1. Jango tratou de lançar um pacote de medidas de cunho ortodoxo, que incluíam
uma forte desvalorização cambial e a unificação do mercado de câmbio (Instrução 204 da Sumoc), a contenção do gasto público, uma política monetária contracionista e a redução dos subsídios concedidos às importações de petróleo e trigo. As medidas foram bem recebidas pelos credores do Brasil e pelo FMI, garantindo significativa renegociação da dívida externa do Brasil, bem como a obtenção de novos empréstimos nos Estados Unidos e Europa.
2. O período parlamentarista do governo de Jango durou até o final de 1962 e foi
marcado por três diferentes primeiros-ministros devido a divergências entre João Goulart e os gabinetes. Jango buscava um governo mais à esquerda e queria antecipar o plebiscito sobre o sistema de governo. O plebiscito foi realizado em janeiro de 1963, resultando na volta ao sistema presidencialista. Nesse contexto de instabilidade política, foi lançado o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, liderado por Celso Furtado, com o objetivo de combinar crescimento econômico, reformas sociais e controle da inflação. Quando se trata da inflação, Furtado, que se tornou Ministro do Planejamento no novo governo, viu a causa tradicional da inflação naquele momento: havia muita demanda de dinheiro no mercado devido aos gastos do governo. Para lidar com o aumento dos preços, foram propostas medidas comuns em planos de estabilização econômica, como corrigir os preços dos produtos públicos que estavam defasados, usar uma taxa de câmbio realista, reduzir gastos, controlar a quantidade de dinheiro em circulação e exigir que os bancos reservassem mais dinheiro dos depósitos à vista. Quanto à estratégia de desenvolvimento sugerida pelo ministro, ela se encaixava no pensamento da CEPAL. Essa estratégia destacava a importância de expandir a indústria nacional, substituindo produtos importados sempre que possível, como forma de superar os problemas econômicos do Brasil. Para ele, a crise econômica que o país enfrentava, em primeiro lugar, refletia um problema com o modelo de desenvolvimento. Acreditava que a solução estava em fortalecer esse modelo, o que incluía fazer a economia crescer por meio do mercado interno, realizar reforma agrária e adotar outras políticas para distribuir melhor a renda. Ao mesmo tempo, o país também estava buscando soluções para seus problemas de pagamentos internacionais.O plano enfrentou desafios econômicos, incluindo uma queda no crescimento, alta inflação e o baixo índice de aprovação do governo.
REFERÊNCIA:
Giambiagi, F. et al. (orgs.) Economia Brasileira Contemporânea. (cap. 02 –
Dos “Anos Dourados” de JK à Crise Não Resolvida)