A economia angolana tem passado por tempos difíceis.
Nos últimos cinco
anos, em linha com a baixa cotação do petróleo nos mercados internacionais, as taxas de crescimento da economia têmse mantido em terreno negativo. E a propagação da COVID-19, em 2020, veio amplificar ainda mais o desafios da economia mundial, sendo que a economia angolana não foi excepção tendo contraído 3,6% em 2020, de acordo às estimativas do Governo1 . O desempenho registado em 2020 foi o mais desafiante nos últimos quatro anos de contracção do PIB, sendo reflexo das condições menos positivas pelo que passou a indústria do petróleo com a redução dos preços médios de petróleos nos mercados internacionais e os desafios registados na produção interna. Apesar de ser a terceira maior economia da África Subsariana e um País de rendimento médio9 , Angola ainda enfrenta enormes desafios em termos de desenvolvimento humano. Com uma população estimada em 32,9 milhões e um PIB per-capita de 1,182 mil dólares/ano, o país ocupa a 147 posição em 187 países, inserindo-se no escalão de países com um nível de rendimento desenvolvimento humano (IDH) médio. Nos últimos três anos, o país passou pelo processo de avaliação para a graduação à categoria de País de Rendimento Médio. Induzido pelo critério de rendimento per capita, o processo deveria ter culminado em Fevereiro de 2021, contudo a contracção do rendimento imposta pela desaceleração da economia apurada nos últimos cinco anos pressionou o indicador, o que aconselhou o adiamento da graduação do país para 2024. Riscos do País com impactos sobre a execução do Projecto Risco Político A introdução de uma dinâmica diferenciada na política interna do país com a descontinuidade do programa e contractos, aliada à reestruturação do sector com a abertura ou extensão de outros serviços tecnológicos poderão condicionar o desempenho do projecto. Paralelamente, a intensificação de manifestações pelo país associada ao aproximar do ano eleitoral, poderão pressionar os níveis de estabilidade política do país, com relevantes impactos sobre a execução do projecto Risco de Mercado O desempenho adverso da economia nos últimos cinco anos poderá condicionar a introdução de políticas macroeconómicas restritivas com efeitos sobre o desenvolvimento das principais variáveis macroeconómicas, fundamentalmente, com a necessidade de mobilização de maiores recursos por parte do Estado que poderá impulsionar o aumento da taxa IVA. Risco País O peso relativo do Estado na economia e a fraca participação do sector privado no crescimento da economia é um sério obstáculo ao desenvolvimento e liquidação de operações de actividades privadas com alta exposição dos fluxos de caixa a desembolsos públicos. Paralelamente, a redução da rating do país pelas principais agências de classificação doo mundo, poderá pressionar os níveis de rentabilidade do projecto e impulsionar as probabilidade de incumprimento financeiro do Estado, com todos os efeitos sobre os nível de liquidez e facturação na economia. Risco Operacional A instabilidade nos rendimentos dos principais clientes poderá ser o factor importante a considerar, para não se traduzir em perdas de Página 16 de 55 confiança e rentabilidade do negócio. Riscos Sanitário A COVID-19 poderá produzir desafios adicionais para o desenvolvimento do projecto, por meio da redução substancial das actividades económicas das empresas no país.
O estudo de mercado caracterizou-se pela avaliação das potencialidades da
procura dos produtos associados à produção dos principais serviços a serem desenvolvidas pela FINCREST, com base aos dados do sector financeiro disponibilizados pela Comissão de Mercado de Capitais (CMC), Banco Nacional de Angola (BNA) e pela Bolsa de Dívida e Valores Mobiliário de Angola (BODIVA). O sector financeiro é determinante na estratégia de promoção da produção e diversificação da economia de Angola, inscritas no Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022, e tem merecido particular atenção da parte das políticas públicas do governo. As taxas de crescimento do sector têm vindo a reduzir em linha com a contracção da economia do país, que teve início em 2016, resultante da baixa nos preços e da produção do petróleo. Contudo, o peso do sector de Intermediação Financeira e Seguro apresenta um nível de capitalização muito reduzida, com o peso do sector sobre PIB a fixar-se, em termos médios, em 1,7%. Perto mais de 90% da actividade de Intermediação Financeira é assegurada pelo Sector Bancário, que até 2020, detinham activos avaliados em mais 63% do PIB total da economia, um incremento face aos 53% registados em 2011. Esta tendência de aumentos do peso do sector financeiro na economia, reflecte, por um lado, a maior eficiência dos de intermediação financeira na economia e, por outro, os resultados positivos a nível de rentabilidade e resiliência que se tem assistido no sector.
CAPÍTULO: III- Pressuposto Técnico para Análise de Viabilidade do Projecto
3.1 - Pressupostos As perspectivas de crescimento da economia real mostram que o país assistiu, nos últimos seis anos, a contracção do Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com as projecções do The Economist, a taxa de crescimento média para o período de referência do projecto será de 2,32%, um desempenho determinante para as perspectivas de captação de recursos de investidores instituições, sendo que uma variação abaixo das expectativas apresentadas poderá penalizar os níveis de intermediação e consequente comissionamento do projecto. Para os próximos anos, o Governo perspectiva dar continuidade do ajustamento cambial na economia, na perspectiva de redução dos desequilíbrios das contas externas e da restauração da confiança dos investidores. Assim, estima-se que a taxa de câmbio aplicável ao projecto deverá fixar-se em termos médios em 822,38 USD/AOA, com uma perspectiva de apreciação média de 19,70%, nos próximos cinco anos. O indicador será determinante para a aferição do real valor do plano de investimento, particularmente, o investimento em activos em moeda estrangeira que está avaliado em 6,6 milhões USD A taxa de inflação terá tendência decrescente, o que poderá contribuir para uma maior previsibilidade dos custos relativos a outros fornecedores externos. Paralelamente, a desaceleração dos níveis de preços poderá aconselhar um posicionamento menos restritivo da política monetária do BNA e consequente desaceleração da emissão de títulos de dívida pública, com taxas de juro acima dos dois dígitos, o que poderá penalizar as perspectivas de rentabilidade dos instrumentos financeiros do mercado monetário, Bilhetes de Tesouro, e do mercado de capitais, Obrigações de Tesouro.
O financiamento do projecto foi planeamento na perspectiva de garantir um
maior equilíbrio financeiro e reduzir os riscos associados a uma estrutura financeira desequilibrada e descontextualizada. E em virtude da actual situação económica do país, as principais instituições de notação de crédito mantém uma perspectiva cautelosa sobre a evolução dos riscos do país, o que, por arrasto, afectam os principais sectores de actividade económica e as expectativas sobre a rentabilidade financeira dos projectos. Por outro lado, a desaceleração da economia registada nos últimos anos, aliada ao processo de ajustamento macroeconómica em curso, impôs medidas de política monetária restritivas que impulsionaram as taxas de juros de referência e dos principais títulos públicos, facto que deverá registar uma trajectória inversa, fruto de uma maior estabilidade macroeconómica e do consequente relaxamento da política monetária restritiva do BNA, devendo passar dos actuais 15,5% para perto de 9%, depois de 2022. parte fiscal será determinante na viabilização do projecto e no seu processo de desenvolvimento e expansão, sendo que, a legislação aplicável está de acordo ao código tributário em curso no país. O imposto industrial em Angola está fixado em 35% para o sector de Intermediação Financeira, um nível que compara com os anteriores 15%, o que poderá traduzir-se em vantagens competitivas, na perspectiva de autofinanciamento do projecto, através dos resultados líquidos mais expressivos.
O projecto prevê um investimento de 623,98 milhões de Kwanzas, para o início
das actividades, de 18,87 milhões de Kwanzas em 2025 e de 2,69 milhões de Kwanzas em 2026, sendo que a sua totalidade será disponibilizado pelos sócios.
O sector agrícola, empresários e diversificação da economia
O sector agrícola está na primeira linha do processo que nos pode conduzir à diminuição progressiva da nossa dependência das receitas do petróleo. 29/07/2020 ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO 00:00
A agricultura é um sector que não deve ser subestimado, não só porque uma parte considerável da população angolana vive e trabalha no campo, mas porque pode levar muitos jovens, havendo um aumento de criação de empregos, a optar por actividade produtiva em áreas rurais. Uma das razões que inibe muitos jovens de ir ao campo é a falta de condições básicas, de trabalho e habitacionais, no interior do país, pelo que a agricultura não é ainda vista como uma grande oportunidade para realização profissional. Há angolanos, e não são poucos, que se formaram em diferentes países do mundo na área da agronomia, com bolsas de estudo oferecidas pelo Estado, mas não se sabe do paradeiro de muitos deles, uma vez que não houve no passado a preocupação de se colocar quadros formados naquela área do saber nos lugares certos, em função dos conhecimentos e competências que haviam adquirido. Era o tempo em que todo o mundo queria ficar em gabinetes e em que se achava que ficava mal um técnico superior, mesmo agrónomo, trabalhar no campo. Vivemos novos tempos em que há sinais claros de que se pretende dar maior importância à actividade produtiva no campo, havendo acções que vão no sentido de se apoiar os que realmente entendem de produção agrícola. Surgiram no passado recente indivíduos que, mesmo tendo feito toda a sua vida profissional em áreas urbanas, diziam poderem fazer investimento no campo, tendo ocupado terras férteis, que, em muitos casos, não são aproveitadas, quando há angolanos capazes de as transformar em verdadeiros centros de produção para abastecer o mercado nacional. Muitos desses indivíduos chegaram até a ter acesso a crédito bancário com baixos custos, não tendo, mesmo assim, feito uso devido dos dinheiros que receberam de bancos comerciais do Estado, estando até hoje incapazes de devolver o que devem a instituições bancárias credoras. O Executivo está apostado na diversificação da economia, um processo que pode levar ainda algum tempo, sendo necessário que se preste atenção aos angolanos que estão realmente em condições de alavancar o sector agrícola, em diferentes vertentes. No processo de diversificação da economia, a agricultura tem de ser uma das grandes prioridades, para que Angola deixe de importar bens que se podem produzir no nosso país. Que os empresários, os verdadeiros empresários, sejam valorizados, afastando-se obstáculos burocráticos ao nível dos apoios que devem ser dados a quem quer na verdade trabalhar em prol do progresso do país.