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Conselho Federal de Economia
Grandes Economistas XIV: Robert Lucas e as expectativas racionais
Contribuição de Luiz Machado*
13 de August de 2007
Robert Lucas Jr. nasceu em Yakima, Washington, no ano de 1937. Graduou-se em História em 1959 na
Universidade de
Chicago, obtendo seu PhD em Economia pela mesma universidade. Foi professor na Universidade Carnegie-
Mellon de
1963 a 1974. Desde então leciona na Universidade de Chicago. Foi agraciado com o Prêmio Nobel de Economia
em
1995. Robert Lucas Jr. é o filho mais velho de Robert Emerson Lucas e Jane Templeton Lucas. Seus pais se
mudaram
de Yakima para Seattle para abrir um pequeno restaurante. Foi no sistema público local, mais precisamente na
Roosevelt High School, que Lucas concluiu o ensino médio.
"Poucos economistas terão a honra de serem
identificados como criadores de uma "escola".
Esse é o destino de Lucas: ser definitivamente
associado à criação da nova economia clássica."
Antonio Delfim Netto
Robert Lucas Jr. nasceu em Yakima, Washington, no ano de 1937. Graduou-se em História em 1959 na
Universidade de
Chicago, obtendo seu PhD em Economia pela mesma universidade. Foi professor na Universidade Carnegie-
Mellon de
1963 a 1974. Desde então leciona na Universidade de Chicago. Foi agraciado com o Prêmio Nobel de Economia
em
1995.
Rápidas pinceladas sobre sua vida
Robert Lucas Jr. é o filho mais velho de Robert Emerson Lucas e Jane Templeton Lucas. Seus pais se mudaram
de
Yakima para Seattle para abrir um pequeno restaurante. Foi no sistema público local, mais precisamente na
Roosevelt
High School, que Lucas concluiu o ensino médio.
Como era bom em matemática e ciências, Lucas poderia estudar engenharia na Universidade de Washington, em
Seattle, o que seria a seqüência natural. Ou poderia sair de casa e tentar vôos maiores, para o que tinha o apoio
dos
pais, desde que recebesse uma bolsa de estudos. O MIT (Massachusetts Institute of Technology) não lhe concedeu
a
bolsa pretendida, mas a Universidade de Chicago, sim. Diante dessa oportunidade, ele não hesitou em fazer uma
viagem de trem de 44 horas de duração para Chicago, onde, anos mais tarde, escreveria seu nome no panteão dos
maiores economistas de todos os tempos.
Depois de concluir sua graduação em História na Universidade de Chicago, Lucas obteve outra bolsa de estudos, a
Woodrow Wilson Doctoral Fellowship, com a qual iniciou o programa de pós-graduação em História na
Universidade da
Califórnia, em Berkeley. Durante sua estada em Berkeley, Lucas assistiu algumas de História Econômica,
encantando-se
pelo assunto e se interessando em conseguir a transferência para o curso de Economia.
Como, porém, não havia esperança de conseguir suporte financeiro para fazer o curso no Departamento de
Economia de
Berkeley, Lucas decidiu voltar para Chicago, onde aproveitou o restante do semestre letivo para assistir algumas
aulas
do curso de graduação como preparação para o verdadeiro início no semestre seguinte. Foi então que recebeu duas
fortes
influências, como ele mesmo reconhece: de Milton Friedman, que foi seu professor de microeconomia (teoria dos
preços), e de Paul Samuelson, através de seu famoso livro Foundations of economic analisys.
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Conselho Federal de Economia
Foundations diz: "Esta é a forma de fazer (a análise econômica)". Ela lhe conta o segredo de como participar do
jogo,
em vez de iludi-lo com grandes promessas. Acho que foi a combinação do livro de Samuelson e a aula de
Friedman que
me meteu nessa. Um comentário interessante a respeito da trajetória intelectual de Robert Lucas foi feito pelo
Prof.
Antonio Delfim Netto, logo após a notícia de que ele havia recebido o Prêmio Nobel. Em artigo publicado na
Folha de S.
Paulo, afirmou:
O que há de interessante em Lucas é que se graduou em história (1959) em Chicago e deslocou-se para Berkeley
para
doutorar-se. Descobriu no caminho que "as forças econômicas são as forças centrais da história" e decidiu
conhecer um
pouco de economia. Em lugar de perder-se como mais um historiador marxista ou institucionalista, como seria de
esperar, transformou-se num autodidata em matemática, explorou a econometria do mercado de trabalho e
produziu
modelos de grande complexidade e extrema beleza, mas que sugeriam estranhas conclusões. Levou às últimas
conseqüências, com lucidez e perseverança, uma certa "racionalidade".
Em 1963, Richard Cyert, então o novo diretor da Escola de Pós-Graduação em Administração de Empresas do
Carnegie
Institute of Technology (atual Carnegie-Mellon University) ofereceu a Lucas um cargo na instituição. Lá ele
permaneceu
por onze anos, fazendo parte de um memorável grupo de economistas (entre os quais John Muth) interessados na
dinâmica e na formação das expectativas.
-Mellon, Lucas retornou, em 1974, à Universidade de Chicago, como professor titular do Departamento de
Economia. Em
1980 assumiu a condição de John Dewey Distinguished Service Professor at Chicago, que mantém até os dias de
hoje.
Em Chicago, Lucas se beneficia do extraordinário clima intelectual da instituição que possui o maior número de
laureados com o Nobel de Economia, entre os quais Gary Becker, Merton Miller e James Heckman. Como bem
observa
José Alexandre Scheinkman, o brasileiro que ocupou a chefia do Departamento de Economia da Universidade, "o
almoço em Chicago é uma coisa muito importante porque conversamos muito sobre nosso trabalho com os
colegas".
Em 1995, Lucas recebeu o Prêmio Nobel de Economia, segundo Carl-Olof Jacobsson, secretário-geral da Real
Academia de Ciências da Suécia, porque "seu trabalho sobre as expectativas racionais revolucionou as análises
macroeconômicas e influenciou governos de todo o mundo".
"Por ironia do destino", como salienta Stanley Brue, "sua ex-esposa recebeu metade de seu prêmio de
aproximadamente US$ 1 milhão, porque sete anos antes ele havia inserido uma cláusula no contrato de divórcio
que
previa tal possibilidade. A cláusula deveria expirar em 1996".
As expectativas racionais revolucionando a macroeconomia
O primeiro artigo relevante sobre as expectativas racionais foi publicado em 1961, por John Muth. Porém, o
mesmo não
despertou muito interesse, permanecendo esquecido por quase 10 anos. O reconhecimento da importância do
assunto
veio com o papel de Robert Lucas e Leonard Rapping, intitulado Salário real, emprego e inflação, publicado em
1969 no
Journal of Political Economy (JPE), uma das mais renomadas revistas de economia de todo o mundo. Esse
trabalho,
como salienta Ricardo Feijó, "projetou o nome de Lucas por ter proposto um modelo de mercado de trabalho que
seria
mais tarde a base dos modelos da nova escola conhecida como novo-clássica", cujas conclusões apóiam a tese de
Friedman sobre a existência de uma taxa natural de desemprego.
A consolidação da teoria das expectativas racionais veio com a publicação de uma série de artigos publicados
pelas mais
renomadas revistas especializadas, não apenas de Lucas, mas também de Thomas Sargent, Neil Wallace, Robert
Barro, Edward Prescott, Bennett McCallum e R. Townsend.
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A idéia básica da teoria (ou hipótese) das expectativas racionais é bastante atrativa: os participantes do mercado
não
ignoram nem desprezam a informação e as previsões sobre o curso futuro da economia e sobre a atividade
econômica.
Eles antecipam racionalmente os efeitos das políticas governamentais e reagem no presente de acordo com as
expectativas que se formaram. Os adeptos desta teoria crêem que os consumidores de bens, serviços e
instrumentos
financeiros, bem como os produtores destes itens reagirão frente às políticas fiscais, monetárias e demais medidas
do
governo através da aprendizagem dos efeitos destas políticas e medidas. As reações dos consumidores e
produtores
baseadas nas expectativas racionais dos efeitos destas políticas neutralizarão, total ou parcialmente, os efeitos
desejados das políticas discricionárias, fiscais e monetárias, do governo.
Seus adeptos afirmam, portanto, que o governo tem pouco poder sobre os mercados. Todd Buchholz adverte para
o
fato de que "os teóricos das Expectativas Racionais, incluindo Robert Lucas e Thomas Sargent, começam com o
mercado
de ações e então fazem analogia com mercados mais amplos da economia".
Robert Ekelund e Robert Hebert ilustram de forma clara a idéia central da hipótese das expectativas racionais:
Os participantes do mercado aprenderão através da experiência que os aumentos da taxa de expansão monetária
ocorridos em função da atuação do Banco Central serão seguidos geralmente por uma taxa de inflação mais alta, a
que se
seguem taxas de juros nominais mais altas. As ações empreendidas no presente de acordo com esta informação,
no todo
ou em parte, frustrarão os objetivos políticos desejados pelo Banco Central. Se o BC aumenta a oferta monetária a
fim
de aumentar o emprego (prescrição keynesiana para atenuar a recessão), porém os trabalhadores e as empresas
antecipam perfeitamente os aumentos de preços resultantes, então os trabalhadores demandarão aumentos dos
salários
nominais. (É necessário que diminuam os salários reais para se obter um aumento do emprego).
As empresas que antecipem o aumento de preços e o aumento de vendas estarão dispostas a conceder aos
trabalhadores o aumento dos salários nominais. Nesta conjuntura, sem dúvida, os salários reais se mantêm iguais e
a política desejada pelo Banco Central é imediatamente neutralizada. Os responsáveis pela política discricionária
se
opõem aos participantes do mercado. Em última instância - depois que a aprendizagem esteja assimilada e as
expectativas se ajustem convenientemente -, os responsáveis da política influem pouco ou nada na economia.
Podem
tentar surpreender os participantes do mercado, porém não podem fazê-lo sempre. Para produzir algum efeito na
economia, a política teria que se conduzir de uma forma aleatória.
A incorporação das expectativas na análise teórica não é propriamente uma novidade, já que diversos economistas
anteriores a Robert Lucas já as haviam levado em consideração. A novidade reside no tipo de expectativa
considerado
por Lucas e pelos outros seguidores da chamada escola novo clássica.
Artigo publicado anos atrás por The Economist (e reproduzido no Brasil pela Gazeta Mercantil) foi extremamente
didático para descrever a diferença no uso das expectativas pelos economistas do passado em comparação com o
uso
que dela faz Robert Lucas.
John Maynard Keynes reconhecia a importância das expectativas, principalmente no mercado de trabalho. O
mesmo
ocorria com muitos outros economistas antes dele. Mas a economia não dispunha de uma teoria plausível a
respeito de
como as expectativas se formam. Keynes colocou o problema de lado, considerando-o como sendo uma premissa
e
ponto. Ele tratava as expectativas como algo "exógeno" - ou seja, algo determinado fora do sistema econômico
que estava
tentando explicar.
Quando os seguidores de Keynes passaram a incluir o futuro nos seus modelos econômicos, viram-se obrigados a
dizer
um pouco mais sobre o assunto. Argumentaram que as pessoas fazem previsões a respeito do futuro examinando
exclusivamente as coisas do passado.
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O principal enfoque era o das expectativas adaptativas. Segundo essa visão, os agentes econômicos imaginam qual
será a inflação do próximo ano implicitamente dando pesos aos índices de inflação dos anos anteriores. O índice
do último
ano receberia um peso maior e dos anos anteriores, peso cada vez menores. Não era mera coincidência que, com a
finalidade de construir modelos, essa idéia pudesse ser expressa matematicamente de uma forma conveniente.
Um caso especial de expectativa adaptativa seria uma regra que dissesse que a inflação no próximo ano será
idêntica à
registrada neste ano. (Tal regra daria à inflação deste ano um peso igual a um, e às inflações de todos os anos
anteriores um
peso igual a zero). Aplicando-se esta regra a uma economia com inflação acelerada, o resultado seria que a
inflação
esperada fica abaixo da inflação real. Os erros de previsão seguem um padrão muito claro: são persistentemente
negativos e aumentam cada vez mais.
Qualquer maneira de formar expectativas pela retrovisão implica que as pessoas farão erros não-aleatórios na
previsão do
futuro. Por exemplo, vamos supor que o preço do petróleo aumente repentinamente. Na medida em que os custos
mais
elevados forem repassados, outros preços deverão aumentar também. E assim uma alta repentina no preço do
petróleo
geralmente leva a uma inflação maior. O mesmo vale também para um grande aumento nos salários ou para um
avanço
no crescimento monetário. O enfoque das expectativas adaptativas ignora tais eventos; e quando a inflação
posteriormente aumenta, as pessoas ficam surpresas. Já no caso das Expectativas Racionais, tal fenômeno não
ocorre,
pelo menos da mesma forma.
A constatação de importância crucial da literatura a respeito das Expectativas Racionais (ER) é a seguinte: as
pessoas
aprendem com os erros cometidos. Se os erros seguem um determinado padrão, contém informações que podem
ser
utilizadas para se fazer uma previsão mais exata. As pessoas racionais irão obter e usar essas informações, o que
explica
a denominação de expectativas "racionais". As previsões resultantes, é claro, continuam podendo estar erradas. O
que
importa é que os erros serão aleatórios, ou seja, não conterão nenhum tipo de informação extraível. A idéia das
expectativas racionais freqüentemente é parodiada com a afirmação de que as pessoas podem fazer previsões
exatas. Não
é bem assim. As pessoas com expectativas racionais continuam cometendo erros, mas não os mesmos todas as
vezes.
Nós, brasileiros, tivemos excelente oportunidade de constatar a validade da hipótese das expectativas racionais no
que
tange à ineficácia das políticas governamentais com a sucessão de planos heterodoxos de combate à inflação na
segunda
metade da década de 1980. O Plano Cruzado, o primeiro desse tipo a ser lançado, em fevereiro de 1986, ainda
conseguiu, com o tabelamento de preços e o congelamento de salários, manter baixo, artificialmente, o nível da
inflação.
Bastou liberar os preços e a inflação disparou, uma vez que suas causas verdadeiras não foram eliminadas.
Os planos seguintes, no entanto, nem isso conseguiram, já que a trégua dada pela inflação era cada vez mais curta
e
quando ela voltava, fazia-o com vigor redobrado. O efeito cada vez menor desses planos deveu-se, em grande
parte, ao
comportamento dos agentes econômicos: tendo aprendido com a experiência do Plano Cruzado, passaram a se
antecipar à possível repetição das práticas do tabelamento e do congelamento, de tal forma que quando planos
com esses
componentes eram adotados já chegavam completamente neutralizados pela ação racional de produtores,
comerciantes, donas de casa, trabalhadores e demais atores do "teatro da economia".
A teoria das expectativas racionais é, claramente, uma ampliação da hipótese monetarista, o que se explica pela
forte
influência exercida sobre Lucas por Milton Friedman e a Escola de Chicago. Como bem observa o Prof. Delfim
Netto:
Na verdade, a nova economia é a volta à concepção de que a economia é um conjunto de atores que perseguem,
consistentemente, a maximização de alguns objetivos bem definidos. Os indivíduos e as empresas formulam suas
ações de
maximização ou minimização intertemporal com base no melhor conjunto de informações disponíveis. Esse é o
fundamento
microeconômico da macroeconomia. O permanente equilíbrio dos mercados mais a expectativa racional na
macroeconomia constituem a essência da nova economia clássica.
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Além de superar um problema da velha visão clássica, que era a suposição de que a racionalidade dos agentes
econômicos decorria do fato de disporem de informação perfeita, Lucas demoliu, na criação de sua
macroeconomia com
expectativas racionais, a esperança de construção de modelos econométricos para formular políticas econômicas,
quando
mostrou que os parâmetros de tais modelos dependiam, justamente, das expectativas sobre as próprias políticas
econômicas.
Breve comparação
Depois de amplo domínio das idéias keynesianas na formulação das políticas econômicas dos países ocidentais
implementadas nas décadas de 1940, 1950 e 1960, a ponto de justificar a disseminação do uso da expressão
"consenso
keynesiano", os anos 1960 assistem ao acirramento do debate entre os keynesianos e os monetaristas, liderados
por
Milton Friedman, e que acabaram prevalecendo a partir da década seguinte, como afirmam Lima, de Paula e
Sicsú:
Na década de 1960, Milton Friedman foi o grande crítico desse arcabouço teórico e da adoção de políticas
econômicas ativas.
Friedman contra-atacou afirmando que a moeda importa e que a política de gastos públicos é inócua, pois apenas
substitui gastos privados potenciais por gastos governamentais efetivos. Na verdade, essa década foi testemunha
do
auge e declínio do velho-keynesianismo. O keynesianismo vivia sua fase de glória no período conhecido como
"ciclo de
ouro" do capitalismo, em que crises e depressões pareciam superadas como resultado do êxito de políticas de
sustentação da demanda agregada.
No debate teórico, entretanto, os argumentos monetaristas já corroíam os fundamentos fiscalistas. Na arena
política, a
aceleração da inflação ao final dessa década, bem como a redução drástica do ritmo de crescimento das economias
avançadas no início dos anos 1970, forneceram ao monetarismo a munição necessária para afirmar que a bonança
dos
anos de administração keynesiana havia sido passageira e agora tinha um preço alto a ser pago, qual seja, a
estagflação.
Considerando, portanto, as duas correntes dominantes que disputavam a hegemonia no debate econômico da época
e
confrontando-as com a teoria das expectativas racionais, é possível selecionar algumas constatações interessantes.
Se,
como já mencionado, a teoria das expectativas racionais corresponde a uma ampliação da hipótese monetarista,
com
relação à economia keynesiana a diferença é radical. A esse respeito, o Prof. Delfim Netto destaca:
Os keynesianos têm dúvidas sobre as virtudes do mercado, enquanto a nova economia clássica crê que ele é feito
de agentes racionais. Os keynesianos pensam que a oferta só é importante no longo prazo, enquanto a economia
novo-
clássica (como também é chamada) destaca o seu papel no curto prazo. Os keynesianos têm fé na ação das
políticas
monetária e fiscal para controlar a demanda, enquanto a economia novo- clássica tenta mostrar a sua irrelevância.
Os
keynesianos falam das "falhas do mercado", enquanto os adeptos da economia novo-clássica falam das "falhas do
governo".
Sendo a evolução do pensamento econômico extremamente dinâmica, a ofensiva da economia novo-clássica,
personificada na teoria das expectativas racionais, não ficou sem resposta por parte dos admiradores do velho
Keynes,
como mostram, uma vez mais, Lima, de Paula e Sicsú:
Dentro da corrente principal, autores como J. Stiglitz, G. Mankiw e D. Romer, principalmente, retomaram, em
meados da
década de 1980, o debate com os novos-clássicos e elaboraram modelos refinados para mostrar que a mão
invisível
existe e é ineficiente. Fundaram então a vertente batizada de novo-keynesiana, uma corrente de pensamento cujo
patronato seria novamente atribuído a Keynes. Não obstante tenham adotado a hipótese novo-clássica de
expectativas
racionais, esses autores reintroduziram imperfeições de mercado, novamente sob a forma de rigidezes de salários e
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preços, para explicar a ocorrência de equilíbrios com desemprego.
Com relação à visão monetarista, como já mencionado, a teoria das expectativas racionais representa uma
ampliação da
hipótese básica favorável a uma política monetária passiva, por acreditar que a parte real da economia é
essencialmente estável.
Um Prêmio Nobel com enorme repercussão
Encerro este não tão breve artigo reproduzindo algumas manifestações que se seguiram à notícia da concessão do
Prêmio
Nobel a Robert Lucas, por acreditar que as mesmas constituem uma clara evidência do extraordinário impacto que
a
hipótese das expectativas racionais representou dentro da evolução do pensamento econômico.
"A concessão do Nobel de Economia a Robert Lucas é mais do que merecida" - Marcos Cintra Cavalcanti de
Albuquerque (Professor da FGV-SP)
"Lucas já poderia ter ganho o Nobel há dez anos" - José Alexandre Scheinkman (na época, chefe do
Departamento
de Economia da Universidade de Chicago)
"Ele enterrou John Keynes" - Paulo Guedes (Professor e diretor do IBMEC)
"Ele só não ganhou o Prêmio antes porque era muito jovem" - Mario Henrique Simonsen (FGV-RJ)
"A teoria de Lucas está na fronteira entre o behaviorismo (estudo do comportamento humano) e a economia,
porque
lida com as expectativas racionais que as pessoas desenvolvem a partir das informações" - Carl-Olof Jacobsson
(Real
Academia de Ciências da Suécia)
"A concessão do Prêmio Nobel deste ano fez justiça a um dos maiores economistas do pós-guerra" - Aloísio P.
Araújo
(Professor da Escola de Pós-Graduação da FGV-RJ)
____________________________________________________________________
Referências e indicações bibliográficas
ARAÚJO, Aloísio P. Revolução na Teoria. Gazeta Mercantil, São Paulo, 11 e 12 de outubro de 1995.
BUCHHOLZ, Todd G. O mundo selvagem das expectativas racionais. Em Novas idéias de economistas mortos.
Tradução de Luiz Guilherme Chaves e Regina Bhering. Rio de Janeiro: Record, 2000, pp. 315-327.
DELFIM Netto, Antonio. Lucas, o Nobel. Folha de S. Paulo, São Paulo, de 18 de outubro de 1995.
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Conselho Federal de Economia
LIMA, Gilberto Tadeu, PAULA, Luiz Fernando de & SICSÚ, João (orgs.) Macroeconomia moderna: Keynes e a
economia
contemporânea. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2005.
AS EXPECTATIVAS e a realidade. Publicado originalmente em The Economist. Reproduzido pela Gazeta
Mercantil.
Livros texto de História do Pensamento Econômico
BRUE, Stanley L. História do pensamento econômico. Tradução de Luciana Penteado Miquelino. São Paulo:
Pioneira
Thomson Learning, 2005, pp. 494 - 498.
EKELUND, Robert B. e HEBERT, Robert F. History of economic theory and method. 4ª ed. McGraw-Hill, 1996.
FEIJÓ, Ricardo. História do pensamento econômico: de Lao tse a Robert Lucas. São Paulo: Atlas, 2001, pp. 461 -
464.
SCREPANTI, Ernesto e ZAMAGNI, Stefano. Profilo di Storia del Pensiero Economico. Roma: La Nuova Italia
Scientifica,
1991, pp. 314 - 316.
Referências e indicações webgráficas
http://cepa.newschool.edu/het/.
http://nobelprize.org/nobel_prizes/economics/laureates/1995.lucas-autobio.html.
BONOMO, Marco Antonio e BRITO, Ricardo D. Regras Monetárias e Dinâmica Macroeconômica no Brasil:
Uma
Abordagem de Expectativas Racionais. Disponível em http://epge.fgv.br/portal/arquivo/1259.pdf.
HOOVER, Kevin D. The rational expectations revolution: An assessment. CATO Journal; Spring/Summer92, Vol.
12
Issue 1, p81, 16p. Disponível em
http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=buh&AN=9604083638&lang=pt
____________________________________________________________________
*Economista, formado pela Universidade Mackenzie em 1977. É Vice-Diretor da Faculdade de Economia da
Fundação
Armando Alvares Penteado - FAAP, na qual é Professor Titular das disciplinas de História do Pensamento
Econômico e
História EconômicaGeral. ____________________________________________________________________
Este texto foi publicado originalmente em http://www.lucianopires.com.br/.
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A publicação deste artigo no site do COFECON foi autorizada pelo autor.
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