A coordenação

internacional e o
multilateralismo
são essenciais para
construir um futuro
verde, digital
e inclusivo.

COMPROMISSO
COM A
COLABORAÇÃO

FMI
RELATÓRIO ANUAL

2023
 190países
que buscam estimular a
cooperação monetária
internacional, facilitar o
comércio internacional,
contribuir para altos
níveis de emprego e
renda real, promover
a estabilidade cambial
e ajudar os países
membros a resolver
desequilíbrios
do balanço de
pagamentos.
COMPROMISSO COM A COLABORAÇÃO

O
panorama mundial é incerto. A economia mundial tem demonstrado
resiliência, mas, na maioria dos países, as perspectivas de crescimento no
curto e médio prazo permanecem moderadas, e são grandes os riscos de
deterioração da conjuntura. No contexto do aperto da política monetária para reduzir
a inflação, choques sucessivos, como a guerra da Rússia na Ucrânia, estão pressionando
a economia e a estabilidade macrofinanceira, o que passa pelo estresse no setor
financeiro. A inflação moderou-se um pouco, mas as pressões subjacentes sobre
os preços mantêm-se rígidas.
As vulnerabilidades da dívida são elevadas, com 60% dos países de baixa renda
e 25% das economias de mercados emergentes superendividadas ou em risco de
ficar nessa situação. Os processos de reestruturação da dívida têm sido lentos. Nesse
ínterim, a desigualdade persiste dentro dos países e entre eles, e um número recorde
de 350 milhões de pessoas em 79 países enfrenta uma insegurança alimentar aguda.
Os riscos crescentes de fragmentação geoeconômica tornam ainda mais difícil
responder a desafios comuns, o que exige medidas firmes para restabelecer a
confiança. O dividendo da paz mundial está diminuindo e, com ele, os recursos
disponíveis para apoiar os vulneráveis. O protecionismo está crescendo, dificultando
o comércio mundial e corroendo os ganhos conquistados a duras penas por meio da
integração. Para fazer face aos desafios comuns, como a crise climática e a digitalização,
será necessário superar as diferenças e impulsionar a cooperação internacional.
O FMI está empenhado em colaborar com os seus países membros para encontrar
soluções pragmáticas para posicionar a economia mundial numa trajetória ascendente
sustentável. Aplicar políticas internas sólidas, reforçar o comércio mundial e
fortalecer as instituições são medidas que neutralizarão a incerteza e fortalecerão
a resiliência macroeconômica. O aumento da assistência internacional e a busca
por soluções para fazer face ao ônus elevado da dívida permitirão apoiar os países
vulneráveis. O investimento em tecnologias digitais ajudará a construir um futuro
mais próspero e inclusivo. E a luta conjunta contra as mudanças climáticas permitirá
preservar nosso planeta.

RELATÓRIO A NUA L 2 0 2 3 1
 Mensagem da
Diretora-Geral
Caros leitores,
A economia mundial tem enfrentado uma série de
choques, o que tem posto à prova a resiliência das
pessoas em todos os lugares. Os países que lutam
para se recuperar da pandemia de COVID-19 sofreram
outro golpe com a guerra da Rússia na Ucrânia e a crise
do custo de vida que se seguiu.
Agora, o crescimento está fraco e a inflação
permanece alta, enquanto a dívida e as
vulnerabilidades financeiras continuam elevadas. E a
fragmentação geoeconômica está se agravando, ao
mesmo tempo em que a cooperação internacional
se faz necessária para lidar com a dívida soberana, as
mudanças climáticas e os riscos e oportunidades da
digitalização e da inteligência artificial.
O FMI está colaborando com os seus países
membros para enfrentar esses desafios e aumentar a
resiliência das economias. Fazemos isso por meio das
nossas funções centrais de supervisão, de atividades

2 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


que promovem o desenvolvimento de capacidades
e da concessão de empréstimos, e também graças à
nossa capacidade de reunir as principais autoridades
econômicas do mundo num espaço em que podem
trabalhar para resolver problemas difíceis num espírito
de cooperação e interesse mútuo.
Entre o início da pandemia e o fim do exercício
2023 o FMI disponibilizou quase US$ 300 bilhões a
96 países. E no exercício 2023, dois novos instrumentos
de empréstimo entraram em operação. O Fundo
Fiduciário para a Resiliência e Sustentabilidade
oferece financiamento acessível e de longo prazo
para ajudar os países membros a enfrentar desafios
como as mudanças climáticas e a preparação para
pandemias, enquanto o Guichê para Resposta a
Choques Alimentares proporciona financiamento
emergencial para atender às necessidades do balanço
de pagamentos relacionadas a alimentos.
O FMI está ajudando os países a fazer face a
grandes necessidades de financiamento para
evitar crises da dívida ou, no caso dos países já
superendividados, a restabelecer a estabilidade
econômica e financeira. Além dos seus próprios
esforços com os países membros, o FMI também está
Emirados Árabes Unidos
trabalhando para facilitar a reestruturação da dívida por
meio do Quadro Comum do G-20 e da Mesa‑Redonda
Mundial sobre a Dívida Soberana, que foi convocada
em conjunto com o Banco Mundial e a Presidência
do G-20, ocupada pela Índia, para reunir credores e
mutuários dos setores público e privado.
Este Relatório Anual destaca o trabalho da Diretoria
Executiva do FMI, cuja orientação e supervisão
são essenciais. Também destaca a assessoria em
tempo real, as atividades de desenvolvimento das
capacidades e o apoio que o Fundo tem prestado aos
países membros.
Enquanto as autoridades de 190 países se preparam
para se reunir em Marraqueche, no Marrocos, para as
Reuniões Anuais em outubro, somos lembrados de que
podemos trabalhar juntos para enfrentar os desafios
comuns do mundo. Não há tempo a perder!
Kristalina Georgieva
Diretora-Geral
Setembro de 2023
RELATÓRIO A NUA L 2 0 2 3 3
Sobre o FMI
O
Fundo Monetário Internacional (FMI) é um
organismo que integra 190 países membros
e busca estimular a cooperação monetária
internacional, facilitar o comércio internacional,
contribuir para altos níveis de emprego e renda real,
promover a estabilidade cambial e ajudar os países
membros a resolver desequilíbrios do balanço de
pagamentos. O FMI procura assegurar a estabilidade
do sistema monetário internacional: o sistema de
taxas de câmbio e pagamentos internacionais que
permite aos países e aos seus cidadãos efetuar
transações entre si. Todos os países membros do
FMI são representados na Diretoria Executiva da
instituição, que debate as consequências nacionais,
regionais e mundiais das políticas econômicas de
cada país membro, aprova os empréstimos do
FMI para ajudar os países membros e supervisiona
as iniciativas de capacitação. Este Relatório Anual
abrange as atividades da Diretoria Executiva, da
Direção-Geral e do corpo técnico do FMI durante o
exercício financeiro iniciado em 1º de maio de 2022
e findo em 30 de abril de 2023, salvo indicação
em contrário. Seu conteúdo reflete as opiniões e
deliberações sobre políticas da Diretoria Executiva
do FMI, que participou ativamente da elaboração
deste Relatório Anual.
Em 28 de abril de 2023, a taxa de câmbio DES/US$ era
US$ 1 = DES 0,742386
4 F U N D O M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL
O exercício do FMI começa em 1.o de maio e
termina em 30 de abril. As análises e considerações
sobre política econômica expressas nesta publicação
são aquelas da Diretoria Executiva do FMI. A
unidade de conta do FMI é o direito especial de
saque (DES); a conversão aproximada dos dados
financeiros do FMI em dólares dos Estados Unidos
é fornecida para a conveniência dos leitores.
Em 28 de abril de 2023, a taxa de câmbio DES/
US$ era de US$ 1 = DES 0,742386, e a taxa de
câmbio US$/DES era de DES 1 = US$ 1,34701. No
fim do exercício anterior (29 de abril de 2022) as
taxas de câmbio eram US$ 1 = DES 0,743880 e
DES 1 = US$ 1,34430. “Bilhão” = 1.000.000.000;
“trilhão” = 1.000.000.000.000; as ligeiras diferenças
entre os totais e a soma dos seus componentes se
devem ao arredondamento. Neste Relatório Anual,
o termo “país” não se refere em todos os casos a
uma entidade territorial que constitui um Estado
conforme o direito e as práticas internacionais.
Seu emprego designa também algumas entidades
territoriais que não são Estados, mas para os quais
são mantidos dados estatísticos de forma separada
e independente. As fronteiras, cores, denominações
e outras informações apresentadas nos mapas não
implicam qualquer juízo por parte do FMI sobre a
situação jurídica de qualquer território ou o endosso
ou aceitação de tais fronteiras.
A taxa de câmbio US$/DES era
DES 1 = US$ 1,34701
 Siglas e acrônimos
AID  ssociação Internacional de
A
Desenvolvimento

O FMI tem três funções básicas BBA Acordo bilateral de empréstimo

CCRT  undo Fiduciário para Alívio e Contenção
F
Supervisão econômica de Catástrofes
COVID-19 Doença por coronavírus
Prestar assessoria aos países membros sobre a
DC Desenvolvimento das capacidades
adoção de políticas para alcançar a estabilidade
DES Direito especial de saque
macroeconômica, acelerar o crescimento
ECF Linha de Crédito Ampliado
econômico e aliviar a pobreza.
EF Exercício financeiro
EFF Programa de Financiamento Ampliado
Empréstimos
ERP Estratégia de Redução da Pobreza
Disponibilizar financiamento aos países membros
FCL Linha de Crédito Flexível
para ajudá-los a resolver problemas do balanço
FMI Fundo Monetário Internacional
de pagamentos, como a escassez de divisas que
FSAP  rograma de Avaliação do Setor
P
ocorre quando os pagamentos externos superam as Financeiro
receitas em moeda estrangeira. G20 Grupo dos Vinte
GNI Renda nacional bruta
Desenvolvimento das capacidades GRA Conta de Recursos Gerais
Apoiar o desenvolvimento das capacidades (por GRI Gestão de riscos institucionais
meio da assistência técnica e formação), quando HIPC Iniciativa para os países pobres muito
endividados
solicitado, para ajudar os países membros a
ICD Instituto para o Desenvolvimento das
fortalecer suas instituições econômicas para
Capacidades
formular e implementar políticas econômicas
IEO Gabinete de Avaliação Independente
sólidas.
NAB Novos acordos de empréstimo
OIA  abinete de Auditoria e Inspeção
G
O FMI tem sua sede na cidade de Washington Internas
e escritórios regionais em todo o mundo para PIB Produto interno bruto
promover seu alcance global e estreitar os laços com PLL Linha de Precaução e Liquidez
os países membros. Para mais informações sobre o PRGT  undo Fiduciário para a Redução da
F
Pobreza e o Crescimento
FMI e os seus países membros, visite IMF.org.
RCF Linha de Crédito Rápido
RFI Instrumento de Financiamento Rápido
RSF  inha de Crédito para a Resiliência e
L
Sustentabilidade
RST  undo Fiduciário para a Resiliência e
F
Sustentabilidade
SBA Acordo Stand-By
SCF Linha de Crédito Stand-By
SLL Linha de Liquidez de Curto Prazo
UCT Parcela superior de crédito
UN Organização das Nações Unidas

RELATÓRIO A NUA L 2 0 2 3 5
 FMI
RELATÓRIO ANUAL

2023

8 PARTE 1
EM DESTAQUE
8 Orientar-se em meio à incerteza
11 A crise do custo de vida
14 Dívida pública
17 Resiliência a choques
20 Cooperação internacional

24 PARTE 2
O QUE FAZEMOS
26 Supervisão econômica
28 Empréstimos
41 Desenvolvimento das
capacidades

52 PARTE 3
QUEM SOMOS
54 Administradores e Suplentes
56 Equipe da Direção-Geral
60 Recursos
66 Prestação de contas
70 Responsabilidade social
corporativa

RELATÓRIO ANUAL DO FMI 2023

SAIBA MAIS
ON-LINE
IMF.ORG/AR2023

Marrocos
6 F U N D O M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL
 Marraqueche
2023
Reuniões Anuais do
Banco Mundial–FMI
O Marrocos está localizado no
cruzamento da África, da Europa
e do Oriente Médio, unindo
culturas e civilizações há milênios.
De 9 a 15 de outubro de 2023, o
país sediará as Reuniões Anuais
do Banco Mundial–FMI em
Marraqueche, marcando o retorno
das Reuniões Anuais à África após
50 anos e o retorno à região do
Oriente Médio e Norte da África
após 20 anos. Marraqueche 2023
será uma oportunidade única para
que os países membros do FMI dos
quatro cantos do mundo enfrentem
juntos os desafios crescentes
e discutam as prioridades em
termos de políticas e reformas no
âmbito dos temas dominantes das
reuniões: aumentar a resiliência,
assegurar reformas transformadoras
e revigorar a cooperação mundial.

Marrocos
RELATÓRIO ANUAL 2023 7
 EM DESTAQUE

Parte 1:

EM
DESTAQUE

ORIENTAR-SE
EM MEIO À
INCERTEZA
O FMI colabora com os países
diante de múltiplos choques

N
econômicos mundiais.
um ambiente internacional incerto
e sujeito a choques, políticas ágeis,
firmes e bem calibradas, adaptadas
às circunstâncias específicas de cada
país, são cruciais para consolidar
a sustentabilidade econômica, salvaguardar
a estabilidade financeira e macroeconômica
mundial, apoiar os vulneráveis e fortalecer a
resiliência. Reforçar a cooperação internacional e
o multilateralismo é essencial para impulsionar o
crescimento mundial, proteger a estabilidade do
sistema monetário internacional, abordar riscos
persistentes à saúde e acelerar esforços que se
reforçam mutuamente rumo a um futuro verde,
digital e inclusivo.

8 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL

 Figura 1.1 Crescimento e inflação
Projeções de crescimento Trajetória prevista da inflação
(%; variação anual) (%; variação anual)
5 10

4 8
ECONOMIAS
INFLAÇÃO GLOBAL
DE MERCADOS EMERGENTES
E EM DESENVOLVIMENTO
3 6

NÚCLEO
DE INFLAÇÃO 4
2
ECONOMIAS AVANÇADAS

1 2

Peru
0 0
2022:T4 23:T2 23:T4 24:T2 24:T4 2022:T4 23:T2 23:T4 24:T2 24:T4

ÚLTIMAS PROJEÇÕES WEO DE JANEIRO DE 2023

A desaceleração econômica é mais pronunciada nas economias

avançadas. A inflação está caindo mais lentamente do que o previsto.
Fontes: FMI, World Economic Outlook de abril de 2023; e cálculos do corpo técnico do FMI.

Nesse contexto, o FMI continua a ajudar os países
membros a fazer face a esses desafios por meio do
trabalho nas áreas de empréstimos, supervisão e
desenvolvimento das capacidades (DC).
Empréstimos
O FMI intensificou a atividade de empréstimos
aos países e continua a reavaliar seu conjunto de
ferramentas de crédito para garantir a sua capacidade
de resposta e adaptação às necessidades que possam
surgir. Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, o
FMI aprovou 41 solicitações de 38 países membros
no valor de DES 95,2 bilhões (US$ 128 bilhões) em
novos compromissos de financiamento, elevando
o apoio total desde o início da pandemia para
DES 218 bilhões (US$ 294 bilhões) para 96 países.
Dois novos instrumentos de empréstimo passaram
a ser usados no exercício 2023:
• O novo Fundo Fiduciário para a Resiliência e
Sustentabilidade (RST) oferece financiamento
acessível de longo prazo para ajudar os países
membros a enfrentar desafios de prazo mais
longo, como a preparação para as mudanças
climáticas e pandemias. Durante o exercício 2023,
a Diretoria Executiva do FMI aprovou cinco acordos
no âmbito da Linha de Crédito para a Resiliência
e Sustentabilidade (RSF), num total de cerca
de US$ 3,4 bilhões, e mais de 40 outros países
habilitados de diferentes regiões e grupos de renda
também manifestaram interesse num acordo da RSF.
• O novo Guichê para Resposta a Choques
Alimentares oferece mais um meio de
financiamento emergencial aos países membros
com necessidades urgentes do balanço de
pagamentos devido à insegurança alimentar
aguda, a um aumento acentuado dos gastos com
a importação de alimentos ou a um choque nas
suas exportações de cereais. Desde a aprovação do
Guichê em outubro de 2022, seis países recorreram
a esse financiamento, num total de cerca de
US$ 1,8 bilhão.
Além dos novos instrumentos destacados,
as economias de mercados emergentes foram
beneficiadas por financiamento aprovado no âmbito
de novos programas apoiados pela Conta de Recursos
Gerais (GRA) por meio do Programa de Financiamento
Ampliado (EFF), da Linha de Crédito Flexível (FCL), da
Linha de Precaução e Liquidez (PLL) e dos Acordos
Stand-By (SBA). Entre os países que receberam esse

RELATÓRIO A NUA L 2 0 2 3 9
 EM DESTAQUE

financiamento, figuram Barbados, Egito, Sri Lanka e Ucrânia (EFF); Marrocos (FCL);
Jamaica e Macedônia do Norte (PLL); e Armênia, Geórgia e Sérvia (SBA).1 Várias
economias de mercados emergentes também continuaram a ser beneficiadas pelo
acesso aos mecanismos de precaução do Fundo, com cerca de DES 65,6 bilhões
(US$ 88 bilhões) garantidos atualmente no âmbito da FCL e da PLL.

Superintendência
No exercício 2023, o FMI publicou vários relatórios de supervisão multilateral,
como o relatório World Economic Outlook (relatório WEO), o Relatório sobre
a Estabilidade Financeira Mundial, o Monitor Fiscal e o Relatório sobre o Setor
Externo. O FMI também realizou 126 consultas nos termos do Artigo IV e nove
avaliações da estabilidade do sistema financeiro no âmbito do Programa de
Avaliação do Setor Financeiro (FSAP).
O FMI continua a aperfeiçoar as suas atividades de supervisão bilateral, entre
outras coisas, com aprimoramentos para levar em conta um conjunto mais
amplo de forças macroeconômicas. Neste ano, por exemplo, o FMI incorporou
considerações sobre o clima em suas atividades de supervisão, com destaque
para a publicação das Notas do Corpo Técnico sobre o Clima. O FMI também
adotou a sua primeira estratégia abrangente de incorporação das questões
de gênero para ajudar os países membros a abordar as lacunas de gênero
macroeconomicamente significativas.

Desenvolvimento das capacidades

Por meio do desenvolvimento das capacidades, o FMI ajuda os países a construir
instituições sólidas e a reforçar as competências para formular e implementar
políticas macroeconômicas e financeiras sólidas. No exercício 2023, o FMI
capacitou mais de 15 mil servidores públicos, fez mais de 2 mil visitas de
desenvolvimento das capacidades envolvendo mais de 1500 especialistas e
ministrou mais de 500 cursos em sete idiomas. A avaliação de 2023 da estratégia
do FMI para o desenvolvimento das capacidades tem como objetivo dar
continuidade à avaliação de 2018 e modernizar a gestão, a administração e a
execução das atividades de desenvolvimento das capacidades realizadas pelo FMI.
1
Além disso, quatro outros países, a saber, Bangladesh, Benin, Mauritânia e Papua Nova Guiné, também receberam
financiamento da GRA (EFF) no contexto de acordos com uma combinação do Fundo Fiduciário para a Redução da
Pobreza e o Crescimento (PRGT) e da GRA.

Novo programa com a Ucrânia apoiado pelo FMI

Em 31 de março de 2023, a Diretoria Executiva do FMI aprovou um acordo
financeiro para a Ucrânia no montante de US$ 15,6 bilhões ao longo de quatro
anos, até 2027. O acordo, no âmbito do Programa de Financiamento Ampliado
(EFF), faz parte de um pacote financeiro internacional de US$ 115 bilhões para
esse mesmo quadriênio, destinado a apoiar as políticas das autoridades visando
a estabilização da economia enquanto a guerra continua, bem como a consolidar
reformas mais amplas para acelerar a recuperação quando a guerra terminar.
O acordo recém-aprovado no âmbito do EFF é a terceira e última etapa de
uma estratégia formulada com as autoridades para apoiar a Ucrânia. A primeira
etapa foi um financiamento emergencial totalizando US$ 2,7 bilhões por meio
do Instrumento de Financiamento Rápido em 2022. A segunda etapa foi um
programa de monitoramento de quatro meses com participação da Diretoria,
aprovado em dezembro de 2022. O sólido desempenho das autoridades
durante a segunda etapa abriu caminho para o programa completo com o FMI.
10 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL
 A CRISE
DO CUSTO
DE VIDA

Os países enfrentam a alta

da inflação e dos preços das
commodities, em muitos casos

A
com o apoio do FMI.
combinação de choques climáticos
com a pandemia causou rupturas na
produção e distribuição de energia e
alimentos, elevando os custos para as
pessoas em todo o mundo. Para muitos
países membros, a invasão da Ucrânia pela Rússia
piorou uma situação já difícil ao pressionar ainda mais
os preços da energia, dos alimentos e dos fertilizantes
e agravar a escassez de energia e alimentos. Embora
os preços mundiais da energia e dos alimentos
tenham caído em relação aos picos alcançados em
meados de 2022, os preços internos e os riscos
associados à produção de alimentos continuam
elevados em muitas economias, prejudicando,
sobretudo, as famílias mais pobres. De maneira mais
geral, embora a inflação venha recuando em resposta
aos aumentos dos juros por muitos bancos centrais,
a inflação global e o núcleo de inflação ainda estão
Paquistão
Barbados elevados na maioria dos países.

RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 11
 EM DESTAQUE

Figura 1.2 Índices de preços reais dos alimentos

(2014–16 = 100)

250
RÚSSIA INVADE
A UCRÂNIA

200

150

100

50

0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023

CEREAIS LATICÍNIOS CARNE ÓLEOS AÇÚCAR

ÍNDICE DE PREÇOS DOS ALIMENTOS

Os preços dos alimentos continuam elevados,
mesmo após terem recuado de níveis recordes
no início de 2022.
Fonte: Organização das Nações Unidas para Alimentação
e Agricultura (FAO)
Nota: O período 2014–16 foi tomado como base por ser
considerado o período mais representativo para a
maioria dos mercados nos últimos 10 anos. Escolheu‑se
um triênio para minimizar o impacto da variação dos
preços e das quantidades no comércio internacional.
Lidar com a inflação
Os governos têm sido confrontados com difíceis
dilemas ao lidar com os altos preços de energia e
alimentos, bem como com as pressões sobre o núcleo
de inflação, pois as reservas foram reduzidas após
anos de gastos relacionados ao combate à pandemia.
As autoridades monetárias devem manter o
foco em reduzir a inflação, mas estar prontas para
se ajustar rapidamente à evolução da conjuntura
financeira, como indicado na edição de 2023 do
relatório World Economic Outlook. O Monitor Fiscal
de abril de 2023 avaliou como a política fiscal pode
contribuir para apoiar a tarefa da política monetária
de facilitar a desinflação e, ao mesmo tempo,
proteger os mais vulneráveis.
Em outubro de 2022, os relatórios World
Economic Outlook e Monitor Fiscal ressaltaram
os princípios fundamentais para formular uma
resposta fiscal adequada à crise do custo de
vida. Destacam-se assegurar que a política
fiscal não atue na contramão dos esforços das
autoridades monetárias para reduzir a inflação;
usar transferências direcionadas e temporárias para
apoiar as famílias vulneráveis em vez de controles
de preços, subsídios não direcionados e proibições
de exportação; e salvaguardar o investimento em
capital humano, digitalização, energia verde e
diversificação das cadeias de suprimento.
Insegurança alimentar
O FMI intensificou seus esforços para ajudar a
enfrentar a crise alimentar mundial. Os países da
África Subsaariana foram os mais afetados, com um
aumento médio de 24% nos preços dos alimentos
em 2020–22, o maior desde a crise financeira
mundial de 2008. Os países mais vulneráveis
enfrentam sérios desafios macroeconômicos,
agravados por instituições fracas e ambientes
sociopolíticos frágeis.

12 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

 Figura 1.3 Grupos da inflação
(%, taxa de inflação mediana)
10
7,5
5,0
2,5
2010 2015
TRANSPORTE MORADIA, ÁGUA, ELETRICIDADE, GÁS E OUTROS COMBUSTÍVEIS
Aumentos rápidos nos preços dos alimentos têm sido um dos principais fatores da aceleração da inflação
em todo o mundo.
Fonte: FMI, base de dados do CPI; e cálculos do corpo técnico do FMI.
Nota: o gráfico mostra a inflação total mediana e em categorias específicas em 88 países (28 economias avançadas e 60 economias de mercados
emergentes e em desenvolvimento).
O financiamento do FMI e o
Guichê para Resposta a Choques
Alimentares
Desde maio de 2022, o FMI aprovou novos acordos
nas parcelas superiores de crédito ou aumentos nos
já existentes para oito países que enfrentavam casos
de insegurança alimentar aguda. Sete países foram
beneficiados por novos programas (Bangladesh,
Benin, Cabo Verde, Mauritânia, Moçambique,
Sri Lanka e Zâmbia), e o programa do Quênia foi
ampliado. Os programas ajudam os países a fazer face
a uma ampla gama de necessidades do balanço de
pagamentos e, ao mesmo tempo, fortalecem as redes
de proteção social, como as políticas para ajudar a
enfrentar o impacto da crise alimentar.
Para oferecer um novo canal de financiamento
emergencial aos países membros que têm
necessidades urgentes do balanço de pagamentos
relacionadas à crise alimentar, a Diretoria Executiva
aprovou o novo Guichê para Resposta a Choques
2020
ALIMENTOS E BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS OUTROS ......... TOTAL
Alimentares em caráter temporário, em setembro de
2022. Seis países — Burkina Faso, Guiné, Haiti, Maláui,
Sudão do Sul e Ucrânia — haviam recorrido a esse
financiamento até 30 de abril de 2023, num total de
cerca de DES 1,4 bilhão (o equivalente a US$ 1,8
bilhão). A Diretoria Executiva também modificou
a política dos programas monitorados pelo corpo
técnico para permitir o monitoramento dos programas
com a participação da Diretoria em outubro de 2022.
Com essa mudança, ela pode opinar se as políticas
de um país membro são suficientemente robustas
para atingir os objetivos do programa e monitorar a
implementação do programa, incluindo as políticas
destinadas a facilitar a transição para um programa
apoiado pelo FMI nas parcelas superiores de crédito.
O FMI colabora estreitamente com parceiros para
fortalecer a resposta internacional à alta dos preços
dos alimentos, como o Banco Mundial, a Organização
das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação,
a Organização Mundial do Comércio e o Programa
Mundial de Alimentos.
RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 13
 EM DESTAQUE

DÍVIDA
PÚBLICA
O FMI trabalha com os
países membros para melhor
ajudá-los a enfrentar os
desafios da sustentabilidade

A
e reestruturação da dívida.
dívida pública mundial caiu de 100%
do PIB em 2020 para 92% do PIB em
2022, apoiada por um forte crescimento
real do PIB, surpresas na inflação e a
retirada de medidas de apoio fiscal
relacionadas aos efeitos da pandemia de COVID-19.
Contudo, a dívida pública mundial deve aumentar
novamente a partir de 2023, de acordo com a base
de dados do FMI sobre a dívida mundial e a base de
dados World Economic Outlook de abril de 2023.
As vulnerabilidades e os riscos da dívida continuam
elevados, e as economias de mercados emergentes e
os países de baixa renda são especialmente afetados.
Entre as economias de mercados emergentes,
25% estão em situação de alto risco e enfrentam
spreads sobre sua dívida soberana semelhantes
aos de uma situação de inadimplência. Já entre
os países de baixa renda, cerca de 15% estão
superendividados e outros 45% correm grande
risco de superendividamento. Muitos desses países
operam em um ambiente complexo marcado por um
Filipinas cenário de credores mais diversificado. Conforme

14 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL

 Ruanda

OS PAÍSES DE BAIXA RENDA PRECISARIAM DE

US$ 440 BILHÕES

NO PERÍODO 2022–26

PARA RETOMAR E ACELERAR

A CONVERGÊNCIA DAS SUAS RENDAS
COM A DAS ECONOMIAS AVANÇADAS.

observado no estudo “Macroeconomic Developments
and Prospects in Low-Income Countries – 2022”, esses
países precisariam de mais US$ 440 bilhões em
financiamento no período 2022–26 para retomar e
acelerar a convergência das suas rendas com as das
economias avançadas. Em resposta a esses desafios,
o FMI vem trabalhando dentro dos seus quadros de
políticas para ajudar os países membros a lidar com as
questões da dívida.
A função do FMI
O FMI está ajudando os países a fazer face a grandes
necessidades de financiamento para evitar crises da
dívida ou, no caso dos países já superendividados, a
restabelecer a estabilidade econômica e financeira.
A maior parte do apoio do FMI na forma de liquidez
foi concedida por meio de programas, assistência
emergencial e uma alocação de DES 456,5 bilhões
em agosto de 2021 (equivalente a cerca de
US$ 650 bilhões à época). O FMI também apoia
os esforços dos países membros para cooperar
com seus credores na busca de soluções para o
superendividamento no âmbito de um programa
apoiado pelo Fundo. O FMI tem um papel
fundamental na definição do volume de financiamento
(ou volume de alívio da dívida), na apresentação de
um parecer rigoroso e bem articulado daFilipinas
estabilidade
macrofinanceira de um país e na determinação precisa
das perspectivas de sustentabilidade da sua dívida.
O FMI também adaptou as suas políticas sobre
atrasados da dívida soberana e respectivas questões
de perímetro, que regem as condições sob as quais
o FMI pode emprestar a países que estejam em
atraso com os seus credores oficiais e privados. Essas
políticas buscam um equilíbrio entre incentivar a
resolução dos pagamentos em atraso e permitir que
o FMI apoie os países membros necessitados que
estejam tomando medidas apropriadas para resolver
os seus atrasados. As mudanças nessas políticas,
aprovadas pela Diretoria Executiva em maio de
2022, refletem as novas realidades de um cenário
de credores mais complexo e o apelo dos países
membros para aumentar a transparência da dívida.
A Diretoria Executiva também aprovou mudanças
nas suas políticas sobre garantias de financiamento
no contexto de financiamentos do FMI nas parcelas
superiores de crédito em casos de incerteza
excepcionalmente grande para eliminar as barreiras
existentes à elaboração de um programa nas parcelas
superiores de crédito nesses casos.
Quadro Comum do Grupo dos Vinte
O potencial do Quadro Comum do Grupo dos
Vinte (G-20) começou a dar resultados. Quatro
países fizeram solicitações (Chade, Etiópia, Gana e
Zâmbia). O Chade chegou a um acordo com os seus
credores oficiais e privados em meados de novembro
de 2022 acerca da reestruturação da dívida dentro

RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 15
 EM DESTAQUE

dos parâmetros do seu programa apoiado pelo FMI.

A reestruturação proporcionará alívio efetivo do
serviço da dívida (em 2024) e proteção contra riscos
de deterioração da conjuntura, como uma possível
queda nos preços do petróleo. Até 30 de abril de
2023, Gana e Zâmbia obtiveram avanços importantes
rumo à reestruturação da dívida, com garantias de
financiamento fornecidas por todos os seus credores
oficiais, o que abriu caminho para acordos no âmbito
da Linha de Crédito Ampliado para os dois países.
Entretanto, o progresso geral da reestruturação da
dívida foi mais lento do que o desejado, e o processo
ainda não foi concluído.

Mesa-Redonda Mundial sobre

a Dívida Soberana
Lançada em fevereiro de 2023 pelo FMI, em
coordenação com o Banco Mundial e a Presidência
do G-20, exercida pela Índia, a Mesa-Redonda Mundial
sobre a Dívida Soberana reúne as principais partes
interessadas envolvidas na reestruturação da dívida
soberana, incluindo os credores tradicionais membros
do Clube de Paris; os novos credores, como a China,
a Índia e a Arábia Saudita; o setor privado e os países
mutuários, para promover o consenso sobre os
desafios da dívida e da reestruturação da dívida e
sobre como enfrentá-los. O objetivo é apoiar, e não
substituir, os mecanismos de reestruturação existentes,
como o Quadro Comum do G-20, ao promover
um maior entendimento comum dos conceitos e
princípios.
Na reunião da Mesa-Redonda Mundial sobre a
Dívida Soberana, realizada em 12 de abril de 2023,
participaram credores dos setores público e privado,
além de mutuários, com o objetivo comum de acelerar
o processo de reestruturação da dívida. A reunião
resultou num progresso tangível na reestruturação
da dívida, com três resultados positivos: 1) um
acordo para melhorar o intercâmbio de informações
sobre projeções macroeconômicas e avaliações
de sustentabilidade da dívida num estágio inicial
do processo de reestruturação da dívida; 2) um
entendimento comum sobre a função que os bancos
multilaterais de desenvolvimento podem exercer,
sobretudo ao oferecer fluxos positivos líquidos de
financiamento concessional; e 3) um plano de trabalho
definido claramente, com um workshop sobre como
avaliar e aplicar a comparabilidade de tratamento.
Gana

16 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

 A
resiliência é essencial para a
estabilidade econômica e a
prosperidade, mas está em risco
devido a choques e pressões
mundiais, como as tensões financeiras
em escala mundial, a volatilidade dos preços das
commodities, eventos geopolíticos, pandemias e as
mudanças climáticas. A resiliência também depende
da formulação e implementação de políticas sólidas,
apoiadas por instituições sólidas.

As mudanças climáticas
Neste ano, as mudanças climáticas, uma questão
crucial do ponto de vista macroeconômico, passaram
a receber uma atenção crescente no trabalho do FMI,
tanto em termos dos instrumentos de política, da
supervisão e dos produtos de desenvolvimento das
capacidades, como em termos do trabalho direto
com os países.1
O FMI tem ajudado os países a reduzir as lacunas
entre as políticas existentes e as necessárias para

RESILIÊNCIA alcançar as metas de temperatura fixadas no Acordo

de Paris, por exemplo, prestando assessoria sobre

A CHOQUES
a precificação do carbono e os subsídios aos
combustíveis fósseis. O FMI está revendo o seu
Programa de Avaliação dos Efeitos Macroeconômicos
das Mudanças Climáticas, com o objetivo de

O FMI ajuda os países a auxiliar os países, sobretudo os pequenos e de

baixa renda, a criar resiliência e formular respostas
fortalecer a sua resiliência de política para lidar com o impacto econômico
a choques e a reforçar as das mudanças climáticas. A instituição incorporou
suas instituições. um novo módulo climático ao seu quadro de
Avaliação da Gestão do Investimento Público, o qual
acrescenta uma dimensão de resposta ao clima. Esse
módulo visa avaliar a capacidade dos países em
gerir a infraestrutura relacionada ao clima. O corpo
técnico do FMI emitiu orientações operacionais
aos governos, fornecendo diretrizes sobre como
integrar perspectivas favoráveis ao clima nas práticas
e processos de gestão das finanças públicas, e
ofereceu aos países membros várias iniciativas de
desenvolvimento das capacidades. Além disso, o FMI
e o Banco Mundial desenvolveram a Ferramenta de
Avaliação de Políticas Climáticas para identificar a
forma ideal de conceber políticas de mitigação.
1
O FMI também fez trabalhos analíticos sobre as mudanças climáticas. Por exemplo, a edição de outubro de 2022 do World Economic
Outlook continha uma análise do impacto macroeconômico de curto prazo das políticas de descarbonização. Constatou-se que, se as
medidas certas fossem tomadas de imediato e adotadas gradualmente ao longo dos próximos oito anos, os custos permaneceriam
administráveis e seriam pequenos em comparação com os incontáveis custos no longo prazo resultantes da inação. Já o Relatório sobre
a Estabilidade Financeira Mundial de outubro de 2022 avaliou os desafios e as oportunidades associados à ampliação do financiamento
climático privado nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento.

RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 17
 EM DESTAQUE

Figura 1.4 Um futuro incerto

(variação da temperatura em °C, cenários usados pelo IPCC)

Temperatura média, 1950–2014 Cenários do IPCC, 2015–2100

5 °C

4 °C

3 °C

2 °C

1 °C

0 °C

-1 °C
1950 2000 2015 2050 2100

TEMPERATURA MÉDIA, 1950–2014 EMISSÕES MUITO ALTAS (SSP5-8.5)

Fundo Fiduciário para a Resiliência
e Sustentabilidade
EMISSÕES ALTAS (SSP3-7.0) EMISSÕES INTERMEDIÁRIAS (SSP2-4.5)

EMISSÕES BAIXAS (SSP1-2.6) EMISSÕES MUITO BAIXAS (SSP1-1.9)

A trajetória das emissões mundiais e, Criado para ajudar os países membros de

em consequência, do aquecimento global
é consideravelmente incerta.
Fonte: IPCC, Sumário para Formuladores de Políticas 2021.
Nota: variação da temperatura da superfície global em relação ao
período 1850–1900.
O FMI vem trabalhando com parceiros
internacionais no intuito de formular um plano de
trabalho de alto nível para uma nova Iniciativa de
Lacunas de Dados (DGI), com recomendações para
fazer face às prioridades relacionadas a dados sobre
mudanças climáticas, dinheiro digital e outras áreas.
A fim de suprir as necessidades de dados, o FMI
ampliou o conjunto de indicadores disponíveis no
seu Painel de Indicadores de Mudanças Climáticas
e acrescentou mais ferramentas de fácil uso para
acessar os dados.
A Secretaria da Coalizão de Ministros das Finanças
para a Ação Climática, operada pelo Banco Mundial
e FMI, reúne autoridades fiscais e econômicas de
mais de 80 países para liderar a resposta mundial
às mudanças climáticas e assegurar uma transição
justa para um desenvolvimento resiliente e de baixo
carbono.2
2
O FMI participa do trabalho substancial da Coalizão, envolvendo-se em todas as áreas de atuação dedicadas à precificação do carbono (HP3),
à política macroeconômica e gestão das finanças públicas (HP4) e à política financeira (HP5), além de contribuir para o trabalho transversal relacionado
à adaptação.
baixa renda e os de renda média vulneráveis a
enfrentar os desafios estruturais de longo prazo
que impõem riscos à estabilidade do balanço de
pagamentos, o Fundo Fiduciário para a Resiliência
e Sustentabilidade (RST) entrou em operação em
outubro de 2022. O objetivo é ajudar os países
membros a fazer face a desafios de mais longo
prazo, como as mudanças climáticas e a preparação
para pandemias. As reformas implementadas
no âmbito dos acordos da Linha de Crédito
para a Resiliência e Sustentabilidade (RSF), que
estão vinculados a programas simultâneos do
FMI, ajudam os países a aumentar a resiliência a
choques externos ao reduzir os riscos prospectivos
à estabilidade do balanço de pagamentos, como os
relacionados às mudanças climáticas e a pandemias.
Além disso, ajudam a criar um ambiente favorável ao
financiamento climático privado. Durante o exercício
2023, a Diretoria Executiva aprovou cinco acordos
RSF apoiados pelo RST (para Bangladesh, Barbados,
Costa Rica, Jamaica e Ruanda) num total de cerca
de US$ 3,4 bilhões. A demanda por acordos RSF
é forte e concentrou-se no período inicial: mais de
40 outros países habilitados de diferentes regiões e

18 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL


grupos de renda manifestaram interesse ou solicitaram
formalmente um acordo RSF.
Os recursos do RST dependem de contribuições
voluntárias dos países membros do FMI com posições
externas sólidas. A captação de recursos para o RST
visa a garantir DES 33 bilhões (cerca de US$ 42 bilhões)
em acordos de contribuição que abrangem recursos
para empréstimo destinados a suprir a demanda
prevista, bem como para a cobertura suficiente das
reservas. Até 30 de abril de 2023, 15 países haviam
prometido destinar DES 25,5 bilhões (cerca de
US$ 34,3 bilhões) por meio de acordos de contribuição
que abrangem recursos de empréstimos. Também
foram recebidas promessas de DES 5,1 bilhões (cerca
de US$ 6,9 bilhões) em contribuições independentes
(sem recursos de empréstimos) de dois países para
reforçar as reservas do RST. São necessárias mais
promessas para cobrir um déficit considerável de
recursos de empréstimos para atender à demanda em
2023–24 e no médio prazo.
Fortalecimento das instituições
O FMI continua a colaborar com os seus países
membros para fortalecer instituições e políticas que
apoiam a resiliência econômica. Por exemplo, a
revisão do quadro para um envolvimento reforçado
do FMI em questões de governança reafirma como é
essencial fortalecer a governança e abordar questões
3
Numa nota de Discussão do Corpo Técnico, constatou-se que a digitalização ajudara a proteger a produtividade durante a pandemia de COVID-19,
mas que não houvera mudança estrutural significativa.
Filipinas
de corrupção cruciais para a macroeconomia em
contextos nacionais e transnacionais. No sentido
de fortalecer as instituições e as habilidades
governamentais, o FMI está avaliando o seu trabalho
de desenvolvimento das capacidades, com foco na
estratégia, financiamento, execução e impacto.
Outras estratégias também estão em andamento.
Em estreita colaboração com os países membros,
o FMI está implementando uma estratégia voltada
para Estados frágeis e afetados por conflitos,
destinada a fortalecer os esforços para oferecer um
apoio mais robusto e adequado, tendo em conta as
limitações desses países em termos de políticas. O
FMI também está implementando uma estratégia de
tecnologia governamental (“GovTech”) para apoiar a
transformação digital das operações e políticas fiscais
dos governos.3 Além disso, lançou orientações para
apoiar a formulação e a implementação de políticas
sólidas, por exemplo, na forma do Manual AGIP:
Avaliação da gestão do investimento público.
A implementação de políticas eficazes para os
criptoativos tornou-se uma prioridade fundamental
após o fracasso de várias bolsas e outros atores desse
ecossistema e do colapso de alguns criptoativos. Em
resposta, o FMI avaliou os elementos de políticas
eficazes com respeito aos criptoativos, observando a
necessidade de uma resposta abrangente, uniforme e
coordenada.
RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 19
 EM DESTAQUE

COOPERAÇÃO
INTERNACIONAL
A gama de desafios
complexos que o mundo
enfrenta atualmente exige
uma resposta conjunta

T
e coordenada.
rês décadas de crescente integração
econômica mundial aumentaram a
produtividade e o padrão de vida,
triplicaram o tamanho da economia
mundial e retiraram 1,3 bilhão de
pessoas da extrema pobreza. Mas o mundo agora
enfrenta o risco da fragmentação geoeconômica.
Desde a crise financeira mundial, os fluxos
internacionais de bens e capitais se estabilizaram e
as restrições comerciais aumentaram. Seguiram-se
a pandemia de COVID-19 e a invasão da Ucrânia
pela Rússia, que puseram à prova ainda mais as
relações internacionais e reforçaram o ceticismo
sobre os benefícios da globalização. Uma Nota de
Discussão do Corpo Técnico publicada em janeiro
de 2023 explorou as ramificações da fragmentação
geoeconômica e as suas consequências para
o sistema monetário internacional e a rede de
proteção financeira mundial.

20 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

Figura 1.5 Fragmentação do IED
(número de investimentos, média móvel de quatro trimestres, 2015:T1 = 100)

200
GUERRA COMERCIAL COVID-19 RÚSSIA INVADE
EUA–CHINA A UCRÂNIA

150

100

50

0
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022

CHINA ÁSIA (EXCLUINDO A CHINA) ESTADOS UNIDOS EUROPA

Os fluxos de investimento estrangeiro direto em setores estratégicos estão divergindo entre as regiões,
com a China perdendo participação de mercado.

Fontes: fDi Markets; e cálculos do corpo técnico do FMI.

A edição de abril de 2023 do World Economic

Outlook constatou que os esforços multilaterais
para preservar a integração mundial são a melhor
maneira de minimizar os custos econômicos
grandes e generalizados da fragmentação do
investimento estrangeiro direto, estimados em cerca
de 2% do PIB mundial no longo prazo. Quando a
ação multilateral não é viável, é essencial atenuar os
efeitos secundários das políticas unilaterais. Num
mundo mais fragmentado, alguns países poderiam
reduzir a sua vulnerabilidade se promovessem
o desenvolvimento do setor privado, enquanto
outros poderiam aproveitar o desvio dos fluxos
de investimento para atrair novos investimentos
estrangeiros diretos ao levar a cabo reformas
estruturais e melhorar a infraestrutura.1
O Relatório sobre a Estabilidade Financeira
Mundial de abril de 2023 destacou que as
autoridades deveriam destinar recursos para avaliar,
gerir e mitigar os riscos à estabilidade financeira

1
A fragmentação geoeconômica também foi o tema de um capítulo
analítico da edição de abril de 2023 do relatório Perspectivas
Econômicas Regionais: África Subsaariana.
Alemanha
RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 21
 EM DESTAQUE

associados ao aumento das tensões geopolíticas.

A fim de mitigar os riscos geopolíticos crescentes,
as instituições financeiras necessitam de reservas
de capital e de liquidez suficientes, e a rede de
proteção financeira mundial precisa ser forte e
adequada. Tendo em conta os riscos consideráveis
à estabilidade macrofinanceira mundial, convém
envidar mais esforços multilaterais para reduzir
as tensões geopolíticas e evitar a fragmentação
econômica e financeira.
Além disso, outras prioridades são cruciais para
restabelecer a confiança de que o sistema mundial
baseado em regras pode operar de maneira
eficaz para todos os países, como o fortalecimento
do comércio para aumentar a resiliência e a
modernização do sistema monetário internacional.

Comércio internacional
A Diretoria Executiva examinou o papel do comércio
internacional no trabalho do FMI e concordou com
uma agenda para revigorar a atuação da organização
em relação ao comércio, a fim de ajudar os países
a enfrentar os principais desafios relacionados a
essa área.
As próximas etapas são o uso de uma perspectiva
macroeconômica para identificar os principais
riscos e desdobramentos relacionados ao comércio

22 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

Marrocos
 Figura 1.6 Brechas cibernéticas
(situação da supervisão de riscos cibernéticos nas
autoridades supervisoras; parcela dos países pesquisados)

100%

80%

60%

40%

20%

0%
Estratégia Práticas de Monitoramento Intercâmbio
e governança supervisão e de ataques, de informações
cibernéticas regulação resposta e e prestação
recuperação de contas

internacional e promover a coerência das políticas

entre os objetivos comerciais e não comerciais,
como clima, desigualdade e segurança. É essencial
que a assessoria em políticas seja adaptada às
necessidades de cada país, incluindo políticas
internas, para que os ganhos com o comércio
e o progresso tecnológico sejam compartidos
amplamente. O FMI continuará a defender políticas
comerciais abertas, estáveis e transparentes, além
de um sistema comercial multilateral forte para
fiscalizar essas políticas. O aumento da colaboração
relacionada ao comércio com outras organizações
internacionais, sobretudo a Organização Mundial
do Comércio, será fundamental para atingir esses
objetivos.
Digitalização
Embora uma revolução na tecnologia digital e nas
telecomunicações tenha tido um impacto enorme
nos serviços financeiros e nos pagamentos nas
últimas três décadas, o progresso no campo dos
pagamentos internacionais tem sido mais lento.
A coordenação e a interoperabilidade das
novas moedas digitais dos bancos centrais e de
outras plataformas digitais podem ajudar a evitar
a fragmentação dos sistemas de pagamentos e
apoiar um aumento da eficiência dos pagamentos
MUITO FRACO FRACO MÉDIO BOM MUITO BOM
Defesas fracas contra ataques põem o setor
financeiro em risco, mas a ação coletiva poderia
ajudar a impedir ameaças que podem custar caro.
Fonte: Pesquisa do corpo técnico do FMI, situação nas autoridades
de supervisão.
Nota: o corpo técnico pesquisou 51 economias de mercados
emergentes e em desenvolvimento entre dezembro de 2021 e março
de 2022. A classificação das práticas baseia-se apenas nas respostas à
pesquisa e não abrange uma avaliação qualitativa do corpo técnico
do FMI.
e da inclusão financeira. Coordenar em nível
mundial a regulamentação dos serviços digitais
e elaborar normas mundiais podem ajudar a
minimizar os riscos das novas tecnologias digitais.
Em especial, as autoridades devem considerar
uma estratégia multifacetada para preservar
a eficácia das medidas de gestão dos fluxos
de capitais contra desafios relacionados aos
criptoativos. Isso significa assegurar que os
criptoativos sejam cobertos por leis e regulamentos
sobre a gestão dos fluxos de capitais, sejam
fiscalizados por meio de acordos de colaboração
internacional e estejam sujeitos ao monitoramento
tecnológico dos riscos.

RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 23
 O QUE FAZEMOS

Parte 2

O QUE FAZEMOS

Conforme descrito no Convênio

Constitutivo, o estatuto do FMI,
a instituição busca promover o crescimento
sustentável e a prosperidade de todos os
seus 190 países membros, por meio das
suas três atividades centrais:

SUPERVISÃO ECONÔMICA
126 exames da solidez econômica dos países

No âmbito de suas atividades de supervisão, o FMI monitora

o sistema monetário internacional, bem como as políticas
econômicas e financeiras dos seus países membros. Como
parte desse trabalho, executado em escala nacional e
mundial, o FMI destaca os possíveis riscos à estabilidade
e recomenda ajustes nas políticas. Essas atividades de
supervisão abrangem consultas regulares (normalmente
anuais) com cada país membro, denominadas “consultas
nos termos do Artigo IV”. No caso de sistemas financeiros
de importância sistêmica, o FMI também conduz
regularmente análises detalhadas no âmbito do FSAP.

RELATÓRIO ANUAL DO FMI 2023

SAIBA MAIS
ON-LINE
IMF.ORG/AR2023

24 F U N D O M O N ETÁ RI O I NTERNAC I O NAL


EMPRÉSTIMOS
US$ 74 bilhões para 36 países, sendo cerca
de US$ 11 bilhões para 21 países de baixa renda,
totalizando US$ 294 bilhões para 96 países desde
o início da pandemia
O FMI disponibiliza financiamento aos países
membros que enfrentem necessidades efetivas,
potenciais ou previstas do balanço de pagamentos
para ajudá-los a reconstituir suas reservas
internacionais e restabelecer as condições para o
crescimento econômico robusto, com a correção
das deficiências subjacentes. A instituição também
oferece financiamento de emergência com
desembolso rápido e condicionalidade limitada
– e expandiu consideravelmente esse tipo de
financiamento após o início da pandemia de
COVID‑19.
Ruanda
DESENVOLVIMENTO
DAS CAPACIDADES
US$ 337 milhões para a assessoria técnica prática,
formação centrada nas políticas e aprendizagem
entre pares
O FMI colabora com os países para fortalecer suas
instituições econômicas, oferecendo assistência técnica
e formação em temas econômicos de importância crítica.
Esta colaboração ajuda os países a fortalecerem as suas
economias e criarem mais empregos. O FMI compartilha
seus conhecimentos com instituições governamentais
como ministérios das finanças, bancos centrais, órgãos
de estatística, agências de supervisão financeira e
autoridades tributárias, por meio de assessoramento
prático, formação e aprendizagem entre pares. As
atividades de desenvolvimento das capacidades do
FMI são ministradas de forma presencial e remota
por funcionários do FMI, especialistas de curto prazo,
consultores residentes de longo prazo nos países e
consultores nos centros regionais de desenvolvimento
das capacidades, bem como por meio de formação em
sala de aula, workshops e seminários práticos, e cursos
on-line gratuitos.
RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 25
 O QUE FAZEMOS

SUPERVISÃO
ECONÔMICA

P
or meio das atividades de “supervisão”,
o FMI monitora o sistema monetário
internacional e a evolução da economia
mundial, e faz exames regulares da solidez das
políticas econômicas e financeiras dos seus
190 países membros. Além disso, destaca aos
seus países membros os riscos à estabilidade e
aconselha os governos sobre possíveis ajustes na
política econômica. Esse trabalho apoia o sistema
monetário internacional na busca do seu objetivo
de facilitar o intercâmbio de bens, serviços e capital
entre os países, sustentando, assim, um crescimento
econômico sólido. O FMI presta assessoria sobre
as políticas de cada país membro por meio da
“supervisão bilateral” e faz uma análise do sistema
monetário internacional e da evolução econômica
global e regional por meio da “supervisão
multilateral”. Na prática, esses dois aspectos da
supervisão se complementam, permitindo uma
análise mais abrangente e coerente de como as
políticas de um país afetam os demais, ou seja, dos
“efeitos de contágio”.
Na atual conjuntura econômica mundial desafiadora,
a supervisão oportuna e adaptada às circunstâncias
específicas continua a ser vital para compartilhar
lições e oferecer aos países membros uma
assessoria em políticas bem calibrada. Faz-se
necessária uma combinação uniforme de políticas
adaptadas às circunstâncias de cada país, que
reconheçam os dilemas e estejam voltada para lidar
com a grande incerteza.
Marrocos
Supervisão bilateral
As consultas realizadas no âmbito do Artigo IV
constituem um diálogo interativo entre o FMI e as
autoridades nacionais, abordando uma série de
questões financeiras, fiscais, cambiais, monetárias e
estruturais de importância fundamental. No exercício
2023, o FMI conduziu 126 consultas no âmbito do
Artigo IV e nove avaliações da estabilidade do sistema
financeiro no âmbito do FSAP.
Supervisão multilateral
Como parte da supervisão multilateral, o FMI emite
relatórios semestrais e atualizações sobre os mais
recentes acontecimentos econômicos mundiais: o
relatório World Economic Outlook (relatório WEO),
o Relatório sobre a Estabilidade Financeira Mundial
(GFSR) e o Monitor Fiscal. Essas publicações contêm
capítulos temáticos com análises mais aprofundadas
de temas específicos e extremamente atuais. Quando
necessário, são também publicadas atualizações
intercalares da conjuntura econômica mundial.

26 F U N D O M O N ETÁ RI O I NTERNAC I O NAL

É também publicado anualmente um Relatório sobre
o Setor Externo, como parte do esforço constante para
proporcionar uma avaliação franca e rigorosa dos
desequilíbrios mundiais excessivos e suas causas.
O FMI publica ainda relatórios sobre as
perspectivas econômicas regionais, que descrevem a
evolução das políticas e os desafios de cada região e
apresentam análises nacionais.
As consultas no âmbito do Artigo IV e as avaliações
da estabilidade do sistema financeiro no âmbito do
FSAP também analisam temas ligados à supervisão
multilateral, quando pertinentes.
Assessoria em políticas
A Diretoria Executiva do FMI analisa todos os
aspectos das atividades levadas a cabo pelo FMI:
das consultas no âmbito do Artigo IV aos temas de
políticas importantes para a economia mundial.
A Diretoria conduz seu trabalho com base nos
documentos elaborados pelo corpo técnico. No
exercício 2023, o FMI publicou 65 desses documentos.
Para obter uma lista completa dos documentos de
orientação e outras publicações lançados pelo FMI
no exercício 2023, visite o website do Relatório Anual
em imf.org/AR2023.
Práticas de taxas de câmbio múltiplas
Em julho de 2022, a Diretoria Executiva concluiu a sua
análise da política do FMI sobre práticas de taxas de
câmbio múltiplas. Os Administradores observaram que
essas práticas podem gerar distorções, criar vantagens
competitivas injustas entre os países e prejudicar o
comércio e o investimento, sobretudo no médio e
longo prazo. Concordaram que a política sobre essas
práticas deve continuar a ser a pedra angular do
quadro jurídico e de políticas do FMI para garantir a
existência de acordos de câmbio ordenados e de um
sistema estável de taxas de câmbio. Acolheram com
satisfação os ajustes feitos na política para refletir os
desdobramentos desde a última revisão, na década
de 1980, de modo que ela não desestimulasse as
boas práticas nos mercados de câmbio, estivesse mais
bem alinhada com as demais políticas do FMI (como a
política sobre restrições cambiais e a visão institucional
sobre a liberalização e gestão dos fluxos de capitais) e,
ao mesmo tempo, continuasse a abordar as medidas
de política econômica consideradas inadmissíveis nos
termos da nova política.
Mauritânia
Incorporação das questões
de gênero
Em julho de 2022, o FMI adotou a sua primeira
estratégia abrangente de incorporação das questões
de gênero para ajudar os países membros a abordar
as lacunas de gênero macroeconomicamente
significativas. A estratégia reconhece que as políticas
macroeconômicas e financeiras afetam homens e
mulheres de forma diferente e muitas vezes de forma
não intencional. O FMI está ajudando as autoridades
a identificar e corrigir esse tipo de distorções ao
incorporar uma perspectiva de gênero em suas
principais atividades: supervisão, empréstimos e
desenvolvimento das capacidades.
No âmbito dessa nova estratégia, o FMI colaborará
com seus 190 países membros e parceiros externos
com vista a aumentar a amplitude das suas
recomendações de políticas e conferir mais rigor às
suas análises para ajudar um maior número de países
a adaptar e implementar políticas que abordem a
desigualdade de gênero.
Desde o lançamento da estratégia, o FMI examinou
questões de gênero em mais de 15 países, prestou
assistência técnica adaptada sobre orçamentação
sensível às questões de gênero em cinco países,
lançou o Centro de Dados de Gênero para facilitar
as análises do corpo técnico e ofereceu novos cursos
internos e externos sobre gênero e macroeconomia.
Com o passar do tempo, as políticas
macroeconômicas e financeiras sensíveis às questões
de gênero resultarão em crescimento maior e mais
inclusivo, mais estabilidade e resiliência econômicas,
e menos desigualdade de renda — algo benéfico não
só para as mulheres, mas para as sociedades como
um todo.
RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 27
 O QUE FAZEMOS
EMPRÉSTIMOS
Ucrânia
O
financiamento do FMI ajuda os países
membros a superar problemas do
balanço de pagamentos, estabilizar suas
economias e restaurar o crescimento econômico
sustentável. Pode também ser disponibilizado para
fazer face a catástrofes naturais ou pandemias. O
FMI oferece financiamento preventivo a países
com políticas econômicas sólidas que talvez ainda
apresentem algumas vulnerabilidades, para ajudá-
los a prevenir crises e se proteger contra elas,
e continua a aperfeiçoar as ferramentas para a
prevenção de crises.
1
Incluindo os compromissos anteriores à pandemia, em 28 de abril de 2023, o total de compromissos de empréstimos não desembolsados e créditos
pendentes no âmbito da GRA era de cerca de DES 194,1 bilhões; o total correspondente no âmbito do PRGT era de cerca de DES 21,2 bilhões.
28 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL
Tradicionalmente, o financiamento do FMI dividia-se
em duas categorias: empréstimos da GRA a taxas de
juros definidas como a média dos juros praticados
entre as principais moedas internacionais e
empréstimos em condições concessionais para países
de baixa renda. Atualmente, todos os empréstimos do
Fundo Fiduciário para o Crescimento e a Luta contra
a Pobreza (PRGT) do FMI são concedidos a juro zero.
Com a operacionalização do RST, surgiu uma terceira
categoria de financiamento, que engloba uma
estrutura de juros escalonada diferenciada entre os
grupos de países, com os países membros de baixa
renda recebendo condições mais favoráveis.
Visão geral do exercício 2023
Iniciativas de políticas
O FMI continuou a responder aos desafios
econômicos decorrentes da pandemia de COVID-19
e da guerra da Rússia na Ucrânia a uma velocidade
e com uma magnitude sem precedentes, em
especial por meio de financiamento emergencial
e empréstimos para programas.1 Essas atividades
ajudaram a proteger as vidas e os meios de
subsistência das pessoas e a facilitar o ajuste
a choques.
No exercício 2023, muitos países, sobretudo os de
baixa renda, continuaram a enfrentar uma conjuntura
econômica muito desafiadora, com o aumento dos
preços da energia e a insegurança alimentar em
decorrência da guerra da Rússia na Ucrânia. Para
melhor ajudar os países membros, especialmente
os países de baixa renda, a fazer face a esses ventos
contrários, em 30 de setembro de 2022, o FMI
aprovou o novo Guichê para Resposta a Choques
Alimentares em caráter temporário, no âmbito dos
seus instrumentos de financiamento de emergência.
O Guiché foi aprovado inicialmente por 12 meses e
oferece um novo meio de financiamento emergencial
aos países membros com necessidades urgentes
do balanço de pagamentos devido à insegurança
alimentar aguda, a um aumento acentuado dos
gastos com a importação de alimentos ou a um
choque nas suas exportações de cereais. O acesso
é compatível com as necessidades reais do balanço
de pagamentos e está limitado a 50% da cota; ele
complementa os limites atuais de acesso anual da
Linha de Crédito Rápido (RCF) e do Instrumento de
Crédito Rápido (RFI). Os limites de acesso cumulativo
ao RFI em condições normais e à RCF no caso de
choques exógenos, até então 150% da cota, foram
elevados para 175% da cota para os países membros
que tomam empréstimos por meio do Guichê para
Resposta a Choques Alimentares.
Em outubro de 2022, o FMI também alterou
a sua política de programas monitorados pelo
corpo técnico para permitir o monitoramento dos
programas com a participação da Diretoria Executiva,
que está disponível apenas para países membros
(solicitantes) que, além de buscarem estabelecer
ou restabelecer um histórico de uso dos recursos
do FMI (nas parcelas superiores de crédito), seriam
beneficiados pela participação direcionada da
Diretoria. Recomenda-se aos países que estão
considerando um programa monitorado pelo corpo
técnico que solicitem a opção com a participação
da Diretoria Executiva se forem alvo de um esforço
internacional conjunto por parte de credores ou
doadores para conceder novos financiamentos
substanciais ou alívio da dívida, ou se tiverem um
crédito significativo pendente do FMI no âmbito
de instrumentos de financiamento emergencial no
momento em que o financiamento emergencial for
recebido.
A demanda por financiamento concessional
do FMI manteve-se alta em comparação com os
níveis anteriores à pandemia, um reflexo da difícil
conjuntura mundial. No exercício 2023, o FMI aprovou
cerca de US$ 5,7 bilhões em novos compromissos
de empréstimos concessionais para países de baixa
renda, cerca de quatro vezes a média anual anterior
à pandemia. Dos compromissos de empréstimos
aprovados no exercício para países de baixa renda,
cerca de US$ 0,5 bilhão foram no âmbito do Guichê
para Resposta a Choques Alimentares, beneficiando
cinco países de baixa renda.
No intuito de facilitar uma resposta eficaz às
crescentes necessidades num período de múltiplos
choques mundiais, em 6 de março de 2023, a
Diretoria Executiva do FMI aumentou os limites de
acesso anual e cumulativo da GRA de 145% e 435%
da cota, respectivamente, para 200% e 600% da cota,
respectivamente. Essas mudanças temporárias nos
limites de acesso à GRA vão vigorar por 12 meses
e, conforme as circunstâncias, a Diretoria Executiva
poderá estudar a possibilidade de prorrogá-las antes
de expirarem. O aumento dos limites de acesso
permitirá que os países membros que enfrentam um
aumento das vulnerabilidades e das pressões sobre
o financiamento tenham acesso a um maior apoio
financeiro do FMI sem acionar o quadro de acesso
Tailândia
RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 29
 O QUE FAZEMOS
O FMI INTENSIFICOU SEUS ESFORÇOS PARA AJUDAR
QUASE UM BILHÃO DE PESSOAS QUE VIVEM EM PAÍSES
FRÁGEIS E AFETADOS POR CONFLITOS, INCLUINDO POR
MEIO DE COMPROMISSOS DE FINANCIAMENTO NO VALOR
DE US$ 39,1 BILHÕES DESDE O INÍCIO DA PANDEMIA.
excepcional, beneficiando sobretudo as economias
de mercados emergentes e em desenvolvimento.
Os limites de acesso do PRGT, elevados em 45%
em 2021, serão discutidos em 2024–25, dentro da
já prevista revisão abrangente dos mecanismos
concessionais. Contudo, se houver um avanço
substancial na captação de recursos do PRGT rumo
à meta da primeira etapa de DES 2,3 bilhões para
recursos de subsídios acordada em 2021 (ver a
discussão mais adiante nesta seção) — com um total
prometido de DES 2 bilhões ou mais — os limites
de acesso do PRGT serão revistos numa avaliação
provisória ad hoc.
Aprovados pela Diretoria Executiva no exercício
2022, os aumentos temporários dos limites de acesso
cumulativo dos instrumentos de financiamento
emergencial, a RCF e o RFI, deveriam expirar no fim de
junho de 2023 (ver os Quadros 2.1 e 2.2).2
Em 17 de março de 2023, o FMI aprovou mudanças
na sua política sobre garantias de financiamento.
As mudanças se aplicam a situações de incerteza
excepcionalmente grande, envolvendo choques
exógenos que estão fora do controle das autoridades
nacionais e do alcance das suas políticas econômicas
e geram riscos de cauda maiores do que o normal.
Em situações de incerteza excepcionalmente grande,
o FMI pode conceder financiamento emergencial
para atender a necessidades urgentes do balanço
de pagamentos dos países membros, desde que
determinadas salvaguardas sejam cumpridas. É
mais difícil prestar apoio por meio de um acordo
nas parcelas superiores de crédito, que exige um
² No exercício 2022, a Diretoria também endossou a proposta do corpo técnico de formular uma estratégia para cancelar o aumento temporário dos
limites de acesso cumulativo dos instrumentos de financiamento emergencial até o fim de junho de 2023.
30 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL
Honduras
programa apoiado pelo FMI que resolva problemas
do balanço de pagamentos, restabeleça a viabilidade
externa no médio prazo e ofereça salvaguardas
suficientes. Um Programa de Financiamento Ampliado
(EFF) de DES 11,6 bilhões e com uma duração de 48
meses, aprovado para a Ucrânia em março de 2023,
foi a primeira aplicação da nova política de garantias
de financiamento do FMI.
As mudanças adotadas abordam as principais
barreiras para a elaboração de um programa do FMI
nas parcelas superiores de crédito em situações de
incerteza excepcionalmente grande, em especial
ao modificar de duas maneiras as políticas sobre
garantias de financiamento do FMI. A primeira
mudança permite que os credores bilaterais oficiais
apresentem antecipadamente uma garantia confiável
da concessão de alívio da dívida, do financiamento
da dívida ou ambos, com a entrega de um elemento
contingente da segunda etapa do alívio da dívida,
do financiamento da dívida ou ambos, assim que
a incerteza excepcionalmente grande tenha sido
resolvida. Isso ajuda a estabelecer que a viabilidade
de médio prazo está sendo restaurada. A segunda
mudança expande o uso de garantias da capacidade
de pagamento, provenientes de credores e doadores
bilaterais oficiais, do financiamento emergencial para
um contexto de acordos nas parcelas superiores
de crédito. Isso ajuda a estabelecer salvaguardas
suficientes para as finanças do FMI.
Em 6 de abril de 2023, a Diretoria Executiva
concluiu a revisão anual combinada da adequação
dos recursos do PRGT; dos fundos fiduciários de

alívio da dívida, como o Fundo Fiduciário para Alívio
e Contenção de Catástrofes (CCRT) e as iniciativas
para os países pobres muito endividados (HIPC), e
do RST. A revisão do PRGT revelou que as finanças
desse fundo estão sob pressão devido à demanda
substancialmente mais forte por empréstimos do
PRGT e a juros mais altos do que o previsto até
então. Desde o início da pandemia até o final de
abril de 2023, o FMI apoiou mais de 50 países
de baixa renda, aprovando aproximadamente
DES 17,3 bilhões (cerca de US$ 24 bilhões) em
empréstimos sem juros. Para concluir a primeira
etapa da sua estratégia de financiamento de 2021, o
PRGT precisa obter compromissos de contribuição
no valor de DES 1,2 bilhão (cerca de US$ 1,6 bilhão)
em recursos de subsídios e DES 3,5 bilhões (cerca
de US$ 4,7 bilhões) em recursos de empréstimos.
Dadas essas circunstâncias, propôs-se uma estratégia
multifacetada para reforçar as finanças do PRGT. Essa
Alemanha
estratégia envolve um esforço conjunto para mobilizar
contribuições de várias fontes com vista a fechar as
lacunas nos recursos de subsídios e empréstimos
antes das Reuniões Anuais em Marraqueche. Além
disso, outras medidas serão tomadas durante a revisão
abrangente do PRGT de 2024/25 para garantir uma
base sustentável para o fundo e, assim, prestar apoio
suficiente de longo prazo aos países de baixa renda.
Com relação ao RST, a revisão revelou que
a demanda pelo seu financiamento é forte
e antecipada, destacando a necessidade do
cumprimento pontual dos compromissos de
contribuição existentes, bem como de outros
compromissos para atingir a meta de captação
de recursos de DES 33 bilhões. Além disso, tendo
em vista os aumentos da taxa de juros do SDR, a
revisão avaliou as consequências de adotar um limite
máximo de 2,25% para a taxa de juros aplicada
ao grupo de renda mais baixa, que tem acesso
RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 31
 O QUE FAZEMOS
aos empréstimos do RST. A revisão concluiu que
a adoção desse limite ainda permitiria o acúmulo
suficiente de reservas, enquanto medidas corretivas
poderiam ser tomadas, se necessário, em revisões
periódicas ou ad hoc.3
Essa revisão revelou que o CCRT, que concede
subsídios para o alívio da dívida aos países de baixa
renda mais pobres e vulneráveis atingidos por
catástrofes naturais ou desastres de saúde pública,
continua extremamente subfinanciado. Esse fundo
não dispõe de recursos suficientes para oferecer
alívio significativo no caso de um novo desastre.
O FMI intensificou seus esforços no sentido de
ajudar quase um bilhão de pessoas que vivem em
países frágeis e afetados por conflitos, incluindo por
meio de compromissos de financiamento no valor
de US$ 39,1 bilhões desde o início da pandemia.4
Com base numa nova estratégia abrangente
adotada em 20225, o FMI fez recomendações
bem adaptadas para ajudar os países membros
mais vulneráveis na sua “Nota de Orientação
para o Corpo Técnico sobre a Implementação da
Estratégia do FMI para Estados Frágeis e Afetados
por Conflitos”. Além disso, ampliou a presença
local, enviou mais especialistas de longo prazo e
aumentou o envolvimento com atores humanitários,
de desenvolvimento e de paz (como a sociedade
civil, bancos multilaterais de desenvolvimento, o
Banco Mundial e as Nações Unidas).
3
Em 18 de maio de 2023, a Diretoria Executiva aprovou a adoção de um limite máximo para a taxa de juros aplicada aos mutuários de menor renda do RST.
4
Entre março de 2020 e abril de 2023.
5
Ver: https://www.imf.org/en/Topics/fragile-and-conflict-affected-states/work-on-fcs.
32 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL
Gana
Além disso, em dezembro de 2022, a Diretoria
Executiva concluiu uma revisão quinquenal da política
de avaliação das salvaguardas, adiada por conta
da pandemia. Um painel externo de especialistas
apresentou uma perspectiva independente sobre
a implementação da política, e os Administradores
reconheceram que a política continua a ser importante
para ajudar a mitigar os riscos de erros na prestação
de contas e do uso indevido dos recursos do FMI.
Os Administradores consideraram que a política
permanece crucial para atingir esses objetivos e
manter a reputação do FMI como um prestatário
prudente.
A revisão também revelou que o quadro existente
para a avaliação e o monitoramento dos mecanismos
de governança e controle dos bancos centrais
continua amplamente apropriado e propôs melhorias
no quadro de salvaguardas para acompanhar a
evolução dos acontecimentos. Entre as melhorias,
destacam-se o estabelecimento de um pilar de
governança independente para facilitar uma cobertura
mais ampla e a discussão da função de supervisão
da Diretoria e a divisão de responsabilidades entre
os principais órgãos de decisão para preservar a
prestação de contas; modalidades para as revisões
das salvaguardas fiscais; uma avaliação mais profunda
das funções de gestão de risco dos bancos centrais e
das emissões de moedas digitais por essas entidades;
e o reforço da sensibilização dos bancos centrais.
Visão geral dos empréstimos
A demanda por empréstimos e apoio no âmbito das linhas de crédito preventivo do FMI permaneceu alta
no exercício 2023. Entre 1º de maio de 2022 e 30 de abril de 2023, foram aprovados novos pedidos no
montante de cerca de DES 55,1 bilhões, concentrados nas seguintes áreas:

Financiamento emergencial no âmbito do RFI e
da RCF, abrangendo também o financiamento
no âmbito do Guichê para Resposta a Choques
Alimentares: O FMI recebeu, e a Diretoria
Executiva aprovou, pedidos de financiamento
de emergência de sete países, no montante de
DES 1,4 bilhão (cerca de US$ 1,8 bilhão), dos quais
DES 0,4 bilhão (US$ 0,5 bilhão) foi desembolsado
para seis países de baixa renda. Em outubro de
2022, a Ucrânia foi o primeiro país membro a
receber financiamento emergencial no âmbito do
recém-criado Guichê para Resposta a Choques
Alimentares, num montante de DES 1 bilhão.
Reforço de acordos de empréstimos em vigor:
o FMI também suplementou os acordos em vigor
para incorporar novas necessidades urgentes
de financiamento no contexto de um diálogo
contínuo em matéria de políticas, num montante
de DES 1,3 bilhão. A Diretoria Executiva aprovou
a suplementação dos acordos com seis países
membros.
Novos acordos de empréstimos, incluindo
acordos precautórios: a Diretoria Executiva
aprovou 20 novos acordos não precautórios do
FMI com 16 países, a saber: dez no âmbito da
Linha de Crédito Ampliado (ECF), num total de
DES 3,56 bilhões; oito no âmbito do EFF, num
total de DES 18,8 bilhões; e três no âmbito do
SBA, num total de DES 2,2 bilhões, além de um
acordo PLL de DES 0,4 bilhão.6 Ademais, cinco
acordos precautórios — três FCL, um PLL e uma
Linha de Liquidez de Curto Prazo (SLL) — foram
disponibilizados a países membros. Em maio de
2022, o Chile foi o primeiro país membro a solicitar
um acordo no âmbito da SLL, posteriormente
aprovado pela Diretoria Executiva.
Além disso, a Diretoria Executiva aprovou os
pedidos de acordos no âmbito da RSF com foco
nas mudanças climáticas apresentados por cinco
países: Bangladesh, Barbados, Costa Rica, Jamaica
e Ruanda (totalizando cerca de DES 2,5 bilhões).
Alívio da dívida no âmbito da Iniciativa para
os Países Pobres Muito Endividados (HIPC):7
em 17 de junho de 2022, a Diretoria Executiva
do FMI aprovou pela terceira vez uma assistência
provisória para a Somália no âmbito da Iniciativa
HIPC reforçada.8 Aprovou-se o montante de
DES 0,68 milhão, posteriormente elevado em
DES 0,13 milhão, em 5 de abril de 2023, para
cobrir integralmente as obrigações financeiras
admissíveis da Somália devidas ao FMI entre
17 de junho de 2022 e 16 de junho de 2023.9

6
No acordo PLL aprovado para a Macedônia do Norte (DES 0,4 bilhão), as autoridades pretendiam sacar metade do montante disponível
(DES 0,2 bilhão) e tratar o restante como uma precaução.
7
Nenhum país solicitou alívio da dívida no âmbito do Fundo Fiduciário para Alívio e Contenção de Catástrofes (CCRT) no exercício 2023.
8
A Iniciativa HIPC foi lançada em 1996 pelo FMI e pelo Banco Mundial com o objetivo de zelar para que nenhum país pobre enfrentasse uma
carga da dívida que ele não conseguisse administrar. A iniciativa envolve um processo em duas etapas por meio do qual os países precisam
cumprir certos critérios, se comprometer com a redução da pobreza mediante mudanças nas políticas e demonstrar um histórico sólido ao
longo do tempo. As Diretorias Executivas do FMI e do Banco Mundial determinam que um país está habilitado a receber o alívio da dívida nos
termos da Iniciativa HIPC, a primeira etapa (ponto de decisão da HIPC). Credores multilaterais e bilaterais oficiais podem oferecer a um país alívio
intercalar da dívida habilitada para a Iniciativa HIPC no período intercalar e, quando um país cumpre seus compromissos, é concedido alívio total
da dívida, isto é, na segunda etapa (ponto de conclusão da Iniciativa HIPC).
9
Em 25 de março de 2020, após a regularização dos pagamentos em atraso da Somália com o FMI, as Diretorias Executivas do FMI e do Banco
Mundial deliberaram que o país estava qualificado para receber alívio da dívida no âmbito da Iniciativa HIPC reforçada e havia alcançado o ponto
de decisão no contexto da mesma iniciativa. Em 30 de abril de 2023, a Somália havia recebido DES 2,601 bilhão em assistência intercalar da
Iniciativa HIPC para cobrir 100% das suas obrigações financeiras admissíveis devidas ao FMI desde o ponto de decisão da Iniciativa HIPC.

RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 33
 O QUE FAZEMOS

MAPA DE EMPRÉSTIMOS

ASSISTÊNCIA
FINANCEIRA
APROVADA ÁSIA E PACÍFICO
6.445,6 M de DES
EUROPA
15.114,3 M de DES
NO EXERCÍCIO BANGLADESH MOLDÁVIA
AUM. de ECF....... 64,8 M de DES

2023
ECF . ...................822,8 M de DES
EFF . ................1.645,6 M de DES AUM. de EFF......192,5 M de DES
RSF . ...................1.000 M de DES MACEDÔNIA DO NORTE
PLL . ...................406,9 M de DES
Em 30 de abril de 2023 PAPUA NOVA GUINÉ
(em milhões de direitos ECF . ...................228,1 M de DES SÉRVIA
especiais de saque) EFF . ...................456,2 M de DES SBA . ................1.898,9 M de DES
SRI LANKA UCRÂNIA
EFF . ...................2.286 M de DES EFF . ............. 11.608,3 M de DES
TONGA RFI . ................1.005,9 M de DES
TAXA DE CÂMBIO DES/US$
RCF . ....................... 6,9 M de DES
Em 28 de abril de 2023:
DES 1 = US$ 1,34701

Fonte: Departamento Financeiro do FMI.

SIGLAS
AUM. – AUMENTO
ECF – 
LINHA DE CRÉDITO
AMPLIADO
EFF – 
PROGRAMA DE
FINANCIAMENTO AMPLIADO
FCL – LINHA DE CRÉDITO FLEXÍVEL
PLL – 
LINHA DE PRECAUÇÃO E
LIQUIDEZ
RCF – LINHA DE CRÉDITO RÁPIDO
RFI – 
INSTRUMENTO DE
FINANCIAMENTO RÁPIDO
RSF – 
LINHA DE CRÉDITO
PARA A RESILIÊNCIA E
SUSTENTABILIDADE
SBA – ACORDO STAND-BY
SCF – LINHA DE CRÉDITO STAND-BY
SLL – 
LINHA DE LIQUIDEZ DE
CURTO PRAZO

34 F U N D O M O N ETÁ RI O I NTERNAC I O NAL

 RELATÓRIO ANUAL DO FMI 2023
SAIBA MAIS
ON-LINE
IMF.ORG/AR2023

ORIENTE MÉDIO ÁFRICA SUBSAARIANA AS AMÉRICAS

E ÁSIA CENTRAL 3.631,2 M de DES 22.651,3 M de DES
7.275,5 M de DES
ARMÊNIA BENIN BARBADOS
SBA . ...................128,8 M de DES ECF . ...................161,3 M de DES EFF . ..................... 85,1 M de DES
EGITO EFF . ...................322,7 M de DES RSF . ...................141,8 M de DES
EFF . ................2.350,2 M de DES BURKINA FASO COSTA RICA
GEÓRGIA RCF . ..................... 60,2 M de DES RSF . ...................554,1 M de DES
SBA . ...................210,4 M de DES CABO VERDE CHILE
JORDÂNIA ECF . ........................ 45 M de DES FCL . .................13.954 M de DES
AUM. de EFF........ 75,5 M de DES REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA SLL . ...................2.529 M de DES

MARROCOS ECF . ...................141,7 M de DES HAITI

FCL . ................3.726,2 M de DES GÂMBIA RCF . ..................... 81,9 M de DES

MAURITÂNIA AUM. de ECF....... 15,6 M de DES JAMAICA

ECF . ..................... 21,5 M de DES GUINÉ PLL . ...................727,5 M de DES
EFF . ..................... 42,9 M de DES RCF . ..................... 53,6 M de DES RSF . ...................574,4 M de DES

PAQUISTÃO GUINÉ-BISSAU PERU

AUM. de EFF......... 720 M de DES ECF . ..................... 28,4 M de DES FCL . ................4.003,5 M de DES

QUÊNIA
AUM. de ECF.....162,8 M de DES
MALÁUI
RCF . ..................... 69,4 M de DES
MOÇAMBIQUE
ECF . ...................340,8 M de DES
RUANDA
RSF . ...................240,3 M de DES
SENEGAL
AUM. de SBA....... 86,3 M de DES
AUM. de SCF....... 43,2 M de DES
SUDÃO DO SUL
RCF . ..................... 86,1 M de DES
TANZÂNIA
ECF . ...................795,6 M de DES
ZÂMBIA
ECF . ...................978,2 M de DES

Sri Lanka

RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 35
 O QUE FAZEMOS

Quadro 2.1 Condições financeiras do crédito concedido no âmbito da Conta

de Recursos Gerais do FMI
Este quadro apresenta os principais instrumentos de financiamento não concessional do FMI. Os Acordos Stand-By e os acordos
do Programa de Financiamento Ampliado (EFF) são há muito tempo os principais instrumentos de empréstimo da instituição. São
complementados pelos instrumentos para prevenção de crises: a Linha de Crédito Flexível e a Linha de Precaução e Liquidez. Além
disso, o FMI concede empréstimos emergenciais em condições não concessionais por meio do Instrumento de Financiamento
Rápido. O FMI instituiu também uma Linha de Liquidez de Curto Prazo em 2020 para oferecer um mecanismo de apoio a países
membros com políticas e fundamentos econômicos muito sólidos.
Após o início da pandemia e como parte da sua resposta à COVID-19, o FMI aumentou temporariamente os limites de acesso
anual e cumulativo no âmbito do instrumento de financiamento de emergência (RFI) e o limite de acesso anual à Conta de Recursos

Linha de crédito Finalidade Condições Escalonamento e

(ano de criação)1 acompanhamento

Acordo Stand-By Assistência de curto a médio prazo para Adotar políticas que instilem Em geral, compras (desembolsos)
(SBA) países com dificuldades do balanço de confiança na resolução das trimestrais sujeitas ao cumprimento
(1952) pagamentos a curto prazo. dificuldades do balanço de de critérios de desempenho e
pagamentos do país membro num outras condições.
prazo razoável.

Programa de Assistência de médio prazo (mais longo Quando da aprovação, adotar Compras trimestrais ou semestrais
Financiamento do que o SBA) em apoio a reformas um programa de até quatro anos sujeitas ao cumprimento de
Ampliado estruturais dos países membros para superar com uma agenda de reformas critérios de desempenho e outras
(EFF) (1974) dificuldades do balanço de pagamentos a estruturais e uma declaração anual condições.
(Acordo Ampliado) longo prazo. pormenorizada das políticas nos
próximos 12 meses

Linha de Crédito Instrumento flexível nas parcelas de crédito
Flexível (FCL) para atender a necessidades do balanço de
(2009) pagamentos, concretas ou potenciais, e para
reforçar a confiança dos mercados durante
um período de riscos elevados.
Fundamentos econômicos, quadro
de política econômica e histórico
na aplicação de políticas bastante
sólidos ex ante
O acesso aprovado está disponível
de imediato e durante todo o
período do acordo; os acordos FCL
de dois anos estão sujeitos a uma
avaliação intercalar após um ano.

Linha de Precaução Instrumento nas parcelas de crédito para
e Liquidez atender a necessidades do balanço de
(PLL) pagamentos, concretas ou potenciais, e para
(2011) reforçar a confiança dos mercados durante
um período de riscos elevados.
Solidez dos quadros de políticas Acesso amplo concentrado
e da posição externa, acesso no início do acordo, sujeito a
aos mercados e setor financeiro avaliações semestrais (para acordos
robusto. PLL de um a dois anos).

Linha de Liquidez Mecanismo de apoio à liquidez em caso Fundamentos econômicos, quadro O acesso aprovado está disponível
de Curto Prazo de possíveis choques externos que gerem de política econômica e histórico de imediato e durante todo
(SLL) necessidades moderadas do balanço de na aplicação de políticas bastante o período do acordo, e pode
(2020) pagamentos. sólidos ex ante ser reconstituído por meio de
compras; o número de acordos SLL
sucessivos é irrestrito, desde que o
país continue a cumprir os critérios
de qualificação.

Instrumento de Assistência financeira rápida para todos Esforços para resolver as Compras diretas sem a necessidade
Financiamento Rápido os países membros que enfrentem uma dificuldades do balanço de de um programa completo ou
(RFI) (2011) necessidade urgente do balanço de pagamentos (podem incluir ações avaliações
pagamentos. prévias).

Fonte: Departamento Financeiro do FMI.

1
O crédito concedido pelo FMI por meio da Conta de Recursos Gerais (GRA) é financiado principalmente pelo capital subscrito pelos países membros.
A cada país é atribuída uma cota que representa seu compromisso financeiro. Os países membros pagam uma parte da sua cota em direitos especiais
de saque (DES), ou na moeda de outro país membro que seja aceitável para o FMI, e o restante na sua própria moeda. Os empréstimos do FMI são
desembolsados ou sacados quando o mutuário efetua uma compra de ativos em moeda estrangeira junto ao FMI na sua própria moeda. O reembolso do
empréstimo ocorre quando o mutuário efetua a recompra da sua moeda junto ao FMI numa moeda estrangeira.
2
A taxa de comissão sobre os fundos desembolsados da GRA é fixada como uma margem (atualmente 100 p.b.) sobre a taxa de juros semanal do DES. A
taxa de comissão é aplicada ao saldo diário de todos os saques da GRA em aberto durante cada trimestre financeiro do FMI. Além disso, uma comissão
de serviço única de 0,5% incide sobre cada saque de recursos do FMI na GRA, com a exceção dos saques na parcela de reserva. Uma comissão de
compromisso inicial (15 p.b. sobre os montantes empenhados inferiores a 115% da cota, 30 p.b. sobre os montantes entre 115% e 575% da cota e 60 p.b.

36 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

Gerais do FMI, que aciona a aplicação do quadro de acesso excecional. Em dezembro de 2021, a Diretoria Executiva do FMI aprovou
uma extensão de 18 meses (até o fim de junho de 2023) do aumento temporário dos limites de acesso cumulativo no âmbito da RFI
em circunstâncias normais e em caso de grandes catástrofes naturais, deixando que todos os demais limites de acesso que haviam
sido temporariamente elevados retornassem aos seus níveis anteriores à pandemia a partir de 1 de janeiro de 2022, conforme
programado. Em março de 2023, os limites de acesso anual e cumulativo da Conta de Recursos Gerais foram temporariamente
aumentados por um período de 12 meses para 200% e 600% da cota, respectivamente.
Para melhor ajudar os países membros a fazer face aos desafios econômicos, como o aumento dos preços da energia e a
insegurança alimentar em decorrência da guerra da Rússia na Ucrânia, o FMI aprovou acordos do Guichê para Resposta a Choques
Alimentares no âmbito dos seus instrumentos de financiamento emergencial (o RFI e a RCF) em outubro de 2022. O Guichê para
Resposta a Choques Alimentares estará disponível por 12 meses.

Limites de acesso¹ Encargos2 Calendário de Prestações

reembolsos (anos)

Anual: 145% da cota; devido à extrema incerteza em torno da
economia mundial, este limite foi temporariamente elevado
para 200% da cota até 7 de março de 2024
Cumulativo: 435% da cota; este limite foi temporariamente
elevado para 600% da cota até 7 de março de 2024
Taxa de comissão mais sobretaxa (200 p.b. 3¼–5 Trimestrais
sobre montantes superiores a 187,5% da
cota; 100 p.b. adicionais quando o crédito
em aberto se mantém acima de 187,5% da
cota por mais de 36 meses)³

Anual: 145% da cota; devido à extrema incerteza em torno da
economia mundial, este limite foi temporariamente elevado
para 200% da cota até 7 de março de 2024
Cumulativo: 145% da cota; devido à extrema incerteza em
torno da economia mundial, este limite foi temporariamente
elevado para 600% da cota até 7 de março de 2024
Taxa de comissão mais sobretaxa (200 p.b. 4½–10 Semestrais
sobre montantes superiores a 187,5% da
cota; 100 p.b. adicionais quando o crédito
em aberto se mantém acima de 187,5% da
cota por mais de 51 meses)³

Sem limite predefinido. Taxa de comissão mais sobretaxa (200 p.b. 3¼–5 Trimestrais
sobre montantes superiores a 187,5% da
cota; 100 p.b. adicionais quando o crédito
em aberto se mantém acima de 187,5% da
cota por mais de 36 meses)³

125% da cota (250% da cota em circunstâncias excepcionais)
por seis meses; 250% da cota disponível quando da aprovação
dos acordos de um a dois anos; total de 500% da cota após 12
meses de progressos satisfatórios.
Taxa de comissão mais sobretaxa (200 p.b. 3¼–5 Trimestrais
sobre montantes superiores a 187,5% da
cota; 100 p.b. adicionais quando o crédito
em aberto se mantém acima de 187,5% da
cota por mais de 36 meses)³

Até 145% da cota; acesso rotativo por um período de 12 Taxa de comissão mais sobretaxa (200 Recompra(s)
meses pontos-base sobre o saldo em aberto acima devida(s) no prazo
de 187,5% da cota); o crédito SLL não entra de até 12 meses
no cômputo das sobretaxas com base no após a compra;
tempo decorrido. as recompras
reconstituem o
acesso até o nível
aprovado.

Anual: 50% da cota (80% no caso de grandes catástrofes Taxa de comissão mais sobretaxa (200 p.b. Trimestrais
naturais); temporariamente elevado para 100% (130% no caso sobre montantes superiores a 187,5% da
de grandes catástrofes naturais) até o fim de 2021. cota; 100 p.b. adicionais quando o crédito
Cumulativo: 100% da cota (133,33% para grandes desastres em aberto se mantém acima de 187,5% da
naturais); temporariamente aumentado para 150% (183,33% cota por mais de 36 meses)4
para grandes desastres naturais) até o fim de junho de 2023;³ o
acesso cumulativo é aumentado para 175% da cota dos países
membros que tomam empréstimos por meio do Guichê para
Resposta a Choques Alimentares, mas o acesso a esse guichê
é inteiramente adicional ao limite anual.

sobre os montantes superiores a 575% da cota) é aplicada aos montantes disponíveis para compra no âmbito dos acordos (SBA, EFF, PLL e FCL) e que
podem ser sacados durante cada período (anual); essa comissão é restituída pro rata à medida que forem efetuados os saques no âmbito dos acordos.
No caso dos acordos SLL, a comissão de serviço é de 21 p.b. e é cobrada uma comissão de compromisso não restituível de 8 p.b. quando da aprovação
do acordo.
3
Em junho de 2021, os limites de acesso anual e cumulativo que se aplicam a grandes catástrofes naturais foram temporariamente elevados (até o fim de
2021) para 130% da cota e 183,33% da cota, respectivamente. Em dezembro de 2021, a Diretoria Executiva autorizou a reversão dos limites de acesso aos
níveis anteriores à pandemia, mas prorrogou em 18 meses os aumentos temporários do acesso cumulativo para o RFI até o fim de junho de 2023.
4
As sobretaxas foram introduzidas em novembro de 2000. Um novo regime de sobretaxas entrou em vigor em 1 de agosto de 2009 e foi atualizado em 17
de fevereiro de 2016, com a manutenção parcial das condições anteriores para os acordos já em curso.

RELATÓRIO A NUA L 2 0 2 3 37
 O QUE FAZEMOS

Quadro 2.2 Instrumentos de crédito concessional

O FMI tem três instrumentos de crédito concessional para os países em desenvolvimento de baixa renda.

Linha de Crédito Ampliado (ECF) Linha de Crédito Stand-By (SCF) Linha de Crédito Rápido (RCF)

Objetivo Ajudar os países de baixa renda a alcançar e manter uma posição macroeconômica estável e sustentável que conduza a um
crescimento vigoroso e à redução duradoura da pobreza

Finalidade Abordar problemas prolongados Resolver necessidade de curto Proporcionar financiamento para atender
do balanço de pagamentos prazo do balanço de pagamentos necessidades urgentes do balanço de pagamentos

Habilitação Países habilitados a receber assistência no âmbito do Fundo Fiduciário para a Redução da Pobreza e o Crescimento (PRGT)

Qualificação Dificuldades prolongadas
do balanço de pagamentos;
necessidade efetiva de
financiamento ao longo do acordo,
mas não necessariamente quando
da aprovação ou desembolso do
empréstimo
Necessidade potencial (uso Necessidade urgente do balanço de pagamentos
preventivo) ou efetiva do balanço quando um programa nas parcelas superiores de
de pagamentos a curto prazo, crédito não é viável nem necessário¹
no momento da aprovação;
necessidade efetiva quando de
cada desembolso

Estratégia de O programa apoiado pelo FMI deve estar alinhado com os objetivos de crescimento e de redução da pobreza definidos pelo
redução da próprio país, e deve dar suporte a políticas que preservem os gastos sociais e outros gastos prioritários
pobreza e de
crescimento

Apresentação de uma Estratégia A apresentação da ERP não é A apresentação da ERP não é obrigatória.
de Redução da Pobreza (ERP) obrigatória se a duração original
do acordo SCF for superior a dois
anos

Condicionalidade Parcelas superiores de crédito; Parcelas superiores de crédito; Nenhuma condicionalidade ex post; qualificação
flexibilidade nos prazos e na objetivo de resolver uma para uso reiterado com base no histórico (exceto
trajetória de ajuste necessidade do balanço de em caso de choques ou de catástrofes naturais)
pagamentos a curto prazo

Condições de Taxa de juros: Atualmente 0 Taxa de juros: Atualmente 0 Taxa de juros: 0

financiamento² Condições de reembolso: 5½–10 Condições de reembolso: 4–8 Condições de reembolso: 5½–10 anos
anos anos
Comissão de disponibilização:
0,15% sobre os montantes
disponíveis mas não utilizados no
âmbito de acordos preventivos

Combinação com Com base na renda per capita e no acesso ao mercado; ligada à vulnerabilidade da dívida. Caso seja presumida a combinação
o financiamento de recursos PRGT e GRA, aplica-se uma proporção de um para dois; o acesso concessional é limitado à norma aplicável (acima
da Conta de do qual se utilizam apenas os recursos da GRA).
Recursos Gerais
(GRA)

Uso preventivo Não Sim Não

Duração e uso De 3 a 5 anos, com duração O uso é normalmente limitado a Desembolsos diretos; possibilidade de uso
recorrente máxima de 5 anos; permite-se o três anos em qualquer período recorrente, sujeito a limites de acesso e outros
uso recorrente. de seis anos, avaliado em base requisitos; o limite ao uso recorrente – duas
móvel, com exceção dos acordos vezes em qualquer período de 12 meses – foi
SCF tratados como preventivos. temporariamente suspenso até 6 de abril de 2021, e
essa medida foi prorrogada até o fim de 2021.

Uso concomitante GRA (Programa de Financiamento GRA (Acordo Stand-By) e GRA (Instrumento de Financiamento Rápido);
Ampliado) Instrumento de Apoio à Política o crédito no âmbito do RFI entra no cômputo dos
Econômica limites de acesso da RCF.

38 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

 Linha de Crédito Ampliado (ECF) Linha de Crédito Stand-By (SCF) Linha de Crédito Rápido (RCF)

Políticas de acesso Em resposta às grandes e urgentes necessidades de financiamento dos países membros relacionadas à COVID-19, em 2020
e 2021, os limites de acesso ao PRGT foram ajustados temporariamente várias vezes. Em 14 de julho de 2021, os limites
de acesso anual e cumulativo do PRGT foram fixados em 145% da cota e 435% da cota, respectivamente, para alinhá‑los
plenamente com os da Conta de Recursos Gerais (GRA). Contudo, o limite de acesso anual do PRGT foi mantido em
245% da cota até o fim de 2021. A Diretoria Executiva aprovou também uma norma de acesso unificada de 145% da cota
para os acordos ECF de três anos. O alinhamento com a GRA durou até 6 de março de 2023, quando a Diretoria elevou
temporariamente os limites de acesso anual e cumulativo da GRA por um período de 12 meses. Quando houver ocorrido
um avanço substancial na captação de recursos do PRGT rumo à meta da primeira etapa de DES 2,3 bilhões para recursos de
subsídios acordada em 2021 — com um compromisso de contribuição total de DES 2 bilhões ou mais —, os limites de acesso
do PRGT serão revistos numa avaliação provisória ad hoc.

Normas e sublimites3

A norma de acesso é de 145% da
cota por acordo ECF de três anos.
A norma de acesso para acordos
SCF de 18 meses é a mesma de
um acordo ECF de três anos,
e varia proporcionalmente à
duração do acordo SCF, até o
montante autorizado no âmbito
de acordos SCF de dois anos
(193,33% da cota).
Não há uma norma de acesso que se aplique aos
acordos RCF em caso de choques exógenos e
grandes catástrofes naturais.
Os limites de acesso anual e cumulativo ao RCF no
caso de choques exógenos são atualmente 50% e
150% da cota, respectivamente, até o fim de junho
de 2023. O limite de acesso cumulativo é elevado
para 175% da cota para os países membros que
tomam empréstimos por meio do Guichê para
Resposta a Choques Alimentares, mas o acesso por
meio do Guichê é inteiramente adicional ao limite
anual.
Os limites de acesso anual e cumulativo ao RCF em
condições normais estão atualmente fixados em
50% e 100% da cota, respectivamente, até o fim de
junho de 2023, com uma norma de acesso anual
e um limite por desembolso de 25% da cota. O
acesso por meio do Guichê é inteiramente adicional
ao limite anual.
Os limites de acesso anual e cumulativo ao RCF
no caso de grandes desastres naturais estão
atualmente fixados em 80% e 183,33% da cota,
respectivamente, até o fim de junho de 2023. O
acesso por meio do Guichê é inteiramente adicional
ao limite anual.
As compras no âmbito do Instrumento de
Financiamento Rápido efetuadas após 1º de julho
de 2015 entram no cálculo dos limites anuais e
cumulativos aplicáveis à RCF.

Fonte: Departamento Financeiro do FMI.

¹ A condicionalidade das parcelas superiores de crédito é o conjunto das condições relacionadas com um programa que visam assegurar que
os recursos do FMI apoiem os objetivos do programa, com salvaguardas adequadas dos recursos do FMI.
² O FMI revê o nível de taxas de juros de todas as linhas de crédito concessional a cada dois anos. Na última revisão, em 14 de julho de 2021,
a Diretoria Executiva do FMI manteve as taxas de juros zero para os empréstimos no âmbito do PRGT (ECF, SCF, RCF), o que é coerente com as
regras estabelecidas para a fixação dessas taxas de juros.
³ As normas servem para orientar o que constitui um nível apropriado de acesso no âmbito do PRGT, mas não devem ser interpretadas como
limites ou direitos de acesso. As normas anteriores aplicadas em caso de acesso reduzido ou elevado foram unificadas em uma única norma,
independentemente do saldo em aberto de créditos do FMI.

RELATÓRIO A NUA L 2 0 2 3 39
 O QUE FAZEMOS

Quadro 2.3 Fundo Fiduciário para a Resiliência e Sustentabilidade

Como terceiro pilar das atividades creditícias do FMI, o Fundo Fiduciário para a Resiliência e Sustentabilidade (RST)
complementa a Conta de Recursos Gerais e o Fundo Fiduciário para a Redução da Pobreza e o Crescimento (PRGT),
fornecendo financiamento acessível e de longo prazo a países de baixa renda e países vulneráveis de renda média, bem como
a pequenos Estados, que enfrentam desafios estruturais de longo prazo que representam riscos para a estabilidade futura do
balanço de pagamentos.

Objetivo Aumentar a resiliência econômica e a sustentabilidade dos países de baixa renda e dos países de renda média e pequenos
Estados vulneráveis.

Finalidade Apoiar reformas políticas que reduzam os riscos macroeconômicos fundamentais associados a desafios estruturais de longo
prazo específicos.

Habilitação Países habilitados que podem receber assistência no âmbito do PRGT, todos os pequenos Estados com população inferior a
1,5 milhão com uma renda nacional bruta (RNB) per capita 25 vezes inferior ao limite operacional da Associação Internacional
de Desenvolvimento (IDA) e todos os países de renda média com uma RNB per capita 10 vezes inferior ao limite operacional
de 2021 da IDA.

Qualificação Um pacote de medidas de política de alta qualidade compatíveis com o objetivo do RST, um programa de financiamento ou
não financeiro simultâneo com políticas nas parcelas superiores de crédito, e dívida sustentável e capacidade suficiente para
reembolsar o FMI.

Condicionalidade Medidas no âmbito de reformas ligadas a desafios estruturais de longo prazo pertinentes — normalmente separadas da
condicionalidade do programa concomitante nas parcelas superiores de crédito; previsão de uma estreita coordenação com
o Banco Mundial e outros bancos multilaterais de desenvolvimento e instituições financeiras internacionais pertinentes para
alavancar a experiência comparativa e o conhecimento institucional.

Políticas de acesso Acesso baseado na solidez das reformas, na sustentabilidade da dívida e na capacidade de reembolsar o FMI e limitado ao
menor valor entre 150% da cota e DES 1 bilhão. O ponto de partida para a determinação do acesso é uma norma de acesso
de 75% da cota.

Condições de Taxa de juros escalonada: Países do Grupo A – taxa de juros dos DES + 55 pontos-base; países do Grupo B – taxa de juros
financiamento dos DES + 75 pontos-base e uma taxa de serviço única de 25 pontos-base; países do Grupo C – taxa de juros dos DES +
95 pontos-base e uma taxa de serviço única de 50 pontos-base.
Condições de reembolso: 10½–20 anos.

Uso preventivo Não.

Duração e uso A duração do acordo RSF geralmente coincide com a duração de um novo programa nas parcelas superiores de crédito
recorrente (quando os dois são solicitados juntos) ou com a duração restante de um programa nas parcelas superiores de crédito já
existente (quando a solicitação do RSF ocorre em uma revisão do programa nas parcelas superiores de crédito); duração
mínima de 18 meses (12 meses para acordos RSF aprovados dentro dos primeiros seis meses da operacionalização do RST),
para haver tempo suficiente para a implementação de medidas de reforma no âmbito do RSF, como uma assistência técnica
necessária; possibilidade de uso recorrente, respeitados os limites de acesso.¹

Uso concomitante Exige-se a aplicação concomitante de um programa de qualidade nas parcelas superiores de crédito.

Fonte: Departamento Financeiro do FMI.

Nota: para um país membro se qualificar para receber um empréstimo no âmbito do RSF, se exige 1) um pacote de medidas de política de alta
qualidade, compatível com o objetivo do fundo fiduciário, 2) um programa de financiamento ou não financeiro concomitante com políticas de
qualidade nas parcelas superiores de crédito, e 3) dívida sustentável e capacidade suficiente para reembolsar o FMI.
¹ Em 18 de maio de 2023, a Diretoria Executiva aprovou a adoção de um limite máximo para a taxa de juros aplicada aos mutuários de menor
renda do RST.

40 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

DESENVOLVIMENTO
DAS CAPACIDADES

F
ortalecer as capacidades das instituições –
como os bancos centrais, os ministérios das
finanças, as administrações tributárias, os
órgãos estatísticos e os órgãos de supervisão do setor
financeiro – resulta em políticas mais eficazes e maior
estabilidade econômica e inclusão. O FMI colabora
com os países membros para modernizar as suas
políticas econômicas e fortalecer essas instituições ao
fornecer assistência técnica e formação adaptadas e de
acordo com a demanda, com ênfase nas questões de
importância crítica para a estabilidade econômica e o
crescimento.

O FMI apoia o desenvolvimento das capacidades

— na forma de assistência técnica prática, formação
orientada para as políticas, um conjunto de publicações
e ferramentas de diagnóstico e oportunidades de
aprendizagem entre pares — para que os países possam
construir instituições sustentáveis e resilientes. Esses
esforços representam uma contribuição importante
para os progressos dos países nos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
O desenvolvimento das capacidades se concentra
nas principais áreas de especialização do FMI,
como finanças públicas, estabilidade do setor
financeiro, operações do banco central, quadros
macroeconômicos e estatísticas econômicas, o que
ajuda os países a formular políticas macroeconômicas
melhores, mobilizar receitas, priorizar e gerir os
gastos públicos, coletar dados melhores e fortalecer
a supervisão bancária, além de abordar questões
transversais, como a desigualdade de renda e de
gênero, a corrupção, as mudanças climáticas e a
digitalização. O FMI se encontra numa posição
privilegiada para ajudar seus países membros nessas
áreas, graças ao seu alcance global, experiência
RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 41
Senegal
 O QUE FAZEMOS

FIGURA 2.1
Gastos por produto 30%
Desenvolvimento
principal do FMI das capacidades
(DC)¹
EXERCÍCIO 2023

28%
Funções Fonte: estimativas do
institucionais
41% corpo técnico do FMI.
Operações nos países 41%
Supervisão Nota: excluindo itens
bilateral diversos e despesas
de viagens de menor
valor.

12% ¹ Apenas a prestação

Supervisão
multilateral e direta de serviços
cooperação
10% de desenvolvimento
mundial
Governança 29% das capacidades.
e finanças Empréstimos Exclui atividades de
do FMI desenvolvimento
9% das capacidade
relacionadas a
Políticas e trabalho analítico do FMI políticas, análises
e outras áreas de
produção.

institucional e conhecimentos técnicos de alto nível.
Todos os países se beneficiam do desenvolvimento das
capacidades, mas é dada prioridade aos países frágeis
e afetados por conflitos.
A pedido das autoridades nacionais, as equipes
do FMI e os peritos técnicos formulam e executam
um plano de trabalho integrado, adaptado às
necessidades e capacidades de absorção do país.
O FMI normalmente articula seu trabalho com os
países membros por meio de uma rede de 17 centros
regionais de desenvolvimento das capacidades,
destacamento de consultores residentes de longo
prazo, visitas de curto prazo por equipes do FMI e
peritos externos (em campo, à distância ou numa
combinação das duas modalidades, ou seja, com
visitas “híbridas”), formação presencial e cursos on-line
gratuitos. Além disso, uma variedade de publicações
apresentam informações técnicas e análises transversais
de grande utilidade para as autoridades nacionais.
O FMI também ajudou os países membros no
fortalecimento da coleta e publicação de dados
econômicos para melhorar a tomada de decisões
econômicas e aumentar a transparência. Além disso,
o FMI está trabalhando na atualização das normas
estatísticas internacionais para incorporar os avanços
da digitalização e da globalização, além de ajudar
a encontrar soluções criativas para os desafios de
política econômica — como o uso de tecnologias
digitais para identificar famílias vulneráveis e oferecer-
lhes renda assistencial; proteger a saúde, a educação
e os gastos sociais; reduzir as disparidades de gênero;
acompanhar categorias específicas de gastos, como
os gastos com o clima, e continuar a ajudar os países
a se prepararem para os desafios impostos pelas
mudanças climáticas.
O FMI continua a aumentar o número de cursos
gratuitos oferecidos on-line, com a participação
acumulada de mais de 160 mil alunos ativos desde
o início do programa em 2013, em comparação com
cerca de 60 mil no fim de 2019.
Os parceiros de desenvolvimento do FMI financiam
mais da metade das atividades de desenvolvimento
das capacidades (DC) do Fundo. Juntos, o FMI e
os seus parceiros buscam ajudar os nossos países
membros a construir um futuro melhor e mais verde,
inteligente e justo.
Para ajudar a maximizar o impacto das atividades
de DC do FMI na habilidade dos países membros em
fazer uma gestão macroeconômica eficaz e aumentar
a resiliência institucional, o FMI revisa regularmente
a sua estratégia de DC. A mais recente revisão foi
concluída em novembro de 2018. Em 5 de dezembro
de 2022, a Diretoria Executiva discutiu uma nota
conceitual para a revisão de 2023 dessa estratégia.
A nota delineia quatro temas nos quais a revisão de
2023 se concentrará: 1) reforçar o quadro estratégico
e de priorização; 2) assegurar que o tamanho, a
composição e o financiamento das atividades de
DC estejam de acordo com o quadro proposto;
3) modernizar a prestação de DC; e 4) avaliar a eficácia
e o impacto do DC. Espera-se que a revisão de 2023
seja concluída até o fim do exercício 2024.

42 F U N D O M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

FIGURA 2.2 Ofertas de cursos
O programa de 160
aprendizagem
on-line do FMI 140
120
100
80
60
40
Fonte: Instituto do FMI
para o Desenvolvimento 20
das Capacidades
Exercício 2014 2015
O programa de aprendizagem on-line do FMI
tornou-se uma modalidade cada vez mais
importante de capacitação, impulsionado pela forte
demanda dos países membros.
O programa expandiu-se substancialmente
no último ano. A participação nos cursos on-
line continuou a crescer, elevando o total
acumulado de alunos ativos em todo o mundo
para mais de 160 mil (ver a figura 2.2). O Canal
de Aprendizagem do Instituto do FMI oferece
vídeos de microaprendizagem em diversas áreas
de especialização do FMI e já alcançou mais
de 13.500 assinantes permanentes e mais de
1,2 milhão de visualizações individuais.
Com mais de 85 cursos on-line disponíveis
para servidores dos governos e o público em
geral na plataforma de aprendizagem on-line
aberta edX, o currículo continua a ser enriquecido
em áreas cruciais de interesse mundial. Novos
cursos modulares foram acrescidos à série
“Formação Virtual para Promover a Administração
de Receitas” (VITARA-HRM, VITARA-CRM) e à
série “Macroeconomia das Mudanças Climáticas”
(MCCx-MS, MCCx-TNZ, MCCx-EA, MCCx-CRFS,
MCCx-GPF). Novos cursos sobre estatísticas
macroeconômicas (EDSx, QNAx) já estão disponíveis.
Além disso, o programa oferece 34 cursos em outros
Milhares de participantes ativos
180
160
140
120
100
80
60
40
20
2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
idiomas além do inglês, como o primeiro curso
em português, tornando o conhecimento do FMI
disponível em seis idiomas diferentes.
A formação on-line costuma ser usada como
preparação para a formação em sala de aula e a
assistência técnica ou em conjunto com elas, o
que torna esse formato híbrido (uma combinação
de aprendizagem on-line assíncrona com
sessões virtuais interativas e personalizadas) uma
modalidade promissora de desenvolvimento das
capacidades. Mais de uma dezena de formações e
atividades de assistência técnica foram oferecidas
desde o início de 2022 com base nesse formato,
incluindo cursos em diferentes idiomas (francês e
russo), e vários outros estão sendo montados. Vem
ganhando força a visão de que essa aprendizagem
híbrida está abrindo caminho para um novo modelo
de capacitação, e o Instituto para o Desenvolvimento
das Capacidades continua na vanguarda dessas
inovações.
Todos os cursos na plataforma edX podem ser
acessados gratuitamente a qualquer hora e em
qualquer lugar, o que faz do programa um bem
público global que dissemina conhecimentos e
competências para uma economia mundial mais
sustentável e inclusiva.
RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 43
 O QUE FAZEMOS

Marrocos

A
CAPACITAÇÃO
EM NÚMEROS
Em 30 de abril de 2023

us$337M 510 19.817

para a assessoria técnica cursos ministrados funcionários receberam
prática, formação centrada formação
nas políticas e aprendizagem
entre pares

7 2 2.273
idiomas propostos estados frágeis figuram visitas de DC envolvendo
entre os 10 principais 1694 peritos
beneficiários de DC

44 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

 RELATÓRIO ANUAL DO FMI 2023
SAIBA MAIS
ON-LINE
IMF.ORG/AR2023

FIGURA 2.3 ÁFRICA SUBSAARIANA 39,6

DESENVOLVIMENTO ÁSIA E PACÍFICO 21,7
DE CAPACIDADES POR

REGIÃO
AS AMÉRICAS 14,2
ORIENTE MÉDIO E ÁSIA CENTRAL 13,7
EXERCÍCIO 2023 EUROPA 6,1
(% do total)
MULTIREGIONAL 4,7

Fontes: Programa de Gestão e Administração das Atividades de Desenvolvimento das Capacidades do FMI; e cálculos do corpo técnico do FMI.

FIGURA 2.4 PAÍS EM DESENVOLVIMENTO

38,7
DE BAIXA RENDA
DESENVOLVIMENTO DE ECONOMIAS DE MERCADOS
CAPACIDADES POR EMERGENTES E DE RENDA MÉDIA 33,3

GRUPOS MULTIREGIONAL 24,9

DE PAÍSES ECONOMIAS AVANÇADAS 3,0

POR
RENDA
EXERCÍCIO 2023
(% do total)
Fontes: Programa de Gestão e Administração das Atividades de Desenvolvimento das Capacidades do FMI; e cálculos do corpo técnico do FMI.
Nota: As economias avançadas são classificadas conforme explicado na edição de abril de 2023 do World Economic Outlook. Os países em
desenvolvimento de baixa renda são definidos segundo os critérios do FMI. As economias de mercados emergentes e de renda média abrangem
aquelas não classificadas como economias avançadas ou países em desenvolvimento de baixa renda.

FIGURA 2.5 FINANÇAS PÚBLICAS 51,0

PRESTAÇÃO SISTEMAS MONETÁRIO
19,8
E FINANCEIRO
DIRETA DE DC POR

ÁREA
QUADROS
MACROECONÔMICOS 12,3

ESTATÍSTICAS 11,7
EXERCÍCIO 2023
(% do total) QUADROS JURÍDICOS 4,4
OUTROS 0,8

Fontes: Programa de Gestão e Administração das Atividades de Desenvolvimento das Capacidades do FMI; e cálculos do corpo técnico do FMI.

RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 45
 O QUE FAZEMOS

FIGURA 2.6 ÁFRICA SUBSAARIANA 6.352

FORMAÇÃO ÁSIA E PACÍFICO

ORIENTE MÉDIO E ÁSIA CENTRAL 3.591

5.460

PARTICIPAÇÃO NOS CURSOS, AS AMÉRICAS 2.856

POR REGIÃO DE ORIGEM
DOS PARTICIPANTES
EUROPA 1.558

EXERCÍCIO 2023
(número de participantes)

Fontes: Sistema de acompanhamento dos participantes e candidatos do FMI; e cálculos do corpo técnico do FMI.
Nota: A maior parte da formação oferecida pelo FMI está centralizada no Programa de Formação do Instituto para o Desenvolvimento das Capacidades
(ICD), que inclui cursos coordenados pelo ICD e ministrados pelo próprio ICD, por outros departamentos da sede do FMI e pelos diversos Centros
Regionais de Desenvolvimento das Capacidades do FMI, além de programas dirigidos a servidores públicos nacionais. A formação inclui também os
cursos on-line do FMI concluídos satisfatoriamente pelos servidores nacionais, bem como formações dos departamentos funcionais fora do Programa
de Formação do ICD.

FIGURA 2.7 ECONOMIAS DE MERCADOS

10.185

FORMAÇÃO
EMERGENTES E DE RENDA MÉDIA

PAÍS EM DESENVOLVIMENTO
DE BAIXA RENDA 8.174

PARTICIPAÇÃO POR ECONOMIAS AVANÇADAS 1.105

GRUPO DE RENDA
EXERCÍCIO 2023
(número de participantes)

Fontes: Sistema de acompanhamento dos participantes e candidatos do FMI; e cálculos do corpo técnico do FMI.
Nota: A maior parte da formação oferecida pelo FMI está centralizada no Programa de Formação do Instituto para o Desenvolvimento das Capacidades
(ICD), que inclui cursos coordenados pelo ICD e ministrados pelo próprio ICD, por outros departamentos da sede do FMI e pelos diversos Centros
Regionais de Desenvolvimento das Capacidades do FMI, além de programas dirigidos a servidores públicos nacionais. A formação inclui também os
cursos on-line do FMI concluídos satisfatoriamente pelos servidores nacionais, bem como formações dos departamentos funcionais fora do Programa
de Formação do ICD. Para a definição dos grupos de país por renda, consulte a nota da Figura 2.4.

Os 10 principais parceiros das Os 10 principais beneficiários Os 10 principais beneficiários

atividades de desenvolvimento das atividades de desenvolvimento das formações
de capacidades do FMI de capacidades do FMI (exercício 2023, em semanas de participação)
(exercícios 2021–23, média do total de acordos (exercício 2023, média do total de despesas
assinados em dólares dos Estados Unidos) em dólares dos Estados Unidos)
1. Japão 1. Camboja 1. Índia
2. Suíça 2. Serra Leoa 2. Quênia
3. Comissão Europeia 3. Gâmbia 3. China
4. Alemanha 4. República do Uzbequistão 4. Zimbábue
5. Kuwait 5. Sri Lanka 5. Bangladesh
6. Coreia 6. República de Moçambique 6. Indonésia
7. França 7. Vietnã 7. Camboja
8. Cazaquistão 8. Mongólia 8. Camarões
9. Países Baixos 9. República Democrática do Congo 9. Filipinas
10. Áustria 10. Guiné 10. Gana
Nota: Inclui o apoio a centros regionais de Fontes: Programa de Gestão e Administração Fontes: Sistema de acompanhamento dos
desenvolvimento das capacidades prestado das Atividades de Desenvolvimento das participantes e candidatos (PATS) do FMI;
diretamente pelos países anfitriões. Capacidades do FMI; e cálculos do corpo e cálculos do corpo técnico do FMI.
técnico do FMI.

46 F U N D O M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

Quadro 2.4 Fundos temáticos e fundos nacionais do FMI para o desenvolvimento
das capacidades
Em 30 de abril de 2023

Nome Parceiros

Prevenção à lavagem de dinheiro Alemanha, Arábia Saudita, Canadá, Coreia, França, Japão, Luxemburgo, Países Baixos, Qatar, Suíça
e combate ao financiamento do
terrorismo (AML/CFT II)

Iniciativa de Desenvolvimento Alemanha, Bélgica, Canadá, China, Coreia, Espanha, Japão, Singapura, Suíça
das Capacidades para fazer face
à COVID-19 (CCCDI)

Dados para Decisões (D4D) Alemanha, China, Coreia, Japão, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Suíça, União Europeia

Mecanismo de Gestão da Dívida Alemanha, Áustria, Banco Africano de Desenvolvimento, Estados Unidos, França, Japão, Noruega, Países
(DMF III) Baixos, Reino Unido, Suíça, União Europeia
(em conjunto com o Banco Mundial)

Fundo para a Estabilidade Alemanha, Arábia Saudita, Banco Europeu de Investimento, China, Itália, Luxemburgo, Reino Unido, Suécia,
do Setor Financeiro (FSSF) Suíça

Gestão da Riqueza dos Recursos Austrália, Noruega, Países Baixos, Reino Unido, Suíça, União Europeia
Naturais (MNRW)

Fundo Temático para a Alemanha, Austrália, Bélgica, Coreia, Dinamarca, França, Japão, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Reino
Mobilização de Receitas (RMTF) Unido, Suécia, Suíça, União Europeia

Fundo para a Somália Canadá, Itália, Reino Unido, União Europeia

Ferramenta Diagnóstica Alemanha, França, Japão, Noruega, Países Baixos, Reino Unido, Suíça
de Avaliação da Administração
Tributária (TADAT)

RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 47
 O QUE FAZEMOS

Quadro 2.5 Centros Regionais de Capacitação do FMI

Em 30 de abril de 2023

Nome Parceiros Países membros

Instituto de Formação para África (ATI) Alemanha, Banco Europeu de Formação oferecida a 45 países na África Subsaariana
Investimento, China, Maurício
(país‑sede)

AFRITAC Central (AFC) Alemanha, Banco Europeu de
Investimento, Bélgica, China,
França, Gabão (país‑sede),
Países Baixos, Suíça, União
Europeia
Burundi, Camarões, Chade, Gabão, Guiné Equatorial,
República Centro-Africana, República do Congo,
República Democrática do Congo, São Tomé e Príncipe

AFRITAC Oriental (AFE) Alemanha, China, Noruega, Eritreia, Etiópia, Maláui, Quênia, Ruanda, Sudão do Sul,
Países Baixos, Suíça, Reino Tanzânia, Uganda
Unido, Tanzânia (país‑sede),
União Europeia

AFRITAC Sul (AFS) Alemanha, Austrália, Banco
Europeu de Investimento,
China, Maurício (país‑sede),
Países Baixos, Reino Unido,
Suíça, União Europeia
África do Sul, Angola, Botsuana, Comores, Essuatíni,
Lesoto, Madagáscar, Maurício, Moçambique, Namíbia,
Seicheles, Zâmbia, Zimbábue

AFRITAC Ocidental (AFW) Alemanha, Banco Europeu de Benin, Burkina Faso, Côte d’Ivoire, Guiné, Guiné-Bissau,
Investimento, Bélgica, China, Mali, Mauritânia, Níger, Senegal, Togo
Côte d’Ivoire (país‑sede), França,
Luxemburgo, Noruega, Países
Baixos, Suíça, União Europeia

AFRITAC Ocidental 2 (AFW2) Alemanha, Banco Europeu Cabo Verde, Gâmbia, Gana, Libéria, Nigéria, Serra Leoa
de Investimento, China, Gana
(país‑sede), Reino Unido, Suíça,
União Europeia

Escritório de Capacitação do FMI na Tailândia Japão, Tailândia (país‑sede) Principais países beneficiários: Camboja, R.P.D. Laos,
(CDOT) Myanmar, Vietnã; certos projetos no CDOT também
abrangem outros países no Sudeste Asiático e na
região das ilhas do Pacífico

48 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

 Nome
Centro Regional de Assistência Técnica do Caribe
(CARTAC)
Centro Regional de Formação do Cáucaso, Ásia
Central e Mongólia (CCAMTAC)
Centro Regional de Assistência Técnica para a
América Central, Panamá e República Dominicana
(CAPTAC-DR)
Centro de Capacitação China-FMI (CICDC)
Instituto Multilateral de Viena (JVI)
Centro de Economia e Finanças do Oriente Médio
(CEF)
Centro Regional de Assistência Técnica do Oriente
Médio (METAC)
Centro de Assistência Técnica Financeira do
Pacífico (PFTAC)
Instituto Regional de Formação FMI-Singapura
(STI)
Centro Regional de Formação e Assistência
Técnica do Sul da Ásia (SARTTAC)
Fonte: Instituto do FMI para o Desenvolvimento das Capacidades
Nota: o FMI também oferece cursos no contexto de programas regionais de formação.
Parceiros
Banco Central do Caribe
Oriental, Banco de
Desenvolvimento do Caribe,
Barbados (país‑sede), Canadá,
Estados Unidos, México, Países
Baixos, Reino Unido, União
Europeia
Banco Asiático de
Desenvolvimento, China,
Cazaquistão (país‑sede), Coreia,
Polônia, Rússia, Suíça
Banco Centro-Americano
de Integração Econômica,
Colômbia, Espanha, Guatemala
(país‑sede), Luxemburgo,
México, Noruega, União
Europeia
China (país‑sede)
Áustria (membro primário e
país‑sede) e parceiros/doadores
internacionais
Kuwait (país‑sede)
Alemanha, França, Países Baixos,
Suíça, União Europeia
Austrália, Banco Asiático de
Desenvolvimento, Canadá,
Coreia, Estados Unidos, Fiji
(país‑sede), Nova Zelândia,
União Europeia
Japão, Singapura (país‑sede)
Austrália, Coreia, Índia
(país‑sede), Reino Unido, União
Europeia
Países membros
Anguila, Antígua e Barbuda, Aruba, Bahamas,
Barbados, Belize, Bermuda, Curaçau, Dominica,
Granada, Guiana, Haiti, Ilhas Cayman, Ilhas Virgens
Britânicas, Jamaica, Montserrat, Santa Lúcia, São
Cristóvão e Névis, São Vicente e Granadinas, Sint
Maarten, Suriname, Trinidad e Tobago, Turks e Caicos
Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão, Geórgia, Mongólia,
República Quirguiz, Tajiquistão, Turcomenistão,
Uzbequistão
Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras,
Nicarágua, Panamá, República Dominicana
Formação oferecida à China e uma série de países
Formação oferecida a 31 países (30 na Europa Central,
Oriental e do Sudeste, Cáucaso, Ásia Central e o Irã)
Formação oferecida aos países membros da Liga
Árabe
Afeganistão, Argélia, Cisjordânia e Gaza, Djibouti,
Egito, Iêmen, Iraque, Jordânia, Líbano, Líbia, Marrocos,
Síria, Sudão, Tunísia
Fiji, Ilhas Cook, Ilhas Marshall, Ilhas Salomão, Kiribati,
Micronésia, Nauru, Niue, Palau, Papua Nova Guiné,
Samoa, Timor-Leste, Tokelau, Tonga, Tuvalu, Vanuatu
Formação oferecida a 37 países na região da Ásia e do
Pacífico
Bangladesh, Butão, Índia, Maldivas, Nepal, Sri Lanka
RELATÓRIO A NUA L 2 0 2 3 49
 O QUE FAZEMOS

COMEMORAÇÃO DE
25 ANOS DO GABINETE
REGIONAL PARA A ÁSIA
E O PACÍFICO

O
ano de 2022 marcou o 25º aniversário do Gabinete
Regional para a Ásia e o Pacífico (OAP) em Tóquio.
Desde a sua criação em dezembro de 1997, o gabinete
funciona como a interface do FMI com a região e tem
apoiado continuamente a cooperação regional por
meio do diálogo, do desenvolvimento das capacidades e do trabalho de
sensibilização para fomentar o crescimento sustentável nessa região rica
e diversificada.
O OAP organizou dois eventos para comemorar esse importante
marco em 2022. Em julho, a Diretora-Geral do FMI, Kristalina Georgieva,
e o Ministro das Finanças do Japão, Shunichi Suzuki, lançaram um painel
de discussão de alto nível sobre prioridades de política econômica
e cooperação internacional para refletir sobre as lições dos últimos
25 anos de desenvolvimento econômico na região da Ásia e do Pacífico.
Autoridades de alto nível, tanto atuais como antigas, discutiram a situação
atual e as perspectivas da economia regional e delinearam políticas
prioritárias para tornar a economia regional mais resiliente e sustentável.
O gabinete também organizou um evento comemorativo em novembro
com quatro convidados especiais: Kenji Okamura, Diretor-Geral Adjunto do
FMI; Taro Aso, ex-Primeiro-Ministro do Japão; Shunichi Suzuki, Ministro das
Finanças do Japão; e Haruhiko Kuroda, governador do Banco do Japão.
Mais de 200 convidados de vários setores, como ministérios e gabinetes
importantes, meio acadêmico, e centros de estudo e estudiosos do
Programa de Bolsas de Estudo Japão–FMI para a Ásia, administrado pelo
OAP, participaram do evento para celebrar o papel do OAP como centro
regional para a cooperação na Ásia e no Pacífico. Para mais informações,
visite o website do aniversário.

50 FUNDO MO NETÁRI O I NTERNACIONA L

 Japão

RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 51
 QUEM SOMOS

Parte 3

QUEM SOMOS

Estados Unidos

52 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

 ORGANOGRAMA
DO FMI
IMF.ORG/ORGCHART

O
FMI conta com uma equipe de
Direção-Geral e 18 departamentos
que trabalham com os países e
realizam atividades analíticas,
técnicas e relacionadas com
questões de política. Uma lista dos altos funcionários
do FMI pode ser encontrada na página 58 e o
organograma da instituição pode ser consultado na
página Web do FMI intitulada “Quadros dirigentes
do Fundo Monetário Internacional”.

Países Baixos

RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 53
 QUEM SOMOS

ADMINISTRADORES
EM 30 DE ABRIL DE 2023

ALEKSEI MOZHIN FEDERICO GIAMMUSSO DANIEL PALOTAI ELIZABETH SHORTINO

WILLIE NAKUNYADA BAHADOR BIJANI SHONA RIACH VITAS VASILIAUSKAS

ZHENGXIN ZHANG ABDULLAH BIN ZARAH FACINET SYLLA

ROBERT BRUCE NICHOLL

54 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

 A Diretoria Executiva conduz as atividades diárias
do FMI. É composta por 24 Administradores,
eleitos pelos países membros ou por grupos
de países, e pela Diretora-Geral, que a preside.
Todos os países membros do FMI são
representados na Diretoria Executiva da
instituição, que debate as consequências
nacionais, regionais e mundiais das políticas
econômicas de cada país membro, aprova o
financiamento do FMI para ajudar os países
membros a resolver problemas temporários
de balanço de pagamentos e supervisiona as
iniciativas do FMI em matéria de desenvolvimento
de capacidades.

KRISHNAMURTHY VENKATA PAUL HILBERS ARNAUD BUISSÉ MAHMOUD MOHIELDIN AFONSO BEVILAQUA
SUBRAMANIAN
MARCEL PETER PHILIP JENNINGS ROSEMARY LIM JOERG STEPHAN

JUN MIZUGUCHI ALFONSO GUERRA LUIS OSCAR HERRERA

RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 55
 QUEM SOMOS

EQUIPE DA DIREÇÃO-GERAL
Primeira Diretora-Geral Adjunta Diretor-Geral Adjunto
GITA GOPINATH KENJI OKAMURA

O FMI tem uma Diretora-Geral, que é chefe do pessoal e Presidente

da Diretoria Executiva. A Diretora-Geral é auxiliada por uma Primeira
Diretora-Geral Adjunta e três outros Diretores-Gerais Adjuntos.

56 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

Diretora-Geral Diretor-Geral Adjunto Diretora-Geral Adjunta
KRISTALINA GEORGIEVA BO LI ANTOINETTE SAYEH

RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 57
 QUEM SOMOS

Administradores e Suplentes
Em 30 de abril de 2023

Facinet Sylla Benin, Burkina Faso, Zhengxin Zhang China

Regis N’Sonde Camarões, Chade, Comores,
Mbuyamu Matungulu Côte d’Ivoire, Djibouti, Gabão,
Guiné, Guiné-Bissau, Guiné
Equatorial, Madagáscar, Mali,
Maurício, Mauritânia, Níger,
República Centro-Africana,
República Democrática do
Congo, República do Congo,
Ruanda, São Tomé e Príncipe,
Senegal, Togo
Afonso S. Bevilaqua Brasil, Cabo Verde, Equador,
Bruno Saraiva Guiana, Haiti, Nicarágua,
Reshma Mahabir Panamá, República
Dominicana, Suriname, Timor-
Leste, Trinidad e Tobago
Krishnamurthy Venkata Bangladesh, Butão, Índia, Sri
Subramanian Lanka
Chandranath Amarasekara
Vago
Rosemary Lim Brunei Darussalam, Camboja,
Raja Anwar Fiji, Filipinas, Indonésia, R.P.D.
Laos, Malásia, Myanmar,
Nepal, Singapura, Tailândia,
Tonga, Vietnã
Willie Nakunyada África do Sul, Angola,
Vuyelwa Vumendlini Botsuana, Burundi, Eritreia,
Adriano Isaias Ubisse Essuatíni, Etiópia, Gâmbia,
Lesoto, Libéria, Maláui,
Moçambique, Namíbia,
Nigéria, Quênia, Serra Leoa,
Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia,
Uganda, Zâmbia, Zimbábue
Mahmoud Mohieldin Bahrein, Egito, Emirados
Ali Alhosani Árabes Unidos, Iêmen, Iraque,
Jordânia, Kuwait, Líbano,
Maldivas, Omã, Qatar, Somália

Abdullah Bin Zarah
Mohamed Alrashed
Arnaud Fernand Buissé
Clément Roman
Luis Oscar Herrera
Sergio Chodos
Federico Giammusso
Michael Massourakis
Arábia Saudita Alfonso Guerra Colômbia, Costa Rica, El
Juan Sebastian Betancur Mora Salvador, Espanha, Guatemala,
Pablo De Ramon-Laca Clausen Honduras, México
França
Aleksei Mozhin Federação da Rússia, Síria
Sergey Potapov
Argentina, Bolívia, Chile,
Paraguai, Peru, Uruguai Daniel Palotai Áustria, Belarus, Eslovênia,
Christian Just Hungria, Kosovo, República
Albânia, Grécia, Itália, Malta, Mehmet Esat Mert Checa, República Eslovaca,
Portugal, San Marino Turquia

Vitas Vasiliauskas Dinamarca, Estônia, Finlândia,

Paul Hilbers Andorra, Armênia, Bélgica, Anne Brolev Marcussen Islândia, Letônia, Lituânia,
Vladyslav Rashkovan Bósnia e Herzegovina, Noruega, Suécia
Luc Dresse Bulgária, Chipre, Croácia,
Geórgia, Israel, Luxemburgo, Shona Riach Reino Unido
Macedônia do Norte, Matt Trott
Moldova, Montenegro, Países
Baixos, Romênia, Ucrânia Elizabeth Shortino Estados Unidos
Vago
Bahador Bijani Afeganistão, Argélia, Gana,
Mohammed El Qorchi Irã, Líbia, Marrocos, Paquistão, Joerg Stephan Alemanha
Tunísia Hyun-Ju Koh

Robert Bruce Nicholl Austrália, Coreia, Ilhas

Jun Mizuguchi Japão
Hu Jin Kim Marshall, Ilhas Salomão,
Mikari Kashima
Oscar Parkyn Kiribati, Micronésia, Mongólia,
Nauru, Nova Zelândia, Palau,
Marcel Peter Azerbaijão, Cazaquistão,
Papua Nova Guiné, Samoa,
Patryk Łoszewski Polônia, República Quirguiz,
Seicheles, Tuvalu, Vanuatu
Sérvia, Suíça, Tajiquistão,
Philip Jennings Antígua e Barbuda, Bahamas,
Turcomenistão, Uzbequistão
Feargal O’Brolchain Barbados, Belize, Canadá,
Dominica, Granada, Irlanda,
Jamaica, Santa Lúcia, São
Cristóvão e Névis, São Vicente
e Granadinas

Nota: o Afeganistão, Myanmar e a República Bolivariana da Venezuela não participaram da eleição ordinária de 2022 para a seleção
de Administradores e não estão representados no mandato atual da Diretoria Executiva (2022–24).

58 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

QUADROS DIRIGENTES
Em 30 de abril de 2023

Departamentos regionais

Abebe Selassie Diretor, Departamento da África

Krishna Srinivasan Diretor, Departamento da Ásia e do Pacífico

Alfred Kammer Diretor, Departamento da Europa

Jihad Azour Diretor, Departamento do Oriente Médio e Ásia Central

Rodrigo Valdés Diretor, Departamento do Hemisfério Ocidental

Departamentos funcionais

Julie Ann Kozack Diretora, Departamento de Comunicação

Bernard Lauwers Diretor, Departamento Financeiro

Vítor Gaspar Diretor, Departamento de Finanças Públicas

Dominique Desruelle Diretor, Instituto para o Desenvolvimento das Capacidades

Rhoda Weeks-Brown Conselheira Jurídica e Diretora, Departamento Jurídico

Tobias Adrian Conselheiro Financeiro e Diretor, Departamento de Mercados Monetários e de Capitais

Pierre-Olivier Gourinchas Conselheiro Econômico e Diretor, Departamento de Estudos

Albert Kroese Estatístico-Chefe, CDO e Diretor, Departamento de Estatística

Ceyla Pazarbasioglu Diretora, Departamento de Estratégia, Políticas e Avaliação

Gabinetes de informação e ligação

Akihiko Yoshida Diretor, Gabinete Regional para a Ásia e o Pacífico

Robert Powell Representante Especial junto às Nações Unidas

Ashok Bhatia Diretor, Escritórios na Europa

Departamentos de serviços de apoio

Brian Christensen Diretor, Departamento de Serviços Corporativos e Instalações

Catriona Purfield Diretora, Departamento de Recursos Humanos

Shirin Hamid Diretora de informática e Diretora, Departamento de Tecnologia da Informação

Ceda Ogada Secretário do FMI e Diretor, Departamento de Secretaria

Gabinetes

Michele Shannon Diretora, Gabinete de Orçamento e Planificação e Gabinete de Gestão da Transformação

Pablo Moreno Diretor, Gabinete de Avaliação Independente

Nancy Onyango Diretora, Gabinete de Auditoria Interna

Derek Bills Diretor, Gabinete de Investimentos

Brenda Boultwood Diretora, Gabinete de Gestão de Riscos

RELATÓRIO A NUA L 2 0 2 3 59
 QUEM SOMOS
RECURSOS
Orçamento
Em abril de 2022, a Diretoria Executiva do FMI
autorizou um orçamento administrativo líquido para
o exercício 2023 de US$ 1,295 bilhão, juntamente
com orçamentos indicativos para os exercícios
2024 e 2025. Ao mesmo tempo em que mantêm
uma tradição de longa data de prudência fiscal,
os Administradores aprovaram um quadro de
aumento orçamentário direcionado para intensificar
o trabalho do FMI nos desafios globais de longo
prazo. O orçamento administrativo líquido real
deve aumentar, em média, 2% a cada ano entre os
exercícios de 2023 e 2025 em relação ao exercício
2022, retornando a uma trajetória de orçamento real
estável daí em diante, com uma primeira alocação
de US$ 23 milhões no exercício 2023. O orçamento
administrativo bruto (excluindo o transporte de
exercícios anteriores) foi de US$ 1,562 bilhão, que
incluiu US$ 230 milhões em reembolsos externos
para atividades de desenvolvimento das capacidades.
A Diretoria Executiva também aprovou um
mecanismo de transporte de exercícios anteriores
para gastos com financiamento externo no intuito
60 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL
Marrocos
de apoiar a agenda de transformação estrutural do
FMI. O total de recursos brutos disponíveis para o
exercício 2023 foi de US$ 1,669 bilhão, incluindo um
transporte de US$ 93 milhões financiado pelo FMI
e um transporte de US$ 5 milhões financiado com
recursos externos. Foi aprovado um financiamento de
capital de US$ 79 milhões para uso durante três anos
para a construção de instalações e projetos de capital
em tecnologia da informação.
As despesas administrativas efetivas no exercício
2023 totalizaram US$ 1,293 bilhão, ou 100% do
orçamento líquido aprovado e 101% do orçamento
geral, excluídos os Gabinetes dos Administradores
e o Gabinete de Avaliação Independente, com o
uso de alguns recursos transportados de exercícios
anteriores. Já as despesas de capital no exercício
2023 montaram a US$ 96 milhões, incluindo o
uso de recursos previamente aprovados. Destes,
US$ 38 milhões foram para despesas de capital
diretas em instalações, US$ 45 milhões para
despesas relacionadas à tecnologia da informação e
US$ 13 milhões para licenças relacionadas à nuvem.
O orçamento para o exercício 2023 apoiou os
esforços do FMI para atender às necessidades
contínuas geradas por crises relacionadas aos
desafios econômicos e financeiros de curto prazo e
aos fatores de longo prazo decorrentes de mudanças
globais. Também apoiou a mudança para um
modelo de trabalho híbrido e uma modernização
mais ampla da instituição. A economia obtida com a
redefinição das prioridades internas e a realocação
dos recursos destinados a viagens relacionadas
à pandemia foi usada para ajudar a custear essas
necessidades. Embora o envolvimento com as
autoridades tenha permanecido parcialmente virtual,
a demanda por empréstimos aumentou, com alguns
países membros enfrentando desafios complexos
em termos de endividamento. Os Programas de
Avaliação do Setor Financeiro e as consultas nos
termos do Artigo IV foram totalmente retomados, e as
atividades de desenvolvimento de capacidades estão
mais próximas dos níveis anteriores à pandemia.
As estratégias do FMI para as mudanças climáticas,
as moedas digitais e os Estados frágeis e afetados
Quadro 3.1 Orçamento por principais categorias de despesa,
exercícios 2022–24
(em milhões de US$)

Exercício 2022 Exercício 2023 Exercício 2024

Orçamento Resultado Orçamento Resultado Orçamento
Orçamento administrativo líquido 1.214 1.180 1.295 1.294 1.411
D. q.
Aumento anual – – 23 – 29
Reuniões Anuais no exterior – – – – 7
Receitas 246 166 268 229 295
D. q.
RST – – – – 5
Financiamento externo1 210 141 230 195 250
Orçamento administrativo bruto (excl. o transporte
1.460 1.346 1.562 1.522 1.706
de recursos)
Transporte de recursos com financiamento do FMI,
102 – 93 – 87
exercício 20232
Transporte de recursos com financiamento externo,
– – 5 – 5
exercício 2023
Outros recursos transitórios com financiamento do FMI3 8 – 9 – 9
Total de recursos brutos disponíveis 1.569 1.346 1.669 1.522 1.807

Orçamento de capital 79 90 78 96 108

Construção de instalações 24 22 19 38 47
Reforma do HQ1 -1
Tecnologia da informação 46 60 44 45 41
Soluções informáticas na nuvem 10 9 15 13 20

Por memória:
Orçamento administrativo líquido, milhões de dólares
1.272 1.236 1.295 1.294 1.328
do exercício 2023
Orçamento das Reuniões Anuais no exterior, milhões
– – – – 7
de dólares do exercício 2023
Fonte: FMI, Gabinete de Orçamento e Planificação.
Nota: eventuais diferenças entre os totais e a soma dos seus componentes se devem ao arredondamento.
¹ Exclui o transporte de recursos com financiamento externo.
² Com base nos registros financeiros do fim do ano.
³ Outros recursos transitórios indicam os recursos disponíveis do excesso de subutilização dos Gabinetes dos Administradores e do Gabinete de Avaliação
Independente acima dos seus limites de transporte.

por conflitos, aprovadas para o exercício 2023 pela
Diretoria Executiva, estão em plena operação.
Em abril de 2023, a Diretoria Executiva autorizou
um orçamento administrativo líquido para o
exercício 2024 de US$ 1,411 bilhão. Isso abrange
US$ 29 milhões para o segundo aumento anual, bem
como uma alocação de US$ 7 milhões para despesas
relacionadas às Reuniões Anuais no Marrocos.
Modelo de receitas, comissões,
remuneração, repartição da carga
e resultado global
Modelo de receitas
O FMI gera receitas principalmente por meio das
suas atividades de empréstimos e de investimentos
(Figura 3.1). A receita dos empréstimos provém das
comissões sobre o uso de crédito da GRA, taxas de
serviço e comissões de compromissos. Além disso,
em determinadas circunstâncias, o uso de crédito
do FMI está sujeito a sobretaxas, como observado
na Parte 2. O modelo de receitas do FMI depende
também da renda de investimentos gerada pelos
ativos nas subcontas de Renda Fixa e de Dotação
de Fundos da Conta de Investimentos do FMI e
dos reembolsos. Devido à natureza pública dos
recursos, a política de investimentos do FMI inclui,
entre outras coisas, uma avaliação minuciosa dos
níveis aceitáveis de risco, bem como salvaguardas
para minimizar os conflitos de interesses reais
ou aparentes. Em janeiro de 2022, a Diretoria
Executiva aprovou uma estratégia de investimento

RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 61
 QUEM SOMOS
Figura 3.1 Modelo de receitas
Juros recebidos
(comissões)
Juros pagos Despesas
(remuneração) administrativas
Fonte: Departamento Financeiro do FMI.
Nota: as caixas sombreadas em verde representam elementos incorporados ao modelo de receitas em 2008.
1
Em 28 de abril de 2023, os países membros não haviam adotado a política de dividendos.
atualizada, que incorpora princípios de investimento
responsável ligados a considerações ambientais,
sociais e de governança. Esses princípios foram
implementados no exercício 2023.
Comissões
Dado o nível elevado de atividades creditícias, a
principal fonte de receitas do FMI ainda são as
comissões que incidem sobre o saldo de créditos
em aberto. A taxa básica de comissão (a taxa de
juros) sobre o financiamento do FMI inclui a taxa
de juros dos direitos especiais de saque (DES) mais
uma margem fixa expressa em pontos-base, como
discutido na Parte 2. Em abril de 2023, a Diretoria
Executiva manteve em 100 pontos-base a margem
da taxa de comissão para o período que se estende
até abril de 2024.
O FMI também aplica sobretaxas a grandes
volumes de crédito acima de um limiar definido
em relação à cota do país membro (sobretaxa
baseada no nível de crédito) e as sobretaxas são
maiores quando o limiar for ultrapassado por um
determinado período (sobretaxas baseadas no
tempo decorrido) (Quadro 2.1).
Além das comissões e sobretaxas, o FMI cobra
taxas de serviço, comissões de compromisso e
comissões especiais. Cada saque da GRA está
sujeito a uma taxa de serviço de 0,5%. Uma
62 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL
Recuperação
Conta de de custos para
investimentos empréstimos
concessionais
Receitas
Acumulação Dividendos para
de reservas os países membros1
comissão de compromisso é cobrada no início de
cada período de 12 meses sobre os montantes
disponíveis para saque no âmbito de acordos da
GRA durante aquele período. Essa comissão é
reembolsável (salvo no caso dos acordos da Linha
de Liquidez de Curto Prazo em que a comissão
não é reembolsável) quando é feito um saque. O
FMI cobra também comissões especiais sobre os
encargos vencidos, mas apenas nos primeiros seis
meses em que um país membro está em mora.
Remuneração e juros sobre empréstimos
Do lado da despesa, o FMI paga juros
(remuneração) aos países membros pelas suas
posições credoras na GRA (o que se denomina
“posição remunerada na parcela de reserva”). A taxa
básica de remuneração é igual à taxa de juros do
DES. O FMI também paga juros, à taxa de juros do
DES, sobre os empréstimos em aberto no âmbito
dos Novos Acordos de Empréstimo (NAB; ver
“Financiamento do FMI”).
Repartição da carga
As taxas de comissão e remuneração são ajustadas
por meio de um mecanismo de repartição da carga
que distribui o custo das obrigações financeiras
vencidas de forma equitativa entre países membros
devedores e credores.
Resultado global
O resultado global do FMI no exercício 2023 foi de
DES 1,7 bilhão (equivalente a US$ 2,3 bilhões), o
que corresponde sobretudo à receita gerada pela
atividade creditícia, cujo nível foi elevado, à receita
dos investimentos e ao resultado da nova mensuração
dos ativos e passivos do plano de benefícios aos
empregados, em conformidade com as Normas
Internacionais de Informação Financeira (Norma
Internacional de Contabilidade 19, “Benefícios aos
empregados”).
Atrasados devidos ao FMI
Desde junho de 2021, quando o Sudão quitou os
seus pagamentos em atraso com o FMI, a instituição
não teve mais casos de atrasados prolongados.
Para prevenir e resolver os atrasos, o FMI tem em
vigor uma estratégia de cooperação reforçada
para esses casos. Ela consiste em três elementos:
prevenção, colaboração intensificada e medidas
corretivas. A prevenção é a primeira linha de
defesa contra o surgimento de novos casos de
atrasos e abrange, entre outras coisas, a supervisão
das políticas econômicas dos países membros
por parte do FMI, a condicionalidade da política
ligada ao uso dos recursos do FMI, a avaliação da
capacidade de pagamento dos países membros,
as avaliações das salvaguardas dos bancos centrais
dos países membros que recebem recursos do
FMI e a assistência técnica do FMI. A colaboração
intensificada abrange os programas monitorados
pelo corpo técnico para ajudar os países membros
em atraso a estabelecer um histórico de políticas
e pagamentos, levando à eventual quitação dos
atrasados devidos ao FMI. Por último, são aplicadas
medidas corretivas — com base num cronograma
crescente — aos países membros com obrigações
Argentina
financeiras em atraso que não cooperem ativamente
com o FMI para resolver os seus problemas de atraso.
Financiamento
O FMI proporciona financiamento aos países
membros por meio de quatro canais, os quais
cumprem o propósito comum de transferir moedas
de reserva aos países membros: empréstimos
normais (não concessionais) com recursos da GRA,
empréstimos concessionais com recursos do PRGT
e empréstimos de prazo mais longo do RST (os três
mencionados na Parte 2), além do Departamento de
DES, por meio do qual os países membros podem
trocar os seus haveres em DES por moedas de
reserva.
A característica mais marcante da estrutura
financeira do FMI é sua constante evolução. O
FMI introduziu e aperfeiçoou uma variedade
de instrumentos e políticas de crédito ao longo
dos anos para acompanhar as mudanças na
conjuntura econômica mundial e as necessidades e
circunstâncias específicas dos países membros.
Cotas: a fonte de recursos do FMI
Os 190 países membros do FMI proporcionam os
recursos utilizados na concessão de empréstimos,
RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 63
 QUEM SOMOS

Aporte de recursos
Poder de voto descreve as discussões em curso. A base para a
dos países membros
presente revisão são as reformas em matéria de
As cotas determinam o As cotas são um fator-chave governança promovidas em 2010 (XIV Revisão Geral),
montante máximo de que determina o poder de
recursos financeiros que voto nas decisões do FMI.
cujo objetivo era proteger as cotas e o poder de voto
um país é obrigado a Cada país membro detém dos países membros mais pobres. A atual fórmula de
proporcionar ao FMI. um voto por DES 100 mil
de cota, mais votos cálculo das cotas, que foi aprovada em 2008 e tem
básicos (iguais para sido usada como guia, também está a ser revista.
MÚLTIPLAS todos os membros).
FUNÇÕES
DAS COTAS Pagamento das cotas
As condições para a implementação do aumento
O montante máximo de As cotas determinam
financiamento que um a parcela que cabe a
das cotas acordado no âmbito da XIV Revisão
país pode obter do FMI um país membro na Geral foram cumpridas em 26 de janeiro de 2016.
em condições de acesso alocação de DES.
normal depende da sua Como resultado, os recursos provenientes das cotas
cota. agregadas dobraram, de cerca de DES 238,5 bilhões
Acesso ao financiamento Alocação de DES (cerca de US$ 321 bilhões) para DES 477 bilhões
(cerca de US$ 643 bilhões). Em 30 de abril de 2023,
188 dos 190 países membros haviam efetuado os
principalmente por meio do pagamento das suas pagamentos das cotas, o que representa mais de 99%
cotas, que também determinam o número de votos. do total do aumento das cotas; o total de cotas era de
Os empréstimos multilaterais e bilaterais servem DES 476 bilhões (cerca de US$ 641 bilhões).
como segunda e terceira linhas de defesa em tempos
de crise. Graças a esses recursos, o FMI tem acesso a Empréstimos do FMI
cerca de um trilhão de dólares para apoiar os países Como já foi dito, o FMI é uma instituição baseada
membros através de empréstimos não concessionais. em cotas. Contudo, os recursos obtidos mediante
Os empréstimos concessionais, o financiamento empréstimos ainda são fundamentais para
acessível e de longo prazo para desafios estruturais complementar os recursos derivados das cotas por
de prazo mais longo, e o alívio da dívida para países meio dos Novos Acordos de Empréstimo (NAB) e
de baixa renda são financiados por fundos fiduciários dos Acordos Bilaterais de Empréstimo (BBA), que
distintos com base em contribuições. constituem uma segunda e terceira linhas de defesa
A cada país membro é atribuída uma cota em além das cotas.
função, principalmente, da sua posição na economia
mundial. As cotas do FMI totalizam DES 476 bilhões
(cerca de US$ 641 bilhões).1 O valor do DES, a
unidade de conta do FMI, é calculado com base numa
cesta de moedas (ver a seção “Direito especial de
saque”).
As cotas do FMI também são revisadas
regularmente, normalmente pelo menos a cada cinco
anos. Está em curso a XVI Revisão Geral das Cotas,
que deverá ser concluída no mais tardar até 15 de
dezembro de 2023. Ela oferece uma oportunidade
para avaliar a adequação global das cotas e a sua
distribuição entre os países membros do FMI. Durante
o exercício 2023, a Diretoria Executiva apresentou
dois relatórios de andamento à Assembleia de
Governadores sobre a XVI Revisão Geral, onde
1
Dois países membros, Eritreia e Sudão, ainda não consentiram com o
aumento proposto das suas cotas no âmbito da XIV Revisão Geral das
Cotas. Quando o fizerem, e efetuarem os pagamentos respectivos, as
cotas do FMI totalizarão 477 bilhões de DES.
Marrocos
64 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL
 Os NAB são um conjunto de acordos de crédito
com 40 participantes, que contribuem com um valor
agregado de DES 364 bilhões. O volume de recursos
dos NAB dobrou para cerca de DES 361 bilhões
em 1º de janeiro de 2021, e um novo ciclo desses
acordos foi fixado até o fim de 2025. Os recursos
dos NAB podem ser ativados quando é preciso
complementar os recursos do FMI para prevenir
ou fazer frente a disfunções no sistema monetário
internacional. A ativação exige o consentimento
de participantes que representem 85% do total de
acordos de crédito de participantes habilitados para
votar, bem como a aprovação da Diretoria Executiva.
Os NAB foram ativados 10 vezes entre abril de 2011 e
fevereiro de 2016, data da última ativação.
Como se observou, os BBA servem como uma
terceira linha de defesa, após as cotas e os NAB.
A atual (2020) rodada de BBA começou em 1º de
janeiro de 2021, com um prazo inicial que termina
em 31 de dezembro de 2023, mas que pode ser
estendido por mais um ano. Até 30 de abril de 2023,
42 credores bilaterais, no contexto dos seus BBA de
2020, se comprometeram a fornecer ao FMI um total
equivalente a cerca de DES 140 bilhões em créditos.
Os recursos provenientes dos BBA só podem ser
ativados se o montante de outros recursos do FMI
disponíveis para financiamento cair para menos de
DES 100 bilhões e se os NAB tiverem sido ativados
ou se não houver recursos não comprometidos
disponíveis no âmbito dos NAB. A ativação dos
BBA exige a aprovação de credores bilaterais que
representem 85% do total de crédito comprometido.
Direito especial de saque
O direito especial de saque (DES) é um ativo de
reserva internacional criado pelo FMI em 1969
para complementar as reservas oficiais dos países
membros. Serve como unidade de conta do FMI e de
alguns outros organismos internacionais. O DES não
é uma moeda nem um crédito sobre o FMI. É, antes,
um crédito potencial sobre as moedas livremente
utilizáveis dos países membros do FMI. Os países
membros do FMI participantes do Departamento de
DES (atualmente todos os países membros) podem
trocar DES por moedas livremente utilizáveis.
O valor do DES é baseado numa cesta de cinco
moedas: o dólar norte-americano, o euro, o renminbi
chinês, o iene japonês e a libra esterlina. As moedas
incluídas são revistas periodicamente; a revisão mais
Camarões
recente da avaliação da cesta de DES foi concluída em
maio de 2022, e a cesta atualizada entrou em vigor em
1º de agosto de 2022.
À data de 30 de abril de 2023, um total de DES
660,7 bilhões (equivalente a cerca de US$ 890 bilhões)
havia sido alocado aos países membros, incluindo
a alocação de DES 456,5 bilhões em agosto de
2021, a maior alocação de DES da história, aprovada
devido à pandemia de COVID-19. Esta alocação
proporcionou mais liquidez ao sistema econômico
mundial, complementando as reservas cambiais dos
países e reduzindo sua dependência em relação
a uma dívida interna ou externa mais dispendiosa.
Os países tiveram a oportunidade de usar o espaço
proporcionado pela alocação de DES para apoiar suas
economias e intensificar a luta contra a crise.
A fim de ampliar os benefícios da alocação, o FMI
está incentivando a canalização voluntária de DES de
países com posições externas sólidas para os países
mais necessitados. Alguns já se comprometeram a
emprestar seus DES como recursos de empréstimos
ou a gerar contribuições na forma de subsídios
ao PRGT, que oferece empréstimos em condições
concessionais aos países de baixa renda. Além disso,
o RST, que entrou em operação em outubro de
2022 e é sobretudo financiado por DES canalizados,
utiliza esses DES para oferecer financiamento de
longo prazo acessível aos países que empreendam
reformas para se protegerem contra certos riscos,
tais como os associados às mudanças climáticas ou
a uma pandemia. Ademais, o FMI prestou assessoria
técnica sobre o uso de DES a bancos multilaterais
de desenvolvimento, que estão discutindo com
possíveis contribuintes as suas opções para receber
DES canalizados. Em fevereiro de 2023, o FMI aprovou
cinco novos bancos multilaterais de desenvolvimento
como detentores autorizados de DES.
RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 65
 QUEM SOMOS
PRESTAÇÃO DE CONTAS
O
FMI presta contas aos seus 190
países membros e conta com um
sistema de freios e contrapesos
para garantir a responsabilização
— desde auditorias internas e
externas até a gestão de riscos e a avaliação das
suas políticas e operações. Da mesma forma,
espera-se que os quadros do FMI observem os
mais elevados padrões éticos e de conduta no
trabalho.
66 F U N D O M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL
Estados Unidos
Freios e contrapesos
O FMI faz auditorias de todas as suas operações. Os
mecanismos de auditoria instituídos para melhorar
a governança, transparência e prestação de contas
incluem uma firma de auditoria externa, um Comitê
de Auditoria Externa independente e o Gabinete de
Auditoria Interna (OIA).
O Comitê de Auditoria Externa é independente
da administração do FMI e da sua Diretoria
Executiva. O Comitê presta contas à Diretoria
Executiva e é responsável pela supervisão da
auditoria externa do FMI, auditoria interna,
contabilidade e relatórios financeiros, gestão de
risco e funções de controle interno.
O Gabinete de Auditoria Interna desempenha
uma função independente de consultoria e garantia,
cujo objetivo é proteger e fortalecer o FMI. O
mandato do OIA tem duas vertentes: 1) adotar uma
abordagem sistemática e disciplinada para avaliar e
aumentar a eficácia da governança, dos processos
de gestão de riscos e dos controles internos do
FMI; e 2) atuar como consultor e catalisador para
a melhoria dos processos operacionais do FMI ao
prestar consultoria sobre as melhores práticas e
o desenvolvimento de soluções de controle com
boa relação custo-benefício. Para assegurar a
independência em relação aos departamentos e
escritórios do FMI, o OIA presta contas diretamente
à Diretora-Geral e mantém um relacionamento
funcional de prestação de contas com o Comitê
de Auditoria Externa. O programa de trabalho do
OIA em 2023 abarcou várias áreas importantes,
como o apoio aos programas de modernização
do FMI, a transição para um modelo de trabalho
híbrido e considerações sobre o fortalecimento da
privacidade dos dados.
Gestão dos riscos institucionais
O Gabinete de Gestão de Riscos garante uma
função centralizada de gestão de riscos no FMI e
constitui a segunda linha da arquitetura de gestão
e governança de riscos da instituição. Exerce de
forma independente as funções de supervisão e
questionamento dos riscos institucionais de primeira
linha para assegurar a consideração dos riscos
cruciais que afetam as funções centrais, finanças e
demais atividades do FMI. O Gabinete oferece a
liderança e a inovação necessárias para identificar,
avaliar, medir, monitorar e relatar riscos, além de
elaborar planos para enfrentá-los. Também busca
fortalecer e orientar a implementação do Quadro de
Gestão de Riscos Institucionais do FMI e promover
uma forte cultura de gestão de riscos em toda a
instituição.
Em dezembro de 2022, a Diretoria Executiva
aprovou a política, o quadro, o roteiro e a tolerância a
riscos da gestão de riscos institucionais do FMI, com
base nas práticas de gestão de riscos já existentes
no FMI e abrangendo todos os riscos institucionais
que ele enfrenta. Na sua essência, essa política visa
a criar e manter uma cultura saudável de gestão de
riscos e promover uma prática de autoavaliação.
Um quadro para declarações de tolerância a riscos
e dos respectivos níveis de tolerância foi aprovado
pela Diretoria Executiva em março de 2023. Juntas,
essas políticas promovem a comunicação de riscos
institucionais e o tratamento desses riscos para
geri-los de acordo com os níveis de tolerância
aprovados. A gestão de riscos institucionais é um
processo integrado de gestão em toda a instituição
para aprimorar a tomada de decisões com base nos
riscos, de maneira que o FMI possa cumprir o seu
mandato.
O alcance da política de gestão de riscos
aprovada oferece avaliações e análises prospectivas
dos riscos estratégicos, comerciais, operacionais,
financeiros, ambientais, sociais, e para a reputação e
a governança da instituição em todas as atividades
do FMI, de forma a aprimorar a tomada de decisões
com base nos riscos. A estrutura da gestão de riscos
institucionais consiste em nove componentes inter-
relacionados que a sustentam: 1) integração das
informações sobre riscos na tomada de decisões
estratégicas; 2) tolerância a riscos; 3) governança
e encaminhamento de riscos; 4) cultura de riscos,
respaldada por formação e comunicação; 5) ambiente
de controle; 6) resposta e correção dos riscos;
7) políticas sobre riscos; 8) infraestrutura de dados
sobre riscos e 9) processos de gestão de riscos.

Aprender com a experiência

O Gabinete de Avaliação Independente (IEO) faz avaliações objetivas e independentes sobre
questões relativas ao mandato do FMI, com base em critérios pertinentes. O IEO é inteiramente
independente da Direção-Geral e do corpo técnico do FMI e, na sua atuação, guarda a
devida distância da Diretoria Executiva. O seu objetivo é reforçar a cultura de aprendizagem
do FMI, fortalecer a credibilidade externa da instituição e dar respaldo à Diretoria Executiva
no cumprimento das suas responsabilidades de governança e supervisão institucionais. No
exercício 2023, as avaliações do IEO se concentraram na resposta emergencial do FMI à
pandemia de COVID-19, nas atividades de desenvolvimento de capacidades e no trabalho
da instituição com os pequenos Estados em desenvolvimento. O IEO também publicou
recentemente um livro sobre as lições extraídas da sua segunda década e os desafios que
enfrentará. Mais informações sobre o IEO estão disponíveis em https://ieo.imf.org.

RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 67
 QUEM SOMOS

Interações com o público

O FMI se reúne regularmente com líderes políticos e autoridades nacionais e interage de
forma rotineira com uma ampla gama de representantes do setor privado, da mídia e de
grupos de interesse não governamentais, como a comunidade acadêmica, organizações da
sociedade civil, parlamentares, sindicatos e jovens líderes. Esse diálogo recíproco permite ao
FMI explicar suas abordagens e assimilar conhecimentos para melhorar sua assessoria em
política econômica.

Ética e conduta dos funcionários implementação para fortalecer ainda mais o

O Gabinete de Ética ajuda a organização a manter
elevados padrões éticos de conduta e a reputação
de probidade, integridade e imparcialidade
do Fundo e do seu pessoal. É um gabinete
independente liderado pelo Assessor de Ética e
Chefe do Gabinete de Ética, que presta contas
diretamente à Diretora-Geral. Presta assessoria à
Direção e ao Departamento de Recursos Humanos
sobre os princípios éticos no FMI, oferece
formações e conduz atividades de sensibilização,
além de prestar assessoria e orientação
confidenciais a todo o pessoal do FMI sobre as
regras de conduta. Supervisiona a certificação anual
da conduta ética e valores fundamentais, bem
como um programa anual de divulgação financeira.
O ombudsman oferece assistência confidencial,
imparcial, independente e informal na resolução
de problemas que ocorrem no local de trabalho.
O Gabinete de Investigações Internas examina e
investiga denúncias de conduta indevida, incluindo
as violações do Código de Conduta. Uma linha
direta de integridade, administrada por uma
entidade independente, está disponível para o
pessoal ou o público fazer, de forma anônima e
confidencial, denúncias de condutas indevidas
suspeitas envolvendo funcionários do FMI.
Em 16 de dezembro de 2022, a Diretoria
Executiva do FMI endossou um plano de
quadro de governança institucional e integridade
analítica da instituição. O plano de implementação
responde à Revisão das Salvaguardas Institucionais,
considerada pela Diretoria Executiva em 30 de
junho de 2022. A revisão foi feita de forma
integrada, envolvendo um grupo diretor da
Diretoria, a Direção do FMI, dois grupos de
trabalho do pessoal e um painel externo de
especialistas de alto nível. Constatou-se que os
mecanismos de salvaguarda do FMI são, de modo
geral, robustos. Foram identificadas áreas em que
os quadros de dados e de integridade analítica
poderiam ser melhorados e em que o sistema
interno de solução de controvérsias poderia ser
fortalecido para funcionar de maneira mais suave
e eficaz. O plano de implementação da Revisão
das Salvaguardas Institucionais estabelece um
pacote abrangente de reformas de políticas e
processos para atender às recomendações da
revisão e está ancorado em quatro áreas focais:
integridade analítica e de dados; liderança;
estabelecimento da confiança e aumento da
transparência na solução de controvérsias e
no quadro de integridade; e fortalecimento do
sistema de solução de controvérsias e respectivos
processos. O andamento da implementação está
sendo monitorado cuidadosamente e estará sujeito
a validação independente pelo OIA.

68 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

Avaliações das salvaguardas
Quando o FMI disponibiliza financiamento a
um país membro, é efetuada uma avaliação
das salvaguardas para oferecer uma garantia
razoável de que o banco central do país é
capaz de gerir os recursos que recebe do FMI
e apresentar dados monetários confiáveis
sobre o programa apoiado pela instituição.
As avaliações examinam as operações dos bancos centrais em seis áreas:
1 3
1 DE INFORMAÇÕES
ACORDOS DE ESTRUTURA
GOVERNANÇA 2 JURÍDICA
AUDITORIA
EXTERNA
As avaliações examinam as operações dos bancos
centrais em seis áreas: 1) disposições de governança;
2) mecanismo de auditoria externa; 3) estrutura e
autonomia jurídicas; 4) quadro de apresentação
de informações financeiras; 5) mecanismo de
auditoria interna; e 6) sistema de controles
internos. De 2000 até o fim de abril de 2023, foram
conduzidas 381 avaliações envolvendo 106 bancos
centrais; 15 dessas avaliações foram concluídas no
exercício 2023.
O FMI também monitora os progressos dos bancos
centrais na melhoria dos quadros de salvaguardas
e na aplicação das recomendações feitas pela
instituição durante as avaliações. O monitoramento
continua enquanto o crédito do FMI permanece
pendente. Cerca de 84 bancos centrais estão
sujeitos a monitoramento atualmente. A atividade de
monitoramento aumentou em cerca de 22 bancos
centrais em comparação com os níveis anteriores
à pandemia, devido ao financiamento concedido
aos países membros para fazer face ao impacto da
pandemia de COVID-19.
O FMI faz ainda revisões das salvaguardas fiscais do
Tesouro do Estado quando um país membro solicita
acesso excepcional aos recursos do FMI em casos
em que uma parcela substancial dos recursos — pelo
No fim de abril de 2023, foram conduzidas
381
envolvendo
avaliações
106 bancos centrais
15 foram concluídas no exercício 2023
AVALIAÇÕES
DAS SALVAGUARDAS
CONCLUÍDAS ATÉ À DATA
SAIBA MAIS ONLINE
6
5
CONTROLES
AUDITORIA INTERNOS
4 INTERNA
APRESENTAÇÃO
FINANCEIRAS
menos 25% — se destina a financiar o orçamento
do Estado. A Revisão da Política de Salvaguardas
de 2022 ampliou essa exigência de uma revisão
das salvaguardas fiscais de modo a incluir casos de
grande exposição de crédito combinada com pelo
menos 25% dos recursos também destinados a
financiar o orçamento. Durante o exercício 2023, foram
feitas duas revisões das salvaguardas fiscais e uma
estava em andamento no fim do ano.
Como parte das revisões de salvaguardas, as
atividades de sensibilização abrangeram seminários
regionais presenciais sobre salvaguardas organizados
durante o exercício 2023 no Instituto de Formação
para África (ATI), em Maurício; no Centro de
Economia e Finanças do Oriente Médio (CEF), no
Kuwait, e no Instituto Multilateral de Viena (JVI), na
Áustria. Os seminários destacaram as principais
práticas internacionais nas áreas de salvaguardas e
proporcionaram um fórum para que as autoridades
dos bancos centrais trocassem experiências. Além
disso, um fórum de alto nível sobre governança
de bancos centrais foi realizado em Dubai para
funcionários de bancos e os seus auditores externos.
O evento abordou a evolução recente das questões
de governança e digitalização, como fintech e moedas
digitais dos bancos centrais.
RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 69
 QUEM SOMOS

RESPONSABILIDADE
SOCIAL CORPORATIVA
A sustentabilidade ambiental e as
iniciativas filantrópicas são o baluarte
do programa de responsabilidade
social corporativa do FMI.

70 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

 Marrocos

RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 71
 QUEM SOMOS

Figura 3.2 Emissões absolutas de gases do efeito estufa pelo FMI

e emissões por funcionário do FMI, 2010–22
Intensidade de emissões
(Emissões de GEE (MtCO2e))

80.000 25

70.000
20
60.000

50.000
15

40.000

10
30.000

20.000
5
10.000

0 0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022

INDICADOR 1: EMISSÕES MÓVEIS, COMPRA DE COMBUSTÍVEIS E EMISSÕES FUGITIVAS

INDICADOR 2: COMPRA DE ELETRICIDADE

INDICADOR 3: DESLOCAMENTO DE FUNCIONÁRIOS, VIAGENS DE TRABALHO, CORREIO E REMESSAS, BENS ADQUIRIDOS E GERAÇÃO DE RESÍDUOS

INTENSIDADE DE EMISSÕES (MTCO2E/POR FUNCIONÁRIO DO FMI)

O total das emissões de 2022 correspondeu a 64% das emissões de 2019, anteriores à pandemia, e as
emissões de 2022 por funcionário caíram 44% em comparação com 2019.
Fonte: Departamento de Serviços Corporativos e Instalações do FMI

Brasil

72 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

Sustentabilidade ambiental
O FMI está empenhado em reduzir o impacto
das suas operações sobre o meio ambiente. À
medida que a instituição se recupera da pandemia
e retoma suas operações normais, as mudanças
climáticas continuam a ser uma grande ameaça
ao crescimento e à prosperidade no longo prazo.
Em vista dessa ameaça, o FMI ampliou o trabalho
nessa área e o apoio aos países membros para a
adotação e implementação de políticas de mitigação
e adaptação. A instituição também está tomando
medidas para avançar nas suas metas operacionais
de sustentabilidade ambiental.
Desde 2010, a pegada de carbono do FMI tem
sido mensurada ativamente, e medidas têm sido
tomadas para reduzir as emissões. Foram alcançadas
reduções significativas das emissões nas operações
da sede, mas a intensificação do envolvimento com
os países membros resultou num aumento das
emissões decorrentes das viagens a trabalho. Em
2021, foi criado o Conselho de Sustentabilidade
Ambiental como uma etapa significativa para reduzir
o impacto das operações do FMI. O Conselho está
encarregado de aconselhar e orientar a Direção
do FMI sobre as questões ambientais operacionais
enfrentadas pela instituição, uma medida crucial no
sentido do estabelecimento de marcos e metas para
melhor medir o progresso.
Com a retomada das operações normais,
os funcionários do FMI retornaram à sede e às
representações, e as viagens em missão foram
retomadas inteiramente. Em consequência, a pegada
de carbono do FMI aumentou consideravelmente
em relação aos níveis mais baixos registrados
durante a pandemia (Figura 3.2). Mesmo assim, o
total de emissões e as emissões por funcionário
permanecem significativamente abaixo dos níveis
anteriores à pandemia, o que reflete, em grande
medida, menos deslocamentos de funcionários
entre a casa e o trabalho no período pós-pandemia
e menos viagens em missão. No entanto, a previsão
é de mais aumentos em 2023.

RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 73
 QUEM SOMOS
Giving Together
Giving Together é o programa filantrópico do FMI,
sustentado por doações dos funcionários na ativa
e aposentados e iniciativas de arrecadação de
fundos promovidas pelo FMI.
Nos últimos anos, diversas crises, como os
desastres relacionados ao clima, a guerra da Rússia
na Ucrânia e uma crise do custo de vida, agravaram
os desafios enfrentados pelas pessoas em todo o
mundo. No exercício 2023, a comunidade do FMI
respondeu a esses desafios humanitários com um
apoio formidável. Entre as doações de funcionários
e aposentados, doações e fundos de contrapartida
do FMI e doações diretas do Giving Together, o
programa arrecadou mais de US$ 5,2 milhões
para causas filantrópicas no exercício financeiro.
Isso abrange US$ 4,75 milhões em doações de
funcionários e aposentados e em fundos de
contrapartida do FMI (Figura 3.3).
Ação solidária e assistência após
catástrofes
Cerca de 64% dos funcionários contribuíram
para a campanha do exercício 2023 entre 1º de
novembro de 2022 e 6 de janeiro de 2023. Junto
com os aposentados, arrecadaram US$ 3,3 milhões
em doações e fundos de contrapartida para
apoiar organizações na região metropolitana de
Washington e em todo o mundo.
Figura 3.3 Doações e fundos de contrapartida
(Em milhões de USD, EF 2016–23)
US$ 6
US$ 5
US$ 4
US$ 3
US$ 2
US$ 1
US$ 0
2016 2017 2018 2019
DOAÇÕES DE FUNCIONÁRIOS E APOSENTADOS
Fonte: Departamento de Comunicação do FMI
74 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL
Além disso, o programa Giving Together organizou
campanhas de arrecadação para apoiar os esforços de
assistência após catástrofes naturais no Iêmen, Maláui,
Moçambique, Nigéria, Paquistão, Síria e Turquia.
No total, foram canalizados mais de US$ 600 mil
em contribuições para organizações internacionais
de ajuda humanitária que prestam ajuda e apoio
essenciais a crianças e famílias afetadas nesses países.
Donativos e contribuições da instituição
O FMI ajuda instituições filantrópicas na região
metropolitana de Washington e em comunidades do
mundo inteiro a sair da pobreza e da crise, apoiando
iniciativas comunitárias por meio de parcerias e
donativos anuais. No exercício 2023, os donativos
efetuados no âmbito do programa Giving Together
e as contribuições da instituição para organizações
filantrópicas em todo o mundo montaram a
US$ 455 mil. Muitos dos donativos se concentraram
em programas e serviços que apoiam populações de
cor, mulheres e jovens. No total, foram feitos donativos
diretos a 35 organizações que atendem populações
desfavorecidas em 16 países de quatro continentes.
A Direção realizou donativos em nome da
instituição no valor total de US$ 120 mil durante
missões a países em desenvolvimento, como Bósnia e
Herzegovina, Camarões, Chade, Dominica, Marrocos,
Mauritânia, Moldávia e Zâmbia, para apoiar instituições
filantrópicas locais.
ENTRE OS BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA
GIVING TOGETHER NO EXERCÍCIO 2023
US$ 632.000
arrecadados em apoio a campanhas de ajuda
humanitária e assistência após catástrofes
US$ 455.000
em recursos para entidades filantrópicas
em todo o mundo, doados a
35
organizações em
2020 2021 2022 2023
FUNDOS DE CONTRAPARTIDA
4
continentes

Mauritânia
Voluntariado
À medida que as restrições relacionadas à
pandemia de COVID-19 foram sendo eliminadas,
os funcionários do FMI encontraram formas de
contribuir para as suas comunidades por meio de
atividades de voluntariado. Individualmente ou
como parte de um grupo, se envolveram em várias
atividades filantrópicas durante o ano, como a
embalagem de kits de higiene para as vítimas de
crises humanitárias e a doação de bicicletas para
pessoas em países em desenvolvimento.
Além disso, em comemoração ao Dia de Martin
Luther King Jr., os funcionários participaram de um
evento de voluntariado organizado pelo Giving
Together em parceria com a Horton’s Kids e a
Nourish Now, duas organizações sem fins lucrativos
empenhadas em melhorar a saúde e o bem-estar de
crianças e famílias em situação de risco em bairros
carentes da área de Washington, DC. Os funcionários
reuniram os ingredientes não perecíveis necessários
para preparar uma receita saudável e nutritiva que as
famílias conseguiriam preparar facilmente em casa.
Diversidade, equidade e inclusão
Em agosto de 2022, o FMI concluiu a certificação
da fundação Economic Dividends for Gender
Equality (EDGE) pela terceira vez. Tanto em 2017
quanto em 2019, o FMI fora certificado no primeiro
dos três níveis, “EDGE Assess”. Reconhecendo o
progresso dos últimos anos, os auditores aprovados
pela fundação concederam ao FMI o segundo
nível de certificação, “EDGE Move”. O Escritório de
Diversidade e Inclusão apresentou uma atualização
sobre a diversidade e a inclusão em 2022 à Diretoria
Executiva em janeiro de 2023. O documento continha
um resumo do progresso do FMI em relação aos
indicadores de referência de 2025, as principais
iniciativas realizadas desde o Relatório sobre
Diversidade e Inclusão 2020–2021 e um plano de
ação para os próximos dois anos. A proporção de
funcionários de regiões sub-representadas nos níveis
de colaborador individual e de chefia continua a
aumentar. No entanto, o progresso é desigual, e é
preciso envidar mais esforços para atingir os objetivos
definidos para os cargos de direção até o fim do
exercício 2025. As missões de recrutamento voltaram
ao formato presencial, e o FMI está aproveitando as
lições aprendidas durante a pandemia ao continuar a
buscar candidatos em grupos mais amplos por meio
de interações virtuais. A instituição continua a obter
bons avanços no equilíbrio de gênero, sobretudo nos
escalões mais altos, em que as mulheres ocupam 40%
dos cargos de chefia dos departamentos. Além disso,
o FMI está ampliando o alcance dos seus esforços
de diversidade e inclusão de modo a incluir a raça
e a etnia, além de buscar um ambiente de trabalho
acessível e inclusivo para todos, incluindo para
pessoas com deficiência.
RELATÓRIO A NUA L 20 2 3 75
1 de agosto de 2023

Senhor Presidente,

Tenho a honra de apresentar à Assembleia de Governadores o Relatório Anual da Diretoria

Executiva para o exercício financeiro findo em 30 de abril de 2023, em conformidade com a Seção
7 a) do Artigo XII do Convênio Constitutivo do Fundo Monetário Internacional e a Seção 10 dos
Estatutos do FMI. Conforme o disposto na Seção 20 dos Estatutos, os orçamentos administrativo
e de capital do FMI aprovados pela Diretoria Executiva para o exercício financeiro a findar em 30
de abril de 2023 são apresentados no website do Relatório Anual. As demonstrações financeiras
auditadas do Departamento Geral, do Departamento de DES e das contas administradas pelo FMI
para o exercício findo em 30 de abril de 2023, juntamente com os respectivos relatórios da firma
de auditoria externa, são apresentados no Apêndice VI, assim como em www.imf.org/AR2023.
O processo de auditoria externa foi supervisionado pelo Comitê de Auditoria Externa formado
por Jacques Ethevenin (Presidente), Leen Paape e Hussein Isingoma, em conformidade com a
Seção 20 c) dos Estatutos do FMI.

Atenciosamente,

KRISTALINA GEORGIEVA
Diretora-Geral e Presidente da Diretoria Executiva

76 F U N DO M O N ETÁRI O I NTERNAC I O NAL

 RELATÓRIO ANUAL DO FMI 2023
SAIBA MAIS
ON-LINE
IMF.ORG/AR2023

Acesse e baixe o Relatório Anual 2023, juntamente com as demonstrações

financeiras e outros recursos, no website do Relatório Anual do FMI.
www.imf.org/AR2023

Este Relatório Anual foi preparado pela Divisão de Publicações do Departamento de Comunicação do FMI,
em consulta com vários departamentos da instituição. Christoph Rosenberg e Linda Kean supervisionaram
o trabalho da equipe do relatório, sob a direção do Comitê de Avaliação da Diretoria Executiva, presidido por
Philip Jennings. Peter Walker chefiou a equipe de redação e Nasim Amini Abbas foi responsável pela gestão
e edição do projeto. Denise Bergeron coordenou a produção do relatório.

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