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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

SECRETARIA DE ESTADO DA JUVENTUDE E EMPREGO


INSTITUTO NACIONAL DA JUVENTUDE, IP

Maputo, Outubro de 2021


INDICE

I. ACRÓNIMOS............................................................................................... 3

II. SUMÁRIO EXECUTIVO ............................................................................. 4

III. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4

IV. CONTEXTUALIZAÇÃO .............................................................................. 7

V. PROBLEMÁTICA ........................................................................................ 8

VI. LIÇÕES APRENDIDAS DAS BOAS PRÁTICAS A NIVEL NACIONAL E


INTERNACIONAL. ....................................................................................11

VIII. A INTERVENÇÃO DO EMPREGA ...........................................................17

IX. RESULTADOS ESPERADOS ...................................................................24

X. SALVAGUARDAS AMBIENTAIS E SOCIAIS ........................................... 0

XI. REDUÇÃO E MITIGAÇÃO DOS RISCOS DA COVID-19. ...................... 3

1
Por ocasião da cerimónia de investidura como o Presidente da
República de Moçambique, Sua Excelência FILIPE JACINTO NYUSI,
reiterou:

“Como disse, aquando do lançamento do meu Compromisso como


Candidato Para as Eleições Presidenciais, a nossa governação, nos
próximos cinco anos, será orientada para a promoção e geração de
Trabalho e Emprego e que todos os moçambicanos, deverão consolidar a
cultura de trabalho”

“Vamos continuar a incentivar os programas de formação e qualificação


profissional; continuaremos a prestar apoio às iniciativas de auto-
emprego, às empresas que mais empregam e às que oferecem o primeiro
emprego numa proporção significativa.”

IN “ NOSSA AGENDA É DESENVOLVER MOÇAMBIQUE “


Discurso da cerimónia de Investidura (15 de Janeiro de 2020)

2
I. ACRÓNIMOS

AT Autoridade Tributária de Moçambique


BAU Balcão de Atendimento Único
BM Banco de Moçambique
CADUP Cada Distrito um Produto
CFP Centro de Formação Profissional
CTA Confederação das Associações Económicas de Moçambique
DINET Direcção Nacional do Ensino Técnico
DNT Direcção Nacional do Trabalho
DNOMT Direcção Nacional de Observação do Mercado de Trabalho
IFPELACInstituto de Formação Profissional e Estudos Laborais
Alberto Cassímo
FAIJ Fundo de Apoio ás Iniciativas Juvenis
FP Formação Profissional
HST Higiene e Segurança no Trabalho
IDE Investimento Directo Estrangeiro
INE Instituto Nacional de Estatística
INEP Instituto Nacional do Emprego
INJ Instituto Nacional da Juventude
IPEME Instituto para a Promoção de Pequenas e Médias Empresas
MCTES Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
MEF Ministério da Economia e Finanças
MGCAS Ministério do Género, Criança e Acção Social
MIC Ministério da Indústria e Comércio
MINEDH Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano
MITSS Ministério do Trabalho e Segurança Social
MISAU Ministério da Saúde
MITA Ministério da Terra e Ambiente
MMI Mercado Monetário Interbancário
MPME Micro, Pequenas e Médias Empresas
PADD Projecto para Aproveitar o Dividendo Demográfico
PPC Índice de Paridade de Compra
SEJE Secretaria de Estado da Juventude e Emprego

3
II. SUMÁRIO EXECUTIVO

O Governo de Moçambique, através do Instituto Nacional da


Juventude (INJ, IP), instituição tutelada pelo Secretário de Estado da
Juventude e Emprego, com o suporte do Banco Mundial, está a
implementar o Projecto “Aproveitar o Dividendo Demográfico:
Moçambique – Desenvolvimento e Empoderamento para Jovens
(PADD)”, cujo objectivo é melhorar o acesso à educação e às
oportunidades de emprego para os jovens, através de: (i)
empoderamento de raparigas e famílias com vista a tomarem decisões
reprodutivas e económicas informadas; (ii) educação de adolescentes,
em particular dos mais vulneráveis; (iii) promoção do emprego conta
própria (auto-emprego) e por conta de outrém em benefício dos
jovens. Os principais beneficiários são adolescentes e jovens entre 10
e 35 anos de idade. No entanto, diferentes actividades atingirão
diferentes grupos em termos de género, faixa etária, área de
residência e vulnerabilidade.

O Conselho de Ministros na sua 14ª Sessão Ordinária de 28 de Abril


de 2020, ratificou o Acordo de Donativo entre o Governo de
Moçambique e a Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA)
no valor de 75 milhões de USD para implementar o Projecto de Apoio
ao Dividendo Demográfico, que tem 2 componentes: EU SOU CAPAZ
e EMPREGA . Para o EMPREGA, estão destinados 27.5 Milhões de
USD.

O EMPREGA tem como objectivo aumentar a criação de


oportunidades de emprego formal em resposta às estimavas que
indicam que 17% do emprego em Moçambique é constituído por
empregos assalariados e cerca de 21% dos jovens urbanos estão
desempregados, enquanto nas zonas periférico-urbanas e rurais os
jovens tendem a estar em actividades menos produtivas.

4
O EMPREGA vai financiar uma competição de Planos de Negócio que
será concebido para compensar as deficiências no mercado que
limitam a criação e o crescimento das empresas de jovens (18 a 35
anos).

Um total de 3.500 empresas de jovens receberão assistência técnica


para preparar planos empresariais de criação ou expansão das suas
actividades empreendedoras e produtivas. Mais de 500 empresas
beneficiarão de financiamento no valor de Um Milhão e Quinhentos
Mil Meticais (1.500.000.00 Mt) de subvenção.

Numa outra intervenção igualmente chave, o EMPREGA procura


aumentar a produtividade e os rendimentos dos jovens
subempregados e independentes nos distritos-alvo, especialmente no
auto-emprego e nos negócios de gestão e propriedade de jovens
mulheres. A intervenção proporciona uma combinação de
desenvolvimento de competências e outros serviços que
compreendem apoio financeiro a um subconjunto de jovens no auto-
emprego. Aqui, 20.000 jovens beneficiarão de bolsas de formação
profissional de curta duração, mentoria e os 4.000 melhores bolseiros
irão ganhar subvenção para formalização de negócios e aquisição de
insumos iniciais.

Para fortalecer os mecanismos de inserção no mercado no trabalho,


10.000 estágios profissionais serão finanaciados para que jovens
recém-graduados tenham oportunidade de praticar os seus
conhecimentos e aceder e ou criar oportunidades de emprego.

Ainda no contexto do emprega, jovens mães – vulneráveis


beneficiarão de um programa de empoderamento e educação
financeira e para gestão de negócios com objectivo de atibuir-lhes
novos conhecimentos e recursos para a promoção do
empreendedorismo feminino.

5
III. INTRODUÇÃO

Todos os países do mundo, no processo da sua evolução, passam de um


regime de elevadas taxas de fecundidade e mortalidade para um regime de
baixas taxas, denominado por transição demográfica.

Durante a transição demográfica ocorrem mudanças na estrutura etária da


população caracterizadas por um aumento da proporção da população em
idade activa e diminuição da população dependente (menores de 15 anos e
população com 65 ou mais anos de idade segundo a Lei nº 23/2007 de 01
de Agosto).

Este aumento da proporção da população em idade activa pode gerar efeitos


positivos no crescimento económico e bem-estar da sociedade, designado
por dividendo demográfico. Contudo, o dividendo demográfico só pode
constituir uma janela de oportunidade para o crescimento económico,
assim como para o desenvolvimento humano e social se grande parte desta
população tiver acesso ao ensino e cuidados sanitários abrangentes, bem
como, emprego produtivo. No entanto, assegurar a sua absorção no
mercado de trabalho, constitui um desafio, sobretudo em épocas de crises
causadas pelas calamidades naturais, pandemias e instabilidade política.

Os dados demográficos de Moçambique indicam que o país iniciou o seu


processo de transição demográfica e poderá, em consequência disso,
experimentar num futuro próximo o seu dividendo demográfico.

Neste contexto, a Secretaria de Estado da Juventude e Emprego (SEJE),


através do INJ, IP, pretende implementar o Programa de promoção de
oportunidades económicas para jovens que permitirão aproveitar o
dividendo demográfico.

6
IV. CONTEXTUALIZAÇÃO

1. Moçambique registou um forte crescimento económico nas últimas


duas décadas, contudo o padrão de crescimento não tem sido
satisfatório para um país cujo produto interno bruto (PIB) cresceu em
média 7,9% por ano desde o final da guerra civil em 1992 até 20141.
Entre 2000 e 2016, o PIB per capita duplicou, subindo de 561 dólares
para 1.128 dólares (PPC 2011)2. A pobreza diminuiu de 52,8% em
2002/03 para 46% em 2014/153, acompanhada de progressos no
acesso aos serviços de saúde e educação.

2. O país conta com uma estrutura etária notávelmente jovem (10-35


anos) que representa quase metade da população total.4 A tradução
deste aumento de jovens num dividendo demográfico exigirá a
resolução dos condicionalismos sociais e económicos inter-
relacionados e reforçados que conduzem a elevadas taxas de
fecundidade, à fragilização das raparigas e das mulheres com baixos
rendimentos, a baixos investimentos familiares em capital humano e
a empregos de baixa produtividade. Em suma, Moçambique terá de
"Educar, Empoderar e Empregar” a sua juventude, especialmente as
raparigas e mulheres adolescentes.

3. O Programa EMPREGA irá contribuir para uma melhor articulação e


coordenação das políticas de juventude (dentro do Governo, entre o
Governo e o sector privado, entre o Governo e os parceiros de
desenvolvimento, e entre os parceiros de desenvolvimento), um
importante alicerce para que Moçambique realize o seu dividendo
demográfico. O enquadramento multisectorial do Programa, o âmbito
nacional e o forte Sistema de Monitoria e Avaliação integrado

1 Banco Mundial. 2016. Diagnóstico Sistemático do País de Moçambique.


2 Banco Mundial. 2018. Avaliação da Pobreza em Moçambique. PPP é paridade de poder de compra.
3 Números nacionais. A Avaliação da Pobreza do Banco Mundial sugere uma maior redução das taxas de pobreza, de

60% para 48% entre 2003 e 2015.


4 A Política de Juventude de Moçambique (1996) define os jovens como cidadãos entre 15-35 anos, mas para os propósitos

do presente projecto, também incluímos adolescentes jovens. A população em idade activa irá crescer a uma taxa de
3,9% por ano, entre agora e 2050 (em comparação com a média prevista de 3% por ano para ASS, no seu todo). Banco
Mundial, 2016. Procura do Dividendo Demográfico em Moçambique: Uma Agenda Urgente.

7
representam uma evolução da estratégia para a implementação da
Política de Juventude no sentido de uma abordagem mais sustentável
e baseada em sistemas.

4. O EMPREGA encontra enquadramento nas duas das três prioridades


do Programa Quinquenal do Governo de Moçambique de 2020/2024:
a) Desenvolvimento do capital humano e Justiça Social e b)
Impulsionar o Crescimento Económico, a Produtividade e Geração de
Emprego.

5. Os objectivos e concepção das acções são também coerentes com o


objectivo da Política da Juventude de "assegurar que a juventude
moçambicana tenha uma vida longa e saudável, baseada numa
combinação de saúde, educação e trabalho decentes, remuneração
compatível e habitação adequada" e com os objectivos da Política
Nacional de Emprego, de promover o capital humano e, mais e
melhores empregos para a juventude moçambicana.

V. PROBLEMÁTICA

1. Os esforços para capacitar os jovens e aumentar o capital humano


têm de ser complementados com a criação de mais e melhores
oportunidades económicas para que estes investimentos sejam
compensadores. Com as tendências demográficas actuais, estima-se
que, entre 2018 e 2050, um número anual de 500.000 jovens se
juntarão à força de trabalho.5 Isto levanta a questão de saber se
Moçambique poderá gerar empregos suficientes a níveis de
produtividade aceitáveis para empregar todos estes candidatos ao
emprego.

2. Embora a economia tenha a tendência de absorver maior parcela da


força de trabalho, a criação de emprego tem ocorrido sobretudo em

5 Banco Mundial, 2016. Procura do dividendo demográfico em Moçambique: uma agenda urgente.

8
sectores de baixa produtividade (figura 1). Cerca de 71% da população
activa em Moçambique está na agricultura. Entre os restantes
trabalhadores, 45% são trabalhadores por conta própria ou não
remunerados no sector informal.6 Não obstante haver uma mudança
lenta na agricultura para os serviços7, a produtividade tem vindo a
diminuir e mais de metade dos postos de trabalho criados neste
sector entre 2008 e 2014 eram empregos informais das empresas
familiares.8

Figura 1. Os empregos estão concentrados em sectores de baixa


produtividade

Fonte: Balchin, et al., 2017. Observação: A produtividade relativa para cada


sector é expressa em termos do rácio do total da produtividade da mão-de-
obra na economia.

3. Além disso, existe uma divisão entre o género em termos de qualidade


dos empregos. Enquanto a participação feminina na força de trabalho é
relativamente elevada (80% das mulheres adultas são economicamente
activas), as mulheres estão concentradas no sector informal.9 Cerca de
80% do emprego assalariado formal é ocupado por homens, sendo o
rácio salarial entre homens e mulheres de apenas 63%.

6 Banco Mundial, 2018. Diagnóstico de Empregos em Moçambique.


7 A agricultura absorvia 87% do emprego em 1996. Os sector de serviços aumentou o emprego de 9% em 1996 para 22% em
2014.
8 Banco Mundial, 2018. Diagnóstico de Empregos em Moçambique.
9 Jones e Tarp, 2013. Jobs and welfare in Mozambique. WIDER Working Paper No. 2013/045

9
4. O acesso limitado das mulheres a empregos produtivos é influenciado
por factores importantes como as normas sociais, as diferenças de
competências, a disponibilidade de capital, as conexões em rede, a
disponibilidade de tempo e as obrigações familiares, as restrições às
escolhas profissionais e a segurança.10 A ausência de melhores
oportunidades económicas para as mulheres limitará a redução da
fecundidade. Reduzirá igualmente o efeito do investimento no capital
humano das raparigas e no planeamento familiar.

5. Os principais desafios dos programas existentes residem na sua


fragmentação em pequena escala, bem como nos seus precários
Sistemas de Monitoria e Avaliação. Como resultado, muitos programas
estão a lutar para garantir a sustentabilidade e expansão.

6. Assim, a análise que fundamenta o EMPREGA, identificou lacunas


existentes, especialmente em termos de pacotes abrangentes que
apoiam o sector informal ou a criação de empregos formais entre os
jovens.

10 Chakravarty, Smita e Vaillant, 2017. Género e emprego da juventude na África Subsaariana: uma análise dos
constrangimentos e das intervenções eficazes. Documento do Trabalho de Pesquisa sobre Políticas do Banco Mundial
(8245).

10
VI. LIÇÕES APRENDIDAS DAS BOAS PRÁTICAS A NIVEL NACIONAL E
INTERNACIONAL.

1. As actividades propostas podem complementar e ter sinergias com


outos programas cujo objectivo é de “Acelerar o Dividendo
Demográfico em Moçambique” (Accelerating the Demographic Dividend
in Mozambique)11. São vários os programas cuja similaridade
caracteriza-se pela presença de cinco pilares centrados em:

a) Aumentar a sensibilização para a agenda do dividendo


demográfico e aumentar a coerência entre os programas de
financiamento de iniciativas juvenis;
b) Aumentar a prestação de serviços de apoio ao
empreendedorismo juvenil;
c) Prestar assistência técnica sobre a utilização de dados
demográficos na tomada de decisões;
d) Disponibilização de Serviços de formação;
e) Criação de condições para apoio a empresas de jovens com
potencial de crescimento com objectivo de criar novas
oportunidades de emprego para jovens.

2. Em termos de lições aprendidas da impolementação de programs


similares, ambos os programas planeados têm instrumentos para
testar e aprender sistematicamente com as intervenções em torno do
dividendo demográfico, o que ajudará a informar as actividades de
ambos os programas e o diálogo com o Governo.

3. A elaboração das acções do Programa EMPREGA foi baseada em


vários estudos analíticos e preparatórios, bem como em boas práticas
internacionais. Especificamente, a concepção do projecto reflecte as
lições retiradas de (a) múltiplas consultas e discussões com as
principais partes interessadas, incluindo grupos de jovens; (b) um

11O programa do DFID ainda não foi aprovado. A análise económica realizada para o projecto não inclui o potencial
impacto adicional resultante da complementaridade com o programa do DFID em preparação.

11
exercício de balanço dos programas relevantes em curso em
Moçambique e visitas de campo de alguns dos programas mais
relevantes; e (c) uma análise de provas internacionais relevantes.

4. As consultas nacionais confirmam as principais limitações sectoriais


à criação e aproveitamento de oportunidades económicas e geração
de empregos para jovens. Além disso, o exercício de avaliação
destacou oportunidades importantes para o êxito da execução do
programa.

5. Em primeiro lugar, os programas abrangentes que oferecem serviços


integrados revelam um maior potencial de impacto. Em segundo
lugar, é crucial envolver os sectores chaves no processo de elaboração
e implementação dos programas, a fim de garantir a sua adesão.

6. Finalmente, a coordenação e colaboração entre as diferentes partes


interessadas no Governo, agências de desenvolvimento, ONG´s e
sector privado proporcionam oportunidades que serão fundamentais
para o sucesso do programa.

7. Na concepção das intervenções em termos de criação de emprego e


autoemprego nos jovens, há licções significativas da experiência
internacional. Uma análise das recentes avaliações rigorosas
concluiu o seguinte sobre a concepção de tais programas:

“Nas actividades destinadas a apoiar a melhoria da produtividade e


formalização de jovens no auto emprego, as intervenções reduzem os
custos directos de formação e mentoria (através da disponibilização
de bolsas formativas e pequenas subvenções para acelerar a
produção e melhorar a produtividade) e têm-se revelado
particularmente eficazes”

8. O Banco Mundial e a experiência global sobre a implementação de


intervenções de emprego e auto-emprego dos jovens contém lições
significativas que fundamentaram a concepção global do programa.

12
Em termos de intervenções em matéria de emprego dos jovens, a
documentação internacional sugere o seguinte:

a) A resolução dos condicionalismos de capital através da


Competição de Planos de Negócio (CPN) que concedem grandes
subvenções às melhores ideias revelou-se eficaz no aumento da
produtividade e na criação de novos empregos assalariados
sustentáveis;

b) As intervenções que combinam formação no local de trabalho com


apoio adicional são promissoras;

c) As formações baseadas na psicologia do empresário ou com uma


perspectiva de género são mais susceptíveis de aumentar o
desempenho empresarial dos trabalhadores por conta própria do
que os programas tradicionais de formação empresarial;

d) Os dados emergentes sugerem algumas áreas promissoras em


matéria de aumento da produtividade no auto-emprego,
nomeadamente através do acesso a serviços de poupança,
ajudando as mulheres a transitar para sectores mais produtivos
dominados pelos homens e envolvendo maridos ou amigos no
apoio ao seu desenvolvimento empresarial.

Por outro lado, são destacáveis acções como:

a) Fazer a adequação das actividades do programa à


idade/desenvolvimento, sexo, localização/contexto, estado civil e
nível de instrução dos jovens;
b) Concentrar-se nos jovens com maioridade laboral (18-35 anos)
antes do casamento e antes de terem tido o primeiro filho com o
maior rendimento em termos de empoderamento;
c) Empreender intervenções multissectoriais e abrangentes para
fazer face a constrangimentos multifacetados.

13
d) Conceber intervenções centradas nos jovens, mas também
considerar como introduzir e sustentar a mudança no seu
ambiente facilitador, trabalhando com homens/rapazes e
parceiros de intervenção como agentes positivos na sociedade em
termos de idade;
e) Os jovens mais vulneráveis são frequentemente invisíveis e o seu
isolamento pode ser extremo, especialmente para os que estão fora
da escola. No entanto, os impactos tendem a ser os mais elevados
e mais persistentes para este grupo;
f) Considerar as implicações a nível económico e social na
elaboração das intervenções;
g) Orientar a implementação das actividades para a variante
potencial de crescimento e geração de novos empregos;
h) Observar o apoio à melhoria da produtividade como elemento
catalisador para a migração de jovens no auto-emprego do
mercado informal para o formal.

14
IX. MECANISMO DE IMPLEMENTAÇÃO

1. A Secretaria de Estado da Juventude e Emprego será a entidade


implementadora do EMPREGA e coordenará a nível nacional com os
principais parceiros públicos e privados com destaque para o
Ministério da Economia e Finanças, o Ministério do Género, Criança
e Acção Social; Ministério do Trabalho e Segurança Social, o
Ministério da Indústria e Comércio e Ministério da Terra e Ambiente.
Os representantes destes ministérios fazem parte da equipa de
preparação do programa. A nível local, a SEJE apoiar-se-á nas
estruturas existentes, incluindo os Serviços Distritais de Educação,
Juventude e Tecnologia.

2. A sensibilização, as consultas e a definição das funções e


responsabilidades com as autoridades locais serão financiadas
através do Mecanismo de Preparação de Projectos (PPF).

3. A capacidade das instituições nacionais e locais envolvidas na


implementação do programa será reforçada através de actividades do
projecto destinadas a esse fim.

4. Objectivamente, a execução do programa será apoiada por diversos


prestadores de serviços de consultoria com responsabilidade de: a)
Preparar as actividades de comunicação, marketing, mídia e
organização de eventos; b) Implementar e gerir a Competição de
Planos de Negócio e programas para aumentar a produtividade no
auto-emprego e c) Formar os Candidatos em matérias de elaboração
e gestão de projectos de geração de renda para jovens.

5. A Secretaria de Estado da Juventude e Emprego estabelecerá um


mecanismo de coordenação com as equipas contratadas, que irão
apoiar na gestão e implementação diária do programa.

6. A concepção do programa inclui provisões para gerir os riscos


relacionados com a execução, nomeadamente:

15
a. As actividades do programa são complementares mas podem ser
executadas independentemente umas das outras, permitindo
um ritmo de execução diferenciado (Enquanto algumas
actividades são de âmbito nacional, outras serão centradas em
distritos seleccionados em províncias seleccionadas);

b. O programa será executado por fases, tanto em termos


geográficos (número de distritos a abranger ao longo do tempo)
como em termos de actividades.

7. Ao nível das Províncias, o EMPREGA está sob liderança do Conselho


de Serviços de Representação do Estado, concretamente, Os Serviços
Provinciais de Justiça e Trabalho, cujo papel é entre outros o
seguinte: (i) Identificar os pontos focais provinciais e distritais do
EMPREGA; (ii) Identificação dos locais de divulgação de informações
sobre o EMPREGA e de inscrição para os candidatos; (iii)
Acompanhamento da implementação através dum mecanismo
coordenado entre a SEJE, Parceiro de Implementação e Autoridades
Provinciais; e (iv) Monitorar e avaliar as acções dos parceiros de
implementação e dos pontos focais do programa.

16
X. A INTERVENÇÃO DO EMPREGA

1. Uma análise dos programas existentes de desenvolvimento e emprego


dos jovens, realizada no âmbito da preparação deste projecto,
identificou os principais desafios enfrentados por estas iniciativas,
nomeadamente, fragmentação em pequena escala, e a precariedade
dos sistemas de monitoria e avaliação (SM&A).12

2. A elaboração e revisão dos instrumentos normativos reflectidos nos


parágrafos anteriores é baseada no pressuposto de que a juventude,
sendo a maior faixa etária do país, enfrenta desafios significativos
para criação e aproveitamento de oportunidades económicas, tal
impede a sua contribuição efectiva e produtiva no processo de
desenvolvimento de Moçambique.

3. Para ultrapassar os desafios supracitados, e reconhecendo a


oportunidade única que o dividendo demográfico oferece, o Governo
de Moçambique está a mudar para uma abordagem sistémica
integrada de promoção de oportunidades económicas para jovens. O
programa EMPREGA adopta uma abordagem global para alcançar os
elementos-chave do dividendo demográfico: Promoção de uma mão-
de-obra educada e produtiva13.

4. O programa EMPREGA complementa o esforço do Governo de


Moçambique e dos parceiros de desenvolvimento para melhorar a
oferta de oportunidades de formação profissional e apoio à
produtividade e apoio financeiro para jovens empreendedores com
potencial de crescimento e geração de oportunidades de emprego para
outros jovens, abordando igualmente factores do lado da procura
através da melhoria da educação da rapariga e da sua capacidade de
aceder às oportunidades de emprego e auto emprego por parte de
jovens mulheres.

12Banco Mundial, 2018. Mapeamento de Programas de Desenvolvimento e Emprego de Jovens em Moçambique.


13Bloom, Canning, e Sevilla. 2003. O Dividendo Demográfico: A New Perspective on the Economic Consequences of
Population Change.

17
PILAR I: APOIO À CRIAÇÃO DE EMPREGO

1. Esta actividade tem como objectivo aumentar a procura de emprego


assalariado formal. As estatísticas do INE ( IOF 2014) indicam que
pouco mais de 17% do emprego em Moçambique é constituído por
empregos assalariados. Cerca de 21% dos jovens urbanos estão
desempregados, enquanto nas zonas periférico-urbanas e rurais os
jovens tendem a estar em actividades menos produtivas. Em resposta
a esta falta de oportunidades de emprego, o EMPREGA financiará
uma Competição de Planos de Negócio para empresas em fase de
arranque e empresas existentes com elevado potencial de
crescimento, com o objectivo de criar novos empregos (salariais) de
qualidade.14

COMPETIÇÃO DE PLANOS DE NEGÓCIO

2. O CPN será concebido para compensar as deficiências no mercado


que limitam a criação e o crescimento das empresas. Em primeiro
lugar, os mercados de capitais próprios e de dívida, limitados ou
inexistentes para financiar as empresas, parecem ser particularmente
restritivos. Os empresários aversos ao risco não investirão nas ideias
comerciais com elevados rendimentos esperados, na falta destes
mercados e em ambientes de alto risco, o que afecta a criação de
emprego. Em segundo lugar, a falta de informação complementar
sobre oportunidades de desenvolvimento e sobre os benefícios de
investir em competências e capital conduz a um sub-investimento a
nível da empresa. Em terceiro lugar, as deficiências nas infra-
estruturas públicas e na tecnologia desactualizada são um factor
desencorajador da actividade económica. Por último, a concentração
em investimentos geradores de emprego pode também ter
importantes efeitos externos que exigem um envolvimento público. As
políticas gerais orientadas para o crescimento não geram

14 O sucesso dos empreendimentos promovidos no âmbito do programa beneficiará ainda mais a melhoria geral do
ambiente de negócios, os sistemas financeiros e as estratégias de desenvolvimento da cadeia de valor, que não são
directamente abordados pelo Projecto, mas são objectivos explícitos das intervenções do Banco Mundial e do Governo.

18
necessariamente as externalidades ligadas à criação de emprego e à
distribuição dos postos de trabalho necessários para resolver
problemas como o desemprego juvenil e as baixas taxas de
participação feminina.15

3. Com base nas melhores práticas, o CPN centrar-se-á nas empresas


em fase de arranque e nas empresas existentes com elevado potencial
de crescimento e prestará apoio personalizado (mentoria) ao longo do
ciclo de vida de desenvolvimento da empresa (arranque, fase inicial e
crescimento).

MARKETING, SELECÇÃO E FORMAÇÃO

1. Será financiada uma intensa campanha de sensibilização e parcerias


locais para abranger potenciais beneficiários em todo o país,
esperando-se mais de 10.000 candidatos.16. O processo de pré-
selecção permitirá analisar as ideias empresariais iniciais para
apresentar uma proposta de plano de negócios completa. Estão
previstos mecanismos para assegurar a participação de grupos que
normalmente enfrentam mais limitações na concorrência, incluindo
mulheres ou jovens de regiões desfavorecidas (quotas específicas e
limites máximos definidos) nas diferentes fases de selecção. As
empresas pré-criadas receberão assistência técnica para preparar
planos empresariais para a criação ou expansão de empresas. Prevê-
se a formação de um total de 3.500 candidatos para a preparação de

15 Robalino, e Walker. 2017. Análise Económica de Projectos de Investimento em Emprego. Este conceito de
externalidades é uma consideração importante se a relação custo-eficácia da intervenção for medida pelo custo por posto
de trabalho. Num BPC semelhante implementado na Nigéria, o custo foi de cerca de 8 000 dólares por posto de trabalho
líquido criado (4 000 dólares por posto de trabalho na empresa). Como explicado na secção da análise económica, e
contrariamente ao apoio ao aumento da produtividade do trabalho independente, um BPC promove investimentos
privados para criar novos postos de trabalho assalariados no sector formal. O custo por posto de trabalho deve então ser
utilizado com prudência, uma vez que não se trata apenas dos salários e benefícios pagos a um trabalhador, mas também
do investimento privado da empresa para apoiar o ambiente de trabalho e a sustentabilidade do emprego criado.
16 Na Nigéria, no Quénia e na Guiné-Bissau, os BPC receberam 24 000, 12 000 e 5 000 candidaturas, respectivamente.

Esta é uma distinção clara entre os BPC e os programas de subvenções tradicionais que obtêm níveis de procura muito
mais baixos, dadas as suas características específicas de concepção. Uma campanha nacional de sensibilização e
promoção nacional através dos meios de comunicação social e das redes empresariais terá como objectivo assegurar
um número suficiente de candidatos de elevada qualidade. A campanha de sensibilização nas universidades e centros
técnicos, incluindo os apoiados no âmbito do próximo Projecto MozSkills, será outro nível importante para atingir uma
elevada procura..

19
planos empresariais.17 Se o programa for bem sucedido na primeira
fase, atraindo candidatos qualificados suficientes, o número de
empresas apoiadas na preparação de planos de negócio poderá ser
superior. Os vencedores serão seleccionados utilizando critérios de
elegibilidade e de desempenho relacionados com o impacto previsto no
emprego, a viabilidade financeira e a rentabilidade, a aptidão
empresarial e a qualidade dos planos de negócios. Tendo em conta as
limitações de recursos, será utilizada uma combinação de selecção
baseada na pontuação dos planos de negócios e de painéis de avaliação
imparciais18. Espera-se que um total de 500 vencedores, pelo menos
metade dos quais são empresas lideradas por mulheres, e que
aumentem a participação das mulheres no
desenvolvimento19empresarial formal.

INJECÇÃO DE CAPITAL E DE COMPETÊNCIAS PARA A CRIAÇÃO DE


EMPREGO

1. A falta de capital é, na sua maior parte, identificada como um dos


principais obstáculos à criação e ao crescimento das empresas20, o
que, por sua vez, tem um impacto negativo na criação de emprego
assalariado. O capital humano dos gestores da empresa está
associado, de forma semelhante, a uma maior probabilidade de
registar um crescimento21 elevado. Os vencedores do CPN receberão
apoio de capital e assistência técnica. A assistência financeira
assumirá a modalidade de subvenção. As discussões actuais, baseadas
em programas semelhantes noutros países e os relatórios do Governo
e do sector privado, fixaram provisóriamente o montante da subvenção
em 1.500.000.00 Mt. Uma avaliação de mercado em curso para
cenários alternativos de crescimento informará o montante final.

17O custo da formação, incluindo transporte e logística, deverá ser de 200 dólares por candidato formado.
18Para garantir transparência, o painel de júri irá incluir membros independentes do sector privado, geralmente com
maior inclusão de empresários estrangeiros ou dos que se encontram na diáspora.
19 Actualmente, somente 17% das empresas formais em Moçambique são detidas maioritariamente por mulheres,

enquanto 28% têm participação feminina na estrutura societária (Inquérito do Banco Mundial às Empresas, 2018).
20 Inquérito às Empresas, 2018 (Mozambique Enterprise Surve). Banco Mundial.
21 Grover, Medvedev, Olafsen. 2019. High-Growth Firms: Facts, Fiction, and Policy Options for Emerging Economies.

Banco Mundial

20
2. A subvenção ajudará as empresas a colmatar o seu défice de
financiamento, assegurando a maximização do financiamento para o
desenvolvimento através da mobilização de capital privado, incluindo
financiamento comercial de bancos, fundos de capital privado,
investidor anjo (Angel Investors).

3. As subvenções serão desembolsadas em parcelas, com base em


relatórios de progresso de implementação comprovados. Os vencedores
receberão também uma bolsa de formação para o desenvolvimento de
competências, personalizado durante os primeiros 12-18 meses. Isto
incluirá serviços de capacitação para melhorar as práticas
empresariais,22 programas de desenvolvimento de competências
socioemocionais23 e formação sobre riscos de violência baseada no
género associados ao desenvolvimento empresarial. Serão incentivados
os mecanismos digitais de transmissão de conhecimentos.

ACOMPANHAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO E MENTORIA

1. O programa acompanhará a execução das subvenções. O programa


irá promover avaliações independentes com um consultor
especializado não ligado ao programa sobre a execução dos planos de
negócios com visitas aleatórias e chamadas telefónicas pontuais. Este
processo independente informará os pagamentos das parcelas. Como
parte deste processo, serão também disponibilizados mecanismos de
recurso (GRM) e formação em gestão de riscos da violência baseada
no género para os trabalhadores.

22 Com base na experiência internacional, isto incluirá tutoria personalizada a empresas com múltiplas visitas de
formadores individualmente atribuídos durante um longo período, para aumentar a qualidade dos planos de negócio.
Estes serviços de consultoria irão acrescentar cinco a sete por cento do custo por empresa ao custo da subvenção.
23 O programa basear-se-á nas provas da iniciativa pessoal e dos programas de formação de auto-confiança, que foram

considerados bem sucedidos em vários contextos em África, bem como na experiência de outros programas de
desenvolvimento de capacidades (ver McKenzie e Woodruff. 2017. "Business Practices in Small Firms in Developing
Countries" (Práticas Empresariais em Pequenas Empresas nos Países em Desenvolvimento). Management Science 63
(9)).

21
2. Com base nas melhores práticas, o CPN será organizado por uma
empresa especializada contratada pela SEJE. Durante a
implementação do programa, a empresa contratada terá a
responsabilidade de criar capacidade e sistemas de administração e
gestão de programas no Ministério da Indústria e Comércio (MIC),
Ministério do Trabalho e Segurança Social e outras entidades
governamentais relevantes na implementação do programa.

PILAR II: APOIO EMPREGO POR CONTA PRÓPRIA (AUTO-EMPREGO)

1. No contexto do EMPREGA, a Actividade de apoio ao auto-emprego


procura aumentar a produtividade e os rendimentos dos jovens no
auto-emprego, subempregados e independentes nos distritos-alvo,
especialmente aqueles em negócios informais e nas empresas de
propriedade feminina. A intervenção proporciona uma combinação de
desenvolvimento de competências e outros serviços de apoio a 20.000
jovens e apoio financeiro a um subconjunto de 4.000 jovens
trabalhadores independentes.

2. Esta actividade dará prioridade aos distritos apresentados no anexo


“A”, concentrando-se nas zonas vulneráveis, mas onde existe acesso a
serviços como as áreas de formação-sugestão de oportunidades
económicas, incluindo pequenas cidades em distritos rurais e bairros
pobres em distritos urbanos. Serão empreendidos esforços para dar
prioridade aos grupos menos favorecidos dentro dos distritos,
especialmente as mulheres. O Programa planeia coordenar com o
Projecto MozSkills e outros do Banco Mundial (P167054) para
potenciar em distritos específicos a capacidade acrescida de formação
das instalações de ensino apoiadas, incluindo o ensino técnico e
profissional e formações que proporcionem cursos de curta duração.

3. Nesta actividade específica, o EMPREGA dará prioridade a soluções de


desenvolvimento de competências transformadoras, incluindo em
áreas técnicas, mas também no tratamento da violência baseada no
género.

22
4. Esta actividade visa igualmente, apoiar o acesso dos jovens ao
desenvolvimento de competências e a outros serviços de apoio, bem
como ajudar a financiar o desenvolvimento de pequenas empresas,
através das seguintes acções

ACESSO À COMPETÊNCIAS.

1. Os jovens de um determinado distrito terão acesso a serviços de


desenvolvimento de competências (técnicas, empresariais e de
competências para a vida) equivalentes a cerca de 20.000.00 Meticais
por beneficiário, para um total de 20 000 jovens beneficiários24
através de fornecedores de serviços governamentais e do sector
privado, bem como a programas de competências transformativas em
termos de género, a fim de reduzir os riscos de violência baesada no
género.25 Será feito um esforço para dispor de serviços técnicos,
empresariais e de competências para a vida. O controlo da qualidade
através de avaliações independentes assegurará com que os serviços
de desenvolvimento de competências estejam ao nível das
necessidades. Os contratos de desempenho terão como objectivo
proporcionar incentivos aos fornecedores de serviços para que
desenvolvam esforços no sentido de aumentar a conclusão dos
cursos.

2. A actividade das bolsas formativas promoverá o desenvolvimento das


ofertas dos serviços de competências que têm maiores probabilidades
de êxito. É o caso dos novos tipos de formação, raramente disponíveis
para jovens vulneráveis em Moçambique, mas que podem ter retornos
importantes na sua produtividade. A equipa que lidera a intervenção

24 Este montante foi definido com base nos seguintes critérios: a) Custo médio dos serviços específicos, em especial da
formação técnica e profissional; b) Custos médios de arranque das pequenas empresas; e c) Experiência internacional
na região.
25 As intervenções podem incluir aspectos desenvolvidos para grupos-alvo semelhantes noutros contextos em África,

incluindo (a) uma reflexão crítica sobre as normas de género e a forma como estas moldam as vidas; (b) o ensaio de
atitudes e comportamentos equitativos e não violentos num espaço confortável com pares solidários; e (c) a
internalização destas novas atitudes e comportamentos de género e a sua aplicação nas vidas e relações. Está previsto
um total de 1 milhão de dólares para formação relacionada com a violência baseada no género, para além das outras
actividades de desenvolvimento de competências.

23
numa determinada região apoiará os jovens no processo de tomada
de decisão em torno dos programas.

ACESSO À SUBVENÇÃO

4. Os jovens que beneficiam de formação em distritos específicos


poderão concorrer a um subsídio através da apresentação de um plano de
negócios. Dos 20.000 jovens formados, espera-se que cerca de 4 000 sejam
seleccionados para receber um subsídio equivalente a 65.000,00 Mt.

PILAR III: ACTIVIDADES AUXILIARES

1. Estágios Profissionais remunerados

Para fortalecer os mecanismos de inserção no mercado no trabalho, 10.000


estágios profissionais serão finanaciados para que jovens recém -graduados
tenham oportunidade de praticar os seus conhecimentos e aceder e ou criar
oportunidades de emprego.

2. Apoio ao Empreendedorismo orientado para raparigas vulneráveis


Ainda no contexto do emprega, jovens mães – vulneráveis beneficiarão de
um programa de empoderamento e educação financeira e para gestão de
negócios com objectivo de atibuir lhes novos conhecimentos e recursos para
a promoção do empreendedorismo feminino.

XI. RESULTADOS ESPERADOS

1. Este projecto é impulsionado pelo papel fundamental que os jovens


podem desempenhar na geração e aproveitamento do dividendo
demográfico em Moçambique. As elevadas taxas de uniões
prematuras e de gravidez na adolescência contribuem para a elevada
taxa de fecundidade no país e limitam os investimentos no capital
humano, especialmente nas raparigas. Para além das uniões
prematuras e da gravidez, vários outros factores conduzem a baixos
níveis de educação e a elevadas taxas de desistência escolar,

24
especialmente entre as raparigas. Para que os dividendos
demográficos se materializem, os jovens terão também de ter acesso
a empregos mais produtivos. Assim, este programa centra-se no
aumento da educação e empoderamento dos jovens e no investimento
em capital humano, bem como na capacitação para o acesso ás
oportunidades de emprego e auto emprego.

2. Em termos críticos, os constrangimentos para alcançar o


empoderamento, a educação e o emprego são múltiplos e estão inter-
relacionados e afectam os indivíduos de forma diferente e em
diferentes fases das suas vidas. O projecto prevê, por conseguinte,
um pacote de actividades diferente em função da idade e da origem
dos jovens.

Quadro 1. Actividades, realizações e resultados


CARACTERÍSTICAS COMPETIÇÃO DE PLANOS DE NEGÓCIO
Grupo alvo é composto por empresas de jovens
DESCRIÇÃO
actuando em todos os sectores.
Espera-se a participação de 10.000 candidatos,
3500 formados e 500 empresas de jovens
vencedores.
Subvenções no montante máximo de
FINANCIAMENTO
1.500.000.00 Mt para Investimento de Capital
Serviços conexos são compostos por pacotes de
Informação, orientação em competências, acesso a
serviços de mercado, mentoria.
Potencial criação de até 20.000 empregos
EMPREGOS
assalariados directos, dignos e sustentáveis, com
EESPERADOS
possibilidade de mais empregos, incluindo 10.000
estágios remunerados.
MIC, MEF, MCETP, MITSS
PARCEIROS

25
REGIÃO DESCRIÇÃO BENEFICIÁRIOS EMPREGO
ESPERADO

Zona Sul Bolsas formativas 5.000 bolsas


Financiamento 1.000 beneficiários
(pequenas subvenções)
Zona Centro Bolsas formativas 7.000 bolsas
Financiamento 1.400 beneficiários Cerca de
(pequenas subvenções) 30.000

Zona Norte Bolsas formativas 8.000 bolsas empregos


criados
Financiamento 1.600 beneficiários
(pequenas subvenções)

3. Considerando a grande variedade de benefícios que podem ser


esperados, os cálculos de custo-benefício são, muito provávelmente,
uma sub-estimativa dos benefícios gerais do programa. Existem
muitos benefícios monetários e não-monetários que podem ser
esperados das actividades deste Programa. Espera-se que as
actividades resultem em benefícios monetários e não em ganhos (por
exemplo, aumento nos activos da empresa).

Quadro do Orçamento 2020-2025

N° Actividade USD
2.1 Competição de Planos de Negócio 16.050.000.00
2.1.1 Financiamentos 14.000.000.00
2.1.2 Treinamento de candidatos 2.050.000.00
2.2 Apoio auto Emprego 10.500.000.00
2.2.1 Bolsas formativas 7.100.000.00
2.2.2 Subvenções 3.400.000.00
2.3 Actividades auxiliares 1.000.000.00
TOTAL 27.550.000.00

26
Quadro de Metas e Indicadores

LINHA
DESCRIÇÃO DE BASE ANOS DE IMPLEMENTAÇÃO METAS
Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Beneficiários treinados pelo CPN (Número) 0 100 1.000 1.500 900 3.500
Beneficiários formados pelo CPN, do sexo feminino (Número) 0 50 500 750 450 1.750
Número de beneficiários (empresas) que recebem apoio 0 20 140 215 130 500
financeiro do CPN, em geral (Número)
Número de beneficiários (empresas) que recebem apoio 0 10 70 105 65 250
financeiro do CPN, feminino (Número)
Número de jovens que recebem treinamento para emprego 0 1.000 5.000 10.000 4.000 20.000
produtivo através da sub-componente 2.1 (Número)
Número de jovens que recebem apoio financeiro através da 0 200 800 2.000 1.000 3.400
sub-somponente 2,2 (Número)
Apoio ao Empreendedorismo feminino (CRI, Número) 0 0 3.000 11.500 19.500 19.500
Beneficiários do apoio ao empreendedorismo feminino (CRI, 0 0 0 1.500 5.750 5.750
Número)
XII. PONTOS FOCAIS DO EMPREGA

O ponto focal do Programa EMPREGA é responsável por garantir o fluxo de comunicação


e informação no nível provincial ou distrital entre os diversos intervenientes na
implementação do programa, principalmente o nível provincial, INJ, os SPJT, a DPJED,,
outras direcções provinciais, o parceiro de implementação, e outros provedores de serviços
contratados pelo INJ.

O ponto focal do Programa EMPREGA actua na dependência directa do Director doscom


conhecimento do Director dos Serviços Distritais de Actividades Económicas, mantendo
uma coordenação técnico – operacional com o Chefe de Departamento de Programas do INJ
e os técnicos da Unidade de Gestão do Projecto (UGP).

PAPEL E RESPONSABILIDADE

• Apoiar institucionalmente e monitorar com base nos indicadores do projecto,as


actividades e os resultados do parceiro de implementação nas tarefas sob sua
responsabilidade bem como assegurar que as lições aprendidas são partilhadas para
efeitos de analise e aprendizagem do INJ;

• Apoiar no processo de identificação, cobertura e documentação de histórias de


mudança, incluindo a preparação/realização de entrevistas, fotografias ou filmagem
(sempre que for necessário);

• Manter um bom fluxo de comunicação e informação com o INJ, os parceiros de


implementação, provedores de serviços, colegas envolvidos no programa,
promovendo um ambiente de trabalho baseado na colaboração e apoio mútuo;

• Manter altos princípios éticos e de integridade na requisição, utilização e justificação


de recursos financeiros colocados sob sua gestão;

• Preencher as matrizes de monitoria e avaliação do grau de cumprimento das


actividades planificadas;

• Apoiar na identificação e estabelecimento de parcerias/colaboração com todas


iniciativas e programas (governamentais e não governamentais) viradas ao
empoderamento da juventude, em especial da rapariga, adolescente e mulher jovem;

• Garantir a colaboração/parceria com a Direcção Provincial de Indústria e Comércio


(DPIC); Direcção Provincial de Trabalho (DPT); DPGCAS (áreas de Género e
VBG);

• Participar em encontros técnicos no nível provincial, dos diversos fóruns de


coordenação de programas criação e promoção de oportunidades económicas para
jovens e formação profissional;

• Apoiar na implementação e disseminação dos Manuais de Procedimentos das


actividades da Competição de Planos de Negócio, Bolsas Formativas, Estágios
Profissionais Remunerados e Subvenções para Formalização de Negócios;

• Garantir as condições técnicas e administrativas para o processo de dissemeniação


da informação para recrutamento, selecção e apuramento dos jovens beneficiários de
cada actividade.

XIII. SALVAGUARDAS AMBIENTAIS E SOCIAIS

1. O Projecto classifica-se como de Categoria C, Baixo Risco. Isto deve-


se à natureza das actividades susceptíveis de ter um impacto
ambiental ou social mínimo ou nulo. Além disso, estes impactos
mínimos são considerados específicos do local, temporários,
reversíveis e facilmente evitáveis através de medidas de rotina. Apesar
destas, para assegurar que o programa não financia qualquer
projecto que cause impactos ambientais significativos e/ou adversos,
foi elaborada uma Lista Negativa para as actividades relevantes para
os candidatos ao CPN, que será finalizada no programa de acção de
implementação.

2. Ainda no contexto do CPN, será ajustado o já existente questionário


de Triagem Ambiental para garantir que mesmo as actividades
elegíveis não apresentem riscos ambientais ou não causem impactos
negativos.

3. A Lista Negativa final e o Questionário de Triagem Ambiental serão


incluídos no Programa de Avaliação de Desempenho Ambiental dos
projectos submetidos no âmbito da Comeptição de Planos de
Negócios.

4. No contexto da implementação do EMPREGA, quaisquer casos de


assédio enquadrados na violência sexual baseada no gênero e ou de

1
uso de mão -de-obra infantil, serão aplicadas as medidas emanadas
na legislação específica vigente na República de Moçambique

5. Será disponibilizado uma abordagem que incluirá a elaboração de


orientações para a gestão ambiental, social e de saúde e segurança,
bem como a formação e o reforço institucional a mais longo prazo. Já
foi contratado um especialista em salvaguardas ambientais e sociais,
a nível central, que será responsável pelo controlo de todas as
actividades de cumprimento das garantias ao abrigo das políticas do
Banco Mundial e da legislação ambiental do Governo de Moçambique.

6. Além disso, a SEJE indicará pontos focais de protecção nas


autoridades a nível provincial e distrital (o pessoal já envolvido no
projecto a esses níveis receberá formação básica em matéria de
protecção) a fim de assegurar o cumprimento e a apresentação de
relatórios. Por último, a(s) empresa(s) privada(s) contratada(s) para
implementar e supervisionar o CPN deverá(ão) ter na sua equipa um
ponto focal especializado e de protecção, respectivamente, para
verificar o cumprimento da Lista Negativa e do Questionário de
Avaliação Ambiental.

7. O processo de resolução de queixas inicia, regra geral, com a


apresentação da queixa pelo beneficiário ou outra pessoa com
legitimidade para apresentar queixa sobre qualquer questão relativa
à concepção, implementação, monitoria e avaliação do PROGRAMA.

2
XIV. REDUÇÃO E MITIGAÇÃO DOS RISCOS DA COVID-19.

A implementação do EMPREGA foi ajustada à luz do desenrolar da crise da


COVID-19, que pode limitar algumas das actividades e priorizar outras. Isso
pode ocorrer se: (i) formações e outros eventos que impliquem encontros de
pessoas não puderem ser implementados de forma presencial; (ii) é
necessário priorizar intervenções de emergência para apoiar os micro-
empresários, incluindo o fornecimento de subvenções em dinheiro.

A SEJE, e o Banco Mundial comunicarão aos parceiros de implementação


sobre a necessidade de ajustar as actividades do Programa antes da
implementação.

Caso as formações e outras reuniões não puderem ocorrer presencialmente,


será adicionado um mecanismo para implementar um Programa similar,
garantindo distanciamento social e observando orientações internacionais
sobre como as actividades podem ser implementadas com sucesso sem
colocar em risco a saúde dos parceiros e participantes da implementação.
Essas mudanças precisariam ser acordadas com os prestadores de serviços,
seguindo um processo similar. Os prestadores de serviços que não
cumprirem essas normas não serão contratados. O orçamento pode ser
revisto para que as formações se adaptem ao uso de ferramentas digitais
que podem abranger mais pessoas ao mesmo tempo. Outros tipos de
actividades também podem ser considerados em alternativa aos serviços
presenciais ou formações online, desde que respeitem as práticas padrão de
saúde, segurança e prevenção da COVID-19.

3
ANEXO “A”
Lista de distritos seleccionados
Província Distrito
1 Manica Barue
2 Manica Cidade de Chimoio
3 Manica Gondola
4 Manica Macate
5 Manica Machaze
6 Manica Macossa
7 Manica Manica
8 Manica Mossurize
9 Manica Tambara
10 Manica Vanduzi
11 Maputo Cidade Municipal KaMaxakeni
12 Maputo Província Manhiça
13 Maputo Província Cidade Da Matola
14 Maputo Província Matutuíne
15 Nampula Cidade de Nampula
16 Nampula Larde
17 Nampula Liupo
18 Nampula Memba
19 Nampula Mogincual
20 Nampula Moma
21 Nampula Monapo
22 Nampula Murrupula
23 Nampula Namapa–Eráti
24 Nampula Ribaué
25 Nampula Rapale
26 Sofala Búzi
27 Sofala Caia
28 Sofala Cheringoma
29 Sofala Chibabava
30 Sofala Cidade da Beira

4
Província Distrito
31 Sofala Maríngue
32 Sofala Marromeu
33 Sofala Nhamatanda
34 Zambezia Cidade de Quelimane
35 Zambezia Gurué
36 Zambezia Ile
37 Zambezia Inhassungue
38 Zambezia Maganja da Costa
39 Zambezia Milange
40 Zambezia Mocubela
41 Zambezia Molumbo
42 Zambezia Mopeia
43 Zambezia Mulevala
44 Zambezia Nicoadala
45 Cabo Delgado Cidade de Pemba
46 Cabo Delgado Pemba Metuge
47 Cabo Delgado Mecufi
48 Cabo Delgado Mueda
49 Cabo Delgado Montepuez
50 Cabo Delgado Chiúre
51 Niassa Lichinga
52 Niassa Mandimba
53 Niassa Marrupa
54 Niassa Mecula
55 Niassa Mecanhelas

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