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O maior desafio do Governo, continua a ser a execução da sua segunda estratégia de
redução da pobreza, PARPA II (2006-2009), bem como promover o crescimento
alargado através do empoderamento dos cidadãos e instituições.
No ano em questão, o relatório citado, aponta que 16.091 milhões de Meticais foram
aplicados em despesas com o pessoal, sendo salários, remunerações e outras
despesas dos funcionários públicos.
Sabe-se contudo que o país tinha em 2007, cerca de 182.952 funcionários públicos,
contra 170.934 do ano de 2006. Sabe-se também que, o Sector da Educação emprega
a maior parte dos funcionários públicos, com cerca de 111.198, correspondentes a 61%,
seguido pela Saúde, com cerca de 25.965 funcionários.
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Ministério da Planificação e Desenvolvimento, Estratégia de Desenvolvimento Rural, Aprovada pelo
Conselho de Ministros a 11 de Setembro de 2007, Maputo, pag. 1.
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Moçambique é um país onde as contas numéricas, o desempenho da função pública e
a realidade sócio económica não dão certo, nem entram em coerência.
No lado da Corrupção, dos vários casos denunciados, nenhum deles teve o devido
tratamento jurídico, sendo que a unidade criada para o efeito acabou sendo
desacreditada pelos tribunais por não ter o mandato de acusar crimes, tarefa da
magistratura do ministério público, mesmo sabendo que o tal gabinete é composto por
procuradores designados para o efeito e ainda afectos à procuradoria.
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dos piores do mundo (com 43.8 pontos), chegando a estar abaixo de Zimbabwe (com
45.8 pontos) onde a violação dos Direitos Humanos é sistemática.
Quanto ao alcance das Metas do Milénio, embora o Governo continue optimista, está
severamente minado pela corrupção, pelos desastres naturais, pelo aumento do preço
dos combustíveis, aumento dos preços de produtos alimentares no mercado
internacional e as pressões de gastos nos próximos pleitos eleitorais. Lembrar que entre
os anos de 2008 e 2010, o país conhecerá três momentos eleitorais, sendo primeiro
para as Assembleias Provinciais, segundo para as Autarquias locais e por fim para as
Presidenciais e Legislativas. Isto implica que no plano em favor das Metas dos
Objectivos do Milénio, se reflicta também, não só no aumento da produção, como
também na transparência na aplicação do fundos para tais eleições.
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Aliado aos baixos salários, está a injustiça social, que se agrava com o
encrudescimento do fosso entre cidadãos com mínimas condições de sobrevivência e
aqueles que vivem na absoluta penúria.
O custo de vida no país é extremamente alto, não estando no alcance de mais de 60%
da população que vive nas zonas rurais e sobrevive graças a uma agricultura de
subsistência, efectuada sem nenhuma tecnologia moderna.
O tal custo, veio a gravar-se com a drástica subida dos preço dos combustíveis líquidos
no país, em Janeiro, chegando a atingir uma percentagem máxima de 19%. Tal
situação, implicou a subida do preço de produtos básicos como o trigo e o arroz, assim
também como o dos transportes públicos, o que revoltou de forma incalculável a
população que entre os dias 5 e 8 de Fevereiro levantaram uma forte manifestação na
cidade de Maputo, com réplicas em vários pontos do país, protestando o alto índice do
custo de vida e o baixo poder aquisitivo dos moçambicanos.
Para responder a crise do trigo e dos seus altos preços, o Governo Moçambicano
desenhou um projecto de 503 milhões de Meticais que prevê produzir até 2014 mais de
225.000 toneladas por ano, numa área que vai atingir mais de 108.000 hectares.
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qualidade de vida dos cidadãos, da esperança de vida das pessoas, agravamento da
situação de saúde, educação, emprego entre outros.
Segundo a mesma fonte, estima-se que mais de 100 crianças moçambicanas são
traficadas por mês com destino a África do Sul ou passando por ela, sendo
posteriormente usadas para exploração sexual, trabalho escravo ou até extracção de
órgãos. Só em Abril deste ano é que o parlamento nacional aprovou a lei sobre o
Tráfico de Pessoas, em particular Mulheres e Crianças.
Para dar vazão a situação da criança no país, o governo ainda não apresentou uma
proposta clara e inclusiva que a curto prazo possa desafiar a pobreza infantil através de
aplicação de recursos económicos na melhoria da saúde e bem estar das crianças,
sabendo que diariamente centenas delas morrem de HIV/SIDA, malária, fome,
calamidades naturais e por falta de cuidados maternos no momento do parto.
Paralelamente, a UNIFEM, Fundo das Nações Unidas para a Mulher, indicou que um
terço das mulheres moçambicanas continua sendo vítima da violência, mesmo sabendo
que essa cifra significa só a ponta do iceberg já que muitas mulheres vivem intimidadas.
O país não possui nenhum quadro legal para a protecção da mulher vitima de violência,
o que deixa impunes todos os perpetradores de actos que atentem contra os direitos
humanos das mulheres.
A pobreza moçambicana tem cara da mulher, sendo essa também uma das causa-
efeito da desigualdade do género. Últimos dados de desenvolvimento humano indicam
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que próximo de um terço das mulheres moçambicanas é que sabe ler e escrever,
sabendo que do universo da mulher rural em Moçambique, cerca de 81% é analfabeta.
Este baixo nível de escolarização é também um factor de exclusão no acesso ao uso
das Tecnologias de Informação e Comunicação.
Para agravar a situação, o país aderiu a revolução verde e a cultura da Jatropha para a
produção de bio-combustíveis, o que em muitas situações substitui campos férteis para
o cultivo de cereais e outros produtos de alimentação populacional em plantações de
matéria prima para cultivar bio-combustíveis. Quanto a produção da Jatropha, de
acordo com comunicados do Governo, serão investidos, para o efeito, em 2008 cerca
de cento e sessenta milhões de dólares nas províncias de Nampula e Sofala. Enquanto
que 10 companhias petrolíferas envolvidas na pesquisa de petróleo em Moçambique
pretendem investir também neste ano mais de 150 milhões de Euros em actividades de
prospecção.
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A ideia de que o crescimento do PIB significa avanços económicos pode estar de certa
forma a retirar responsabilidades a quem tem o dever de elaborar e implementar
políticas públicas participativas e inclusivas no sentido de melhorar a vida dos cidadãos.
Mais do que concentrar todas acções no crescimento do PIB, a situação sócio
económica de Moçambique, que ilustra um povo duramente acoitado pela pobreza e
pela miséria, impera que o Estado se empenhe na redução das desigualdades sociais e
principalmente na redução da desigualdade da renda, proporcionando ao mesmo tempo
oportunidades a todos os cidadãos, no sentido de terem acesso a uma educação de
qualidade, a serviços de saúde eficientes e uma garantia de segurança social.