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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTANCIA – ISCED

Curso de Direito

2° Ano

Trabalho de Campo

Direito Económico

TEMA: O Papel do Estado Moçambicano como Regulador e Promotor do Crescimento e


Desenvolvimento Económico e Social do País.

Domingos Tentura Guambe

O Tutor: Msc. Ésio Cebola A. Magaio

Agosto de 2019
Índice
Introdução........................................................................................................................................3
Economia moçambicana..................................................................................................................4
Perspectiva Económica....................................................................................................................6
Desafios ao desenvolvimento...........................................................................................................7
Crescimento Económico de Moçambique........................................................................................8
Desenvolvimento Económico e Social de Moçambique..................................................................9
Estratégia do Crescimento e Desenvolvimento Económico e Social do País.................................10
Estrutura de Estratégia no Sistema Nacional de Planificação.........................................................11
Desafios e Oportunidades para o Desenvolvimento.......................................................................12
Referências Bibliográficas.............................................................................................................19

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O PAPEL DO ESTADO MOÇAMBICANO COMO REGULADOR E PROMOTOR
DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO E SOCIAL DO PAÍS.

Introdução
O presente trabalho que se insere na cadeira de Direito Económico, tem como o tema “O
Papel do Estado Moçambicano como Regulador e Promotor do Crescimento e
Desenvolvimento Económico e Social do País”, tem como o objectivo, debruçar a cerca das
estratégias tomadas pelo Estado moçambicano para o crescimento e desenvolvimento
económico e social do país.

Cada povo tem o direito e o dever de imaginar um futuro que integre suas aspirações e
sonhos. Foi isso que os moçambicanos fizeram ao longo do processo de elaboração da
Agenda 2025. Assim, expressaram as suas ideias e sugeriram soluções para camponeses,
trabalhadores, estudantes, crianças, mulheres, jovens e idosos, académicos, especialistas,
funcionários, religiosos e outros cidadãos.

É importante ressaltar, entretanto, que enquanto a Visão é um elemento chave que guiará
aspirações e sonhos, ela permanecerá uma letra morta se as estratégias de desenvolvimento
não forem implementadas, instrumentos vitais para alcançar a Visão Nacional compartilhada
à luz do cenário desejável e realista.

A formulação da Estratégia Nacional de Desenvolvimento resulta da necessidade de


assegurar a implementação das estratégias de desenvolvimento defendidas na Agenda 2025,
como um instrumento vital para a realização da visão de desenvolvimento nacional.

Esta visão será implementada através de um conjunto coordenado de acções, ao longo de um


horizonte temporal de 20 anos, assegurando um desenvolvimento económico e social
equilibrado e sustentável. Essas acções incluem políticas integradas e voltadas para a riqueza
que asseguram redistribuição de renda com base em princípios de equidade.

A industrialização integrada na transformação estrutural da economia é o mecanismo no


qual o país vai apostar como factor decisivo para a promoção do desenvolvimento nacional.

Por um lado, esse processo envolve o estabelecimento de políticas económicas e sociais


prioritárias para os sectores de infra-estrutura, agricultura, pesca, turismo, energia e outros,
por meio da identificação e integração de investimento capaz de orientar e estimular o
desenvolvimento do país. Por outro lado, a industrialização permitirá o estabelecimento de

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políticas para a gestão do capital humano, recursos financeiros e materiais com base nas
prioridades de desenvolvimento.

A operacionalização da Estratégia Nacional de Desenvolvimento será materializada por


meio dos instrumentos de gestão económica e social que fazem parte do Sistema Nacional
de Planificação (SNP), a saber, o Plano Quinquenal do Governo (PQG), o Cenário
Tributação a Médio Prazo (CFMP), o Plano Económico e Social (PES) e o Orçamento do
Estado (OE).

Economia moçambicana
A economia moçambicana, em grande parte agrícola (80%), baseia-se largamente na
produção familiar camponesa. A economia socialista havia direccionado investimentos nessa
área para as grandes fazendas estatais e para a produção e organização de camponeses em
aldeias comunais. A liberalização da economia e o fim da guerra melhoraram a situação da
produção de alimentos, mas não resolveram as restrições que impedem o crescimento e a
expansão dessa actividade, assim como o comércio rural. A indústria manufactureira
desenvolvida no país durante o sistema colonial tinha uma base frágil. Política socialista
destinada a fazer um investimento na indústria pesada. Com a guerra e o processo de
privatização, as taxas de desemprego na indústria manufactureira em crise estão
aumentando. Entre 1995 e 1997, houve um claro crescimento do Produto Interno Bruto, que
passou de 1,3 em 1995 para 6,6 em 1996 e 14,1 em 1997 (PNUD, 1998).

O Moçambique independente herdou uma estrutura económica colonial caracterizada por


uma assimetria entre o norte e o sul do país e entre o campo e a cidade.

O sul é mais desenvolvido que o norte e a cidade é mais desenvolvida que o campo. A
ausência de integração económica e a extrema opressão da força de trabalho foram os
aspectos mais dominantes dessa assimetria.

A estratégia de desenvolvimento formulada para reverter essa assimetria aposta em uma


economia socialista planejada centralmente. No entanto, circunstâncias regionais e
internacionais desfavoráveis, desastres naturais e um conflito militar interno de 16 anos
inviabilizaram a estratégia.

O endividamento externo (cerca de 5,5 bilhões em 1995) forçou o país a fazer uma mudança
radical em uma estratégia de desenvolvimento de mercado ao se unir às instituições de

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Bretton Woods e a consequente adopção de um Programa de Ajuste Estrutural a partir de
1987.

Desde então, o país vem experimentando um crescimento económico notável. O Produto


Interno Bruto (PIB) vem crescendo a uma média de mais de 7-8% ao ano, chegando mesmo
a atingir níveis de 2 dígitos. A inflação está abaixo de 10%. A tendência é mantê-lo em um
dígito.

Em termos monetários, Moçambique possui um dos regimes cambiais mais liberalizados da


África. Os parceiros comerciais externos têm razões suficientes para inspirar uma forte
confiança no país sobre a capacidade das autoridades monetárias de manter volumes de
pagamento adequados no exterior.

As reservas internacionais do Banco Central ficaram acima dos seis meses de importações
de bens e serviços.

O Estado, através da implementação de sua política fiscal, regula e estimula as áreas


socioeconómicas mais importantes e cria um bom ambiente de negócios muito favorável ao
desenvolvimento da iniciativa privada.

As reformas legais no âmbito da legislação financeira, fiscal, trabalhista, comercial e


fundiária que acabei de implementar pelo governo contribuem significativamente para o
fortalecimento desse bom ambiente, atraindo investimentos privados nacionais e
estrangeiros.

O potencial económico do país para atrair investimentos em agro-indústria, agricultura,


turismo, pesca e mineração é enorme. Projectos como a Mozal, a barragem de Cahora Bassa,
os corredores ferroviários e os complexos turísticos em todo o país contribuíram
significativamente para colocar Moçambique na rota dos grandes investimentos regionais e
internacionais.

Apesar do notável crescimento económico que o país tem experimentado, muitos


moçambicanos continuam a viver abaixo da linha da pobreza. A luta contra a pobreza
absoluta é uma das principais prioridades do governo para o período de cinco anos de 2005-
2009. Para este fim, a segunda fase do Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta
(PARPA II) foi delineada.

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Perspectiva Económica
Moçambique continua a sofrer com os efeitos da crise da dívida oculta de 2016. O
crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) desacelerou para 3,7% em 2017, ante 3,8%
em 2016 e bem abaixo da taxa de crescimento de 7%. % do PIB alcançado em média entre
2011 e 2015. As pequenas e médias empresas recuaram e a sua capacidade de gerar
empregos foi ainda mais reduzida. Espera-se que o crescimento permaneça relativamente
estável em torno de 3% no médio prazo.

A inflação caiu para 7%, apoiada por uma moeda mais estável, o metical e a queda dos
preços dos alimentos. O crescimento da produção agrícola após o El Niño contribuiu para
essa tendência, assim como a menor inflação dos preços dos alimentos.

Os níveis de endividamento permanecem altos e em um nível insustentável. A dívida externa


caiu de 103,7% do PIB no final de 2016 para cerca de 85,2% no final de 2017,
principalmente devido à valorização do metical. No entanto, os níveis da dívida interna do
governo central aumentaram devido às necessidades de financiamento do orçamento.
Moçambique continua a perder o seu Eurobond e dois empréstimos anteriormente não
revelados. O governo iniciou conversações com credores sobre possíveis reestruturações de
dívidas, mas esse processo provavelmente levará algum tempo para ser recompensado.

À medida que Moçambique começa a emergir de um período de dois anos de crise


económica, um novo relatório do Banco Mundial alerta que a perspectiva fiscal do país
continua frágil.

Apoiado por uma redução da inflação e pelo avanço de um dos dois maiores projectos de
gás, a Actualidade Económica de Moçambique (MEU): transitando para um crescimento
inclusivo, observa que o país tem estado mais estável desde a recessão económica criada
pela crise da dívida. Em 2016, no entanto, as perspectivas de crescimento são limitadas. O
crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) ficou em torno de 3,8% em 2016 e 2017,
e deve atingir uma taxa ligeiramente menor em 2018, em 3,3%. Serviços como turismo,
transporte e logística e actividades financeiras - que foram os mais atingidos pela crise -
estão se recuperando gradualmente, mas esses ganhos foram compensados pelo fraco
crescimento no sector extractivo, observa o relatório.

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As oportunidades de crescimento para Moçambique dependem também da recuperação do
consumo privado, particularmente nos sectores de serviços, que foi o principal motor de
crescimento nos anos anteriores à actual crise económica, observa o relatório.

"Essa tendência reflecte a redução no poder de compra dos consumidores, particularmente


das famílias, que viram os custos aumentar sem que sua renda aumentasse na mesma
proporção", disse Shireen Mahdi, economista sénior do Banco Mundial para Moçambique e
principal autora do relatório. "É também um sinal de uma redução na capacidade de
crescimento do sector privado, bem como a capacidade de gerar empregos suficientes".

Uma política decisiva focada na redução da incerteza macroeconómica e no aumento do


investimento ajudaria a estabelecer as bases para a recuperação total e um crescimento mais
inclusivo, observa MEU.

Desafios ao desenvolvimento
Os principais desafios são a restauração da estabilidade macroeconómica e o
restabelecimento da confiança por meio de melhor governança económica e maior
transparência, incluindo o tratamento transparente da pesquisa de dívida oculta. Além disso,
são necessárias reformas estruturais para apoiar o sector privado actualmente em
dificuldades.

Outro grande desafio para a economia é sua diversificação do foco actual em projectos de
capital intensivo e agricultura de subsistência de baixa produtividade para uma economia
mais diversificada e competitiva, ao mesmo tempo em que fortalece os principais factores de
inclusão, como a melhoria da qualidade da educação e da prestação de serviços de saúde
que, por sua vez, pode melhorar os indicadores sociais.

Embora a pobreza esteja a diminuir em Moçambique, os níveis de desigualdade económica


têm aumentado à medida que o crescimento se torna cada vez menos inclusivo. A análise
aponta para vários desenvolvimentos positivos, incluindo a aceleração da taxa de redução da
pobreza entre 2008 e 2014, diminuindo a incidência da pobreza de 59% para 48% da
população.

No entanto, o relatório mostra que estes ganhos foram acompanhados por uma crescente
disparidade entre os agregados familiares em melhor situação e mais desfavorecidos,
limitando o progresso do objectivo de partilha da prosperidade e colocando Moçambique
entre os países com um dos maiores níveis de desigualdade na África Subsaariana. Ao

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mesmo tempo, a taxa de crescimento da produtividade na economia diminuiu, à medida que
as pessoas mudaram de empregos informais na agricultura para serviços como comércio e
alimentação, observa o relatório.

"Quando olhamos para trás, fica claro que o período de alto crescimento de Moçambique fez
progressos significativos na redução da pobreza", disse Mahdi. "No entanto, quando
olhamos para factores de crescimento no futuro, ainda é claro que será a qualidade, e não
apenas a quantidade, de crescimento que fará a diferença para um progresso económico mais
inclusivo". O relatório recomenda a ampliação do impulsionadores do crescimento e
aumento da produtividade nos sectores com maior potencial para expandir o emprego, como
o sector agrário, dada a sua dimensão:

 Um pacote de políticas multifacetadas focado no reforço da competitividade das


empresas moçambicanas, aumentando a sua capacidade de exportação e investindo
em capacidades de capital humano.
 Um quadro macroeconómico estável e adequado que facilite a consecução dessa
meta, incluindo a redução do crowding out para o sector privado e a melhoria do
acesso ao financiamento;
 Foco na capacitação de empresas, trabalhadores e instituições para criar
oportunidades, aumentar a produtividade e a sofisticação intersectorial, incluindo
manufactura, serviços e agricultura.

Crescimento Económico de Moçambique


O Fundo Monetário Internacional (FMI) projecta um crescimento económico de 4 a 4,7 por
cento no próximo ano, de acordo com seu representante residente em Moçambique na
quarta-feira, 12 de Dezembro, em Maputo.

Ari Aisen, falando à margem de uma palestra ministrada pela Escola Superior de Altos
Estudos e Negócios - ESAEN, uma unidade orgânica da Universidade Politécnica, sob o
tema “A conjuntura económica internacional e potenciais impactos nas economias
emergentes e moçambicanas”, argumentou O desempenho da economia moçambicana em
2019 dependerá, em parte, da Decisão Final de Investimento (FID) das empresas de gás na
bacia do Rovuma na província de Cabo Delgado.

Citado pelo jornal electrónico “Carta”, o representante residente também observou que,
aliado a esse factor, o pagamento aos fornecedores e o contínuo relaxamento cauteloso de

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uma política monetária podem favorecer o aumento do crédito e a manutenção da paz, que é
central elemento essencial do projecto de crescimento económico do país.

A Decisão Final de Investimento assinala, como Ari Aisen argumentou, o grande potencial
que Moçambique tem para catapultar o crescimento económico para 4,7 por cento.

O porta-voz alertou sobre os riscos que as economias da África Subsaariana têm e que
podem ser externos, como os preços do carvão e do alumínio, que não devem cair no
mercado internacional. Ele também apontou para os factores de risco climático que
poderiam exercer pressão sobre a política fiscal e económica e, portanto, recomendou que
uma disciplina fiscal rigorosa fosse respeitada.

“Recomendamos disciplina fiscal nesse processo para evitar situações de agravamento,


depreciação e inflação da moeda, quando comparado ao que o país registrou no ano passado,
com o Produto Interno Bruto (PIB) aumentando 3,5% em 2018 para 4,7% como uma
projecção em 2019 ”, disse Ari Aisen. A inflação também ficou estável em 6,5 pontos
percentuais em 2018 e está projectada para ser de 5,5 pontos percentuais em 2019.

A taxa de câmbio, segundo Ari Aisen, permanecerá estável em 2019.

Discutidos momentos após a palestra, Narciso Matos, reitor da Universidade Politécnica,


disse que extraiu várias lições da apresentação feita pelo representante do FMI em
Moçambique, particularmente em relação às projecções do ano económico de 2019.

Sobre o evento, Matos explicou que faz parte do novo ciclo de palestras, que tem como
objectivo orientar alunos da maior universidade privada do país, o corpo docente e
convidados, sobre a dinâmica da economia nacional e suas directrizes.

Desenvolvimento Económico e Social de Moçambique


Moçambique sofre de um paradoxo familiar: uma base relativamente rica em recursos, mas
com padrões de vida muito baixos. A mais recente guerra civil e as inundações contribuíram
para este atraso no desenvolvimento, mas a paz e a estabilidade na região aumentaram
consideravelmente as perspectivas. O país tem um potencial significativo para o
desenvolvimento, particularmente no turismo, na produção agrícola e no uso sustentável de
recursos naturais. Esses activos sugerem que o paradoxo entre a base rica em recursos e os
baixos padrões de vida pode ser neutralizado nos próximos anos.

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Moçambique está passando por importantes transformações sociais, económicas, políticas e
ambientais resultantes da descoberta e exploração de recursos naturais, especialmente
minerais que representam uma oportunidade para tornar a economia nacional mais
competitiva. O país também passa por profundas transformações ambientais, principalmente
devido às mudanças climáticas que podem comprometer os ganhos de desenvolvimento
alcançados e desejados.

Neste contexto, e a fim de assegurar uma maior coordenação do processo de


desenvolvimento, o Governo decidiu elaborar a Estratégia Nacional de Desenvolvimento,
que visa “elevar as condições de vida da população através da transformação estrutural da
economia, expansão e diversificação da base produtiva ”.

A estabilidade macroeconómica que o país registrou proporciona um espaço favorável para a


recuperação do desenvolvimento económico e social.

Devido ao ambiente macroeconómico estável e à implementação de programas e reformas


socioeconómicas, o país registrou uma média anual de crescimento do PIB económico de
8,1% no período de 1995 a 2012, tornando-se um dos mais altos do mundo. O forte
crescimento real do PIB foi influenciado pelo aumento do investimento estrangeiro e
interno, acesso ao financiamento, transferência de tecnologia e ganhos do investimento em
educação e infra-estrutura. Desde 2000, o crescimento também foi impulsionado por
investimentos em grandes projectos.

Nos últimos 10 anos, a economia tem sido robusta e cada vez mais resistente a choques
externos e internos. Apesar da crise financeira e alimentar que repercutiu na economia
nacional, o país continuou apresentando crescimento económico elevado e estável. Nos
últimos 4 anos, a inflação média foi de 7,1% e o PIB real cresceu em média 7,0% ao ano.
Em 2012, o PIB real cresceu 7,2% e o PIB por capita foi de 608,1 dólares.

Estratégia do Crescimento e Desenvolvimento Económico e Social do País


A Agenda 2025 - Estratégias e Visão da Nação continua sendo um documento de referência
na definição das prioridades da nação. A situação actual do país apresenta desafios não
apenas do ponto de vista económico, social ou político, mas também em termos de consenso
sobre a Visão e Estratégia de Crescimento e Desenvolvimento. Esses incluem:

 A nível internacional, o impacto das crises (económicas, climáticas, políticas e


sociais) que abalaram e continuam a abalar particularmente os países que cooperam

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directamente com Moçambique e o impacto do fenómeno do aquecimento global,
exigem ajustes nas estratégias de crescimento e desenvolvimento;
 A nível nacional, do ponto de vista económico e social, argumentos importantes
residem na necessidade de acelerar e expandir os progressos realizados na redução
dos níveis de pobreza, bem como na manutenção da paz e da estabilidade política;
 A análise dos resultados recentes do Relatório de Avaliação da Implementação do
PARPA II (RAI) e dos Resultados da Avaliação do Inquérito aos Orçamentos
Familiares (IOF) e do Recenseamento Geral da População e Habitação (2007)
justificam, paralelamente às intervenções padrão em novas abordagens consistentes
com o novo desafios para promover o desenvolvimento económico e social;
 Por outro lado, no nível do sector público, as reflexões sobre o Sistema Nacional de
Planificação do Cenário Fiscal de Médio Prazo apoiam a necessidade de ajustar a
Estratégia de Desenvolvimento.
 Este prazo de 20 anos deve ser uma importante plataforma orientadora para
intervenções de médio prazo provenientes de vários documentos, incluindo a Agenda
2025.
 Uma visão clara com uma perspectiva de longo prazo, programas e investimentos
coerentes é a chave para o desenvolvimento do país. A limitação da harmonização da
estratégia limita o escopo das metas de desenvolvimento.

Estrutura de Estratégia no Sistema Nacional de Planificação


A elaboração da Estratégia Nacional de Desenvolvimento surge da necessidade de resolver o
problema da proliferação de várias abordagens estratégicas e da limitação na articulação
entre os instrumentos de gestão económica e social. Para este fim, espera-se que o país tenha
uma visão global agregada e integrada, onde os sectores estabelecem entre si uma linguagem
de comunicação, articulação, interconexão e complementaridade.

Melhoria do alinhamento entre instrumentos de médio prazo, nomeadamente o Programa


Quinquenal do Governo (PQG), o Plano de Acção para Redução da Pobreza (PARP), o
Programa Integrado de Investimento (IIP), estratégias sectoriais e territoriais. Outro em
termos de metas e prioridades, dificultando sua articulação no planificação anual.

A Estratégia Nacional de Desenvolvimento é um instrumento de orientação estratégica do


governo que visa orientar o desenvolvimento económico e social de longo prazo do país, e
os sectores devem traduzir as linhas prioritárias em acções específicas.

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As linhas prioritárias definidas pela Estratégia Nacional de Desenvolvimento são inspiradas
nas abordagens definidas nos seguintes instrumentos: Agenda 2025, os Objectivos de
Desenvolvimento do Milénio.

Desenvolvimento, o Plano Indicativo Prospectivo, o Plano Indicativo e Estratégico da


SADC; o Mecanismo Africano de Revisão por Pares; Estratégias Sectoriais e Territoriais,
Relatórios Nacionais de Avaliação da Pobreza, entre outros instrumentos nacionais e
internacionais.

Desafios e Oportunidades para o Desenvolvimento


A economia nacional tem um potencial considerável no sector primário, impulsionado pela
existência de recursos naturais. O principal desafio é o desenvolvimento de indústrias que
permitam a exploração e transformação sustentáveis desses recursos.

A diversificação da economia nacional constitui a base para um crescimento mais estável,


abrangente e sustentável. O país precisa expandir e diversificar a indústria para além dos
recursos minerais, através da criação de parques industriais em áreas com potencial para
exploração, pesca e silvicultura, bem como aproveitamento da fauna, energia e potencial
turístico.

A diversificação da indústria nacional deve seguir as etapas de desenvolvimento.

A longo prazo, espera-se uma menor concentração em produtos primários e um aumento na


produção de produtos industrializados, como máquinas, veículos, electrónicos e tecnologia.

A industrialização através da criação de polos de desenvolvimento para zonas de


concentração industrial ou parques industriais é o modelo pelo qual será possível fornecer
infra-estrutura e serviços públicos regulares e de qualidade que reduzirão os custos
operacionais e de capital, além de incentivar o investimento privado em vários sectores.

No entanto, alcançar esse objectivo exigirá a melhoria do ambiente de negócios por meio
do desenvolvimento de infraestrutura, acesso a financiamento, aumento da eficiência da
administração pública e estabilidade macroeconómica do país.

Na última década, o país vem recebendo investimentos consideráveis, principalmente na


área de recursos minerais, o que tem contribuído para o crescimento económico e o
fortalecimento da imagem do país no mercado internacional.

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Esse cenário apresenta grandes desafios para a sociedade e exige do governo e de outros
segmentos da economia melhores mecanismos de gestão e articulação de processos de
desenvolvimento para maximizar os benefícios tangíveis da exploração de recursos
minerais, com vistas a melhorar significativamente as condições de vida da população.

Nessa perspectiva, todos os segmentos da sociedade e dos sectores desempenham um papel


crucial na abordagem desses desafios, e o governo não pode ser considerado uma panaceia
para os problemas económicos e sociais.

O conhecimento é crucial para o aproveitamento da dinâmica socioeconómica que ocorre no


país, pois permite a criação de novas capacidades e padrões de desenvolvimento económico.
Assim, investimentos em educação e pesquisa, combinados com ciência e tecnologia, são
factores-chave para catalisar o processo de produção e a competitividade económica do país.

A competitividade da economia nacional também requer habilidades capazes de criar e


manter um desempenho económico sustentável em relação aos seus principais concorrentes,
o que depende, em parte, da capacidade das empresas nacionais de alcançar altos níveis de
produtividade e qualidade do produto.

Neste contexto, os principais desafios para o desenvolvimento do sector privado são a


melhoria do acesso ao financiamento, a burocracia administrativa, o desenvolvimento de
infraestruturas de apoio à produção, o reforço das capacidades e o acompanhamento das
PME e a formação orientada para o mercado.

Em termos de integração económica regional e globalização de mercados, o país deve


continuar a se concentrar em melhorar a competitividade económica por meio do
desenvolvimento contínuo e sustentado de empresas nacionais, aproveitando suas vantagens
comparativas.

Factores para o Sucesso da Estratégia Nacional de Desenvolvimento

O sucesso da Estratégia Nacional de Desenvolvimento está condicionado, entre outros, a seis


factores críticos, a saber:

a) Unidade Nacional

A unidade nacional dos moçambicanos é um factor determinante para a unidade e coesão


dos moçambicanos em torno de uma visão comum de desenvolvimento.

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A materialização do desiderato da unidade nacional envolve necessariamente a promoção do
desenvolvimento económico e social inclusivo. Como diálogo, acesso a oportunidades e
participação efectiva de moçambicanos nas decisões sobre o desenvolvimento do país,
elementos indispensáveis para o desenvolvimento sustentável.

b) Paz, Estabilidade e Democracia

Moçambique deve continuar os seus esforços para assegurar a manutenção de um ambiente


de paz e estabilidade e a consolidação da democracia. Iniciativas como o processo de
descentralização das responsabilidades gerenciais, que fortaleceu as competências do
Distrito como unidade de planificação e orçamento, e a institucionalização dos Conselhos
Consultivos Distritais como órgãos decisórios, garantindo aos cidadãos o direito de
participar na definição e implementação de políticas nacionais. ser encorajado e replicado.

c) Fortalecimento da soberania

A soberania de uma nação concerne acima de tudo a capacidade dos governos de controlar
efectivamente seu espaço geográfico e tudo o que está contido nele. Moçambique é um país
grande com recursos naturais de grande valor económico que, se devidamente explorado,
pode melhorar a posição do país na região e no mundo, contribuindo assim para melhorar o
nível de vida da sua população.

Para que isso aconteça, é necessário que o país fortaleça seus mecanismos de controlo
territorial, seus recursos e sua população, e esteja preparado para lidar com desastres e
choques externos utilizando capacidades e meios internos, reduzindo assim a dependência
externa.

Por outro lado, é necessário que o país continue seus esforços para concluir o processo de
demarcação das fronteiras e fortalecer sua capacidade de proporcionar segurança aos seus
cidadãos, encontrando mecanismos para fortalecer a segurança pública, a segurança em suas
fronteiras marítimas e terrestres, bem como esforços contínuos para delimitar fronteiras.

Para garantir a defesa da soberania nacional, o desenvolvimento socioeconómico deve ser


acompanhado por um reforço continuado da integridade territorial.

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d) Planeamento e Ordenamento Territorial

Planeamento territorial refere-se a acções tomadas pelo Governo para melhorar o uso e
aproveitamento da terra por meio da consolidação do processo de zoneamento como factor
determinante na identificação de áreas específicas para a implantação de centros urbanos,
centros industriais, centros de desenvolvimento, reservas recursos naturais e outras infra-
estruturas.

Um sistema de planeamento territorial pobre pode comprometer o desenvolvimento de infra-


estrutura, criando sobreposições e zonas de conflito entre os vários projectos e,
consequentemente, reduzindo os investimentos.

Em contraste, as infraestruturas adequadamente planejadas são um elemento-chave para


impulsionar o desenvolvimento nacional, fornecendo serviços de qualidade e reduzindo os
custos de produção.

No que se refere ao planeamento, ordenamento territorial e ampliação das infraestruturas


produtivas de forma integrada, definem-se as seguintes prioridades:

 Elaboração do plano director de desenvolvimento territorial;


 Recolha de informação técnica detalhada para ajustar o plano espacial de acordo com
as prioridades;
 Ajuste especial do plano.

Demarcação territorial, de acordo com as especificações técnicas do plano territorial de


infra-estrutura urbana e rural, de acordo com as necessidades e perspectivas de
desenvolvimento, incluindo as reservas para o futuro.

e) Mudança de Mentalidade

Assegurar uma mudança colectiva de mentalidade para uma nova posição de Cidadania
Activa é um factor crítico para permitir a implementação bem-sucedida da Estratégia
Nacional de Desenvolvimento.

Com base no carácter e fortalecimento da identidade nacional moçambicana, a cidadania


activa tem como valores fundamentais a inclusão, a igualdade e a solidariedade.

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Uma sociedade para se desenvolver depende tanto de acções individuais quanto de parcerias
entre cidadãos, sociedade civil, representantes eleitos e autoridades, administração pública e
serviços, empresas e sindicatos, todos contribuindo de forma diferente.

O exercício da cidadania activa engloba um universo amplo que inclui as dimensões da


actividade formal e não formal, cultural, política, interpessoal e social dos cidadãos.

Uma mentalidade de cidadania activa apela à acção voluntária de cidadãos e comunidades


para trabalhar individualmente, em conjunto e através de representantes eleitos, para
prosseguir sua actividade económica, social e política, perseguindo os objectivos Estratégia
Nacional de Desenvolvimento.

Na comunidade, os cidadãos têm direitos, mas também obrigações, bem como a


responsabilidade de cuidar activamente deles, de outros, do património ambiental e do país.
Isto é, respeitando as diferenças inerentes à sociedade: religiosas, étnicas, de escolha e credo
desde que conduzam à coesão social. Esse posicionamento se opõe a uma atitude passiva de
recebedor de assistência de outros, ou do estado, ou como um mero usuário de serviços. O
desenvolvimento é democrático quando envolve os cidadãos e os leva a agir, trabalhar,
exigir, respeitar e deliberar em comunidade, e encontrar e concordar com formas inovadoras
de resolver seus próprios desafios e os do país.

A mudança de mentalidade também visa instilar um espírito proactivo dos moçambicanos no


trabalho e, acima de tudo, na busca de soluções eficientes e pacíficas para os desafios de
desenvolvimento que o país enfrenta. Assumir uma atitude proactiva e criativa na procura de
uma solução para o desenvolvimento do país significa olhar para o futuro individual e
colectivo de uma forma promissora e encorajadora, onde os moçambicanos podem, através
do trabalho, aceder às oportunidades de desenvolvimento que surgem no país assim
melhorar seu bem-estar social.

A mudança de mentalidade surge, assim, como um factor decisivo na construção da Unidade


Nacional.

f) Transparência e prestação de contas

A fim de assegurar a eficiência e a eficácia das instituições públicas na prestação de


serviços, o Estado deve continuar a promover uma cultura de integridade, imparcialidade,
transparência e prestação de contas. Assim, a melhoria do acesso e da qualidade da prestação

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de serviços públicos aos cidadãos, o combate à corrupção em instituições públicas e
privadas, a descentralização e a consolidação da regra do direito democrático e da prestação
de contas devem continuar sendo as prioridades do país.

g) Gestão Sustentável de Recursos Naturais

A economia moçambicana em geral e a economia rural em particular dependem fortemente


da exploração e uso de recursos naturais. Os recursos naturais contribuem directamente com
mais de 33% da riqueza nacional e a dinâmica actual na área de recursos minerais e de
hidrocarbonetos abre promissoras perspectivas de contribuição para a economia.

Um dos maiores desafios inerentes à exploração de recursos minerais é a necessidade de


uma gestão cuidadosa das expectativas da população e a exploração sustentável dos recursos
naturais.

No entanto, se modelos sustentáveis de gestão de recursos naturais não forem adoptados, o


rápido crescimento económico pode ser feito à custa da rápida exploração e degradação de
recursos naturais renováveis, como terras, florestas, recursos hídricos e pesqueiros, levando
ao rápido esgotamento das reservas de recursos naturais renováveis, como carvão, gás
natural, areias pesadas, etc.

Nesta perspectiva, deve ser implementado um modelo de uso e gestão sustentáveis dos
recursos naturais, baseado principalmente em dois elementos:

 Assegurar a exploração adequada dos recursos naturais renováveis, garantindo a


manutenção ou o aumento das reservas de capital natural através de programas
abrangentes de preservação, conservação e regeneração de recursos naturais, tendo
em conta a sua natureza, sensibilidade ecológica e ciclo de vida.
 Garantir o uso económico óptimo de recursos naturais não renováveis.

A implementação de modelos de sustentabilidade dos recursos naturais deve, em última


instância, obedecer aos seguintes princípios:

 Os níveis de exploração e uso dos recursos naturais são compatíveis e não excedem a
capacidade regenerativa dos ecossistemas e a vida útil dos recursos naturais não
renováveis.
 A exploração de recursos naturais traz benefícios directos para a economia nacional
que não apenas em termos de aumento de receita e emprego na indústria

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extractivista, mas sobretudo na indução do surgimento de uma sociedade industrial,
de uma nova classe de trabalhadores e camponeses e da prestação de serviços.
 A exploração de recursos naturais deve assegurar a criação e a reprodução de um
capital económico, financeiro e social abrangente em todo o território nacional, que
pode durar e se multiplicar para além da vida dos recursos naturais.
 Assim, garantir o acesso aos recursos naturais pela maioria da população e garantir a
transparência na gestão, compartilhamento e redistribuição aparece como o caminho
para o desenvolvimento económico e social nacional e local.

Conclusão

A Estratégia Nacional de Desenvolvimento supõe que a consecução do desenvolvimento


económico e social integrado passa pela transformação estrutural da economia para uma
etapa competitiva e diversificada, apostando assim na industrialização como principal forma
de alcançar a visão de prosperidade e competitividade, com base em uma política inclusiva e
inclusiva modelo de crescimento. e sustentável, assegurando que os recursos naturais
continuem a fornecer os recursos e serviços ambientais dos quais depende o bem-estar e o
progresso contínuo do país.

A Estratégia Nacional de Desenvolvimento apresenta uma abordagem holística do


desenvolvimento, com ênfase na transformação estrutural da economia, onde a
industrialização é a estratégia para a transformação económica e se materializa através de
pólos de desenvolvimento. Com a Estratégia Nacional de Desenvolvimento, pretendemos
adoptar um paradigma de desenvolvimento segundo o qual o processo de industrialização
resulta de uma interacção de forças, de maneira integrada, utilizando tecnologias apropriadas
e especialização da força de trabalho nacional. Presume-se, por conseguinte, que a
industrialização deve desempenhar um papel fundamental na dinamização da economia,
impulsionando o desenvolvimento dos principais sectores de actividade (agricultura e
pescas), criação de emprego e capitalização dos moçambicanos.

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