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W LD LS r I S 3
Acima vimos que políticas fiscais apenas alteram a composição do produto, mas não
sua magnitude. Com a política monetária se dá algo semelhante: ela alterará apenas o
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nível de preços. Vemos isso através da TQM:
P
No exemplo ao lado, o governo fez uma
DA DA’ OA
política expansionista, elevando a oferta
monetária. A renda agregada real está dada
pelo pleno emprego, pois todos os fatores estão
empregados. A velocidade de circulação de
moeda está também dada. Portanto, o único
impacto do aumento da oferta nominal de
moeda é a elevação do nível de preços P.
YPE Y
𝑀𝑉 𝑀𝑉̅ ′ ′
𝑀′𝑉̅ ′
𝐷𝐴: 𝑀𝑉 = 𝑃𝑌 → 𝑃 = = , 𝐷𝐴 : 𝑀 𝑉 = 𝑃𝑌, 𝑀 > 𝑀 → 𝑃 =
𝑌 𝑌 𝑌
UFRRJ / IM / 2021.1 – Macroeconomia 4 – Professor Leandro Fagundes
1 Macroeconomia Marginalista
Existem duas formas de se criticar uma teoria. A crítica externa é aquela em que se
pode aceitar a lógica da teoria, mas ataca-se seus pressupostos. A crítica interna é
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aquela em que se aceita os pressupostos da teoria, mas ataca-se a lógica da mesma.
A crítica externa mais importante é aquela levada a cabo por Keynes e seguidores. Ela
diz que a forma com que empresários, trabalhadores e consumidores tomam decisões
no mundo real torna impossível com que os mercados de fatores vistos no slide (3)
possam explicar o emprego dos mesmos.
A crítica interna mais importante é aquela levada a cabo por Sraffa e seguidores.
Através dela pode-se demonstrar que os mercados de fatores do slide (3) tem as
curvas necessariamente naqueles formatos apenas quando existe um único bem de
capital que entra como insumo direta ou indiretamente na produção de todos os bens.
Caso haja vários bens de capital básicos (que entram na produção de todos os bens direta ou
indiretamente), as curvas podem adquirir esses formatos, por exemplo:
w r r 8
LD KD
? KS
• Crítica sraffiana: se o emprego fosse explicado por esses mercados, veríamos instabilidades que não são
observadas.
• Resposta neoclássica: a possibilidade é apenas teórica e não ocorre na prática, dado que não vemos
instabilidades deste tipo na economia.
• Contra-resposta sraffiana: não vemos essas instabilidades porque não são estes mercados de fatores que
explicam a distribuição de renda e o emprego.
• Resposta neoclássica: mas isso só pode ocorrer em modelo agregados, que são simplificações.
• Contra-resposta sraffiana: a macroeconomia neoclássica depende desses modelos agregados, posto que suas
discussões não podem ser derivadas de modelos de equilíbrio geral walrasianos.
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1 Diferenças entre Heterodoxia PDE e Marginalismo Neoclássico
Processo Decisório
Indivíduos Maximizadores Racionalidade Limitada
dos Agentes
Y W/P 10
OA
Y* DA PMAL
(W/P)*
L* L L* L
DA: mostra o quanto as firmas esperam conseguir vender dado o emprego total da economia.
OA: Mostra o quanto o quanto o conjunto de firmas exige vender de bens finais para
continuar empregando aquela quantidade de trabalho, incluindo custos e lucro normal.
eq
I1+cY2
S2>sY2
I1+cY1
OA2=DA2=I1+cY1
A= I1 S1>sY1
No exemplo: h=CA=G=T=0
A: gastos autônomos
OA1=DA1=I1+cY0
pg: propensão marginal a
gastar
A= I0 OA0=DA0= I0+cY0
45º Y (Produto; OA; DA)
nacionais) eq
DA2
Δest<0
DA1
A= I1 OA2 No exemplo: h=CA=G=T=0
Δest<0 A: gastos autônomos
pg: propensão marginal a
OA1=OA0=DA0 gastar
A= I0
45º Y (Produto; OA)
𝑌 =𝐶+𝐼 𝐼𝐴 + ̅̅
𝐶̅̅
𝐾
𝑌=
1 − 𝑐𝑊 𝜔 − 𝑐𝑘 𝜋 − ℎ
𝐼 = 𝐼𝐴 + ℎ𝑌
𝐶 = 𝐶𝑊 + 𝐶𝐾 Por simplificação supõe-se que 𝑐𝑊 = 1 e 𝑐𝐾 = 0, logo:
𝐶𝐾 = ̅̅
𝐶̅̅ ̅̅̅̅ 𝐼𝐴 + 𝐶𝐾
𝐾 + 𝑐𝑘 𝑟𝐾 = 𝐶𝐾 + 𝑐𝑘 𝜋𝑌 𝑌=
𝜋−ℎ
𝐶𝑊 = 𝑐𝑊 𝑊𝐿 = 𝑐𝑊 𝜔𝑌
Daí o aforismo de Kalecki, “os trabalhadores gastam o
𝐿 = 𝑎𝑌
que ganham e os capitalistas ganham o que gastam”:
𝑊𝐿
𝜔= → 𝜔 = 𝑊𝑎 𝑊𝐿 =
⃗⃗ 𝐶𝑊
𝑌
𝑟𝐾 𝑟𝐾 =
⃖⃗⃗ 𝐶𝐾 + 𝐼
𝜋= =1−𝜔
𝑌
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2 Princípio da Demanda Efetiva
Y Y
No primeiro caso, o crescimento do produto, ao gerar menor desemprego, aumenta o poder de
barganha dos sindicatos, que então conseguem maiores salários reais.
No segundo caso, temos um mecanismo de “poupança forçada”, onde um maior produto
pressiona a utilização de capacidade instalada; esta pressão faz as firmas elevarem os preços
em relação aos salários nominais.
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2 Princípio da Demanda Efetiva
De forma simplificada:
𝐼𝐴 + 𝐶𝐾 + 𝑋
𝑀 = 𝑚𝑌, 𝑐𝑊 = 𝑠𝐾 = 1 → 𝑌 =
1+𝑚−𝜔−ℎ
Introduzindo Governo, na forma simplificada de acima (e ignorando juros da dívida):
𝐼𝐴 + 𝐶𝐾 + 𝑋 + 𝐺
𝐺 = 𝐺̅ , 𝑇 = 𝑡𝑌 → 𝑌 =
1 + 𝑚 − (1 − 𝑡)𝜔 − ℎ
Se existe meta de superávit primário 𝜖:
𝑒 𝑒
𝐼𝐴 + 𝐶𝐾 + 𝑋 + (𝑡 − 𝜖 )𝑌 𝑒
𝑡𝑌 − 𝐺 = 𝜖𝑌 → 𝑌=
1 + 𝑚 − (1 − 𝑡)𝜔 − ℎ
Se o governo acerta seu produto esperado:
𝐼𝐴 + 𝐶𝐾 + 𝑋 𝐼𝐴 + 𝐶𝐾 + 𝑋
𝑡𝑌 − 𝐺 = 𝜖𝑌 → 𝑌 = =
1 + 𝑚 − (1 − 𝑡)𝜔 − ℎ − 𝑡 + 𝜖 𝑚 + (1 − 𝑡)𝜋 − ℎ + 𝜖
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2 Princípio da Demanda Efetiva
1. Como é possível os gastos determinarem a renda se é necessário renda para que se gaste? 22
Na verdade, para financiar gastos não há necessidade de renda, mas de poder de compra. Este
pode vir na forma de renda corrente, mas também pode vir a partir de crédito e de riqueza.
(“Consumir riqueza” quer dizer que ativos são vendidos para financiar gastos correntes; para
um agente isto é sempre válido; para o agregado, é sempre válido se a riqueza for vendida a
agentes de outro país; caso seja vendida para agentes do mesmo país, o resultado líquido
depende das propensões a gastar do comprador e do vendedor).
2. A massa de salários ser determinada pelas decisões de produzir não mostra que a Produção
determina a Renda?
No caso dos salários, é verdade que, em um ponto qualquer do tempo, as decisões de produzir
por parte das firmas determinam a renda salarial. Mas, para que esta seja sustentável ao longo
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2 Princípio da Demanda Efetiva
do tempo, é necessário que o produto gerado por esses trabalhadores seja vendido, ou seja, o
emprego que gera a massa de salários será justificável de acordo com a magnitude dos gastos.
No caso dos lucros no agregado, mesmo em um ponto específico do tempo, os gastos são os 23
determinantes, pois a massa de lucros é determinada pelas vendas e não pelas decisões de
produção.
4. O governo poderia “empurrar” a demanda agregada até que houvesse pleno emprego?
Para Keynes, Kalecki e a maioria dos economistas da macroeconomia da demanda efetiva, sim.
Mas a questão que se colocava para Kalecki, assim como para vários outros economistas
heterodoxos e cientistas políticos, seria a capacidade política de o governo tomar as melhores
decisões a respeito de sua política econômica. Na visão de Kalecki (ignorando aqui a questão
do balanço de pagamentos e da dívida, a serem discutidos em aulas futuras), o governo teria a
capacidade de, via política fiscal, alcançar o pleno emprego se desejasse. O porém é que, em
geral, o governo não desejaria fazê-lo, devido a uma série de condicionantes políticos. Por
exemplo, haveria quatro formas básicas (para Kalecki) de se buscar o pleno emprego:
i) Induzindo aumento no investimento, com redução na tributação e nos juros;
ii) Induzindo aumento no consumo, através de transferências aos mais pobres;
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2 Princípio da Demanda Efetiva
socialmente mais impactante seria a opção iii, redistribuindo a renda. No entanto, politicamente,
a opção mais viável ao governo é sempre a opção i, que ao mesmo tempo é a que apresentaria
menor chance de sucesso.
Por que isso? Uma série de fatores explicaria:
i) Defesa, por parte dos grandes capitalistas, de um sistema de laissez-faire;
ii) Oposição, pelos mesmos, a um direcionamento do gasto público;
iii) Oposição, pelos mesmos, à redistribuição de renda;
iv) Oposição, pelos mesmos, às mudanças sociais advindas da existência continuada do
pleno emprego.
Devido à posição das firmas no processo produtivo determinar que o consumo dos capitalistas, enquanto
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classe, não pode ser completamente financiado por rende corrente, sabendo que a renda capitalista é oriunda
dos lucros distribuídos pelas firmas. Suponha que, por extrema simplificação, dêem-se concomitantemente
as produções de todas as firmas, a venda dos bens produzidos, o pagamento de salários e o aferimento de
lucro. Em um primeiro momento, as firmas decidem o quanto irão contratar de trabalhadores, o quanto irão
produzir e o quanto planejarão investir. Em um segundo momento, os trabalhadores contratados realizam o
processo produtivo e, ao final, recebem seus salários. Em um terceiro momento, os bens são levados a
mercado, os consumidores compram os bens de consumo, as firmas repõem seus bens de capital circulante
e compram seus bens de capital fixo. Em um quarto momento, as firmas comparam as receitas obtidas no
terceiro momento com os custos do segundo momento, aferem seus lucros e os distribuem aos capitalistas.
Percebe-se que, no caso dos trabalhadores, a renda deste período foi usada para financiar seus gastos deste
período. No caso dos capitalistas enquanto classe (não necessariamente de cada um deles individualmente),
a renda (lucro distribuído) é recebida apenas depois de realizados os gastos. Portanto seus gastos no terceiro
momento, e os gastos das firmas no segundo momento, não foram financiados pelos lucros deste período,
mas sim por crédito ou por poupanças de períodos anteriores.
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3 Consumo
Neste caso, eles também terão um consumo autônomo tal qual os capitalistas. Este consumo autônomo
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gerará dívida, que configurará pagamentos de juros e amortizações no futuro. Por exemplo:
𝐶𝑊 = 𝐴 + 𝑐𝑊 (𝜔𝑌)𝑑
Onde (𝜔𝑌)𝑑 é a massa salarial que é disponível para consumo após pagamentos dos serviços da dívida:
𝐶𝑊 = 𝐴 + 𝑐𝑊 (𝜔𝑌 − 𝑖𝐷 − 𝜃𝐷)
Onde 𝑖 é a taxa de juros, 𝜃 é o quanto se amortiza da dívida e 𝐷 é o estoque de dívida. É de se esperar que a
dívida contratada tenha algum ritmo de amortização 𝜃̅ estipulado pelos bancos. Não necessariamente o
conjunto dos trabalhadores conseguirá honrá-lo. Se:
𝜃 = 𝜃̅, os trabalhadores amortizam no ritmo combinado com os bancos;
0 < 𝜃 < 𝜃̅ , os trabalhadores atrasam seus pagamentos, mas ainda assim pagam suas dívidas;
𝜃 = 0, os trabalhadores apenas pagam os juros, não amortizam a dívida e “rolam” a mesma;
−𝑖 < 𝜃 < 0, os trabalhadores não conseguem pagar todos os juros, fazendo a dívida antiga aumentar;
𝜃 = −𝑖, os trabalhadores não pagam nada dos juros.
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3 Consumo
Se os trabalhadores amortizam suas dívidas antigas, então a dívida 𝐷 crescerá, no longo prazo, ao ritmo da
contratação de novas dívidas 𝐴. Ou seja, a taxa de crescimento de 𝐴 dará a taxa de crescimento de 𝐷 no
longo prazo.
Caso os trabalhadores não consigam pagar todos os juros, o crescimento da dívida ao longo do tempo
dependerá dos juros não pagos. Especificamente no caso em que nenhum juros é pago:
𝜕𝐷
= 𝐴 + 𝑖𝐷
𝜕𝑡
Aqui, a dívida crescerá puxada tanto pelas novas dívidas quanto pelos juros das dívidas anteriores. No
longo prazo, sua taxa de crescimento será igual à taxa de crescimento de 𝐴 ou será igual à taxa de juros 𝑖,
dependendo de quem for maior.
Os capitalistas são donos das firmas e dos bancos. Supondo que os bancos distribuem todos os seus ganhos
para os capitalistas, teremos que além do lucro que recebem via produção, também ganharão os juros pagos
pelos trabalhadores. Caso os capitalistas tenham consumo induzido, teremos: 29
̅̅̅̅
𝐶𝐾 = 𝐶 𝐾 + 𝑐𝐾 (𝜋𝑌 + 𝑖𝐷 ) , 𝑠𝑒 𝜃 > 0
𝐶𝐾 = ̅̅
𝐶̅̅
𝐾 + 𝑐𝐾 [𝜋𝑌 + (𝑖 + 𝜃 )𝐷 ] , 𝑠𝑒 𝜃 < 0
Supondo que os trabalhadores amortizem suas dívidas antigas e economia fechada e sem governo:
𝐼𝐴 + ̅̅
𝐶̅̅
𝐾 + 𝐴 − (𝑐𝑊 − 𝑐𝐾 )𝑖𝐷 − 𝑐𝑊 𝜃𝐷
𝑌=
1 − 𝑐𝑊 𝜔 − 𝑐𝑘 𝜋 − ℎ
1. No curto prazo, os trabalhadores se endividarem terá um impacto positivo no produto e no emprego.
2. No longo prazo, o impacto dependerá de o impacto positivo dos novos empréstimos 𝐴 ser mais forte que
o impacto negativo das dívidas anteriores 𝐷, isto é, 𝐴 não crescer mais devagar que 𝐷.
3. Para 𝐴 continuar crescendo, a dívida deve ser sustentável, isto é, a massa salarial (crescendo ao ritmo do
produto 𝑌) não pode crescer mais devagar que as dívidas dos trabalhadores, ou os bancos cortarão 𝐴.
Renda Relativa
Nos anos 40 o economista James Duesenberry desenvolveu a hipótese de que o consumo de um indivíduo
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dependeria não apenas de sua renda, mas também da renda típica do grupo social a que pertence. Isso quer
dizer que, se um indivíduo se identifica com determinada camada social, ele tentará ter seu consumo
relativamente próximo ao do indivíduo médio deste grupo caso sua renda caia, ao invés de ter seu consumo
caindo na mesma velocidade da renda. Para aumentos de renda, isso também significa que seu consumo não
crescerá à mesma taxa, mas a uma menor:
𝐶𝑗 = 𝑐1 𝑌𝑗 + 𝑐2 𝑌𝑔𝑟𝑢𝑝𝑜−𝑗 , 𝑐1 + 𝑐2 ≤ 1
Quando se usa essa idéia como base para o consumo agregado, normalmente se considera que o consumo
dependerá não apenas da renda corrente, mas também da renda de pico anterior, pois a mesma determinou
certo padrão de consumo que não se quer perder. No caso dos trabalhadores:
𝐶𝑊 = 𝑐𝑊,1 𝜔𝑌 + 𝑐𝑊,2 (𝜔𝑌)𝑚𝑎𝑥 , 𝑐𝑊,1 + 𝑐𝑊,2 ≤ 1
Nesse caso, a mera flutuação da renda faz com que o consumo tenha tendência de crescimento, o que
explicaria a tendência do Produto para alguns. Note que talvez seja necessário usar o modelo com crédito
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