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MODELO IS-LM
2017
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MOEDA, JUROS E RENDIMENTO. MODELO IS-LM – Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
1 - INTRODUÇÃO
A taxa de juro será considerada com tendo a natureza monetária, pelo que
existe uma interacção entre os mercados de bens e serviços e o mercado
monetário na determinação do nível de rendimento e emprego, podendo
utilizar-se as políticas monetária e orçamental a fim de influenciar o nível de
emprego e produto, como pode ser visualizado na figura seguinte:
Figura1 n.º1.1
------------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------- Rendimento
Mercado Mercado de
financeiro bens e serviços
Política fiscal
Taxa de juro
Política monetária
------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------
1Figura retirada (e adaptada) de "MACROECONOMICS", Fourth Edition, p. 113, Rudiger Dornbush and Stanley Fisher
(McGraw Hill-International Editions).
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A teoria clássica da moeda viria a ser reformulada, nos finais dos anos 50 do
século XX, por Milton Friedman2, dando origem ao que ficou conhecido como
MONETARISMO, teoria que influenciou, nas últimas décadas, as políticas do
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Mas também parte dos gastos públicos - que constituem uma das
componentes da procura agregada, considerada exogenamente determinada
- é afectada pela taxa de juro, dado que muito do investimento público é
financiado através da emissão de dívida pública. Quando o Estado recorre à
dívida pública para financiar os investimentos públicos a elevação da taxa de
juro aumenta o custo desses projectos de investimento e alguns poderão não
se realizar, tendo em consideração que muitos desses projectos são
determinados por outros factores nomeadamente políticos, sociais e de
acordo com os interesses dos grupos de pressão os quais têm grande
influência nas decisões dos políticos que tenderão a tomar decisões,
utilizando o poder de que estão investidos, no sentido de satisfazer os seus
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CAIXA nº 1
TEORIA DA CAPTURA
Quanto a este ponto há que referir que os políticos têm objectivos que
pretendem atingir, entre os quais se destaca a manutenção ou conquista do
poder bem como outros interesses pessoais e não apenas o interesse
público como era defendido pela teoria do interesse público ou do Estado
benevolente.
Com o trabalho de Mancur Olson3, o conceito de grupo de interesse
ganhou importância na análise económica. Os grupos de interesse podem
influenciar o resultado do processo de regulação ao providenciarem suporte
financeiro ou outro aos políticos ou reguladores. Na sua versão original o
modelo de Olson tem por objecto estudar os grupos de interesse, definidos
como associações que procuram o interesse comum dos seus membros.
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Olson, Mancur. The Logic of Collective Action: Public Goods and the Theory of Groups. Cambridge, Mass.:
Harvard University Press, 1965.
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• O motivo transacção
• O motivo precaução e
• O motivo especulação.
i) MOTIVO TRANSACÇÃO
De acordo com o modelo clássico os agentes económicos detêm saldos
monetários apenas para transacção e precaução. A procura de moeda pelo
motivo transacção no modelo keynesiano é basicamente o mesmo derivado
do motivo para manutenção de saldos monetários da abordagem de
Cambridge no modelo clássico, que resulta de a moeda ser um activo como
sendo o único aceite como meio geral de trocas.
Keynes subdividiu ainda o motivo transacção em motivo rendimento e motivo
negócios. O motivo rendimento depende da razão de conservar activos
líquidos (a moeda é o activo com maior grau de liquidez) para garantir a
transição entre os recebimentos e os desembolsos, dependendo o nível de
encaixes monetários do nível de rendimento e do intervalo temporal entre o
seu recebimento e o gasto. Se os recebimentos forem frequentes, com
intervalos temporais pequenos, a detenção de saldos reais monetários
médios será menor do que seria se existirem grandes diferenças temporais
entre os recebimentos e os pagamentos efectuados.
O motivo negócios resulta da necessidade de se conservarem recursos
líquidos para assegurar o intervalo entre o momento em que se iniciam as
despesas com a produção e aquele em que se recebe o valor das vendas.
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de capital), que pode ser superior aos juros que se deixam de obter para
possuir moeda.
Assim, a decisão do especulador de comprar ou não títulos depende da sua
expectativa acerca do futuro preço dos mesmos.
De acordo com Keynes, os investidores têm uma noção subjectiva de uma
taxa natural ( ou normal), de juros e à volta da qual a taxa de mercado flutua.
Se a taxa de mercado está acima da taxa natural (que é uma taxa
psicológica), o especulador considera a taxa de mercado como sendo
temporária e espera que a taxa de mercado desça. Deste modo, se ele
compra títulos quando a taxa de juros é alta, portanto acima da taxa normal,
o preço dos títulos é baixo. Com esta actuação, o especulador desfaz-se dos
saldos monetários e procura títulos, isto é, diminui a sua procura de moeda.
Quando a taxa de juros descer, o preço dos títulos sobe e o especulador pode
vender os títulos realizando um ganho de capital, que é a diferença entre o
preço da compra dos títulos e o preço da venda.
Inversamente, se a taxa de mercado estiver abaixo do que o especulador
considera a taxa natural, ele espera que a taxa de mercado suba, o que o
leva a não comprar títulos, pois a sua cotação é elevada, e a guardar moeda
para comprar títulos quando o seu preço baixar, ou, o que é o mesmo, para
comprar títulos quando a taxa de juros subir.
Conclui-se que existe uma relação inversa entre a procura de moeda e a taxa
de juros. A esta procura de moeda por motivo especulativo chama-se
PREFERÊNCIA PELA LIQUIDEZ. Convém notar que se não houvesse
incerteza sobre as taxas de juro futuras, não haveria procura especulativa por
moeda. Segundo esta teoria, apenas haveria procura por moeda pelos
motivos de transacção e precaução.
5) A CURVA IS
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Eq. 5.1) AD = C+ I + G + X = C + S + T + M
Eq. 5.3) S = -a + s Y
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Expressão já deduzida noutro capítulo
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i1
I(i) IS
i2
I2 I1 Y1 Y2
Y
I
S1
S2
S(i)
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DESLOCAÇÕES DA CURVA IS
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IS1
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i1
IS2
0 Y1 Y2 Y
Eq. 5.5) Y = C + I + G + X -M
Eq. 5.7) Yd = Y - T +
Eq. 5.10) G= ̅
Eq. 5.11) =
Eq. 5.12) M = n + mY
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Eq. 5.14) Y=
ou
̅
Eq. 5.15) Y= - i
!
Eq. 5.16) Y= - i
Eq. 5.17) Y= ( − + + +
+ − - bi)
Eq. 5.18)
A fórmula canónica da equação evidencia que para cada nível da taxa de juro,
i, há um correspondente nível de rendimento, Y, ou seja, a equação
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0 +, +12 3 ̅ 7 8 9 * + +, - * + +, -
Eq. 5.22) i= ( )- :
* + +, - / /
0 ;1 +12 3 7 8 9 * + +, -
Eq. 5.23) i= /
- /
Y
ou
<̅ =
Eq. 5.24) i = / - >/
que é um valor negativo, dado que c e t são positivos mas menores que a
unidade, (1-c+ct+m) é positivo e b é positivo, pelo que a curva da função IS é
decrescente, como anteriormente analisámos. A inclinação da curva IS
depende da sensibilidade do investimento à taxa de juro. Quanto maior essa
sensibilidade menos inclinada será a curva IS.
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teríamos
Eq. 5.30) ∆Y = ∆. α
6 - A FUNÇÃO LM
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L = kY - hi
L = L1 (Y) + L2 (i)
onde
L1
L1 (Y)
0
Y
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L2 = - h i, com h>0,
Figura n.º6.2
Procura de moeda em função da taxa de juro
L(i)
0 L2
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?@
A
MERCADO MONETÁRIO
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CAIXA nº2
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BC
L=
D
BC
kY-hi = D
i1
i2 L(i)
0 ? @* ? @E L
A* A*
Como pode ser observado pelo gráfico anterior a taxa de juro é determinada
pela oferta (exogenamente determinada) e pela procura de moeda. Um
aumento da oferta nominal de moeda MS1 para MS2, mantendo-se o nível de
preços constantes, a taxa de juro descerá, considerando que existe
sensibilidade da procura de moeda à taxa de juro. No ramo horizontal da curva
da procura de moeda, um aumento da oferta de moeda não afecta a taxa de
juro, situação que é conhecida por ARMADILHA DA LIQUIDEZ, frase devida
a Keynes.
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------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------
Figura n.º 6.3
Curva LM
i d)
a) α
LM
i1
β
L2 (i)
I2 €
L2 L22 L21
Y2 Y1 Y
L(Y)1
L(Y)2
L1 (Y)
b) c)
L1 (y)
------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------
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Como sabemos que existe uma relação inversa entre a procura de moeda
pelo motivo especulação, e a taxa de juro, tracemos no quadrante a) a procura
de moeda em função da taxa de juro.
De seguida, a partir da taxa de juro i1, no eixo das ordenadas, que divide os
quadrantes a) e d), tracemos horizontalmente um segmento de recta
quebrado (da direita para a esquerda) até encontrar a curva da procura de
moeda no quadrante a). A partir deste ponto tracemos verticalmente um
segmento de recta quebrado até encontrar o ponto L21, que representa a
procura de moeda correspondente à taxa de juro i1.
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LM
0 Y
INCLINAÇÃO DA CURVA LM
Eq. 6.1) L = kY - hi
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DESLOCAÇÃO DA CURVA LM
Cada curva LM traduz a constância da oferta real de moeda, pelo que sempre
que a oferta real de moeda se altera a curva LM desloca-se, ou seja, uma
deslocação da curva LM traduz uma alteração da massa monetária em
circulação.
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BC
Eq. 6.2) L= D
BC
Eq. 6.3) kY - hi =
D
F * BC
Eq. 6.4) i=GY-G
D
sendo k/h um valor positivo, desde que h>0, pelo que a inclinação da curva
LM é positiva, sendo a função LM crescente com a taxa de juro.
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JC
K G
Eq. 6.6) Y= +Fi
F
Figura n.º6.6
Curvas IS e LM
i
LM
i1
IS
0 Y1 Y 28
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Verifica-se que existe apenas uma taxa de juro, i1, e um nível de rendimento,
Y1, de equilíbrio simultâneo nos dois mercados, ou seja: IS=LM no ponto de
equilíbrio simultâneo.
Eq. 6.7.1) C = a + c Yd
Eq. 6.7.2) Yd = Y- T + TR
Eq. 6.7.4) TR =
Eq. 6.7.5) I = -̅ bi
Eq. 6.7.6) G= ̅
Eq. 6.7.7) X=
Dado que esta equação contem a taxa de juro, i, e como já foi deduzida a
equação de i no mercado monetário, expressão dada por:
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F * BC
Eq. 6.8.2) i= Y-
G G D
/P BC
G
MN . D
* + +, -
O
multiplicador orçamental e
/P
G
R= MN que denominamos como multiplicador monetário.
* + +, -
O
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Não obstante, estes são casos extremos que não se verificam, pelo menos,
durante muito tempo nos ciclos económicos. É da conjugação dos vários
parâmetros que se pode retirar o impacto que as políticas económicas
alcançam, quer sejam orçamentais, quer sejam monetaristas. No entanto, é
assaz pertinente ter em linha de conta o facto de cada vez que são tomadas
decisões políticas, e por conseguinte, afectando estruturalmente os modelos
económicos, os parâmetros tornam-se vulneráveis a estas mesmas medidas
e por conseguinte podem alterar-se sem que o modelo o reflicta (vide crítica
de Lucas).
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BIBLIOGRAFIA
Assous, Michael (2007) - Kalecki’s 1934 model VS. the IS-LM model of Hicks
(1937) and Modigliani (1944)- Euro. J. History of Economic Thought 14:1
97 – 118 March 2007 –Routledge.
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