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A crise da dívida externa e a crise fiscal do Estado

1. A partir de que momento a inflação tornou-se um problema crônico no Brasil?

Resposta: A inflação se tornou um grande problema no Brasil nos anos 1980. Isso
aconteceu porque o país aumentou muito sua dívida com outros países e teve
dificuldades para pagar. Além disso, eventos globais, como os aumentos no preço do
petróleo, afetaram a economia brasileira. As políticas do governo, que buscavam
estimular o crescimento, também contribuíram para o aumento dos preços. Outro
problema foi a indexação, em que salários e preços eram ajustados automaticamente
conforme a inflação passada, criando um ciclo.
Esses fatores juntos causaram uma inflação descontrolada, com os preços subindo
muito rápido. Isso continuou até o Plano Real, em 1994, que foi uma medida para
tentar controlar a inflação e estabilizar a economia brasileira.

2. Quais são as diferenças fundamentais entre o diagnóstico de inflação feito pelos


inercialistas e os diagnósticos dos economistas monetaristas e keynesianos?

Imaginando a inflação como um bicho de estimação do país, os Inercialistas querem


mudar regras, os Monetaristas querem dar menos "comida" (dinheiro), e os
Keynesianos querem equilibrar as compras. Cada grupo tem um jeito diferente de
cuidar para que o bicho não dê problemas. É como escolher como cuidar do mesmo
animalzinho, mas de maneiras diferentes.

3. Que economistas brasileiros contribuíram para a formulação da teoria da inflação


inercial?
Na busca por entender e lidar com a inflação no Brasil, vários economistas
contribuíram para a formulação da teoria da inflação inercial. Um nome importante
nesse cenário foi Ignácio Rangel, que explorou as características específicas da inflação
brasileira em sua obra "Crise e Planejamento na Economia Brasileira". Carlos Geraldo
Langoni, ex-presidente do Banco Central do Brasil, também desempenhou um papel
destacado, enfocando a indexação como um fator crucial na manutenção da inflação.

Além disso, Persio Arida, em colaboração com André Lara Resende, esteve envolvido
no desenvolvimento do Plano Cruzado em 1986. Embora o plano tenha tido elementos
anti-inflacionários, como o congelamento de preços e salários, enfrentou desafios em
sua implementação. Esses economistas brasileiros contribuíram significativamente
para a compreensão e discussão sobre a inflação inercial, influenciando tanto teorias
quanto práticas econômicas em períodos de inflação elevada no país.

4. Quais eram as controvérsias em relação às políticas antiinflacionárias que deveriam ser


seguidas, uma vez que se tomasse como correto o diagnóstico da inflação inercial?

as políticas antiinflacionárias no contexto da inflação inercial geraram diversas


controvérsias e debates entre os economistas e formuladores de políticas no Brasil.
Algumas das principais controvérsias incluíam:
Desindexação: Uma questão central era se a desindexação, ou seja, a quebra dos
mecanismos automáticos de correção de preços e salários conforme a inflação
passada, era uma estratégia viável. Enquanto alguns defendiam a necessidade de
interromper esse ciclo inercial, outros argumentavam que isso poderia resultar em
perdas significativas para trabalhadores e empresas.

Política Monetária ou Fiscal: Houve debates sobre qual abordagem seria mais eficaz
para controlar a inflação. Enquanto os monetaristas enfatizavam a importância do
controle rigoroso da oferta de dinheiro, os keynesianos argumentavam que políticas
fiscais, como controle de gastos do governo, poderiam ter impactos mais significativos.

Plano Cruzado e Planos Subsequentes: O Plano Cruzado, implementado em 1986,


congelou preços e salários como uma tentativa de controlar a inflação. No entanto, o
plano enfrentou críticas por não resolver os problemas estruturais subjacentes e por
criar distorções na economia. Planos subsequentes, como o Plano Bresser em 1987 e o
Plano Verão em 1989, também foram alvo de controvérsias devido aos seus impactos e
desafios de implementação.

Equilíbrio entre Controle Inflacionário e Crescimento Econômico: A busca por um


equilíbrio entre o controle da inflação e o estímulo ao crescimento econômico gerou
controvérsias. Algumas políticas de austeridade propostas para controlar a inflação
foram criticadas por possíveis efeitos negativos na atividade econômica e emprego.

Essas controvérsias refletiam diferentes visões sobre como abordar a inflação inercial,
considerando suas causas e consequências complexas. A busca por políticas eficazes
enfrentou o desafio de equilibrar a estabilidade econômica com a minimização de
impactos adversos sobre a sociedade.

5. Caracterize as estratégias antiinflacionárias da Nova República anteriores ao Plano


Cruzado.

Antes do Plano Cruzado, o governo tentou várias ideias para arrumar a bagunça da
inflação. Eles congelaram preços, mexeram nas taxas de dinheiro e até tentaram conversar
com quem tinha emprestado dinheiro para o Brasil. Mas, mesmo com essas tentativas, a
bagunça não sumia completamente, e as coisas ainda estavam um pouco confusas na
economia. Cada ideia era como uma receita diferente, mas nem todas funcionavam
direitinho.

6. Aponte os principais motivos que explicam o fracasso do Plano Cruzado.


Imagine que o Plano Cruzado foi como uma regrinha para a lojinha de doces do Brasil.
O governo quis parar os preços de subirem por um tempo, como se tivesse dito
"parem, ninguém pode aumentar os preços agora". Isso se chama congelamento de
preços.

Mas, quando decidiram deixar os preços subirem de novo, todo mundo correu para
comprar muitos doces de uma vez, criando uma bagunça. Isso é como uma demanda
reprimida, quando as pessoas querem muita coisa que estava "represada".
Além disso, a lojinha ainda tinha problemas como prateleiras quebradas, que seriam os
problemas estruturais da economia, como gastos do governo que não estavam
controlados.

Então, o Plano Cruzado tentou organizar os doces, mas quando deixaram voltar a
comprar, a bagunça foi grande. E ainda tinham problemas que não foram resolvidos,
então a lojinha continuou meio bagunçada.

7. Por que os outros planos heterodoxos de estabilização — Bresser e Verão — também


falharam na tentativa de debelar o processo inflacionário?

Os planos heterodoxos de estabilização, como o Plano Bresser e o Plano Verão, não


conseguiram resolver o problema da inflação por algumas razões. Eles tentaram
controlar os preços e salários, mas essas medidas eram como curativos temporários,
não tratando os problemas mais sérios da economia.

Além disso, mesmo com essas tentativas, a inflação continuou alta, mostrando que as
soluções não eram eficazes o suficiente. Problemas de base, como gastos
descontrolados do governo e a criação excessiva de dinheiro, não foram enfrentados
de maneira adequada. Então, mesmo com esforços, os planos não conseguiram
debelar a inflação de forma duradoura. Foi como tentar consertar um brinquedo
quebrado sem resolver os problemas reais.

Sobre o plano Bresser:

‘’ No entanto, com o passar do tempo, outros problemas começaram a ameaçar o


sucesso do Plano Bresser. Em primeiro lugar, havia falta de credibilidade da opinião
pública, especialmente pelo fato de se ter lançado mão de um congelamento, tal como
fora feito no Cruzado, expediente que havia trazido, como se sabe, grandes benefícios
no curto prazo, mas que produziuefeitos desastrosos a médio prazo. Em segundo lugar,
os desequilíbrios de alguns preços relativos, apesar do cuidado que se tomara na
implantação do Plano, aliados aos grandes superávits na balança comercial, causavam
consideráveis pressões inflacionárias. Em terceiro lugar, a manutenção do regime de
taxas de juros reais positivas, ao mesmo tempo que inibia a explosão de consumo —
algo de fato almejado —, também estimulava o direcionamento do investimento para
o setor financeiro em detrimento do produtivo, o que constituiria um grande
problema, sobretudo no médio prazo. Por fim, embora a realização de uma reforma
tributária fizesse parte da estratégia do Ministério da Fazenda para que o plano fosse
bemsucedido, tal reforma não foi levada adiante pelo governo devido às mais diversas
restrições, sobretudo de ordem política. Apesar do congelamento de preços, as taxas
de inflação permaneciam elevadas. Por essa razão, autorizou-se um aumento
emergencial de preços, ainda no mês de agosto, antes que terminasse o prazo previsto
inicialmente — três meses — para que se iniciasse a liberalização dos preços. Em
dezembro de 1987, a taxa de inflação mensal atingiu 14,14%, precipitando o pedido de
demissão de Bresser Pereira’’.

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