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Você sabe o que são expurgos inflacionários?

Talvez você já tenha escutado em algum momento, seja por meio de algum centro de educação
ou por telejornais, o termo “expurgo inflacionário”. Mas, se nunca escutou esse vocábulo,
certamente já ouviu dizer sobre inflação, o que é mais comum.

Fato é que esses termos estão interligados na composição de um “fenômeno” financeiro que
ocorreu das décadas de 80 e 90 no Brasil, uma época marcada por uma massiva instabilidade
econômica decorrente do desequilíbrio político no controle dos gastos públicos em conjunto
com o aumento da dívida externa. Agravando esse cenário, existia em paralelo uma crescente
crise financeira mundial relativa aos aumentos no preço do petróleo, ou seja, vários fatores
contribuíram para o caos econômico nesse período.

Resumidamente, a hiperinflação, assim denominada, acontece quando há um aumento


constante e acentuado nos preços de mercado, o que ocasiona um retrocesso na atividade
econômica do país e a desvalorização da moeda. No Brasil, durante essas décadas, a inflação
chegou a mais de 80% ao mês, o que nos faz ter noção da proporção do problema enfrentado.

Diante desse cenário, várias medidas eram tomadas pelo governo na tentativa de conter o
desiquilíbrio instaurado, até mesmo alteração nos indexadores de correção monetária, o que
acarretou em diversas incorreções econômicas que até hoje são motivos de discussão jurídica.

Essas incorreções, nos termos financeiros, são chamadas de “expurgos” ou “expurgos


inflacionários”. Os expurgos aconteciam quando os valores mantidos nas contas bancárias não
eram atualizados de acordo com o índice de inflação, ou eram atualizados em percentual
menor ao da inflação. Nesses casos, acontecia uma certa descompensação monetária.

Mais especificamente, no Brasil o índice que media a variação nos preços era o IPC (Índice de
Preços ao Consumidor), que foi estabelecido pelo governo federal como índice oficial para o
reajuste da caderneta de poupança.

Portanto, os valores deveriam ser reajustados com base no IPC, que era apurado mensalmente.
Ocorre que em alguns meses o reajuste não seguiu os percentuais divulgados através do
referido indexador, em grande parte por causa de uma intervenção do governo na tentativa de
esconder a real inflação do período, onde era determinado que a correção dos valores deveria
se dar com base em outros índices, que não o IPC.

Toda essa confusão refletiu em diversas demandas processuais que até hoje são iniciadas com
pedidos de recebimento dos valores que não foram creditados corretamente nas cadernetas de
poupança à época, ou de reembolso das quantias que foram pagas a maior referente as dívidas
que foram corrigidas em percentual indevido.

Nesses termos, podemos concluir que um cenário econômico saudável é consequência de uma
boa administração pública, onde haja equilíbrio financeiro e político. Isso faz com que o
mercado opere continuamente e se ajuste as possíveis adversidades a que estamos sujeitos.

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