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Um relatório emblemático do Grupo Banco Mundial

RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO MUNDIAL

FINANÇAS A
SERVIÇO DE UMA
RECUPERAÇÃO
EQUITATIVA
V I SÃO G E R A L
Um relatório emblemático do Grupo Banco Mundial

RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO MUNDIAL

FINANÇAS A
­SERVIÇO DE UMA
RECUPERAÇÃO
EQUITATIVA

V I SÃO G E R A L
Este livreto contém a visão geral, além de uma lista dos temas e outros elementos pré-textuais que fazem
parte do Relatório de Desenvolvimento Mundial 2022: Finanças a Serviço de uma Recuperação Equitativa,
doi: 10.1596/978-1-4648-1730-4. Após a publicação da obra, uma versão em PDF estará disponível nos sites
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Projeto gráfico da capa e do corpo da publicação: Gordon Schuit, com contribuição da equipe de diagramação da
unidade Global Corporate Solutions do Banco Mundial.

A data de corte adotada para os dados usados neste relatório é 31 de agosto de 2021, salvo indicação em contrário.
Sumário
v Prefácio
ix Apresentação
xi Agradecimentos

1 Visão geral

1 Introdução

 Impactos econômicos da pandemia


3 Riscos financeiros interconectados
5 Aumento da desigualdade entre os países e dentro deles

6 Políticas econômicas em resposta à pandemia: rápidas, mas com


grandes v­ ariações entre os países

 Resolução de riscos financeiros: um requisito para a ­recuperação


equitativa
9 Área de política 1: Gestão e redução de problemas com empréstimos
12 Área de política 2: Aprimoramento do sistema jurídico de insolvência
15 Área de política 3: Garantia de acesso contínuo a recursos financeiros
17 Área de política 4: Gestão de níveis mais elevados de dívida pública

 Conclusão

 Notas

 Referências

 Sumário do Relatório de Desenvolvimento Mundial 2022:


­Finanças a Serviço de uma Recuperação E
­ quitativa

iii
Prefácio
Este novo Relatório de Desenvolvimento Mundial tem seu foco nos riscos econômicos
inter-relacionados que famílias, empresas, instituições financeiras e governos ao redor
do mundo enfrentam em consequência da crise da Covid-19. O relatório oferece novos
insights de pesquisas sobre os vínculos entre balanços patrimoniais e potenciais dispersões
entre os setores. Além disso, oferece recomendações de políticas com base nesses insights.
Mais especificamente, trata de como reduzir os riscos financeiros decorrentes das políticas
extraordinárias adotadas em resposta à crise da Covid-19, apoiando uma recuperação
equitativa.
A pandemia de Covid-19, que ainda não chegou ao fim, já causou milhões de mortes,
perdas de empregos, falências de empresas e fechamento de escolas, desencadeando a
crise econômica mais ampla em quase um século. As taxas de pobreza dispararam, e a
desigualdade cresceu entre os países e dentro deles. Os grupos desfavorecidos que já
gozavam de pouca resiliência financeira antes de crise e os trabalhadores com níveis mais
baixos de escolaridade — especialmente os mais jovens e as mulheres — foram afetados de
maneira desproporcional.
As respostas dos governos incluíram um conjunto de medidas, como, por exemplo,
transferências de renda para as famílias, garantias de crédito para as empresas, condições
de liquidez simplificadas, extensão dos prazos de pagamentos para grande parte do setor
privado e tolerância contábil e regulatória para muitas instituições financeiras. Embora
essas ações tenham ajudado a mitigar parcialmente as consequências econômicas e sociais
da pandemia, elas também resultaram em riscos elevados, tais como superendividamento
público, maior fragilidade financeira e uma erosão geral da transparência. As economias
emergentes ficaram com um espaço fiscal muito limitado e se tornarão ainda mais
vulneráveis devido à iminente normalização da política monetária nas economias
avançadas.
Este relatório destaca várias áreas prioritárias de ação.
A primeira é a necessidade de detecção precoce dos riscos financeiros mais significativos.
Como os balanços das famílias, das empresas, das instituições do setor financeiro e dos
governos estão fortemente inter-relacionados, pode haver riscos ocultos. Em geral, a parcela
de empréstimos inadimplentes permaneceu inferior ao que se temia no início da crise, o que
pode ser um resultado das políticas de tolerância que postergaram o pagamento de dívidas
e flexibilizaram os padrões contábeis. Pesquisas com empresas de economias emergentes
revelam que muitas creem que atrasarão seus pagamentos nos próximos meses. Portanto,
a dívida privada pode se transformar repentinamente em dívida pública, como se viu em
muitas crises anteriores.

v
A interdependência das políticas econômicas de diferentes países também é um fator
importante. Os níveis da dívida pública atingiram níveis sem precedentes. À medida que a
política monetária se enrijece nas economias avançadas, as taxas de juros também precisarão
aumentar nas economias emergentes, e suas moedas provavelmente se depreciarão. Taxas
de juros mais altas aumentam os custos do serviço da dívida, reforçando a tendência dos
últimos anos; e moedas mais fracas tornam o serviço da dívida mais oneroso em relação
ao tamanho da economia. Problemas de liquidez podem rapidamente se transformar em
problemas de solvência.
O nexo entre empresas e governos é outra fonte potencial de passivos contingentes e
dívidas ocultas. Solicitou-se às concessionárias estatais de serviços públicos que adiassem
aumentos nas tarifas e tolerassem atrasos no pagamento de contas. Concessões e parcerias
público-privadas enfrentaram fortes declínios em suas receitas. Mais cedo ou mais tarde,
as perdas podem afetar o orçamento. Enquanto isso, empréstimos tomados de empresas
estatais estrangeiras muitas vezes escapam à vigilância dos órgãos de gestão da dívida.
Esses passivos contingentes e empréstimos paraestatais podem gerar riscos financeiros
significativos em países de renda baixa e em alguns mercados emergentes.
A segunda prioridade é a necessidade de um gerenciamento proativo dos ativos
problemáticos. Na ausência de mecanismos de resolução eficazes para a dívida do setor
privado, os problemas de balanço patrimonial duram muito mais do que deveriam, com
empréstimos evergreening dando sobrevida a empresas “zumbis” e minando o ímpeto da
recuperação. Os mecanismos formais de insolvência precisam ser fortalecidos, e sistemas
alternativos de resolução de disputas, facilitados. Mecanismos jurídicos revitalizados
podem promover o perdão de dívidas e ajudar a proteger a reputação de longo prazo de
ex-devedores.
A detecção precoce de riscos e a gestão proativa também podem reduzir os riscos
associados ao serviço da dívida pública. A reformulação do perfil da dívida permite adotar
prazos mais longos e suavizar os pagamentos relacionados a ela. A hora de agir é agora,
enquanto as taxas de juros internacionais ainda estão baixas e o acesso aos mercados
financeiros globais permanece uma opção. A gestão da dívida também pode oferecer uma
proteção contra a volatilidade e fragilidade cambiais.
O maior desafio é a reestruturação da dívida pública. A ausência de um processo
previsível, ordenado e rápido de reestruturação da dívida pública tem um custo alto, o que
prejudica as perspectivas de recuperação e cria incertezas. Dados históricos demonstram
que, quanto mais longo for o processo de reestruturação da dívida, maior será o haircut
para os credores. Para os países devedores, o atraso impõe grandes reveses relacionados a
crescimento, redução da pobreza e desenvolvimento. Infelizmente, as negociações sobre
a reestruturação da dívida dos países mais pobres no âmbito do Quadro Comum do G20
encontram-se paralisadas.
Por fim, é fundamental trabalhar visando à ampliação do acesso a recursos financeiros.
As famílias de renda baixa estarão mais propensas a suavizar seu consumo se puderem
poupar e tomar empréstimos. As pequenas empresas terão mais capacidade de investir e
criar empregos se tiverem acesso ao crédito. O financiamento digital pode desempenhar
um papel crítico na viabilização do acesso ao financiamento e na promoção de novas
oportunidades econômicas.
As economias emergentes precisam reconstruir seus buffers e evitar sacrificar a
acumulação de capital — tanto físico quanto humano — ao longo da jornada. O caminho

vi | PREFÁCIO
escolhido para a consolidação orçamental é de importância crucial. A composição dos
gastos públicos afeta o crescimento econômico, e uma atividade econômica mais dinâmica
é fundamental para o cumprimento das metas de desenvolvimento e a sustentabilidade da
dívida no longo prazo.
Por sua vez, as economias avançadas devem eliminar cuidadosamente as políticas
extraordinárias de estímulo e evitar criar turbulências globais. Ao reduzir os balanços
patrimoniais de seus bancos centrais, elas também devem reequilibrar sua composição com
ativos de curto prazo, porque as taxas de juros de curto prazo são mais importantes para as
pequenas e médias empresas que constituem a espinha dorsal das cadeias de suprimentos
globais.
Esta nova edição do Relatório de Desenvolvimento Mundial traça um roteiro para enfrentar
as vulnerabilidades financeiras criadas pela crise da Covid-19. O Grupo Banco Mundial
continuará a trabalhar incansavelmente para ajudar os países clientes nesses esforços.

David Malpass
Presidente
Grupo Banco Mundial

PREFÁCIO | vii
Apresentação
Em meio a uma incerteza excepcional, formuladores de políticas públicas ao redor do
mundo viram-se obrigados a lidar com a delicada tarefa de reduzir as medidas de apoio
econômico implementadas durante os estágios iniciais da pandemia de Covid-19 (causada
pelo coronavírus), incentivando, ao mesmo tempo, a criação das condições necessárias para
restaurar a atividade econômica e o crescimento.
Um desafio significativo é a falta de transparência — criada ou reforçada pela pandemia
e (involuntariamente) exacerbada por ações políticas — sobre os riscos embutidos nos
balanços patrimoniais dos setores público e privado. O que sabemos é que a recessão
de  2020,  induzida pela pandemia, levou ao maior aumento anual da dívida global em
décadas. Antes da pandemia, a dívida privada já havia alcançado níveis recorde em muitas
economias avançadas e emergentes, deixando muitas famílias e empresas despreparadas
para resistir a um choque adverso de renda. Muitos governos também enfrentavam níveis
recorde de dívida antes da pandemia, e muitos outros aumentaram significativamente suas
dívidas para financiar políticas vitais em resposta à crise. Em 2020, a média da dívida total
dos países de renda baixa e média aumentou cerca de 9 pontos percentuais do produto
interno bruto em comparação a um aumento médio anual de 1,9 ponto percentual ao
longo da década anterior. Cinquenta e um países (entre os quais 44 economias emergentes)
sofreram um rebaixamento na classificação de crédito de sua dívida soberana.
O que ainda não sabemos, no entanto, é até que ponto os governos e os devedores
privados abrigam riscos ocultos com potencial para impedir a recuperação econômica.
Em particular, o aumento da complexidade e a diminuição da transparência nos mercados
de dívida soberana (no sentido de quem detém a dívida e em quais termos) muitas vezes
dificulta a avaliação da extensão total dos riscos nos balanços patrimoniais públicos.
Quanto ao setor privado, alguns elementos comuns dos programas de resposta à pandemia
— tais como moratórias sobre empréstimos bancários, políticas gerais de tolerância e um
relaxamento acentuado nos requisitos de relatórios financeiros — tornaram mais difícil
determinar se os devedores estão enfrentando desafios de liquidez de curto prazo ou se
seus rendimentos foram afetados permanentemente. Em ambos os casos, o risco é uma
insolvência em escala e escopo difíceis de prever.
Nesse contexto de incerteza, o mundo enfrenta o enorme desafio de superar uma
pandemia global e, ao mesmo tempo, gerenciar e reduzir os riscos financeiros nos setores
familiar, empresarial, financeiro e governamental. Problemas em uma área podem repercutir
em economias inteiras por meio de canais que se reforçam mutuamente, conectando a saúde
financeira de todos os setores. O que, à primeira vista, parece ser uma dificuldade isolada em
determinado setor pode rapidamente se espalhar para o resto da economia. Por exemplo,

ix
quando as famílias e as empresas passam por estresse financeiro, o setor financeiro enfrenta
um risco maior de inadimplência nos empréstimos e tem menos disposição ou capacidade
de oferecer crédito. À medida que a situação financeira do setor público se deteriora como
resultado do aumento da dívida pública e da redução da receita tributária, muitos governos
constatam que têm menos recursos para apoiar a atividade econômica.
Políticas que facilitem a detecção precoce e a rápida resolução de fragilidades econômicas
e financeiras podem fazer toda a diferença entre uma recuperação econômica robusta e
uma mais débil — ou, pior, que atrase totalmente a recuperação. A partir de uma avaliação
aprofundada dos impactos financeiros e econômicos mais severos e regressivos da pandemia,
este Relatório de Desenvolvimento Mundial apresenta uma pauta de políticas públicas bem-
focada e viável, que os países podem adotar para enfrentar alguns dos efeitos econômicos
prejudiciais e potencialmente duradouros da pandemia. Algumas dessas políticas
buscam reduzir a opacidade nos mercados de crédito, assegurando, por exemplo, que os
bancos divulguem indicadores precisos e oportunos sobre a qualidade dos empréstimos
ou aumentando a transparência em torno da escala e dos termos da dívida pública, por
exemplo. Outras iniciativas visam a acelerar a resolução do superendividamento por meio
de processos de insolvência aprimorados para empresas e indivíduos, bem como esforços
proativos para reformular o perfil da dívida pública ou reestruturá-la.
Como não existe uma abordagem única para a recuperação econômica, um conjunto
apropriado de políticas depende essencialmente das condições prevalecentes e da
capacidade política. Poucos governos (ou nenhum) têm recursos e flexibilidade política para
superar simultaneamente todos os desafios que enfrentam à medida que recua a pandemia.
Os países precisarão priorizar. A contribuição dessas políticas para uma recuperação
duradoura e inclusiva dependerá da capacidade dos governos, trabalhando em parceria
com instituições financeiras internacionais e outros profissionais de desenvolvimento, de
angariar vontade política para ações mais rápidas.

Carmem M. Reinhart
Vice-presidente sênior e economista-chefe
Banco Mundial

x | APRESENTAÇÃO
Agradecimentos
O Relatório de Desenvolvimento Mundial (RDM, ou WDR na sigla em inglês) de 2022 foi
elaborado por uma equipe chefiada por sua diretora, Leora Klapper. Martin Kanz atuou
como vice-diretor, Davida Connon, como gerente, e Davide Mare, como gerente de dados.
Laura Starita forneceu orientações sobre desenvolvimento durante a elaboração do relató-
rio. A orientação geral ficou a cargo de Carmen Reinhart, vice-presidente sênior e econo-
mista-chefe do Grupo Banco Mundial (WBG) e líder da Vice-Presidência de Economia do
Desenvolvimento (DEC); e Aart Kraay, diretor de Políticas de Desenvolvimento do DEC e
vice-economista-chefe do GBM. O relatório foi patrocinado pela DEC e elaborado em par-
ceria com a Vice-Presidência de Crescimento Equitativo, Finanças e Instituições (EFI) do
Banco Mundial (Prática Global de Finanças, Competitividade e Inovação; Prática Global de
Macroeconomia, Comércio e Investimento; e Prática Global de Pobreza) e com o Grupo de
Instituições Financeiras e o Departamento de Medição de Impacto no Desenvolvimento da
Corporação Financeira Internacional (IFC).
A equipe central de autores foi composta por Momina Aijazuddin, Alexandru Cojocaru,
Miquel Dijkman, Juan Pablo Farah Yacoub, Clemens Graf von Luckner, Kathryn Hols-
ton, Martin Holtmann, Nigel Jenkinson, Harry Lawless, Davide Mare, Sephooko Ignatius
Motelle, Rita Ramalho, Matthew Saal, Beniamino Savonitto e Mahesh Uttamchandani,
além dos analistas de pesquisa Sri Sravya Raaga Akkineni, Francine Chang Fernandez,
Michael Gottschalk, Lingaraj Giriyapura Jayaprakash, Mansi Vipin Panchamia, Jijun Wang
e Nan Zhou. Selome Missael Paulos prestou apoio administrativo à equipe.
Os seguintes indivíduos integraram a equipe mais ampla e colaboraram para a elabora-
ção dos destaques do relatório: Matthew Gabriel Brown, Pietro Calice, Nadine Chehade,
Erik Feyen, Matthew Gamser, Wissam Harake, Meraj Husain, Kira Erin Krown, Christoph
Lakner, Camilo Mondragon-Velez, Stephen Rasmussen, Allison Ryder, Valentina Saltane,
Alexander Sotiriou, Stefan Staschen, Robert Johann Utz e Nishant Yonzan.
Além deles, também colaboraram Pranjul Bhandari, Fernando Dancausa, Fiseha Haile
Gebregziabher, Ashish Gupta, Alexandre Henry, Fernanda Massarongo Chivulele, Collen
Masunda, Antonia Menezes, Rachel Chi Kiu Mok, Sergio Muro, Ugo Panizza, Albert Pijuan
Sala, Tarun Ramadorai e Guillermo Vuletin.
A equipe apresenta agradecimentos especiais à liderança sênior e aos gestores da EFI e
da IFC por sua parceria e orientação durante a preparação do relatório, entre os quais Paulo
de Bolle (diretor sênior do Grupo de Instituições Financeiras Globais da IFC), Marcello
Estevão (diretor global de Macroeconomia, Comércio, e Investimento da EFI), Issa Faye
(diretor de Medição de Impacto no Desenvolvimento da IFC), Dan Goldblum (gerente de

xi
Medição do Impacto no Desenvolvimento e Instituições Financeiras da IFC), Cedric Mou-
sset (gerente em exercício de Finanças, Competitividade e Inovação da EFI) e Jean Pesme
(diretor global de Finanças, Competitividade e Inovação da EFI).
A equipe também agradece as orientações, comentários e contribuições de Tatiana
Alonso Gispert, Karlis Bauze, Buddy Buruku, Jennifer Chien, Krishnamurti Damoda-
ran, Hugo De Andrade Lucatelli, Denise Leite Dias, Matei Dohotaru, Ismael Ahmad Fon-
tán, Xavier Gine, Eva Gutiérrez, Samira Kalla, Pamela Lintner, Martin Melecky, Martha
Mueller, Juan Ortiz, Alexander Pankov, José Rutman, Venkat Bhargav Sreedhara, Ekate-
rina Ushakova e Carlos Leonardo Vicente. Além disso, manifesta sua gratidão aos muitos
colegas do Banco Mundial que forneceram comentários por escrito durante o processo for-
mal de revisão, que envolveu todo o Banco. Esses comentários foram inestimáveis em uma
etapa crucial da produção do relatório. A equipe do RDM também ficou muito grata pelas
sugestões e orientações dos membros do conselho consultivo técnico do relatório: Viral
Acharya, Muhamad Chatib Basri, Graciela Kaminsky, Odette Lineau, Atif Mian, Jonathan
Murdoch, Tim Ogden, Raghuram Rajan e Kenneth Rogoff.
A equipe do RDM também interagiu e recebeu contribuições específicas, inclusive sobre
políticas e dados, dos seguintes representantes de instituições acadêmicas, organizações
internacionais, organizações da sociedade civil, empresas do setor privado e parceiros de
desenvolvimento: John Fischer, Jim Rosenberg e Michael Schlein (Accion); Daniel Osorio
(Banco de la República, Colômbia); Marcia Díaz e Verônica Gavilanes (Banco Pichincha);
Mariusz Cholewa e Paweł Szarkowski (Biuro Informacji Kredytowej S.A.); Nancy Silva Salas
(Comisión para el Mercado Financiero); Andrée Simon (FINCA Impact Finance); Amrik
Heyer e David Taylor (FSD, Quênia); Rafe Mazer (Innovations for Poverty Action); Car-
los Arredondo, Nadia Cecilia Rivero Morey, Jeffrey Sadowsky e Gregorio Tomassi (Konfío);
Zhenhua Li, Shi Piao, Xiaodong Sun e Joey Zhang (MYbank e Ant Group); e Andreas Fuster
(Swiss Finance Institute @ EPFL). A equipe consultou e recebeu contribuições dos seguin-
tes colegas da IFC: Olawale Ayeni, Jessica Camilli Bluestein, Erica Bressan, Peter Cashion,
José Felix Etchegoyen, Bill Gallery, Anushe Khan, Luz María Salamina, Leila Search e Bea-
trix Von Heintschel.
Os dados das pesquisas Business Pulse Surveys do Banco Mundial usados ao longo do
relatório, bem como as análises relacionadas a eles, foram coletados e analisados por Besart
Avdiu, Xavier Cirera, Marcio Cruz, Elwyn Davies, Subika Farazi, Arti Grover, Leonardo
Iacovone, Umut Kılınç, Ernesto López-Córdova, Denis Medvedev, Gaurav Nayyar, Mariana
Pereira López, Trang Tran Minh Pham, Santiago Reyes Ortega e Jesica Torres Coronado.
O relatório também se baseia em dados coletados pelas pesquisas telefônicas de alta fre-
quência do Banco Mundial realizadas durante a pandemia. Essas pesquisas foram realiza-
das por Benu Bidani, Ambar Narayan, and Carolina Sánchez-Páramo, com assistência de
Sulpice Paterne Mahunan Amonle, Miyoko Asai, Paola Ballon, Gildas Bopahbe Deudibe,
Laura Blanco Cardona, Antonia Johanna Sophie Delius, Reno Dewina, Carolina Díaz-Bo-
nilla, Fatoumata Dieng, Julia Dukhno, Ifeanyi Nzegwu Edochie, Karem Edwards, Kristen
Himelein Kastelic, Lali Jularbal, Deeksha Kokas, Nandini Krishnan, Gabriel Lara Ibarra,
Maria Ana Lugo, Silvia Malgioglio, José Montes, Laura Moreno Herrera, Rose Mungai,
David Newhouse, Minh Cong Nguyen, Sergio Olivieri, Bhavya Paliwal, Utz Pape, Lokendra
Phadera, Ana Rivadeneira Alava, Laura Rodríguez Takeuchi, Carlos Sabatino, Jeeyeon Seo,
Dhiraj Sharma, Siwei Tian, Ikuko Uochi, Haoyu Wu (Tom), Nobuo Yoshida e Maryam Zia.

xii | AGR ADECIMENTOS


Os dados coletados por meio das Pesquisas de Acompanhamento da Covid-19 da organiza-
ção Enterprise Surveys, disponibilizados pela Unidade de Análise Empresarial do Depar-
tamento de Indicadores Globais da DEC do Grupo Banco Mundial, foram utilizados para
embasar as análises e recomendações do relatório. A equipe foi liderada por Jorge Rodrí-
guez Meza e coordenada por Silvia Muzi. Adam Aberra, Gemechu A. Aga, Tanima Ahmed,
Andrea Suzette Blake-Fough, David Francis, Filip Jolevski, Nona Karalashvili, Matthew
Clay Summers, Kohei Ueda, Domenico Viganola e Joshua Seth Wimpey contribuíram para
a coleta de dados e a publicação de indicadores.
A equipe também consultou colegas do Grupo Banco Mundial, formuladores de políticas
públicas e funcionários de outras organizações internacionais, organizações da sociedade
civil, parceiros de desenvolvimento, doadores, instituições financeiras e instituições de
pesquisa. Foram realizados seminários com especialistas em diversos temas para d ­ ebater
os detalhes técnicos das recomendações do relatório relacionadas a leis e políticas públi-
cas. Os painelistas e coapresentadores desses seminários foram Scott Atkins (presidente e
chefe da Assessoria de Riscos da Norton Rose Fulbright Australia e presidente da INSOL
International), Juanita Calitz (professora associada da Universidade de Joanesburgo), Zarin
Daruwala (CEO de Cluster para os Mercados da Índia e do Sul da Ásia [Bangladesh, Nepal e
Sri Lanka] do Standard Chartered Bank), Matthew Gamser (CEO do SME Finance Forum),
Juan Carlos Izaguirre (especialista sênior para o Setor Financeiro do Grupo Consultivo de
Ajuda aos Pobres [CGAP] do Banco Mundial), Klaas Knot (presidente do De Nederlandsche
Bank e presidente do Conselho de Estabilidade Financeira), Alexander Sotiriou (especia-
lista sênior para o Setor Financeiro do CGAP do Banco Mundial), Lucia Spaggiari (diretora
de Inovação da MicroFinanza Rating), Kristin van Zwieten (professora da ­Universidade de
Oxford) e Romuald Wadagni (ministro da Economia e Finanças de Benin). A equipe tam-
bém gostaria de agradecer especialmente ao CGAP e ao SME Finance Forum por facilitarem
a comunicação com suas redes; e ao Ministério Federal de Cooperação e Desenvolvimento
Econômico da Alemanha (BMZ) e sua entidade mobilizadora, a Deutsche Gesellschaft für
Internationale Zusammenarbeit (GIZ), por realizarem um workshop com partes interes-
sadas sobre o relatório e fornecerem uma oportunidade adicional para a equipe receber
feedback de parceiros de desenvolvimento.
Sabra Ledent encarregou-se da revisão geral do relatório, e Catherine Farley e Gwenda
Larsen fizeram a revisão textual. Robert Zimmermann verificou as extensas citações do
relatório. Gordon Schuit foi o principal designer gráfico. Anugraha Palan, Shane Romig e
Nina Vucenik desenvolveram a estratégia de comunicação e engajamento. Mikael Reventar
e Roula Yazigi forneceram serviços web e online e orientações relacionadas a esses servi-
ços. A equipe agradece especialmente a Mark McClure, que coordenou e supervisionou
a produção formal do relatório por meio do programa de publicações do Banco Mundial.
Além disso, agradece a Patricia Katayama e Stephen Pazdan, que supervisionaram todo o
processo de publicação; Mary Fisk, que coordenou as múltiplas traduções da visão geral e
dos resumos dos capítulos; Bouchra Belfqih e as equipes de Tradução, que traduziram os
textos; e Deb Barker e Yaneisy Martinez, que administraram a impressão e as conversões
eletrônicas do relatório e seus muitos produtos paralelos. Monique Pelloux Patron assistiu
a equipe com o gerenciamento de recursos. A equipe também agradece a Maria Alyanak,
Marcelo Buitron, Gabriela Calderon Motta e Maria del Camino Hurtado por sua ajuda na
coordenação e nas estratégias de engajamento de alto nível.

AGR ADECIMENTOS | xiii


Por fim, a equipe pede desculpas a quaisquer indivíduos ou organizações inadvertida-
mente omitidos desta lista e expressa sua gratidão a todos os que contribuíram para a pro-
dução deste relatório, inclusive aqueles cujos nomes podem não constar desta lista. Assim
como muitas pessoas ao redor do mundo, os membros da equipe trabalharam em suas
casas durante a elaboração deste relatório, que levou um ano para ser concluído. Nossas
famílias merecem tanto crédito quanto os autores pelo incentivo, diversão, lanches e dis-
trações que forneceram ao longo do trabalho.

xiv | AGR ADECIMENTOS


Visão geral

Introdução
Em 2020, enquanto comunidades ao redor do mundo lutavam para conter a disseminação da Covid-19
(causada pelo coronavírus) e gerenciar os custos humanos e sanitários da pandemia, os governos imple-
mentaram uma vasta gama de políticas em resposta à crise para mitigar os piores impactos sociais e
econômicos da pandemia.
Em pouco tempo, as restrições à mobilidade, os lockdowns e outras medidas de saúde pública neces-
sárias para enfrentar a pandemia produziram a maior crise econômica global observada em mais de um
século, agravada por uma queda na demanda ligada aos efeitos da pandemia sobre o comportamento
dos consumidores. Em 2020, houve contração da atividade econômica em cerca de 90% dos países, o que
excede o número de países que vivenciaram declínios semelhantes durante as duas guerras mundiais,
a Grande Depressão da década de 1930, as crises da dívida de economias emergentes da década de 1980
e a crise financeira global de 2007–2009 (figura O.1). Nesse primeiro ano da pandemia de Covid-19, a
economia global encolheu cerca de 3%1, e a pobreza global aumentou pela primeira vez em uma geração2.
Com o propósito de limitar os impactos da crise para famílias e empresas, diversos governos promul-
garam respostas rápidas e abrangentes com uma combinação de políticas fiscais, monetárias e financei-
ras. O caso da Índia, que, como muitos outros países, implementou uma ampla resposta emergencial à
primeira onda da pandemia, oferece bons exemplos de políticas decisivas baseadas em uma vasta gama
de instrumentos para mitigar os piores efeitos imediatos da crise. Quando a pandemia chegou à Índia
em março de 2020, o governo declarou um lockdown nacional de dois meses, fechando empresas e man-
dando os trabalhadores para casa. O lockdown interrompeu todos os tipos de atividades econômicas e,
consequentemente, houve uma queda nas receitas. As pequenas empresas e os trabalhadores de renda
mais baixa em áreas urbanas e no setor informal foram os mais afetados.
A primeira das medidas adotadas pelo governo indiano foi um pacote de estímulo fiscal que equivalia
a quase 10% do produto interno bruto (PIB) e oferecia apoio direto às famílias mais pobres3. A política
monetária reduziu as taxas de juros e facilitou as condições dos empréstimos de bancos e instituições
financeiras não bancárias. Políticas abrangendo o setor financeiro também fizeram parte do plano
de apoio; o país instituiu uma moratória do pagamento de dívidas para famílias e empresas que ficou
vigente por seis meses. Adicionalmente, o governo indiano introduziu um grande programa de garantias
com o objetivo de assegurar que as pequenas e microempresas continuassem a ter acesso ao crédito.
A resposta da Índia à crise econômica foi semelhante à de muitos outros países. A estratégia reconhe-
ceu a interconexão de diferentes segmentos da economia — famílias, empresas, instituições financeiras
e governos. Um grande choque em determinado setor pode gerar riscos de transbordamento capazes
de desestabilizar a economia como um todo se a situação não for tratada prontamente e de maneira
integrada. À medida que a pandemia avançava, produzindo múltiplas ondas de infecção, muitos países
estenderam suas medidas de assistência além de seu cronograma original. Embora tais políticas tenham
ajudado a mitigar os resultados econômicos mais graves da pandemia no curto prazo, elas também

1
impuseram desafios — como, por exemplo, o aumento da dívida pública e privada — que precisam ser
enfrentados em breve para garantir uma recuperação econômica equitativa.
À medida que se prolongam os efeitos econômicos da pandemia, os formuladores de políticas públi-
cas buscam um equilíbrio entre fornecer apoio suficiente para mitigar os custos humanos da crise e, ao
mesmo tempo, limitar os riscos financeiros e macroeconômicos de longo prazo que podem emergir dos
níveis mais elevados de dívida alcançados em decorrência da crise. É provável que tais riscos surjam mais
rapidamente nas economias emergentes e, especialmente, nos países de renda baixa. Nesses países, a
capacidade de gestão da dívida pública e privada é muito menor que nas economias avançadas, e as con-
dições econômicas já eram, em muitos casos, desafiadoras mesmo antes da pandemia 4.
Os dados disponíveis até agora indicam que os efeitos econômicos da pandemia serão mais persis-
tentes e severos nas economias emergentes. Por exemplo, após o colapso da renda per capita ao redor do
mundo em 2020 (figura O.1), 40% das economias avançadas se recuperaram em 2021, inclusive excedendo
os níveis de produção de 2019. A proporção comparável de países que alcançaram renda per capita em
2021 superior aos resultados de 2019 é muito menor nos países de renda média (27%) e de renda baixa
(21%), o que indica uma recuperação mais lenta nos países mais pobres 5.
Este Relatório de Desenvolvimento Mundial examina o papel central das finanças na recuperação da
crise atual, considerada única no século, e traça caminhos para uma recuperação robusta e equitativa.
A “recuperação equitativa” é aquela em que todos os adultos, inclusive os grupos mais vulneráveis, como
os adultos pobres, as mulheres e as pequenas empresas, são capazes de se recuperar das perdas de empre-
gos, renda, capital humano e ativos6. A Covid-19 aumentou a desigualdade entre os países e dentro deles.
É importante superar os riscos financeiros para garantir que governos e instituições financeiras possam
apoiar a recuperação, inclusive por meio de investimentos em serviços públicos, como, por exemplo,
saúde e educação. Também é fundamental que as famílias e as empresas não percam o acesso aos serviços

Figura O.1 Perspectiva histórica do impacto econômico da Covid-19


Primeira Grande
Guerra Mundial Depressão
Parcela de países com crescimento

100 Segunda Crise financeira global Covid-19


negativo do PIB per capita (%)

Guerra Mundial
80

60

40

20

0
1901 1911 1921 1931 1941 1951 1961 1971 1981 1991 2001 2011 2021
Fonte: Holston, Kaminsky e Reinhart (2021), com base em dados do Centro de Crescimento e Desenvolvimento da Uni-
versidade de Groningen, Banco de Dados do Projeto Maddison 2020, Faculdade de Economia e Negócios, Universidade
de Groningen, Groningen, Países Baixos, https://www.rug.nl/ggdc/historicaldevelopment/maddison/releases/maddison-­
project-database-2020; Fundo Monetário Internacional, WEO (Bancos de Dados do Panorama Econômico Mundial — painel)
https://www.imf.org/en/Publications/SPROLLS/world-economic-outlook-databases.
Observação: A figura apresenta a porcentagem de países com crescimento negativo do produto interno bruto (PIB) per
capita de 1901 a 2021. Dados de 21 de outubro de 2021.

2 | REL ATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO MUNDIAL 2022


financeiros que possam fortalecer sua resiliência a choques econômicos, tais como a perda de renda e as
despesas imprevistas que muitos vêm tendo durante a pandemia. O enfrentamento bem-sucedido desses
riscos ajudará a limitar os danos ao desenvolvimento sustentável e apoiar uma recuperação equitativa.
Este relatório incorpora novas pesquisas, dados coletados durante a crise e estudos de caso de diver-
sos países para documentar os impactos financeiros e econômicos imediatos da pandemia, as respostas
dos governos e os riscos já materializados ou iminentes. Tais riscos incluem aumentos nos empréstimos
inadimplentes e estresse no setor financeiro; a falta de mecanismos de insolvência formais que permi-
tam que famílias e empresas saldem as dívidas contraídas durante a pandemia; restrições no acesso ao
crédito; e níveis elevados de dívida pública. Com o objetivo de direcionar os países a opções que possam
apoiar uma recuperação equitativa, este relatório destaca políticas que respondem a alguns dos impactos
adversos da crise e mitigam a dispersão dos riscos financeiros.

Impactos econômicos da pandemia


Riscos financeiros interconectados
Embora os rendimentos de famílias e empresas tenham sido mais diretamente afetados pela crise, as
consequências desse enorme choque repercutem em toda a economia por meio de vários canais que se
reforçam mutuamente e conectam a saúde financeira de famílias e empresas, instituições financeiras e
governos (ver figura O. 2). Devido a tal interconexão, riscos financeiros elevados em determinado setor

Figura O. 2 Marco conceitual: riscos financeiros interconectados


Governos e
bancos centrais

Economia global

Setor financeiro Famílias e empresas

Pré-crise / Pandemia de Covid-19 / Recuperação da crise

Fonte: Equipe do RDM 2022.


Observação: A figura apresenta os vínculos entre os principais setores da economia, por meio dos quais os riscos em um
setor podem afetar a economia de maneira mais ampla.

VISÃO GER AL | 3
podem facilmente se disseminar e desestabilizar toda a economia se não forem controlados. Quando
as famílias e as empresas passam por estresse financeiro, o setor financeiro enfrenta um risco maior de
inadimplência nos empréstimos e é menos capaz de oferecer crédito. Da mesma forma, quando a posição
financeira do setor público se deteriora (por exemplo, como resultado do aumento da dívida e do serviço
da dívida), sua capacidade de apoiar famílias e empresas pode diminuir.
No entanto, essa relação não é determinista. Políticas fiscais, monetárias e financeiras bem-­concebidas
podem neutralizar e reduzir esses riscos entrelaçados, ajudando a transformar os vínculos entre os
­setores da economia de um círculo vicioso “de destruição” em um círculo virtuoso (ver figura O.3).
Um exemplo de políticas que podem fazer uma diferença fundamental são aquelas que se concentram
nos vínculos entre a saúde financeira das famílias, das empresas e do setor financeiro. Em resposta aos
lockdowns e às restrições de mobilidade necessárias para conter o vírus, muitos governos passaram a
oferecer apoio aos mutuários na forma de programas de transferência direta de renda e ferramentas de
política financeira, tais como moratórias de dívidas e garantias de crédito. Com os desdobramentos da
crise, tais políticas forneceram o apoio necessário às famílias e às pequenas empresas e ajudaram a evitar
uma onda de insolvências e empréstimos inadimplentes, que poderiam ter ameaçado a estabilidade do
setor financeiro. Pensando no futuro, para que haja uma recuperação equitativa, é essencial garantir a
sustentabilidade da dívida de famílias e empresas, bem como a manutenção de seu acesso ao crédito.
Da mesma forma, governos, bancos centrais e órgãos reguladores também adotaram ferramentas de
políticas públicas para apoiar as instituições financeiras e evitar que os riscos se propagassem do setor
financeiro para outros segmentos da economia. Em muitos países, os bancos centrais reduziram as taxas
de juros, injetaram liquidez no mercado, ampliaram o acesso a linhas de refinanciamento e reduziram
os depósitos compulsórios. Essas medidas permitiram que bancos e outras instituições continuassem a
oferecer financiamento para famílias e empresas. Assim como muitos outros bancos centrais, o Banco de
Reserva Central do Peru, injetou liquidez no sistema bancário por meio da oferta de títulos com compro-
misso de recompra [repo agreements] lastreados pelo governo, o que reduziu a taxa de juros sobre novas
operações de crédito. Diversos bancos centrais também fizeram uso sem precedentes de ferramentas
de políticas monetárias não convencionais, como, por exemplo, programas de compra de ativos. Vinte e

Figura O.3 Marco conceitual: círculos viciosos e virtuosos


a. Círculo vicioso b. Círculo virtuoso
Receita tributária Receita tributária
Instabilidade bancária Bancos estáveis
mais baixa mais alta

NPLs e Acesso Melhor


insolvências restrito desempenho Maior oferta
empresariais ao crédito do crédito de crédito
Mercados de Apoio fiscal Mercados de títulos
Mais apoio
títulos em declínio favoráveis
fiscal
desfavoráveis

Governo e bancos centrais Setor financeiro Famílias e empresas


Fonte: Equipe do RDM 2022, com base em Schnabel (2021).
Observação: NPLs = empréstimos inadimplentes [non-performing loans].

4 | REL ATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO MUNDIAL 2022


sete economias emergentes adotaram tais programas pela primeira vez em resposta à crise da Covid-197.
As medidas visavam a evitar uma crise de liquidez e salvaguardar a estabilidade financeira. No entanto, as
moratórias de dívidas e a provisão de liquidez adicional para o setor financeiro não alteram as condições
econômicas subjacentes dos mutuários. Será necessário enfrentar os riscos agora embutidos nos balanços
patrimoniais dos bancos para garantir que o setor financeiro esteja bem capitalizado na fase de recupe-
ração e seja capaz de cumprir seu papel de fornecer crédito para financiar o consumo e o investimento.
A resposta à crise também precisará incluir políticas que tratem dos riscos decorrentes de altos níveis
de dívida pública para garantir que os governos preservem sua capacidade de oferecer um apoio efetivo
à recuperação. As medidas adotadas para mitigar os impactos imediatos da pandemia para as famílias e
empresas exigiram novos gastos dos governos em um momento em que muitos já estavam sobrecarrega-
dos por níveis elevados de dívida pública. Os altos níveis da dívida reduzem a capacidade dos governos de
apoiar a recuperação por meio do apoio direto a famílias e empresas. Também reduzem sua capacidade
de investir em bens públicos e redes de proteção social que possam mitigar os impactos das crises eco-
nômicas sobre a pobreza e a desigualdade. Gerir e reduzir os altos níveis da dívida pública são, portanto,
uma condição importante para uma recuperação equitativa.
Também é importante reconhecer que a crise da Covid-19 é uma crise dentro de outra maior, que
decorre dos crescentes impactos das mudanças climáticas nas vidas e economias. Preservar a capacidade
dos governos de investir na transição rumo a uma economia mais verde será fundamental para neutra-
lizar os impactos injustos das mudanças climáticas.

Aumento da desigualdade entre os países e dentro deles


Os impactos econômicos da pandemia foram altamente desiguais entre os países e dentro deles. Com
os desdobramentos da crise da Covid-19 em 2020, ficou claro que muitas famílias e empresas estavam
despreparadas para suportar um choque de renda de tamanha extensão e escala. Em 2020, mais de 50%
das famílias em todo o mundo não tinham capacidade financeira para sustentar seus gastos básicos por
mais de três meses no caso de uma perda de renda ocorrer, e as reservas de caixa das empresas médias
podiam cobrir menos de 51 dias de despesas8.
Dentro dos países, a crise afetou desproporcionalmente os grupos mais desfavorecidos. Em 2020, em
70% dos países, a incidência de desemprego temporário foi maior entre os trabalhadores que concluíram
apenas o primeiro ciclo do ensino fundamental9. Da mesma forma, as perdas de renda foram maiores
entre jovens, mulheres, trabalhadores autônomos e trabalhadores temporários com níveis mais baixos de
escolaridade10. As mulheres, em particular, sofreram mais perdas de renda e emprego porque, em geral,
trabalhavam nos setores mais afetados por medidas de lockdown e distanciamento social. Além disso,
tiveram de lidar com problemas relacionados a cuidados familiares devido, por exemplo, ao fechamento
de creches e escolas. De acordo com dados de pesquisas telefônicas de alta frequência coletados pelo Banco
Mundial, na fase inicial da pandemia (até julho de 2020), 42% das mulheres perderam seus empregos, em
comparação a 31% dos homens, o que evidencia os impactos desiguais da crise conforme o gênero11.
Esse padrão observado na crise — ou seja, impacto maior sobre os grupos mais vulneráveis —
­aplica-se tanto às economias emergentes quanto às avançadas12. Os primeiros dados de várias economias
­emergentes indicam aumentos significativos na desigualdade interna dos países13. Ademais, revelam que
as disparidades iniciais de perdas de emprego não diminuíram à medida que se flexibilizavam as medi-
das de lockdown e distanciamento social. As pessoas que tiveram perdas iniciais maiores — ­mulheres,
trabalhadores mais jovens, trabalhadores urbanos e aqueles com baixos níveis de escolaridade — recupe-
raram-se mais lentamente que os outros, ou não foram capazes de reverter substancialmente as dispari-
dades iniciais de perdas14. Como era de se esperar, devido à contração da renda média e à concentração

VISÃO GER AL | 5
dos efeitos entre os mais carentes, os dados globais disponíveis sugerem que a pandemia teve um impacto
substancial sobre a pobreza global15.
Padrões semelhantes são observados no caso das empresas. As empresas menores, informais e com
acesso mais limitado ao mercado de crédito formal foram as mais afetadas pela redução da renda decor-
rente da pandemia. As empresas maiores entraram na crise com capacidade para cobrir suas despesas
por até 65 dias, em comparação a 59 dias para empresas de médio porte, e 53 e 50 dias para pequenas
e microempresas, respectivamente. Além disso, as micro, pequenas e médias empresas estavam sobrerre-
presentadas nos setores mais afetados pela crise, tais como hospedagem e alimentação, varejo e serviços
pessoais. Essas empresas também estavam mais propensas a sofrer interrupções em suas cadeias de pro-
dução, o que limitou seu acesso a estoques ou insumos. Dados emergentes de pesquisas também indicam
que as empresas afetadas tiveram de oferecer prazos de pagamento mais longos ou lidar com atrasos nos
pagamentos dos compradores, inclusive do setor público16.
Esses indicadores são particularmente alarmantes porque, em muitas economias emergentes,
as empresas pequenas e informais respondem por uma grande parcela da atividade econômica e do
emprego total. Estima-se, por exemplo, que a economia informal represente cerca de 34% do PIB na
América Latina e na África Subsaariana, e 28% do PIB no Sul da Ásia17. Na Índia, mais de 80% da força
de trabalho está empregada no setor informal18. A sobrevivência de empresas pequenas e informais, por-
tanto, tem um impacto direto na economia em geral.
A pandemia também expôs e agravou fragilidades preexistentes no setor financeiro. Assim como no
caso das famílias e dos governos, a resiliência dos bancos e instituições financeiras no início da pande-
mia variou amplamente entre os países. Alguns países fortemente afetados pela crise financeira global de
2007–2008 já haviam dado início a reformas significativas no setor financeiro para garantir uma melhor
capitalização de seus sistemas bancários19. Em alguns países, como Gana, por exemplo, as reformas tam-
bém fortaleceram a regulamentação e a capitalização do setor de microfinanças e de instituições não
bancárias. Como resultado, o setor financeiro desses países estava mais bem preparado para superar as
tensões da pandemia.
Muitas economias emergentes, no entanto, não conseguiram lidar com as fragilidades dos seus setores
financeiros nos anos anteriores à crise, o que agravou problemas crônicos de baixos níveis intermediação
financeira e crédito no setor privado. Consequentemente, os setores financeiros desses países estavam
despreparados para uma crise da magnitude da recessão causada pela Covid-19, o que reduziu ainda mais
sua capacidade de financiar o consumo e o investimento produtivo durante a fase de recuperação.

Políticas econômicas em resposta à pandemia: rápidas, mas com


grandes ­variações entre os países
Também foram verificadas desigualdades marcantes nas respostas de diferentes países à crise, o que
reflete diferenças nos recursos e ferramentas de políticas públicas à disposição dos governos. À medida
que a pandemia se intensificava em 2020, foram observadas amplas variações na extensão e no escopo
dos programas governamentais de apoio. Muitos países de renda baixa enfrentaram dificuldades para
mobilizar os recursos necessários para combater os efeitos imediatos da pandemia, ou tiveram de
contrair novas dívidas significativas para financiar sua resposta à crise. Metade dos países de renda
baixa elegíveis para a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI, na sigla em inglês) do G20,
por exemplo, já estavam superendividados ou em uma situação de quase superendividamento antes
da pandemia20. Durante o primeiro ano da pandemia, o estoque da dívida desses países aumentou de
54% para 61% do PIB, limitando ainda mais sua capacidade de responder à possibilidade de uma recu-
peração prolongada 21. Embora esses níveis de dívida sejam baixos quando comparados aos observados

6 | REL ATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO MUNDIAL 2022


nas economias avançadas, que têm uma capacidade de gestão da dívida muito maior, níveis elevados
de dívida estão associados ao início de crises de solvência em países de baixa renda 22 .
A figura O.4 apresenta a variação acentuada na escala das respostas fiscais de diferentes países à pan-
demia. Como porcentagem do PIB e considerando qualquer métrica histórica, a magnitude da resposta
fiscal foi quase uniformemente ampla nos países de renda alta e uniformemente limitada ou inexis-
tente em países de renda baixa. Nos países de renda média, a resposta fiscal variou significativamente,
refletindo diferenças marcantes na capacidade e disposição dos governos de mobilizar recursos fiscais e
investir em programas de apoio.
Em muitos casos, medidas fiscais emergenciais foram apoiadas por grandes intervenções de política
monetária. Vários bancos centrais de economias emergentes usaram, pela primeira vez na sua história,
políticas monetárias não convencionais, como, por exemplo, programas de compra de ativos. Esses pro-
gramas apoiaram a resposta fiscal e forneceram liquidez ao sistema financeiro no momento mais crítico
da crise. No entanto, a capacidade dos bancos centrais de apoiar a resposta à crise dessa maneira variou
drasticamente, de modo que tais ferramentas foram mais amplamente utilizadas e mais eficazes em paí-
ses de renda média alta, que tinham mercados de capitais mais desenvolvidos e um setor financeiro mais
sofisticado. Em contraste, na maioria dos países de renda baixa, os governos foram limitados em sua res-
posta à crise porque a política monetária não foi capaz de desempenhar um papel de apoio semelhante.
O impacto inicial da pandemia se traduziu num aumento da desigualdade entre os países, em grande
medida devido às restrições que muitos governos enfrentaram para ajudar famílias e empresas23. Embora
a pobreza tenha aumentado globalmente, quase todas as pessoas que passaram a uma situação de pobreza
extrema (ou seja, pessoas vivendo com menos de US$ 1,90 por dia) como resultado da crise vivem em paí-
ses de renda baixa e média baixa24.

Figura O.4 Resposta fiscal à crise da Covid-19: países selecionados, por grupo de renda
50
Porcentagem do PIB (%)

40

30

20

10

0
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Renda alta Renda média alta Renda média baixa Renda baixa
Fonte: Equipe do RDM 2022, com base em FMI (2021a). Dados do Fundo Monetário Internacional, Banco de Dados do
Monitor Fiscal de Medidas Fiscais Nacionais em Resposta à Pandemia de Covid-19, Departamento de Assuntos Fiscais,
https://www.imf.org/en/Topics/imf-and-covid19/Fiscal-Policies-Database-in-Response-to-COVID-19.
Observação: A figura apresenta, como porcentagem do PIB, o apoio fiscal total calculado como a soma das medidas
acima da linha que afetam as receitas e despesas do governo e o subtotal das medidas de apoio à liquidez. Dados de 27
de setembro de 2021.

VISÃO GER AL | 7
Além da escala das políticas de resposta, também houve uma grande variação nas combinações das
ferramentas que os países usaram para combater os efeitos econômicos imediatos da pandemia. Isso é
ilustrado pela figura O.5, que apresenta a porcentagem de países em cada grupo de renda que adotaram
diferentes tipos de medidas fiscais, monetárias e financeiras. A figura destaca algumas diferenças nos
pacotes de políticas, que podem ser explicadas por restrições de recursos, bem como algumas diferenças
relacionadas à natureza dos riscos econômicos enfrentados por diferentes países. As economias de renda
alta e média alta, por exemplo, fizeram uso muito mais amplo de políticas financeiras, como, por exem-
plo, moratórias de dívida, visto que as instituições financeiras nesses países estão muito mais expostas
a empréstimos para famílias e pequenas empresas, cujo risco de crédito foi gravemente afetado pela
pandemia.
A figura O.5 também evidencia que as respostas imediatas à pandemia incluíram uma série de
ferramentas de políticas que nunca haviam sido testadas em economias emergentes, tampouco
adotadas em escala semelhante. Um exemplo são as extensas moratórias de dívidas e suspensões

Figura O.5 Políticas fiscais, monetárias e financeiras implementadas em resposta à


pandemia, por grupo de renda do país
Reduções tributárias para empresas

Reduções tributárias para indivíduos


Fiscais

Transferências diretas de renda


ara indivíduos
Apoio de renda para empresas

Compras de ativos
Monetárias

Liquidez do banco central

Alterações nas taxas básicas de juros

Moratórias da dívida, famílias


Financeiras

Moratórias da dívida, mutuários de


instituições de microfinanças
Moratórias da dívida, empresas

Tolerância regulatória

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
Porcentagem de países que adotaram a política

Renda alta Renda média alta Renda baixa e média Renda baixa
Fontes: Medidas fiscais: Lacey, Massad e Utz (2021); medidas monetárias: Banco Mundial, COVID-19 Finance Sector ­Related
Policy Responses, 30 de setembro de 2021, https://datacatalog.worldbank.org/dataset/covid-19-finance-sector-related​
-­policy-responses; medidas do setor financeiro: Banco Mundial, COVID-19 Household Monitoring Dashboard.
Observação: A figura apresenta a porcentagem de países em que cada uma das políticas listadas foi implementada em
resposta à pandemia. Os dados sobre as medidas financeiras são de 30 de junho de 2021.

8 | REL ATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO MUNDIAL 2022


de cadastros negativos adotadas por diversos países ao redor do mundo. Embora esses programas
tenham desempenhado um papel importante na mitigação dos problemas de liquidez de curto prazo
enfrentados por famílias e empresas, eles não abordaram necessariamente a capacidade futura de
pagamento e tiveram a consequência indesejada de esconder prejuízos nos empréstimos, criando um
novo problema: a falta de transparência sobre os riscos de crédito e a verdadeira situação do setor
financeiro.

Resolução de riscos financeiros: um requisito para a


­recuperação equitativa
O impacto da crise econômica provocada pela Covid-19 criou riscos financeiros sem precedentes que
forçarão governos, agências reguladoras e instituições financeiras a buscar políticas de estabilização de
curto prazo e políticas estruturais de longo prazo para conduzir suas economias rumo a uma recupera-
ção sustentada e equitativa. Percorrer esse caminho exigirá ações oportunas em quatro áreas de políticas
públicas:
1. Gestão e redução de problemas com empréstimos;
2. Aprimoramento do sistema jurídico de insolvência;
3. Garantia de acesso contínuo a recursos financeiros; e
4. Gestão de níveis mais elevados de dívida pública.

Área de política 1: Gestão e redução de problemas com empréstimos


Em muitos países, a resposta à crise incluiu medidas assistenciais em grande escala, tais como ­moratórias
da dívida e suspensões do cadastro negativo. Muitas dessas políticas não têm precedentes históricos;
portanto, é difícil prever seus impactos de longo prazo no mercado de crédito. À medida que os governos
diminuírem essas medidas de apoio aos mutuários, os credores devem esperar aumentos nos emprésti-
mos inadimplentes (NPLs, na sigla em inglês) com magnitudes variáveis em diferentes países e ­setores25.
Como muitos países flexibilizaram as regras que definem um NPL durante a crise, os formuladores
de políticas públicas agora enfrentam o desafio de interpretar balanços patrimoniais cada vez menos
transparentes. Os incentivos dos bancos para minimizar a verdadeira extensão da exposição a emprésti-
mos problemáticos provavelmente aumentarão à medida que as moratórias terminarem, outras medidas
de apoio forem eliminadas e o impacto da pandemia se tornar mais claro. Se não forem compensados
por uma governança bancária forte, definições regulatórias robustas de NPLs e supervisão bancária
­cuidadosa, os NPLs ocultos podem criar discrepâncias significativas entre os valores relatados dos ativos
e as realidades econômicas subjacentes. A falta de transparência sobre empréstimos inadimplentes pode
impedir a identificação oportuna de problemas potenciais no sistema bancário, enfraquecer a confiança
no setor financeiro e levar a reduções nos níveis de investimentos e empréstimos, o que pode impedir
uma recuperação equitativa após a pandemia.
Os bancos dispõem de processos para gerir NPLs no curso normal de suas atividades, mas a escala
e a complexidade do possível aumento de NPLs resultante da crise da Covid-19 podem prejudicar tal
capacidade. Isso pode, por sua vez, gerar uma crise de crédito, mesmo em países com instituições
financeiras sólidas, e, na pior das hipóteses, desestabilizar o setor financeiro. Os bancos que enfren-
tam um declínio na qualidade dos empréstimos capaz de afetar severamente o seu capital tendem a
limitar os empréstimos, e essas reduções geralmente têm impactos piores para as famílias de renda
baixa e as pequenas empresas. Logo, o aumento acentuado dos NPLs pode gerar um círculo vicioso de

VISÃO GER AL | 9
deterioração do desempenho do setor financeiro Figura O.6 Capacidade dos sistemas
e enfraquecimento da atividade econômica real, bancários de absorver aumentos de
o que também pode exacerbar a desigualdade empréstimos inadimplentes, por grupo de
econômica. renda do país
Portanto, a gestão dos riscos vinculados à 55
falta de transparência sobre o aumento dos

Distância consolidada até o ponto


50

de ruptura (pontos percentuais)


NPLs deve ser uma prioridade para permitir um 40
diagnóstico precoce e claro do estresse finan- 35
ceiro emergente e, assim, facilitar a resolução 30
do problema, reconhecendo, ao mesmo tempo, 25
20
que os graus de estresse e a capacidade de absor-
15
ver NPLs mais elevados diferem entre os países 10
(figura O.6). 5
As instituições de microfinanças (IMFs) 0
Renda Renda Renda Renda
enfrentam desafios semelhantes e, portanto,
baixa média média alta
merecem a mesma atenção dos formuladores baixa alta
de políticas públicas. Famílias de renda baixa e Fonte: Equipe do RDM 2022, com base em Feyen e Mare
micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) (2021).
nas economias em desenvolvimento geral- Observação: A figura ilustra o aumento, em pontos percen-
tuais e em nível de país, nas taxas de empréstimos ina-
mente dependem de IMFs (em vez de bancos
dimplentes (NPL) capaz de eliminar as reservas de capital
­convencionais) para ter acesso a serviços finan- dos bancos equivalentes a pelo menos 20% dos ativos do
ceiros. Embora, até agora, as IMFs tenham sistema bancário (ver Feyen e Mare, 2021). Os valores mais
altos denotam uma maior capacidade de absorver aumentos
resistido melhor à pandemia do que se previa
de NPLs. A distribuição por país do aumento, em pontos per-
inicialmente, os desafios que enfrentam no centuais, da taxa de inadimplência é apresentada conforme
refinanciamento de suas próprias dívidas e as o nível de renda dos países. Os dados bancários subjacentes
cobrem o período até julho de 2021. Os pontos representam
pressões relacionadas à qualidade de seus ativos
valores fora do intervalo dos bigodes.
— que até agora têm se mantido relativamente
­estáveis, em parte por causa do apoio do governo
— podem aumentar à medida que as moratórias forem totalmente encerradas e os empréstimos come-
çarem a vencer.
Crises anteriores revelaram que, sem uma resposta de políticas públicas rápida e abrangente, os
problemas relacionados à qualidade dos empréstimos tendem a persistir e piorar ao longo do tempo,
conforme sintetizado pelo aumento típico nos empréstimos para “empresas zumbis”, ou seja, emprésti-
mos para empresas fracas que têm pouca ou nenhuma perspectiva de recuperar sua saúde financeira e
pagar integralmente suas dívidas. Continuar a estender e adiar o pagamento dos empréstimos concedi-
dos a essas empresas (uma postura conhecida como evergreening) sufoca o crescimento econômico, pois
absorve capital que seria mais bem direcionado a empréstimos para empresas com alta produtividade e
potencial de crescimento.
Algumas instituições financeiras podem não ser capazes de suportar o aumento dos NPLs e talvez
exijam recapitalização ou resolução. Se não forem solucionados, os crescentes NPLs podem abrir espaço
para crises bancárias sistêmicas, associadas a recessões severas e prolongadas e aos consequentes efeitos
sobre a pobreza e a desigualdade. Uma resposta imediata e abrangente é, portanto, essencial para pre-
servar a capacidade do setor financeiro de apoiar uma recuperação equitativa e evitar perdas crescentes
para todo o sistema. É necessária uma estratégia que apoie a identificação e gestão oportunas dos NPLs.
Os principais elementos de tal estratégia são a transparência, a resolução de empréstimos e a resolução
de problemas bancários.

10 | REL ATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO MUNDIAL 2022


Aprimoramento da transparência e da supervisão e redução dos incentivos para medições incorretas
Um primeiro passo importante é estabelecer regras e incentivos aplicáveis que apoiem maior transpa-
rência sobre o verdadeiro estado dos ativos bancários. Avaliar a qualidade dos ativos durante a pandemia
é uma tarefa complexa devido à grande incerteza sobre as perspectivas econômicas e à extensão e per-
sistência das perdas de receitas. O uso generalizado de moratórias da dívida e outras medidas de apoio
aos mutuários dificultou ainda mais a avaliação, por parte dos bancos, da verdadeira capacidade de paga-
mento dos mutuários atuais e futuros. Na verdade, as moratórias da dívida e outras medidas de apoio
reduziram a comparabilidade das métricas de inadimplência ao longo do tempo, tanto internamente nos
países quanto entre eles.
Indicadores precisos e oportunos da qualidade dos empréstimos são essenciais para avaliar a saúde
geral do setor financeiro e a capacidade dos bancos de absorver perdas de crédito que possam se mate-
rializar no futuro próximo26. O uso de definições internacionalmente aceitas de NPLs é fundamental
para monitorar e avaliar a qualidade dos ativos dos bancos de maneira consistente27. A flexibilização das
definições regulatórias obscurece os verdadeiros desafios relacionados à qualidade dos ativos dos bancos
e, portanto, deve ser evitada.
Definições regulatórias robustas devem ser sustentadas por uma supervisão bancária eficaz. Os
supervisores bancários, responsáveis por fazer cumprir essas definições regulatórias, devem garantir
que os bancos cumpram as regras prudenciais em um ambiente cada vez mais desafiador. À medida que
aumenta a pressão sobre a qualidade dos ativos dos bancos, esses ficam cada vez mais suscetíveis a incen-
tivos para intensificar esforços que disfarcem a extensão de suas dificuldades — na tentativa de evitar
uma resposta de supervisão ou do mercado. Frente a esses incentivos, alguns bancos podem explorar bre-
chas regulatórias ou se envolver em práticas questionáveis, como, por exemplo, empréstimos evergreening
ou transferência de empréstimos fora dos balanços patrimoniais, de forma a apresentar uma imagem
excessivamente otimista acerca da qualidade dos seus ativos, o que, por sua vez, pode tornar o trabalho
de supervisão bancária significativamente mais difícil.

Resolução de empréstimos problemáticos por meio de intervenções regulatórias


Os governos e supervisores bancários podem usar várias intervenções para incentivar os bancos a intensi-
ficar os esforços no sentido de resolver empréstimos problemáticos. Para administrar o volume crescente
de dívidas inadimplentes, eles podem exigir que os bancos adotem processos apropriados e dediquem
recursos suficientes para recuperar empréstimos vencidos. Os modelos de negócios, a estrutura organi-
zacional, as estratégias e os recursos internos dos bancos devem refletir uma abordagem coerente para
gerenciar os NPLs crescentes, inclusive por meio da criação de unidades de resolução internas específicas
e da elaboração de metodologias para avaliar a viabilidade dos mutuários.
Os bancos são os principais responsáveis pela gestão de empréstimos inadimplentes. No entanto,
também podem ser necessárias intervenções governamentais no caso de os empréstimos problemáticos
colocarem em risco a capacidade do sistema bancário de financiar a economia real ou ameaçarem a esta-
bilidade do sistema financeiro. Estratégias individuais em nível dos bancos podem não ser suficientes
quando o aumento nos NPLs abranger todo o sistema, como seria de se esperar após uma pandemia.
Intervenções de políticas públicas, tais como estratégias nacionais de resolução de NPLs para coordenar
esforços de resolução entre as partes interessadas na economia, podem desempenhar um papel útil na
aceleração da redução de dívidas inadimplentes. Por exemplo, o governo da Sérvia estabeleceu um grupo
de trabalho nacional de NPLs em maio de 2015, quando o índice de NPL do setor bancário aumentou para
23,5% após a crise financeira global. O grupo de trabalho, que incluía representantes dos setores público
e privado, elaborou e implementou uma estratégia abrangente para reduzir os NPLs28, o que contribuiu
para uma queda no índice de inadimplência para um mínimo histórico de 3,7% em dezembro de 2020.

VISÃO GER AL | 11
Em resposta a grandes aumentos sistêmicos nos volumes de inadimplência, alguns países criaram
empresas de gestão de ativos públicos (AMCs, na sigla em inglês — também conhecidos como “bancos
ruins”) com atuação em todo o sistema para administrar empréstimos problemáticos removidos dos
balanços patrimoniais dos bancos. Tal medida pode ajudar a restaurar a confiança do público no setor
bancário e evitar vendas desnecessárias de ativos a preços excessivamente descontados (fire sales). Por
exemplo, em resposta a crises anteriores, foram criados AMCs públicos na Malásia e Espanha em con-
junto com programas de recapitalização de bancos com financiamento público para superar as restrições
de espaço de capital que, de outra forma, teriam dificultado os esforços para reconhecer toda a extensão
da exposição dos bancos a empréstimos problemáticos. A defesa e a eficácia dos AMCs públicos depen-
dem das circunstâncias de cada país e da solidez do projeto geral. Trata-se de uma área em que as econo-
mias emergentes têm, na prática, enfrentado muitos desafios.

Bancos problemáticos
Quando os bancos são incapazes de absorver o estresse financeiro adicional advindo da pandemia
e desenvolver um plano de recuperação viável, as autoridades devem ser capazes de implantar um con-
junto robusto de medidas de intervenção precoce para recuperar os bancos em dificuldades e liquidar os
que estiverem falindo. As medidas para lidar com bancos em situação de insolvência devem incluir um
regime jurídico que defina as falências de bancos à parte do sistema geral de insolvência e dê às autorida-
des mais opções de políticas e maiores poderes para alocar perdas aos acionistas e detentores de passivos
não segurados, protegendo assim os depositantes e, ao mesmo tempo, os contribuintes contra perdas do
setor financeiro.
As autoridades responsáveis por lidar com bancos em dificuldades devem sempre priorizar soluções
capitaneadas e financiadas pelo setor privado, aproveitando, na medida do possível, as reservas financei-
ras das entidades em dificuldades. O uso de dinheiro público para resolver uma crise deve ser o último
recurso, adotado somente após as soluções do setor privado terem sido totalmente exauridas e apenas
para remediar uma ameaça aguda e demonstrável à estabilidade financeira.

Área de política 2: Aprimoramento do sistema jurídico de insolvência


Muitas famílias e empresas estão sofrendo com dívidas insustentáveis como resultado da pandemia. Os
sistemas de insolvência podem constituir um mecanismo eficaz para ajudar a reduzir níveis excessivos
de dívida privada. No entanto, o aumento repentino de inadimplências e falências resultante da crise
(figura O.7) impõe um desafio significativo para os sistemas de insolvência, colocando em xeque sua
capacidade de resolver as falências em tempo hábil, mesmo em economias avançadas com instituições
fortes. O desafio decorre, em parte, da complexidade dos processos de insolvência conduzidos por tribu-
nais. De acordo com dados do Banco Mundial, na média, a resolução de um caso de falência empresarial
leva mais de dois anos29. Processos complexos de liquidação podem durar ainda mais, mesmo em siste-
mas judiciais que funcionem bem.
Nos países com sistemas de insolvência mais precários, manter o status quo aumenta o risco de que
sejam necessárias ações mais drásticas e custosas caso aumentem os NPLs e os processos de insolvência.
A ausência de mecanismos jurídicos eficazes para declarar falências ou resolver conflitos entre credores e
devedores convida à interferência política no mercado de crédito (na forma de alívio da dívida ordenada
pelo governo), pois tal ação se torna a única alternativa para solucionar o problema de dívidas insustentá-
veis. De fato, as economias emergentes têm feito amplo uso da politização do perdão de dívidas. No pas-
sado, tais programas com frequência prejudicaram a disciplina de crédito e o acesso de mutuários com
capacidade de crédito a empréstimos de longo prazo30. Mesmo em economias com leis de insolvência

12 | REL ATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO MUNDIAL 2022


Figura O.7 Porcentagem de empresas em atraso ou com expectativa de atraso no prazo de
seis meses em países selecionados, de maio a setembro de 2020
100
90
Share of enterprises (%)

80
70
60
50
40
30
20
10
0
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Fonte: Apedo-Amah et al. (2020), com base em Banco Mundial, COVID-19 Business Pulse Survey Dashboard, dados de
2020–2021, https://www.worldbank.org/en​/data/interactive/2021/01/19/covid-19-business-pulse-survey-dashboard.
Observação: A figura apresenta as porcentagens dos países pesquisados pelo Banco Mundial.

eficazes, a resolução de dívidas pode ser inibida por um sistema judicial lento e sobrecarregado, com
recursos insuficientes para administrar a complexidade jurídica e processual dessas questões.
Melhorar a capacidade institucional de administrar a insolvência é fundamental para a recuperação
econômica equitativa por várias razões. Em primeiro lugar, quando as famílias e as empresas estão sobre-
carregadas com dívidas insustentáveis, o consumo, a criação de empregos e o investimento produtivo são
suprimidos. Em segundo lugar, quanto mais tempo for necessário para resolver um caso de falência,
maiores serão as perdas para os credores. Além disso, perdas maiores para os credores reduzem a dis-
ponibilidade de crédito na economia e aumentam seu custo31. Por fim, quanto mais longo o processo de
falência, mais tempo as empresas “zumbis” superendividadas terão para absorver recursos que poderiam
apoiar uma recuperação econômica equitativa se fossem realocados para empresas mais produtivas.
Na sequência da crise da Covid-19, a disponibilidade e eficiência dos mecanismos de falência deter-
minarão a rapidez da redução de dívidas insustentáveis e, consequentemente, da recuperação. Estudos
revelam que aprimoramentos dos sistemas de insolvência estão associados a um maior acesso ao cré-
dito32, recuperação mais rápida dos credores, preservação mais robusta dos empregos33, maior produtivi-
dade34 e menores taxas de insucesso para pequenas empresas35. Reformas que visem à redução de custos
também podem criar condições melhores para empresas inviáveis pedirem a sua liquidação36, liberando,
assim, recursos que poderiam ser redirecionados para empresas mais produtivas e com melhores pers-
pectivas de crescimento.
As seguintes reformas podem ajudar a aliviar o superendividamento resultante da Covid-19 e viabi-
lizar uma recuperação econômica equitativa. Além de poderem ser adotadas por economias em vários
estágios de desenvolvimento, com vários graus de sofisticação em suas leis vigentes de insolvência e em
vários níveis de capacidade institucional, essas reformas têm demonstrado eficácia, conforme evidências
disponíveis de diversos países.

VISÃO GER AL | 13
Fortalecimento dos mecanismos formais de insolvência
Uma robusta legislação formal de insolvência define os direitos e comportamentos necessários para
que as soluções judiciais e extrajudiciais sejam obtidas de maneira ordenada37. Um sistema bem-con-
cebido oferece incentivos capazes de motivar credores e devedores a cooperar no processo de resolução.
Outros princípios de um sistema robusto são regras previsíveis de precedência dos credores, que definem
a ordem em que as dívidas serão pagas38; resoluções oportunas, que resultam em um círculo positivo
capaz de motivar todos os atores a buscar soluções extrajudiciais39; e conhecimentos adequados sobre
as complexidades da lei de falências. Por fim, ferramentas de alerta antecipado para a detecção de difi-
culdades nas empresas são muito promissoras e permitem a identificação antecipada de devedores em
dificuldades financeiras antes que tal dificuldade chegue ao ponto da insolvência.

Sistemas alternativos de resolução de conflitos


Os sistemas de resolução alternativa de conflitos (RAC) podem fornecer soluções mais rápidas e econô-
micas que o sistema judiciário formal, ao mesmo tempo que mantêm parte do rigor dos tribunais. Em
um processo de RAC, o devedor e o credor interagem diretamente. O processo pode ser mediado por
uma terceira parte; as resoluções têm caráter vinculante; e os participantes podem manter sua confi-
dencialidade. Algumas variações dos processos de RAC preveem diferentes graus de envolvimento do
judiciário. Os processos de RAC exigem adesão e coesão significativas dos credores, pois, se eles não esti-
verem dispostos a fazer concessões, o processo será interrompido. Comunicações ativas entre os órgãos
reguladores e o setor privado e mecanismos jurídicos para evitar que credores minoritários obstruam o
progresso de um acordo de reestruturação são dois métodos que podem ajudar a enfrentar os desafios
associados à coesão dos credores.

Procedimentos judiciais e extrajudiciais acessíveis para pequenas empresas


As empresas de pequeno e médio porte são menos capitalizadas que as grandes e, frequentemente, care-
cem de recursos e experiência para compreender e utilizar sistemas de insolvência complexos e custosos
de maneira eficaz. Ao exacerbar esses problemas estruturais, os impactos da pandemia foram maiores
para as pequenas empresas que para as grandes. Devido a esses fatores, são necessárias reformas espe-
cíficas que criem mecanismos de insolvência capazes de atender a pequenas e médias empresas. Tais
reformas incluem o aumento da eficiência da reestruturação da dívida para empresas viáveis por meio da
simplificação dos processos jurídicos, permitindo que os devedores mantenham o controle de seus negó-
cios quando possível, disponibilizando novos financiamentos e utilizando procedimentos extrajudiciais
para manter os custos baixos. Com essas reformas, os formuladores de políticas públicas podem ajudar
a facilitar a sobrevivência de empresas viáveis que enfrentam problemas de liquidez e a rápida saída de
empresas não viáveis do mercado.

Promoção do perdão da dívida e proteção de longo prazo da reputação de ex-devedores


A perda de empregos, a redução das operações e o declínio das vendas decorrentes da pandemia de
­Covid-19 levaram à inadimplência muitos indivíduos e empreendedores com bom histórico de crédito.
Para as pequenas empresas, que muitas vezes são financiadas, pelo menos em parte, por dívidas garanti-
das pessoalmente pelo empresário, a falência pode ter consequências adversas graves. Como muitos des-
ses mutuários não têm culpa direta sobre a sua ruína, os tribunais devem tentar resolver rapidamente os
casos em que não haja renda ou ativo, e a lei deve fornecer um mecanismo de demissões e a possibilidade
de um recomeço para empresários individuais. Custos elevados (como custas processuais) e barreiras ao
acesso (como procedimentos excessivamente onerosos ou confusos) devem ser reduzidos ou eliminados
em caso de falência pessoal, em particular para casos de pessoas ou empresas sem renda ou ativos.

14 | REL ATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO MUNDIAL 2022


Área de política 3: Garantia de acesso contínuo a recursos financeiros
Muitas famílias e pequenas empresas correm o risco de perder o acesso ao financiamento formal devido a
diversos fatores decorrentes da pandemia. Embora a maioria dos credores não tenha enfrentado grandes
desafios de liquidez relacionados à pandemia, eles preveem um aumento nos empréstimos inadimplen-
tes, e sua capacidade de conceder novos empréstimos é limitada pelas contínuas dificuldades econômi-
cas e pelas questões de transparência examinadas anteriormente. Nessas circunstâncias, os credores
tendem a oferecer menos crédito novo, e o pouco que é emitido beneficia mutuários em melhor situação
econômica. Uma análise das pesquisas trimestrais dos bancos centrais sobre as condições de crédito
em economias avançadas e emergentes concluiu que, das economias sobre as quais havia pesquisas dis-
poníveis, a maioria observou vários trimestres de restrição de crédito após o início da crise (ver figura
O.8). Em períodos de crédito mais restrito, os mutuários mais vulneráveis, tais como pequenas empresas
e famílias de baixa renda que não possuem garantia física ou um histórico de crédito suficientemente
longo, tendem a ser os primeiros a perder o acesso ao crédito.

Figura O.8 Tendências trimestrais nas condições de crédito por grupo de renda do país,
2018–2021
40 Surgimento da
Porcentagem líquida dos países que relataram

30 Covid-19 Flexibilização
20
variações nas condições de crédito

10
0
–10
–20
–30
–40
–50
–60
–70
Enrijecimento
–80
18 18 18 18 19 19 19 19 20 20 20 20 21 21 21
20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20
T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3

Todos Renda alta Renda baixa e média


Fonte: Cálculos da equipe do RDM 2022, com base em dados de relatórios de pesquisas dos bancos centrais de 38 países,
publicados ou acessados até 15 de dezembro de 2021: Albânia, Argentina, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Chipre, República
Tcheca, Estônia, França, Alemanha, Gana, Grécia, Hungria, Índia, Indonésia, Irlanda, Itália, Japão, Letônia, Lituânia, México,
Países Baixos, Macedônia do Norte, Filipinas, Polônia, Portugal, Romênia, Federação Russa, Sérvia, Espanha, Tailândia,
Turquia, Uganda, Ucrânia, Reino Unido, Estados Unidos e Zâmbia.
Observação: A figura apresenta a porcentagem líquida de países nos quais os bancos relataram uma variação nas condi-
ções gerais de crédito em pesquisas trimestrais das equipes de crédito dos bancos centrais ou em pesquisas sobre as
condições de crédito. A porcentagem líquida é a diferença entre o número de países que relatam uma flexibilização geral
das condições de crédito e o número de países que relatam um enrijecimento geral das condições de crédito em relação ao
trimestre anterior. Um valor percentual líquido negativo indica um enrijecimento geral das condições de crédito na amostra
de países. Nos casos do Chile, Japão, México, Polônia, Rússia, Estados Unidos e Zâmbia, as condições gerais de crédito
foram estimadas a partir de um índice de condições de crédito relatadas nos segmentos de negócios e consumo.

VISÃO GER AL | 15
É difícil estimar quanto tempo os países levarão para se recuperar totalmente da pandemia e de suas
repercussões econômicas. Devido às incertezas sobre a recuperação econômica e a saúde financeira dos
mutuários em potencial, as instituições financeiras enfrentam dificuldades para avaliar o risco — um requi-
sito para a subscrição de crédito. Moratórias da dívida e suspensões de cadastros negativos, embora impor-
tantes para enfrentar os impactos imediatos do choque, tornaram mais difícil para os bancos distinguir os
mutuários que enfrentam problemas temporários de liquidez daqueles que estão realmente insolventes.
Quanto às famílias de baixa renda e pequenas empresas, seu risco de crédito é difícil de avaliar, mesmo em
tempos normais, porque geralmente não possuem um histórico de crédito e demonstrações financeiras
auditadas. Os transtornos generalizados nas atividades empresariais e nos meios de subsistência dificul-
tam ainda mais tal avaliação. Credores bancários e não bancários reagem, portanto, restringindo o crédito
de forma reativa e realocando os empréstimos, quando possível, a mutuários com riscos claramente mais
baixos. Empréstimos inovadores que incorporam novas abordagens para a medição de riscos e concepção
de produtos podem ajudar a reverter essa tendência. A acelerada adoção de processos digitais observada
durante a pandemia e a constante transformação digital dos serviços e da infraestrutura financeira (em um
contexto de proteção do consumidor e do setor) poderiam viabilizar essas inovações e ajudar os credores a
navegar melhor pelas incertezas relacionadas à Covid-19 para continuar emitindo crédito.

Mitigação de riscos por meio de mais visibilidade e recursos


A pandemia dificultou a avaliação dos riscos de crédito de potenciais mutuários e limitou as opções de
recursos disponíveis para os credores nos casos em que um mutuário se torna inadimplente.
Novos dados e tecnologias podem ser usados para atualizar os modelos de riscos existentes e aumentar
a visibilidade sobre a capacidade de pagamento dos mutuários. Por exemplo, a Konfío — uma instituição
financeira digital que oferece crédito a MPMEs e utiliza faturas eletrônicas e outros dados alternativos
para complementar as informações de crédito tradicionais — adaptou seu algoritmo de crédito nos pri-
meiros meses da pandemia para integrar dados granulares sobre os impactos da Covid-19 nas pequenas
empresas no México. Em seguida, dobrou seus desembolsos mensais com empréstimos durante a pan-
demia. Outras estratégias para aumentar a visibilidade incluem a redução temporária dos prazos dos
empréstimos e o aproveitamento de canais digitais para coletar dados transacionais atualizados de alta
frequência. O uso de canais digitais também pode reduzir os custos para chegar a pequenas empresas e
residências com mais eficácia.
Adaptar os modelos e a seleção de produtos de empréstimos pode melhorar as opções de recursos no
caso de o devedor não realizar os pagamentos. Produtos que permitam a penhora de ativos móveis como
garantia ou que ofereçam aos credores formas menos tradicionais de recursos (tais como gravames
sobre fluxos de caixa futuros) podem ajudar a compensar os impactos da pandemia sobre as garantias
­tradicionais. O financiamento de capital de giro no âmbito de uma cadeia de produção ou embutido no
fluxo de trabalho de uma transação comercial vincula o crédito a uma relação comercial existente, bem
como a uma atividade econômica subjacente e a seus dados associados. As formas de ­financiamento
­integrado estão se expandindo para pagamentos, empréstimos, seguros e outras áreas de produtos
em vários contextos, incluindo o comércio eletrônico, logística, gerenciamento de pedidos e estoques
e outras plataformas digitais. Essas e outras formas de empréstimos contextualizados oferecem uma
melhor visibilidade sobre as perspectivas financeiras do mutuário e recursos adicionais — por exemplo,
mediante pagamentos automáticos oriundos das receitas do mutuário por meio da plataforma.

Apoio a novos empréstimos por meio de seguro dos riscos de crédito


O seguro contra perdas pode ajudar a restaurar o crescimento do crédito quando a visibilidade e os
recursos suficientes não puderem ser alcançados por meio das inovações que acabamos de descrever.

16 | REL ATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO MUNDIAL 2022


Garantias de crédito dão aos credores o direito de recorrer ao fiador em caso de inadimplência do mutuá-
rio. Esses instrumentos podem ser oferecidos por governos, bancos de desenvolvimento ou doadores para
promover empréstimos a segmentos prioritários em que o financiamento seja dificultado por falhas de
mercado, como é o caso das pequenas empresas. As garantias têm sido um componente das respostas à
pandemia em países avançados e em várias economias emergentes, e os programas de garantias parciais
podem continuar a desempenhar um papel importante na recuperação. Por exemplo, em Burkina Faso,
o Banco Mundial ajudou o governo a criar um programa de garantia de crédito com foco em emprés-
timos reestruturados e de capital de giro para pequenas e médias empresas que lutavam contra a crise
da Covid-19, mas com potencial de lucratividade no longo prazo. Esses programas devem ser planejados
cuidadosamente para que sejam sustentáveis. À medida que as condições econômicas melhorarem, os
fiadores e seus credores parceiros poderão restringir progressivamente a elegibilidade àqueles setores ou
segmentos de clientes que mais necessitarem, e os programas de garantia poderão ser alavancados para
reduzir o risco associado a investimentos de longo prazo, de forma a apoiar ações prioritárias, como, por
exemplo, a criação de empregos e de fluxos financeiros para atividades de baixo carbono.

Adoção de políticas para facilitar o acesso e gerenciar os riscos


A inovação financeira tem o potencial de apoiar a prestação responsável de serviços financeiros, mas
inovações não supervisionadas podem representar riscos para os consumidores e para a estabilidade
e integridade financeiras. Os governos e órgãos reguladores devem modernizar seus marcos de polí-
ticas públicas para equilibrar os imperativos, às vezes conflitantes, de encorajar a inovação responsá-
vel e, ao mesmo tempo, proteger os consumidores e a estabilidade e integridade do setor financeiro.
Abordagens regulatórias e de supervisão atualizadas devem buscar reconhecer e permitir a entrada
no mercado de novos fornecedores, a introdução de novos produtos e inovações no uso de dados e
análises; aprimorar as políticas e regras de proteção ao consumidor em relação ao que os provedores
de financiamento podem e não podem oferecer; e facilitar a colaboração entre os órgãos reguladores
e as autoridades governamentais que supervisionam diferentes aspectos do financiamento digital e
integrado, bem como a concorrência e a conduta de mercado, de forma a evitar lacunas regulató-
rias entre agências e a sobreposição de competências entre as autoridades. As políticas devem apoiar
a modernização da infraestrutura financeira para facilitar a resiliência operacional e o acesso. Isso
inclui a infraestrutura “pesada” relacionada às redes de telecomunicações, redes de pagamentos, cen-
tros de dados, agências de crédito e registros de garantias, além da infraestrutura “leve” relacionada
às políticas e procedimentos que ditam padrões, acesso e regras de engajamento. Essas respostas de
políticas públicas em apoio à transformação digital podem ajudar a promover um setor financeiro
mais robusto, inovador e inclusivo.

Área de política 4: Gestão de níveis mais elevados de dívida pública


A pandemia levou a um drástico aumento da dívida pública. Conforme demonstra a figura O.9, a
média da dívida total dos países de renda baixa e média aumentou cerca de 9 pontos percentuais do
PIB durante o primeiro ano da pandemia (2019–2020) em comparação com um aumento médio de 1,9
ponto percentual ao longo da década anterior. Embora, nas economias de renda alta, os pagamentos
de juros tenham apresentado tendência de queda nos últimos anos e representem, em média, pouco
mais de 1 ponto percentual do PIB, eles têm aumentado constantemente nas economias de renda
baixa e média 40.
O superendividamento — isto é, quando um país não é capaz de cumprir suas obrigações
­fi nanceiras — impõe custos sociais significativos. Um estudo constatou que cada ano que um país

VISÃO GER AL | 17
Figura O.9 Dívida bruta do governo geral, por grupo de renda do país, 2010–2020
80 79.2
Porcentagem do PIB (%)

70 68.4
65.6
67.0
60.9
60 61.4
58.8 55.6

50 54.4

41.0
40 39.8
36.7
30
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Renda alta Renda média alta Renda média baixa Renda baixa
Fonte: Equipe do RDM 2022, com base em dados do FMI (2021b); Banco Mundial, Indicadores de Desenvolvimento Mundial
(banco de dados), https://datatopics.worldbank.org/world-development-indicators/.
Observação: A figura apresenta o estoque da dívida do governo geral como porcentagem do produto interno bruto (PIB) por
classificação de renda do Banco Mundial.

permanece inadimplente (em default) reduz o crescimento do PIB em 1,0–1,5 ponto percentual 41.
Durante a pandemia, os governos acumularam dívidas para financiar seus gastos correntes, mas o
custo dessas ações é a redução da capacidade dos países de incorrer gastos no futuro, inclusive em
bens públicos como educação e saúde pública. O subinvestimento nesses serviços pode agravar a
desigualdade e piorar os resultados de desenvolvimento humano42 . Os altos níveis de endividamento
e a pouca flexibilidade para incorrer gastos também limitam a capacidade dos governos de gerenciar
choques futuros 43 . Além disso, como os governos costumam ser os credores de última instância, as
dívidas do setor privado podem rapidamente se tornar dívidas públicas se a estabilidade financeira
e econômica for ameaçada em uma crise econômica e for necessária assistência pública. Proteger a
capacidade dos governos de investir em bens públicos, de agir de maneira anticíclica e de permitir
que os bancos centrais cumpram seu papel único de credor de última instância é um objetivo central
da gestão da dívida pública.

Gestão da dívida pública para garantir recursos para a recuperação


Os países com alto risco de superendividamento podem optar por políticas públicas que tornem as obri-
gações de pagamento mais administráveis. A viabilidade dessas opções é moldada pelas especificidades
de cada caso, tal como o acesso de um país aos mercados de capitais privados; a composição da dívida e
dos credores; e a capacidade e disposição do país devedor para negociar e realizar as reformas necessá-
rias. As opções incluem modificações na estrutura do passivo e no cronograma de pagamentos futuros
por meio de negociações com credores e o uso efetivo de ferramentas de refinanciamento (reformulação
do perfil da dívida). A gestão proativa da dívida pode reduzir o risco de default e disponibilizar os recursos
fiscais necessários para apoiar uma recuperação econômica equitativa.
Uma operação de reformulação do perfil da dívida pode ser útil quando um país tem vários emprés-
timos a serem pagos no mesmo ano. O país poderia emitir novas dívidas com perfil de vencimento mais

18 | REL ATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO MUNDIAL 2022


longo ou mais regular. Essas operações também podem ajudar a gerenciar riscos cambiais, que com
frequência aumentam as preocupações com a sustentabilidade da dívida. Nesse caso, em vez de alterar o
vencimento da dívida existente, a operação de reformulação do perfil da dívida elimina a dívida existente
denominada em uma moeda (mais cara ou volátil) ao emitir nova dívida em outra moeda (menos cara
ou mais estável).
Os países que enfrentam um risco elevado de inadimplência também têm a opção de iniciar nego-
ciações preventivas com seus credores visando a uma reestruturação da dívida. Essa opção se beneficia
principalmente da transparência em torno dos termos e da propriedade da dívida. Minimizar as chances
de resistência é importante para garantir uma resolução rápida. Alguns estudos demonstram que uma
reestruturação preventiva é resolvida mais rapidamente que uma reestruturação pós-inadimplência
(default), leva a uma exclusão menos prolongada do país dos mercados de capital globais, e está associada
a uma menor perda de produção44.

Resolução do superendividamento
Quando um governo está em situação de superendividamento, as opções para tratar do problema são
mais limitadas e a urgência é maior. Uma ferramenta importante nessa fase é a reestruturação da
dívida associada a um plano de reforma fiscal e econômica de médio prazo. O uso dessa ferramenta
requer o reconhecimento imediato da extensão do problema, coordenação com e entre os credores e
um entendimento por parte de todos de que a reestruturação é o primeiro passo para a sustentabili-
dade da dívida. Instituições financeiras internacionais, tais como o Banco Mundial e o Fundo Monetá-
rio Internacional (FMI), desempenham um papel importante no processo de reestruturação da dívida
para as economias emergentes, fornecendo as análises de sustentabilidade da dívida necessárias para
compreender totalmente o problema e, muitas vezes, oferecendo o financiamento adequado para via-
bilizar uma solução.
Um acordo de reestruturação ágil e profundo permite uma recuperação mais rápida e sustentada 45.
Dados históricos, entretanto, revelam que a resolução do superendividamento de governos costuma
levar anos. Mesmo quando um país entra em negociações com seus credores, muitas vezes são necessá-
rias múltiplas rodadas de reestruturação da dívida para que ele saia do superendividamento (ver figura
O.10). A República Democrática do Congo, a Jamaica e a Nigéria tiveram de negociar sete acordos de
reestruturação antes de resolver suas dívidas.
A reestruturação da dívida pública pode ter se tornado mais complexa. A comunidade de credores
agora tem uma parcela maior de credores não tradicionais (como empresas de investimento, detentores
de títulos e credores oficiais que não são membros do Clube de Paris)46. As fontes internas de financia-
mento também aumentaram. Eventuais empréstimos do setor público fora do balanço patrimonial e
muitas vezes não registrados (de empresas estatais e sociedades de propósito específico) também apre-
sentaram tendência de alta. Coletivamente, esses desdobramentos reduzem a transparência e podem
complicar a coordenação entre os credores.
Em economias emergentes, a redução da dívida pública (especialmente a dívida externa) frequen-
temente exige uma reestruturação da dívida, mas os governos também buscam a consolidação fiscal
(despesas mais baixas, impostos mais altos ou ambos) para melhorar as receitas, os saldos fiscais e a
capacidade de serviço da dívida.
Outras maneiras de reduzir a dívida denominada em moeda nacional incluem a liquidação por meio
da inflação ou da repressão financeira 47. Embora essas abordagens tenham frequentemente proporcio-
nado uma redução da dívida, elas geralmente acarretam custos sociais e econômicos extremamente
altos que podem agravar a pobreza e a desigualdade. A inflação é um imposto regressivo, que agravaria
os efeitos já altamente regressivos da crise da Covid-19.

VISÃO GER AL | 19
Figura O.10 Reestruturação da dívida pública e duração da inadimplência (default), países
selecionados, 1975–2000
Albânia
Argélia
Antígua e Barbuda
Argentina
Bósnia e Herzegovina
Brasil
Bulgária
Chile
Ilhas Cook
Costa Rica
Croácia
República Dominicana
Equador
República Árabe do Egito
Guiné Equatorial
Gabão
Guatemala
Indonésia
Iraque
Jamaica
Jordânia
México
Marrocos
Macedônia do Norte
Panamá
Paraguai
Peru
Filipinas
Polônia
Romênia
Federação Russa
Eslovênia
África do Sul
Trinidad e Tobago
Turquia
Ucrânia
Uruguai
República Bolivariana da Venezuela
Vietnã
Iugoslávia

1975 1980 1985 1990 1995 2000


Período em default Reestruturação da dívida
Fonte: Equipe do RDM 2022, com base em Cruces e Trebesch (2013); Farah-Yacoub, Graf von Luckner e Reinhart (2021);
Meyer, Reinhart e Trebesch (2019); Reinhart e Rogoff (2009).
Observação: A figura apresenta uma visão histórica da inadimplência dos governos e da reestruturação da dívida pública de
1975 a 2000. A figura exclui os países cobertos pela Associação Internacional de Desenvolvimento (AID) e pela Iniciativa de
Países Pobres Muito Endividados (PPME).

20 | REL ATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO MUNDIAL 2022


Olhar para o futuro — aprimoramento da transparência e redução dos problemas de coordenação
O aumento da dívida pública durante a crise da Covid-19 destaca a necessidade de estratégias que pos-
sam facilitar a gestão eficaz da dívida, sua negociação e o acesso aos mercados de capitais no longo prazo.
Três amplas iniciativas se destacam: maior transparência da dívida; inovações contratuais; e reformas
administrativa e tributária.
Uma gestão eficaz e voltada para o futuro exige a divulgação abrangente das demandas que afe-
tam o governo e os termos completos dos contratos que regem a dívida. Eventos recentes destacaram
o problema das dívidas “ocultas” ou não reveladas e a possibilidade de questionamentos legais sobre a
falta de autoridade do governo e de entidades quase governamentais para celebrar contratos de dívida.
A transparência sobre os valores devidos e sobre os próprios contratos não garante uma reestruturação
acelerada, mas certamente prepara o terreno para um reconhecimento mais rápido dos problemas de
sustentabilidade da dívida, melhorando, assim, a vigilância e oferecendo um ponto de entrada mais favo-
rável para negociações entre devedores e credores e entre os próprios credores.
Inovações contratuais, por sua vez, podem ajudar a superar problemas de coordenação e acelerar a
reestruturação da dívida pública. Essas inovações incluem cláusulas de ação coletiva (CACs)48, o que pode
levar a uma resolução mais rápida; contratos de dívidas contingentes que protejam o mutuário contra
o risco de desastres; e reformas legais que tratem de práticas problemáticas de aplicação da lei contra
Estados. Essas inovações oferecem um caminho positivo para novos contratos de dívidas. No entanto,
elas têm um papel mais limitado ao lidar com dívidas que requeiram uma reestruturação porque os
contratos contingentes respondem por uma pequena parcela dos contratos de dívida em aberto dos mer-
cados emergentes. Os contratos que incluem CACs aprimoradas representam apenas cerca de metade
dos contratos em vigor49.
Uma política e uma administração tributária bem desenvolvidas são essenciais para a sustentabili-
dade da dívida. Receitas fiscais mais altas surgem principalmente de investimentos de longo prazo na
capacidade tributária e de mudanças estruturais nas economias dos países. A tributação da riqueza por
meio de impostos sobre a propriedade, a renda e os ganhos de capital é uma estratégia de geração de
receitas subutilizada na maioria das economias emergentes que ajudaria a mitigar os impactos adversos
da Covid-19 sobre a pobreza e a desigualdade. As estratégias de mobilização de receitas também devem
aumentar os incentivos para que as empresas se formalizem.
À medida que os governos buscam mudanças para administrar sua dívida e promover práticas
­pró-recuperação, é importante que reconheçam que a pandemia de Covid-19 representa uma crise
­dentro de outra crise devido aos impactos contínuos das mudanças climáticas nos países e em suas
economias. Os planos governamentais de reconstrução devem enfatizar a necessidade de investimentos
verdes. Um caminho promissor é a emissão de títulos soberanos verdes e sociais. Governos pioneiros
estão começando a preparar o caminho para emissões semelhantes de dívidas pelo setor privado. Em
2017, a Nigéria tornou-se o primeiro país africano a emitir um título soberano verde, seguido pela pri-
meira emissão empresarial verde do Access Bank50. Em 2019, o Chile tornou-se o primeiro emissor de
títulos soberanos verdes na América Latina, seguido pelo Banco de Chile, que emitiu um título verde
para arrecadar recursos para projetos de energia renovável51. Esses tipos de investimentos verdes precisa-
rão crescer proporcionalmente à recuperação da economia.

VISÃO GER AL | 21
Conclusão
A pandemia de Covid-19 e a crise mundial de saúde pública sem precedentes que ela desencadeou cau-
saram milhões de mortes, perdas de empregos, falências de empresas e fechamentos de escolas. As
consequências econômicas e sociais expuseram e exacerbaram fragilidades econômicas preexistentes,
especialmente nas economias emergentes. Nesses países, as taxas de pobreza dispararam e a desigual-
dade piorou.
Abordar os riscos econômicos inter-relacionados produzidos pela crise é um requisito para uma
recuperação sustentada e equitativa. Isso exigirá o reconhecimento imediato dos problemas de balanço
patrimonial, bem como a gestão ativa dos riscos econômicos e financeiros. Em uma situação ideal, os
governos implementariam políticas relevantes para superar cada um dos riscos evidenciados pela crise:
instabilidade financeira; superendividamento de famílias e empresas; acesso limitado ao crédito; e
aumento da dívida pública. No entanto, poucos governos (ou nenhum) dispõem dos recursos e da fle-
xibilidade política para enfrentar todos esses desafios ao mesmo tempo. Os países terão de priorizar as
ações políticas mais importantes e necessárias. Para muitos países de renda baixa, o combate à dívida
pública insustentável será a prioridade de número um. Os países de renda média, por sua vez, cujos
setores financeiros estão mais expostos à dívida empresarial e familiar, podem ter de se concentrar em
políticas de apoio à estabilidade financeira.
Embora este relatório se concentre nos principais riscos financeiros e econômicos internos produ-
zidos pela pandemia, as perspectivas de recuperação de cada país também serão moldadas por eventos
relacionados à economia global. Um exemplo são as flutuações nos preços de commodities primárias, que
são uma importante fonte de receita para muitas economias emergentes. Outro exemplo são os riscos
ligados ao câmbio e às taxas de juros, que podem surgir à medida que a atividade econômica nas eco-
nomias avançadas se recupera e os programas de estímulo são retirados, resultando em bancos centrais
que restringem a liquidez global e aumentam as taxas de juros. Esses desdobramentos globais expõem as
famílias, empresas e governos em economias emergentes a riscos financeiros. Um conjunto de políticas
cuidadosamente escolhidas deve, portanto, levar em consideração as ameaças nacionais e globais a uma
recuperação equitativa.
Ao mesmo tempo, a necessidade de superar os riscos gerados pela pandemia oferece uma grande
oportunidade para acelerar a transição rumo a uma economia global mais eficiente e sustentável. As
mudanças climáticas representam uma importante fonte de riscos negligenciados na economia global52.
enquanto os governos estão reformando e investindo em suas economias, eles têm a oportunidade de
reconhecer e reduzir os riscos climáticos. O não gerenciamento desses riscos resultará na contínua pre-
cificação incorreta dos ativos, na má alocação de capital e em um círculo vicioso em que desastres climá-
ticos devastadores são agravados por picos de instabilidade financeira53. O setor financeiro pode ajudar
a ativar um círculo virtuoso ao reconhecer e precificar os riscos climáticos, de modo que o capital flua
para as empresas e setores mais sustentáveis54. Após a pandemia de Covid-19, os governos terão a opor-
tunidade de apoiar a capacidade do setor financeiro de desempenhar esse papel — por exemplo, exigindo
divulgações de riscos e eliminando políticas preferenciais de tributos, auditorias e regulamentação para
os setores ambientalmente insustentáveis.
A pandemia de Covid-19 é possivelmente o maior choque sofrido pela economia global em mais de
um século. À medida que os programas de estímulos fiscais, monetárias e financeiras forem retirados,
surgirão novos desafios na área de políticas públicas tanto em nível doméstico quanto global. Um diag-
nóstico precoce dos efeitos econômicos da crise no longo prazo e ações políticas decisivas para remediar
tais falhas são necessários para sustentar uma recuperação equitativa. É, portanto, fundamental que as
políticas públicas não sejam complacentes.

22 | REL ATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO MUNDIAL 2022


Notas
1. Segundo o relatório Panorama Econômico Mundial do 24. Com base nessas estimativas de pobreza, Ferreira et
Fundo Monetário Internacional (FMI, 2021c), o cresci- al. (2021) e Mahler et al. (2021) estimam os anos adi-
mento real do PIB global em 2020 é estimado em cionais de pobreza induzida pela Covid-19. Eles presu-
−3,1%, ao passo que a estimativa do estudo Perspecti- mem, conservadoramente, que a pobreza decorrente
vas Econômicas Globais do Banco Mundial (Banco da pandemia duraria um ano e demonstram que os
Mundial 2021a) é de −3,5% no mesmo período. anos adicionais de pobreza têm uma forte relação
2. Para mais detalhes, ver Mahler et al. (2021). inversamente proporcional com o PIB per capita.
3. Kugler e Sinha (2020). 25. Esta observação pressupõe que a definição de um
4. Ver Reinhart, Rogoff e Savastano (2003) em relação à empréstimo inadimplente tenha permanecido cons-
“intolerância à dívida.” tante durante a pandemia. Os NPLs, conforme a defini-
5. Holston, Kaminsky e Reinhart (2021). ção do Comitê de Supervisão Bancária de Basileia
6. Esta definição baseia-se na definição mais ampla de (BCBS, 2017), são aqueles empréstimos com quali-
desenvolvimento equitativo do Banco Mundial (2005), mas dade de crédito inferior em termos de inadimplência
está adaptada ao contexto da pandemia de Covid-19. (não pagos por determinado período de tempo) ou cujo
7. Fratto et al. (2021); FMI (2021b). pagamento seja improvável.
8. Andersen et al. 2020. Dados de Banco Mundial, 26. Pancorbo, Rozumek e Seal (2020).
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9. A diferença na taxa de paralisação do trabalho entre 30. Giné e Kanz (2018).
­trabalhadores com níveis de escolaridade baixos e altos 31. Jappelli, Pagano e Bianco (2005); Banco Mundial (2014).
foi considerada estatisticamente significativa em 23% 32. Araujo, Ferreira e Funchal (2012).
dos países. Para mais detalhes, ver Kugler et al. (2021). 33. Fonseca e Van Doornik (2020).
10. Bundervoet, Dávalos e Garcia(2021). 34. Lim e Hahn (2003); Neira (2017).
11. Banco Mundial, COVID-19 Household Monitoring 35. Banco Mundial (2014).
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ley, Fisher e Low (2021). -business-pulse-survey​- dashboard.
13. Mahler, Yonzan e Lakner (ainda não publicado). 38. Com base em dados de Banco Mundial, COVID-19
14. Agrawal et al. (2021). ­Business Pulse Survey Dashboard, https://
15. Devido à falta de dados abrangentes sobre muitos paí- www.worldbank.org/en//interactive/2021/01/19​
ses, as estimativas em nível global adotam a premissa /covid-19 ​- business-pulse ​- survey-dashboard.
de que não há variações na desigualdade. Lakner et al. 39. Gadgil, Ronald e Vyakaranam (2019).
(2020) e Yonzan et al. (2020) estimam o impacto da 40. Kose et al. (2021).
Covid-19 na pobreza global a partir de uma série de 41. Borensztein e Panizza (2009).
suposições sobre a desigualdade dentro dos países. 42. Baldacci, de Mello e Inchauste (2002); Furceri e Zdzie-
16. Intrum (2020). nicka (2012); Ravallion e Chen (2009).
17. Medina e Schneider (2019). 43. Mbaye, Badia e Chae (2018).
18. Ver Organização Internacional do Trabalho, “Informal 44. Asonuma e Trebesch (2016).
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19. Banco Mundial (2020a). dores oficiais formado em 1956, tem tido um papel fun-
20. Equipe do RDM 2022, com base em dados do Banco damental na maioria das reestruturações de dívidas
Mundial e do Fundo Monetário Internacional, banco de públicas desde sua criação.
dados conjunto do Banco Mundial-Fundo Monetário 47. Ver Reinhart, Reinhart e Rogoff (2015).
Internacional LIC DSF (Marco de Sustentabilidade da 48. Uma cláusula de ação coletiva (CAC) é um artigo nos
Dívida para Países de Renda Baixa), https://www​ contratos de títulos que estabelece regras para casos
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21. Com base em dados do FMI (2021b); Banco Mundial, detentores de títulos concordar com a reestruturação
Indicadores de Desenvolvimento Mundial (banco de da dívida, o acordo torna-se juridicamente vinculante
dados), https://datatopics.worldbank.org/world​ para todos os detentores de títulos, inclusive os que
-development​- indicators/. votaram contra a reestruturação.
22. Reinhart, Rogoff e Savastano (2003). 49. FMI (2020).
23. Mahler et al. (2021), com base em Banco Mundial, Pers- 50. Climate Bonds Initiative (2017); Fatin (2019).
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26 | REL ATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO MUNDIAL 2022


Sumário do
Relatório de Desenvolvimento Mundial 2022:
Finanças a Serviço de uma Recuperação
Equitativa
Prefácio
Apresentação
Agradecimentos
Abreviaturas

Visão geral

Introdução

Capítulo 1: Riscos emergentes para a recuperação


Destaque 1.1: Inclusão e resiliência financeiras

Capítulo 2: Resolução de problemas com ativos bancários


Destaque 2.1: Fortalecimento da regulamentação e supervisão de instituições de microfinanças

Capítulo 3: Reestruturação da dívida de empresas e famílias


Destaque 3.1: Apoio às microfinanças para amparar as pequenas empresas

Capítulo 4: Empréstimos durante e após a recuperação


Destaque 4.1: Programas públicos de garantias de crédito

Capítulo 5: Gestão da dívida pública


Destaque 5.1: Mercados de capitais mais verdes: títulos soberanos sustentáveis

Capítulo 6: Prioridades de políticas públicas para a recuperação

27
ECOAUDITORIA
Declaração de Benefícios Ambientais
O Grupo Banco Mundial está empenhado na redução da sua pegada ambiental. Em
apoio a esse compromisso, nós potencializamos as opções de publicação eletrônica
e tecnologia de impres- são por demanda encontradas nos eixos regionais de todo
o mundo. Juntas, essas iniciativas permitem que as tiragens das publicações sejam
reduzidas e as distâncias das remessas sejam abreviadas, o que resulta em menor
consumo de papel, uso de produtos químicos, emissões dos gases de efeito estufa e
desperdício.
Adotamos os padrões recomendados para o uso do papel definidos pela Iniciativa
de Im- pressão Verde. A maioria de nossos livros é impressa em papel certificado pelo
Conselho de Administração de Florestas (FSC), quase todo ele contendo de 50% a
100% de conteúdo reci- clado. A fibra reciclada do papel de nossos livros pode não
receber branqueamento ou receber branqueamento totalmente livre de cloro (TFC),
ser processada sem uso de cloro (PCF) ou com processos sem uso de cloroelementar
(EECF).
Para obter informação mais detalhada sobre a filosofia ambiental do Banco
Mundial, favor consultar o website www.worldbank.org/corporateresponsibility.
A pandemia de Covid-19 desencadeou a maior crise econômica global em mais de um
século. Em 2020, a atividade econômica contraiu-se em 90% dos países, a economia
mundial encolheu cerca de 3%, e a pobreza global aumentou pela primeira vez em
uma geração. Os governos reagiram rapidamente com políticas fiscais, monetárias
e financeiras capazes de atenuar os impactos econômicos imediatos mais graves.
No entanto, o mundo ainda precisa enfrentar os consideráveis riscos financeiros e
econômicos de mais longo prazo causados ou exacerbados pela pandemia, além de
definir as respostas governamentais necessárias para mitigar seus efeitos.

O Relatório de Desenvolvimento Mundial 2022: Finanças a Serviço de uma Recuperação


Equitativa examina o papel central das finanças na recuperação econômica pós-
Covid-19. A partir de um estudo aprofundado das consequências da crise com maior
probabilidade de afetar as economias de renda baixa e média, é proposto um conjunto
de políticas e ações para mitigar os riscos econômicos interconectados decorrentes da
pandemia — os quais podem se tornar mais agudos à medida que forem descontinuadas
as medidas de estímulo nacionais e globais. Essas políticas incluem o gerenciamento
eficiente e transparente de empréstimos inadimplentes para mitigar as ameaças à
estabilidade financeira; reformas dos mecanismos de insolvência para viabilizar uma
redução ordenada de dívidas sustentáveis; inovações nos modelos de empréstimos e
gestão de riscos para garantir o acesso continuado de famílias e empresas a linhas
de crédito; e melhorias na gestão da dívida pública para preservar a capacidade dos
governos de apoiar uma recuperação equitativa.

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