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Material Teórico
Mercado de Crédito
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lidia de Sá Cicaroni
Mercado de Crédito
Esta unidade tem como foco principal o estudo do “Mercado de Crédito” no âmbito do cenário
nacional e mundial e também aborda as agências de classificação de risco.
No conteúdo teórico, inicialmente, você estudará o mercado de crédito brasileiro e a influência, na
economia, dos altos índices de inflação que inibiram o desenvolvimento econômico brasileiro. Você deve
atentar para o fato de que, após a implantação do Plano Real, em 1994, o país obteve forte expansão do
mercado de crédito e de capitais. Um dos segmentos que mais cresceu foi o de cartão de crédito.
No cenário de crédito mundial, a crise no mercado imobiliário que ocorreu nos EUA em virtude da
forte expansão do crédito hipotecário, sem observância das boas práticas de concessão de crédito,
acarretou uma crise financeira mundial em 2008. A referida crise foi chamada de subprime, pois
eram créditos de baixa qualidade que representavam alto risco.
Com relação às agências de classificação de risco, durante o estudo desta unidade, você conhecerá
as principais empresas do setor, bem como as escalas de rating utilizadas para classificar os emissores
de títulos no mercado.
Esses assuntos são importantes para a sua formação, visto que notícias sobre crise no mercado
financeiro, endividamento dos países e agências de ratings estão frequentemente na mídia.
O conteúdo teórico da Unidade II teve como base o livro Mercado Financeiro, de Alexandre Assaf
Neto, e o livro Gestão e Análise de Risco de Crédito, de José Pereira da Silva. Serviram também
de base para o conteúdo teórico o Relatório de Economia Bancária e Crédito, de 2010, do Banco
Central do Brasil, e o artigo “Analisando a Crise do Subprime”, publicado na revista do BNDES, de
autoria de Gilberto Rodrigues Borça Júnior e Ernani Teixeira Torres Filho.
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Unidade: Mercado de Crédito
Contextualização
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2 Mercado de Crédito no Brasil
O último plano econômico lançado pelo governo brasileiro para combate à hiperinflação foi em
1994 - o Plano Real. Desde então, o país tem vivenciado um período de estabilidade econômica.
Divulgação BC
Assim, dentro de um cenário econômico mais estável, o Brasil tem experimentado um dos
mais prolongados ciclos de expansão do crédito, e as instituições financeiras passaram a priorizar
o crescimento das suas carteiras de crédito para pessoas físicas e jurídicas.
O mercado de crédito e o de capitais desenvolvidos são instrumentos para promover o
desenvolvimento econômico. O acesso ao crédito pelas famílias aumenta o consumo; assim
também a obtenção de capital pelas empresas permite o aumento da produção.
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Unidade: Mercado de Crédito
2000 1,179.482 -
2001 1,302.136 -
2002 1,477.822 -
Elaboramos também uma tabela com o montante de crédito concedido pelo Sistema
Financeiro Nacional (SFN), em Reais, no período de 2000 a 2010, e com os valores do PIB
nomimal, apurando-se os respectivos percentuais do volume de crédito em relação ao PIB.
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Volume de Crédito em Relação ao PIB
R$ milhões %
CRÉDITO/
Ano PIB CRÉDITO
PIB
2000 1.179.482 326.826 27,71%
Fonte: Crédito no SFN com base em dados disponíveis no site do Banco Central e PIB com base em dados
disponíveis em: www.economiabr.com.br/Ind/Ind_gerais
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Unidade: Mercado de Crédito
Nota-se que, no Brasil, houve um forte crescimento do volume do crédito em relação ao PIB
nacional, porém esse aumento mostra-se baixo quando comparado com países desenvolvidos
ou mesmo com países em desenvolvimento.
Segundo Sant’anna (2009), em estudo publicado em Revista do BNDES, Mercado de Crédito
no Brasil, esse percentual pode atingir mais de 200% nos Estados Unidos. O referido estudo
destaca que, no período de 2004 a 2008, na oferta de crédito pelos bancos, predominaram
operações para as famílias, possibilitando o acesso a bens duráveis e imóveis.
Em 2008, houve redução na oferta de crédito tanto no mercado brasileiro como no mundial,
em função de crise financeira internacional que se iniciou nos Estados Unidos em 2007, assunto
que estudaremos mais adiante.
Como veremos a seguir, outro mercado que ainda deverá crescer muito no Brasil é o de
cartões de crédito.
Segundo estudo de Zouain (2007), a quantidade de cartões de crédito ativos cresceu 88%
entre 2000 e 2004, no entanto esse mercado ainda não está consolidado e deve crescer no
segmento de baixa renda e de pequenos e micro negócios.
Você já deve ter observado como é intensa a oferta de cartões às pessoas em geral pelas
administradoras de cartões de crédito. Mas como funciona o cartão de crédito? De quem é
o risco de crédito?
Em outras palavras, podemos dizer que o cartão de crédito é uma forma de empréstimo
aos consumidores, permitindo, inclusive, pagamentos parcelados de produtos e serviços. Se o
portador deixar de efetuar o pagamento, a perda (ou prejuízo) é do emissor do cartão. Dessa
forma, as vendas efetuadas através do cartão de crédito não apresentam risco de crédito para o
vendedor e sim para a administradora do cartão.
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A análise para concessão de crédito mediante cartão é feita de forma simples, rápida e se
aplica a grande número de possíveis interessados, isto é, é uma metodologia massificada. O
limite máximo disponibilizado para gasto com o cartão de crédito é determinado pelo emissor
de acordo com a renda, poder aquisitivo do cliente e seu histórico de adimplência, etc.
Destaca-se que a inadimplência do cartão de crédito não é baixa. Então, por que a
oferta de cartões de crédito é tão acirrada? Porque, quando o cliente atrasa o pagamento
da fatura, a taxa de juros é uma das mais elevadas do mercado (pode atingir cerca de 15%
ao mês - taxa de novembro de 2011).
Em 2007 iniciou-se, nos Estados Unidos da América, uma crise no mercado imobiliário
daquele país, que acabou refletindo no mundo todo.
Esses financiamentos, então, foram chamados de subprimes, o que significa dizer que eram
créditos de baixa qualidade, que, por sua vez, representavam alto risco.
Outro aspecto importante dessa crise, que começou no mercado americano e contaminou
o mercado financeiro mundial, foi a forma de captação de recursos por aqueles agentes
financiadores.
Para bancar a ampliação da oferta do crédito hipotecário foi desenvolvida uma engenharia
que consistia em criar empresas de investimentos estruturados que desenvolviam produtos
financeiros para captar recursos.
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Unidade: Mercado de Crédito
Cabe ressaltar que, como os financiamentos do segmento subprime eram de alto risco, os juros
cobrados também eram elevados. Por outro lado, os ativos financeiros estruturados, emitidos
para captar recursos e lastreados nos créditos hipotecários, também pagavam rendimentos altos,
o que os tornava atraentes para os gestores de investimentos que buscavam maximizar o lucro
das suas carteiras. Todavia, quando o tomador do financiamento imobiliário não consegue
pagar a sua dívida acarreta problema de caixa, ou seja, de liquidez em toda a cadeia, que se
inicia na instituição que financiou e tem continuidade nas que emitiram os papéis e finalmente
nos investidores que adquiriram esses ativos financeiros estruturados.
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< http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u623945.shtml>
Assim, a retração no crédito, que podemos denominar de falta de liquidez nos mercados,
reflete-se na economia dos países, provocando recessão no mundo todo, desemprego, queda
nas bolsas etc.
Concluindo: até 2007, havia excesso de oferta de crédito, todavia, em 2008, em função da
crise financeira mundial, houve, em todo o mundo, forte retração na oferta de crédito.
Assim, a internacionalização do sistema financeiro, que permite fluxo de capitais entre os
países, passou a influenciar a economia mundial.
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Unidade: Mercado de Crédito
Dessa forma, cresceu a importância da gestão de crédito e de risco bem como o mercado
de trabalho em finanças para funções como analista de crédito, analista de risco e gestores de
crédito e risco, tanto em empresas, instituições financeiras e órgãos reguladores governamentais.
• Standard & Poor’s (S&P) também é uma empresa norte-americana que atua há 150
anos com ratings de crédito. Segundo a agência, em 2010, emitiu mais de 162.418 novos
ratings e revisou 556.872 e já avaliou mais de US$ 32 trilhões de dólares em títulos de
dívida no mercado;
• Fitch é resultado da fusão, em abril de 2000, entre a Fitch IBCA (oriunda da fusão em
dezembro de 1997 entre a Fitch Investor Services de Nova York e a IBCA Limited de
Londres) com a Duff & Phelps Credit Rating Co., de Chicago. A agência atribui ratings a
instituições financeiras, sendo 3.231 bancos, 105 países e cerca de 1.700 empresas.
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As agências de classificação de risco emitem notas expressas na forma de letras e números
(AAA/Aaa, Aa1, Baa3 etc) que apontam para o maior ou menor risco de ocorrência de um
default, isto é, de suspensão de pagamentos. No mercado financeiro, o termo default significa o
não pagamento, ou seja, o não cumprimento de uma obrigação.
Vamos, então, conhecer as escalas de classificação utilizadas pelas três principais agências de
rating, que se inicia com o menor risco de crédito e segue em direção ao maior:
Fonte: http://g1.globo.com/economia/noticia/2012/01/fitch-rebaixa-nota-de-seis-paises-europeus-incluindo-espanha-e-italia.html.
A escala de classificação possui duas grandes divisões:
• Grau de investimento: são as emissões de baixo risco e alta qualidade de crédito;
• Grau especulativo: são as de alto risco e baixa qualidade. Os investidores que aplicam
neste segmento exigem rentabilidade mais alta para compensar os riscos.
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Unidade: Mercado de Crédito
Em Síntese
Nesta unidade, conhecemos não só como tem se comportado o mercado de crédito brasileiro e
mundial como também o desencadeamento de uma crise financeira mundial e a sua relação com a
concessão de crédito.
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Material Complementar
O estudante de Gestão Financeira precisa estar atualizado com o que acontece na economia
nacional e internacional. Sendo assim, vamos dar algumas sugestões de sítios que você pode
consultar, a fim de se atualizar diariamente:
Além de consultas aos sítios apresentados acima, sugerimos também a seguinte leitura:
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Unidade: Mercado de Crédito
Referências
ASSAF Neto, Alexandre. Mercado financeiro. 8ª Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
SANTOS, José Odálio dos. Análise de Crédito: empresas e pessoas físicas. 2ª Ed. São
Paulo: Atlas, 2006.
SILVA, José Pereira da. Gestão e análise de risco de crédito. 6ª Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
WEB
Hiperinflação. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hiperinfla%C3%A7%C3%A3o
ZOUAIN, Deborah, BARONE, Francisco; ESTRELLA, Juliana. Estudo sobre o mercado dos
cartões de crédito no Brasil e sua relação com as pequenas e micro empresas –
Brasília: Sebrae, 2007 – Disponível na internet. http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.
nsf/88203BFC8F7E21658325735C006A8C9A/$File/NT00036152.pdf. Acesso em 17.11.2011
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BNDES. http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/
conhecimento/revista/rev3005.pdf Acesso em 17.11.2011
BORÇA Júnior, Gilberto Rodrigues; TORRES Filho, Ernani Teixeira. Analisando a Crise do
Subprime. Revista do BNDES, RIO DE JANEIRO, V. 15, N. 30, P. 129-159, DEZ. 2008.
Disponível na internet.
LEITE, Karla Vanessa Batista da Silva; CAVALCANTI Filho, Paulo Fernando de Moura
Bezerra. Do fim de Bretton Woods à crise Sub-prime: a securitização como solução
e causa de duas crises financeiras. Disponível na internet. http://www.ppge.ufrgs.br/akb/
encontros/2011/18.pdf. Acesso 17.11.2011.
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