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no Sector Financeiro

em Portugal
2022
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FICHA TÉCNICA
EDITORIAL

2022: ano
Propriedade
Megafin, Sociedade Editora SA
de recuperação
Diretor
Filipe Alves
mas também
Subdiretores
de incerteza
André Cabrita Mendes, Lígia
Simões, Nuno Vinha e Ricardo
Santos Ferreira

Diretor de arte
Mário Malhão

Coordenação
Filipe Alves
Filipe Alves Diretor d’O Jornal Económico

Conteúdos Editoriais
Nuno Vinha, Mariana Bandeira,
Maria Teixeira Alves e Vitor Norinha A segunda edição do Quem é Quem no Sector
Financeiro em Portugal surge numa altura de
Área Comercial incerteza para a economia mundial, com as tendências
Cláudia Sousa (Diretora), inflacionistas e a tensão geopolítica a colocarem em
Elsa Soares, Isabel Silva, causa a recuperação da crise pandémica.
Ana Catarino e Cristina Marques O sector financeiro português não escapa a esta
conjuntura de incerteza, apesar das perspetivas
Fotografia de crescimento da atividade e de melhoria da
Cristina Bernardo, Lusa, Reuters, rentabilidade, na sequência das restruturações
Unsplash e Bloomberg realizadas nos últimos anos.
Este Quem é Quem é composto por duas partes: na
Design e Paginação primeira fazemos uma análise sobre os desafios e as
Rute Marcelino (coordenadora) tendências que vão marcar o sector financeiro em
2022, na banca, na corretagem, no mercado cambial,
Impressão fundos de investimento, gestão de patrimónios e
Finepaper titularização de créditos.
Na segunda parte apresentamos um diretório das
Revista distribuída instituições financeiras que operam em Portugal, com
com O Jornal Económico nº 2135 fichas individuais e uma listagem geral, de maneira a
de 04 de março de 2022 que os nossos leitores fiquem a conhecer os players do
sector financeiro nacional.
Sede e Redação Este ano temos novidades: além dos conteúdos
Rua Vieira da Silva 45, escritos, em papel e online, este Quem é Quem
1350-342 Lisboa conta com conteúdos em vídeo e podcast, que
pode acompanhar em www.jornaleconomico.pt.
Desta forma procurarmos ir ao encontro das novas
tendências de consumo de informação e atender aos
nteresses de um público cada vez mais plural.
Em nome de toda a equipa do Jornal Económico,
agradeço a todas as pessoas e instituições que
contribuíram para este anuário.

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ÍNDICE

05 Análise
As perspetivas de crescimento em 2022 e o ajustamento feito
pelo sector financeiro português nos anos que antecederam a
pandemia, deixam os economistas e players confiantes de que
vão enfrentar bem um cenário de inflação e subida das taxas
de juro. E há oportunidades à espreita com o novo paradigma.

P05
10 Entrevista
O presidente da APB, Vítor Bento, em entrevista realizada
antes da invasão da Rússia à Ucrânia que desencadeou um
onda, sem precedentes, de sanções económicas, falou dos
desafios da banca para 2022.

16 Cenário Macroeconómico
Banca em 2022 obrigada a operar num ambiente de incerteza
económica.

24 Euro Digital
Especialistas alertam que emissão da moeda virtual na zona
euro terá de acautelar incógnitas e riscos de privacidade
P10 e segurança e manter a banca de retalho como “guardiã”.

26 Sustentabilidade
Em 2022 os bancos sistémicos serão submetidos
aos testes de stress climáticos do BCE.

28 Corretagem
O ano de 2022 adivinhava-se promissor, talvez um pouco
menos depois de um ano de 2021 e que foi excecional
para as sociedades corretoras.

P24
30 Câmbios
O conflito armado na Ucrânia fez recrudescer
o interesse pelo mercado cambial (Forex) mas globalmente
houve perda de interesse.

31 Fundos de Investimento
Dificilmente se irá encontrar um ano tão bom para os fundos
mobiliários e imobiliários como 2021.

32 Gestoras de patrimónios
Para as gestoras de patrimónios há boas noticias
P28 como a recuperação económica, mas há um cenário negro
com a guerra no leste europeu, a par da saída de cena
dos bancos centrais europeus.

34 Titularização de créditos
A titularização de créditos ou securitização como também
é conhecido registou “forte apetite” em 2021.

35 Fórum
Normalização da política monetária é desejável, dizem líderes
do setor financeiro.

P32 44 Diretório
Conheça as instituições financeiras que operam em Portugal.

4
Por Nuno Vinha ANÁLISE

Oportunidades e desafios para o sector


financeiro num 2022 de crescimento
As perspetivas de crescimento em 2022 e o ajustamento feito pelo sector financeiro português nos anos
que antecederam a pandemia, deixam os economistas e players confiantes de que vão enfrentar bem um
cenário de inflação e subida das taxas de juro. E há oportunidades à espreita com o novo paradigma.

O
sector financeiro enfrenta em
2022 um contexto, no mínimo,
desafiante. Para começar, é ine-
gável que as economias globais vão con-
tinuar a conviver com as consequências
– até ver, mais mitigadas – da pandemia
de Covid-19. Outro desafio será o de lidar
com as pressões inflacionistas que conti-
nuam bem presentes. A inflação será mais
conjuntural ou vai tornar-se estrutural? E
que implicações terá a resposta a esta per-
gunta nas políticas dos bancos centrais?
O Jornal Económico ouviu economistas
e responsáveis do sector para perceber
como o evolução macroeconómica espe-
rada para este ano vai impactar o sector.
O economista, antigo banqueiro e atual
presidente da Associação Portuguesa de
Bancos, Vítor Bento, considera que esta-
mos numa mudança de contexto macroe-
conómico.
“Isso, obviamente, também traz desa-
fios de outra qualidade. Relativamente ao capacidade imediata de oferta”. também outros negativos) para a banca.
desafio da inflação, (…) o que houve até Neste momento, reforça no entanto o É que se as taxas de juro vierem a subir,
aqui foi uma subida de preços que ainda presidente da APB, “ainda estamos naque- isso significa que “entraremos mais rapi-
não é certo se representa um ajustamento le ponto expectante de saber se isto se vai damente num cenário de normalização
de preços relativos entre vários sectores ou tornar num fenómeno inflacionário” ou se histórica dos níveis de taxas de juro face à
se vai ser alimentado num processo recor- é um ajustamento dos preços relativos en- circunstância longa que vivemos”. E essa
rente, que – esse sim – será inflacionário”. tre vários sectores da economia. circunstância, nota Vítor Bento, é “uma
Uma parte deste choque, salienta, são “O efeito imediato foi uma subida de anormalidade de taxas de juro extrema-
efeitos indiretos do choque pandémico, preços. A subida de preços tem como efei- mente baixas e inclusivamente de taxas de
sobretudo pelo efeito que teve no estran- to a diminuição dos rendimentos reais de juro negativas”.
gulamento das cadeias de valor e que, quem tem rendimentos nominais fixos. E Paula Gonçalves Carvalho, economis-
no último semestre do ano passado, teve o que normalmente dá origem a proces- ta-chefe do BPI, acha o mesmo. “É impor-
um prolongamento não pela via de novos sos inflacionários é que os sectores sociais tante sublinhar que o longo período que
“lock-down”, mas sim devido a fortes dis- que viram os seus rendimentos reais afe- vivemos de taxas de juro negativas não é
rupções na cadeia logística e distribuição tados vão tentar reconstituir o nível real, normal e tem de ser entendido como uma
um pouco por todo o mundo. provocando aumentos nominais. E isso é situação historicamente excecional”.
De acordo com Vítor Bento, há que le- que pode desencadear o processo inflacio- O regresso a uma situação de normali-
var ainda em conta “os estímulos que fo- nário”, conclui. dade, diz a economista-chefe do BPI, “com
ram dados à economia”, que criaram “um Caso se verifique, isso até poderia tra- curvas de rendimento positivamente incli-
súbito choque de procura que desfasou da zer alguns aspetos positivos (ainda que nadas e taxas de juro positivas, permitirá

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melhorar a rentabilidade do setor e a sua
capacidade de apoio ao financiamento e o
desenvolvimento da economia”.
Mas este processo traz riscos. “Os ní-
veis de endividamento de empresas e famí-
lias (como do Estado) permanecem eleva-
dos, embora francamente mais baixos por
comparação com os anos anteriores à crise
financeira internacional; e a maior parte
dos financiamentos, sobretudo dos parti-
culares, continua a utilizar taxa de juro va-
riável, portanto os encargos com a dívida
vão começar a pesar mais no orçamento
das famílias e empresas, ainda que não se-
jam de esperar impactos significativos nos
níveis de incumprimento”.
Em termos gerais, o economista Miguel
Coelho considera que as condições ma-
croeconómicas de base “são favoráveis ao
sistema financeiro português”. Em Portu-
gal, é projetado para 2022 um crescimen-
to de 5,5% (4,6% em 2021), sendo ainda
expectável uma melhoria clara das contas
públicas, traduzida num défice abaixo dos
3% do PIB e uma dívida pública em valo-
res próximos dos 122% (131,4% no 3.º
trimestre de 2021).
No entanto, existe um conjunto de ris-
cos de curto prazo que podem colocar em diversos em função da carteira de crédito margem no crédito em si. Ganha, sobre-
causa a estabilidade financeira. Entre estes de cada um dos bancos”. tudo, nas comissões”. E, sim, em 2022
destaca-se “o risco inflação”, sublinha. Marco Freire, CEO da Whitestar Asset podemos assistir a um provável aumento
“Na realidade, o aumento substancial Management – maior gestora de carteiras do crédito malparado, o que representa
do preço da energia, associado à disrup- de crédito e imobiliário em Portugal – con- uma oportunidade para “servicers” como
ção observada na cadeia de abastecimen- corda com ambos os pontos. a própria Whitestar.
to, estão a gerar pressões sobre os preços “A banca em Portugal tem neste mo- “Para os servicers que atuam em Por-
sem precedentes nas últimas duas décadas. mento um problema: tem margens reduzi- tugal é uma oportunidade que haja um
Em consequência, e atendendo à prová- das. Apesar de os maiores bancos estarem potencial novo ciclo de NPL, é uma opor-
vel natureza não temporária do fenóme- a apresentar lucros absolutos bastante tunidade de crescimento. Vemo-lo não
no, é quase inevitável uma intervenção saudáveis, até por comparação com os úl- com preocupação, mas com um sentido de
das autoridades monetárias no sentido timos anos, é uma atividade que tem mar- desafio, de oportunidade”, salienta.
de adotarem políticas mais restritivas, gens relativamente curtas. Um aumento da Também ao JE, o economista-chefe do
com consequente efeito sobre as taxas de taxa de juro pode dar aqui um aumento Novobanco, Carlos Almeida Andrade, ad-
juro e prémios de risco (por via da incer- de margem bruta aos bancos que podem mite que “é expectável” que a subida dos
teza associada ao aumento da inflação e ‘aproveitar-se’ desse aumento de taxa de juros se traduza num aumento dos NPL,
à resposta da política monetária)”. E isso juro e desse novo cenário macroeconómi- mas “moderado”, ainda que “penalizan-
poderá ter efeitos importantes no sistema co para aumentar um pouco as suas mar- do a rendibilidade dos bancos, sobretu-
financeiro. gens, dos seus spreads etc”, diz ao JE. do à saída de um período em que vários
Tal como dizia a economista-chefe do Hoje, explica o mesmo gestor, “a banca devedores beneficiaram de moratórias no
BPI, também Miguel Coelho sublinha que ganha, sobretudo, pelas comissões. Ganha crédito”.
a subida das taxas de juro de curto prazo muito pouco no crédito concedido e mais António Rebelo de Sousa, economista
tem “um efeito positivo na margem finan- no crédito sem garantia real. No crédito e presidente da SOFID – Sociedade para
ceira dos bancos”. Mas ao contrário de com garantia real praticamente só ganha o Financiamento do Desenvolvimento,
Paula Gonçalves Carvalho, o economista dinheiro nos produtos acessórios: nos se- prefere destacar que “o aumento das ta-
adverte que poderemos assistir a um au- guros, nos depósitos que, por vezes, obri- xas de juro e o eventual aumento de si-
mento do incumprimento, “com efeitos ga o cliente a fazer, mas tem muito pouca tuações de incumprimento, a partir do

6
ANÁLISE
parte dos problemas com que o setor se
confrontava: falta de capital recorrente, de-
pendência excessiva da margem financeira,
custos regulatórios mais elevados, excesso
de capacidade e entrada de novos concor-
rentes mais competitivos e eficientes”. Para
agravar a situação, prosseguem, a persistên-
cia de taxas de juros negativas desde junho
de 2014 eliminou a visibilidade do setor e
prejudicou a sua capacidade de gerar resul-
tados consistentes nos últimos anos.
Jorge Silva Botelho conclui, por outro
lado, que no ano de 2021 “algo mudou
estruturalmente” na perceção de riscos e
de rentabilidade do setor financeiro por-
tuguês. “A pandemia acabou por não ter o
impacto que se temia e a banca portuguesa
saiu desta crise bem capitalizada, com o
rácio de capital CTE1 reforçado”.
Ora o sistema financeiro português,
tal como o resto do sector na Europa, “é
muito sensível” aos movimentos das ta-
xas juro. “Uma vez que o mercado prevê
subidas de taxas de juro a 9 meses, isso
implicaria uma subida adicional dos lu-
cros em 2023”, sublinha.
Alberto Ramos, country manager do
Bankinter Portugal, também considera
segundo semestre do corrente ano, pode- dições essas que poderão estar perto do fim, que o impacto de um aumento das taxas
rão vir a implicar ajustamentos no sector levantando assim preocupações pertinentes de juro “será controlado”, com “subidas
financeiro”. Quais? A banca “tenderá a sobre o impacto desta alteração”. progressivas e de reduzida magnitude”,
orientar, ainda mais, a concessão de cré- O economista chefe do Novobanco, uma vez que o Banco Central Europeu
dito para grandes empresas/grandes pro- Carlos Almeida Andrade, concorda que “terá certamente em conta não só a
jectos e para o crédito ao consumo, em a normalização da política monetária por evolução da economia europeia como o
detrimento das micro, pequenas e médias parte dos bancos centrais deverá traduzir- impacto nas famílias, no tecido empresa-
empresas”. Mas com excepção daquelas -se em juros mais elevados, mas salienta rial e também na dívida dos Estados, de
“que tenham dado provas em termos de que deverão ser ainda “relativamente con- forma a não comprometer o crescimento
inserção bem sucedida no sector de bens tidos”. “A retirada de liquidez do mercado económico”.
transacionáveis”. pelos bancos centrais poderá levar à rea- Para as famílias, afirma o mesmo res-
Mas em que medida é que será esse valiação de ativos por parte dos investido- ponsável, a subida de juros será sentida
eventual aumento das taxas de juro? Rui res, tornando mais exigente a obtenção de nos pagamentos associados a taxas variá-
Machado, da direção de investimento da resultados de operações financeiras”. veis, tais como o crédito à habitação e o
IM Gestão de Ativos, diz que parece “im- Uma visão mais estrutural tem Jorge crédito ao consumo, o que levará em certa
provável” um “cenário radical de subida Silveira Botelho, chief investment officer medida a uma diminuição do rendimento
de taxas” que “coloque em causa o cres- do BBVA Asset Management Portugal, disponível. “Além disso, o custo de finan-
cimento económico”. Por isso mesmo, para quem a mais do que provável subida ciamento será certamente mais elevado
complementa, a expectável subida das ta- de taxas de juro “é o catalisador que fal- para novos empréstimos, sejam estes com
xas de juro “deverá ter um impacto direto tava para reativar a perceção de valor do taxa variável ou com taxa fixa”.
marginal a curto prazo no setor financeiro modelo bancário, expondo a atratividade Uma última nota para a reflexão de
português”. Mas a reflexão de Rui Macha- das atuais baixas métricas financeiras”. Maria João Carioca, a administradora
do está alinhada pelo argumento de Vítor E explica. “Na última década, o in- financeira da Caixa Geral de Depósitos,
Bento. “É necessário não esquecer que, du- vestimento no setor financeiro português que – ao JE – afirma que estas pressões
rante muitos anos, os agentes económicos foi uma constante armadilha de valor, na inflacionistas surgem “estando ainda pre-
habituaram-se a políticas assentes em taxas medida em que as suas aparentes atrativas sentes os estímulos monetários sem pre-
de juro baixas e facilidade de crédito, con- métricas financeiras não refletiam grande cedentes utilizados pelo Banco Central

7
ANÁLISE

Europeu para facilitar a concessão de cré- reto nos bancos. “Na realidade, se uma su- missionamento através da colocação de
dito aos mais atingidos pela pandemia”. bida da taxa de juro pode afetar negativa- produtos fora de balanço, nomeadamente,
“Atenta a postura até aqui enunciada mente o valor dos ativos dos fundos (i.e., seguros e fundos de investimento”.
pelo Banco Central Europeu, importa real- ações, obrigações e imóveis), do lado do António Rebelo de Sousa complemen-
çar que uma subida de juros, a ocorrer de passivo o impacto é positivo uma vez que ta. Os principais desafios do sector finan-
forma gradual e contida, e com um nível as responsabilidades dos fundos serão des- ceiro para os próximos três a cinco anos,
negativo como ponto de partida, continua- contadas a uma taxa superior”, salienta. diz o economista, são “a transição digi-
rá a proporcionar taxas de financiamento Aos desafios resultantes do aumento tal, a emergência de activos digitais e as
ainda a níveis historicamente baixos para previsível das taxas de juro, juntam-se ou- alterações que ocorrerão no mercado de
toda a economia”, salienta a responsável. tras nuvens negras no horizonte. Miguel trabalho, com a promoção do trabalho à
O economista Miguel Coelho, por ou- Coelho afirma que o sistema financeiro distância”.
tro lado, aponta outros impactos indiretos “enfrenta os riscos associados a questões E é particularmente crítico, ou receo-
da subida das taxas de juro no valor das de cibersegurança, transição para uma so, quanto à questão dos activos digitais.
carteiras geridas pelas entidades gestoras economia sustentável (neste aspeto des- “Receio muito que o sistema financeiro
de fundos. “De uma forma simplificada, tacam-se as novas exigências ESG – En- enverede pela aposta em novos activos
uma subida da taxa de juro tem impacto vironmental, Social and Governance) e financeiros digitais de elevada rendibili-
negativo no valor das ações (que poderá a crescente concorrência dos players não dade virtual. Seria preferível que se apos-
ser ampliado por resultados empresariais tradicionais (fintech)”. tasse mais no segmento obrigacionista,
abaixo do esperado por via da subida das Por isso mesmo, o também professor emitindo-se títulos com remunerações
taxas de juro), bem como no valor das de Economia sugere que a banca ajuste o razoáveis- da ordem dos 2 a 3% ao ano-,
obrigações de taxa fixa, traduzindo-se em seu modelo de negócio por forma a incluir do que no segmento acionário e em acti-
impactos negativos na rendibilidade dos a digitalização. “Não apenas com instru- vos digitais. (…) Sou dos que não acredi-
fundos mobiliários”, assegura. A subida mento para agilização da relação com o tam em activos digitais ( sobretudo com
de taxas também impactam negativamen- cliente, mas também como instrumento a pretensão de se constituírem em activos
te o mercado imobiliário. efetivo de melhoria da eficiência opera- de reserva digitais) que não tenham uma
Em terceiro lugar, haverá efeitos nos cional”. Por outro lado, deverá ser dado ligação a reservas líquidas cambiais con-
fundos de pensões, depois com efeito indi- um destaque especial “às matérias de co- vencionais”, conclui.

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Por Maria Teixeira Alves e Rita Atalaia Vítor Bento Presidente da Associação Portuguesa de Bancos

“A economia acaba por sofrer


as consequências da fiscalidade
discriminatória sobre a banca”
O presidente da APB, Vítor Bento, em entrevista realizada antes da invasão da Rússia à Ucrânia que
desencadeou um onda, sem precedentes, de sanções económicas, falou dos desafios da banca para
2022. A melhoria da rentabilidade é um dos maiores, porque sem isso não financia a economia.

Q
uais são os grandes desafios para o ajustamento que a banca tinha feito já lhe digitalização, com as alterações de proces-
a banca nacional este ano? permitiu ter um papel de grande relevo so- sos e de relações sociais que acarreta, são as
Obviamente que a fortificação do cial durante esta nova crise, atuando como novas grandes linhas de desafios.
balanço, onde já foi conseguido um resul- um forte amortecedor dos danos sociais e
tado assinável até aqui, e a rentabilidade económicos da crise. Mas, para além destes Como economista acredita que a subida
são desafios que estão sempre em cima da desafios recorrentes, atualmente temos os da inflação é temporária ou é permanente?
mesa, e que ao longo deste ano se espera desafios relacionados com a sustentabilida- E que impacto pode ter nos juros?
que atinjam, digamos, um estado de “nor- de. Não que o problema em si seja novo, Aquilo a que estamos a assistir é uma
malização”. O processo de recuperação da mas o grau de consciência social sobre o subida de vários preços, o que, só por si,
crise financeira foi, de certa forma, inter- problema ambiental subiu muito nos últi- não constitui inflação já que esta é a subi-
rompido pela crise pandémica, que intro- mos tempos e as entidades reguladoras e de da contínua e sustentada do nível de pre-
duziu outros desafios pelo meio, mas que supervisão passaram a dar-lhe uma atenção ços. As subidas tanto podem representar
também permitiu verificar, felizmente, que maior. Este foco, bem como a aceleração da um ajustamento de preços relativos entre

10
ENTREVISTA
vários sectores, produtos e serviços, um soberana e o impacto que isso pode ter A banca vai ter um ponderador de
ajustamento pontual do nível de preços, na carteira dos bancos, já que foram capital maior se a empresa tiver carbono
ou o início de um processo recorrente de “engordando” a sua carteira de ativos na sua produção?
subidas, que, esse sim, será inflacionário. com dívida do Estado português? Não sei à priori, porque isso vai depen-
Neste momento, os analistas e as autorida- Começo por recordar que tanto quanto der das regras que vierem a ser impostas
des estão ainda numa atitude expectante, a minha memória consegue ir, e tirando pela regulação. Agora tenho sempre a es-
(nalguns casos talvez até com base no que o caso grego, não houve, mesmo durante perança de que, mesmo às vezes quando
gostariam que fosse o cenário). Mas há já a crise financeira, nenhum Estado euro- há grandes entusiasmos circunstanciais, o
indícios preocupantes. Uma parte desta peu que deixasse de pagar as suas dívi- bom senso acabe por prevalecer. Espero
subida decorre do choque da crise pandé- das ou interrompesse o seu serviço. Não também que os mapas de riscos físicos
mica e do seu impacto nos circuitos econó- será agora, tendo em conta o muito que que vierem a ser estabelecidos tenham o
micos. Do estrangulamento das cadeias de se aprendeu com os erros do passado. Já cuidado de não induzir a ideia de tornar
valor, por um lado, e, por outro, do impac- se aprendeu o suficiente para haver meca- Portugal num “país evitável”. Não po-
to dos estímulos à economia na procura e nismos de prevenção mais eficazes. Não dem vir a ser criadas regras que tornem,
que a desfasou da capacidade imediata de querendo fazer juízos coletivos, porque à partida, as atividades em Portugal pior
reação da oferta, também ela afetada pelas aquilo a que chamamos banca é um con- qualificadas do que noutras geografias,
restrições da pandemia. E ainda do desafio junto de bancos, quero crer que a gestão que, eventualmente, consigam melhor
da digitalização, acelerado com a pande- de cada uma das instituições tenha tam- tratamento nos mapas desses riscos. As-
mia, e que tem criado escassez de trabalho bém tido a precaução de estar devidamen- sim como também não fará sentido que
qualificado nalgumas atividades. Mas, rei- te almofadada para essa circunstância. as regras que venham a ser impostas so-
tero, neste momento ainda estamos num bre os consumos de capital penalizem o
cenário enevoado quanto ao problema. O Considera que a banca portuguesa já investimento em Portugal, tornando mais
que lhe pode dar a natureza inflacionária integrou por completo os critérios ESG vantajoso para os bancos em Portugal
é se houver uma reação generalizada que (environmental, social and corporate investir fora do país. Estou intencional-
desencadeie uma espiral de subida genera- governance) nos seus planos de negócio? mente a esticar um argumento para cha-
lizada de preços e salários. Não há banca, há bancos. Há bancos que mar a atenção de possíveis exageros que é
estarão melhor preparados, e há outros que preciso prevenir. Creio que é do interesse
Até que ponto é que os bancos estarão em processo de melhorar. Aquilo de todos – desde as autoridades políticas,
podem ser afetados? de que estou convencido é que todos se aos reguladores, aos intermediários, às
Relativamente à banca, a eventual subida vão preparar porque é do seu próprio inte- empresas, aos cidadãos –, que Portugal
dos juros fá-los-á aproximar de níveis his- resse de sobrevivência, se quisermos esticar continue a ser um país viável, desejável e
toricamente razoáveis e, portanto, entrar o argumento. Portanto é inevitável que te- com futuro promissor.
num cenário de normalização histórica nham de os incorporar, mais cedo ou mais
face à circunstância longa que vivemos, tarde. Para a banca, o desafio virá sobretu- Regista-se um aumento dos empréstimos
de uma certa anormalidade, que são taxas do através do grau de exposição e do grau para habitação por parte da banca.
de juro extremamente baixas e mesmo ne- de vulnerabilidade que os seus clientes te- Isto poderá ser uma preocupação?
gativas. Um processo de normalização de nham a esse tipo de riscos. Não necessariamente. Primeiro porque
taxas de juro “normalizará” a margem fi- têm garantias reais. Depois, porque é uma
nanceira dos bancos. Haverá outros aspe- O vice-presidente do BCP disse que área onde os bancos estão mais do que
tos menos simpáticos da “normalização” no futuro a banca vai ter dificuldade experimentados a avaliar risco. É óbvio
das taxas de juro, porque isso vai também em financiar as empresas menos que, como em todos os percursos, haverá
aumentar os encargos para as pessoas e sustentáveis. Concorda? acidentes, mas não antecipo mais do que
para as empresas endividadas. Espero que Os riscos de sustentabilidade para o setor isso. A questão é saber se os acidentes têm
os vários agentes tenham tido uma atuação bancário virão sobretudo dos seus clien- impacto sistémico ou não. Não antecipo
racional de se precaverem para um cenário tes. Isso terá de ser incorporado nas ma- que o tenham.
que, mais cedo ou mais tarde, seria inevi- trizes de risco da avaliação dos bancos. É
tável. Portanto, pelo menos nesta fase, e do interesse das próprias empresas ajus- O Banco de Portugal apertou os prazos
tanto quanto é possível ver, não antecipo tarem-se a essas necessidades e fazerem no crédito da casa. Esta recomendação é
nenhum problema preocupante nessa fren- o seu caminho de adaptação. Estou con- útil ou pode condicionar a concessão de
te. É óbvio que vai haver sempre, como há vencido de que os bancos vão ser também crédito à habitação? Consequências dessa
em todas as situações, gente – empresas agentes dessa transformação na sua inte- medida para os NPL?
e famílias – a quem os acidentes da vida ração com o resto da economia, vão ser Não creio que daí venham grandes efei-
atrapalham os planos e podem criar situa- conselheiros dos seus clientes, no sentido tos sociais. Admito até que a preocupação
ções que não tinham sido previstas. de os ajudar a responder a esse desafio, maior que terá levado o BdP a ter esse tipo
E em relação à subida da dívida porque esse vai ser um desafio coletivo. de ação é que, estatisticamente, Portugal

11
aparece um pouco como outlier na com- essas situações mais difíceis, de empresas e isso é porque sabe. Mas o desafio essencial
paração estatística com outros países, com famílias, é o papel do Estado. As indicações dos bancos é a rentabilidade. Culturalmen-
prazos mais elevados e isso na fotografia que tenho - não tenho acesso a informação te tem vindo a ser criada uma adversida-
geral pode parecer menos agradável. Creio que não seja pública - é que não há nenhu- de à ideia de lucros elevados, no entanto,
que esse terá sido o principal motivador da ma preocupação significativa nessa frente. numa economia de mercado – que é aquela
medida. Não creio que tenha sido pedida Tanto mais que a economia tem vindo a em vivemos e a que melhor satisfaz as aspi-
ou desejada pelos bancos. responder. Temos um nível de desemprego rações de bem-estar social da humanidade
Obviamente que o prazo mais longo per- baixo. A atividade está a recuperar e isso em geral e que ajudou a reduzir os níveis de
mite encurtar a mensalidade. O efeito por si é um adicional de segurança. pobreza no mundo – há uma lógica intrín-
será mais percetível nas camadas mais seca, que é a necessidade de atrair recursos,
jovens, quando se endividam pela primei- O que é preciso para melhorar a nomeadamente capital. É importante ha-
ra vez, porque um prazo mais longo, lhes rentabilidade? A redução de custos é feita ver capital para atrair talento e criar valor.
permite atenuar a mensalidade de entra- na banca através da redução do número
da nesse mercado. de pessoas e do encerramento de balcões? A rentabilidade baixa compromete
Para melhorar a rentabilidade a banca tem o futuro da banca?
Os bancos têm estado a apostar no de aumentar as receitas e diminuir os cus- As empresas, para captarem capital, têm de
crédito ao consumo. Não considera que tos. Portanto tem de ter uma maior racio- oferecer uma rentabilidade adequada, que
isso pode ser um fator de risco para a nalização de custos e tem de alargar as suas seja superior ao custo desse capital. Sem
qualidade da carteira? fontes de rendimentos. atrair capital, não conseguem expandir a
Temos a economia a crescer, é natural que Olhando para o mundo em geral e para os atividade e isso compromete o crescimen-
isso se traduza num maior volume de cré- países mais próximos de Portugal isso tem to das próprias empresas que dependem
dito, quer oferecido, quer pedido. Toda a sido uma tendência. Isto não é um fenóme- do crédito bancário. O que temos hoje é
concessão de crédito envolve risco, é da no particular dos bancos portugueses ou que a rentabilidade dos bancos tem estado
natureza da operação. Do lado da ofer- da banca ibérica é um fenómeno da banca aquém do custo do capital. O que signi-
ta, os bancos estão suficientemente trei- em geral e decorre, em grande parte, das fica que se os bancos não superarem essa
nados e habilitados a avaliar e ponderar transformações tecnológicas que foram barreira vão ficar condicionados no seu
os riscos em que podem incorrer e cada aceleradas pela pandemia. Por um lado, crescimento e limitados no apoio à expan-
um terá o seu próprio apetite de risco. Os a digitalização dos processos e dos canais são da economia. Enfatizo a importância
bancos não concederão crédito sem faze- de contacto dos clientes com os seus ban- do apoio às empresas que depois vão criar
rem uma avaliação prévia das condições cos tornaram redundante a elevada rede valor, emprego e PIB. Precisamos de ter
do cliente e de o ajudarem a fazer a simu- agências. A redução de custos nunca será bancos sólidos e rentáveis com capacida-
lação da sustentabilidade para a sua vida. um processo totalmente concluído porque de para apoiar a expansão das empresas.
Mas isto não evita que haja acidentes que estas coisas estão sempre em movimento. Mas para olhar para a rentabilidade não
baralham os planos dos clientes e os colo- nos podemos focar no volume dos lucros
cam em situação difícil. Incomoda-me ver A redução de pessoal porque o que conta é a relação dos lucros
algumas vezes juízos paternalistas sobre vai continuar na banca? com o capital investido.
as pessoas. Parto do princípio de que as Mesmo em relação ao redimensionamento
pessoas que pedem crédito fazem contas dos quadros de pessoal, e ainda que aqui- Está a dizer que devemos olhar para o
às possibilidades que têm. Sei que os ban- lo que tenha sido mais visível tenha sido ROE e não para os resultados líquidos…
cos também fazem as suas contas e têm a redução líquida do número de pessoas, A banca hoje é dos sectores que tem mais
regras estritas para o fazer, e que é do seu há um fenómeno a que não podemos ser capital investido na atividade e, portanto,
interesse aconselharem os clientes no ca- alheios, que é o facto de ter havido uma re- tem de ter lucros mais altos para ter uma
minho da sustentabilidade financeira. dução de um determinado número de fun- rentabilidade satisfatória. Os lucros, só
ções e o aumento de outras. Hoje em dia por si, não dizem nada; tem que se ver a
Os bancos já fizeram o seu trabalho a banca tornou-se numa atividade muito taxa de rentabilidade (lucros/capital). Há
na limpeza do malparado? mais tecnológica, o que a leva a necessitar outros setores com menos lucros do que
Acho que sim. Uns, mais, outros em pro- de recursos humanos com maior formação a banca, mas com taxas de rentabilidade
cesso. Se se recordar, quando as moratórias tecnológica e com menos talento analógi- muito mais elevadas, porque têm menos
acabaram e houve uma grande ansieda- co. E que se traduz numa recomposição e capital investido.
de, a resposta que os bancos deram qua- não apenas numa redução. Os bancos estão a regressar aos dividen-
se unanimemente é que não antecipavam Recentemente o CEO do BPI disse que as dos. Considera que o estão a fazer de uma
nenhum sobressalto, macroeconómico ou comissões são necessárias num ambiente forma prudente? Poderá haver algum ex-
de sustentabilidade financeira. Isto sem de taxas negativas, mas que a subida das cesso depois do travão imposto pelo BCE?
prejuízo de reconhecerem que pode haver comissões estaria perto do fim. Concorda? Acho desejável que os bancos com con-
situações pontuais insuperáveis. Atender a Se o CEO do BPI, que está no terreno, diz dições para isso, possam distribuir divi-

12
ENTREVISTA
dendos. As empresas têm de distribuir
dividendos, pois é essa a razão pela qual
os investidores nelas aplicam capital: para
obter um retorno. A prudência que tem
de haver na distribuição de dividendos na
banca resulta da especificidade que tem a
sua atividade. Por exemplo, quando cer-
tas decisões no curto prazo gerem impa-
ridades mais tarde. O curto prazo pode
dar uma imagem distorcida da criação de
valor, como ocorreu no caminho da crise
financeira. Mas hoje estão criadas as salva-
guardas para que isso não aconteça.

Os bancos estão preparados para o


regresso das almofadas de capital
regulatório que deixaram de ser exigidas
temporariamente pelo BCE na resposta
à pandemia. Não considera que o capital
possa ser um trigger para provocar fusões
entre bancos?
Os bancos tinham obrigação de antecipar
o regresso das almofadas e por isso terão
tomado as devidas precauções. A capaci-
dade de atrair capital para apoiar o desen-
volvimento é a questão crucial e por isso
os bancos têm de ter rentabilidade. Ob-
viamente que se houver individualmente
instituições que não consigam responder
a esse desafio ficam mais vulneráveis. A
análise de movimentos de consolidação
não pode ser feita olhando apenas para
o nosso retângulo, porque fazemos parte
de um mercado europeu e de um mercado
global e todos os participantes nesse mer-
cado estarão permanentemente a analisar
as oportunidades e as ameaças que esse
mercado lhes oferece. No que respeita ao
mercado português, posso apenas dizer
que me parece bem servido.

Quais são, não sua opinião, os custos


de contexto de um banco em Portugal?
A banca portuguesa está sujeita a desvan-
tagens competitivas, com origem em regras
nacionais, que são contraproducentes até
para o interesse final das autoridades que as
criam e mantêm. Começando pela fiscali-
dade. A banca está sujeita a um conjunto de
exigências fiscais e parafiscais sem paralelo
noutros sistemas bancários com que con-
corre. Isso decorre muito do enviesamento
de se olhar para o volume de lucros sem
atender à (baixa) rentabilidade. Criou-se a
contribuição extraordinária num contexto

13
de crise económica, que depois foi supera-
do, mas a contribuição manteve-se.

E sobre as contribuições
para o Fundo de Resolução?
Criou-se a ficção do Fundo de Resolução
e da necessidade de os bancos “bem com-
portados” pagarem as suas intervenções,
através de contribuições extraordinárias
para o Estado. As intervenções que foram
feitas nos bancos [BES e Banif], foram-no
por interesse público e já foram refletidas
nas contas do Estado (quer no Orçamento,
quer na dívida), pois o Fundo de Resolu-
ção é uma entidade do Estado e consolida
com o Estado. As contribuições extraordi-
nárias a que a banca está hoje obrigada
são receitas que acorrem aos Orçamentos
actuais, são receitas para financiar as des-
pesas contemporâneas. São, do ponto de
vista económico, e independentemente da
paramentação jurídica que lhe ponham
em cima, impostos extraordinários que
incorporam o orçamento das administra-
ções públicas e que servem para financiar
a despesa contemporânea. Fazem parte da
gestão orçamental anual. Como tal são
um imposto corrente que incide especifi-
ca e injustamente sobre a banca. Não tem
base moral ou racional aceitáveis e cria
uma desvantagem concorrencial face aos bancário em 2020 para financiar a seria, na sua opinião, o modelo de negócio
bancos que podem operar em Portuga, segurança social. Acha que ambas dos bancos? Os banqueiros têm falado
sem estar cá localizados, e concorrem em as contribuições vão manter-se de uma banca de “parcerias”…
vantagem – com menos custos (menos im- no OE de 2022? Cada banco vai ter de adaptar o seu mo-
postos) – nos negócios de menor risco da Esse é outro. Foi criado numa situação de delo de negócio às novas exigências e cada
atividade bancária. crise pandémica e hoje em dia não tem se- um pode optar por caminhos diferentes,
quer a justificação que o criou e continua essa é a essência da concorrência numa
Isso é uma desvantagem competitiva… a manter-se porque é uma receita cor- economia de mercado. Não têm de chegar
Hoje em dia, os bancos portugueses quando rente do Estado. E mais uma vez é uma todos ao mesmo modelo de negócio. A úni-
abrem a porta no início do ano, sem terem discriminação sectorial já que é discutível ca coisa que me parece certa é que a banca
ainda qualquer negócio, já têm um custo sobre se deveria ter incidido apenas sobre vai ser mais tecnológica no futuro. Agora
em cima – uma espécie de “imposto de por- a banca. Eu acredito sempre que, mais há coisas que não antevejo que mudem. A
ta aberta”. Entram numa corrida com um cedo ou mais tarde, o bom senso preva- banca existe para intermediar crédito, para
saco de tijolos às costas. Para assegurar a lece e que o Governo terá o bom senso captar recursos e emprestar a quem precisa.
rentabilidade necessária para atrair capital de perceber a iniquidade que isto envolve, Se esta função deixar de existir, deixam de
e poder servir a expansão da economia, são nomeadamente por desfavorecer as enti- ser bancos para passarem a ser outra coisa.
obrigados a um esforço maior de captação dades que estão localizadas em Portugal Os processos para fazer a intermediação de
de receitas – preço dos serviços prestados – e estar assim a favorecer o desvio da ati- crédito é que provavelmente irão mudar e
e de redução de custos (incluindo reduções vidade bancária para fora do país, favo- aí a componente tecnológica será maior e
de pessoal]. Ou seja, toda a economia aca- recendo a deslocalização de empregos, de com maior utilização da inteligência artifi-
ba por sofrer as consequências dessa fisca- criação de valor e da base fiscal. Embora cial. A própria forma dos pagamentos e de
lidade discriminatória sobre a banca e daí também perceba as dificuldades dos deci- transferências vai ser mais digital.
esta ser contraproducente para o interesse sores políticos. A forma habitual de resol-
final das autoridades. ver estas contradições é adoptar proces- Como é que os bancos reagem
sos de transição, com gradualismos. a esses novos desafios?
O Governo criou uma contribuição Ou desenvolvem as novas capacidades
adicional de solidariedade sobre o setor Se tivesse de fazer uma antevisão qual internamente ou obtêm-nas no exterior,

14
ENTREVISTA

A forma de assegurar que as novas moe-


das digitais oficiais vão produzir um bem
maior sem criar um mal maior é, pois, o
desafio que está em cima da mesa. Tem de
ser assegurado que o remédio não mate o
doente. Isto é, que não tem efeitos cola-
terais mais adversos do que os benefícios
visados.
Não nos podemos esquecer que quer o
numerário, quer as criptomoedas são ins-
trumentos preferidos das transações an-
ti-sociais – marginais, criminosas, ou de
evasão fiscal e por isso percebo a preocu-
pação das autoridades.

Considera que a Plano de Recuperação


e Resiliência, num país com maioria
absoluta, é uma oportunidade?
Obviamente que o PRR é uma oportuni-
dade importantíssima. O país tem todo
o interesse em tirar o maior partido dela.
Se não for assim, a geração vindoura não
perdoará à geração atual ter desperdiçado
esta oportunidade. Relativamente à ques-
tão da governabilidade, a existência de
uma maioria absoluta num partido histo-
ricamente moderado torna mais fácil con-
cretizar os programas e os objetivos, uma
através de parcerias ou aquisições. As fin- complemente, mas não substitua vez que fica mais livre de constrangimentos
techs vieram trazer desafios e contributos o numerário. Quer comentar? mais radicais. Mas o resultado concreto vai
novos que podem ser um instrumento de O euro digital é inevitável, mas o forma- depender da vontade política e, sobretudo,
uma futura miscigenação de espécies den- to final ainda não é claro. O impacto do dos mecanismos de governance que sejam
tro do ecossistema bancário. Já as ameaças euro digital, no seu total, é neste momento postos em prática. Porque uma das maio-
que vêm das grandes plataformas são de imprevisível. Uma das preocupações dos res vulnerabilidades do nosso país é a qua-
outra natureza, porque são ameaças ao bancos centrais é a concorrência das crip- lidade da governance, pública e privada.
próprio ecossistema. As fintechs são uma tomoedas ao numerário. Hoje em dia há
nova espécie que entrou no ecossistema uma limitação na conversão dos depósitos Na sua perspetiva o Banco de Fomento
existente e levará a um ajustamento num em numerário, por razões físicas. A partir tem um papel importante
novo equilíbrio sistémico. Mas as big te- do momento em que o numerário se trans- para as empresas e tem corrido bem
chs são um novo ecossistema que amea- forma em digital, deixa de haver essa li- a convivência com o setor bancário?
ça o ecossistema existente. O que há que mitação física, o que possibilitaria, a qual- Se a iniciativa de criar o Banco de Fomen-
assegurar, em ambos os casos, é que a quer momento, e em extremo teórico, que to é boa ou má vai depender dos resul-
regulação é justa e, portanto, semelhante todos os recursos bancários se pudessem tados. O ideal que motivou a criação da
para todas as actividades equivalentes. O converter em moeda digital. Transformar instituição foi bom. Na convivência com
que hoje acontece é que a regulação sobre todos os depósitos bancários em moeda o setor bancário não há nenhuma adver-
as novas atividades, é muitíssimo menor digital do banco central implicaria que os sidade, cada um tem a sua missão e am-
e mais permissiva do que a da atividade próprios bancos centrais tivessem de ter bas se complementam. Há um potencial
bancária e isso desnivela bastante o terre- uma dimensão incomensurável que os tor- de desenvolvimento de sinergias entre os
no concorrencial, quer dentro do ecossis- naria quase ingeríveis, pois nesse caso, te- bancos e o Banco de Fomento que é favo-
tema bancário, quer entre os dois ecossis- riam de passar a gerir centenas de milhões rável ao país.
temas. Espero que os reguladores corrijam de clientes o que é em si uma dificuldade
rapidamente esse desnível. prática. Por outro lado, tornaria mais di- O Banco Português de Fomento
fícil a atividade de crédito à economia. pode vir a ser associado da APB?
Mário Centeno disse recentemente Isto não é o desejo de ninguém, porque O BPF é uma sociedade financeira e não
que o objetivo do euro digital é que teria resultados contraproducentes. um banco. O problema nunca se colocou.

15
Por Maria Teixeira Alves CENÁRIO MACROECONÓMICO

Banca em 2022 obrigada a operar


num ambiente de incerteza económica
O mundo passou de repente de uma expectativa de subida dos juros face à subida de inflação que
ajudaria à receita dos bancos para um cenário potencial de recessão económica decorrente das sanções
à Rússia que adiam eventuais mudanças na política monetária.

O
mundo voltou a mudar quando Portanto “continuar a acompanhar e dívida pública. “Quer por via da subida da
no passado dia 24 de fevereiro apoiar os créditos que tiveram moratória, taxa de juro, mas sobretudo pela subida do
estoirou o conflito entre a Rússia apoiando famílias e empresas que possam spread de crédito da República”, defende
e a Ucrânia com a intervenção militar de vir agora a sentir dificuldades em encon- um dos banqueiros contactados pelo JE.
Putin no país vizinho. De repente a subida trar soluções atempadas para evitar incum- A mesma fonte acredita que “globalmente
das taxas de juros pelo BCE, que até aí era primentos”, é uma das principais missões vai ser positiva a subida dos juros, sobre-
vista como provável, voltou a desaparecer dos bancos este ano, segundo fonte. tudo para os maiores bancos do crédito à
no horizonte. “Há ainda que contar com as novas habitação”, como por exemplo a CGD.
Vítor Constâncio, ex-vice presidente regras de backstop que implicam a impa- “Lidar com a incerteza relativa aos
do BCE, foi dos primeiros a alertar que rização acelerada de certos créditos convi- ajustamentos (e o ritmo) da política mo-
as economias europeias irão entrar em dando à venda mais agressiva de NPLs e netária do BCE, nomeadamente com o
recessão por causa do conjunto alargado imóveis recebidos em dação”, alerta, por eventual fim do TLTRO III [operações de
de sanções à Rússia e recomendou que seu turno, outro dos banqueiros. financiamento de longo prazo], alterações
os membros mais críticos da estratégia No que toca às receitas, a banca, que à presença no mercado obrigacionista, e
acomodatícia do Banco Central Europeu já estava a contar com uma subida mode- incerteza quanto à evolução do tiering”,
(BCE) devem rever as suas posições peran- rada e gradual das taxas de juros naquilo é outro dos desafios segundo outra fonte
te esta ameaça ao crescimento económico. que chamavam de movimento de “norma- da banca. Recorde-se que em setembro de
Gerir um eventual cenário de baixo lização” dos juros, volta a ter de encarar o 2019, o Conselho do BCE anunciou a in-
crescimento económico e elevada inflação cenário de prolongamento de taxas de juro trodução de um sistema de dois níveis para
é um dos maiores desafios da economia baixas em face do menor crescimento eco- a remuneração de reservas excedentárias
em 2022 e bem assim da banca. nómico. “Com as indicações que o BCE (tiering), com o objetivo de apoiar a trans-
Este será também o ano do Plano de tem dado, e agora com a crise da Ucrânia, missão da política monetária através dos
Recuperação e Resiliência e uma fonte do a haver subida, é provável que seja lenta bancos e, assim, salvaguardar o contributo
sistema bancário lembrou que “os ban- e estando as taxas em níveis negativos até positivo da política de taxas de juro nega-
cos vão ser chamados a criar ofertas para chegarem a causar impacto o mais prová- tivas para a orientação acomodatícia da
apoiar a empresas que necessitem de con- vel é que já não seja em 2022”, defende política monetária.
dições para poderem vir a aceder a opor- uma fonte da banca. O desafio mais relevante para a banca
tunidades do PRR”. Por sua vez, outro dos responsáveis do continua a ser o da rentabilidade. Com um
Na lista de desafios para 2022 surge à sector lembrou que eventual uma subi- ROE (rentabilidade dos capitais próprios)
cabeça um risco de aumento da sinistrali- da de taxas de juro será benéfica a prazo de menos de 10%, e com um custo do ca-
dade do crédito, decorrente da saída das para a receita dos bancos de retalho, mas pital acima disso, a capacidade de atrair
moratórias e da redução do crescimento esses benefícios só se verão num horizonte capital fica comprometida. “As empresas,
económico, previsto em face do conflito de dois anos, já que no imediato a subida para captarem capital, têm de oferecer
militar entre a Rússia e a Ucrânia. “Há que dos juros pode até deteriorar a carteira de uma rentabilidade adequada, que seja su-
ver o efeito que as alterações recentes, o perior ao custo desse capital”, defende o
conflito geopolítico no Leste, a subida das presidente da Associação Portuguesa de
matérias-primas e a disrupção nos custos De repente a subida Bancos (APB).
energéticos irão ter em alguns sectores”, das taxas de juros pelo O outro desafio da banca cruza-se com
refere fonte da banca. o da sociedade em geral e é o desafio do
No entanto, fontes do sector não acre- BCE, que era vista ESG (environmental, social and corporate
ditam que esse aumento do malparado governance). A banca portuguesa já inte-
seja já sentido este ano, mas sim no pró-
como provável, voltou a grou por completo os critérios ESG nos
ximo ano. desaparecer no horizonte seus planos de negócio? Essa é a questão

16
que irá ocupar os gabinetes dos gestores sárias em qualidade e quantidade para a mofada de capital de ambos. No caso do
dos bancos nos próximos anos. Esse de- transição digital”, é desses. BCP a ausência de fortes acionistas para
safio vai influenciar a banca e alterar as Volta a estar em cima da mesa o tema investir no banco em eventuais aumentos
políticas de crédito no longo prazo. Re- da fragmentação da cadeia de valor que de capital pode ser um obstáculo. Este será
centemente o vice-presidente do BCP, João está a aumentar o que torna relação com um começo exigente do segundo manda-
Nuno Palma, disse em entrevista ao JE, que os clientes num espaço cada vez mais com- to de Miguel Maya que arranca este ano.
no futuro a banca vai ter dificuldade em petitivo. Donde “a banca de parcerias”, Além do problema desencadeado pela ne-
financiar as empresas menos sustentáveis e nomeadamente com fintechs, poderá assu- cessidade contínua de constituir provisões
que os bancos vão passar a ter de reconhe- mir um papel relevante este ano. para os riscos de litigância dos clientes com
cer os riscos climáticos dos clientes. O rácio de capital é o outro desafio do créditos em francos suíços na Polónia, pai-
Portanto, apoiar as empresas suas clien- sector. Fonte de um dos maiores bancos ra sobre a cabeça do BCP outro machado –
tes que estão a necessitar de evoluir para se explicou que “em final de 2022 os rácios os ativos por impostos diferidos (DTA) ao
ajustarem às dificuldades nas cadeias logís- de capital voltarão aos níveis regulatórios abrigo do regime especial trazem incorpo-
ticas e aos crescentes requisitos ESG, está de antes da pandemia”. Os bancos têm de rado um risco de o Estado entrar no capital
entre os principais desafios da banca. estar preparados para o regresso das almo- do banco privado caso a instituição registe
Este ano o desafio são os testes de stress fadas de capital regulatório que deixaram prejuízos nas contas individuais. Miguel
climáticos que darão mais importância a de ser exigidas pelo BCE na resposta à pan- Maya não pode correr esse risco.
essa componente. “Quero crer que os pró- demia. Isto pode pressionar algumas insti- Também a relação entre acionistas do
prios testes de stress terão também uma tuições a aumentar o capital ou a qualida- Novobanco será um tema de 2022 com
função pedagógica, que avaliem as vulne- de do capital. Desde logo os bancos vão um elefante na sala que é o acordo de capi-
rabilidades que terão de ser ultrapassadas, ter de continuar a responder aos requisitos talização contingente (CCA) assinado em
e daí decorra um calendário e condições regulatórios (MREL - (Minimum Requi- 2017 e que ainda tem capital disponível.
para a sua superação. E que, se houver al- rement for own funds and Eligible Liabi- Se o Novobanco tiver de aumentar o ca-
gum problema não se passe de imediato a lities) e resultantes do SREP - Supervisory pital por força das exigências regulatórias
situações penalizadoras. Acredito no bom Review and Evaluation Process (pilar II). terá de recorrer ao CCA, tal como o Jor-
senso”, defendeu o presidente da APB. “Haverá a necessidade de manter a nal Económico noticiou. Mas, em reação,
A consultora Roland Berger concluiu almofada de solvabilidade (o famoso o Governo e o Fundo de Resolução já vie-
num estudo recente que o Covid foi um MREL) que pode implicar emissões de ram afastar esse cenário.
acelerador da mudança no sector, mas não obrigações num mercado impróprio para Este será também o ano onde se verá
alterou estruturalmente os modelos de ne- cardíacos”, refere um dos banqueiros ao quão bem-sucedido foi o “turnaround” do
gócio – os clientes continuam a adaptar-se JE. Aqui, será mais difícil para os bancos Novobanco (vai ter de receber da Comis-
a um ritmo mais rápido que os Bancos, mais pequenos que terão mais exigências são Europeia a certificação de que o plano
criando espaço a novos operadores de mer- de capital e menos acesso aos mercados. de reestruturação está concluído) e se ca-
cado. Portanto, os desafios da digitalização No leque dos grandes bancos os requisitos minha para se tornar um player compra-
mantêm-se na agenda. “Ter colaboradores de capital podem ser um tema do BCP e dor ou se o seu acionista, a Lone Star, está
com as competências e capacidades neces- do Novobanco por causa da apertada al- a preparar o caminho para vender o banco.

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Parceiro Financeiro

Os novos desafios
e as oportunidades que estão
a moldar o sector financeiro
A KPMG Portugal tem uma Partnership timar, mas parece razoável assumir que
composta por 63 membros e integra 1300 serão profundos, duradouros e com im-
Rodrigo Lourenço
colaboradores, nos escritórios de Lisboa pacto global.
Partner e Head
e Porto, que de forma apaixonada e com
of Financial
A KPMG tem uma equipa de profissio-
propósito trabalham lado-a-lado com os
Services da KPMG nais multidisciplinar (Audit, Advisory e
nossos clientes, combinando abordagens Tax) exclusivamente dedicada a apoiar
inovadoras com uma vasta experiência, de instituições financeiras a gerir os desa-
forma a entregar resultados efectivos. fios e a maximizar o valor das oportuni-
Novos desafios e oportunidades estão a dades que se colocam. As nossas equipas
A rede global da KPMG está presente em
moldar o sector financeiro – do Cresci- de Audit & Assurance, Management &
146 países e territórios e em 2020 teve
mento à Eficiência operacional; da In- Risk Consulting, Technology Consul-
cerca de 227 mil profissionais a trabalhar
teligência Artificial ao Data Analytics; ting, Deal & Strategy Advisory e Tax são
nas firmas membro a nível mundial.
das Fintech & Insurtech às Open Plat- reconhecidas, nacional e internacional-
A KPMG Portugal é, actualmente, liderada por: forms; da Blockchain & Digital Assets ao mente, como líderes nas suas áreas de
Cyber-risk; das alterações no Customer actuação, pela sua expertise, experiência
»» Vitor Ribeirinho
behaviour às evoluções da Workforce; e capacidade de desenhar e implementar
(CEO/Chairman)
sem esquecer, naturalmente, o impera- soluções integradas e inovadoras.
»» Luís Magalhães
tivo dos princípios ESG. As instituições
(Head of Tax)
financeiras têm de dar resposta a todos O compromisso da KPMG
»» Nasser Sattar com o sector financeiro
estes desafios, enquanto lidam e operam
(Head of Advisory) num contexto económico e regulatório Investimos continuamente em pessoas,
»» Paulo Paixão de grande competição, exigência e em tecnologias, bases de dados e metodolo-
(Head of Audit) permanente evolução. gias, com o objectivo de servir as insti-
É ainda inevitável referir o profundo tuições financeiras com soluções inova-
SÓCIOS impacto no sector financeiro provocado doras e integradas.
»» Rodrigo Lourenço pela pandemia Covid-19 e pelas respos- Diferenciamo-nos pelo profundo co-
»» Ricardo Rosa tas dadas pelos vários agentes económi- nhecimento e experiência no sector
»» José Ratinho cos (públicos e privados) à crise sanitá- financeiro e pela capacidade única de
»» João Sousa ria e económica. Entre vários factores assessorar os nossos clientes na perse-
»» Pedro Loureiro destacamos (i) a moratória de crédito cução dos seus objectivos.
»» João Madeira (que em Portugal se revelou de extrema Colaboramos com bancos, seguradoras,
»» Pedro Penedo importância para famílias e empresas); instituições de pagamentos, gestores de
»» Alexandre Correia activos e mercado de capitais nas mais
(ii) o acelerar da transição para o digital
»» Rui Gonçalves
da interacção com clientes e das opera- variadas dimensões (não exaustivo):
»» Pedro Dias
ções internas; e (iii) as novas formas e — Estratégia, M&A e integração post-
»» Miguel Afonso
métodos de trabalho (remoto/híbrido). -merger;
»» José Nunes
»» Hugo Cláudio Por outro lado, um dos principais fac- — Redução de custos, desenho orga-
»» Filipe Grenho tores a moldar o sistema financeiro nos nizacional e enhancement de modelo
»» Miguel Baptista próximos anos será a antecipada subi- operativo;
da das taxas de juro e os seus efeitos na — Aumento de receitas, customer expe-
EQUIPA economia e nos balanços das institui- rience;
»» Audit FS 70 ções (eg. melhoria da margem financei- — Transformação digital, data & analy-
»» MRC 77 ra, pressão sobre a valorização de alguns tics, robotização e IA;
»» Tech 182 activos financeiros). — Regulação, gestão de risco e cyber-
»» Deal 22 E, finalmente, no seguimento do con- -security;
»» Forensic 28 flito armado que deflagrou e se vive — Governance, auditoria e controlo in-
actualmente na Ucrânia, existirão cer- terno;
www.kpmg.pt tamente impactos ainda difíceis de es- — Fiscalidade.

Lisboa: (+351) 210 110 000 | Edifício FPM41, Av. Fontes Pereira de Melo, n.º 41 - 15.º 1069-006 Lisboa
Porto: (+351) 220 102 300 | Edificio Burgo, Av. da Boavista, 1837, 16º, 4100-133 Porto

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Parceiro Tecnológico

NextBITT focada na sustentabilidade


para gerir e otimizar ativos físicos
A NextBITT é uma empresa tecnológi-
ca 100% portuguesa que oferece uma
solução inovadora vocacionada para a
gestão e otimização de ativos físicos,
edifícios e serviços indispensáveis ao
negócio de todas as organizações. Em-
bora ainda na sua juventude, a entrar no
sétimo ano de atividade, já conta entre
os seus clientes com players de refe-
rência em sectores tão diversificados
como – Banca, Utilities, Transportes,
Saúde, Indústria e Arenas. A NextBITT
trabalha em prol do desenvolvimento
constante e contínuo de uma solução
técnica mais segura, eficaz e fácil de
utilizar, focada no compromisso ético
ambiental dos seus clientes na adoção
das boas praticas de sustentabilidade,
onde disponibiliza módulos de SGE – Miguel Salgueiro
Founder Partner
Sistema de Gestão Energética e SGA - da NextBITT
Sistema de Gestão Ambiental, assentes
na ISO 14001.
A plataforma NextBITT de gestão de As- tórios, identifica melhorias de eficiência nomeadamente os Objetivos de De-
set & Facility Management, permite de com base em algoritmos de IA. senvolvimento Sustentável e a Agenda
forma simples a gestão do ciclo de vida De igual modo permite a gestão cen- 2030.
útil dos ativos físicos, digitalizando pro- tralizada de documentos e dados de Num mundo focado nos desafios da sus-
cesso operacionais, integrando infor- sustentabilidade de todas as áreas de tentabilidade e na exigência do enqua-
mação de sensores para analise de todo negócio da empresa ou grupo empre- dramento legal e regulatório, empresas
o tipo de consumos: energia, água, qua- sarial o que facilita o acompanhamento como a NextBITT oferecem, já hoje, as
lidade do ar (co2) dos espaços, ocupação em tempo real, permitindo a definição ferramentas críticas para que as organi-
dos espaços, entre outros. de planos de ação de sustentabilida- zações possam no curto prazo monitori-
A título de exemplo, o módulo SGA, de, desdobrados em iniciativas, tarefas zar e otimizar o seu impacto ambiental
simplifica o cumprimento da confor- e sub-tarefas potenciando o acompa- garantindo total transparência com to-
midade ambiental e os relatórios de nhamento do seu progresso e eventuais dos os seus stackeholders bem como o
sustentabilidade em toda a organização ajustes ou alterações que visem o rápido envolvimento de todos os colaboradores
numa visão Top-Down, desde os depar- cumprimento das metas definidas com na persecução dos objetivos de redução
tamentos, às infraestruturas até aos ati- eficácia sem por em causa a valorização da pegada ambiental.
vos físicos. Esta solução garante a gestão dos recursos promovendo organizações Acreditamos e estamos a conseguir
do cálculo da pegada carbónica, com mais sustentáveis. envolver os nossos clientes nesta di-
base em toda a informação de gestão de A NextBITT conta atualmente com cer- nâmica da sustentabilidade, porque a
ativos físicos: métricas de qualidade de ca de 40 colaboradores onde se incluem tecnologia de gestão dos ativos físicos
energia, água, gás, combustíveis fosseis profissionais altamente qualificados e NextBITT proporciona um sem número
e rastreio de resíduos perigosos produzi- com vasta experiência no mercado e jo- de caminhos possíveis com aferição de
dos, bem como o ambiente interior dos vens talentosos, com maior consciência resultados em tempo real, fatores críti-
edifícios. dos desafios atuais que em conjunto com cos para promover a mudança e tornar
Num âmbito mais lato a plataforma as equipas dos clientes acompanham e as empresas mais sustentáveis com efi-
NextBITT coleciona automaticamente asseguram, a par e passo, responder aos ciência e propósito de contribuir para
dados de sensores, calcula KPI’s e rela- crescentes desafios de hoje e do futuro um mundo melhor.

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Parceiro Tecnológico

A capacidade de gestão e o conhecimento


funcional são fundamentais para a excelência
dos serviços de Application Management
O que diferencia os vossos serviços inicialmente esperadas. Os nossos
de Application Management (AMs) Clientes sabem que quando existem di-
face à concorrência? ficuldades ou desafios, podem sempre
O que diferencia a nossa oferta é a fle- contar com a askblue para os ajudar a
xibilidade e a capacidade de gestão das ultrapassar, muitas das vezes até traba-
nossas equipas, aliadas ao conhecimen- lhando em equipa com diferentes áreas
to funcional que temos sobre as aplica- do Cliente. Não me recordo de nenhu-
ções. Neste tipo de serviços facilmente ma situação em que as dificuldades não
podemos estar a gerir dezenas de apli- tenham sido ultrapassadas.
cações num mesmo cliente, sendo es- Para a prestação do serviço, com a es-
tes fatores diferenciadores críticos para trutura e dimensão adequadas, é fun-
se poder lidar eficientemente com as Miguel Freire damental a partilha prévia e de forma
mudanças próprias dos ciclos de vida Partner da Askblue e responsável transparente pelos Clientes do histórico
pela área de Operations
de cada aplicação, algumas de elevada da manutenção aplicacional, abertura
complexidade e criticidade para a con- para a manutenção perfetiva adequada
tinuidade de negócio do Cliente. (“Service Desk”). Cada Cliente define as à dimensão do AM e do Cliente e espí-
Para conseguir assegurar uma resposta torres tecnológicas que pretende imple- rito de parceria que pode condicionar
de acordo com as expectativas do mer- mentar e o ecossistema aplicacional so- fortemente a qualidade e capacidade de
cado é preciso possuir a experiência e so- bre o qual vai ser prestado o serviço. resposta do prestador.
fisticação técnica/funcional para prestar Há serviços de AM que, no arranque
um serviço de qualidade, acrescidos de ou na continuidade, ainda comple- Como vê a evolução deste
níveis de eficiência elevados para con- mentamos com competências de User tipo de serviços na askblue?
seguir oferecer um serviço competiti- Experience(UX)/User Interface(UI), Esperamos continuar a crescer, respon-
vo. Nem todas as empresas do mercado Arquitetura, Renovação Tecnológica e/ dendo aos desafios que os nossos Clien-
conseguem estes requisitos, ou porque ou metodologias específicas de desen- tes nos colocam e conquistando um
são prestadoras multinacionais que não volvimento e operação. Contamos ainda maior número de novas referências de
são competitivas em preço ou porque são com uma área da askblue mais focada na AMs. Estamos já a preparamo-nos para
empresas que não têm as competências manutenção aplicacional em regime de esse crescimento e criamos um PMO
e/ou capacidade de adaptação adequa- nearshore, o ATC (Askblue Technology (Project Management Office) específico
das ao desafios neste contexto. Center), que apoia em termos de reforço de Operations onde são consolidadas
da capacidade, tão necessária para a fle- todas as lições apreendidas nos vários
Que tipo de serviços são xibilidade que se exige nos AMs. AM, melhores práticas, processos e me-
disponibilizado num AM? todologias. O objetivo é poder replicar
Num AM são assegurados tipicamente o Que tipo de clientes serviços de excelência, com as conse-
desenvolvimento de software para me- contratam estes serviços? quentes economias de escala e de gama
lhorias (análise funcional, estimativas de Essencialmente a Banca e, mais recen- para a companhia.
desenvolvimento, desenho técnico, tes- temente, um Cliente de referência no A ambição natural é complementar os
tes unitários e integrados), a pacotizacão sector segurador. Temos, contudo, ou- serviços de Application Management
para releases e suporte à passagem para tros Clientes em curso noutras áreas de com Service Management, responden-
os vários ambientes de desenvolvimento negócio. do assim a alguns desafios que temos re-
e produção, o apoio aos testes de aceita- cebido dos nossos Clientes, quer a nível
ção, a resolução de incidentes e os ser- Como garantem a qualidade nos vossos nacional bem como internacional.
viços de manutenção periódica. Podem, serviços de Application Management?
e têm sido, disponibilizados serviços de Como em qualquer desenvolvimento
Centros de Excelência (CoEs, responsá- aplicacional, em particular os de gran-
veis pela evolução da Arquitetura e Boas de complexidade como os AMs, exis-
Práticas), Piquete e suporte de 2ª linha tem sempre situações que não eram

Lisboa: +(351) 211 939 865 | Av. da Igreja n. 42 – 4º Dto. 1700-239 Lisboa | Email: marketing@askblue.pt | Site: askblue.pt

22
Parceiro Tecnológico

Retalho bancário
na era digital – Partner Hub
A experiência do setor nesta forma de parcerias com esses agentes, propor-
angariação de negócio em Portugal não cionando uma oferta mais agressiva.
é escrita de exemplos de grande sucesso Como? Abrindo o seu negócio a estes
em Portugal. Nos anos 90, assistimos ao agentes que obviamente obterão mar-
lançamento de diversas redes comer- gens sobre essas operações, bem como a
ciais por parte dos bancos apontadas possibilidade de adicionarem à sua pró-
a targets segmentados, e inclusive de pria oferta o complemento do suporte
balcões em regime de franchising puro. financeiro que permite a sua comercia-
Nenhum com resultados verdadeira- lização. Quer seja no âmbito dos meios
mente satisfatórios. de pagamentos, com cartões co-bran-
PEDRO FERREIRA
Muito mudou desde então para que o ded ou private labeled; quer no acesso
Head of Payments & Consumer Credit na Asseco PST
setor olhe para a delegação de com- ao crédito ao consumo.
petências comerciais em terceiros. Por seu lado, os bancos poderão oferecer
Alguns exemplos de sucesso saltam através desses canais produtos de afor-
à vista, como sejam a angariação de lho bancário: da orientação do passado ramento e investimento dentro dos pro-
crédito hipotecário por parte das me- virada para angariação, seleção e fide- cessos de fidelização da rede comercial
diadoras imobiliárias; o crédito, lea- lização do cliente, para a orientação na que dará o acesso ao cliente final.
sing ou renting automóvel nos stands angariação da qualidade da operação É aqui que entram as novas plataformas
e marcas; os cartões de fidelização nas bancária. de gestão da relação com o parceiro. Sis-
grandes superfícies com possível aces- Um mercado mais concorrencial levou a tematizando essa relação, espelhando
so a crédito; e, mais recentemente, que os clientes selecionassem a escolha no sistema procedimentos e validações
fruto das imposições da diretiva PSD2 da oferta a partir apenas das vantagens automatizadas, gerindo contratos que
e da orientação para o crescimento da financeiras e operacionais que cada um habilitam e limitam essa relação. Resol-
filosofia do Open Banking, as opera- pode oferecer. vendo problemas como a autenticação,
ções de pagamentos e cobranças a fin- E é aqui que entram os agentes não a disponibilização de produtos, o reem-
techs que as incorporam no seu port- bancários nesta equação. As grandes bolso das operações, a divisão/partilha
folio de intermediação. superfícies obtêm a fidelização pela lo- da rentabilidade das mesmas e, por fim,
Contribui para isto a concentração das calização. O mesmo acontece com as toda a reportabilidade analítica e opera-
marcas de retalho, quer com presença imobiliárias. As lojas on-line fazem-no cional. Garantido assim, processos to-
física, quer em plataformas e-commer- pelo preço ou exclusividade de produto, talmente seguros, que cumprem todas
ce, a tecnologia disponível e, do lado do à imagem dos stands de automóveis. As as normativas de compliance e que es-
setor, a dificuldade de criar novos canais fintechs ocupam os nichos de mercado tão operacionalmente otimizados.
de captação de negócio, com a tendên- custosos de alcançar para as instituições A Asseco tem criado soluções para o se-
cia de redução dos balcões e a limitação bancarias, obtendo aí a preciosa fideli- tor financeiro há mais de 30 anos e, de-
que existe na angariação de novos clien- zação. corrente da observação da tendência do
tes nas plataformas digitais. Perspetivando e focando-se apenas na setor, possui mesmo uma plataforma de
Assiste-se atualmente a uma mudança expansão da sua carteira de operações, gestão de parceiros – Partner Hub – para
do paradigma de crescimento do reta- será possível ao setor fazê-lo criando endereçar estas novas necessidades.
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23
Por Mariana Bandeira

Euro digital vai obrigar


a reinventar negócio bancário
Especialistas alertam que emissão da moeda virtual na zona euro terá de acautelar incógnitas
e riscos de privacidade e segurança e manter a banca de retalho como “guardiã”.

O
euro digital vai permitir a demo- aumentar potenciais desigualdades cria- no sector bancário, muito deles com cariz
cratização do acesso a pagamen- das pelo fosso digital”, alerta ao JE. forte ou exclusivamente digital, forçam
tos digitais na União Europeia Para o advogado Tiago Correia Mo- esta tomada de decisão”, explica o sócio
(UE) e será uma alternativa ao dinheiro reira, da área de Bancário e Financeiro, da Vieira de Almeida (VdA), sublinhando
físico sem o substituir, garantem os po- o euro digital significa a confirmação na que, para a chamada banca tradicional (a
líticos, académicos, juristas e regulado- banca da tendência de digitalização da de retalho), a chegada desta moeda pode
res contactados pelo Jornal Económico economia e de promoção da concorrên- “exigir uma ainda maior reinvenção do
(JE). Ainda assim, esta moeda virtual em cia, que se acentuou nos últimos anos. “O modelo de negócio e substituição das
formato CBDC (Central Bank Digital surgimento de novos modelos de negócio agências bancárias por modelos de con-
Currency) será revolucionária e poderá
excluir do mercado as empresas processa-
doras de pagamentos que não se saibam
reinventar num contexto financeiro sem
intermediários.
“Se vier a ser emitido, o euro digital
será a moeda digital do eurosistema, dis-
ponibilizada a particulares e empresas
para utilização nos pagamentos de re-
talho. A grande diferença face aos crip-
toativos é que terá curso legal, ou seja,
será aceite como meio de pagamento em
toda a área do euro. Será uma forma de
os cidadãos continuarem a ter acesso a
moeda de banco central num ambiente
em que existe uma crescente preferência
por meios de pagamento mais digitais”,
sintetiza fonte oficial do Banco de Portu-
gal (BdP).
A eurodeputada socialista Margarida
Marques reafirma que o euro, por sim-
bolizar a integração e a prosperidade da
UE, é dinâmico e está em permanente
construção. Logo, deve preencher as la-
cunas que ainda persistem, como a aces-
sibilidade aos cidadãos dos 19 países da
zona euro a pagamentos por uma app ou
a cofres online. “[Mesmo depois da pan-
demia] há que reconhecer que recorrem
maioritariamente a pagamentos digitais
os consumidores com rendimentos mais
elevados. O euro digital tem de priorita-
riamente ser complementar ao dinheiro
físico, não um seu substituto, evitando

24
EURO DIGITAL
tratação à distância, não presenciais”. quando o Banco Central Europeu (BCE) mico recorda que uma moeda tem essen-
Na ótica dos pagamentos, fará com publicou um relatório sobre a possível cialmente três funções: a transferência de
que todos os europeus comecem a uti- criação de uma moeda digital nos países valor (pagamentos), a reserva de valor e a
lizar carteiras digitais (wallets), que as da moeda única. No início do verão pas- medida de valor, enquanto unidade para
caixas registadoras dos supermercados se sado, o BCE voltou a dar um ‘baby step’ estabelecer preços. Na sua opinião, este
adaptem e se massifiquem as transações nesta matéria ao publicar um relatório no terceiro ponto é o mais relevante quando
digitais no quotidiano, como acontece na qual pondera avançar para a criação des- se fala em euro digital, pelas implicações
China com a WeChat e Alipay, exemplifi- te ativo, que, tanto quanto se sabe, não positivas para as atividades económicas
ca o professor Paulo Cardoso do Amaral, pretende instituir-se como uma alterna- e “porque afinal a propriedade é sempre
da Católica-Lisbon. “Consequentemente, tiva fundamentalista às moedas e notas, avaliada na moeda fiduciária”. “A partir
a indústria dos processadores de paga- mas “ajudaria a manter a autonomia dos do momento em que podemos programar
mento vai ter de se reposicionar rapi- sistemas de pagamentos domésticos e o a massa monetária de forma ecossitémi-
damente, e muitos dos fornecedores de uso internacional de uma moeda num ca, dada a natureza da sua representação
serviços vão provavelmente desaparecer mundo digital”, constituiria “apenas ou- sob forma de criptoativo, a banca como
por já não serem necessários no mundo tra forma de efetuar pagamentos na nossa um todo vai evoluir com as propriedades
peer-to-peer”, adverte o coordenador o moeda única” e “responderia à crescente do mundo DeFi [Finanças Descentraliza-
mestrado executivo em Gestão com espe- preferência dos cidadãos e das empre- das]. Vai ser uma revolução. É um mundo
cialização em Inovação Digital. sas por pagamentos digitais”, de acordo onde os produtos financeiros têm vida
É um cenário para daqui a quanto com o relatório “O papel internacional própria, executando as regras da regula-
tempo, se a emissão avançar? O debate do euro”. Neste momento, a instituição ção por desenho e a priori. Aliás, para os
mais firme começou em outubro de 2020 liderada por Christine Lagarde ainda se reguladores vai ser o paraíso. Isto signi-
encontra em fase de investigação sobre fica que a banca vai poder concentrar-se
este euro vanguardista, que a chegar a naquilo que é a sua verdadeira função co-
bom porto será num horizonte temporal mercial e de apoio à economia”, esclarece
de, pelo menos, quatro anos. o académico ao JE.
“Para os reguladores vai ser o paraíso: Para tal, é necessário acautelar incóg-
a banca vai poder concentrar-se naquilo nitas e riscos, entre os quais a segurança,
que é a sua verdadeira função comercial a privacidade dos dados e o equilibro en-
e de apoio à economia”, assegura Paulo tre direitos individuais e interesse público,
Cardoso do Amaral, que considera o euro segundo Margarida Marques. Ou seja,
digita um factor importante de evolução deve “assentar num sistema regulatório
para os bancos europeus. Todavia, esse que defina com clareza o funcionamento
nível de progresso dependerá sempre de do euro digital” e “ser cuidadosamente
como o supervisor envolver os bancos desenhado de modo a evitar quaisquer
na gestão desta “massa monetária” e os efeitos indesejáveis na política monetá-
mantiver como guardiões, para não se ria e na estabilidade financeira”. Portan-
correr o risco de perder liquidez. O acadé- to, será preciso avaliar bem “os ganhos
potenciais em eficiência e de que forma
influenciará o sistema de pagamentos já
existente”, diz a deputada da Aliança
“Vai ser uma revolução. Progressista dos Socialistas e Democratas
É um mundo onde os no Parlamento Europeu, que faz parte da
Comissão dos Assuntos Económicos e
produtos financeiros Monetários.
Aliás, esta é a principal preocupação
têm vida própria. dos bancos centrais, que não veem os
A banca vai poder criptoativos (bitcoin, ethereum…) como
verdadeiras moedas, dada a sua volatili-
concentrar-se na sua dade. “Um euro digital tem de satisfazer
verdadeira função as necessidades dos cidadãos europeus e
contribuir simultaneamente para preve-
comercial e de apoio nir atividades ilícitas e evitar qualquer
à economia”, diz impacto indesejável na estabilidade fi-
nanceira e na política monetária”, con-
professor académico clui o BdP.

25
Por Maria Teixeira Alves

Riscos de sustentabilidade
para os bancos virão dos clientes
Em 2022 os bancos sistémicos serão submetidos aos testes de stress climáticos do BCE. Mas ainda
não estamos perto do dia em que os resultados desses testes irão impactar no rating dos bancos.
Terão apenas uma função pedagógica.

O
s bancos, em 2022, terão em ca e alterar as políticas de crédito no lon- não se passe de imediato a situações pena-
cima da mesa os desafios rela- go prazo. “Mas no próximo ano o desafio lizadoras”, defendeu o presidente da APB.
cionados com a sustentabilidade. são os testes de stress climáticos que darão Vítor Bento lembrou que “nunca se
Não que o problema em si seja novo, mas mais importância a essa componente”, de- passa de um determinado estado para ou-
o tema ganhou importância nos últimos fende um dos banqueiros contactados pelo tro estado de um momento para o outro.
anos, pois o grau de consciência social Jornal Económico. Tem de haver processos de transição, de
sobre o problema ambiental subiu muito “Quero crer que os próprios testes de ajustamento, em que as instituições têm de
nos últimos tempos e as entidades regula- stress terão também uma função pedagó- ter tempo para o fazer”.
doras e de supervisão passaram a dar-lhe gica, que avaliem as vulnerabilidades que Tal como referiu recentemente, numa
uma atenção maior. O que lhe dá um foco terão de ser ultrapassadas, e daí decorra entrevista, o vice-presidente do BCP, “a
maior enquanto desafio para a banca e um calendário e condições para a sua su- transição climática vai endereçar a descar-
para a economia. peração. E que, se houver algum problema bonização, que é uma mega-tendência que
Apoiar as empresas que precisam de
se ajustar aos crescentes requisitos ESG
– Environmental, social and corporate
governance será uma das missões dos
bancos em 2022. Isto porque na banca,
o desafio virá sobretudo através dos seus
clientes, do grau de exposição e do grau
de vulnerabilidade que os seus clientes te-
nham a esse tipo de riscos.
“Os bancos vão ser também agentes
dessa transformação na sua interação
com o resto da economia. Vão ser con-
selheiros dos seus clientes, no sentido
de os ajudar a responder a esse desafio,
porque esse vai ser um desafio coletivo”,
defendeu em entrevista a esta publicação
o presidente da Associação Portuguesa de
Bancos, Vítor Bento.
“É do interesse dos bancos ajudar os
clientes - aqui falamos sobretudo de em-
presas - a navegarem essa dificuldade e a
transição da forma mais saudável possível.
E a fazer os ajustamentos em devido tem-
po”, acrescentou o presidente da APB.
A mesma opinião tem o vice-presidente
do BCP, João Nuno Palma, que recente-
mente disse que o sistema financeiro vai
ser um acelerador da transição climática.
A descarbonização é um imperativo.
O desafio do ESG vai influenciar a Ban-

26
SUSTENTABILIDADE
já vinha de trás e foi claramente acelera- conhecermos. Mas agora vamos ter de O presidente da associação de bancos,
da pelo contexto pandémico porque, em entender, também, os riscos climáticos destaca que “não fará sentido que as regras
2021, tivemos eventos climáticos brutais inseridos no modelo de negócio do clien- que venham a ser impostas sobre os con-
no mundo inteiro, com prejuízos inco- te e em que medida este poderá ficar em sumos de capital penalizem o investimen-
mensuráveis, mesmo na Europa”, lembrou causa se estes riscos climáticos se realiza- to em Portugal, tornando mais vantajoso
João Nuno Palma. rem. Ainda chegará a fase em que nós, os para os bancos em Portugal investir fora
“Mas há uma coisa que nós nunca nos bancos, ou não poderemos financiar ou, do país. Estou intencionalmente a esticar
podemos esquecer”, alertou o vice-pre- por outro, só financiaremos a custos de um argumento para chamar a atenção de
sidente do BCP, “a transição climática capital completamente incomportáveis”, possíveis exageros que é preciso prevenir”.
tem custos, tem dor, uma primeira dor avisou o banqueiro. “Creio que é do interesse de todos –
que tivemos já aconteceu, que foi a crise O mundo está finalmente a levar a sé- desde as autoridades políticas, aos regu-
energética. Não há magia neste processo rio a preocupação com o meio ambiente e ladores, aos intermediários, às empresas,
e, portanto, há sempre um período de 2022 será o ano em que os bancos come- aos cidadãos –, que Portugal continue a
transição de muita volatilidade. (...) Não çarão a desempenhar um papel decisivo. ser um país viável, desejável e com futuro
esquecendo que nesta descarbonização Não vai demorar até que os investi- promissor”, adiantou.
– e acho que o Plano de Recuperação e dores pensem os negócios de uma forma Os riscos de sustentabilidade para o
Resiliência endereça esta necessidade – as muito diferente, examinando não só os re- setor bancário virão sobretudo dos seus
empresas vão ter de fazer alterações aos tornos do património e os níveis de com- clientes. Isso terá de ser incorporado nas
seus modelos de negócio de modo a tor- petitividade das empresas, mas também matrizes de risco da avaliação dos bancos,
narem-se mais sustentáveis. Já não é mais o efeito do carbono na demonstração de defendem os responsáveis do sector.
possível esquecer esta questão. resultados e balanço. “É do interesse das próprias empresas
“Hoje em dia analisamos em detalhe No entanto é preciso saber o que vai o ajustarem-se a essas necessidades e faze-
o negócio das empresas nossas clientes, BCE estipular em termos de consumo de rem o seu caminho de adaptação. Estou
porque entendemos que não podemos capital no financiamento a empresas que convencido de que os bancos vão ser tam-
ser relevantes para um cliente se não o não cumprem os requisitos ESG, ou seja, bém agentes dessa transformação na sua
quais são os incentivos que vão ser cria- interação com o resto da economia, vão
dos aos bancos para financiarem empresas ser conselheiros dos seus clientes, no senti-
mais verdes, podendo mesmo haver pon- do de os ajudar a responder a esse desafio,
deradores de capital mais altos para em- porque esse vai ser um desafio coletivo”,
préstimos a empresas com mais carbono defendeu Vitor Bento.
no processo produtivo. Além da possível mudança no futuro
Pedro Castro e Almeida, CEO do Ban- do crédito dos poluidores para aqueles
co Santander Totta recentemente reconhe- que são uma força para a recuperação
ceu que ainda é dificil classificar as empre- do planeta. Muitos bancos tornaram a
sas do portfólio do banco em “green” e sustentabilidade uma promessa, compro-
“brown”, porque o “brown pode estar a metendo-se ao carbono zero nas suas pró-
evoluir para green e vice-versa”. Isso vai prias operações. No entanto, desempenha-
depender das regras que vierem a ser im- rão um papel muito mais significativo ao
postas pela regulação. facilitar o financiamento necessário para
“Vai ser um desafio enorme no futuro”, deter as mudanças climáticas no mundo.
disse o banqueiro. Os reguladores vão conduzir ao corte
Já o presidente da APB disse ter “a es- de discursos “greenwashing”. Por exem-
perança de que, mesmo às vezes quando plo, o supervisor do mercado de capitais
há grandes entusiasmos circunstanciais, o português, disse recentemente que é “um
bom senso acabe por prevalecer”. dos principais riscos ESG nos mercados
“Espero também que os mapas de ris- financeiros”. A CMVM é concreta: “Não
cos físicos que vierem a ser estabelecidos é fácil eliminar completamente este ris-
tenham o cuidado de não induzir a ideia co”. Os bancos e seguradoras de grande
de tornar Portugal num ‘país evitável’. Isto dimensão já estão obrigadas a divulgar
é, que não venham a ser criadas regras informação não financeira, no entanto
que tornem, à partida, as atividades em o modo de divulgação dessa informação
Portugal pior qualificadas do que noutras não está ainda padronizado. O “green-
geografias, que, eventualmente, consigam washing” é um apelo comercial para a
melhor tratamento nos mapas desses ris- sustentabilidade sem uma ação realmente
cos”, alertou Vítor Bento. sustentável por detrás.

27
Por Vítor Norinha

“2021 foi um ano


muito bom para
a corretagem”
O ano de 2022 adivinhava-se promissor, talvez um pouco
menos depois de um ano de 2021 e que foi excecional para as
sociedades corretoras. A guerra pode ter mudado tudo.

O
ano começou com volatilidade, gistado após os conflitos no Afeganistão
sobretudo pela oscilação nas e no Iraque.
criptomoedas, comenta Pedro Um trabalho do final de fevereiro da
Lino, CEO da Optimize. E fevereiro foi gestora Fidelity vai exatamente nesse sen-
um mês em que os números da inflação tido. Tendo em conta o índice MSCI AC
tiveram impacto e passou a notar-se uma World Price revela a exuberância irracio-
forte procura por alternativas aos bancos nal ao longo do final dos anos 90 do sécu-
e aos depósitos. Se recuarmos um ano, lo passado, a que se seguiu nervosismo e
2021 foi muito bom para a corretagem, queda com o ataque às “torres gémeas” de
diz o mesmo gestor, que acrescenta que setembro de 2001 e em 2003 o sentimento
com a pandemia houve muitos novos era de pânico para se atingir um “boom”
investidores a entrar para os mercados com o imobiliário habitacional em 2007 e
financeiros e mesmo com a nova varian- depois o pânico em 2008/2009. Relembre-
te mantiveram o interesse na entrada do mos que este foi o período da crise finan-
novo ano. Aliás, várias fontes são unâni- ceira da primeira década do novo século.
mes em afirmar que 2021 foi um ano de Estamos no segundo decénio e ocorreram
recordes e que foi o culminar de 10 anos 10 anos de subidas sustentadas com a for-
de ganhos quase sucessivos. Em meados te ajuda dos bancos centrais e a injeção
de fevereiro o tema do leste europeu ain- e liquidez no sistema e a interrupção da são geralmente recompensados ao toma-
da não era uma preocupação, embora subida aconteceu cem 2020 com a pan- rem risco via ações. Concluem ainda que
fosse um risco potencial, mas no final des- demia, sendo que os mercados voltam em as correções de mercados podem criar
te mesmo mês e depois da invasão russa à 2021 a uma forte exuberância. Fevereiro oportunidades atrativas.
Ucrânia houve muitos investidores que fi- de 2022 marca um refluxo com um sell-off
caram com perdas potenciais. Os sell-offs acelerado. Um outro gráfico da Fidelity de RECUPERAÇÕES
começaram a 24 de fevereiro, tendo-se grande interesse revela que para o índice Os grandes eventos ao longo da última
instalado o pânico em alguns mercados S&P 500 num período de 1993 a 2021, ou centena de anos e que levaram a fortís-
financeiros. E embora alguns investidores seja 28 anos, gerou-se ganhos da ordem simas quedas dos mercados financeiros
coloquem a hipótese de rapidamente vol- dos 1835%! No mesmo período os índi- apresentam curiosidades. Vejamos alguns
tar aos mercados a palavra do momen- ces europeus dos maiores mercados reve- números. A Grande Depressão de 1929
to passou a ser volatilidade. Pedro Lino lam ganhos avassaladores mas bem mais durante 34 meses e levou a uma deprecia-
realçou algumas estatísticas que analistas modestos, caso do CAC 40 com um ganho ção dos valores de mercado da ordem dos
têm vindo a produzir e que estudam as de 838% e o DAX com 928%. Enquan- 89%, sendo que a recuperação do merca-
tendências nos mercados nos períodos to o japonês Nikkei 225 não foi além de do americano para níveis anteriores à crise
após as últimas quatro grandes guerras. um ganho e 70% para quase três décadas só aconteceu em novembro de 1954, ou
O resultado desses estudos dão conta que de aplicações seguidas. A gestora conclui, seja, muitos depois da II Guerra Mundial.
entre os seis meses a 1 ano depois do fim nesta análise de fevereiro, que a volatilida- A “segunda-feira negra” de 1987 com per-
dos conflitos os mercados financeiros vol- de faz parte da decisão de investimento e das nos mercados americanos da ordem
tam a subir. Estas foi uma tendência re- ainda que os investidores de longo prazo dos 36% demorou quase dois anos a recu-

28
CORRETAGEM
cias reais” e neste final do mês de feverei- das obrigações soberanas portuguesas, os
ro as questões que se colocam é saber até 10 anos ficaram pouco acima de 1% no
onde vão as sanções económicas, e ainda final de fevereiro. Os investidores man-
se a dada altura o ocidente estará disposto têm-se em ativos de refúgio tradicionais e
a intervir militarmente. A Europa, revelam por isso as criptomoedas estiveram a cair,
os mesmos analistas, é indiscutivelmente a com destaque para a Bitcoin, a mais popu-
região “mais exposta ao impacto do que se lar e que já caiu para metade do valor em
está a passar”. E adiantam que para além quatro meses.
do impacto do risco geopolítico nos pré- A par dos mercados financeiros há ris-
mios de risco, “o principal mecanismo de cos a nível da segurança alimentar já que
transmissão económica é através dos pre- os dois países em conflito estão entre os
ços da energia. Isto coloca desafios parti- maiores exportadores de fertilizantes.
culares à Europa, dada a sua dependência A nível dos metais temos os mercados a
da energia russa”. Por outro lado, toda a subir, caso do alumínio em alta de 4%,
situação vivida com a guerra na Europa o níquel nos 5% e o paladium nos 7%,
prejudica o crescimento e complica o qua- adianta a gestora de investimentos suíça
dro para o Banco Central Europeu. Aliás, Vontobel. Ainda na nota temática do BIG
o governador do banco central da Áustria, de fevereiro é feita uma análise interessan-
citado pela Bloomberg, indica que o ritmo te para as corretoras com os fundamentais
de normalização da política monetária do mercado acionista norte-americano.
pode vir a atrasar, ou seja, o modelo do Em termos de PER (price earning ratio)
quantitive easing pode vir a manter-se pelo os setores com um preço mais elevado são
efeito nocivo da guerra Rússia/Ucrânia. o imobiliário com um PER de 41,3 vezes,
E depois de um ano de 2021 nas cor- ainda os serviços com um PER de 32,3
retoras o que se espera para 2022 perante vezes, o setor automóvel está nas 27,5
os novos cenários? Fontes do mercado são vezes e o software está com um PER de
unânimes em afirmar que que os inves- 27,7 vezes. Ainda elevados estão os setores
tidores estão a liquidar posições e evitar dos bens domésticos com 26,9 vezes e o
exposições ao risco, contrastando com o retalho com 22,6 vezes. O PER mais baixo
interesse pelo ouro, pelas commodities no mercado norte-americano é o do setor
e pelas obrigações soberanas, algo que é das telecomunicações com um PER de 10
exatamente o contrário do que as corre- vezes, o farmacêutico com 12,8 vezes e os
toras esperavam no início deste ano. Os bancos com um PER de 12,9 vezes. Ain-
mercados entraram neste final de feverei- da neste mercado as rendibilidades desde
ro em modo de pânico e os investidores o início do ano para os vários setores são
perar; enquanto a bolha tecnológica de ja- procuram os ativos de refúgio. Espera- negativas e em alguns casos com perdas
neiro de 2000 levou a perdas de 38% nos va-se que a onça do ouro ultrapasse ra- fortes como é o exemplo dos setores liga-
mercados, durou a crise quase três anos e pidamente os dois mil dólares, enquanto dos ao software, media, bens duradouros,
foram precisos quatro anos para os merca- o Brent ultrapassou os 103 dólares por automóveis, enquanto as melhores pres-
dos recuperarem os valores pré-queda. Já barril. Refere Gargi Rao, analista da Glo- tações, embora reduzidas são de setores
a crise financeira de 2008 levou a perdas balData, que o preço do gás vai continuar como o alimentar e os bancos. No mer-
de 54% nos mercados financeiros, durou a subir não apenas porque a Rússia é o cado acionista europeu os números são
17 meses e demorou quatro anos a recupe- grande produtor mas porque a Alemanha diferentes sendo que o PER mais elevado
rar. A conclusão do Banco BIG é que os in- decidiu congelar a autorização para o uso respeita ao setor das viagens e lazer com
vestimentos devem ser feitos “em ativos de do novo pipeline Nordstream 2 que liga 37,4 vezes, e ainda o setor tecnológico
qualidade a preços atrativos para o longo a Rússia à Alemanha. No lado da Rús- com um PER de 23,5 vezes, a par do setor
prazo”. E esta, sublinham, é a melhor es- sia espera-se uma subida acentuada dos alimentar com 22,2 vezes. O imobiliário
tratégia em qualquer contexto macroeco- produtos alimentares até porque este país tem um PER igualmente elevado e situa-se
nómico”. Afirma ainda o BIG nesta nota depende em muito das importações de nas 19,2 vezes. As rendibilidades desde o
temática de fevereiro que “historicamente produtos dos EUA e o impacto na cota- início do ano estão globalmente negativas
os reforços e investimentos nestes momen- ção do rublo irá afetar dramaticamente o com destaque para os setores das tecnoló-
tos de pânico dão bons resultados”. preço das importações. Ainda nas opções gicas, retalho, industrial e construção. Do
E a incerteza no auge é a pior fase do de refúgio estão as obrigações soberanas lado positivo em termos de rendibilidades
mercado, diz a gestora Schroders. Adianta que registam forte procura, tendo levado a desde o início do ano estão os setores dos
que se “entrou no universo das más notí- quedas das rendibilidades/yields. No caso recursos naturais, petróleo e gás e bancos.

29
Rússia sobre a Ucrânia a moeda russa
perdeu 8% em face do US dólar. Para os
investidores as questões geoestratégicas
são relevantes nestas análises, assim como
a correlação entre o US dólar e os índices
bolsistas norte-americanos, constatando-
-se que nos períodos em que os mercados
estão a cair o dólar está sempre a valorizar.
O euro tem um comportamento bem mais
“flat”, frisa Henrique Tomé.
O mercado cambial está neste início
de 2022 a ser marcado pela incerteza, re-
fere o analista da corretora XTB. Os in-
vestidores estiveram preocupados com a
inflação elevada e com a subida de taxas
por parte da FED, sendo que o dólar USA
recuperou algum terreno e, entretanto,
as tensões no leste europeu reforçaram a
posição do dólar, Por outro lado, refere
a mesma fonte, “enquanto esta dinâmica
continuar teremos ativos de refúgio como
o iene e o franco suíço que poderá dispa-
rar a curto prazo”. E, acrescenta, que em
todo este contexto não nos esqueçamos
que é o dólar USA a divisa que mais be-
neficia. O euro tem mantido a força desde
Por Vítor Norinha CÂMBIOS que a presidente do Banco Central Euro-
peu, Christine Lagarde, disse não esperar

Mercado cambial o aumento das taxas de juro este ano,


mas na linha do “consensus” dos analistas

perdeu interesse devido


esta posição poderá ser apenas temporá-
ria, até porque Lagarde tem uma postura
mais política do que económica. Por outro

à alavancagem
lado, não nos esqueçamos que os cenários
de guerra geram inflação e que a crise dos
abastecimentos, escassez de mão-de-obra,
crise dos chips e a subida da energia já ti-
O conflito armado na Ucrânia fez recrudescer o interesse pelo mer- nha justificado inflação em máximos do
século. O conflito na Europa apenas vem
cado cambial (Forex) mas globalmente houve perda de interesse.
agravar o tema.
Entretanto, outra situação com im-

O
mercado cambial tem revelado o investidor tem dificuldade em perceber e pacto ao nível do mercado cambial será a
pouco interesse com transferên- que foram perdendo interesse a favor do eventual expulsão da Rússia do sistema de
cia de alguns investidores para mercado acionista e mais recentemente - pagamentos SWIFT, dificultando as tran-
as criptomoedas, diz o gestor da Qaes- concretamente nestes últimos dois anos, sações internacionais do país. De qualquer
tum, Frederico Aragão Morais, enquanto houve uma atração pelo mercado das forma os credores ocidentais, tanto finan-
o gestor da XTB, Henrique Tomé, aponta criptomoedas devido às valorizações ex- ceiros como das áreas comerciais, ficariam
a perda de interesse à necessidade de os ponenciais. afetados. Para a Rússia o impacto seria
investidores neste tipo de ativo terem de A situação atual é algo diferente da- menor crescimento e volatilidade da moe-
ganhar exposição. E, remata, para ganhar quilo que se passou em 2021 e no início da. Recorde-se que o Irão foi banido do
exposição aos mercados cambiais o inves- do ano. Os investidores já tinham olhado sistema em 2012. A Rússia terá a alterna-
tidor precisa de produtos alavancados e, para o mercado Forex com a instabilidade tiva de se conectar em termos de sistema
obviamente, a generalidade dos atores do da Turquia e a queda da lira turca. Entre- de pagamentos com a China, pois ambos
mercado descartam estes produtos com- tanto, com o conflito na Ucrânia o inte- os países já têm um sistema alternativo ao
plexos, porque são pouco conhecedores resse voltou a florescer, com o rublo russo SWIFT, e bastará que alarguem a conexão
dos mesmos. O exemplo de produtos es- a perder em face do domar USA, sendo a outros países que têm interesse em ne-
truturados é os CFD, algo sofisticado e que que no dia do lançamento da invasão da gociar com este grande bloco económico.

30
Por Vítor Norinha FUNDOS DE INVESTIMENTO

Ano excecional nas rendibilidades


Dificilmente se irá encontrar um ano tão bom para os fundos mobiliários e imobiliários como 2021.

A
categoria dos fundos de ações glo-
bais superou os 30% em termos de
rendibilidade anualizada. O rally
da vertente acionista, culminando uma dé-
cada muito positiva no mercado de risco,
ajudou a uma performance ímpar. Os fun-
dos de investimento mobiliário com maio-
res rendibilidades pertenceram às gestoras
BPI Gestão de Activos e à IM Gestão de
Activos com valorizações no ano de 2021
de 33,95% e 33,45%, respetivamente. Da-
dos da Associação Portuguesa de Fundos
de Investimento, Pensões e Patrimónios –
APFIPP revelam que na categoria de fun-
dos de ações europeias as gestoras IMGA
e Caixa Gestão de Activos conseguiram
nos seus melhores fundos rendibilidades
de 26,27% e 25,14%, respetivamente. Na
categoria de fundos de ações nacionais é
a gestora GNB Fundos Mobiliários que
revela o maior sucesso, conseguido com Santander Asset Management obteve mais foi a sociedade com maior volume de ati-
um dos seus fundos uma performance de 636,8 milhões de euros. vos sob gestão ao atingir os 6.657,8 mi-
24,54%, seguido de um dos fundos do BPI E um outro número relevante para fe- lhões de euros, o que significa uma quota
Gestão de Activos com 22,84%. char o sucesso desta categoria de ativos é de 27,9%, seguida da CGD Pensões com
O bom ano para a vertente de risco perceber que a categoria com maior saldo uma quota de 19,1%, e do BPI Vida Pen-
permitiu que em 2021 o valor dos ati- líquido de subscrições vs resgates é a dos sões com uma quota de 14,2%. O maior
vos geridos pelo Fundos de Investimento fundos PPR, com 1.138 milhões de euros, crescimento percentual ao longo do ano
Mobiliário, FIM, ascendesse a cerca de seguida pela categoria dos fundos multi- de 2021 pertence à gestora SGF com mais
19.849 milhões de euros, mais 35,4% do -ativos moderados com 934 milhões de 25,6%, enquanto a Ageas registou o maior
que no ano anteiror. E, correspondendo à euros de subscrições e ainda pela categoria crescimento em valores absolutos com
quota natural da casa-mãe, a Caixa Ges- dos fundos de ações globais com 702,6 mi- mais 3,6%, ou seja, somou 230,1 milhões
tão de Activos detinha 35% do volume lhões de euros. Durante 2021 a categoria de euros ao seu portfólio. No final do ano
de ativos dos FIM sob gestão, seguindo- que mais cresceu em termos percentuais as rendibilidades líquidas de comissões de
-se a IMGA com 21,7% de quota, e o BPI foi a dos fundos do mercado monetário gestão oscilaram entre os 14% e os 16%
Gestão de Activos com 17,2% de quota, internacional que duplicou o volume re- para os fundos PPR e os fundos de pensões
de acordo com os dados da APFIPP. Em lativamente ao ano anterior, sendo que os abertos, enquanto o fundo PPA gerido pela
termos percentuais o maior crescimento fundos PPR registara o mesmo crescimen- Futuro atingiu os 20,6% de rendibilidade
no ano passado aconteceu com a gesto- to em valores absolutos com mais 39,9% anualizada. Os Organismos de Investi-
ra Casa de Investimentos – GPFIM, com para os 1.225 milhões de euros. mento Imobiliário fecharam 2021 com um
mais 412,1%, correspondente a mais 23,5 património no valor de 10.628 milhões de
milhões de euros, mas o maior aumento PENSÕES E IMOBILIÁRIO euros, ligeiramente inferior em 0,8% ao
em valor absoluto é da Caixa Gestão de A procura por aplicações com resultados do ano anterior. A Interfundos é a gestora
Activos, com mais 2.153 milhões de euros. positivos estendeu-se ao mercado de fun- com o maior património imobiliário sob
Esta gestora foi aquela que durante o ano dos de pensões que em dezembro último gestão, seguida pela Square Asset Mana-
passado registou o maior volume de subs- fechava com um volume de ativos da or- gement e pela Caixa Gestão de Activos. A
crições líquidas positivas, com mais 1.587 dem dos 23.864,8 milhões de euros, mais Square tem, no entanto, o maior volume
milhões de euros, enquanto a IMGA con- 5.8% relativamente aos montantes sob de ativos sob gestão com 1.224 milhões de
seguiu mais 992,5 milhões de euros e a gestão do final de 2020. A Ageas Pensões euros e uma quota de 12%.

31
Por Vítor Norinha

Apreensão com conflito


armado e com a normalização
da política monetária
Para as gestoras de patrimónios há boas noticias como a recuperação económica, mas há um cenário
negro com a guerra no leste europeu, a par da saída de cena dos bancos centrais europeus.

O
s bancos são unânimes em consi- ano com operações de sucesso”. O ponto quedas dos mercados financeiros não se-
derar que a securitização de cré- de interrogação mantém-se no momento rão tão acentuadas devido ao conflito ar-
ditos tem registado forte procura. em que publicávamos este texto. mado no leste europeu e que tende a esca-
2021 foi um ano “muito bom”, explicam A economia está a recuperar e a supor- lar”. Adianta: “Será positivo mas será um
várias fontes contactadas e 2022 começou tar a inflação e as próximas subidas de ta- tiro no escuro”. Em contraste, avança, há
com fortes intenções mas o despoletar da xas de juro. O regresso ao normal da polí- vários fatores que trazem incerteza sendo
guerra na europa com o conflito Rússia/ tica monetária é bem vista pelos analistas que o mais relevante é o conflito Rússia/
Ucrânia fez estalar o verniz. Fonte ban- que trabalham na gestão de patrimónios. Ucrânia com grande repercussão nos mer-
cária assegura que os mercados têm estas Frederico Aragão Morais, analista sénior cados, mas é sobretudo “a saída de cena
operações em suspenso com a crise no les- da gestora Qaestum Capital diz estar posi- dos bancos centrais” e que estiveram a su-
te europeu mas se a situação não escalar, tivo. “Se continuarmos a ter uma boa recu- portar a exuberância das ações. Em con-
“acredito que fará com os investidores peração económica das empresas cotadas traste, 2021 foi um ano excecional, “um
voltem ao mercado e 2022 seja um novo será uma boa notícia e, eventualmente, as ano em que a incerteza foi muito menor,

32
GESTORAS DE PATRIMÓNIOS
ter um banco central que está do lado do afetada de forma mais grave pelo conflito Management, com 5.818 milhões de euros
suporte da economia resultou numa valo- na Ucrânia. “Esperamos que o BCE tenha e uma quota de 20,8%, e a fechar o top1
rização substancial das ações e isto porque uma postura dovish (no sentido de man- três temos o GNB – SGP (grupo novoban-
os investidores pensam duas vezes antes de ter taxas de juro baixas para estimular a co) com 4.614 milhões de euros de patri-
irem contra os bancos centrais. Há hedge economia) relativamente ao consensus mónio sob gestão, a que corresponde uma
funds que podem fazer short selling e há que prevê duas subidas de juros este ano”. quota de 16,5%. Refere ainda a APFIPP re-
que evitar entrar nesse modelo, mas a si- Adianta que os acontecimentos com o con- lativamente a janeiro de 2022 que a gestora
tuação será diferente com os bancos cen- flito no leste europeu reforçou a convicção que mais cresceu foi a Heed Capital com
trais de fora”, comentou ainda a mesma de que (o BCE) não subirá as taxas de juro mais 1,3%, ou 300 mil euros, de ativos sob
fonte da Qaestum Capital. este ano e manterá a política de compra gestão, enquanto o maior crescimento em
Mas é o conflito Rússia/Ucrânia que de ativos com o quantitive easing. “Possi- valores absolutos foi o o Crédito Agrícola
de momento mais perturba os mercados velmente haverá uma subida de taxas de Gest com mais 0,5% ou sete milhões de
financeiros e, por consequência, os gesto- juro na segunda metade de 2023”, conclui euros. No ranking das gestoras em valores
res de patrimónios. Relembremos que a o economista-chefe da Schroders. Adian- sob gestão temos o BPI Gestão de Activos
invasão significou o disparo dos preços no ta este analista que estes desenvolvimen- com 15,2% de quota; o Montepio Gestão
setor agrícola tendo em conta que a Ucrâ- tos dos mercados financeiros são feitos de Activos com 5,8% de quota; o Crédi-
nia é o celeiro europeu. Por outro lado a no pressuposto de que a Rússia tenciona to Agrícola Gest com 4,9% de quota; o
inflação na Alemanha pode chegar aos colocar na Ucrânia um governo-fantoche Bankinter Gestion Activos – sucursal em
6,1% devido ao aumento do preço do gás, à semelhança do que fez na Bielorrússia, Portugal com 2,7% de quota; a Optimize
refere uma nota do Banco Carregosa que num claro regresso ao modelo do período Investment Partners com 0,5% de quota;
cita informação nacional, enquanto a crise da “Guerra Fria”, com a NATO a reforçar a Head Capital com 0,1% de quota; e o
da Ucrânia pode atrasar a retirada dos es- a segurança dos países-membros que fa- mesmo nível para a Lynx Asset Managers.
tímulos do Banco Central Europeu, refere zem fronteira com os países de influência Outros dados relativos às gestoras de
o governador austríaco. Uma nota da ges- russa. Em contraste, será difícil visualizar patrimónios disponibilizados pela APFI-
tora Schroders sobre o impacto económi- as consequências para os mercados de um PP revelam que 95,8% dos ativos geridos
co do conflito alerta que a expetativa para cenário de escalada do conflito em direção respeitam a investidores residentes em
a Europa continua a ser a de que a região aos países ocidentais. Portugal e relativamente à categoria de
será aquela que terá o maior crescimento clientes são os seguradores que detêm o
e inflação e globalmente o impacto “será PATRIMÓNIOS EM NÚMEROS maior volume de ativos sob gestão com
menos substancial do que estávamos à es- As informações recentes sobre Gestão de 46,2% do total, seguidos pelos fundos de
pera e aponta para uma situação de estag- Patrimónios da Associação Portuguesa de pensões com 24,5% do total e os chama-
flação, tendo em conta que que as dificul- Fundos de Investimento, Pensões e Patri- dos Outros Investidores detém 22,7% do
dades das cadeias de abastecimentos e da mónios – APFIPP são de 31 de janeiro úl- total. Na estrutura da carteira e relativa-
mão-de-obra é pior do que o esperado”. timo. O valor das carteiras discricionárias mente a janeiro de 2022, a classe de ati-
Antecipa ainda que a economia dos EUA atingiu os 27.962 milhões de euros, menos vos com maior peso nas carteiras de ges-
terá um nível de inflação superior ao es- 1,4% em face de dezembro de 2021, en- tão de patrimónios era a dívida pública
perado, mas será menos impactada pelos quanto em face a janeiro de 2021 a que- com 44,2% do total, seguida dos fundos
eventos da Ucrânia. Diferente é a expetati- da do valor das carteiras foi da ordem dos de investimento mobiliários com 22,5%.
va com a China e os mercados emergentes 33,9%. O ranking das maiores gestoras As obrigações diversas foi a classe de ati-
que perante um abrandamento económico tem vindo a manter-se inalterado com a vos que ganhou maior quota em janeiro.
superior ao antecipado, terão um impacto Caixa Gestão de Ativos, do grupo Caixa, Claramente a moeda de maior peso dos
negativo nos mercados financeiros. Keith a gerir 9.342 milhões de euros, uma quota ativos adquiridos é o euro representando
Wade, economista-chefe da Schroders, re- de 3,4%, secundado pelo Santander Asset 93,2% do total, seguido do dólar USA
fere, em nota, que a Reserva Federal nor- com o peso de 6,1% e ainda uma posi-
te-americana tomará deliberações para ção residual de 0,3% da libra esterlina.
subidas mais graduais ao nível dos juros e Há ainda outras moedas representadas
espera uma subida de taxas já em março, Os acontecimentos nestas carteiras, caso do iene japonês, do
embora não deva ir além dos 25 pontos franco suíço, da coroa sueca e da coroa
de base. Wade espera que venha a acon- com o conflito dinamarquesa. Nas aplicações das socie-
tecer quatro subidas de juros por parte no leste europeu dades gestoras de patrimónios por mer-
da FED e não cinco aumentos como tem cado de investimento a preponderância
sido avançado. A política monetária con- reforçou a convicção é de Portugal, Alemanha, Espanha, Lu-
tinuará a ser mais restritiva em 2023 mas xemburgo, Itália, França, Irlanda e Reino
sempre de forma graduada. A posição do
de que não subirá as Unido, mas há aplicações exóticas como
BCE será diferente porque a Europa será taxas de juro este ano na Nigéria, Egipto ou Guernesey.

33
Por Vítor Norinha TITULARIZAÇÃO DE CRÉDITOS

Mercado arrancou com forte apetência


e continuará se guerra não escalar
A titularização de créditos ou securitização como também é conhecido registou “forte apetite”
em 2021. Para este ano tudo depende de como evoluir a guerra.

O
s bancos são unânimes em consi-
derar que a securitização de cré-
ditos tem registado forte procura.
2021 foi um ano “muito bom”, explicam
várias fontes contactadas e 2022 começou
com fortes intenções mas o despoletar da
guerra na europa com o conflito Rússia/
Ucrânia fez estalar o verniz. Fonte ban-
cária assegura que os mercados têm estas
operações em suspenso com a crise no les-
te europeu mas se a situação não escalar,
“acredito que fará com os investidores
voltem ao mercado e 2022 seja um novo
ano com operações de sucesso”. O ponto
de interrogação mantém-se no momento
em que publicávamos este texto.
Mas que operações são estas? E será
que a maioria delas são ativos em incum-
primento ou não? E será que são apenas os
bancos a fazer este tipo de emissões? Te-
mos respostas às questões principais sobre modelo permite segmentar a carteira e taxas de juro continuarem baixas estimula
titularização de créditos. Uma explicação vender notas a diferentes investidores que este tipo de procura pois há investidores a
prévia impõe-se. Dentro da securitização procuram mais ou menos risco e compra pesquisarem outras classes de ativos com
de crédito temos operações mais tradi- com spread mais ou menos elevado. mais risco e melhor remuneração. Como
cionais, as chamadas “cash securities” ou Depois existem as securitizações sinté- referimos desde fevereiro que os merca-
securitizações de cash, e onde se vende a ticas. Aqui compra-se proteção sobre uma dos estão em suspenso devido ao escalar
um veículo de securitização um conjunto “pool” de créditos mas em que os créditos da guerra no leste europeu, muito embora
de crédito, uma chamada “pool granular” não são vendidos, mas apenas uma tran- seja claro o interesse.
com alguma homogeneidade de ativos. che do risco de crédito. É algo que os ana- Curioso verificar que a maioria das
Não se mistura crédito hipotecário com listas assemelham à venda de uma garan- operações são feitas pelos bancos mas
crédito a empresas. Esse veículo adquire tia. Aqui emite-se uma nota com proteção uma empresa de commodities como a EDP
esses créditos, emite “notes” que vende embutida para qualquer tipo de risco. já fez operações de securitização do défice
aos investidores. Tipicamente as “notes” Ao longo do ano de 2020 e devido à tarifário. Por outro lado estas operações
ou notas são repartidas em várias classes e emergência da pandemia refrearam as ope- não envolvem necessariamente crédito em
cada uma das notas tem um rating e uma rações, tendo as transações sido reduzidas incumprimento, aliás esta é a parte reduzi-
periodicidade de pagamentos e que é dife- ao mínimo, sendo que no final do mesmo da do mercado. Tipicamente o que é feito
rente entre si. ano já era claro o interesse dos investidores é a venda de crédito em carteira e que tem
Aquelas que apresentam um rating para operações de securitização. Revelam dois objetivos: Financiamento e capital.
muito bom são as primeiras a ser pagas, fontes bancárias que Portugal acabou por Os maiores bancos fazem a esmagadora
sendo que se consegue emitir notas cá em ter uma boa produção no final de 2020 e maioria das operações, sendo que parte
baixo com risco residual de carteira, ou em 2021 foi clara a elevada procura por delas são para gerar liquidez e podem ser
seja, as de pior qualidade. As boas notas este tipo de operações. E atualmente com descontadas no Banco Central Europeu,
vendem-se com spread baixo e as de pior muita liquidez no mercado as operações outras são para funding e outras são ainda
qualidade com o spread mais elevado. Este vão continuar a ser feitas e o facto de as para colocar tudo junto de investidores.

34
FÓRUM

Normalização da política
monetária é desejável
Depois dos EUA será a Europa a subir juros e os investidores já estão a descontar o movimento, mesmo depois da
presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, insistir na manutenção da política monetária. A inflação na
Zona Euro continua a subir. E o grande vencedor de todo este movimento de subida dos juros será o setor financeiro,
permitindo recuperar a margem financeira. Com a normalização da política monetária os riscos da subida juros vão
recair sobre empresas mas, sobretudo, sobre as famílias com o aumento dos valores nos créditos à habitação.
Os analistas acreditam que a qualidade creditícia só terá impacto nas famílias quando os juros atingirem o nível de 1%.
Para as empresas tecnológicas o relevante é os grandes desafios para responderem às novas necessidades dos mercados.

sivo das taxas diretoras do banco central, tem, por um lado, a normalização da ati-
é de registar que as taxas diretoras do Ban- vidade económica e consequente retirada
co Central se mantêm ainda em terreno dos estímulos extraordinários criados no
negativo: o prazo a 12 meses, o que pri- contexto da pandemia e, por outro, os
meiramente incorpora a possibilidade de impactos da rápida recuperação em con-
uma futura alteração das taxas pelo BCE, texto de perturbações nas cadeias de va-
é atualmente de -0.329%. Atenta a postu- lor globais sobre os preços, em particular
ra até aqui enunciada pelo Banco Central das matérias-primas.
Maria João Carioca
Europeu, importa realçar que uma subida Este segundo fator será determinante
CFO da Caixa Geral de Depósitos
de juros, a ocorrer de forma gradual e con- para avaliar o ciclo de subida de taxas,
No terceiro trimestre de 2020 iniciou-se um tida, e com um nível negativo como ponto em termos de dimensão e duração, e, con-
processo de recuperação da atividade eco- de partida, continuará a proporcionar ta- sequentemente, dos seus impactos sobre a
nómica que, de acordo com as Estimativas xas de financiamento ainda a níveis histo- economia, incluindo sobre o setor finan-
de Inverno 2022 da Comissão Europeia ricamente baixos para toda a economia. ceiro. Contudo, a incerteza associada ao
(CE) traduzirá um crescimento de 5,3% Para o setor financeiro português, o im- processo requer, necessariamente, uma
do PIB em 2021, 4,0% em 2022 e 2,7% pacto dependerá do equilíbrio entre a re- permanente monitorização, para adequa-
em 2023. Em Portugal, a economia cresceu dução dos custos até aqui suportados com ção da estratégia dos vários intervenien-
4,9% em 2021 e a previsão de crescimen- taxas negativas e o aumento dos próprios tes aos desenvolvimentos e consequente
to é de 5,5% em 2022 e 2,6% em 2023, custos de financiamento, num contexto mitigação dos riscos.
retomando no segundo trimestre de 2022 de requisitos regulamentares relevantes, Ao nível do setor bancário, os efeitos
os níveis do final de 2019. Este ritmo de como o MREL (Minimum Requirement sentir-se-ão do lado das receitas, mas
expansão, sendo superior ao registado nas for own funds and Eligible Liabilities). também dos custos. A normalização da
décadas recentes, tem vindo a ser marcado política monetária e um cenário de ta-
por constrangimentos à produção e distri- xas de juro de curto prazo positivas po-
buição de bens e pela subida dos preços da derá contribuir para uma melhoria da
energia, resultando em pressões inflacionis- rendibilidade, ao corrigir as distorções
tas. As estimativas para a inflação da área que as taxas negativas colocam, como
euro da UE apontam para um aumento de seja o facto de a taxa de depósito junto
2,6% em 2021 para 3,5% em 2022, vol- do BCE ser negativa (-0,5%), abaixo do
tando em 2023 a diminuir para 1,7%. custo dos depósitos. Contudo, os custos
Estas pressões inflacionistas surgem estan- de financiamento para o setor também
Pedro Castro e Almeida
do ainda presentes os estímulos monetá- CEO do Santander Portugal irão aumentar, em particular quando as
rios sem precedentes utilizados pelo Banco necessidades de financiamento a médio e
Central Europeu para facilitar a concessão O impacto, considerando o atual perfil de longo prazo são elevadas, para cumprir
de crédito aos mais atingidos pela pande- subida das taxas implícito nos mercados os requisitos regulatórios de capital, no
mia. Apesar de as taxas de juro Euribor financeiros, ocorrerá de forma diferencia- quadro de MREL. A subida das taxas de
começaram a espelhar a convicção cada da, com efeitos que se podem considerar, juro pode ter implicações também sobre
vez mais forte de retirada de estímulos de momento, limitados. As perspetivas a capacidade dos clientes em satisfazer os
monetários e potencial aumento progres- para a evolução das taxas de juro refle- seus compromissos, as quais dependerão

35
da velocidade e dimensão da subida, em 2022 os níveis de fim de 2019, a taxa de
particular se exceder significativamente desemprego encerrou 2021 abaixo dos
as atuais expetativas, não permitindo um níveis anteriores à pandemia e o empre-
ajustamento gradual dos orçamentos. Por go está em máximos históricos. Os bons
este motivo, uma monitorização da situa- indicadores económicos, como estes, são
ção é necessária, para permitir atuar e fa- sempre positivos para o setor financeiro,
cilitar às famílias e empresas as condições cujo desempenho reflete naturalmente as
para continuar a cumprir atempadamen- características da economia e da socie-
te com as suas responsabilidades. dade em que se insere. Por outro lado, o Licínio Pina
Presidente do Conselho de Administração
Um vetor adicional de impacto ocorre por setor financeiro é sempre penalizado num
Executivo do Crédito Agrícola
via da subida das taxas de juro da dívi- ambiente de taxas de juro muito baixas,
da pública. Apesar da recente subida, os que afetam as condições normais da in- Ao longo de praticamente sete anos, os
atuais níveis de taxa a 10 anos em Portu- termediação financeira. E o contexto de clientes bancários habituaram-se a viver
gal ainda se situam abaixo da taxa média taxas não apenas baixas, mas negativas, em conjuntura de taxas de juro baixas
da dívida (2,2%), o que permite acomodar agravou evidentemente esta limitação, da- ou mesmo negativas. Na sequência da
essa evolução. Mas vem alertar para a ne- das as distorções que provocou, quer na crise financeira, o papel dos bancos cen-
cessidade de o Estado manter uma política poupança, quer no crédito. Em Portugal, trais provocou uma contração da inflação
de consolidação orçamental, com a redu- a banca tem suportado o custo de deten- e, na zona euro, o programa de compras
ção sustentada da dívida pública, aprovei- ção de liquidez (ainda que minorado por de dívida soberana contribuiu para o alí-
tando o enquadramento favorável de cres- alguns instrumentos de intervenção do vio da pressão inflacionista. Esta pressão
cimento global, pois só assim permitirá BCE), gerando aliás uma situação de des- alimentou o movimento de taxas baixas,
libertar recursos para o investimento. vantagem concorrencial, porque no nosso provocado, essencialmente, pela falta de
Por último, mas não de menor importân- país não foi permitida a repercussão das dinâmica do mercado monetário, com o
cia, a “normalização” das taxas de juro, taxas negativas nos grandes depositantes principal indexante de crédito, a Euribor, a
aqui entendido como um contexto de e empresas, ao contrário do que aconte- bater recordes negativos e as dívidas sobe-
taxas positivas, permite apoiar uma mais ceu na maior parte dos nossos parceiros ranas a serem pressionadas com preços em
eficiente alocação dos recursos, seja com europeus. O regresso a uma situação de baixa provocados pelas compras do BCE,
uma melhor análise de rentabilidade dos normalidade, com curvas de rendimento cuja preocupação foi de conter a inflação.
projetos, seja através da promoção da positivamente inclinadas e taxas de juro Tudo parecia correr no mesmo senti-
poupança de longo prazo. positivas, permitirá melhorar a rentabili- do, até que surgiu uma pandemia que
dade do setor e a sua capacidade de apoio inverteu tudo. A escassez de produtos
ao financiamento e o desenvolvimento da essenciais para a produção industrial co-
economia. Mas este processo traz também meçou a ser uma realidade. O preço das
desafios. Os níveis de endividamento de matérias-primas começou a aumentar,
empresas e famílias (como do Estado) per- as reivindicações salariais começaram a
manecem elevados, embora francamente emergir e sem que se desse conta a onda
mais baixos por comparação com os anos inflacionista começou a instalar-se ali-
anteriores à crise financeira internacional; mentada por expectativas. Em poucos
e a maior parte dos financiamentos, sobre- dias as negociações de dívida soberana
Paula Gonçalves Carvalho
tudo dos particulares, continua a utilizar começaram a ser transacionadas acima
Economista-chefe do BPI
taxa de juro variável, portanto os encargos de zero, aparentemente movidas pelos
A subida das taxas de juro é um sinal de com a dívida vão começar a pesar mais no sentimentos de outras geografias onde os
que as economias da zona euro estão a re- orçamento das famílias e empresas, ainda bancos centrais tinham iniciado um ciclo
cuperar muito rapidamente e isso constitui que não sejam de esperar impactos signifi- de aumento das suas taxas diretoras. No
uma boa notícia; mas é também um sinal cativos nos níveis de incumprimento. Nes- mercado bancário português, podemos
das tensões inflacionistas pós-pandemia ta apreciação muito breve, é preciso ter verificar que os clientes têm utilizado
cuja completa natureza e dimensão ain- em conta que a subida das taxas de juro, como indexante frequente a Euribor a 6
da não estamos em condições de avaliar. a confirmar-se, corresponderá a uma nor- e 12 meses, com taxas variáveis, uma vez
É importante sublinhar, por outro lado, malização do contexto monetário e deverá que o sentimento era de descida não ha-
que o longo período que vivemos de ta- ser moderada, esperando-se uma transição vendo sequer a preocupação de criar me-
xas de juro negativas não é normal e tem suficientemente lenta e progressiva para canismos de travão à eventual inversão
de ser entendido como uma situação his- não prejudicar a retoma económica que da tendência.
toricamente excecional. No que se refere todas as previsões apontam para os pró- Com a real subida das taxas de juro,
ao caso concreto de Portugal, a atividade ximos anos, o que pressupõe uma política quer empresas quer famílias não tendo
económica deverá recuperar ao longo de monetária equilibrada e na dose certa. acautelado o seu risco, com insuficiência

36
FÓRUM
de liquidez, a consequência será o cres- desde 2014, será aumentada de -0,50% os bancos europeus sobreviverem com
cimento acentuado do serviço de dívida para -0,25% em Dezembro, o que seria taxas de juro negativas, período que se
com possíveis impactos nos balanços dos positivo para os bancos portugueses em aproxima rapidamente do fim.
bancos que deverão gerir as carteiras re- termos de custos, visto que suportariam O BCE deverá iniciar uma inversão da
duzindo os efeitos de possíveis incumpri- menos encargos nos depósitos em euros sua política monetária ainda em 2022,
mentos mantidos junto do Banco de Portugal e em reação à inflação na Zona Euro que
As medidas macro prudenciais que o re- do BCE. superou os 5,1%. As taxas Euribor a 12
gulador tem vindo a emitir, principalmen- Em termos de negócio, taxas de juro mais meses incorporam pelo menos duas subi-
te quanto ao risco de taxa de juro e nos altas proporcionam maior rentabilidade das das taxas do BCE de 0,1%, no último
limites de prazos permitidos no crédito à nos empréstimos, o que seria uma be- trimestre de 2022, no que será uma subi-
habitação, constituem um anel de prote- nesse para os bancos focados no crédito da muito gradual e a um ritmo diferente
ção do sistema bancário que mitiga o ris- e permitiria até uma redução das comis- do Reino Unido ou dos Estados Unidos.
co a impactar em balanço. A subida das sões de manutenção de conta cobradas A alteração da política monetária tem um
taxas de juro será um problema mais do aos clientes, que dispararam nos últimos efeito positivo no sector financeiro, uma
cliente bancário do que dos bancos, uma anos nos bancos dependentes da conces- vez que permite recuperar a margem fi-
vez que os primeiros, aparentemente, não são de crédito. No entanto, em termos de nanceira, deixar de pagar para ter dinhei-
constituíram reservas para ciclos de taxas risco, taxas de juro mais altas poderão ro parqueado no BCE e manter o nível de
altas e o sistema bancário protegeu-se no originar maiores taxas de incumprimen- comissões cobrado o que se traduz numa
valor das garantias e em imparidades já to nos empréstimos, quer às empresas, melhoria substancial da rentabilidade,
constituídas prudentemente. quer às famílias. Note-se que os bancos numa fase do sector onde os custos fixos
prepararam-se nos últimos dois anos, ao foram reduzidos e adaptados a uma nova
constituir provisões para a possibilidade realidade. Adicionalmente aquando do
dos despedimentos e da menor ativida- início de um ciclo de subida de taxas de
de económica durante os confinamentos juro o volume de crédito concedido conti-
causarem incumprimentos em massa. nua a aumentar, pelo que teremos ganhos
Globalmente, os bancos portugueses sai- a nível de quantidade e de preço.
riam beneficiados e os mercados acionis- Por outro lado, estima-se que as famílias
tas antecipam já um impacto positivo. e empresas não vejam a sua qualidade
Apesar das bolsas mundiais estarem sob creditícia afetada até os juros atingirem
Steven Santos
forte pressão vendedora, o índice Stoxx o patamar de 1%, o que não coloca em
Gestor do BiG
Europe 600 Banks valoriza 8% desde o causa a qualidade da carteira de crédito
As medidas sem precedentes de apoio eco- início de 2022, enquanto a ação do BCP dos bancos. Desta forma os próximos
nómico e estímulo monetário para conter soma 38%. anos de política monetária irá ser favorá-
os impactos da pandemia foram o culmi- vel ao sector financeiro.
nar de uma era de dinheiro quase grátis.
Injeções massivas de liquidez e dificulda-
des nas cadeias de abastecimento alimen-
taram elevadas taxas de inflação, visíveis
no preço de matérias-primas e bens finais,
e que aparentam não ser temporárias. Em
dezembro, a inflação em Portugal atingiu
os 2,8% e, na Zona Euro, os 5,3%. Em
Pedro Lino
consequência, os bancos centrais foram
CEO na Optimize Investment Partners Jorge Silveira Botelho
forçados a reagir: 12 países emergen-
Chief Investment
tes aumentaram os juros em 2021, bem O sector financeiro passou por uma dé- Officer BBVA AM Portugal
como o Banco de Inglaterra. O Banco cada de reestruturações e de adaptações
Central Europeu não sobe juros há mais a uma realidade de taxas de juro nega- Na última década, o investimento no setor
de uma década e a ameaça do sobreaque- tivas, que ditou a forte diminuição da financeiro português foi uma constante
cimento da economia, sobretudo por via margem financeira. Esta reinvenção para armadilha de valor, na medida em que, as
dos custos energéticos, pressionou Lagar- a sobrevivência implicou reforço de capi- suas aparentes atrativas métricas financei-
de a não excluir uma subida dos juros tais, criar novos serviços, o aumento ge- ras não refletiam grande parte dos proble-
ainda em 2022. A subida das taxas de neralizado de comissões, investimento na mas com que o setor se confrontava: falta
juro seria positiva para o setor financeiro automatização e alteração de processos, de capital recorrente, dependência exces-
português. Há expectativas de que a taxa a digitalização e redução do número de siva da margem financeira, custos regula-
de depósito, que está em terreno negativo agências. Foi graças a este trabalho que tórios mais elevados, excesso de capacida-

37
de e entrada de novos concorrentes mais poderemos então passar a 0%). O fim da levar à reavaliação de activos por parte
competitivos e eficientes. Para agravar a política de taxas de juro negativas terá dos investidores, tornando mais exigente
situação, a persistência de taxas de juros impacto positivo nas contas das entida- a obtenção de resultados de operações fi-
negativas desde junho de 2014, eliminou a des financeiras que, em muitos casos, não nanceiras. É ainda expectável que a subida
visibilidade do setor e prejudicou a sua ca- estavam a passar esse custo (associado ao dos juros se traduza num aumento (que se
pacidade de gerar resultados consistentes juro negativo) para os seus clientes, não espera moderado) dos NPLs, penalizando
nos últimos anos. No entanto, neste últi- obstante o estarem a pagar na componen- a rendibilidade dos bancos, sobretudo à
mo ano de pandemia algo mudou estrutu- te de reservas depositadas junto do BCE. saída de um período em que vários deve-
ralmente na perceção de riscos e de renta- A atual conjuntura parece-nos favorável dores beneficiaram de moratórias no cré-
bilidade do setor financeiro português. a um comportamento ponderado, mas dito. Recentemente, os resultados do sec-
A pandemia acabou por não ter o impacto determinado por parte do BCE, pois as tor bancário foram suportados por uma
que se temia e a banca portuguesa saiu des- poupanças das famílias portuguesas estão redução ou reversão de provisões, e este
ta crise bem capitalizada, com o rácio de em alta e os depósitos estão em níveis re- movimento tenderá a ser interrompido ou
capital CTE1 reforçado. Nos últimos anos, corde. Acredito que é importante sinalizar revertido (existe o risco de que a eventual
os bancos conseguiram diversificar suas re- alguma determinação perante os últimos reavaliação de activos atrás referida pos-
ceitas, reestruturar o seu modelo de negó- dados da inflação (a taxa de inflação ho- sa abranger também o imobiliário). Este
cio e reduzir custos de forma consistente. móloga da zona euro registou, em janeiro, quadro de subidas de juros deverá, assim,
Por outro lado, o recente ajustamento de um novo máximo de 5,1%), mas é tam- reforçar uma postura de maior cautela e
expetativas de inflação e de crescimento bém expectável que essa reação se revista escrutínio na concessão de crédito. Mas
parecem ditar o fim de um ciclo de descidas de alguma prudência de forma a não colo- é importante ter em conta que os bancos
de taxas de juro. Tal como o resto dos ban- car em risco a recuperação económica que portugueses enfrentam estes riscos numa
cos europeus, o sistema financeiro portu- todos desejamos e que terá naturalmente situação relativamente sólida, benefician-
guês é muito sensível aos movimentos das impacto positivo em todos os setores. do de um processo de ajustamento ainda
taxas juro, e uma vez que o mercado prevê O principal risco nesta mudança para em curso, traduzido em rácios de NPLs
subidas de taxas de juro a 9 meses, isso im- um enquadramento de subida de taxas historicamente baixos, numa gestão de
plicaria uma subida adicional dos lucros de juro é o de uma subida abrupta que risco prudente e em estruturas de custos
em 2023. Adicionalmente, o PRR e o foco acabe por provocar uma quebra no cres- menos pesadas. Adicionalmente, um mo-
na transição energética vão ser um forte cimento económico, por um lado, e por vimento de normalização dos juros ten-
impulsionador do crescimento do crédito outro lado, que provoque um aumento derá a beneficiar a margem financeira dos
nos próximos anos, potenciando a geração do incumprimento ou morosidade nos bancos, restringida nos últimos anos pelas
de negócio e de rentabilidade do setor. créditos. Este cenário parece-nos pouco distorções dos juros negativos ou nulos.
Neste contexto, julgamos que a subida de provável dado o discurso atual do BCE, Assumindo que uma eventual “mudança
taxas de juro é o catalisador que faltava que se deverá mostrar especialmente cau- de regime” nos juros nos deixará ainda
para reativar a perceção de valor do mo- teloso no processo de retirada de estímu- com taxas relativamente contidas, este
delo bancário, expondo a atratividade das los de forma a não condicionar a recu- processo poderá ser visto como essencial-
atuais baixas métricas financeiras. peração económica que estamos a assistir mente benigno para o sector financeiro e
no pós-pandemia. para a economia, promovendo uma me-
lhor afectação dos recursos produtivos.

Pedro Pimenta
Country Head do ABANCA Portugal Carlos Almeida Andrade
Chief Economist do novobanco
Mário Carvalho Fernandes
Presentemente, o Banco Central Europeu
Chief Investment Officer do Banco Carregosa
ainda não alterou a sua política monetá- Com a pandemia a gerar uma pressão as-
ria. No entanto, caso se consubstanciem cendente sobre os preços, os bancos cen- O sector financeiro tem exposição natural
as expectativas do mercado, em 2022, de- trais procuram normalizar a sua política ao risco de taxa de juro. Em termos gerais,
veremos assistir a cinco subidas da taxa monetária, o que se deverá traduzir em a subida das taxas de juro beneficia o sector
de juro de referência até que esta atinja juros mais elevados, embora ainda relati- bancário. As entidades bancárias tendem a
o valor de 0% no final do ano (estamos vamente contidos. A retirada de liquidez financiar-se, pelo menos em parte, com ins-
em -0,5% e com cinco subidas de 0,1% do mercado pelos bancos centrais poderá trumentos de curto prazo, como depósitos

38
FÓRUM
à ordem ou com prazos curtos, enquanto fi- cida do desemprego na Zona Euro. Olho
nanciam os seus clientes a prazos mais lon- para estes três últimos indicadores como
gos. Perante a expectativa de que as taxas sinais positivos de que estamos no caminho
de juro vão subir, a curva de rendimentos de uma economia mais sólida, mas com um
tende a tornar-se mais inclinada: os juros impacto relevante que os diversos agentes
praticados no longo prazo afastam-se mais económicos terão que saber gerir. Antes de
dos níveis reduzidos que prevalecem nos mais, acredito que, para determinar a mag-
prazos mais curtos. Esta situação beneficia- nitude dos aumentos das taxas de juro, o
rá as entidades que conseguirem cristalizar Banco Central Europeu terá certamente em Telmo Santos
CEO da euPago
essa situação. Como existem instrumentos conta a evolução da economia europeia e o
que permitem reduzir ou alavancar o des- impacto nas famílias, no tecido empresarial Os bancos centrais foram forçados a pre-
fasamento entre remuneração dos ativos e e também na dívida dos Estados, de forma parar o aumento das taxas de juro na
dos passivos, o cenário base poderá não se a não comprometer o crescimento econó- tentativa de impedir que estas subidas de
materializar. O impacto em cada entidade mico dos países. Por estes motivos, creio preços se transformem em inflação persis-
financeira dependerá da forma como posi- que o impacto de um aumento das taxas de tente. Isto irá por fim a um período de ta-
cionou estrategicamente os seus balanços juro será controlado, já que se deverá tratar xas de juro muito baixas (e até negativas),
em relação ao risco taxa de juro. A reava- de subidas progressivas e de reduzida mag- como é o caso das taxas diretoras defini-
liação dos ativos com risco de taxa de juro nitude. Importa também recordar que este das pelo BCE, da Euribor e até das taxas
poderá penalizar os resultados no curto ajustamento seguir-se-á a um longo período de juro da dívida pública de alguns países
prazo em benefício da rentabilidade futura. em que as taxas de juro estiveram a níveis europeus. Inevitavelmente, a subida das
Nesse sentido, uma subida abrupta e não historicamente baixos, inclusive negativos, taxas diretoras vai refletir-se nos custos de
prevista das taxas de juros tenderá a pro- algo que dificilmente poderíamos ter imagi- financiamento das empresas e das famí-
vocar efeitos mais marcantes, do que uma nado como possível antes da emergência do lias, por via do impacto que terá nas taxas
subida gradual e amplamente antecipada. ciclo que agora parece estar para terminar. que indexam o custo de financiamento em
O gradualismo permitiria a incorporação Ainda assim, esta normalização das curvas Portugal que é feito sobretudo pela taxa
das expectativas na estratégia. Adicional- de taxa de juro terá efeitos sentidos pelos variável. Depois de uma taxa de inflação
mente, a subida de taxas de juro poderá vários agentes económicos. nula em 2020, Portugal registou uma taxa
aumentar o esforço financeiro dos devedo- Para as famílias, a subida de juros será sen- de inflação de 1,3% em 2021. No caso dos
res, expostos a taxas variáveis, para honrar tida nos pagamentos associados a taxas clientes euPago, observámos um aumen-
os seus compromissos, e consequentemente variáveis, tais como o crédito à habitação to do ticket médio de 28,5%. Mas nem
conduzir ao aumento dos incumprimen- e o crédito ao consumo, o que levará em todos os negócios aumentaram o ticket
tos. No caso dos empréstimos à habitação, certa medida a uma diminuição do rendi- médio da mesma forma. Na tecnologia
apesar do aumento nos últimos anos da mento disponível. Além disso, o custo de verificamos um aumento de 24,2%, o que
opção pela de taxa fixa, a maioria conti- financiamento será certamente mais ele- poderá refletir a inflação subjacente a esta
nua indexada a taxas de juro variáveis. Em vado para novos empréstimos, sejam estes categoria de bens. No entanto, temos dois
resumo, os impactos serão distintos entre com taxa variável ou com taxa fixa, o que cenários divergentes nos bens e serviços.
entidades. Contudo, em termos agregados, poderá refrear o recurso a crédito, ainda De um lado, empresas que aumentaram o
o sector bancário tenderá a beneficiar com que seja minha convicção que tal poderá seu ticket médio em 5,8% e outras com
a normalização das taxas de juro. ter um efeito muito limitado. Os mesmos uma variação negativa de menos 2,5%.
efeitos serão sentidos pelas empresas que Tal pode resultar de diversos fatores que
tenham recorrido a financiamento prévio não podemos precisar: alteração dos caba-
ligado a taxas variáveis, ou que procurem zes dos consumidores; empresas forçadas
agora financiar a sua atividade recorrente a absorver o aumento de preços, reduzin-
ou novos projetos. Em contextos com con- do lucros; outras tiveram de aumentar os
dições adversas de mercado, o Bankinter preços. Isto mostra que o impacto da in-
já deu provas de resiliência e solidez, tendo flação não foi igual para todos. Acredito
sempre estado próximo dos seus clientes que a subida das taxas diretoras não será
e assim continuará a fazer. Acompanhare- acentuada devido aos níveis muito eleva-
Alberto Ramos
mos de perto e em permanência o impacto dos do endividamento dos principais seto-
Country Manager do Bankinter Portugal
que uma eventual subida dos juros possa res financeiros europeus e, em particular,
Perante o aumento da inflação, o Banco ter junto das famílias e empresas, de forma dos governos, razão pela qual entendemos
Central Europeu admite vir a subir as taxas que os mesmos possam continuar a asse- que a Euribor ficará ainda assim abaixo
de juro em 2022, numa altura em que se gurar o cumprimento do serviço de dívida dos níveis de inflação que se observaram
assiste a uma melhoria dos indicadores da das suas obrigações. no ano passado e que estão previstos para
pandemia, recuperação económica e des- este ano.

39
apontam para uma melhor condição do de retalho, um contexto de taxas de juro
setor financeiro, com redução de custos, e negativas nos depósitos obrigou o setor a
com rácios de custos para rendimentos in- adaptar o seu modelo de negócio a uma
feriores ao que se verifica na zona euro. A tendência constante de compressão na
recente avaliação do Banco Central Euro- sua margem financeira. No atual contex-
peu (BCE), agora divulgada, sobre a ativi- to de aumento das pressões inflacionistas,
dade de 2020 e com efeitos para a atividade temos assistido a um debate em torno da
de 2022, embora apenas incida de forma possibilidade de o Banco Central Europeu
Mário Martins direta sobre três bancos portugueses (CGD, poder avançar para uma subida de taxas
Analista e membro do Conselho de Administração
MBCP e NB), de uma forma geral, revela de juro, aliás, já visível no comportamento
da ActivTrades CCTVM
que as instituições de crédito apresentam recente das taxas Euribor. A confirmação
Com a subida dos juros é previsível que posições de capital e de liquidez sólidas. destas expectativas iria apenas reforçar
se registe menor volume de crédito, con- Avizinha-se um novo ciclo na política mo- um enquadramento que tem vindo pro-
tudo as margens serão maiores o que netária, depois de um período de taxas de gressivamente a ser de maior suporte aos
usualmente gera melhores retornos para juro baixas, algumas mesmo negativas. níveis de rentabilidade do setor bancário,
o sector financeiro. Por outro lado, have- O controlo dos preços é neste momento via racionalização da estrutura de custos
rá o retomar de uma parte da atividade de uma prioridade, procurando-se ajustar os (e aumento da eficiência nas suas opera-
investimento no rendimento fixo que tem efeitos provocados pela pressão do cres- ções), reforço dos rácios de capital (ambos
estado ausente devido à reduzida rentabi- cimento mais intenso da procura face a como consequência da crise financeira In-
lidade, o que poderá aumentar as receitas uma oferta ainda bastante condicionada ternacional e da crise da dívida soberana
do sector. No entanto há que realçar dois para se alinhar. Assumindo que estes ajus- nos países da área do euro) e, agora, possi-
pontos de cautela importantes, a subida tes nas taxas de juro venham a ocorrer de velmente, com alguma subida nas taxas de
dos juros causará um impacto negativo um modo muito gradual, sem qualquer juro, não esquecendo o impacto positivo
na disponibilidade financeira líquida das disrupção, fundamental para a estabilida- associado à continuação da retoma do ci-
empresas e famílias, especialmente as que de económica e financeira na zona euro, o clo económico (com reflexos favoráveis na
têm créditos imobiliários a taxa muito re- que se espera é que o setor financeiro ve- evolução da carteira de crédito e das pro-
duzida e que ficaram com taxas de esforço nha a exercer a sua atividade dentro de um visões para crédito em incumprimento).
dentro do limite, mas elevadas, podendo quadro regulado e sólido que não compro- No caso dos bancos portugueses, uma
isso levar a um aumento da sinistralida- meta as metas de crescimento nacional. (ainda) elevada proporção da carteira
de no crédito, elevando o volume de im- O setor financeiro português enfrenta de crédito com taxas de juro variáveis
paridades. Por fim, não é de descurar o desafios consideráveis, de consolidação (mesmo tendo em conta a diminuição
enorme desafio que o Governo, o BCE e da sua estrutura de custos, de acompa- observada nos anos mais recentes) signi-
também o sector financeiro terão ao lidar nhamento da transição digital, de gestão fica uma maior sensibilidade a eventuais
com um aumento significativo dos custos efetiva dos seus rácios, nomeadamente os subidas nas taxas de juro. Adicionalmen-
com a dívida pública, que terão tendência associados a créditos não produtivos, de te, a eventual saída do atual contexto
a elevar a déficit público, sendo como de gestão de risco e de governação interna, de taxas de juro negativas permitiria ao
costume combatido com mais impostos e que não deverão ficar, a curto ou médio setor bancário uma menor dependência
menos recursos no apoio à economia. prazo, comprometidos com esta nova tra- do comportamento das comissões para a
jetória das taxas de juro. evolução das suas receitas, possibilitando
também aqui uma maior flexibilidade.

João Queirós
CFO da Askblue Albino Oliveira
Analista Senior do Grupo Patris Rui Machado
No contexto atual, assumindo um desejá- Direção de Investimento da IM Gestão de Ativos
vel período de pós-pandemia, o que verifi- Desde a crise da dívida soberana na área
camos é que estamos a conseguir recuperar do euro, a região tem vivido num contexto Um cenário radical de subida de taxas
num prazo mais curto de tempo e de forma de taxas de juro nulas e, posteriormente, que coloque em causa o crescimento eco-
diferente face a crises anteriores que vive- negativas fixadas pelo Banco Central Eu- nómico parece-nos improvável, por isso a
mos. Os indicadores que temos de 2021 ropeu. Particularmente na área da banca expectável subida das taxas de juro deve-

40
FÓRUM
rá ter um impacto direto marginal a curto
prazo no setor financeiro português. No
entanto, é necessário não esquecer que,
durante muitos anos, os agentes económi-
cos habituaram-se a políticas assentes em
taxas de juro baixas e facilidade de cré-
dito, condições essas que poderão estar
perto do fim, levantando assim preocu-
Frederico Aragão Morais Henrique Tomé
pações pertinentes sobre o impacto desta
Senior Market Analyst da Qaestum Capital Analista XTB
alteração. Naturalmente uma alteração
para um panorama de taxas de juro mais Normalmente, as margens de lucros dos As taxas de juro permanecem em míni-
altas implica condições de crédito menos bancos e entidades financeiras tendem a mos históricos e numa altura em que os
apetecíveis, sendo um fator menos con- subir quando a política monetária se torna EUA se preparam para dar início a um
ducente a uma expansão económica. Isto mais restritiva, no entanto muito pela na- novo ciclo de subidas das taxas de juro,
não significa que essas condições se tor- tureza do atual contexto macroeconómico, já em Março, os investidores começam
nem restritivas, contudo, a simples inver- os mesmos poderão não beneficiar tanto a antecipar que o mesmo movimento
são da direção de um regime expansio- quanto poderiam quando comparado com aconteça na Europa. Embora a presi-
nista poderá ter efeitos indesejados por uma outra situação menos peculiar. Em dente do Banco Central Europeu (BCE)
parte do BCE nas economias europeias, condições normais, a subida da inflação tenha dito esta semana (na segunda-feira
incluindo Portugal. Esses efeitos, pode- tenderia a acontecer quando a economia 14/02/2022) que não se espera aumentos
rão afetar principalmente o consumo e o chegasse ao seu potencial e o seu empre- das taxas de juro este ano, a verdade é
investimento. Do lado do investimento, go a um nível de pleno emprego (situação que a inflação na Zona euro está a au-
o impacto mais óbvio parece ser o setor onde a taxa de desemprego cíclica é igual mentar a um ritmo preocupante e pode
imobiliário, cujo ritmo de crescimento a zero). Nessa altura, os trabalhadores ga- levar os decisores de política monetária
poderá sofrer algum abrandamento, fru- nhariam margem de negociação dos seus a adotarem políticas mais restritivas para
to de condições de financiamento mais salários, levando ao seu aumento e por travarem a subida da inflação.
onerosas para as famílias e empresas. No sua vez à subida generalizada dos preços. Neste cenário, o setor financeiro como a
consumo, o cenário deverá ser semelhan- Mas este não é o cenário que atualmente banca será dos setores mais beneficiados
te, até porque um maior custo financeiro vivemos. A realidade é que a eventual su- com as subidas das taxas de juro. Ao longo
irá implicar menor disponibilidade para bida das taxas de juro não é resultante de dos últimos 2 anos, devido à pandemia, este
consumir bens e serviços. Por contrapar- uma inflação que provém do crescimento setor foi dos mais afetados e tem sido aque-
tida, o setor bancário poderá beneficiar económico, mas sim, maioritariamente, le que continua a recuperar a conta-gotas.
da subida de taxas, uma vez que poderão de um constrangimento global do lado da Em Portugal, continuamos dependentes
usufruir de melhoria das suas margens oferta. Portugal é, destacadamente, o país da condução das políticas monetárias por
e deverão deixar de ter o custo associa- europeu onde as moratórias têm maior parte do BCE, dado que a nossa autono-
do aos montantes depositados junto do peso no crédito concedido pela banca. mia em matéria de políticas monetárias
BCE. No entanto, será necessário que a Este facto impõem um risco ao aumento é limitada.
atividade económica se mantenha robus- do crédito malparado, podendo prejudicar No entanto, o setor financeiro português
ta e as condições de facilidade de crédito a estabilidade financeira e a recuperação poderá beneficiar numa primeira fase
não sofram alterações significativas para económica. O quão o setor financeiro po- com o aumento gradual das taxas de
estes ganhos se materializarem. derá ser afetado depende essencialmente juro, mas a longo prazo poderá surgir al-
Em conclusão, é expectável que a recente de dois fatores: o crescimento económico guns riscos e períodos que não devem ser
subida de taxas esteja numa fase inicial, e o crédito malparado, onde o segundo ignorados. O risco de incumprimento por
mas não vemos esse movimento como de- é consequência da falta do primeiro. Re- parte das empresas e famílias é um deles,
cisivo para o setor financeiro português. lativamente a isto, a OCDE aponta que sobretudo nos créditos à habitação, pois
A incerteza deverá residir na dimensão Portugal deverá crescer cerca de 5,8% em os preços dos imóveis continuam extre-
dessa subida, sendo que se for muito 2022 chegando a atingir o nível pré-pan- mamente inflacionados. Por outro lado, o
acentuada poderá colocar em causa os demia a meio do ano. Para além disso, o rendimento líquido das famílias não con-
cenários mais otimistas. Banco de Portugal revela que apenas 0,9% segue acompanhar o aumento dos preços
do montante de novos empréstimos com dos imóveis e muitas famílias têm inclu-
garantia pública foi concedido a empresas sive perdido poder de compra devido aos
“zombie”. Apesar da atual fotografia não efeitos da inflação.
ser animadora, as perspetivas futuras para
o setor financeiro português parecem ser,
ainda assim, risonhas.

41
dos produtos dos bancos mais atrativas e
melhorando o seu contributo para a ren-
tabilidade das organizações do setor, será
provavelmente ao nível dos juros mora-
tórios que o impacto na economia se vai
fazer sentir de uma forma mais abrangente
uma vez que tanto as famílias como as em-
presas deixaram de estar habituadas aos
José Nunes Miguel Salgueiro custos de crédito mais elevados, o que irá
Administrador da Asseco PST Founder Partner da NextBITT
consequentemente gerar um novo ciclo de
A resposta não passa primariamente por O setor financeiro terá um papel fulcral na incumprimento e naturalmente, de mais
novas tecnologias, arquiteturas ou outra temática da sustentabilidade, com a obri- crédito malparado, afetando a rentabilida-
vertente relacionada com desafios essen- gatoriedade legal de comprimir objetivos de do setor e impactando com o normal
cialmente técnicos. Não é essa a visão da de sustentabilidade. A título de exemplo, desenvolvimento da economia em especial
Asseco PST. a divulgação de informação standardizada num período que se perspetivava de recu-
Os desafios do setor financeiro transcen- sobre a integração de fatores ESG, tanto peração após o impacto do Covid, pelo
dem em muito a utilização de novas tec- ao nível da entidade, como ao nível do que entendendo que é incontornável esta
nologias, sendo essa apenas uma vertente produto, levará á mudança de mindset de subida das taxas de juros, também me pa-
também ela desafiante. toda a organização, a forma como se re- rece que as consequências para uma eco-
Estruturando o desafio do setor finan- lacionar com fornecedores e numa oferta nomia como a nossa, com elevados índices
ceiro em três macrodesafios, começamos mais “Sustentável” para os seus clientes. de crédito, não será de todo positiva.
com o primeiro deles, “Global ou Local”. Neste enquadramento a adoção de tecno-
Ou, por outras palavras, atuar no setor fi- logias emergentes em áreas como o siste-
nanceiro beneficiando do efeito de escala ma de gestão ambiental e o sistema de ges-
e em produtos/serviços de largo consumo, tão energética, para os diversos atores das
ou numa vertente especializada e de pro- suas operações, monitorizando e otimi-
dutos/serviços que servem nichos. zando o seu impacto ambiental, garantin-
“Sozinho vs Ecossistema”. Cada vez mais do total transparência com todos os seus
as instituições, independentemente da sua stackeholders bem como o envolvimento
dimensão, necessitam de trabalhar em de todos os colaboradores na persecução Frederico Faria de Oliveira
rede, seja para chegar mais longe, para dos objetivos de redução da pegada am- Fundador e partner da Blue Screen IT Solutions
oferecer mais onde já chegam, ou sim- biental e responder aos crescentes desafios
plesmente para reforçarem a sua capaci- de hoje e do futuro, nomeadamente os De acordo com vários barómetros de ris-
dade de transformação. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável co, em 2022 os perigos cibernéticos cons-
Por fim, “Especializado vs Diferencia- e a Agenda 2030. Assente na permanente tituem a maior preocupação para as em-
do”. É crucial entregar valor por via de digitalização do setor financeiro, capacitar presas a nível mundial. O mesmo acontece
uma especialização, um efeito de escala a organizações na resposta a evolução dos no setor financeiro, um pilar crucial para
ou inovando. A diferenciação é sobre en- crimes financeiros, cada vez mais comple- a estabilidade da economia europeia, que
tregar valor, e não sobre ser diferente de xos e variados, de fraude e cyber security. confia nas TI para superar esta vulnerabi-
forma indiferenciada. lidade. Ataques de resgate (ransomware),
Como última nota, o sucesso para as violações de dados ou grandes interrup-
instituições se transformarem digital- ções de TI são ameaças que poderão incidir
mente (buzzword que de alguma forma sobre o setor financeiro em 2022.
agrega estes desafios), depende do uso As instituições financeiras são constante-
de tecnologias e soluções adequadas, da mente abaladas por tentativas de intrusão,
utilização assertiva de dados/informa- mas parece haver dificuldade em evoluir
ção, e da definição de processos eficien- a política de cibersegurança reativa para
tes e contextualizados. Para catalisar proativa. O setor tem de fomentar uma
Luís Teodoro
esta mistura de ingredientes precisamos cultura de segurança para além da preo-
Administrador da SoftFinança
ainda de pessoas com visão e cultura de cupação do departamento de IT. Um risco
transformação. Se pode ser verdade que esta subida de interno: qualquer dispositivo com acesso à
O desafio acaba por ser “simples”, um ca- taxas de juro possa ter impacto inicial no rede implica formar um funcionário e trei-
maleão fá-lo na perfeição há séculos: é “só” setor financeiro, nomeadamente porque ná-lo na sua responsabilidade de o manter
ter em conta o ambiente que nos rodeia, vai alterar a atual quase ausência de ju- livre de um ciberataque. Phishing e outros
adaptarmo-nos rapidamente e sobreviver. ros remuneratórios, tornando as ofertas esquemas de Social Engineering para obter

42
FÓRUM
acesso a sistemas e redes evoluem cons- nanceiras representa um enorme desafio no final da primeira década do milénio.
tantemente. A educação para a segurança de gestão e tratamento dessa informação Antecipa-se agora uma inversão desta
cibernética e ações de sensibilização são para melhorar os serviços entregues. Tudo tendência, com a subida de taxas para
fundamentais para garantir prevenção. Ve- é possível, tudo pode ser ainda mais cus- fazer face a pressões inflacionistas, cuja
jamos um potencial risco externo à insti- tomizado, mas existem ainda grandes con- extensão e duração no tempo são ainda
tuição, associado à cadeia de fornecedores tradições quando olhamos para os sistemas incertos. Considerando os dados mais re-
de serviços cloud: qualquer falha enfraque- de regulamentação – como o GDPR, por centes publicados pelos bancos portugue-
ce as defesas da organização. A infraestru- exemplo -, em constante atualização e que ses (jun-21 e dez-20), e pressupondo um
tura deve estar preparada de forma segura exigem uma monitorização ao milimetro cenário de subida paralela de 100bps na
para resistir a possíveis ataques. A parceria de processos de gestão de risco. Segue-se yield curve, estima-se por um lado uma
com um fornecedor de serviços cloud ou a oferta das Fintech, que oferecem serviços melhoria no produto bancário entre 5%
MSSP que compreenda os requisitos de se- altamente especializados e disruptivos num e 10%; e por outro uma variação dos
gurança cibernética e regulamentares das sistema alternativo à banca – sem serem seus capitais até -1,5%. Importa salientar
instituições financeiras é imprescindível. “banca” -, representando uma resposta que estas estimativas merecem alguma re-
Nos projetos do setor financeiro que de- altamente rápida, ágil e muito mais “user serva, não apenas quanto forma como a
senvolvemos na Blue Screen, trabalhamos friendly” para os seus clientes. Extrema- yield curve se irá comportar nos diversos
com as melhores clouds (Amazon AWS) mente competitivas e no limite do que é ser prazos, mas também pelas especificida-
e investimos continuamente na formação uma “entidade financeira”, conseguem en- des do balanço de cada entidade e pela
do nosso departamento de ciberseguran- caixar-se nos espaços em branco da regu- forma como são geridas as exposições às
ça para garantir uma resposta eficaz aos lamentação, pelo que o grande desafio da taxas de juro. Adicionalmente, não se an-
perigos cibernéticos e prestar serviços de banca tradicional estará em trabalhar com tecipa uma deterioração significativa da
formação nessas entidades. Apostamos no elas de forma colaborativa e integrada. qualidade do risco da carteira de crédito
trabalho conjunto com os nossos clientes, Novas tecnologias como o Blockchain a clientes, dada a reduzida amplitude da
com os quais defendemos uma abordagem trazem-nos a chamada “banca descentra- variação esperada e o nível ainda assim
multi-nível à cibersegurança e com moni- lizada”, numa revolução tecnológica que baixo das taxas de juro após as subidas
torização contínua. dipensa a existência de entidades como os antecipadas. A introdução de critérios
Bancos Centrais e a intervenção dos Go- de concessão de crédito mais prudentes,
vernos. Daí países como a China e a Rússia incluindo algumas alterações provocadas
terem banido sistemas de Blockchain dos pelos reguladores (eg. limites às taxa de
seus países. Hoje, ainda não consegue dar esforço, limites de LTV, entre outros),
resposta às transações do dia-a-dia, mas contribuem igualmente para que as ex-
acredito que poderá ser explorada no futu- pectativas de perda decorrentes da subida
ro com um enorme potencial. das taxas de juro sejam reduzidas.
Por fim, o “machine learning” e a inteligên- Novamente, importa ter alguma reserva
cia artificial, que muito em breve poderão nesta análise, dado que o processo de
Etienne Huret
ajudar a trabalhar no primeiro desafio da subida das taxas de juro será igualmente
Diretor Geral da Natixis em Portugal
profusão e gestão da informação, permi- condicionado pelo efeito recessivo dessa
É inegável que estamos a viver em tempos tind o às entidades financeiras automatizar opção de política monetária sobre a eco-
de uma acelerada mudança, disrupção e muito dos seus processos e aprender com nomia real, no contexto dos efeitos con-
revolução tecnológica nos nossos sistemas os comportamentos das transações. tinuados da pandemia e de riscos emer-
financeiros. Tal como a criação da moeda gentes associados ao conflito armado na
pelo Rei Alíates da Lídia 500 anos antes Ucrânia, que poderão condicionar tanto
de Cristo, acredito estarmos hoje a lançar a atividade económica como as condições
as ferramentas e sistemas tecnológicos que de liquidez no sistema financeiro.
vão impactar a forma como produzimos,
gerimos e utilizamos o dinheiro durante os
próximos séculos. São quatro os grandes
desafios, tendências ou tecnologias que es-
tão já a ter impacto nos grandes sistemas
Rodrigo Lourenço
financeiros, estando intrinsecamente liga- Partner e Head of Financial Services da KPMG
dos uns aos outros.
Em primeiro lugar, a profusão de dados Desde o nascimento do Euro, há mais
(em inglês, data). A quantidade infinita de duas décadas, que se tem verificado
de dados que são recolhidos, gravados e uma tendência de descida das taxas de
colocados à disposição das entidades fi- juro, interrompida apenas no início e

43
Diretório

44
Banca

“ O papel da Agrimútuo
no sistema financeiro nacional”
Banca de portugueses, para portugueses

A Agrimútuo é uma federação de estrutu-


ras financeiras cooperativas bancárias su-
jeitas ao Regime Jurídico do Crédito Agrí-
cola Mútuo e que representa várias Caixas
de Crédito Agrícola, a maioria das quais
centenárias que, em conjunto, disponibili-
zam meia centena de agências nas regiões
de Bombarral, Chamusca, Leiria, Mafra e
Torres Vedras. A Agrimútuo – Federação
Nacional das Caixas de Crédito Agrícola
Mútuo, F.C.R.L., sob a forma de Federa-
ção de Cooperativas de Responsabilidade
Limitada, é a representação formal do
espírito cooperativo e mutualista elevado
a um nível suprarregional, conferindo às
suas associadas a capacidade de se fazerem
representar nacional e internacionalmente.
A atual administração, Presidente Ma-
nuela Nina Jorge e os Vogais Manuel José
Guerreiro e David Jorge, tendo como foco Manuela Nina Jorge, Presidente do CA da Agrimútuo | Manuel José Guerreiro, Administrador da Agrimútuo
os princípios da AGRIMÚTUO defendem
que a estrutura federativa representa o pessoas que servem e dos projetos empre- – com sucesso – a três incursões do FMI
espírito mutualista do crédito agrícola, en- sariais que apoiam, estas cinco institui- no nosso país, sobrevivendo a bancarrotas
quanto movimento de entreajuda e auxílio ções concedem financiamento a projetos que marcas tão significativas deixaram na
mútuo para o progresso e desenvolvimen- de agronegócio, respeitando as políticas globalidade do nosso sistema financeiro.
to do mundo rural e por isso assim têm de green finance, e apoiam empreendedo- As Caixas Agrícolas independentes são,
desenvolvido as suas atividades na ótica res talentosos, fundadores de start-ups e aliás, reconhecidamente, um travão à de-
do benefício comum para as associadas. fintechs inovadoras que, a partir de reali- sigualdade territorial, tanto social como
Com meia centena de agências em oito dades locais, se projetam na conquista de económica. Assim, e sem prejuízo do que
municípios que apresentam, global e con- escala, dimensão e ambicionam interna- possa vir a acontecer ao nível da estratégia
sistentemente ao longo dos anos, contas cionalizar-se. de concentração na banca, fica evidente o
e resultados positivos, estas cinco Caixas Nas respetivas localidades são as realida- espaço e a importância para o crescimento
Agrícolas têm vindo a apostar numa cres- des bancárias mais significativas e mais deste modelo, sobretudo num contexto de
cente partilha de serviços e de soluções próximas, eficientes e eficazes na prestação recuperação pós-pandemia.
de gestão. Sem nunca descurar a solidez da atividade bancária às populações. O futuro desta banca próxima e autónoma
financeira – é assim desde sempre – e sem Nestas instituições, há um legado centená- é a cooperação entre si, salvaguardando a
nunca perderem autonomia e independên- rio, acarinhado e desejado pelas popula- sua independência, para prestar melhores
cia, o que elimina a possibilidade de serem ções, que merece ser preservado e que tem serviços e apoiar, com tecnologia e solu-
capturadas por interesses alheios aos seus imenso futuro. Algumas destas Caixas de ções inovadoras, o crédito às empresas.
objetivos, estas Caixas, que são uma pe- Crédito Agrícola foram pensadas ainda no Esta banca 100% Portuguesa é regional,
quena parte da banca nacional, fazem efe- tempo da monarquia. Já não há portugue- os centros de decisão são locais e o valor
tivamente a diferença nos locais onde es- ses vivos desse tempo, mas a memória des- acrescentado fica na região. Preservemos
tão implantadas, apoiando os negócios de tas Caixas Agrícolas atravessa gerações de o nosso património!
forma prudente e racional, com exigentes clientes. Desenvolveram-se com a implan-
critérios de ponderação de risco. tação da República, viveram em ditadura,
Com presença e atuação locais, junto das acolheram Abril e, desde então, resistiram www.agrimutuo.pt

Contatos: (+351) 244 848 000 (telf) (+351) 244 848 049 (fax | Travessa Barão do Salgueiro, nº2-2400-220 Leiria

45
Banca

«Ter um impacto positivo


começa em cada um de nós»
O Cetelem é a marca do BNP Paribas Per- Ambição de ter impacto
sonal Finance, especialista em crédito ao positivo na vida das pessoas
consumo do Grupo BNP Paribas. Líder Consciente que os resultados são reflexo
na Europa no setor, está presente em cerca do empenho das equipas, a instituição
de 30 países e conta com uma equipa de definiu como compromisso ser exemplar
mais de 20 mil colaboradores, que abra- enquanto entidade empregadora. Uma
çam diariamente a missão de promover o ambição que tem sido concretizada com
acesso a um consumo mais responsável e sucesso, obtendo pelo 5º ano consecutivo
sustentável para apoiar clientes e parceiros. a certificação Top Employer em Portugal
Uma missão que faz parte da estratégia de Anais Raynaud, Chief Executive em 2022 e na Europa em 2021 e 2022.
Officer do Cetelem – BNP Paribas
transformação da empresa, alinhada com a A sua atuação é pautada também pela
Personal Finance Portugal.
ambição do Grupo BNP Paribas de se tor- ambição de gerar um impacto positivo a
nar líder no financiamento sustentável. nível económico, ambiental e social, além
«Acreditamos que a alteração dos hábitos de do seu negócio, diminuindo a sua pegada
consumo é, sem dúvida, uma resposta-chave ambiental, através da adoção de novas
para construirmos um futuro mais susten- acessíveis através de um processo de subs- práticas sustentáveis e ajudando quem
tável e a pensar nas próximas gerações. En- crição simples, cómodo e 100% digital. mais precisa: sejam clientes em situações
quanto líderes do setor, estamos conscientes No âmbito das parcerias, tem uma estra- económicas frágeis ou apoiando Institui-
da nossa responsabilidade como agentes de tégia ativa de acompanhamento dos espe- ções de cariz social, junto das quais pro-
mudança e certos que desempenhamos um cialistas de retalho especializado, das lojas move o voluntariado e a solidariedade em
papel fundamental perante os desafios glo- online, e dos sectores automóvel, financeiro equipa.
bais que enfrentamos», sublinha Anais Ray- e segurador, através de soluções globais e «Temos a certeza de que ter um impacto
naud, Chief Executive Officer do Cetelem integradas à medida das necessidades dos positivo começa em cada um de nós. E as
– BNP Paribas Personal Finance Portugal. negócios dos parceiros. ações que temos vindo a desenvolver de-
Entre Lisboa e Porto, uma equipa de mais monstram bem o nosso compromisso com
Oferta abrangente e equipa sempre ON de 600 colaboradores assumem como prio- a sociedade portuguesa», conclui Anais
Em Portugal desde 1993, o Cetelem dispo- ridade a melhoria contínua da experiência Raynaud.
nibiliza uma ampla oferta de serviços finan- dos clientes. Uma dedicação que faz do Ce-
ceiros, como crédito pessoal, financiamento telem a marca com melhor reputação entre
automóvel, cartões de crédito ou seguros, Instituições de Crédito. www.cetelem.pt

Cetelem - BNP Paribas Personal Finance S.A., Sucursal em Portugal


(+351) 217 219 000 | Rua Galileu Galilei, Nº2, 8º Piso, Torre Ocidente, Centro Colombo, 1500-392 Lisboa

46
Banca

Direção Comercial
do Banco Credibom:
Hugo Ramalho,
Pedro Mata,
Miguel Couto,
Ana Cristina Correia,
Henrique Henriques
e António Lopes
(da esquerda para a direita)

Banco Credibom dá empowerment


a cada português
“Damos crédito a cada Português” é a as- caso. Está presente em mais de 800 par- tar as equipas com melhores ferramentas.
sinatura do Credibom e que guia o com- ceiros no setor automóvel e retalho lar, de O objetivo é garantir que consegue, em to-
portamento do banco no relacionamento Norte a Sul, com uma equipa dedicada das as interações, “proporcionar a melhor
com clientes e parceiros. Uma estratégia que apoia os parceiros numa estreita rela- solução a cada português”.
com bons resultados, na medida em que a ção de confiança. Pedro Mata entende que esta distinção
marca acaba de ser distinguida como n.º 1 resulta, acima de tudo, como mais um
na categoria de empresas de crédito a con- A nossa Visão? elemento de agregação dentro das diferen-
sumo da Escolha do Consumidor e pelo 2º Conquistar a preferência dos nossos clien- tes equipas, porque “o reconhecimento é
ano consecutivo como uma marca Cinco tes e parceiros através da simplicidade e da transmissível a todas as áreas, mesmo as
Estrelas. O Deputy CEO, Pedro Mata, dá alegria de trabalhar connosco. que têm um papel de ‘back’”. “O nosso
conta do caminho que o banco fez para objetivo consiste em simplificar a vida aos
chegar a este reconhecimento. O que nos distingue? nossos clientes e parceiros, proporcionan-
Ser reconhecido como Escolha do Consu- do-lhes a melhor experiência possível.
Quem Somos? midor nas categorias de crédito ao consu-
Detido a 100% por um dos maiores gru- mo e financiamento automóvel, tal como, A nossa responsabilidade?
pos bancários europeus, o Grupo Credit uma marca Cinco Estrelas pelo 2º ano con- O Deputy CEO do Credibom sustenta
Agricole, o Credibom é um banco espe- secutivo, constitui um motivo de orgulho e que ser Escolha do Consumidor 2022
cializado no crédito ao consumo e uma um fator de motivação para o Credibom. e o Prémio Cinco estrelas 2022, atribui
referência no financiamento automóvel Quem o afirma é o Deputy CEO, Pedro ao banco a responsabilidade de manter
em Portugal, que disponibiliza a Clientes Mata: “Saber que os consumidores portu- a melhor resposta às expectativas dos
e Parceiros soluções de crédito flexíveis, gueses confiam na nossa marca e que reco- clientes e parceiros. “Em 2022, quere-
transparentes e adequadas às suas neces- nhecem a nossa dedicação, motiva-nos a mos estar ainda mais próximos, ser mais
sidades. Em Portugal há mais de 25 anos, continuar os nossos esforços de melhorar relevantes e garantir que os portugueses
o Banco Credibom presta um aconselha- a sua experiência.” E essa motivação faz encontram no Banco Credibom o me-
mento personalizado e transparente, en- com que, para 2022, o banco se proponha lhor parceiro para concretizarem os seus
contrando a melhor solução para cada reforçar os investimentos com vista a do- projetos de vida”.

Contatos: @ Credibom.pt | Tel. 214 138 400

47
DIRETÓRIO

Banca
BANCO MADESANT - SOCIEDADE Morada da Sede Estrangeiro
UNIPESSOAL, SA 34 AVENUE DE FLANDRE
AVENIDA ARRIAGA, 73 - 2º - SALA 211 Localidade da Sede Estrangeiro
9000-060 FUNCHAL CROIX
País estrangeiro: França
BANCO BAI EUROPA, SA
RUA TIERNO GALVAN, TORRE 3, BANCO DO BRASIL AG - SUCURSAL
12º PISO 1070-274 LISBOA EM PORTUGAL
O Openbank é o maior banco 100% AVENIDA DA REPÚBLICA, Nº 35 - 7º
digital da Europa e faz parte do Grupo
BANCO FINANTIA, SA 1050-186 LISBOA
Santander, operando em Espanha,
Ezequiel RUA GENERAL FIRMINO MIGUEL, 5 - 1º Morada Estrangeiro
Portugal, Alemanha, Países Baixos e
Szafir 1600-100 LISBOA FRANZ JOSEFS - KAI 47, 3.OG
Argentina. No mercado português, CEO
o Openbank disponibiliza uma gama Localidade Estrangeiro
do Openbank
completa de produtos bancários de CAIXA CENTRAL - CAIXA CENTRAL DE WIEN
pagamento e de poupança, e serviços CRÉDITO AGRÍCOLA MÚTUO, CRL Denominação da Sede
online, incluindo uma plataforma de RUA CASTILHO, 233/233-A BANCO DO BRASIL
trading e o Robo-Advisor, uma plata- 1099-004 LISBOA AKTIENGESELLSCHAFT
forma para investimentos totalmente
Patrícia Morada da Sede Estrangeiro
automatizado e digital, em colabora-
Benito HAITONG BANK, SA FRANZ JOSEFS - KAI 47, 3.OG
ção com a BlackRock®, a maior enti- Diretora-geral
dade gestora de ativos do mundo, e a RUA ALEXANDRE HERCULANO, Localidade da Sede Estrangeiro
do Openbank
Santander Asset Management. 38 - EDIFÍCIO QUARTZO WIEN
1269-180 LISBOA País estrangeiro
Os clientes do Openbank podem
aceder a todos os serviços e funcio- Áustria
nalidades, de forma fácil e intuitiva, NOVO BANCO, SA
Gonzalo
através do site e app, o que reforça Pradas AVENIDA DA LIBERDADE, N.º 195 BNP PARIBAS PERSONAL FINANCE,
o seu compromisso de ser um banco Diretor de 1250-142 LISBOA S.A. - SUCURSAL EM PORTUGAL
100% digital. Isto permite continuar a Gestão de RUA GALILEU GALILEI, Nº 2, 8º PISO,
ser o banco espanhol mais recomen- Investimentos
BANCO CTT, SA TORRE OCIDENTE, CENTRO COLOMBO
dado entre os seus clientes, graças do Openbank
AVENIDA D. JOÃO II, Nº 13, 1500-392 LISBOA
também à sua simplicidade, agilidade
EDIFÍCIO BÁLTICO, PISO 11º Morada Estrangeiro
e segurança.
(+351) 800 785 170 1999-001 LISBOA 1 BOULEVARD HAUSSMANN
O Openbank conta, atualmente, com
Plaza de Santa Bárbara, 2 - Código Postal Estrangeiro
mais de 1,7 milhões de clientes nos 5
28004 Madrid BNI - BANCO DE NEGÓCIOS 75009
países onde opera e continua com o
seu plano de internacionalização. contacto@openbank.com INTERNACIONAL (EUROPA), SA Localidade Estrangeiro
AVENIDA ENGENHEIRO DUARTE PARIS
PACHECO, CC DAS AMOREIRAS, Denominação da Sede
TORRE 1 - PISO 7 1070-101 LISBOA BNP PARIBAS PERSONAL FINANCE S.A.
Morada da Sede Estrangeiro
Nas páginas seguintes, apresentamos-lhe uma listagem CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS, SA 1 BOULEVARD HAUSSMANN
não-exaustiva das instituições financeiras que operam no AVENIDA JOÃO XXI, 63

nosso país (fonte: Banco de Portugal). 1000-300 LISBOA CRÉDIT AGRICOLE LEASING
& FACTORING, S.A. – SUCURSAL
BANCO COMERCIAL PORTUGUÊS, SA EM PORTUGAL
Bancos e outras Instituições de Crédito PRAÇA D. JOÃO I, 28 AVENIDA DUQUE DE ÁVILA 141, 3.º DTO
4000-295 PORTO 1050-081 LISBOA
ITAÚ BBA EUROPE, S.A. BANCO SANTANDER CONSUMER Morada Estrangeiro
RUA TIERNO GALVAN, TORRE 3, 11º PORTUGAL, SA BANCO ATLÂNTICO EUROPA, SA 12 PLACE DES ETATS-UNIS, CS 30002
PISO 1099-048 LISBOA RUA DE CANTÁBRIA 42 EDIFÍCIO 2, AVENIDA DA LIBERDADE, Nº 259 Código Postal Estrangeiro
2775-711 CARCAVELOS 1250-143 LISBOA 92548 MONTROUGE CEDEX
BANCO PRIMUS, SA Localidade Estrangeiro
RUA DA QUINTA DO QUINTÃ, 4, MONTEPIO INVESTIMENTO, SA CAIXA - BANCO DE INVESTIMENTO, SA MONTROUGE
EDIFÍCIO D. JOÃO I, 1º A AVENIDA DE BERNA Nº 10 AVENIDA JOÃO XXI, 63 Denominação da Sede
2770-192 PAÇO DE ARCOS 1050-040 LISBOA 1000-300 LISBOA CREDIT AGRICOLE LEASING &
FACTORING
BANCO L.J. CARREGOSA, SA BANCO CREDIBOM, SA BANCO ACTIVOBANK, SA Morada da Sede Estrangeiro
AVENIDA DA BOAVISTA, 1083 CENTRO EMPRESARIAL LAGOAS PARK, RUA AUGUSTA, 84 12 PLACE DES ETATS-UNIS, CS 30002
4100-129 PORTO EDIFÍCIO 14 - PISO 2 1100-053 LISBOA Localidade da Sede Estrangeiro
2740-262 PORTO SALVO MONTROUGE
BANCO INVEST, SA BANCO SANTANDER TOTTA, SA País estrangeiro
AVENIDA ENG. DUARTE PACHECO, BANCO BPI, SA RUA DO OURO, Nº. 88 1100-063 LISBOA França
TORRE 1, 11º RUA TENENTE VALADIM, 284
1070-101 LISBOA 4100-476 PORTO Sucursais de Instituição WIZINK BANK, S.A.U. - SUCURSAL
de Crédito com Sede na U.E. EM PORTUGAL
NOVO BANCO DOS AÇORES, SA BEST - BANCO ELECTRÓNICO AVENIDA DA LIBERDADE,
RUA HINTZE RIBEIRO, NºS 2/8 DE SERVIÇO TOTAL, SA ONEY BANK - SUCURSAL N.º 131-1.º PISO 1250-140 LISBOA
9500-049 PONTA DELGADA PRAÇA MARQUÊS DE POMBAL, EM PORTUGAL Morada Estrangeiro
Nº 3 - 3º PISO 1250-161 LISBOA AV JOSE GOMES FERREIRA, 9, SL 1 CALLE ULISES 16-18
BANCO EFISA, SA 1495-139 ALGÉS Código Postal Estrangeiro
RUA DR. ANTÓNIO LOUREIRO BORGES, BANCO PORTUGUÊS DE GESTÃO, SA Morada Estrangeiro 28043
N.º 7, 6º PISO, EDF ARQUIPARQUE 7 RUA BARATA SALGUEIRO Nº 37 - 4º 34 AVENUE DE FLANDRE Localidade Estrangeiro
1495-131 MIRAFLORES 1250-042 LISBOA Código Postal Estrangeiro MADRID
59170 Denominação da Sede
BANCO BIC PORTUGUÊS, SA BANCO DE INVESTIMENTO Localidade Estrangeiro WIZINK BANK, SA
AVENIDA ANTÓNIO AUGUSTO DE GLOBAL, SA CROIX Morada da Sede Estrangeiro
AGUIAR, N.º 132 AVENIDA 24 DE JULHO, N.º 74-76 Denominação da Sede CALLE ULISES 16-18
1050-020 LISBOA 1200-869 LISBOA ONEY BANK

48
DIRETÓRIO

Instituição Pagamento
VOLKSWAGEN BANK GMBH - BANCO BILBAO VIZCAYA
SUCURSAL EM PORTUGAL ARGENTARIA, SA, SUCURSAL
ALFRAPARK, EDÍFÍCIO G, R/C, EM PORTUGAL
ESTRADA DE ALFRAGIDE, 67 AVENIDA DA LIBERDADE, N.º 222
2614-519 AMADORA 1250-148 LISBOA
Morada Estrangeiro Morada Estrangeiro
GIFHORNER STRASSE 57 PLAZA DE SAN NICOLAS, 4
Código Postal Estrangeiro Código Postal Estrangeiro
D-3812 BRAUNSCHWEIG 48005
Localidade Estrangeiro Localidade Estrangeiro
A euPago é uma Instituição BRAUNSCHWEIG BILBAO
de Pagamento, supervisiona- Denominação da Sede Denominação da Sede
da pelo Banco de Portugal, VOLKSWAGEN BANK, GESELLSCHAFT BANCO BILBAO VIZCAYA
sendo uma referência nos MIT BESCHRANKTER HAFTUNG ARGENTARIA, SA
pagamentos online. Sediada Morada da Sede Estrangeiro Morada da Sede Estrangeiro
GIFHORNER STRASSE 57 PLAZA DE SAN NICOLAS, 4
no Porto em 2015, registou um
Localidade da Sede Estrangeiro Localidade da Sede Estrangeiro
rápido crescimento e expandiu
BRAUNSCHWEIG BILBAO
a sua atividade ao mercado País estrangeiro País estrangeiro
Telmo Santos
espanhol. A fintech tem como Alemanha Espanha
CEO da euPago
objetivo apresentar as melhores
soluções para diferentes tipolo- COFIDIS ABANCA CORPORACIÓN BANCARIA,
gias de negócios (em particular, AVENIDA DE BERNA, 52 - 6º - SA, SUCURSAL EM PORTUGAL
comércio eletrónico) e conta ESPAÇO BERNA 1069-046 LISBOA RUA CASTILHO, N.º 20
com uma equipa multidisciplinar Morada Estrangeiro 1250-069 LISBOA

1 RUE DU MOLINEL Morada Estrangeiro
e especializada em tecnologia e (+351) 222 061 597
Código Postal Estrangeiro CALLE CANTÓN CLAUDINO PITA, N.º 2
inovação. Privilegiando uma cul- Praça Artur Santos Silva 74 59290 WASQUEHAL Código Postal Estrangeiro
tura de proximidade, tem ganho 4200-534 Porto Portugal
Localidade Estrangeiro 153000 BETANZOS
a confiança dos seus clientes por geral@eupago.pt WASQUEHAL Localidade Estrangeiro
disponibilizar serviços e funcio- https://www.eupago.pt/ Denominação da Sede A CORUNHA
nalidades simples, intuitivas e https://www.linkedin.com/ COFIDIS Denominação da Sede
adaptadas a cada negócio. company/eupago Morada da Sede Estrangeiro ABANCA CORPORACIÓN BANCARIA, SA
1 RUE DU MOLINEL Morada da Sede Estrangeiro
Localidade da Sede Estrangeiro CALLE CANTÓN CLAUDINO PITA, N.º 2
WASQUEHAL Localidade da Sede Estrangeiro
País estrangeiro A CORUNHA
França País estrangeiro
Localidade da Sede Estrangeiro Morada da Sede Estrangeiro
BNP PARIBAS SECURITIES SERVICES - Espanha
MADRID PASEO DE LA CASTELLANA, 29
SUCURSAL EM PORTUGAL
País estrangeiro Localidade da Sede Estrangeiro
AV. D. JOÃO II, 1.18.01, BLOCO B, DMOND DE ROTHSCHILD EUROPE -
Espanha MADRID
9º ANDAR 1998-028 LISBOA SUCURSAL PORTUGUESA
País estrangeiro
Morada Estrangeiro RUA D. PEDRO V, 130
DEUTSCHE BANK Espanha
3, RUE DE ANTIN 1250-095 LISBOA
AKTIENGESELLSCHAFT - SUCURSAL
Código Postal Estrangeiro Morada Estrangeiro
EM PORTUGAL CREDIT SUISSE (LUXEMBOURG), SA -
75002 PARIS 4 RUE ROBERT STUMPER
RUA CASTILHO, 20 - 6.º 1250-069 LISBOA SUCURSAL EM PORTUGAL
Denominação da Sede Código Postal Estrangeiro
Morada Estrangeiro AV. DA LIBERDADE, N.º 180 A, 8º ANDAR
BNP PARIBAS SECURITIES SERVICES L-2557 LUXEMBOURG
RECHTSABTEILUNG 1250-146 LISBOA
Morada da Sede Estrangeiro Localidade Estrangeiro
TAUNUSANLAGE 12 D Morada Estrangeiro
3, RUE DE ANTIN LUXEMBOURG
Código Postal Estrangeiro 5, RUE JEAN MONNET
País estrangeiro Denominação da Sede
60325 Código Postal Estrangeiro
França EDMOND DE ROTHSCHILD EUROPE
Localidade Estrangeiro L-2180
Morada da Sede Estrangeiro
FRANKFURT Localidade Estrangeiro
CITIBANK EUROPE PLC - SUCURSAL 4 RUE ROBERT STUMPER
Denominação da Sede LUXEMBOURG
EM PORTUGAL Localidade da Sede Estrangeiro
DEUTSCHE BANK Denominação da Sede
EDIFÍCIO FUNDAÇÃO, RUA BARATA LUXEMBOURG
AKTIENGESELLSCHAFT CRÉDIT SUISSE (LUXEMBOURG), SA
SALGUEIRO, Nº 30 - 5º ANDAR País estrangeiro
Morada da Sede Estrangeiro Morada da Sede Estrangeiro
1269-056 LISBOA Luxemburgo
RECHTSABTEILUNG TAUNUSANLAGE 5, RUE JEAN MONNET
Morada Estrangeiro
12 D
1 NORTH WALL QUAY, DUBLIN 1 OPEN BANK, S.A.
Localidade da Sede Estrangeiro BANK OF CHINA (LUXEMBOURG), SA
Localidade Estrangeiro Morada Estrangeiro
FRANKFURT LISBON BRANCH - SUCURSAL
DUBLIN PASEO DE LA CASTELLANA, 24
País estrangeiro EM PORTUGAL
Denominação da Sede Código Postal Estrangeiro
Alemanha RUA DUQUE DE PALMELA, NºS.
CITIBANK EUROPE PLC 28046
35, 35A E 37 1250-097 LISBOA
Morada da Sede Estrangeiro Localidade Estrangeiro
BANKINTER, SA - SUCURSAL Morada Estrangeiro
1 NORTH WALL QUAY, DUBLIN 1 MADRID
EM PORTUGAL 37/39 BOULEVARD PRINCE HENRI
Localidade da Sede Estrangeiro País estrangeiro
PRAÇA MARQUÊS DE POMBAL, Código Postal Estrangeiro
DUBLIN Espanha
N.º 13, 2.º ANDAR 1250-162 LISBOA L-1724 LUXEMBOURG
País estrangeiro
Morada Estrangeiro Localidade Estrangeiro
Irlanda NATIXIS
PASEO DE LA CASTELLANA, 29 LUXEMBOURG
Rua Santos Pousada,220
Código Postal Estrangeiro Denominação da Sede
4000-478 Porto
28046 MADRID BANK OF CHINA (LUXEMBOURG), SA
Denominação da Sede Morada da Sede Estrangeiro
BANKINTER, SA 37/39 BOULEVARD PRINCE HENRI

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DIRETÓRIO

Instituição Crédito
Instituições BNP PARIBAS FACTOR - SOCIEDADE
de pagamento FINANCEIRA DE CRÉDITO, SA
RUA HENRIQUE POUSÃO,
EUPAGO - INSTITUIÇÃO N.º 900, PISO 5º
DE PAGAMENTO, LDA 4460-191 SENHORA DA HORA
PRAÇA ARTUR SANTOS SILVA, 74
4200-534 PORTO FINANCEIRA EL CORTE INGLÉS
PORTUGAL, S.F.C., SA
A Natixis em Portugal está integrada
UNICÂMBIO - INSTITUIÇÃO DE AVENIDA ANTÓNIO AUGUSTO DE
na organização global da Natixis, uma
PAGAMENTO, SA AGUIAR, N.º 31
multinacional francesa especializada
em gestão de ativos e património, banca AEROPORTO DE LISBOA, RUA C, 1069-413 LISBOA
corporativa e de investimento, seguros EDIFÍCIO 124, 5º PISO
e pagamentos. Parte do Groupe BPCE, 1700-008 LISBOA MERCEDES-BENZ FINANCIAL
o segundo maior grupo bancário em SERVICES PORTUGAL - SOCIEDADE
França, a Natixis tem cerca de 16.000 FINANCEIRA DE CRÉDITO, SA
NOVACÂMBIOS - INSTITUIÇÃO DE
funcionários em 38 países. LUGAR DA ABRUNHEIRA,
PAGAMENTO, SA
Sediado no Porto, o Centro de Exce- Etienne Huret CALÇADA DO CARMO, Nº 6 - 1º/DTO S. PEDRO DE PENAFERRIM
lência da Natixis tem como missão Diretor-geral da Natixis 2714-530 SINTRA
1200-091 LISBOA
transformar a banca tradicional, for- em Portugal
necendo soluções inovadoras ao ne-
RAIZE - INSTITUIÇÃO FINANFARMA - SOCIEDADE
gócio, operações e cultura de trabalho
DE PAGAMENTOS, SA FINANCEIRA DE CRÉDITO, SA
da Natixis em todo o mundo, enquanto
fator-chave para a cultura de agilidade RUA TIERNO GALVAN - AMOREIRAS, RUA MARECHAL SALDANHA, Nº. 1
e inovação da empresa. Equipas de TI TORRE 3, 17º FRAÇÕES “R” E “RA” 1200-403 LISBOA
e Atividades de Suporte à Banca traba-
lham de uma forma integrada, inclusi- PAYPAYUE - INSTITUIÇÃO DE
va e transversal, suportando todas as
PAGAMENTO, UNIPESSOAL LDA
linhas de negócio e plataformas inter-
ESTRADA REGIONAL 104, N.º 42 A
nacionais. (+351) 221 203 000
9350-203 RIBEIRA BRAVA
A Natixis em Portugal é a melhor com- Rua Santos Pousada, 220
binação entre um “mindset de start-up” 4000-478, Porto
MAXPAY - INSTITUIÇÃO
e uma estrutura grande e sólida. A sua talent.porto@natixis.com
cultura singular confere significado à DE PAGAMENTO, LDA
personalidade beyond banking: ser ver- https://natixis.groupebpce.com/ PRAÇA DUQUE DE SALDANHA,
dadeiramente empreendedor, auto-de- https://www.linkedin.com/ Nº 1, 4º - G-B 1050-094 LISBOA
safiar-se e ir mais além pelos clientes. company/natixis-in-portugal/
IFTHENPAY, LDA
RUA S. JOSÉ, N.º 771
4535-404 SANTA MARIA DE LAMAS
Sociedades Financeiras de GNB - SOCIEDADE GESTORA
Corretagem DE PATRIMÓNIOS, SA EASYPAY - INSTITUIÇÃO DE
RUA CASTILHO, N.º 26, 4º ANDAR PAGAMENTO, LDA
ATRIUM INVESTIMENTOS - SOCIEDADE 1250-069 LISBOA RUA SOARES DE PASSOS, Nº. 14-B
FINANCEIRA DE CORRETAGEM, SA 1300-537 LISBOA
AVENIDA DA REPÚBLICA, N.º 35 ASK PATRIMÓNIOS - SOCIEDADE
2.º ANDAR 1050-186 LISBOA GESTORA DE PATRIMÓNIOS, SA SIBS PAGAMENTOS, SA
AVENIDA ÁLVARES CABRAL, Nº. 61, 7º, RUA SOEIRO PEREIRA GOMES,
DIF BROKER - SOCIEDADE 1250-017 LISBOA LOTE 1 1649-03
FINANCEIRA DE CORRETAGEM, SA
RUA ANTÓNIO CARDOSO, 601-613, LJ 8 GOLDEN ASSETS - SOCIEDADE PAYSHOP (PORTUGAL), SA
4150-083 PORTO GESTORA DE PATRIMÓNIOS, SA AV. D. JOÃO II, LOTE 01.12.03
AVENIDA DA BOAVISTA, NºS. 2427/2429 1999-001 LISBOA
Sociedades Gestoras 4100-135 PORTO
de Património e de Fundos LUSOPAY, INSTITUIÇÃO DE
de Investimento INVESTQUEST - SOCIEDADE GESTORA PAGAMENTO, LDA
DE PATRIMÓNIOS, SA AVENIDA MANUEL VIOLAS,
LMCAPITAL WEALTH MANAGEMENT RUA CASTILHO, N.º 75 - 6.º DIREITO 476, SALA 28.1
- SOCIEDADE GESTORA DE 1250-068 LISBOA 4410-137 SÃO FELIX DA MARINHA
PATRIMÓNIOS, SA
AVENIDA DA LIBERDADE, 190-5.ºA GOLDEN BROKER - SOCIEDADE REALTRANSFER - INSTITUIÇÃO
1250-147 LISBOA CORRETORA, SA DE PAGAMENTOS, SA
AVENIDA DA BOAVISTA, N.ºS 2427/2429 PRAÇA MARQUÊS DE POMBAL, Nº. 1,
IBCO - GESTÃO DE PATRIMÓNIOS, SA 4100-135 PORTO GALERIAS, LOJA J
RUA MARGARIDA DE ABREU, 1250-160 LISBOA
13 - ESCRITÓRIO 4 LUSO PARTNERS - SOCIEDADE
1900-314 LISBOA CORRETORA, SA Sociedades Financeiras
RUA CASTILHO, N.º 90 - 4.º ESQ. de Crédito
POPULAR GESTÃO DE ACTIVOS - 1250-071 LISBOA
SOCIEDADE GESTORA DE FUNDOS CAIXA LEASING E FACTORING -
DE INVESTIMENTO , SA BIZ VALOR - SOCIEDADE SOCIEDADE FINANCEIRA
RUA RAMALHO ORTIGÃO, Nº 51 CORRETORA, SA DE CRÉDITO, SA
1099-090 LISBOA AV. ENG.º DUARTE PACHECO, AVENIDA JOÃO XXI, 63
AMOREIRAS, TORRE 2, PISO 16 - 1000-300 LISBOA
BMO PORTUGAL, GESTÃO DE FRACÇÃO BA 1070-102 LISBOA
PATRIMÓNIOS, SA
RUA GENERAL FIRMINO MIGUEL, 3 -
9º B 1600-100 LISBOA

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em Portugal
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