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INTERPRETAÇÕES DA INFLAÇÃO
ORTODOXA (MONETARISTAS E INTÉRPRETES OFICIAIS) - DELFIM, SIMONSEN,
FERNANDO HOLANDA BARBOSA
É neoclássica e fortemente monetarista. Vem tanto do governo quanto de centros
universitários muito próximos da linha do governo no período, como Holanda barbosa
da FGV.
Para esses, há um excesso de oferta de moeda que produziu uma demanda de bens e
serviços muito menor que a oferta.
Principal motivo para o excesso de moeda: déficit público, incapacidade do governo
financiar seus gastos com impostos. Argumento complicado porque 1) o governo se
financiava com dívida pública; 2) o aumento da inflação ocorria em um momento
recessivo (a demanda agregada não estava aumentando e sim caindo). Assim não
haveria como explicar a inflação pela escassez de oferta agregada perante um excesso
de demanda (inexistente). De maneira arbitrária, os ortodoxos admitem que o choque
cambial teve impacto inflacionário no Brasil, mas que seria excepcional e temporário.
A solução seria conter a demanda agregada: controlar o déficit público e provocar
recessão. Assim, a desinflação seria questão de tempo.
Inercialismo: uma vez que esse patamar aumentou, mesmo que o motivo que produziu
esse aumento do patamar da inflação desapareça, ele permanece. Há uma tendencia
inercial na inflação brasileira. Os agentes econômicos buscam se proteger do aumento
dos preço > tentam recompor a renda real que diminuiu desde o último reajuste de
preços e salários. Repor a variação da inflação para seus próprios preços. E ao fazer
isso, inercializam/reiteram aquele patamar da inflação. Tendência inercial: inflação
alta tende a ser reproduzida por tentativas de recomposição da renda real. Diferença
entre os autores:
Chico Lopes: agentes buscam recompor o pico da renda real a cada reajuste
Persio Arida e Andre Lara (Larida): moeda indexada à própria inflação > daria
origem ao plano real futuramente
É à luz desses problemas estruturais que explicam a economia brasileira nos anos 80 é
que se pode entender o fracasso dos planos de estabilização baseados no
congelamento de preço e salários para combater a aceleração da inflação.
Se a inflação fosse apenas inercial, o congelamento teria tido sucesso.
Problemas do congelamento:
1) Represa artificialmente inconsistências distributivas. Assim que o
congelamento acaba, as inconsistências distributivas são desrepresadas e o que
vai se seguir a uma grande aceleração de preços e salários.
2) Não é possível congelar preços básicos como tarifas públicas, câmbio, juros,
impostos diante da crise do financiamento público interno e externo. É um
problema estrutural que não pode ser reduzido a um maior ou menor
desequilíbrio ou descoordenação no reajuste de preços. Ex: se congelasse a
taxa de câmbio, haveria problema no pagamento da dívida externa; se
congelasse as tarifas públicas ou impostos, problema para o financiamento do
setor público.
Isto é, há elementos estruturais que impedem o congelamento ou mesmo a
redução de certos preços básicos na economia que são pressões de custos.
A partir do fracasso do primeiro plano, o Plano Cruzado, os seguintes já tendiam a
falhar. E a cada rumor de novo congelamento, os agentes rápida e aceleradamente
reajustavam os preços.
Depois do plano Collor ii, marcílio assume a economia e afirma que não haveria mais
congelamento. Ocorreu de fato um descongelamento, sem regras de saída, o que
puxou os preços lá para cima.
A partir de novembro de 91, estabilização da alta inflação, vai caindo. Por que?
Boa parte das privatizações possuirá como acionistas majoritários grandes nomes da
burguesia local.
Na abertura comercial, haverá um posterior embate.
Grande euforia no começo: rebaixamento do endividamento externo, privatização com
uso de recusos do bndes.
É esse o cenário que está por trás da grande estabilização de preços a partir de 1992
no Brasil, com a grande apreciação cambial e dolarização dos preços industriais. Base
do Plano Real, que começa a ser executado em 1993.
O plano real teve sucesso assim como outros planos na América Latina, mas que não
criaram essa engenharia complexa. Contou com o que outros programas neoliberais
contaram:
1) Abertura comercial > provocou pressão sobre os mark-ups móveis (junto com
altos juros reais); ajuste defensivo da planta produtiva; sustentação do saldo
comercial por um tempo por conta da recessão interna e importância do
adiantamento dos contratos de câmbio (exportadores, antes de receber dos
compradores, faziam descontos das notas promissórias de recebimento de
receitas no sistema bancário , as quais sofriam desconto, mas ganhavam um
valor melhor aplicando os recursos no mercado financeiro com juros elevados.
Sustentava as exportações à despeito do atraso no câmbio).
2) Abertura financeira > estimula muito a entrada de capitais de portfólio (bolsas,
títulos, empréstimos comerciais) e produz acumulação de reservas e apreciação
leve do câmbio, reforçando pressão anti-inflacionária da abertura comercial.
Além disso, desde o final de 91, os preços industriais estavam relativamente
estabilizados em dólar, por conta do aumento incerteza de mercado devido ao
aumento da concorrência e da maior certeza da variação futura do dólar, dada a
entrada de capitais e acumulo de reservas. Variação crível do cambio tornou-se
indexador de preços.
Foi isso que permitiu oferecer uma ancora para sustentar a variação de tradables locais
muito antes da urv.
A transição para uma reforma monetária era anunciada previamente e fica com um
gradualismo.
Essa regra de coordenação era mais inteligente que o congelamento de preços, porque
evitava o desequilíbrio de preços relativos num momento em que o congelamento é
anunciado, considerando que os agentes não coordenava o reajuste de seus preços.
A incerteza levou a reajustes em URV acima do novo cruzeiro, o que poderia
contaminar a reforma monetária. Porém, quando ocorre a reforma em julho de 1994,
ela é acompanhada por uma forte apreciação cambial e reforço da abertura comercial.
Gustavo franco era um combatente dos lucros extraordinários da indústria > queria
baratear o preço das importações a qualquer custo. Permitiu limitar a aceleração
inflacionária dos tradables no período da urv, mas com o custo de produzir grande
apreciação cambial > vai gerar déficit comercial depois do plano real.
Leitura crítica: a âncora cambial inviabilizava a âncora monetária: a medida que
entrava reserva, o governo emitia moeda local, enxugando moeda com emissão de
títulos para manter a taxa de juro. Elevação da taxa de juro e impacto ruim sobre a
dívida pública.
Vulnerabilidade financeira: se os agentes percebessem algum risco e quisessem sair,
teria que subir muito o juro para manter a âncora cambial.
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Dividir o programa com o PCB
AULA 16/11
Como as duas regiões serão impactadas
America Latina: Exclusao dos fluxos voluntários de crédito bancário
Asia: eua e jp > bancos não interromperem fluxo de recursos para a Ásia, por contade
questões geopolíticas. URSS continuava e China se integrava.
Década de 1980: do ponto de vista das grandes corporações
1. Mudança tecnológica profunda: microeletrônica e comunicação a longa
distância a preço muito baixo. Pouco tempo depois, infraestrutura de
transporte global. 1988 e inovação tecnológica na coreia do sul, dobrando o
tamanho dos navios cargueiros. Aumentou a coordenação da escala e
velocidade do comércio. Design de produtos vai para sudeste e leste asiático.
Explicado também a partir da política do dólar forte (produziu desestruturação
financeira na américa latina – poupada no leste asiático por motivos
geopolítico). A América Latina: interrupção da capacidade das empresas que já
estavam lá de realizarem investimento (crise da dívida: redução do gasto
público, hiperinflação etc. > aumento da incerteza e endividamento das estatais
(menos coordenação) + austeridade fmi. Enquanto gasto público aumentava,
lucro do setor privado aumentava. Quando aumenta taxa de juro, ganho de
floating do sistema bancário (títulos de liquidez diária, com juros garantidos) e
capacidade de calcular a inflação a longo prazo.
Desindustrialização: aprecia o cambio. Urv: dólar cai para 84 centavos de real. Nos
últimos meses, os agentes já estavam acelerando inflação na moeda antiga e em dólar,
o contrário do objetivo que era coordenar os preços.
Ciro Gomes acelera queda tarifária e permite desvalorização para combater a inflação
Controle da inflação seria requisito para retomar crescimento/produção, mas havia
uma contradição.
As empresas também cortam as linhas de produção que não conseguiriam competir
com o estrangeiro
O setor de produção de bens de k – II pnd e que deveria ser o que puxa o capitalismo
brasileiro – fica desmontado.
As empresas começam a importar muito bens de k para tentar competir com as
empresas concorrentes advindas da abertura comercial.
Especialização regressiva da estrutura industrial.
1950: filial multidoméstica, com grande grau de integração vertical da indústria.
Bangladesh e maquiladoras mexicanas: só montagem e grande exportação. Não há
nenhum encadeamento para frente ou para trás na cadeia produtiva. Integração nas
cadeias globais de valor. Isso vai acontecendo no Brasil com especialização regressiva:
nosso encadeamento do parque produtivo nacional vai sendo muito menor.
Automóveis: exceção, mas o valor agregado diminui muito porque o coeficiente de
importação aumenta muito. Desaparece nossa indústria de autopeças.
Superávit comercial vira déficit comercial com variação de 20bi de 93 a 97. Vira um
déficit estrutural.
Não é um problema de preços relativos. É uma questão de integração das estruturas
produtivas a nível mundial.
Interpretação cepalista da inflação: pesquisar.
A dinâmica cíclica mudou também:
30 – 54: industrialização restringida. Aumenta produção industrial e diminui
capacidade de importação. Esgota quando as possibilidades para onde a
industrialização pode seguir, tem novos ramos com indústria de bens de capital que
nem estão disponíveis. Não dava para importar estaleiro, siderúrgica, automobilista,
química etc.
Crescimento do mercado interno e substituição de importações que se esgotava a cada
crise no BP
50 – 80: diferente. Industrialização pesada
80: enorme incerteza, crise cambial, política de estabilização. Sintoma do fim de uma
estrutura que foi responsável pelo crescimento econômico por no mínimo 30 anos.
A nova estrutura ficou muito dependente das oscilações do mercado mundial.
2003 – 2008: retomada do crescimento das economias periféricas.
Sai da crise um grande crescimento asiático e grande retomada do iv público aqui, mas
industrialização se aprofunda por conta do aumento da concorrência internacional.