankiw (2001) aponta que, se você fosse julgar a situação econômica de uma
pessoa, olharia para sua renda. Uma pessoa com renda mais elevada pode
desfrutar de um melhor padrão de vida – moradia, saúde, bens materiais. Para
o autor, um país apresenta a mesma lógica: de acordo com a renda de um país,
podemos sugerir se a economia vai bem ou mal. A análise da atividade econômica
compreende a relação entre o comportamento dos agentes e as atividades
desenvolvidas por eles, portanto, buscam ter uma visão do conjunto, sobre o seu
funcionamento e o efeito das medidas de política econômica (MANKIW, 2001).
Como se sabe, os indivíduos são detentores não só da mão de obra, mas também
de outros fatores produtivos, como terras, máquinas, equipamentos, construções
etc. Para produzir, as empresas, direta ou indiretamente, utilizam esses fatores
produtivos e remuneram os indivíduos pela utilização dos fatores.
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• a indústria é composta pela indústria extrativa mineral, a indústriade trans-
formação, indústria da construção e Serviços Industriais de Utilidade Pública
(SIUP);
• no setor de serviços estão comércio, transporte, comunicações, intermedia-
ções financeiras, aluguéis, administração pública e outros serviços.
O autor continua ainda informando que uma outra forma de se obter o valor final da
produção é pelo valor adicionado ou valor agregado, que é o valor que se adiciona
ao bem em cada etapa do processo de produção. Assim, se fosse somado o valor
adicionado em todas as etapas de produção de um bem, se chegaria ao valor final
deste bem. Generalizando para o conjunto da economia, pode-se dizer que, se fosse
somado o valor adicionado em todas as etapas da produção de todos os bens de
uma economia, chegar-se-ia ao produto total desta economia.
Assim, para se chegar ao valor adicionado, deve ser descontado do valor do produto
final o custo das matérias-primas utilizadas no processo de produção. O exemplo a
seguir mostra o valor adicionado na produção de uma mesa com seis cadeiras.
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Renda Nacional
Somatório de todos os valores gastos para obtenção de Produto Nacional.
Produção Renda
Pagamentos de: Salário = 600
Produção da mesa = 400 Aluguel das instalações = 80
Produção das cadeira = 600 Juros = 100
Lucros = 220
• indivíduos – famílias;
• empresas;
• governo;
• setor externo.
DN = C + I + G + X - M
Em que:
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C = gastos em consumo pelos indivíduos
G = gastos do governo
X = exportações
M = importações
Estas são algumas das informações que se pode obter com um sistema de contas
de um país. São informações importantes para a tomada de decisões não só por
parte do governo, mas também das empresas, que podem, por exemplo, aumentar
seus investimentos se os indivíduos estiverem aumentando seus gastos com bens
de consumo.
• produção;
• consumo;
• financiamento;
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• acumulação de capital;
• relações com o resto do mundo.
Inflação e desemprego
Segundo Mankiw (2001), embora no longo prazo o nível mais alto de preço seja o
primeiro efeito do aumento da quantidade de moeda. No curto prazo, a situação é
mais complexa e controversa. Muitos economistas descrevem os efeitos de curto
prazo da injeção monetária como:
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Curiosidade
As crises do petróleo em 1973 e em 1979 provocaram um aumento
nos preços desse produto e, consequentemente, uma elevação do
nível de preços nos principais países industrializados do mundo.
Nestes episódios, houve o aumento de preços de matérias-primas
e de insumos básicos, provocando a elevação dos custos de
produção das empresas.
Essa linha de raciocínio leva a Economia a um grande trade-off de curto prazo entre
inflação e desemprego na economia. Isso significa que em um período de um ou
dois anos, muitas políticas econômicas empurram a inflação e o desemprego para
lados opostos. Outro conflito que pode ser observado é entre a estabilidade dos
preços e o desemprego, pois, quando a economia se aproxima da plena utilização
dos recursos, a pressão pelo aumento dos preços é muito forte, principalmente
nos setores de fornecimento de insumos. Esse fato leva o governo a controlar
o crescimento da economia, a fim de manter estável a inflação. Por outro lado,
quando o desemprego está crescente, a tendência da inflação é diminuir, forçando o
governo a incentivar o consumo para reduzir os níveis de desemprego.
Saiba mais
Para conhecer sobre o período inflacionário do Brasil, assista o
documentário “A era da inflação”, produzido pelo Laboratório
Brasil. Acesso o link disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=3LHH7nigO6A>. Acesso em: 5 fev. 2018.
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Referências
DORNBUSCH, R.; FISCHER, S. Macroeconomia. 5. ed. São Paulo: Makron Books,
1991.
KEYNES, John Maynard. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. 2. ed. São
Paulo: Nova Cultural, 1985.
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