ESTUDO BANCA EM ANÁLISE DELOITTE ANGOLA

APRESENTAÇÃO DA 16.ª EDIÇÃO

Discurso de Abertura

Secretário de Estado do Tesouro e Finanças

Dr. Ottoniel dos Santos

Luanda, 20 de Outubro de 2022

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MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
GABINETE DE COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL

Ilustres Representantes das Autoridades de Regulação e

Supervisão do Sistema Financeiro;

Digníssimos Representantes das Instituições Financeiras Bancárias

e Não Bancárias;

Exmo. Dr. José Barata, Presidente da Deloitte Angola;

Ilustres Convidados;

Minhas Senhoras e Meus Senhores:

1. Em nome e em representação de Sua Excelência, a Senhora

Ministra das Finanças, é com muita honra que intervenho nesta
cerimónia de abertura da 16.ª Edição do Estudo Banca em
Análise.

2. Dirijo uma saudação particular aos responsáveis por este

estudo da Deloitte, que é uma referência para o nosso mercado
bancário e para o Sistema Financeiro, em geral.

3. Tem-nos dado, ao longo destes anos, não apenas um retrato

dos bancos que operam no nosso País, mas também o perfil
dos seus líderes e a visão com que projectam os negócios.

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Ilustres Convidados;
Minhas Senhoras e Meus Senhores:

4. As perspectivas de crescimento da economia nacional para

2022 são bastante optimistas, com base no bom desempenho
do PIB no primeiro e segundo trimestres.

5. Os dados mais recentes das contas nacionais, divulgados pelo

Instituto Nacional de Estatística (INE), indicam que o PIB
registou um crescimento homólogo de 2,8% no primeiro
trimestre e de 3,6% no segundo.

6. Relativamente à perspectiva de crescimento económico anual, a

nossa previsão para 2022 está agora em 2,7%, justificada pela
expansão do sector não petrolífero, em 3,2%, e pela expansão
do sector petrolífero em 2,0%.

7. Refira-se que as perspectivas para 2022 de 2,7% são

ligeiramente superiores às previsões do OGE de 2022, que
eram de 2,4%.

8. Importa, também, referir que crescimento do sector petrolífero

contrasta com a contracção que este sector tem vindo a registar
nos últimos anos.

9. E importa, finalmente, sublinhar a importância da actividade

não-petrolífera no crescimento global, em particular do sector da
agricultura.

10. Com efeito, no segundo trimestre deste ano o sector da

Agricultura, Pecuária e Silvicultura foi o que mais contribui para
o crescimento registado do PIB, ao crescer 3.5%.

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11. A economia não-petrolífera tem, além de outras, a virtualidade

de ser geradora de emprego e de rendimento para as famílias,
com reflexos, a montante e a jusante, no sistema financeiro, em
particular na actividade dos bancos.

12. A montante, porque o desenvolvimento da economia real

pressupõe o recurso a diversas fontes de financiamento,
nomeadamente ao crédito bancário.

13. A jusante, porque o aumento do rendimento e do emprego leva

a que mais cidadãos se bancarizem e possam aceder a
pagamentos seguros, cómodos e acessíveis e a outros serviços
financeiros, e a utilizá-los para satisfazer as suas necessidades
diárias e os seus objectivos de longo prazo.

14. Ora, esta inclusão financeira só é possível com um Sistema

Bancário robusto, dinâmico e próximo dos cidadãos.

15. Por tudo o que já acima referi, ou seja, as perspectivas de

crescimento económico, o papel da banca na economia
nacional e a inclusão financeira, saúda-se o Aviso 18 barra 22,
de 11 de Outubro, do Banco Nacional de Angola, no sentido de
os bancos com dimensão sistémica terem, obrigatoriamente,
pelo menos um posto bancário em cada uma das sedes dos
164 municípios do País.

Ilustres Convidados;
Minhas Senhoras e Meus Senhores:

16. Gostaria, ainda, de vos falar da evolução recente da nossa

dívida pública. Desde 2020, quando atingimos o pico de 133,8%
do PIB, o rácio da dívida pública face ao PIB tem vindo a

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diminuir de forma consistente, em linha com a Lei de

Sustentabilidade das Finanças Públicas.

17. Este declínio deve-se a uma maior disciplina fiscal – mais saldo
primário e declínio consistente do saldo primário não petrolífero
– e à apreciação do Kwanza – dado que ainda temos uma
elevada exposição ao dólar e ao PIB nominal.

18. Em 2021, a dívida pública diminuiu para 82,9% do PIB (dos já

referidos 133,8% em 2020).

19. Quanto aos dados preliminares para 2022, em Agosto o rácio

situou-se em 66,2% do PIB e esperamos terminar o ano com
um rácio de 61,9% do PIB.

20. Quanto a 2023, em linha com a Lei de Sustentabilidade das

Finanças Públicas, esperamos ficar abaixo dos 61,9% do PIB
com que poderemos terminar o actual exercício.

21. De igual modo, continuaremos focados na redução e

manutenção – em níveis compatíveis com a sustentabilidade da
dívida – das nossas necessidades médias anuais de
financiamento bruto.

22. Na medida em que o Estado tiver menos necessidades de

financiamento, nomeadamente com recurso à poupança interna,
mais esses recursos serão canalizados para operações de
crédito bancário à economia real e mais oportunidades se
abrem para o desenvolvimento do mercado de capitais.

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Digníssimos Convidados;
Minhas Senhoras e Meus Senhores:

23. No âmbito do Programa de Privatizações em curso, foi colocada

a totalidade das acções do Banco BCI, por via de Leilão em
Bolsa, em Dezembro último, procedeu-se, em Junho, à Oferta
Pública de Venda de 10% das acções do Banco BAI e, em
Setembro, à Oferta Pública de Venda de 25% do capital Banco
Caixa Geral de Angola, acções detidas indirectamente pelo
Estado, através da Sonangol.

24. Invoco aqui este facto, porque a evolução entretanto verificada

no preço das acções admitidas à cotação na BODIVA,
concretamente do BAI e do BCGA, tem denotado uma grande
confiança dos investidores.

25. É claro que, no mercado de capitais, ganhos passados não são

garantia de ganhos futuros para os investidores, nem tão pouco
é possível extrapolar resultados de um determinado instrumento
financeiro para o conjunto do seu sector de actividade.

26. Mas esta performance permite vislumbrar um clima de

confiança na robustez dos principais bancos que actuam em
Angola, em todos os parâmetros da sua actividade, em
particular a sua solidez financeira e a prevenção do
branqueamento de capitais, do financiamento do terrorismo e da
proliferação de armas de destruição em massa.

27. Isso mesmo se espera que venha a ser confirmado, no primeiro

semestre do próximo ano, em resultado da avaliação do Grupo

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de Acção Financeira Internacional, cujo trabalho de campo

decorreu nos passados meses de Junho e Julho.

28. Esse trabalho não incidiu apenas sobre a forma como as

chamadas Recomendações do GAFI foram transcritas para o
nosso ordenamento jurídico, mas, também, sobre a efectiva
aplicação dessas leis.

29. Na realidade, o nosso sistema financeiro está hoje em melhores

condições para promover a confiança entre os agentes
económicos, estimular – embora ainda com incentivos públicos
e normativos do regulador – a mobilização da poupança para o
investimento e facilitar a relação com o mercado externo,
aspecto este em que os resultados da actual avaliação do GAFI
podem vir a ser muito importantes.

Digníssimos Convidados;
Minhas Senhoras e Meus Senhores:

30. Apesar de serem positivas as perspectivas de crescimento para

a economia angolana no próximo ano, fruto do cumprimento dos
objectivos do Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022,
em particular dos resultados do Programa de Apoio à Produção,
Diversificação das Exportações e Substituição das Importações,
que começamos agora a colher, apesar disso, vive-se em todo
o mundo um clima de grande incerteza.

31. Este será, nas últimas décadas, o tempo de maiores incertezas

quanto ao futuro, tais são os riscos de complexa previsão
decorrentes da guerra na Europa de Leste, que se somam às
consequências ainda presentes da Pandemia de Covid-19.

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32. No entanto, acreditamos que o nosso País está hoje mais bem
preparado para enfrentar essas incertezas.

33. Entre outras razões, porque podemos contar com o sistema

financeiro, nomeadamente os bancos, no seu papel decisivo
para prosseguir e consolidar a recuperação económica, assim
como para o normal funcionamento e desenvolvimento da
economia.

34. Termino, reiterando a saudação especial pela louvável iniciativa

que representa este evento, bem como os justos
agradecimentos à Deloitte pelo convite que nos foi dirigido, e
faço votos para que este estudo e análise pública sobre o
estado da Banca Angolana se prolongue no tempo e seja cada
vez mais profundo.

Bem-Haja!

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