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Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais

1º Quadrimestre de 2016

ISSN 2447-3294
Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais Belo Horizonte Ano 9 n. 2 p. 1-104 jul. 2016
© 2005 FJP
É permitida a reprodução dos dados publicados desde que citada a fonte.

SINAIS CONVENCIONAIS
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- Disponível também em: <http://www.fjp.mg.gov.br>

CAPA
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Wagner Bottaro

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Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais.


/Fundação João Pinheiro, Centro de Estatística e
Informações. -v. 1, n.1, (jan./mar.2008). -
Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, Centro de
Estatística e Informações, 2008-

Trimestral (2008-2014), quadrimestral (2015-)

ISSN 2447-3294

1. Economia - Minas Gerais: Periódicos. I. Fundação


João Pinheiro. Centro de Estatística e Informações.

CDU: 33(815.1)

Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Governador
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SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO


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FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO


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DIRETORIA DE PLANEJAMENTO, GESTÃO E FINANÇAS


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CENTRO DE ESTATÍSTICA E INFORMAÇÕES


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PENNA
Diretora
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ESCOLA DE GOVERNO PROFESSOR PAULO NEVES DE CARVALHO


Diretora
Letícia Godinho de Souza

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL


Assessora
Olívia Bittencourt

iii Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


SUMÁRIO

RECUPERAÇÃO ECONÔMICA GLOBAL EM MARCHA LENTA COINCIDE COM


AUGE DA CRISE POLÍTICA NO BRASIL ............................................................................... 05

TENDÊNCIAS FAVORÁVEIS AO DESEMPENHO DA AGROPECUÁRIA DE MINAS


GERAIS EM 2016 ........................................................................................................................ 22

DESEMPENHO DA INDÚSTRIA MINEIRA: PRIMEIRO QUADRIMESTRE DE 2016 ....... 35

VALOR ADICIONADO DO TURISMO DE MINAS GERAIS: UM CÁLCULO COM OS


COEFICIENTES DE ATENDIMENTO TURÍSTICO ................................................................ 59

ANÁLISE DO DINAMISMO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL DE MINAS GERAIS .... 72

IMPACTOS DA CRISE ECONÔMICA NAS FINANÇAS PÚBLICAS DE MINAS GERAIS 82

EVOLUÇÃO RECENTE DO MERCADO DE TRABALHO EM MINAS GERAIS ................ 94

iv Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


RECUPERAÇÃO ECONÔMICA GLOBAL EM MARCHA LENTA COINCIDE COM
AUGE DA CRISE POLÍTICA NO BRASIL

Raimundo de Sousa Leal Filho1

Resumo:

Este artigo descreve, com os padrões observados nos dados mais recentes disponíveis, a evolução
dos principais indicadores macroeconômicos da economia mundial, com particular atenção à
situação da economia brasileira. São discutidos os últimos resultados dos indicadores relativos à
variação do Produto Interno Bruto (PIB) dos países, dos componentes da demanda agregada, das
taxas de desemprego e dos índices de preços. A observação dos dados é consistente com a hipótese
de que está em curso um terceira onda de desaceleração econômica global, comandada pelo impacto
da redução e recomposição setorial do crescimento na China, à qual se sobrepuseram no caso
brasileiro os efeitos da paralisia decisória, no governo e no setor privado, associados ao
aprofundamento da crise política ao longo de 2015.

Palavras-chave: Economia Mundial, Economia Brasileira, Indicadores Macroeconômicos.

Abstract:

This paper describes, with observed patterns in most recent available data, the evolution of main
macroeconomic indexes for the world economy, with particular focus at Brazilian circumstances.
Last results with respect to countries' Gross Domestic Product (GDP) variations are discussed, as
well as aggregate demand components, unemployment rates and prices indexes. Data observation is
consistent with the following hypothesis: the world economy is now facing a third wave of global
economic deceleration, commanded by the impacts from slowdown and sectoral rearrangement of
growth in China. In the Brazilian case, these impacts were compounded with decisive paralysis,
both in government and in the private sector, related to the deepening of its political crisis during
2015.

Keywords: Economia Mundial, Economia Brasileira, Indicadores Macroeconômicos.

1
Pesquisador da Fundação João Pinheiro. Email: raimundo.sousa@fjp.mg.gov.br.

5 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


1. INTRODUÇÃO

Este artigo apresenta os dados mais recentes relativos ao crescimento econômico dos
países e grupos de países com maior peso na economia mundial, tanto na periodicidade anual
quanto trimestral, e no que diz respeito tanto ao nível de atividade mensurado quanto às projeções
para do desempenho produtivo ao longo do ano em curso.2 O objetivo deste breve panorama acerca
da evolução recente destes indicadores é extrair inferências que ajudem a compreender a influência
dos atuais condicionantes externos sobre os resultados econômicos observados na economia
brasileira e, por implicação, na própria economia de Minas Gerais.

Este cenário mais amplo é completado com a apresentação dos indicadores de


desemprego e de variação do nível geral de preços para o grupo de países que fazem parte da
OCDE.3 Na segunda seção deste artigo estas informações são organizadas e confrontadas, teórica e
empiricamente, com algumas das principais análises que vêm sendo produzidas sobre a conjuntura
da economia internacional.

Na terceira seção, indicadores macroeconômicos específicos da economia brasileira


são atualizados, e inferências derivadas da seção anterior são complementadas com dados e
informações locais, que envolvem desde considerações sobre os efeitos de fatores climáticos, de
desastres ambientais, de elementos da conjuntura política, etc. até a análise macroeconômica mais
tradicional sobre os efeitos das mudanças de política econômica.

2. RECUPERAÇÃO ECONÔMICA GLOBAL EM MARCHA LENTA

Os dados consolidados para o desempenho da economia mundial em 2015 revelam


que o ano passado foi o de menor crescimento econômico (3,1%) desde o auge da crise em 2009, e
as projeções para 2016 indicam que não se espera melhora significativa no curto prazo.4 Este
resultado reflete o impacto do que chamamos em edições anteriores deste boletim de "terceira onda
de desaceleração global": a primeira tendo sido a crise financeira original (2007-2009), a segunda a

2
No caso de alguns dos países para os quais a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE
nas línguas portuguesa e francesa, OECD na língua inglesa) publica indicadores econômicos desagregados por
componentes da demanda agregada, a evolução dos índices de volume do consumo das famílias, da formação bruta de
capital fixo, do consumo do governo e das exportações e importações de bens e serviços também é detalhada.
3
Com respeito à taxa de desemprego no Brasil, foi necessário efetuar o procedimento de ajuste sazonal sobre os dados
primários extraídos Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), publicada pelo IBGE, para
viabilizar a comparação internacional, embora subsistam diferenças metodológicas entre a operacionalização
conceitual de desemprego utilizada na PNADC e a metodologia harmonizada utilizada pela OCDE.
4
Cf. dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), as taxas de crescimento da economia mundial no período recente
foram: 5,4% (2010), 4,2% (2011), 3,5% (2012), 3,3% (2013), 3,4% (2014), e 3,1% (2015). Para 2016 é projetada uma
taxa de crescimento de 3,1% (WEO Data, edição de abril de 2016).

6 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


crise europeia (2011-2013), e a atual (2014-?) comandada pelo impacto da redução e recomposição
setorial do crescimento econômico chinês sobre o “resto do mundo”.

O "segundo motor" da economia mundial, ativado pela recuperação econômica dos


Estados Unidos, não cria impulso suficiente para os demais países. De 1,5% em 2013, a taxa de
variação do PIB estadunidense estabilizou-se em 2,4% no último biênio, mesmo ritmo de
crescimento que se projeta para 2016 (tab. 1).

Tabela 1: Taxas de variação do Produto Interno Bruto e projeções – países e grupos de países
selecionados – 2011–2016
(Em %)
2016
Países ou Grupos de Países 2013 2014 2015
Jan. 16 Abr. 16
África do Sul 2,2 1,5 1,3 0,7 0,6
Alemanha 0,4 1,6 1,5 1,7 1,5
América Latina e Caribe 3,0 1,3 -0,1 -0,3 -0,5
ASEAN-5 (1) 5,1 4,6 4,8 4,8 4,8
Brasil 3,0 0,1 -3,8 -3,5 -3,8
Canadá 2,2 2,5 1,2 1,7 1,5
China 7,7 7,3 6,9 6,3 6,5
Espanha -1,7 1,4 3,2 2,7 2,6
EUA 1,5 2,4 2,4 2,6 2,4
França 0,7 0,2 1,1 1,3 1,1
Índia (2) 6,6 7,2 7,3 7,5 7,5
Itália -1,7 -0,3 0,8 1,3 1,0
Japão 1,4 0,0 0,5 1,0 0,5
México 1,3 2,3 2,5 2,6 2,4
Reino Unido 1,7 2,9 2,2 2,2 1,9
Rússia 1,3 0,7 -3,7 -1,0 -1,8
Outras Economias Avançadas (3) 2,3 2,8 2,0 2,4 2,1
Zona do Euro (4) -0,3 0,9 1,6 1,7 1,5
Fonte: Fundo Monetário Internacional (FMI) - World Economic Outlook: Too Slow for Too Long, Abr. 2016.
(1) Associação das Nações do Sudeste Asiático (The Association of Southeast Asian Nations), formada por Indonésia, Filipinas, Malásia, Tailândia e
Vietnam. (2) Projeções para Índia com base no ano fiscal e não no ano calendário (3) Austrália, Cingapura, Coréia do Sul, Dinamarca, Hong Kong,
Islândia, Israel, Nova Zelândia, Noruega, Republica Tcheca, San Marino, Suécia, Suíça, e Taiwan. (4) A Zona do Euro foi criada em 01/01/1999,
reunindo Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Portugal. Posteriormente, ingressaram
Grécia (2001), Eslovênia (2007), Chipre (2008), Malta (2008), Eslováquia (2009) e Estônia (2011), sempre no primeiro dia de cada ano. Bulgária,
Dinamarca, Letônia, Lituânia, Hungria, Polônia, Reino Unido, República Checa, Romênia e Suécia fazem parte da União Europeia, mas não utilizam
a moeda comum.

Embora suficiente para consolidar a melhoria do seu mercado de trabalho, com forte
expansão do nível de emprego e, mais recentemente, reativação da participação da população em
idade ativa na força de trabalho, a fraqueza da recuperação econômica nos Estados Unidos foi um
dos determinantes da recente redução do ritmo de crescimento na economia global. Uma particular
fonte de preocupação se relaciona com o declínio do investimento corporativo, que transbordou
para além do setor de energia no último trimestre de 2015 e no primeiro trimestre de 2016.

Incluindo os gastos com formação de capital na indústria do petróleo, o volume total


de investimento privado não-residencial retraiu nos Estados Unidos (em taxas anualizadas),
respectivamente, 2,1% e 4,5% nos dois trimestres considerados. Especificamente na construção de
estruturas produtivas no setor privado, o volume de gasto retraiu 5,1% e 7,9% nos Estados Unidos;
enquanto que na aquisição de equipamentos foram observadas variações negativas de 2,1% e 8,7%;

7 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


por outro lado, nas compras de produtos de propriedade intelectual (software e outros) houve ligeira
contração, de 0,2%, do nível de investimento no quarto trimestre de 2015 seguida por expansão de
4,4% dos gastos no primeiro trimestre de 2016.5

A relativa fraqueza do investimento corporativo nos Estados Unidos, apesar de se


haver agravado desde o último trimestre de 2015, não é um problema recente, mas antes uma
característica estrutural do desempenho macroeconômico deste país no período pós-crise: um
indicador deste fato é dado pela trajetória da taxa de crescimento real da formação bruta de capital
fixo privado não-residencial, de 9,9% ao ano (a.a.) em média no período 1995-2000 para 2,4% a.a.
no período 2000-2007 e apenas 1,6% a.a. no período 2007-2015.6

Em consonância com a trajetória dos gastos de investimento, também se observa


perda expressiva na capacidade da economia estadunidense obter ganhos de produtividade. A taxa
de crescimento real da produtividade total dos fatores (PTF) no setor privado não-agrícola, que
praticamente não se havia alterado, de 1,5% a.a. no período 1995-2000 para 1,4% no período 2000-
2007, retraiu-se para apenas 0,4% a.a. no período 2007-20157 (Bureau of Labor Statistics/US
Department of Labor, 2016).

Estas tendências interagem entre si e se reforçam, além refletirem os problemas


crônicos da economia norte-americana sob hegemonia política e ideológica do neoliberalismo: a
perda de dinamismo no setor corporativo não-financeiro tem o potencial de reduzir os investimentos
em inovação, ao mesmo tempo em que afeta a capacidade da economia real gerar empregos de
classe média e amplia a desigualdade de renda.

Há também a tendência de longo prazo de aumento da pobreza nos Estados Unidos, e


é sabido que famílias em condições de privação, tudo o mais constante, investem menos em
educação e estão sujeitas a condições muito mais restritivas de mobilidade social (Alichi, 2016).

Em conjunto, estes fatores implicam a insuficiência do mercado de trabalho como


fonte sustentada de geração de demanda agregada e tornam o consumo das famílias dependente dos
ciclos de crédito para sua expansão. Este resultado, por sua vez, deprime as perspectivas de

5
US Department of Commerce, Bureau of Economic Analysis. News Release, 28/06/2016, Tabela 1, p. 5.
6
Cálculo próprio, a partir dos dados primários das NIPA Tables (Revisão de 28 de Junho de 2016) do Bureau of
Economic Analysis, agência vinculada ao Departamento de Comércio do Governo dos Estados Unidos. Cf.:
http://bea.gov/iTable/iTable.cfm?ReqID=9&step=1#reqid=9&step=3&isuri=1&904=1995&903=3&906=a&905=201
5&910=x&911=0, Acesso em 30 Jun, 2016.
7
A queda da produtividade no período pós-crise tem sido documentada de forma generalizada na economia global, e
não é específica da economia estadunidense. Veja-se, a respeito, Einchengreen, Park & Shin (2015).

8 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


crescimento das vendas no longo prazo e reforça a perda de dinamismo do investimento no setor
corporativo privado não-financeiro.

Os dois outros "motores" da economia mundial se encontram praticamente parados: a


economia japonesa não consegue crescer por mais de dois anos consecutivos desde o auge da crise
financeira em 2008, e os vinte e oito países da União Europeia conseguiram crescer a uma média de
1,6% a.a. durante o último biênio em parte porque recuperavam a capacidade ociosa criada pela
crise do euro no triênio 2011-2013 (tab. 1).

No caso da China, os transbordamentos globais do seu realinhamento produtivo não


refletem apenas o menor ritmo de crescimento do seu produto agregado. Como existe um forte
conteúdo de importações na oferta total de produtos que se destinam ao investimento e às
exportações em sua economia, o impacto sobre fornecedores de matérias-primas e de bens
intermediários às cadeias produtivas da construção civil e da metalomecânica chinesas foi
desproporcional, e determinante tanto para a redução de mais de 60% (em média) nos preços de
commodities metálicas entre 2011 e 2015 quanto para geração de excesso de capacidade global no
setor siderúrgico.8

Além disso, a reafirmação geopolítica e militar da Rússia produziu sanções


econômicas de parceiros comerciais importantes, que agravaram os impactos do colapso nos preços
do petróleo; no Brasil a desorganização do arranjo político montado desde a redemocratização
atuou como importante fator exógeno que aprofundou o ajuste cíclico iniciado no segundo semestre
de 2013, forçando a transição de uma situação de estagnação econômica em 2014 para recessão
aberta em 2015.

Para 2016, as projeções iniciais de desempenho macroeconômico de grande parte dos


países com maior peso na economia mundial foram revistas para baixo, tanto em relação às
prevalecentes ao início do ano quanto em relação aos resultados mensurados para 2015 (tab. 1).

Na comparação entre o primeiro trimestre de 2016 e o último de 2015, houve


desaceleração na África do Sul, Bélgica, China, Colômbia, Coréia do Sul, Eslováquia, Eslovênia,
Estônia, Grécia, Hungria, Indonésia, Nova Zelândia, Polônia, Reino Unido, Suécia, Suíça e Turquia
(tab. 2).

8
Estima-se que as importações chinesas respondiam por 40% da demanda global por commodities metálicas em 2014
(Fundo Monetário Internacional, 2016), e que a absorção chinesa de bens e serviços produzidos no resto do mundo
tenha correspondido em 2015 a somente um terço da registrada em 2012 devido ao colapso da parcela importada
referente a minerais, aço e cimento (Machado, 2016).

9 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Tabela 2: Produto Interno Bruto: taxa de variação – países selecionados – 4º trim. 2014–1º trim.
2016
Em % (base: trimestre anterior na série com ajuste sazonal)
Países 2014:4 2015:1 2015:2 2015:3 2015:4 2016:1
África do Sul 1,0 0,5 -0,5 0,1 0,1 -0,3
Alemanha 0,6 0,4 0,4 0,3 0,3 0,7
Argentina 0,4 0,7 0,5 .. .. ..
Austrália 0,5 0,8 0,3 1,0 0,7 1,1
Áustria -0,1 0,6 0,4 -0,2 0,3 0,8
Bélgica 0,3 0,3 0,5 0,2 0,5 0,2
Brasil 0,2 -1,2 -2,0 -1,6 -1,3 -0,3
Canadá 0,8 -0,2 -0,1 0,5 0,1 0,6
Chile 1,1 1,0 0,0 0,3 0,1 1,3
China 1,7 1,4 1,8 1,8 1,5 1,1
Colômbia 0,5 1,1 0,5 1,0 0,8 0,2
Coréia do Sul 0,3 0,8 0,4 1,2 0,7 0,5
Dinamarca 0,3 0,5 0,5 -0,6 0,1 0,5
Eslováquia 0,8 1,0 0,9 1,0 1,0 0,8
Eslovênia 0,3 0,7 0,7 0,4 0,6 0,5
Espanha 0,7 0,9 1,0 0,8 0,8 0,8
EUA 0,5 0,2 1,0 0,5 0,3 0,3
Estônia 1,3 -0,8 0,8 -0,3 1,3 0,0
Finlândia -0,2 0,3 0,6 -0,1 0,5 0,6
França 0,2 0,6 -0,1 0,4 0,4 0,6
Grécia -0,8 0,1 0,3 -1,3 0,1 -0,5
Holanda 1,1 0,5 0,1 0,2 0,2 0,5
Hungria 0,4 1,4 0,4 0,3 0,6 -0,8
Índia 1,5 1,7 2,0 1,9 1,8 2,1
Indonésia 1,1 1,2 1,2 1,2 1,3 1,2
Irlanda 0,6 2,7 2,1 1,5 2,7 ..
Islândia -1,8 -1,0 4,4 1,2 -1,1 -0,5
Itália -0,1 0,4 0,3 0,2 0,2 0,3
Japão 0,5 1,3 -0,4 0,4 -0,4 0,5
México 0,7 0,5 0,6 0,8 0,5 0,8
Noruega 1,2 -0,3 0,1 1,7 -1,3 1,0
Nova Zelândia 0,9 0,2 0,3 0,8 0,9 0,7
Polônia 0,7 1,3 0,5 0,8 1,3 -0,1
Portugal 0,4 0,5 0,4 0,1 0,2 0,2
Reino Unido 0,7 0,5 0,6 0,4 0,6 0,4
República Tcheca 1,0 1,3 1,2 1,1 0,4 0,4
-0,7 -1,2 -1,3 -0,6 ... ...
Rússia
Suécia 0,9 1,1 1,1 0,9 1,6 0,5
Suíça 0,7 -0,4 0,3 -0,1 0,4 0,1
Turquia 1,2 1,1 1,2 1,1 1,2 0,8
Fonte: The OECD quarterly national accounts (QNA) online dataset. Disponível em: http://stats.oecd.org. Acesso em 30 Jun. 2016.

Houve manutenção ou melhoria da taxa de variação do PIB na Alemanha, Austrália,


Áustria, Brasil, Canadá, Chile, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos. Finlândia, França, Holanda,
Índia. Islândia, Itália, Japão, México, Noruega, Portugal e República Tcheca (tab. 2).

Na Alemanha, a melhoria do ritmo de crescimento no primeiro trimestre resultou da


aceleração da taxa de variação da formação bruta de capital fixo e, principalmente, da recuperação
do volume exportado; no Brasil a desaceleração da contração do nível de atividade decorreu
primordialmente da continuidade do ajuste externo pelo lado das importações, associado neste
trimestre à expansão do volume exportado; nos Estados Unidos, a variação negativa do
investimento foi parcialmente compensada pela recuperação do volume exportado; na França, assim
como na Alemanha houve aceleração da taxa de variação do investimento em capital fixo; no Japão,
as recuperações do crescimento no consumo das famílias e no volume exportado foram

10 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


determinantes para o resultado positivo do PIB trimestral; no Reino Unido, a retração do volume de
exportações foi parcialmente compensada pela variação positiva do investimento (tab. 3).

Tabela 3: Componentes do Produto Interno Bruto: taxa de variação – países selecionados – 4º trim.
2014–1º trim. 2016
Em % (base: trimestre anterior na série com ajuste sazonal)
Países e componentes do PIB 2014:4 2015:1 2015:2 2015:3 2015:4 2016:1
Alemanha 0,6 0,4 0,4 0,3 0,3 0,7
Consumo 1,0 0,3 0,1 0,8 0,4 0,4
Governo 0,3 0,7 0,7 0,7 0,9 0,5
Investimento 1,3 1,4 -0,5 0,1 1,4 1,8
Exportação 1,4 1,5 1,8 0,3 -0,6 1,0
Importação 2,1 2,2 0,6 1,1 0,5 1,4
Brasil 0,2 -1,2 -2,0 -1,6 -1,3 -0,3
Consumo 1,7 -2,6 -2,1 -1,6 -0,9 -1,7
Governo -0,6 -0,5 0,3 0,3 -2,9 1,1
Investimento -0,7 -3,9 -7,2 -3,9 -4,8 -2,7
Exportação -11,0 12,6 3,4 -2,3 0,1 6,5
Importação -5,8 -1,2 -7,8 -6,9 -5,5 -5,6
EUA 0,5 0,2 1,0 0,5 0,3 0,3
Consumo 1,1 0,4 0,9 0,7 0,6 0,4
Governo -0,6 0,4 -0,1 0,3 0,2 0,3
Investimento 0,6 0,4 1,7 0,9 -0,0 -0,4
Exportação 1,3 -1,5 1,2 0,2 -0,5 0,1
Importação 2,5 1,7 0,7 0,6 -0,2 -0,1
França 0,2 0,6 -0,1 0,4 0,4 0,6
Consumo 0,4 0,5 0,1 0,5 0,1 1,1
Governo 0,5 0,2 0,4 0,3 0,5 0,5
Investimento -0,1 0,5 0,2 0,1 1,0 1,4
Exportação 2,9 1,8 1,6 -0,3 0,8 -0,0
Importação 1,7 2,1 0,2 1,8 2,8 0,8
Japão 0,5 1,3 -0,4 0,4 -0,4 0,5
Consumo 0,6 0,2 -0,8 0,5 -0,8 0,6
Governo 0,3 0,3 0,4 0,2 0,7 0,7
Investimento 0,1 1,8 0,1 0,2 -0,1 -0,7
Exportação 3,4 2,2 -4,8 2,6 -0,8 0,6
Importação 1,1 1,5 -2,5 1,7 -1,1 -0,4
Reino Unido 0,7 0,5 0,6 0,4 0,6 0,4
Consumo 0,5 0,8 0,8 0,5 0,6 0,7
Governo -0,3 0,4 0,7 0,7 0,3 0,4
Investimento 0,1 1,5 1,3 0,4 -1,1 0,5
Exportação 3,8 -0,1 2,8 -0,5 0,1 -0,3
Importação 2,8 3,5 -2,5 2,9 0,9 0,8
Fonte: The OECD quarterly national accounts (QNA) online dataset. Disponível em: http://stats.oecd.org. Acesso em 30 Jun. 2016.
30 Jun. 2016.

A rapidez e a intensidade com que o cenário econômico se deteriorou no Brasil a


partir do primeiro trimestre de 2015 foi impressionante, e apenas parcialmente explicada pelo ajuste
fiscal promovido pelo ex-Ministro da Fazenda Joaquim Levy. A corrosão da renda real das famílias
pela inflação corretiva, a digestão do ciclo de endividamento associado às compras de bens duráveis
e imóveis no período 2010-2013 e a percepção de insegurança em relação ao risco de desemprego
causou uma profunda contração no nível de consumo agregado da economia. Mas o fator
determinante dessa crise parece ter sido o transbordamento da crise política para a economia. 9

9
Os principais canais de transmissão da crise política para a economia foram: exacerbação da incerteza nas expectativas
empresariais e dos consumidores; efeitos diretos e indiretos da paralisação das compras para formação de capital na
cadeia produtiva da extração e do refino do gás e petróleo; cortes nos investimentos de infraestrutura e paralisia
decisória no governo central.

11 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


A evolução da taxa de desemprego ilustra eloquentemente a profundidade do efeito
combinado destes diversos fatores sobre a economia real no Brasil: a média móvel de três meses
completados em junho de 2014, nos dados com ajuste sazonal da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua – Mensal (PNADC-Mensal), do IBGE, havia atingido o menor valor (6,6% da
força de trabalho) da atual série histórica. Já no último trimestre10 de 2014 chegou a 7,0%, ainda
abaixo do observado desde o início da série em 2012 até o final do primeiro semestre em 2013;
porém, daí em diante elevou-se muito rapidamente para 8,1% no segundo trimestre de 2015, 9,7%
no último trimestre de 2015 e 10,2% no primeiro trimestre de 2016 (tab. 4).

Na economia mundial, as mudanças de tendência observadas na evolução da


conjuntura econômica, diferenciadas nacionalmente, explicam parcialmente os resultados do
mercado de trabalho no primeiro trimestre de 2016. A OCDE publica um indicador das taxas de
desemprego nacionais “harmonizadas” metodologicamente, o que permite a realização de
comparações temporais entre as trajetórias dos diferentes países tal como acontece com os
indicadores de atividade econômica (tab. 4).

Nos sete países em que mais de 10% da força de trabalho estava desempregada no
quarto trimestre do ano passado, houve redução da taxa de desemprego em cinco dos que
dispunham de estatísticas divulgadas: Eslováquia, Espanha, França, Portugal e Turquia; na Itália a
taxa de desemprego permaneceu inalterada, e até o fechamento da edição deste artigo, os dados
mais recentes relativos à Grécia ainda não haviam sido publicados.

Nos quatorze países11 com taxa de desemprego igual ou superior a 6% e inferior a


10% no último trimestre de 2015, houve redução em nove países (Bélgica, Dinamarca, Eslovênia,
Finlândia, Holanda, Hungria, Irlanda, Luxemburgo e Polônia) e aumento em quatro (Brasil, Canadá,
Chile e Estônia); na Suécia a taxa de desemprego permaneceu inalterada.

Nos treze países com taxa de desemprego inferior a 6%, houve decréscimo da taxa de
desemprego em sete países (Alemanha, Estados Unidos, Islândia, Japão, México, Reino Unido e
República Tcheca) e acréscimo em quatro (Áustria, Coréia do Sul, Noruega e Nova Zelândia); na
Austrália e em Israel a taxa de desemprego permaneceu inalterada.

10
Considerando a média móvel dos três meses completados no último mês de cada trimestre.
11
Treze países da base de dados da OCDE mais o Brasil, cujo indicador com ajuste sazonal produzido pela FJP não
utilizou a metodologia harmonizada da OCDE.

12 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Tabela 4: Taxas de desemprego harmonizadas – países selecionados – 4º trim. 2014–1º trim. 2016
Em % da Força de Trabalho (séries com ajuste sazonal)
Países 2014:4 2015:1 2015:2 2015:3 2015:4 2016:1
Alemanha 4,9 4,8 4,7 4,6 4,4 4,3
Austrália 6,2 6,2 6,1 6,2 5,8 5,8
Áustria 5,7 5,5 5,9 5,7 5,8 6,0
Bélgica 8,5 8,6 8,6 8,1 8,7 8,6
Brasil (1) 7,0 7,4 8,1 9,0 9,7 10,2
Canadá 6,7 6,8 6,8 7,0 7,0 7,2
Chile 6,5 6,2 6,3 6,2 6,2 6,3
Coréia do Sul 3,5 3,6 3,8 3,6 3,5 3,8
Dinamarca 6,4 6,3 6,2 6,1 6,1 5,9
Eslováquia 12,5 12,2 11,5 11,3 10,9 10,4
Eslovênia 9,5 9,2 9,5 9,0 8,4 8,2
Espanha 23,7 23,1 22,5 21,6 21,0 20,4
Estônia 6,5 6,6 6,5 5,5 6,3 6,5
Estados Unidos 5,7 5,6 5,4 5,2 5,0 4,9
Finlândia 9,0 9,1 9,3 9,4 9,4 9,2
França 10,5 10,3 10,4 10,5 10,2 10,1
Grécia 26,0 25,8 25,0 24,7 24,4 ..
Holanda 7,1 7,1 6,9 6,8 6,7 6,5
Hungria 7,3 7,4 6,9 6,6 6,3 5,7
Irlanda 10,4 9,9 9,6 9,2 9,1 8,8
Islândia 4,5 4,2 4,0 3,9 3,6 3,2
Israel 5,7 5,4 5,1 5,2 5,2 5,2
Itália 12,8 12,3 12,2 11,6 11,6 11,6
Japão 3,5 3,5 3,4 3,4 3,3 3,2
Luxemburgo 6,2 6,4 6,5 6,5 6,4 6,3
México 4,5 4,3 4,4 4,3 4,3 4,1
Noruega 3,8 4,1 4,3 4,5 4,6 4,7
Nova Zelândia 5,8 5,8 5,9 6,0 5,4 5,7
Polônia 8,3 8,0 7,5 7,4 7,1 6,5
Portugal 13,5 13,5 12,5 12,3 12,3 12,1
Reino Unido 5,7 5,5 5,5 5,3 5,0 4,9
República Tcheca 5,8 5,8 5,1 4,8 4,5 4,2
Suécia 7,8 7,7 7,6 7,2 7,1 7,1
Turquia 10,5 10,2 10,2 10,4 10,4 9,9
Fonte: The OECD key economic indicators (KEI) online dataset. Disponível em: http://stats.oecd.org. Acesso em 30 Jun. 2016.30
Jun. 2016.
Nota: As taxas de desemprego selecionadas para comparações internacionais foram ajustadas sazonalmente e harmonizadas pelo
Escritório de Estatísticas da OCDE ao conceito de desemprego adotado pelo Escritório de Estatísticas da Comunidade Europeia
(EUROSTAT). Além do EUROSTAT, os surveys domiciliares sobre a força de trabalho, dos Escritórios de Estatísticas dos
governos nacionais do Canadá, dos Estados Unidos, da Austrália, do Japão, da Coreia do Sul, da Nova Zelândia e da Suíça
foram desenhados de modo a permitir a produção destas estatísticas – seguindo as recomendações da 13ª Conferência
Internacional dos Estatísticos do Trabalho da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
(1) Estimativa da FJP para série com ajuste sazonal pelo método X-12 ARIMA sobre os dados originais da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua – Mensal (PNADC-Mensal), do IBGE. Software utilizado disponível para download em:
http://www.census.gov/srd/www/x12a/x12downv03_pc.html.

Frequentemente, a evolução do nível de atividade e das condições prevalecentes nos


mercados de trabalho nacionais refletem implicações das políticas econômicas adotadas pelos
governos em reação aos choques advindos de mudanças no ambiente internacional, nas
circunstâncias climáticas e, particularmente, aos principais desequilíbrios macroeconômicos
internos de cada país. O monitoramento da evolução dos preços sinaliza, nos casos de inflação
considerada excessiva ou, do outro lado, de deflação crônica, que medidas extraordinárias poderão
ser acionadas conforme o caso, com impactos fortemente contracionistas ou de estímulo econômico
que condicionarão a trajetória futura de crescimento dos países. Daí que, na tabela 5, são
apresentados os dados relativos à evolução trimestral do nível de preços para identificação destes
casos.

13 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Na amostra de 41 países analisados pela OCDE, apenas nos casos do Brasil,
Colômbia, Índia, Rússia e Turquia as taxas de inflação acumuladas em três meses superaram 1,5%
no último trimestre de 2015; destes houve redução do ritmo de expansão do nível de preços durante
o primeiro trimestre de 2016 na Turquia e na Índia (neste último país, com transição para uma
situação de deflação).

Tabela 5: Índice de preços ao consumidor: Variação acumulada no trimestre – Países selecionados –


4º trim. 2014–1º trim. 2016
Em % (em relação ao trimestre anterior)
Países selecionados 2014:4 2015:1 2015:2 2015:3 2015:4 2016:1
África do Sul 0,2 0,6 2,3 1,3 0,5 2,3
Alemanha -0,3 -0,3 0,6 0,1 -0,1 -0,4
Austrália 0,2 0,2 0,7 0,5 0,4 -0,2
Áustria 0,5 -0,5 1,2 -0,2 0,3 -0,2
Bélgica -0,2 0,0 0,7 0,2 0,4 0,4
Brasil 1,5 3,2 2,8 1,7 2,3 3,0
Canadá -0,4 0,1 1,1 0,4 -0,2 0,3
Chile 1,6 0,3 1,4 1,4 1,0 0,8
China 0,0 0,3 -0,1 0,3 0,1 0,6
Coreia do Sul -0,4 0,4 0,3 0,4 -0,0 0,4
Colômbia 0,5 1,8 1,5 0,9 1,9 3,1
Dinamarca 0,1 0,0 0,7 -0,2 -0,2 -0,0
Eslováquia -0,1 -0,4 0,5 -0,3 -0,3 -0,4
Eslovênia 0,1 -1,2 1,2 -0,6 -0,0 -1,4
Espanha 0,4 -1,7 1,8 -0,9 0,5 -2,0
Estados Unidos -0,8 -0,5 1,2 0,3 -0,4 0,1
Estônia -0,7 -0,1 1,1 -0,8 -0,8 0,1
Finlândia 0,1 -0,6 0,2 -0,1 0,2 -0,3
França -0,2 -0,3 0,9 -0,3 -0,2 -0,5
Grécia -0,7 -1,7 1,5 -0,9 0,5 -2,0
Holanda -0,6 -0,5 1,6 0,3 -0,7 -0,6
Hungria -0,9 -0,2 1,5 -0,3 -0,4 -0,4
Índia 0,1 0,3 1,8 2,3 1,9 -0,5
Indonésia 2,7 1,7 0,9 1,7 0,5 1,2
Irlanda -0,7 -0,6 1,0 0,1 -0,6 -0,6
Islândia -0,1 0,1 1,3 0,7 -0,1 0,1
Israel -0,1 -1,3 0,8 0,2 -0,5 -1,0
Itália -0,2 -0,2 0,5 0,1 -0,2 -0,4
Japão -0,3 -0,3 0,7 0,0 -0,2 -0,5
Luxemburgo -0,3 0,0 1,0 -0,2 -0,0 -0,5
México 1,7 0,8 -0,2 0,4 1,3 1,2
Noruega 0,4 0,3 0,9 0,3 0,9 1,0
Nova Zelândia -0,2 -0,2 0,4 0,3 -0,5 0,2
Polônia -0,4 -0,4 0,5 -0,5 -0,4 -0,7
Portugal 0,5 -0,9 1,8 -0,6 0,3 -0,9
Reino Unido 0,1 -0,7 0,6 0,1 0,1 -0,5
República Tcheca -0,2 0,1 0,7 -0,1 -0,5 0,4
Rússia 3,1 8,1 2,3 1,5 2,0 2,3
Suécia 0,1 -0,5 0,4 -0,0 0,2 0,1
Suíça -0,1 -0,8 0,1 -0,6 -0,1 -0,5
Turquia 2,0 1,7 2,9 0,5 2,8 2,2
Fonte: The OECD key economic indicators (KEI) online dataset. Disponível em: http://stats.oecd.org. Acesso em 30 Jun. 2016.30
Jun. 2016.

Nos dezoito países que, no último trimestre de 2015, apresentaram taxa de inflação
trimestral acumulada não negativa, embora igual ou inferior a 1,5%, houve aceleração desta em
apenas cinco países (África do Sul, China, Coréia do Sul, Indonésia e Noruega); em três países a
variação do nível de preços desacelerou enquanto permaneceu não negativa (Chile, México e
Suécia), e em nove países houve transição para uma situação de deflação (Austrália, Áustria,

14 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Eslovênia, Espanha, Finlândia, Grécia, Luxemburgo, Portugal e Reino Unido). Na Bélgica a taxa de
desemprego permaneceu inalterada.

Nos demais dezoito países da amostra, que estavam em deflação no último trimestre
de 2015, os preços apresentaram variação nula ou ligeiramente positiva no primeiro trimestre de
2016 em sete países (Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, Estônia, Islândia, Nova Zelândia e
República Tcheca); continuaram em deflação onze países: Alemanha, Eslováquia, França, Holanda,
Hungria, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Polônia e Suíça.

Num balanço geral, pode-se então concluir que o mercado de trabalho na maioria dos
países da OCDE continua apresentando, consistentemente, pequenas melhorias em relação ao
quadro mais grave que prevaleceu no início da atual crise financeira e na sua segunda fase;
insuficientes, porém, para ativar pressões inflacionárias significativas contra a tendência
deflacionária predominante.

Em alguns países mais afetados pela recente queda nos preços internacionais de
commodities, como Brasil, Canadá, Chile e Rússia, há deterioração na situação do mercado de
trabalho em simultâneo à convivência com taxas de inflação elevadas ou com pressões
inflacionárias latentes pelo lado da oferta.

3. CRISE POLÍTICA E AJUSTE ECONÔMICO NO BRASIL

No Brasil, em particular, a inflação mensurada pelo IPCA no período acumulado em


doze meses ultrapassou o limite superior do intervalo do sistema de metas para inflação (6,5% ao
ano) em janeiro de 2015, alcançou dois dígitos em novembro e atingiu a máxima de 10,7% em
janeiro de 2016. Como a inflação do primeiro trimestre deste ano acelerou em relação ao final do
ano passado, mas teve resultado acumulado em três meses abaixo do observado no mesmo período
de 2015, atualmente (até o fechamento da edição deste artigo) reduziu o valor acumulado em doze
meses para 9,3% (maio de 2016), sendo esperado que encerre o ano em 7,3%. (gráf. 1).

Em resposta à aproximação ao limite superior da meta de inflação, o Banco Central


do Brasil (Bacen) iniciou um ciclo de aperto monetário em 18 de abril de 2013: a meta da taxa
Selic, fixada pelo Comitê de Política Monetária (COPOM), foi continuamente elevada de 7,25% ao
ano para 11% em 03 de abril de 2014, patamar em que permaneceu até 30 de outubro de 2014; daí
elevou-se até 14,25% em 30 de julho de 2015, nível em que tem sido mantida desde então (gráf. 1).

15 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 1: Taxa de juros – Selic (meta fixada pelo COPOM), taxa de câmbio comercial para compra
(média diária) e IPCA (variação acumulada em 12 meses) – Brasil – 01 dez. 2010–31
mai. 2016
16 4,80

14 4,20

12 3,60

10 3,00

% a.a. 8 2,40 RS/US$

6 1,80

4 1,20

2 0,60

0 0,00

IPCA Selic R$/US$


Fonte: Banco Central do Brasil, Sistema Gerenciador de Séries Temporais. Acesso em 30 Jun. 2016.

Além da “inflação corretiva” dos preços administrados internos (gráf. 2), o ajuste da
taxa de câmbio foi retomado após setembro de 2014, quando a cotação do dólar estadunidense
estava próxima de R$ 2,30. Daí evoluiu rapidamente para cerca de R$ 2,60 em janeiro de 2015 e
R$.3,00 em março. No restante do primeiro semestre, manteve-se, com maior volatilidade, em torno
de R$ 3,10. A partir de julho retomou forte tendência ascendente e rompeu a barreira de R$ 4,00 no
final de setembro, quando teve início a fase atual de grande volatilidade sem uma tendência
claramente definida (embora nos últimos meses tenha ocorrido uma significativa apreciação).

Portanto, entre setembro de 2014 e setembro de 2015 houve uma depreciação


nominal da ordem de 74% (4,00/2,30). Uma depreciação desta magnitude deveria implicar, mesmo
com uma estimativa conservadora para o pass-through, da ordem de 10% por exemplo, uma pressão
adicional de aproximadamente sete p.p. (pontos percentuais) na taxa de inflação ao longo dos
próximos trimestres. Daí que o componente de produtos comercializáveis do IPCA tenha se
aproximado de uma variação acumulada em doze meses a dois dígitos no final do ano passado
(gráf. 2). Esta pressão de preços, decorrente da depreciação nominal da taxa de câmbio certamente,
deve ter contribuído para uma postura bem mais relaxada da autoridade monetária com relação a

16 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


movimentos especulativos em rallies de apreciação do real, detonados no mais das vezes por
circunstâncias fortuitas.

Gráfico 2: Grupos de produtos do IPCA (variação acumulada em 12 meses) – Brasil – 01 jan. 2013–
31 mai. 2016
20

18

16

14

12

% a.a. 10

Não Comercializáveis IPCA Comercializáveis Monitorados Serviços


Fonte: Banco Central do Brasil, Sistema Gerenciador de Séries Temporais. Acesso em 30 Jun. 2016.

Aparentemente, a combinação câmbio-juros que tem prevalecido desde outubro de


2015, aceita como um compromisso entre as opções de forçar uma convergência mais rápida da
taxa de inflação à meta – ao custo de se agravar ainda mais o quadro de recessão e de aumento do
desemprego (além do risco de colocar a dívida pública em trajetória explosiva, pela frustração de
receitas associada à queda do nível de atividade econômica) – ou de permitir uma maior
deterioração das expectativas inflacionárias prevalecentes no mercado12, foi resolvida pela equipe
econômica do governo interino na direção do primeiro vetor.

Os choques de custos fortemente concentrados em 2015 (inflação corretiva, ajuste


cambial), combinados a poderosos choques negativos de demanda (paralisação dos investimentos
da Petrobrás, suspensão de contratos para obras de infraestrutura, efeitos da crise política e do ajuste
fiscal sobre as expectativas empresariais, etc.), produziram efeitos devastadores sobre o nível de
atividade econômica até o início de 2016, conforme documentado a seguir.

12
O que poderia cristalizar um componente de inflação inercial superior a 10%, tornando ainda mais intratável o
esforço necessário de desinflação da economia brasileira.

17 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


A primeira rodada de elevação da taxa de juros, de abril de 2013 a abril de 2014, já
tinha sido suficiente para interromper, no segundo semestre de 2013, o efêmero ensaio de
recuperação do investimento agregado na economia brasileira – que se havia iniciado no terceiro
trimestre de 2012 – sem, de imediato, provocar uma clara reversão da sua tendência. Apesar disso, o
nível de atividade do conjunto da economia continuou a se expandir até o segundo trimestre de
2014 (gráf. 3).

Gráfico 3: Série encadeada dos componentes da absorção interna de bens e serviços: índices de
volume com ajuste sazonal – Brasil – 4º trim. 2013–1º trim. 2016
Base: 4º trim. 2013 = 100

105
101,7
100,6
100,4 99,9 99,6 100,2
100,0 100,0
99,399,1 99,1 99,1 99,699,4 99,0 99,1 99,3 99,6
100 98,2 97,7
97,0 96,6
96,0 96,3
95,5
94,7 94,6
93,8 93,5
95 93,1 93,293,0

89,5
90

85 83,0

79,8
80
76,0
73,9
75

70

PIB Consumo das Famílias FBCF Consumo do Governo

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Coordenação de Contas Nacionais (CONAC).

Por outro lado, os primeiros sinais de falência do sistema político, a indefinição sobre
qual seria o resultado do pleito presidencial, e a constatação de que a inflação vinha sendo mantida
“artificialmente” controlada provocaram a suspensão dos projetos de investimento no setor privado,
e já no terceiro trimestre de 2014 – antes das eleições, da liberação do câmbio e da retomada do
ciclo de alta da taxa de juros – o volume de formação bruta de capital fixo se encontrava 6,1%
abaixo do observado no final do ano anterior.

Na série com ajuste sazonal, o PIB real da economia brasileira atingiu o seu último
pico no primeiro trimestre de 2014 e já acumula oito trimestres de recessão, pois o resultado anual
de 2014 somente não foi negativo devido ao efeito de carregamento estatístico herdado do ano
anterior. Com a derrota da oposição em outubro deste ano, entretanto, a crise política se acirrou e

18 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


alcançou um nível insuportável para o funcionamento normal do sistema econômico e, se não
bastasse, o ciclo de alta da taxa de juros foi retomado para se contrapor parcialmente aos impactos
inflacionários da correção dos preços administrados e do ajuste cambial, enfim liberado para seguir
o seu curso.

Nessa conjuntura, acentuou-se o ritmo de contração do investimento e perdeu


sustentação o último fator que ainda amparava a demanda agregada na economia: no início de 2015
o consumo das famílias também passa a apresentar forte e acelerado processo de contração.

No atual cenário, portanto, somente a manutenção da taxa de câmbio no patamar


correto a que foi levada pela crise poderia trazer algum alento, estimulando o setor externo como
fonte de demanda para a reversão do ciclo econômico no Brasil – pois é possível que uma pequena
melhoria no desempenho do nível de atividade seja suficiente para induzir o início da recuperação
do volume de gasto dos consumidores e, dada a centralidade deste componente de demanda
agregada para a formação de expectativas sobre as perspectivas de faturamento do setor
empresarial, viabilizar o retorno da produção de bens e serviços na economia brasileira para níveis
aceitáveis de utilização da capacidade produtiva instalada.

Gráfico 4: Série encadeada dos componentes do comércio internacional de bens e serviços: índices
de volume com ajuste sazonal – Brasil – 4º trim. 2013–1º trim. 2016
Base: 4º trim. 2013 = 100

120

108,6
110
104,1
101,8 101,8 101,9
100,0 100,4
100,2 100,5 100,7
99,1
98,4 99,1 99,4
98,0 98,2
100 97,0 96,3
95,9
94,7 94,7
93,5 93,2
89,4
90 87,3

81,3

80 76,9
72,6

70

60

PIB Exportação Importação

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Coordenação de Contas Nacionais (CONAC).

19 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


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21 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


TENDÊNCIAS FAVORÁVEIS AO DESEMPENHO DA AGROPECUÁRIA
DE MINAS GERAIS EM 2016

Thiago Rafael Corrêa de Almeida13

Resumo:

Este artigo tem o propósito de contextualizar o desempenho da agropecuária mineira no curto prazo
(1° Trimestre de 2016) e antecipar, em alguma medida, o que se deve esperar para o
comportamento do setor para o restante do ano de 2016. Para alcançar o objetivo foram utilizados
os dados do IBGE do Levantamento Sistemático de Produção Agrícola (LSPA) e da Pesquisa
Agrícola Municipal (PAM), os dados do CEPEA do último relatório do PIB do Agronegócio de
Minas Gerais e os próprios dados do Sistema de Contas Trimestrais produzidos pela Fundação João
Pinheiro (FJP). Como resultado, ficou evidenciado que a safra de soja e a primeira safra da batata-
inglesa e do feijão foram determinantes para o resultado favorável da agropecuária mineira no 1°
Trimestre de 2016, e que a expectativa é positiva para o restante do ano em função da projeção de
safra do café.

Palavras-chaves:
Agropecuária, agricultura, desempenho, Economia de Minas Gerais.

Abstract:
This paper is intended to contextualize the performance of Minas Gerais agriculture and ranching in
the short term (1st Quarter 2016) and anticipate, to some extent, what to expect regarding the
sector's behavior for the remaining of the year 2016. To achieve our goal we used data from the
IBGE surveys LSPA and PAM, and as well as CEPEA’s data in the latest report of Minas Gerais
Agribusiness GDP and the Quarterly Accounts System data produced by FJP. As a result, it was
evident that the soybean crop and the first crop of potato and bean were central to the favorable
outcome of Minas Gerais agriculture and ranching in the 1st Quarter of 2016. Expectations are
positive for the remaining of the year mainly due to the coffee crop estimates.

Keywords:

Agriculture, ranching, performance, Economy of Minas Gerais.

13
Bacharel em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro (FJP), pós-graduado lato sensu em Estatística com ênfase em
indústria e mercado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Especialista em Políticas Públicas e Gestão
Governamental (EPPGG). Trabalha na Fundação João Pinheiro no Centro de Estatística e Informações (CEI) integrando a equipe
de contas regionais (responsável pelo indicador do PIB trimestral de Minas Gerais e estudos setoriais de conjuntura econômica).

22 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


1. INTRODUÇÃO

Este artigo tem o objetivo de detalhar o comportamento da agropecuária mineira no


primeiro trimestre de 2016 situando-a em relação ao desempenho da agropecuária de outros estados
da federação e brasileira. Além disso, pretende-se traçar um prognóstico para a performance do
setor ao longo do ano, respondendo a seguinte pergunta: o setor agropecuário continuará, nos
próximos trimestres, a ser o segmento que vai atuar como contrapeso à tendência de queda
observada nos demais setores da economia?

Para alcançar o propósito do trabalho, além dos dados divulgados pela Fundação
João Pinheiro (FJP) relativos ao PIB do 1° Trimestre de 2016, utilizou-se também informações do
IBGE referentes ao setor agropecuário obtidas por meio do Levantamento Sistemático de Produção
Agrícola (LSPA) e da última Pesquisa Agrícola Municipal (PAM); dados do Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) publicados no último relatório do PIB do
Agronegócio da instituição (relatório de fevereiro de 2016) e informações obtidas através de
reportagens jornalísticas para subsidiar a análise.

2. DESENVOLVIMENTO

A produção agrícola apresenta acentuada oscilação no curto prazo em função da sua


forte exposição a fatores climáticos e significativas variações nas cotações dos tratos culturais e dos
insumos que compõem o consumo intermediário da atividade. Diferentemente do ocorrido nos
últimos dois anos, as condições climáticas melhoraram a partir de dezembro de 2015 e início de
2016 impactando positivamente o desempenho da agropecuária mineira. A reversão de áreas
perdidas e a ocorrência de chuvas bem distribuídas, sobretudo na região central e sudeste,
favoreceram o aumento na produtividade de algumas culturas acarretando em estimativas bastante
otimistas para a safra mineira em 201614.

Com isso, no primeiro trimestre de 2016, o volume no valor adicionado pela


agropecuária mineira expandiu 7,2% em relação ao trimestre imediatamente anterior (FUNDAÇÃO
JOÃO PINHEIRO, 2016). No Brasil, ao contrário, o IBGE estimou uma taxa de variação negativa,
de -0,3% na mesma base de comparação (gráf. 1) (IBGE, 2016a). O resultado ligeiramente negativo
da agropecuária brasileira foi influenciado pela queda na produtividade de algumas culturas

14
Ver reportagem: “Perspectivas positivas para clima devem favorecer safra em 2016, diz IBGE”, Estadão, edição de 12/01/2016.

23 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


colhidas nos três primeiros meses do ano15, pela estabilidade na safra de soja e pela projeção de
queda na safra de arroz – prejudicada pelas fortes chuvas ocorridas no Rio Grande do Sul, que
causaram estragos e inundações.

Gráfico 1: Valor Adicionado na Agropecuária: Taxas de variação no trimestre (em relação ao


trimestre imediatamente anterior) na série com ajuste sazonal – Minas Gerais e Brasil –
1º trim. 2013–1º trim. 2016 – (%)

30,0 24,5
20,0
7,7 4,9 8,6 7,2
10,0 6,1 2,9 2,8
1,1 -1,7 1,0 2,9
0,1
0,0
2,2 3,6 0,8
-10,0 -1,1 -0,4 -1,8 0,5 -3,7 -3,2 -0,3
-3,7
-20,0 -14,2
-30,0 -22,0

Brasil Minas Gerais

Fontes: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), Contas Nacionais Trimestrais.

Em Minas Gerais, a realização da produção agrícola no primeiro trimestre é bastante


concentrada, com a colheita sendo avançada apenas em algumas lavouras. Este foi o caso da
primeira safra de feijão e da batata-inglesa, 100% colhidas, da safra de soja (38% colhida) e da safra
de banana (25% colhida). Nos demais tratos culturais a proporção de safra colhida no primeiro
trimestre foi inferior ao percentual observado para a banana: abacaxi (22%); coco-da-baía (21%);
tomate (17%); amendoim (10%); laranja (9%); primeira safra do milho e arroz (5%); segunda safra
da batata-inglesa (2%) e mandioca (1%) (gráf. 2) (IBGE, 2016c).

15
Ver publicação: Contas Nacionais Trimestrais, Indicadores de Volume e Valores Correntes, Janeiro/Março 2016. Disponível em:
<ftp://ftp.ibge.gov.br/Contas_Nacionais/Contas_Nacionais_Trimestrais/Fasciculo_Indicadores_IBGE/pib-vol-
val_201601caderno.pdf>. Acesso em: 15/06/2016.

24 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 2: Proporção da safra colhida no trimestre de referência – Minas Gerais – 2016 – (%)

Feijão (1ª safra) 100


Batata-Inglesa (1ª safra) 100
Soja 38
Banana 25
Abacaxi 22
Coco-da-baía 21
Tomate 17
Amendoim 10
Laranja 9
Milho (1ª safra) 5
Arroz 5
Batata-Inglesa (2ª safra) 2
Mandioca 1
Uva 0 1° Trimestre
Trigo 0
Sorgo 0
Milho (2ª safra) 0
Mamona 0
Feijão (3ª safra) 0
Feijão (2ª safra) 0
Cebola 0
Cana-de-açúcar 0
Café robusta 0
Café arábica 0
Batata-Inglesa (3ª safra) 0
Alho 0
Algodão herbáceo 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Proporção da colheita anual (em %)

Fonte: Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias de Minas Gerais 16 (GCEA-MG).

Em relação a essas culturas, pode-se dizer que possuem peso significativo no valor
de produção agrícola do estado a soja (aproximadamente 12%), o milho (em torno de 11%), a batata
(por volta de 5%), o feijão (próximo de 4%) e, por último, a banana e o tomate (em torno de 3%
cada) (IBGE, 2015).

16
Coordenado pelo Escritório Regional do IBGE em Minas Gerais, participam do Grupo as seguintes instituições: CEASA-MG,
CONAB, EMATER, EPAMIG, FAEMG, FJP, IMA, Ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, SEAPA, Banco do
Brasil e Banco Central. Percentual de safra colhido até o encerramento do primeiro trimestre de 2016 (Levantamento Sistemático
de Produção Agrícola – LSPA – Março de 2016).

25 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Tabela 1: Previsão (1) de safra agrícola por produto – Minas Gerais e Brasil – 2016 – (tonelada)
Brasil e Unidade da Federação
Produto Brasil Minas Gerais
Safra 2016 Variação (%) Safra 2016 Variação (%)
Abacaxi (2) 1.734.149 -2,2 226.618 -13,9
Algodão herbáceo 3.711.051 -9,4 73.872 9,3
Alho 82.036 -32,0 35.881 -0,4
Amendoim (1ª Safra) 396.866 20,3 6.968 -22,5
Arroz 10.876.892 -11,6 19.522 -20,5
Banana 6.837.613 -1,6 838.569 5,4
Batata - inglesa (1ª Safra) 1.854.120 5,2 566.956 2,4
Batata - inglesa (2ª Safra) 1.140.319 4,3 364.533 1,7
Batata - inglesa (3ª Safra) 618.893 -25,1 300.120 -0,3
Café arábica 2.388.911 19,8 1.641.813 23,9
Café canephora 584.800 -10,7 17.790 -12,6
Cana-de-açúcar 730.919.055 -2,6 69.421.789 0,6
Cebola 1.423.082 0,1 189.883 -2,9
Coco-da-baía (2) 1.833.437 0,0 38.135 5,0
Feijão (1ª Safra) 1.353.736 -2,2 190.173 17,6
Feijão (2ª Safra) 1.199.300 -7,3 156.220 -0,8
Feijão (3ª Safra) 389.868 -12,1 154.303 -18,8
Girassol 93.027 -39,9 13.196 -37,9
Laranja 15.756.349 -2,7 953.916 -3,4
Mamona 85.947 12,6 359 111,2
Mandioca 22.414.771 -1,6 833.832 -2,1
Milho (1ª Safra) 25.884.828 -11,7 5.050.539 -7,0
Milho (2ª Safra) 47.576.940 -15,4 958.979 -31,9
Soja 96.757.132 -0,4 4.716.859 33,8
Sorgo 1.629.672 -23,2 386.733 -25,8
Tomate 3.496.098 -15,7 733.713 2,5
Trigo 6.365.139 18,6 222.787 -9,1
Uva 955.379 -36,0 12.363 -2,0
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) e Levantamento Sistemático da
Produção Agrícola (LSPA).
(1) Previsão de safra em maio/2016. (2) Unidade de medida em mil frutos.

Portanto, dada a importância da cultura na estrutura do valor de produção agrícola


estadual e considerando ao mesmo tempo a proporção de safra colhida dos tratos culturais no
primeiro trimestre, pode-se inferir que o desempenho da soja e da primeira safra do feijão e da
batata-inglesa, além da banana e o tomate, foram decisivos para explicar a expansão da
agropecuária mineira na série com ajuste sazonal.

De fato, para a maior parte dessas culturas, a previsão de safra para o ano de 2016
projeta (em relação à safra de 2015) expansão desses tratos culturais em Minas Gerais e retração em
âmbito nacional. Enquanto no estado espera-se uma variação positiva na quantidade produzida de
soja, de feijão (primeira safra), de banana e de tomate de, respectivamente, 33,8%, 17,6%, 5,4% e
2,5%; no Brasil é previsto recuo de, respectivamente, -0,4%, -2,2%, -1,6% e -15,7%. Apenas no

26 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


caso da primeira safra da batata-inglesa a variação de safra em 2016 para o Brasil (5,2%) é positiva
e superior a observada para Minas Gerais (2,4%). De forma residual, o coco-da-baía (21% colhido
no trimestre de referência) também contribuiu para o resultado positivo da agropecuária mineira,
dado a previsão de expansão na safra de 5,0% em 2016 (tab. 1) (IBGE, 2016d).

O efeito direto das variações nas projeções de safra sobre o resultado do valor
adicionado agropecuário de Minas Gerais no primeiro trimestre de 2016 fica mais evidente quando
a base de comparação escolhida deixa de ser o quarto trimestre do ano passado (cuja composição de
produtos colhidos foi muito distinta) e passa a ser o primeiro trimestre de 2015 (cesta de produtos
colhidos semelhante) (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2016). Neste caso, a variação positiva
ocorrida na agropecuária mineira nos três meses iniciais de 2016 fica ainda mais clara, uma vez que
foi estimada uma expansão de 13,6% no volume de valor agregado pelo setor nesta ótica de
comparação (gráf. 3).

Gráfico 3: Valor adicionado na agropecuária: Taxas de variação no trimestre (em relação ao mesmo
trimestre do ano anterior) na série sem ajuste sazonal – Minas Gerais e Brasil – 1º trim.
2013–1º trim. 2016 – (%)

25,0 21,7
18,5
20,0 12,7 13,6
15,0 10,3 6,2
10,0 7,2 3,8 5,4 6,2
5,8 5,1
5,0 -0,6 0,3 0,6
0,0
2,2 2,2
-5,0
-10,0 -3,9 -2,7 -2,0
-3,7
-15,0
-20,0 -6,6 -14,5
-13,1 -14,2
-25,0 -18,8

Brasil Minas Gerais

Fontes: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), Contas Nacionais Trimestrais.

No Brasil, ao contrário, o índice de volume da agropecuária recuou (-3,7%) na


mesma base comparativa (IBGE, 2016a) – tal como o ocorrido com a taxa trimestre contra trimestre
anterior na série com ajuste sazonal –, o que confirma a performance inferior da agropecuária
nacional frente a mineira no período de janeiro a março deste ano (gráf. 4).

27 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 4: Valor adicionado na agropecuária: Taxa de variação no trimestre (em relação ao mesmo
trimestre do ano anterior) na série sem ajuste sazonal – Brasil e Unidades da Federação –
1º trim. 2016/1º trim. 2015 – (%)

15
13,6
12,0

10

0
-0,3

-5 -3,7

-6,5
-8,1
-10
Brasil Minas Gerais Goiás São Paulo Bahia Rio Grande do Sul

Brasil Minas Gerais Goiás São Paulo Bahia Rio Grande do Sul

Fontes: Fundação João Pinheiro (FJP, 2016), Centro de Estatística e Informações (CEI); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2016a), Contas Nacionais Trimestrais. Fundação Sistema Estadual de Análise de dados (SEADE, 2016); Instituto
Mauro Borges (IMB, 2016); Fundação de Economia e Estatística (FEE, 2016); Superintendência de Estudos Econômicos e
Sociais da Bahia (SEI, 2016).

Decompondo a taxa de variação do valor adicionado agropecuário brasileiro


conforme o desempenho das unidades federativas que possuem a produção de indicadores
conjunturais do nível de atividade econômica e que já divulgaram os seus resultados para o 1°
trimestre de 2016 comparativamente ao mesmo trimestre do ano passado, fica evidente o fato das
condições climáticas terem contribuído para a performance de algumas regiões do país, como o
sudeste e o centro-oeste, afetando positivamente, mas de forma não generalizada, a safra de soja
(gráf. 4).

De fato, o desempenho positivo de Minas Gerais e Goiás no 1° trimestre do ano


podem ser creditados ao resultado bastante favorável da safra de soja 17 em ambos os estados:
variação anual positiva de 33,8% em Minas Gerais e de 19,1% em Goiás. A safra de soja também se
apresenta com previsão de safra positiva em 2016 em São Paulo (13,2%), no Rio Grande do Sul
(3,8%) e no Mato Grosso do Sul (1,4%). Entretanto, a projeção de safra é negativa em 2016 para os
dois estados mais importantes na produção de soja – Mato Grosso (-2,3%) e Paraná (-0,8%) –, o que
ajuda a entender a estabilidade da safra nacional do grão (-0,4%) (tab. 1) (IBGE, 2016b).

17
Em Minas Gerais ainda prevalece a preferência do agricultor pelo plantio da soja em detrimento do milho primeira safra nas
principais regiões produtoras de grãos no estado (Levantamento Sistemático de Produção Agrícola – Maio de 2016).

28 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Em Minas Gerais e Goiás, além do desempenho positivo da soja, o feijão primeira
safra apresentou projeção na quantidade produzida em 2016 de, respectivamente, 17,6% e 8,6%, o
que de novo ajuda a entender o desempenho favorável desses dois estados frente às demais
unidades federativas. Em Minas Gerais, como ressaltado anteriormente, a variação positiva da
primeira safra da batata-inglesa (2,4%) acentuou o resultado favorável da agropecuária mineira no
período. Por outro lado, a performance da agropecuária foi negativa em estados com algum grau de
importância no resultado agregado da agricultura nacional: Bahia e Rio Grande do Sul. No
primeiro, a inflexão do volume de valor adicionado esteve relacionada à projeção de safra negativa
em 2016 para a primeira safra do feijão e a soja (-30,3%) (IBGE, 2016b). Já no Rio Grande do Sul a
queda esteve diretamente ligada ao excesso de chuvas, tanto na etapa do plantio quanto na etapa da
colheita do arroz (previsão de decréscimo na produção do grão em 2016 de -9,9%). Em São Paulo, a
estabilidade no volume de valor agregado da agropecuária resultou de projeções de safra positiva
em 2016 para a primeira safra de amendoim (25,2%), feijão (18,0%), batata-inglesa (13,7%) e soja
(13,2%); contrabalanceadas pelas previsões negativas em safras de culturas com importância na
estrutura agrícola paulista: tomate (-27,2%) e laranja (-2,6%) (gráf. 4) (IBGE, 2016b).

A produção mineira nas atividades da silvicultura e da extração vegetal é fortemente


articulada às cadeias locais da metalurgia e da produção de celulose e papel. Como ambas
apresentaram no período recente (na comparação entre o primeiro trimestre de 2016 e igual período
do ano passado) redução no volume de produção física industrial em Minas Gerais conforme a
PIM-PF18 (com, respectivamente, retrações de -10,2% e de -0,4%), também se projeta queda do
volume de valor adicionado gerado nas atividades à montante destes segmentos do agronegócio
(FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2016). De acordo com o CEPEA (Centro de Estudos Avançados
em Economia Aplicada) e considerando o arcabouço de atividades “dentro da porteira” divulgadas
no relatório do PIB do agronegócio referente a fevereiro de 2016 pela instituição, estima-se um
recuo de -9,4% na produção de carvão vegetal no estado e de -27,5% no preço deste produto, o que
está em consonância com a inflexão ocorrida na atividade siderúrgica mineira (gráf. 5). Por outro
lado, na agroindústria de papel e celulose, apesar do recuo estimado na quantidade produzida, o
CEPEA projeta elevação no faturamento influenciado por forte apreciação nos preços (de 39,3%)
(CEPEA, 2016).

18
Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF) do IBGE.

29 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 5: Variação dos preços reais das lavouras (%) – Minas Gerais – jan.–fev. de 2016/jan.–fev.
2015

Milho 37,9

Banana 36,3

Feijão 34,5

Algodão Herbáceo 33,3

Tomate 22,1

Laranja 16,2

Mandioca 11,8

Soja 8,4

Cana-de-açúcar 3,2

Arroz -1,2

Café -5,2

Batata-inglesa -8,7

Carvão vegetal -27,5

-40,0 -30,0 -20,0 -10,0 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0

Fonte: Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA-USP). Elaborado com base no relatório do PIB do
Agronegócio de fevereiro de 2016.

Com relação ao comportamento dos preços, pode-se dizer que a abrupta elevação nos
preços de milho (37,9% no acumulado de janeiro a fevereiro de 2016 vis-à-vis ao mesmo período
do ano passado) pode estar relacionada à oferta menor do produto no mercado até em função da
preferência pelo plantio de soja. Com a elevação dos preços do grão, o mercado de suínos e de aves
relataram problemas com as margens de lucro em virtude da elevação dos valores do milho e do
farelo de soja, insumos fundamentais para estes segmentos da pecuária19. O mesmo raciocínio é
válido para a variação positiva das cotações da banana (36,3% nos dois primeiros meses de 2016
em relação aos mesmos meses do ano passado), já que houve falta de banana em quase todo o
país20. A previsão de variação na safra de banana em 2016 em âmbito nacional é de -1,6%. Já o
aumento nos preços de feijão (34,5%) está atrelado à safra ruim ocorrida no ano passado em quase
todas as regiões do país e a inflexão na previsão da quantidade produzida da primeira safra da
cultura no principal estado produtor em 2016, o Paraná (-23,4%) (gráf. 5).

19
Ver reportagem: “Oferta menor de milho no mercado valoriza o preço do produto”, g1.globo.com, edição de 26/06/2016.
Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2016/06/oferta-menor-de-milho-no-mercado-valoriza-o-
preco-do-produto.html>.
20
Ver reportagem de: ARAÚJO, Lucas Conceição; NASTARO, Marina; JULIÃO, Letícia. “Cotações da banana em alta”,
Hortifruti/CEPEA, edição de 19/02/2016. Disponível em: <http://www.hfbrasil.org.br/cotacoes-da-banana-em-alta.aspx>.

30 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Em termos de perspectivas para o comportamento da agropecuária mineira para os
próximos meses de 2016, pode-se afirmar que o cenário delineado é bastante otimista, sobretudo
para o segundo e terceiro trimestre do ano. Isto por que é nesse período que se concentra a colheita
da safra de café em Minas Gerais e, após duas safras com problemas de seca, durante o outono de
2015 houve boa distribuição de chuvas favorecendo a recuperação dos cafezais em 2016. Além de
boas floradas, houve retorno à produção de lavouras que foram podadas em 2014, o que também irá
contribuir para acentuar o acréscimo na produção em 2016. Conforme o Levantamento Sistemático
de Produção Agrícola (LSPA) de maio de 2016 estima-se colher 27.363.550 sacas de café arábica
neste ano, o que representa um acréscimo de 23,9% na produção em relação a 2015 (IBGE, 2016d).
Todas as regiões, exceto a região da Zona da Mata que apresenta bienalidade invertida em relação
às demais, situam-se com projeção de acréscimo na produção em 2016. Destacam-se,
principalmente, a região do cerrado (Alto Paranaíba e Triângulo) e o Sul de Minas (maior região
produtora) (tab. 2).

Tabela 2: Distribuição regional da previsão (1) dos dados de Café Arábica – Minas Gerais – 2016
Rendimento Variação (%) em relação a 2015
Região Agrícola Área (ha) Produção (t)
(Kg/ha) área produção rendimento
Central 6.062 9.652 1.592 4,07 6,12 1,98
Rio Doce 54.107 65.652 1.213 -6,85 2,03 9,54
Zona da Mata 201.353 255.296 1.268 -1,50 -5,80 -4,37
Sul de Minas 460.575 760.716 1.652 7,02 31,95 23,30
Triângulo 17.709 41.164 2.324 24,05 70,99 37,84
Alto Paranaíba 147.366 303.202 2.057 5,46 44,66 37,18
Centro Oeste 81.626 118.851 1.456 5,51 28,51 21,80
Noroeste 16.710 40.392 2.417 6,18 15,78 9,05
Norte de Minas 9.660 21.483 2.224 0,18 7,64 7,45
Jequitinhonha/Mucuri 24.886 25.405 1.021 0,19 8,07 7,87
Total 1.020.054 1.641.813 1.610 4,06 23,87 19,04
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).
(1) Previsão de safra em maio/2016.

O resultado esperado da cafeicultura em Minas Gerais só não é mais positivo para


2016, por que a expectativa na safra de café robusta é negativa (-12,6%), com inflexão no ritmo de
produção na região do Rio Doce (bienalidade negativa). Mesmo assim, ao agregarmos o café
arábica com o robusta a variação esperada na produção de café em Minas Gerais em 2016 é de
23,3% em relação a 2015. Como o café representa mais de 1/3 do valor bruto de produção da pauta
agrícola do estado, a influência esperada deste resultado no índice de volume da agropecuária
mineira ao longo do ano é evidente. Note que, com base na Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) de
2015, considerando apenas as 15 principais culturas da agricultura de Minas Gerais, tem-se mais de
95% do valor bruto de produção (VBP) da pauta agrícola mineira (tab. 3) (IBGE, 2015).

31 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Tabela 3: Classificação das 15 principais culturas conforme a participação no Valor Bruto de
Produção (VBP) da pauta agrícola mineira – 2015
Produto Ordem VBP VBP (R$ 1.000) VBP (%) VBP acumulado (%)
Café (total) 1º 9.328.563,47 33,59 33,59
Cana-de-açúcar 2º 4.074.586,11 14,67 48,26
Soja (em Grão) 3º 3.503.340,29 12,61 60,87
Milho (em Grão) 4º 2.996.932,12 10,79 71,66
Batata-inglesa 5º 1.313.724,22 4,73 76,39
Feijão (em Grão) 6º 1.133.622,09 4,08 80,47
Banana 7º 834.798,76 3,01 83,48
Tomate 8º 787.833,07 2,84 86,32
Laranja 9º 435.434,40 1,57 87,88
Morango 10º 386.713,28 1,39 89,28
Cebola 11º 353.672,79 1,27 90,55
Mandioca 12º 347.915,40 1,25 91,80
Cenoura 13º 336.819,32 1,21 93,02
Abacaxi 14º 322.118,62 1,16 94,18
Alho 15º 287.411,10 1,03 95,21
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) de 2015.

Por fim, com relação ao comportamento da pecuária pode-se dizer que até o
fechamento dessa compilação de dados do setor agropecuário, vários setores do segmento básico da
pecuária não tiveram seus dados de produção divulgados – inclusive no relatório do CEPEA do PIB
do Agronegócio de fevereiro de 2016. Mesmo assim, é possível projetar um resultado positivo para
o segmento como um todo dado o peso que a bovinocultura exerce na totalidade do valor
adicionado pela pecuária. De fato, com as temperaturas favoráveis e com o bom volume de chuva
em quase todas as regiões impactando positivamente a qualidade das pastagens espera-se uma
recuperação do segmento de bovinos em Minas Gerais, apesar da suinocultura e avicultura ainda
estarem pressionadas pela elevação dos custos de produção.

3. CONCLUSÃO

Este artigo procurou retratar o comportamento da agropecuária mineira no curto


prazo (os meses iniciais de 2016) e traçar um panorama para o que deverá ser o desempenho do
setor como um todo ao longo deste ano. Diferentemente de anos anteriores, quando a agropecuária
mineira sofreu com as estiagens, o ano de 2016 se apresenta como um ano bastante favorável para a
agropecuária do estado em virtude da melhora nas condições climáticas.

No primeiro trimestre de 2016, ficou demonstrado que a melhora na produtividade de


alguns produtos e o desempenho de algumas culturas com peso na estrutura agrícola mineira, tais
como a soja, o feijão e a batata-inglesa, foram determinantes para o resultado agregado positivo da
agricultura mineira. Na pecuária, sinais de recuperação das pastagens indicam uma evolução

32 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


favorável do segmento da bovinocultura, embora o aumento dos custos de produção (insumos)
como do milho e da soja afetem outros segmentos da cadeia pecuária – a suinocultura e a avicultura.
Em sentido contrário ao comportamento destes setores com resultados positivos, o segmento de
produção florestal (extração vegetal e silvicultura) segue apresentando resultados mais modestos em
razão de uma demanda industrial enfraquecida, corroborado pela queda na produção siderúrgica e
na fabricação de papel e celulose em Minas Gerais.

Mesmo assim, pode-se concluir que o setor agropecuário de Minas Gerais em 2016
deverá ser o setor responsável por evitar uma queda ainda mais acentuada do PIB mineiro,
contrabalanceando em partes as retrações esperadas para o nível de atividade econômica nos setores
industriais e de serviços. Para os próximos trimestres, sobretudo o segundo e o terceiro trimestre do
ano, este movimento favorável da agropecuária deverá ficar ainda mais nítido em virtude da
expectativa otimista com a colheita da safra de café na economia mineira.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, Lucas Conceição; NASTARO, Marina; JULIÃO, Letícia. Cotações de banana em alta.
Hortifruti/CEPEA, edição de 19/02/2016. Disponível em: <http://www.hfbrasil.org.br/cotacoes-da-
banana-em-alta.aspx>.

CEPEA. Relatório PIB Agro Minas Gerais – Fevereiro 2016/ GDP Agribusiness – Outlook.
Esalq/USP: Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, 2016.

FEE. PIB do RS no primeiro trimestre tem queda, mas menor que a brasileira. Rio Grande do
Sul: Fundação de Economia e Estatística, 2016.

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Monitor FJP Produto Interno Bruto de Minas Gerais – 1°
Trimestre 2016. Belo Horizonte: Centro de Estatística e Informações (CEI), 2016.

IBGE. Contas Nacionais Trimestrais, Indicadores de Volume e Valores Correntes –


Janeiro/Março 2016. Rio de Janeiro: Contas Nacionais Trimestrais, 2016a.

IBGE. Levantamento Sistemático de Produção Agrícola (LSPA) dos estados e do Brasil, safra-
2016, Maio, 2016b.

IBGE. Pesquisa Agrícola Municipal (PAM). 2015.

IBGE. Pesquisa Mensal de Previsão e Acompanhamento da Safra Agrícola de Minas Gerais


no Ano Civil, safra-2016, Março, 2016c.

IBGE. Pesquisa Mensal de Previsão e Acompanhamento da Safra Agrícola de Minas Gerais


no Ano Civil, safra-2016, Maio, 2016d.

33 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


IMB. Produto Interno Bruto Trimestral do Estado de Goiás – 1°Trimestre/2016. Goiás:
Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos, 2016.

OFERTA menor de milho no mercado valoriza o preço do produto. G1.globo.com, edição de


26/06/2016. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2016/06/oferta-
menor-de-milho-no-mercado-valoriza-o-preco-do-produto.html>.

PERSPECTIVAS positivas para clima devem favorecer safra em 2016, diz IBGE. Estadão,
edição de 12/01/2016. Disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/campo-e-
lavoura/noticia/2016/01/perspectivas-positivas-para-clima-devem-favorecer-safra-em-2016-diz-
ibge-4949928.html>.

SEADE. PIB Trimestral – Análise do 1° Trimestre de 2016. São Paulo: Portal de Estatísticas do
Estado de São Paulo, 2016.

SEI. PIB Trimestral da Bahia – 1° Trimestre de 2016. Bahia: Superintendência de Estudos


Econômicos e Sociais da Bahia, 2016.

34 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


DESEMPENHO DA INDÚSTRIA MINEIRA: PRIMEIRO QUADRIMESTRE DE 2016

Glauber Flaviano Silveira


Marco Paulo Vianna Franco

Resumo

O Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais recuou -5,6% na comparação do primeiro trimestre
de 2016 com igual trimestre do ano anterior. A redução do nível de atividade se deve, em boa
medida, ao comportamento do setor industrial – na mesma ótica de comparação o Valor Adicionado
da indústria apresenta uma contração de -13,1%. Posto isso, o foco deste trabalho é avaliar os
fatores chaves para o fraco desempenho da indústria no estado nestes primeiros meses do ano. Os
resultados indicam que o subsetor de extrativa mineral foi o que mais contribuiu para esse
desempenho, apesar de não ser o único. O conhecimento desses fatores poderia subsidiar políticas
que visem a reversão da atual crise na indústria mineira.

Palavras chave: Indústria, Minas Gerais.

Abstract

The Gross Domestic Product (GDP ) of Minas Gerais decreased by -5.6 % over the first quarter
2016 with the same quarter last year. The reduction in activity level is due, largely , to the behavior
of the industrial sector - in the same optical comparison the value added of the industry is a
contraction of -13.1 % . That said, the focus of this study is to evaluate the key factors for the poor
performance of industry in the state in the first months of the year. The results indicate that the
mining sub-sector was the largest contributor to this performance , though not the only one.
Knowledge of these factors could support policies aimed at reversing the current crisis in the
mining industry.

Key-words: Industry, Minas Gerais.


Pesquisador da Fundação João Pinheiro (FJP) e professor no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC) e na Escola de
Governo Professor Paulo Neves de Carvalho (EG). Mestre em Economia Aplicada (UFV) e Especialista em Economia
Empresarial (IEC-PUC-MG). E-mail: glauber.economia@hotmail.com.

Pesquisador da Fundação João Pinheiro (FJP), Doutorando em Economia (CEDEPLAR/UFMG) e Mestre em Engenharia
Aeronáutica e Mecânica (ITA/SP). E-mail: marco.franco@fjp.mg.gov.br.

35 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


1. INTRODUÇÃO

O setor industrial tem apresentado desempenho cada vez mais desfavorável nos
últimos quadrimestres, tanto em Minas Gerais quanto no Brasil. O presente trabalho tem como
objetivo apresentar algumas estatísticas que confirmam a tendência de forte desaceleração nos
subsetores industriais.

Na indústria extrativa mineral, segmento em Minas Gerais que é bastante


influenciado pelo comportamento da produção de minério de ferro, pode-se afirmar que o setor
segue sofrendo com um faturamento menor e com o redirecionamento da produção para plantas
mais produtivas e menos onerosas. Em Minas Gerais, o comportamento do segmento deteriorou-se
ainda mais no último quadrimestre de 2015, sobretudo em novembro, com o rompimento da
barragem de Fundão em Mariana.

A indústria de transformação apresentou os resultados negativos mais severos


independente da ótica de comparação utilizada na análise, tanto em Minas Gerais quanto em âmbito
nacional. De maneira quase que generalizada, vários segmentos analisados pela desagregação da
Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do IBGE apresentaram inflexão no nível de
atividade. Em Minas Gerais, uma importante exceção a esse conjunto de segmentos com resultados
desfavoráveis, foi o comportamento do subsetor de “Fabricação de produtos do fumo”, que ainda
conseguiu sustentar incremento no nível de produção.

No segmento de energia e saneamento a forte dependência da matriz energética e do


serviço de distribuição de água em relação aos recursos hídricos no estado refletiu no baixo nível de
atividade do segmento ao longo de 2015. A melhora ocorrida no nível dos reservatórios do estado,
com as chuvas nos últimos meses de 2015 e início de 2016, sinalizam uma retomada do
crescimento, mas o retorno à normalidade histórica do subsetor ainda é incerto.

A tabela 1 e as subseções abaixo destacam com mais clareza e detalhes o


comportamento de cada um dos subsetores industriais mencionados anteriormente: energia e
saneamento, extrativa mineral e indústria da transformação.

36 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Tabela 1: Valor adicionado na indústria: Taxas de variação trimestral (compara o trimestre de
referência com igual trimestre do ano anterior) – Minas Gerais e Brasil – 1º trim. 2013–1º
trim. 2016 – (%)
2013 2014 2015 2016
Agregados Macroeconômicos
I II III IV I II III IV I II III IV I
MINAS GERAIS
Indústria (Total) -2,3 0,1 -0,7 -3,0 3,9 -4,1 -3,9 -5,7 -8,0 -7,8 -9,6 -10,6 -13,1
Ind. Extrativa Mineral -5,7 -4,8 -3,1 -6,7 11,1 1,5 0,8 -4,2 -3,2 4,7 0,7 -6,9 -21,6
Ind. de Transformação -0,6 3,5 -0,3 -3,5 1,1 -7,0 -5,6 -5,9 -9,9 -12,2 -14,1 -14,1 -13,4
Energia e Saneamento -17,5 -15,3 -8,7 -5,0 13,5 0,2 -6,5 -7,0 -14,1 -14,7 -14,1 -6,0 0,2
BRASIL
Indústria (Total) -1,6 4,3 2,9 3,0 4,6 -2,7 -2,9 -2,1 -4,4 -5,7 -6,7 -8,0 -7,3
Ind. Extrativa Mineral -8,2 -3,1 -0,5 -0,2 6,2 7,4 10,0 10,4 12,5 8,2 4,2 -4,1 -9,6
Ind. de Transformação -0,3 5,7 3,5 2,9 1,8 -6,5 -4,2 -6,0 -7,3 -8,1 -11,3 -12,0 -10,5
Energia e Saneamento -2,9 2,2 -0,2 7,5 4,9 -4,1 -6,7 -4,4 -6,6 -1,6 1,5 1,4 4,2
Fontes: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), Contas Nacionais Trimestrais.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. Indústria extrativa mineral

A produção física da indústria extrativa mineral em Minas Gerais apresentou


resultados muito desfavoráveis no primeiro quadrimestre de 2016. Esta afirmação pode ser
corroborada na análise da série com ajuste sazonal para o comportamento do setor que apresentou
forte queda em novembro de 2015 (-11%8) – resultado esse influenciado pelo rompimento da
barragem de mineração da Samarco – e janeiro de 2016 (-10,7%) (gráf. 1). Essas quedas abruptas
observadas na análise da série com ajuste sazonal em Minas Gerais são as maiores desde dezembro
de 2008. Além disso, verifica-se uma desaceleração nos últimos três meses.

A demanda potente da China pelo minério brasileiro manteve as cotações do produto


excepcionalmente valorizadas e sustentou um ciclo longo de expansão da atividade. O processo
começou a se reverter a partir de 2014 com enfraquecimento do crescimento chinês, queda
disparada dos preços do minério de ferro, sobretudo em virtude do excesso de oferta com o
acréscimo acentuado na produção australiana da commodity, bem como pela desaceleração da
indústria mundial de aço. O gráfico 2 mostra a evolução dos preços do minério de ferro de janeiro
de 2002 a abril de 2016. Segundo o Banco Mundial, as cotações da tonelada variaram entre US$ 42
e US$ 61 ao longo do ano de 2016.

37 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 1: Produção física da indústria extrativa mineral: variação percentual mensal com ajuste
sazonal (em relação ao mês imediatamente anterior) – Minas Gerais e Brasil – jan. 2014–
abr. 2016
10,0
8,5
5,0 1,9 1,3 2,0
0,4 0,9 1,2 0,9 1,3
0,1 -0,2 -0,6 -0,9 -1,1 -0,1
0,0 -0,9
2,7 -2,8
-0,3 1,0 0,7
0,2 0,4 -0,3 -1,0
-0,8 -1,5 0,0
-5,0 -2,6 -10,3

-10,0 -10,7
-11,8
-15,0

Brasil Minas Gerais

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Industrial Mensal-Produção Física (PIM-PF).

Gráfico 2: Preços mensais do minério de ferro no mercado internacional – jan. 2002–abr. 2016
250,0

200,0

150,0

100,0

50,0

0,0

Preços mensais do minério de ferro (US$/ton)

Fonte: World Bank.

Internamente, o desempenho fraco das indústrias mais diretamente encadeadas à


indústria extrativa - construção civil, metalúrgica e automobilística - também contribuíram para a
performance negativa do setor.

A série quadrimestral sem ajuste sazonal indicou queda de -16,6% da produção


estadual entre janeiro e abril de 2016 comparativamente ao mesmo período de 2015. No Brasil, o
recuo, na mesma base de comparação, foi um pouco menos severo (-15,0%) (gráf. 3). Em ambos os
casos, o resultado do primeiro quadrimestre de 2016 foi influenciado pela abrupta queda ocorrida
no mês de novembro, mencionada anteriormente na análise da série com ajuste sazonal.

Na análise da série quadrimestral anualizada percebe-se que o resultado insatisfatório


do primeiro quadrimestre de 2016, o que refletiu em uma taxa de variação anual mais modesta da
indústria extrativa mineral em Minas Gerais e em âmbito nacional (-4,6%) (gráf. 3).

38 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 3: Produção física da indústria extrativa mineral: Taxa de variação quadrimestral (em
relação ao quadrimestre imediatamente anterior) e acumulada no ano, na série sem ajuste
sazonal – Minas Gerais e Brasil – 1º quadrim. 2014–1º quadrim. 2016
15,0 11,6 10,0
9,2 8,7
10,0 6,9 5,8 8,0
9,0 8,6
4,6 6,0
5,0 3,3 6,8
4,6 4,0 2,0
0,0 0,8
0,7 -4,7 2,0 0,2 3,9
-5,0 -1,1 1,5 -1,1
-2,9 -2,5 0,0
-15,0
-10,0 -2,0 0,4
-0,5 -4,6
-15,0 -4,0
-16,6 -4,6
-20,0 -6,0

Brasil Minas Gerais Brasil Minas Gerais

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Industrial Mensal-Produção Física (PIM-PF).

A análise do resultado operacional de uma das principais empresas do setor que atua
no estado ajuda a entender esse resultado. A tabela 1 destaca a produção de minério de ferro da
Vale, incluindo o minério de ferro adquirido de terceiros e excluindo a produção atribuível à
Samarco, percebe-se que na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior houve uma leve
ampliação da produção (0,2%) e em relação ao trimestre imediatamente anterior uma queda
considerável, de -12,3%.

O resultado a nível nacional em parte se deve ao ritmo mais elevado de produção da


empresa no Sistema Norte (Carajás) e sintetiza a estratégia da Vale de substituição da capacidade de
produção através de cortes nas minas de maior custo em favor das mais produtivas em um cenário
de forte inflexão nos preços do minério de ferro. Daí o ritmo mais moderado de produção no
Sistema Sul e Sudeste. É interessante ainda destacar a forte queda (-47,9%) ocorrida na produção no
município de Mariana no primeiro trimestre de 2016 vis-à-vis ao mesmo período do ano passado –
ocasionado pelo desastre do rompimento da barragem de Fundão (tab. 1).

Deve-se também considerar a composição diferenciada da indústria extrativa mineral


de Minas Gerais e do Brasil na análise, que requer desagregação para comparação, dado que a
indústria mineira é predominantemente vinculada à extração de minério de ferro e que a brasileira
tem grande representação da extração de petróleo.21

21
Segundo a Pesquisa Industrial Anual (IBGE, 2013) as participações da extração de petróleo e gás natural e da extração de minério
de ferro no total da indústria extrativa nacional em 2013 foram, respectivamente, 37,6% e 46,3%. Em Minas Gerais, a extração de
minério de ferro predomina na atividade, com participação de 94,8% em 2013.

39 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Tabela 1: Produção de minério de ferro da Vale (1) – 4º trim. 2015/1º trim. 2016 – (milhões
toneladas métricas)
2016 2015 Variação (%)
Especificação
1º trim2016/ 1º trim2016/
1º trim. 4º trim. 1º trim.
4º trim2015 1º trim2015
Sistema Norte (Carajás) 32,4 36,5 27,5 -11,4 17,7
Sistema Sudeste 22,5 26,6 25,9 -15,3 -13,0
Itabira 7,5 9,0 7,3 -16,9 2,6
Minas Centrais 10,0 11,2 8,9 -10,8 12,0
Mariana 5,0 6,4 9,7 -20,9 -47,9
Sistema Sul 22,0 24,4 22,6 -9,7 -2,7
Paraopeba 5,6 6,3 6,5 -10,6 -13,8
Vargem Grande 7,3 8,5 5,9 -13,7 24,4
Minas Itabirito 9,1 9,6 10,2 -5,6 -11,2
Sistema Centro-Oeste 0,6 0,9 1,3 -32,1 -56,4
MINÉRIO DE FERRO 77,5 88,4 77,4 -12,3 0,2
Fonte: Vale (Relatório de produção do primeiro trimestre de 2016).
(1): Incluindo o minério de ferro adquirido de terceiros e excluindo a produção atribuível à Samarco.

As exportações de minério de ferro22, em volume, no estado, segundo dados do


Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MDIC), cresceram 6,1% no primeiro quadrimestre de
2016 comparado ao mesmo período do ano anterior – o câmbio desvalorizado pode contribuir para
o aumento das exportações. Em valor (US$FOB23), as vendas externas diminuíram -30,7%, afetadas
pela depreciação dos preços de minério de ferro em 2015. (gráf. 4).

Gráfico 4: Exportações de minério de ferro: Taxas de variação quadrimestral (compara o


quadrimestre de referência com igual quadrimestre do ano anterior) – Minas Gerais – 1º
quadrim. 2013–1º quadrim. 2016 – (%)
40,0
30,0 27,3
8,3 9,5 12,5
20,0 7,1 6,1
6,2 -0,1 0,6
10,0 -4,9
6,7
0,0
-10,0 -4,3 2,8
-20,0 -3,6
-30,0
-40,0 -23,7
-30,7
-50,0 -35,1
-42,9
-60,0
-51,8 -56,2
-70,0

Peso Líquido (kg) US$ FOB

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).

22
Considerando a classificação NCM 8 dígitos: 26011100 - Minérios de ferro e seus concentrados, exceto as piritas de ferro
ustuladas (cinzas de piritas), não aglomerados.
23
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40 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Além disso, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) aponta que a
arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM 24) tem
diminuído fortemente desde o primeiro quadrimestre de 2013, tanto para Minas Gerais, quanto para
o total nacional, resultado da inflexão nos preços do minério e da queda do nível de atividade no
segmento. Entretanto, no primeiro quadrimestre de 2016 vis-à-vis o mesmo período de 2015 a
CFEM estadual cresceu 29,1% e a brasileira 19,2% (gráf. 5).

Gráfico 5: Compensação financeira pela exploração de recursos minerais (CFEM): Taxas de


variação quadrimestral (compara o quadrimestre de referência com igual quadrimestre
do ano anterior) – Minas Gerais e Brasil – 1º quadrim. 2013–1º quadrim. 2016 (%)
100,0
80,0 75,0 63,2
60,0
40,0
30,8 29,1
20,0 31,0
-12,4 -23,6 -24,9 -20,2 -14,4 19,2
0,0 -16,0
-20,0 -16,9
-23,5
-40,0 -29,2 -15,3
-40,7 -29,5 -30,4
-60,0 -39,3

Brasil Minas Gerais

Fonte: Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

2.2. Indústria de transformação

A Indústria de transformação recuou -7,6% em Minas Gerais no primeiro


quadrimestre de 2016 na comparação com o mesmo período de 2015, segundo a Pesquisa Industrial
Mensal de Produção Física (PIM-PF) – produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Dentre os 12 principais setores de atividade, apenas quatro apresentaram
variação positiva no estado (gráf. 1): “Fabricação de produtos do fumo”, “Fabricação de produtos
alimentícios” – que tende a ter um desempenho melhor do que o restante da indústria de
transformação, dado que parte considerável dos alimentos são considerados bens de necessidade
básica pelas famílias – , “Fabricação de bebidas” e “Fabricação de celulose, papel e produtos de
papel”, com acréscimos de 37,4%, 8,3%, 6,1% e 4,3%, respectivamente. A menor taxa de variação,
-44,6%, fica a cargo do subsetor de “Fabricação de máquinas e equipamentos”, na sequência tem-se
o subsetor de “Fabricação de veículos automotores” (-29,3%) e “Fabricação de produtos têxteis”

24
A CFEM é calculada sobre o valor do faturamento líquido, obtido na comercialização do produto mineral e devida
pelas mineradoras aos estados e municípios em decorrência da exploração de recursos minerais, para fins de
aproveitamento econômico.

41 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


(-16,8%) – vários são os fatores responsáveis por essas quedas acentuadas, dentre eles pode-se
destacar a atual instabilidade política e econômica, aumento da inflação e das taxas de juros.

A atividade industrial no conjunto da indústria de transformação brasileira fechou


com recuo de -9,8% (gráf. 1). O subsetor da indústria de transformação menos afetado foi
“Fabricação de produtos do fumo” (12,6%) e o mais afetado “Fabricação de veículos automotores”
(-26,1%) – a indústria automotiva sofre com a queda do consumo de carros, seja por diminuição do
volume de crédito disponível para financiamentos ou pela cautela do consumidor na hora de
adquirir novas dívidas.

Sob o enfoque de números índices, o resultado da produção física da indústria de


transformação tem sido pior cada vez pior tanto em Minas Gerais quanto no Brasil em virtude da
desaceleração da atividade econômica. Apesar disso, neste último quadrimestre apenas em fevereiro
não houve incremento na produção da indústria de transformação em Minas Gerais (-0,7%), na
comparação com o mês anterior, na série com ajuste sazonal. Em março observa-se a maior
variação positiva (2,2%). No conjunto da economia brasileira comportamento semelhante é
observado (gráf. 2).

Gráfico 1: Índice de produção física da indústria de transformação: Taxa de variação no


quadrimestre (em relação ao mesmo quadrimestre do ano anterior) – Minas Gerais e
Brasil – 1º quadrim. 2016
(Em %)

-29,3
Fabricação de veículos automotores
-26,1
-44,6
Fabricação de máquinas e equipamentos
-20,8
-13,0
Fabricação de produtos de metal, exceto máq. e equip.
-16,6
-10,2
Metalurgia
-14,2
Fabricação de produtos de minerais não-metálicos -10,8
-12,5
-1,7
Fabricação de outros produtos químicos
-3,9
-2,6
Fabricação de coque, de prod. derivados do petróleo
-1,5
4,3
Fabricação de celulose, papel e produtos de papel
2,7
Fabricação de produtos têxteis -16,8
-14,6
37,4
Fabricação de produtos do fumo
12,6
Fabricação de bebidas 6,1
-3,4
Fabricação de produtos alimentícios 8,3
2,2
TOTAL -7,6
-9,8
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50

Minas Gerais Brasil

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Industrial Mensal-Produção Física (PIM-PF).

42 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 2: Produção física da indústria de transformação: Taxa de variação mensal (em relação ao
mês imediatamente anterior) na série com ajuste sazonal – Minas Gerais e Brasil – jan.
2015–abr. 2016 – (base: média de 2012 = 100)
10,0
8,0
6,0
4,0 6,1 2,4 2,0 1,8
2,0 0,2 0,9
-1,0 -1,3 -0,8 -0,6 -0,6 -3,0
0,0 -1,6 -1,6 -1,8 -1,6 2,2
1,0 0,4 0,2
-2,0 -0,2 -0,3 0,4
-0,7 -1,0 -1,4 -1,1
-4,0 -2,2 -0,7
-2,6
-6,0 -4,0
-8,0 -5,6
-10,0

Brasil Minas Gerais

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Industrial Mensal-Produção Física (PIM-PF).

Na comparação do primeiro quadrimestre de 2016 com o mesmo período de 2015, os


decréscimos de -7,6% em Minas Gerais e -9,8% no Brasil figuram entre os piores resultados da
série. Dados da taxa anualizada confirmam a forte desaceleração da atividade industrial tanto em
nível estadual quanto nacional. Para melhor compreensão acerca dos determinantes dos resultados
das indústrias nacional e estadual, faz-se interessante a desagregação dos dados por subsetores de
atividade industrial. A tabela 1 apresenta esses resultados comparando o quadrimestre de referência
com igual quadrimestre do ano anterior para Minas Gerais e Brasil. A tabela 2 exibe esses
resultados a partir da taxas de variação acumulada no ano.

Tabela 1-A: Taxas de variação quadrimestral da indústria de transformação (compara o


quadrimestre de referência com igual quadrimestre do ano anterior) na série sem ajuste
sazonal – Minas Gerais e Brasil – 1º quadrim. 2014–1º quadrim. 2016
(Continua)
2014 2015 2016
Especificação
I II III I II III I
MINAS GERAIS
TOTAL -0,7 -6,2 -4,4 -9,4 -8,7 -11,9 -7,6
Fabricação de produtos alimentícios 7,9 3,1 -2,5 1,1 2,6 5,3 8,3
Fabricação de bebidas 3,3 5,4 -1,6 -7,5 -10,2 9,1 6,1
Fabricação de produtos do fumo -7,1 7,1 -1,3 -4,3 20,8 15,2 37,4
Fabricação de produtos têxteis -6,6 -12,1 -5,0 -14,4 -34,6 -36,5 -16,8
Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 3,1 -1,5 -1,7 -8,6 -0,9 -16,5 4,3
Fabricação de coque, de prod. derivados do petróleo 3,8 7,8 6,6 -1,8 -3,4 -6,1 -2,6
Fabricação de outros produtos químicos -5,3 4,8 -0,2 -0,9 -11,7 -11,7 -1,7
Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 4,3 -2,4 -2,7 -13,2 -15,5 -19,3 -10,8
Metalurgia 4,0 -5,9 -1,3 -1,2 -2,7 -10,0 -10,2
Fabricação de produtos de metal, exceto máq. e equip. -15,9 -11,9 -15,3 -7,6 -10,2 -13,3 -13,0
Fabricação de máquinas e equipamentos 4,2 -4,4 -24,7 -32,8 -40,7 -41,9 -44,6
Fabricação de veículos automotores -12,2 -30,0 -11,8 -29,7 -29,0 -40,9 -29,3

43 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Tabela 1-B: Taxas de variação quadrimestral da indústria de transformação (compara o
quadrimestre de referência com igual quadrimestre do ano anterior) na série sem ajuste
sazonal – Minas Gerais e Brasil – 1º quadrim. 2014–1º quadrim. 2016
(Conclusão)
2014 2015 2016
Especificação
I II III I II III I
BRASIL
TOTAL -1,6 -5,8 -4,8 -8,3 -8,8 -12,4 -9,8
Fabricação de produtos alimentícios 0,5 1,9 -5,1 -1,4 -4,6 0,0 2,2
Fabricação de bebidas 2,7 1,5 -0,1 -6,6 -6,0 -1,8 -3,4
Fabricação de produtos do fumo -11,7 5,6 -2,9 -12,8 -8,8 -6,6 12,6
Fabricação de produtos têxteis -6,9 -6,6 -6,3 -6,3 -16,5 -21,0 -14,6
Fabricação de celulose, papel e produtos de papel -1,6 -1,3 -0,3 -2,0 1,6 -1,6 2,7
Fabricação de coque, de prod. derivados do petróleo 0,7 3,3 2,7 -7,1 -4,2 -7,0 -1,5
Fabricação de outros produtos químicos -3,3 -4,6 -3,8 -3,0 -4,9 -6,9 -3,9
Fabricação de produtos de minerais não-metálicos -0,9 -3,4 -3,2 -5,3 -5,6 -12,5 -12,5
Metalurgia -1,8 -10,8 -9,5 -7,3 -7,5 -11,8 -14,2
Fabricação de produtos de metal, exceto máq. e equip. -8,1 -12,0 -10,0 -7,0 -11,1 -16,6 -16,6
Fabricação de máquinas e equipamentos -2,1 -8,5 -6,3 -8,2 -15,7 -19,9 -20,8
Fabricação de veículos automotores -10,6 -25,4 -13,3 -21,5 -21,1 -35,5 -26,1
Fontes: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações
(CEI).

Tabela 2: Taxas de variação acumulada no ano (compara o resultado acumulado no ano até o
quadrimestre de referência com igual período imediatamente anterior) na série sem ajuste
sazonal – Minas Gerais e Brasil – 1º quadrim. 2014–1º quadrim. 2016
2014 2015 2016
Especificação
I II III I II III I
MINAS GERAIS
TOTAL -0,3 -3,1 -3,9 -6,6 -7,4 -10,0 -9,5
Fabricação de produtos alimentícios 5,6 5,5 2,3 0,5 0,4 3,1 5,1
Fabricação de bebidas -2,6 0,6 2,2 -1,5 -6,3 -2,6 1,8
Fabricação de produtos do fumo 0,3 1,8 -0,1 0,8 5,9 12,2 22,8
Fabricação de produtos têxteis 2,1 -6,7 -8,0 -10,5 -18,0 -28,5 -29,9
Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 2,7 1,9 0,0 -4,0 -3,8 -8,5 -4,3
Fabricação de coque, de prod. derivados do petróleo 5,7 5,1 6,2 4,5 0,3 -3,9 -4,1
Fabricação de outros produtos químicos -4,0 0,0 -0,3 1,1 -4,0 -8,7 -8,9
Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 1,3 0,7 -0,4 -6,0 -10,4 -16,0 -15,4
Metalurgia 0,0 -1,0 -1,2 -2,9 -1,7 -4,6 -7,6
Fabricação de produtos de metal, exceto máq. e equip. -10,6 -11,4 -14,4 -11,8 -11,2 -10,4 -12,1
Fabricação de máquinas e equipamentos 14,2 6,5 -7,7 -20,0 -33,1 -38,0 -42,1
Fabricação de veículos automotores -9,0 -20,7 -18,5 -24,2 -23,2 -33,1 -33,4
BRASIL
TOTAL 1,0 -2,2 -4,2 -6,2 -7,2 -9,9 -10,3
Fabricação de produtos alimentícios 0,2 0,3 -1,0 -1,5 -3,9 -2,1 -1,2
Fabricação de bebidas -1,6 -1,0 1,3 -1,8 -4,1 -4,7 -3,6
Fabricação de produtos do fumo -5,2 -1,1 -1,5 -1,4 -8,4 -9,3 -3,3
Fabricação de produtos têxteis -2,6 -4,7 -6,6 -6,4 -9,7 -14,6 -17,4
Fabricação de celulose, papel e produtos de papel -1,2 -1,4 -1,1 -1,2 -0,2 -0,7 0,8
Fabricação de coque, de prod. derivados do petróleo 3,9 2,4 2,3 -0,1 -2,8 -6,0 -4,4
Fabricação de outros produtos químicos 2,4 -1,4 -3,9 -3,8 -3,9 -5,0 -5,3
Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 1,4 -0,4 -2,5 -3,9 -4,7 -7,8 -10,1
Metalurgia -0,4 -4,4 -7,4 -9,2 -8,1 -8,8 -11,1
Fabricação de produtos de metal, exceto máq. e equip. -4,3 -7,8 -10,1 -9,8 -9,4 -11,6 -14,7
Fabricação de máquinas e equipamentos 3,2 -0,6 -5,7 -7,6 -10,0 -14,6 -18,8
Fabricação de veículos automotores 0,3 -12,6 -16,7 -20,3 -18,5 -25,9 -27,7
Fontes: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações
(CEI).

44 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Ainda em relação ao comportamento da Indústria de Transformação, a pesquisa de
Indicadores Industriais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e da
Confederação Nacional das Indústrias (CNI) apresenta os seguintes indicadores: “Faturamento
real”, “Horas trabalhadas na produção”, “Emprego”, “Massa salarial real”, “Utilização da
capacidade instalada” e “Rendimento médio real”.

Em relação ao indicador “Faturamento Real” da indústria de transformação, houve


queda de -14,4% no primeiro quadrimestre de 2016, na comparação com o mesmo período de 2015.
Destaca-se também que Minas Gerais apresenta resultado sempre inferiores na comparação com o
agregado da economia brasileira. As taxas anualizadas também mostram situações desfavoráveis
tanto no estado quanto no país (gráf. 03).

Gráfico 03: Variação do “faturamento real” na indústria de transformação: Taxa de variação


quadrimestral (em relação ao quadrimestre imediatamente anterior) e acumulada no
ano, na série sem ajuste sazonal – Minas Gerais e Brasil – 1º quadrim. 2013–1º
quadrim. 2016
10,0 5,0 2,9 3,5 3,7 2,4
5,4
3,9
5,0 2,0 1,3 -0,8
0,0 3,5 -1,8
5,7 -0,9 1,9
0,0 -4,3 -4,7
-5,5 0,1
-6,6 -6,8 -5,0
-5,0 -1,5 -2,1 -2,9 -8,9
-3,3 -4,1 -10,7
-10,0 -13,0 -12,3 -6,2 -5,9
-10,0
-15,0 -11,0 -9,5 -10,4
-13,8 -14,4 -15,0
-20,0 -15,8
-25,0 -21,5 -20,0 -17,1 -16,8

Brasil Minas Gerais Brasil Minas Gerais

Fontes: Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG); Confederação Nacional das Indústrias (CNI).

Outro indicador refere-se às “Horas trabalhadas na produção”. Os resultados obtidos


pela indústria de transformação mineira confirmam o cenário desfavorável com forte retração no
volume de horas trabalhadas. Na taxa quadrimestral ocorreram quedas de -6,7% e -10,0% no estado
e no país, respectivamente. Tendência que se observa também nas taxa anualizadas (gráf. 04).

45 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 04: Variação das “Horas trabalhadas na produção” na indústria de transformação: Taxa de
variação quadrimestral (em relação ao quadrimestre imediatamente anterior) e
acumulada no ano, na série sem ajuste sazonal – Minas Gerais e Brasil – 1º quadrim.
2013–1º quadrim. 2016
8,0 5,7 6,0
3,4
6,0 4,0
4,0 4,0 0,2
0,5 0,5 2,0 -0,5 -0,5
2,0 -0,5 -1,3 3,1
3,5 -1,5 0,0 -1,9
0,0 0,9
-2,0 0,3 -4,5 -2,0 -3,9
-4,0 -1,1 -5,7
-4,0 -1,9 -6,3
-6,0 -8,9 -9,2 -6,0 -3,5 -7,9
-8,0 -4,9 -4,6
-12,3 -10,0 -8,0 -10,1 -10,5
-10,0 -6,7
-12,0 -6,7 -10,0 -8,5
-14,0 -10,7 -10,1 -10,5 -12,0
-9,2
-10,5

Brasil Minas Gerais Brasil Minas Gerais

Fontes: Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG); Confederação Nacional das Indústrias (CNI).

Em relação à quantidade de “Emprego” na indústria de transformação, houve recuo


de -11% no estado e de -9,4% no país. Além disso, as taxas anualizadas também vêm demonstrando
forte desaceleração do indicador (gráf. 05).

Gráfico 05: Variação do “Emprego” na indústria de transformação: Taxa de variação quadrimestral


(em relação ao quadrimestre imediatamente anterior) e acumulada no ano, na série sem
ajuste sazonal – Minas Gerais e Brasil – 1º quadrim. 2013–1º quadrim. 2016
6,0 4,2 6,0
4,0 0,6 4,0
1,1 1,1 1,6 0,9
2,0 0,3 2,0 0,2 0,7 0,5
4,0 -0,6 -0,3 3,4 -0,8
2,9
0,0 0,0 1,4 -2,5
0,5 -2,9
-2,0 -0,3 -0,3 -4,2 -2,0 0,0 -4,4
-0,9
-4,0 -2,1 -6,2 -4,0 -2,0 -6,1
-6,0 -3,6 -8,0 -6,0 -7,9
-9,4 -4,8
-8,0 -8,0
-10,0 -10,0 -7,6
-8,6
-12,0 -10,5 -11,0 -12,0 -10,0

Brasil Minas Gerais Brasil Minas Gerais

Fontes: Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG); Confederação Nacional das Indústrias (CNI).

No que se refere ao indicador “Massa Salarial”, houve forte recuo de -14,4% no


estado, que apresenta taxas negativas nos últimos três quadrimestres, e de -10,0% no país. As taxas
anualizadas apresentam performance semelhante. Destaca-se que nos últimos quadrimestres
observa-se diminuição na quantidade de postos de trabalho na indústria, o que de certa forma tem

46 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


reflexo negativo no indicador de massa salarial, uma vez que a menor demanda combinada com
maior oferta de mão-de-obra tende a diminuir o salário real dos trabalhadores (gráf. 06).

Gráfico 06: Variação da “Massa salarial” na indústria de transformação: Taxa de variação


quadrimestral (em relação ao quadrimestre imediatamente anterior) e acumulada no
ano, na série sem ajuste sazonal – Minas Gerais e Brasil – 1º quadrim. 2013–1º
quadrim. 2016
10,0 6,0
4,8 3,2 3,2
3,1 4,0 2,2 2,3 2,0 2,5
5,0 2,1 2,7 0,9
1,1 0,0 2,0
5,5 -1,7 3,5
0,0 3,9 -3,6 0,0 2,5 2,3 -1,8
1,7 1,7
1,1 0,3 -6,2 -2,0 -3,8
-5,0 -1,2 -8,2 -1,0
-4,3 -10,0 -4,0 -6,0
-5,9 -3,1
-10,0 -6,0 -8,1
-8,0
-15,0 -11,5 -7,3
-10,0
-14,4
-20,0 -12,0
-10,7

Brasil Minas Gerais Brasil Minas Gerais

Fontes: Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG); Confederação Nacional das Indústrias (CNI).

Outro indicador é a “utilização da capacidade instalada”. No primeiro quadrimestre


de 2016 houve decréscimo de -4,9% em Minas Gerais e de -3,5% no Brasil (gráf. 07).

Gráfico 07: Variação da “utilização da capacidade instalada” na indústria de transformação: Taxa


de variação quadrimestral (em relação ao quadrimestre imediatamente anterior) e
acumulada no ano, na série sem ajuste sazonal – Minas Gerais e Brasil – 1º quadrim.
2013–1º quadrim. 2016
2,0 1,4 2,0
1,0 0,2 1,0 0,5 0,4
0,3 -0,1
-0,5 1,3
0,0 0,9 0,0 -0,5
-1,4 -1,3-1,4 -0,8 0,2 0,8
0,3 0,2 -0,1
-1,0 -2,0 0,1 0,2 -1,3
-1,0 -0,1 -1,6 -1,6 -1,8
-2,0 -0,9 -2,8
-1,5 -3,5 -2,0 -2,9
-3,0 -1,6
-4,4 -3,0 -3,6
-4,0
-5,0 -4,1 -4,0
-3,6
-6,0 -5,1 -4,9 -5,0
-4,7

Brasil Minas Gerais Brasil Minas Gerais

Fontes: Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG); Confederação Nacional das Indústrias (CNI).

Para completar o conjunto dos seis indicadores acompanhados pela FIEMG e CNI
em relação à indústria de transformação tem-se o “Rendimento médio real”. Neste quadrimestre
houve recuo de -3,9% no estado e de -0,7% no país. Na taxa anualizada comportamento similar se
verifica, o estado apresenta queda de -0,7% e o país -0,3% (gráf. 08).

47 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 08: Variação do “rendimento médio real” na indústria de transformação: Taxa de variação
quadrimestral (em relação ao quadrimestre imediatamente anterior) e acumulada no
ano, na série sem ajuste sazonal – Minas Gerais e Brasil – 1º quadrim. 2013–1º
quadrim. 2016
8,0 4,0 3,5
5,8 3,5 3,2
6,0 3,6 3,0 2,3
2,5 2,1 1,9
4,0 2,9
1,5 1,7 2,0 1,8 1,5
0,8 1,2 1,3
2,0 0,6 0,6 1,5 0,8
0,0 -0,1
-1,0 -0,7 1,0 0,4 1,7 0,6
0,0 1,5 2,4 0,2
0,5 1,3 1,1 -0,3
-2,0 -0,1 0,0
-0,7 -0,9
-1,6 -0,5 0,1 0,3
-4,0
-1,0
-6,0 -3,9 -1,5 -0,9 -0,7

Brasil Minas Gerais Brasil Minas Gerais

Fontes: Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG); Confederação Nacional das Indústrias (CNI).

Em relação às perspectivas de curto prazo para a indústria nacional surge outro


indicador interessante: o índice de confiança dos empresários industriais (ICEI). Em Minas Gerais o
ICEI saiu de 40,7 pontos em janeiro de 2015 para 34,6 em abril de 2016 (gráf. 09). O fato desse
indicador figurar abaixo dos 50,0 pontos demonstra o pessimismo dos empresários. O nível de
confiança dos empresários somente deverá voltar a patamares superiores quando o país conseguir
maior estabilidade política e econômica e trazer segurança para o retorno dos investimentos.

Gráfico 09: Índice de confiança do empresário industrial (ICEI) – Brasil e Minas Gerais – jan.
2015–abr. 2016
50,0
44,4
45,0
40,2
38,5 38,6 38,9
40,0 37,5 37,2 37,1 36,4 36,5 37,1 37,4
35,7 36,0 36,2
40,7 35,0
35,0 37,5
35,5 35,7 34,9 34,7 34,6
30,0 33,4 34,3 33,7 34,0 34,1
32,9 32,8 32,5
31,4
25,0

20,0

ICEI/BR ICEI/MG

Fontes: Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Pesquisa
Sondagem Industrial.
Nota: O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) tem o objetivo de sinalizar aos diversos atores da sociedade a visão dos
industriais em relação à economia. O indicador é construído a partir dos resultados da pesquisa Sondagem Industrial realizada
pelo Sistema FIEMG em conjunto com a Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Os indicadores variam de 0 a 100,
sendo que valores próximos do limite superior indicam posicionamento de confiança por parte dos empresários.

48 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


2.3. Energia e saneamento

O setor agregado de energia e saneamento (composto pela produção e distribuição de


eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana) apresentou crescimento praticamente nulo no
primeiro trimestre de 2016. As chuvas ocorridas no período contribuíram para a recuperação parcial
dos reservatórios e ainda para um pequeno aumento na geração de energia elétrica e uma redução,
também modesta, nos preços da energia elétrica.

Nos primeiros meses de 2016, de forma geral, houve recuperação parcial dos níveis
dos reservatórios da maioria das usinas hidroelétricas do Estado em comparação com o mesmo
período em 2015. Reservatórios como os associados às usinas de Furnas, Mascarenhas de Morais e
Marimbondo apresentaram as maiores variações positivas, cada um contando, em maio de 2016,
com mais de 75% do seu volume útil (gráf. 1). Usinas como as de Emborcação, Nova Ponte,
Itumbiara e Três Marias apresentaram recuperação menos pronunciada, com volumes úteis entre
35% e 55% também em maio de 2016. Apesar da boa recuperação em relação ao cenário dramático
observado em 2015, ainda há muitos reservatórios atualmente com volumes reduzidos em relação a
sua capacidade e, portanto, há incertezas quanto à geração elétrica em Minas ao longo de 2016. É
necessário aguardar com cautela como as usinas hidroelétricas mineiras serão despachadas ao longo
da estação seca, mas em todo caso o setor encontrará menos dificuldades em 2016 do que em 2015.

Gráfico 1: Volume útil dos reservatórios de Furnas e Marimbondo – 2016 e 2015 – (%).

Fonte: Operador Nacional do Sistema Elétrico. Disponível em http://www.ons.org.br/historico/percentual_volume_util_out.aspx .


Acessado em 23 de junho de 2016.

Uma análise de longo prazo da geração das usinas mineiras das concessionárias de
energia Furnas Centrais Elétricas S.A. e CEMIG Geração e Transmissão S.A (as usinas da CEMIG
de Jaguara e São Simão foram excluídas do cálculo uma vez que o valor adicionado produzido por
elas é contabilizado nas contas de outros Estados) permite compreender que a recuperação obtida

49 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


não significa um retorno à normalidade histórica, com montantes atuais de geração ainda bastante
reduzidos em relação à última década. A melhora comparativa está mais relacionada aos resultados
pífios de 2015 do que a uma retomada vigorosa da geração de energia elétrica (gráf. 2 e 3).

Gráfico 2: Geração mensal das usinas hidrelétricas da Furnas Centrais Elétricas S.A. em Minas
Gerais – jan. 1999–mai. 2016 – (MWh)
3.500.000
3.000.000
2.500.000
2.000.000
1.500.000
1.000.000
500.000
0

Geração Furnas - MG

Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponível em http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/cmpf/gerencial/. Acessado em 23 de


junho de 2016.

50 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 3: Geração mensal das usinas hidrelétricas da CEMIG Geração e Transmissão S.A. em
Minas Gerais – jan. 1999–mai. 2016 – (MWh)
2.000.000
1.800.000
1.600.000
1.400.000
1.200.000
1.000.000
800.000
600.000
400.000
200.000
0

Geração CEMIG - MG

Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponível em http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/cmpf/gerencial/. Acessado em 23 de


junho de 2016.

O preço acumulado de janeiro a maio de 2016 da energia elétrica residencial,


segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para Belo Horizonte,
apresentou recuo de 5,99% (4,84% no cenário nacional). Tal fato também se deve à recuperação
parcial dos reservatórios e à decorrente redução da participação das termoelétricas na geração
elétrica no Estado.

A situação dos reservatórios para fins de abastecimento de água também apresentou


recuperação a partir de fevereiro de 2016. O volume dos reservatórios do sistema Paraopeba,
utilizados pela COPASA no abastecimento da região metropolitana de Belo Horizonte, apresentou
média de 57,4% de sua capacidade. Mesmo que ainda longe dos níveis observados em 2013, pode-
se perceber que a situação crítica do final de 2015 foi aliviada devido às chuvas dos primeiros
meses de 2016 (gráf. 4). Em todo caso, é muito cedo para apontar a superação do problema da falta
de água, mesmo no curto prazo, uma vez que a estação seca está ainda no seu início.

51 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 4: Volume dos reservatórios do sistema Paraopeba, que abastecem a região metropolitana
de Belo Horizonte – jan. 2013–jun. 2016 – (%)

Fonte: Companhia de Saneamento e Água (COPASA). Disponível em http://www.copasa.com.br/wps/portal/internet/abastecimento-


de-agua/nivel-dos-reservatorios. Acessado em 24 de junho de 2016.

Em relação às taxas de água e esgoto, o IPCA acumulado em 2016 para Belo


Horizonte foi de 7,72% (abaixo do resultado nacional de 10,37%), resultado direto da revisão
tarifária periódica da COPASA em vigor desde 13 de maio de 201625.

O consumo de gás natural em Minas Gerais apresentou forte tendência de queda


(gráf. 5), sendo que a redução se deveu basicamente à queda no consumo de gás para geração de
eletricidade (que está relacionada à recuperação dos reservatórios), com o consumo industrial se
mantendo praticamente constante nos primeiros meses de 2016 (esses dois setores correspondem a
mais de 99% da demanda por gás natural canalizado no Estado, sendo que o primeiro responde por
cerca de 1/3 e o segundo por 2/3 dessa demanda). Em relação ao gás de botijão, a demanda

25
Mais informações sobre a revisão tarifária periódica da COPASA estão disponíveis em:
http://www.arsae.mg.gov.br/component/gmg/story/237-arsae-mg-autoriza-reajuste-de-13-9-nas-contas-de-agua-e-esgoto-da-
copasa. Acesso em 24/06/2016.

52 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


residencial se apresentou constante, ao passo que o preço do botijão acumulado no ano contou com
uma leve queda medida pelo IPCA para Belo Horizonte: -1,27% (-0,74% no cenário nacional).

Gráfico 5: Consumo de gás natural em Minas Gerais de janeiro de 2015 a abril de 2016: demanda
total, do segmento industrial e do setor elétrico (103 m3/dia)

5.000,0
4.500,0
4.000,0
3.500,0
3.000,0
2.500,0
2.000,0
1.500,0
1.000,0
500,0
0,0

TOTAL INDUSTRIAL GER.ELETR.

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI), com base em dados da Associação Brasileira das
Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado. Disponível em http://www.abegas.org.br/Site/. Acessado em 24 de junho de
2016.

Em relação ao setor de energia e saneamento como um todo, o primeiro trimestre de


2016 apresentou as seguintes variações no valor adicionado apurado em volume para Minas Gerais:
2,0% em relação ao trimestre imediatamente anterior (gráf. 6); 0,2% em relação ao mesmo trimestre
do ano anterior (gráf. 7) e -8,7% no acumulado em 12 meses em relação ao mesmo período
imediatamente anterior (gráf. 8). Enquanto que em uma análise de curto prazo, como a comparação
do resultado do primeiro trimestre de 2016 em relação ao trimestre imediatamente anterior, os
valores para Minas se aproximaram aos valores para o Brasil (1,9%), refletindo uma leve
recuperação relativa do setor, análises de mais longo prazo ainda são marcadas pela crise hídrica
sofrida de forma específica pelo Estado em 2015, com valores significativamente mais positivos
para o Brasil (4,2% em relação ao primeiro trimestre de 2015 e 1,4% no acumulado em 12 meses
em relação ao mesmo período imediatamente anterior).

53 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 6: Valor adicionado do setor de energia e saneamento: taxas de variação no trimestre (em
relação ao trimestre imediatamente anterior) na série com ajuste sazonal – Minas Gerais e
Brasil – 1º trim. 2013–1º trim. 2016
10,0
6,7 6,2
4,2
5,0 2,0 2,0
1,0 1,6 2,4 1,7
-1,5 -1,7
0,0 1,8 1,3
0,5 -4,7 2,1 1,9
0,0 -0,8
-5,0 -2,6 -1,3 -2,7
-3,1
-6,8 -7,0
-10,0 -14,4
-15,0

-20,0

Brasil Minas Gerais

Fontes: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), Contas Nacionais Trimestrais.

Gráfico 7: Valor adicionado do setor de energia e saneamento: taxas de variação no trimestre


(trimestre de referência em relação a igual trimestre do ano anterior) – Minas Gerais e
Brasil – 1º trim. 2013–1º trim. 2016 – (%)
20,0
15,0 13,5
10,0 7,5
5,0 2,2 4,2
0,2 1,5 1,4
4,9
0,0
-0,2 -6,5 -4,4 -6,6 -1,6 0,2
-5,0 -2,9
-5,0 -4,1 -6,0
-10,0 -6,7 -7,0
-15,3 -8,7
-15,0 -17,5 -14,0
-14,1 -14,7
-20,0

Brasil Minas Gerais

Fontes: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), Contas Nacionais Trimestrais.

54 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 8: Valor adicionado do setor de energia e saneamento: taxas de variação acumulada em 12
meses (acumulado nos doze meses que se completam no trimestre de referência em
relação a igual período imediatamente anterior) – Minas Gerais e Brasil – 1º trim. 2013–
1º trim. 2016– (%)
6,0
4,0
2,0
2,0 3,6 0,3 1,4
-0,4
0,0 1,6
-2,0 -1,6 0,1
-0,9 -1,4 -0,7
-4,0 -5,4 -4,9 -2,9 -1,4
-4,5 -2,6
-6,0 -4,7 -8,7
-8,0
-11,6 -7,0
-10,0 -8,6 -12,2
-12,3
-12,0 -10,4 -10,5
-14,0

Brasil Minas Gerais

Fontes: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), Contas Nacionais Trimestrais.

Finalmente, no gráfico 9 é possível ver a evolução em volume do VA do setor no


longo prazo, desde janeiro de 2002, período de crise hídrica, até março de 2016. Após um valor
mínimo em julho de 2015 (o menor valor de todo o período), pode-se observar uma recuperação do
valor adicionado, com as oscilações comuns à sazonalidade do setor. Os anos de 2002, 2013 e 2015
são claramente anos em que houve escassez de água, com correspondentes quedas na geração de
energia elétrica. Essa análise de longo prazo deixa clara a dependência do setor em relação à
disponibilidade de recursos hídricos no Estado. Mesmo sendo possível observar uma tendência de
melhora em relação à escassez de água de 2015, não há consenso em relação ao futuro. Diversos
fenômenos, antropogênicos ou não (mudanças climáticas globais, El Niño, alteração da cobertura
vegetal etc.), se sobrepõem e tornam difícil um prognóstico com confiabilidade satisfatória. Resta
aos atores envolvidos no setor de energia e saneamento trabalhar com cautela e precaução à medida
que se estende o horizonte de análise. Uma estação chuvosa generosa pode trazer alívio, mas pouco
corrobora com a tese de que o setor, dada sua matriz energética fortemente ligada à
hidroeletricidade, se encontra livre de impactos climáticos no médio e longo prazo.

55 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 9: VA mensal do setor de energia e saneamento em Minas Gerais (normalizado em relação
ao mês de referência) – jan. 2002–mar. 2016 – (base fixa: jan. 2002=100)
160,0
150,0
140,0
130,0
120,0
110,0
100,0
90,0
80,0
70,0

Valor Adicionado - Energia e Saneamento

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), Contas Nacionais Trimestrais.

3. CONCLUSÃO

O fraco desempenho da economia mineira no primeiro quadrimestre de 2016 em


Minas Gerais pode ser creditado ao setor industrial, que apresenta forte contração. Os três
subsetores da indústria (transformação, extrativa mineral e energia e saneamento) apresentaram
desempenho aquém do esperado.

A extrativa mineral foi o subsetor que apresentou maior queda. Isso se deve, em
partes, pela redução da atividade mineradora no município de Mariana – a Samarco, uma das
principais empresas da região, após o desastre ambiental verificado em novembro de 2015 com a
barragem de Fundão a produção, ainda não retomou a atividade e isso tem impactado fortemente a
produção de minério. Além disso, o setor segue sofrendo com um faturamento menor e com o
redirecionamento da produção para plantas mais produtivas e menos onerosas.

No subsetor da indústria de transformação vários segmentos analisados (mais


precisamente oito de doze) pela desagregação da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física
(PIM-PF) do IBGE apresentaram inflexão no nível de atividade. Negativamente destaca-se a
‘Fabricação de máquinas e equipamentos’ e ‘Fabricação de veículos automotores’, com recuo de
-44,6% e -29,3%, respectivamente, na análise desse quadrimestre com igual quadrimestre do ano
anterior. O único resultado positivo de destaque em Minas Gerais é a ‘Fabricação de produtos do
fumo’ (37,4%).

56 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


No subsetor de energia e saneamento, as chuvas ocorridas no início de 2016 apontam
para uma retomada do crescimento, face a recuperação dos reservatórios de água. Mesmo
considerando o aumento na geração de energia elétrica e redução nos preços, ainda é cedo para
afirmar que a crise hídrica está sanada.

Portanto pode-se inferir que um conjunto de fatores vem afetando negativamente a


indústria mineira em 2016, mas é o conhecimento desses que pode ajudar na construção de
mecanismos que visem a superação dos atuais problemas enfrentados.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Geração mensal das usinas hidrelétricas de


Furnas Centrais Elétricas S.A. e da CEMIG Geração e Transmissão S.A.. 2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DISTRIBUIDORAS DE GÁS CANALIZADO.


Consumo de gás natural. 2016.

COMPANHIA DE SANEAMENTO E ÁGUA (COPASA). Volume dos reservatórios do sistema


Paraopeba, que abastecem a região metropolitana de Belo Horizonte. 2016.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS INDÚSTRIAS (CNI). Faturamento real, Horas


trabalhadas na produção, Emprego, Massa salarial real, Utilização da capacidade instalada e
Rendimento médio real na indústria de transformação. 2016.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL (DNPM). Compensação


financeira pela exploração de recursos minerais (CFEM). 2016.

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS (FIEMG). Pesquisa


Sondagem Industrial. 2016.

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS (FIEMG). Variação do


Faturamento real, Horas trabalhadas na produção, Emprego, Massa salarial real, Utilização
da capacidade instalada e Rendimento médio real na indústria de transformação. 2016.

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO (FJP). Monitor FJP - Produto Interno Bruto de Minas Gerais:
1° Trimestre 2016. Belo Horizonte: Centro de Estatística e Informações (CEI), 2016.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Contas Nacionais


Trimestrais. 2016.
57 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa Industrial
Mensal: Produção Física (PIM-PF). 2016.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO (MDIC). Exportações


de minério de ferro. 2016.

OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO. Volume útil dos reservatórios de Furnas


e Marimbondo. 2016.

VALE. Relatório de produção do primeiro trimestre de 2016. 2016.

WORLD BANK. Preços mensais do minério de ferro no mercado internacional. 2016.

58 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


VALOR ADICIONADO DO TURISMO DE MINAS GERAIS: UM CÁLCULO COM OS
COEFICIENTES DE ATENDIMENTO TURÍSTICO

Caio César Soares Gonçalves26

Resumo:

Com o objetivo de estimar de Valor Adicionado (VA) do turismo do Estado de Minas Gerais, este
artigo utiliza a nova base de dados das Contas Regionais 2010–2013 e emprega coeficientes de
atendimento turístico para maior aproximação conceitual. Esse refinamento na distinção das
atividades econômicas turísticas e não turísticas, permitiu identificar a obtenção da participação
econômica do turismo no total da economia de Minas Gerais, em média, de 1,6%, uma trajetória de
queda real de crescimento no período analisado e a relevância dos serviços de alimentação e
transporte terrestre para o resultado final do setor.

Palavras-chave: Turismo, Valor Adicionado, Minas Gerais

Abstract:

In order to estimate the value added (VA) of the State of Minas Gerais tourism, this article uses the
new database Regional Accounts 2010–2013 and employs tourist attendance coefficients for greater
conceptual approach. This refinement in distinction of tourist and non-tourist activities, identified
the achievement of economic tourism share in the total economy of Minas Gerais, on average,
1.6%, a path of real fall of growth in the period analyzed and the relevance of the food service and
ground transportation to the final result of the sector.

Keywords: Tourism, Added Value, Minas Gerais.

26
Pesquisador da Fundação João Pinheiro (FJP). Mestre em Economia Aplicada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS). E-mail: caio.goncalves@fjp.mg.gov.br.

59 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


1. INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo estimar o Valor Adicionado (VA) do turismo do
Estado de Minas Gerais por meio da nova base de dados das Contas Regionais 2010-2013 e através
do coeficiente de atendimento turístico que distingue as atividades econômicas turísticas e não
turísticas.

Não há dúvidas sobre a importância do turismo principalmente quando se trata de


economias locais. A literatura a respeito, como os estudos de Cassimiro Filho (2002) e Takasago et
al (2010), apontaram a capacidade do turismo de desempenhar um papel relevante na geração de
emprego e renda e, consequentemente, colaborar para redução de desigualdade e pobreza no país.
No entanto, existem desafios no processo de quantificação da importância econômica através de
agregados macroeconômicos desse conjunto de atividades tanto pelas especificidades do turismo
quanto pelas falta de disponibilidades de dados desagregados.

Por envolver um conjunto de atividades do setor de serviços que podem ou não


serem oferecidas a turistas, as estatísticas do turismo enfrentam certo grau de dificuldade quando se
trata de sua mensuração dada a clara necessidade de distinção do que realmente se trata de consumo
turístico. Além disso, existe a necessidade de padronização das atividades que compõem o turismo
para que exista comparabilidade das estatísticas geradas.

A classificação do que seriam as Atividades Características do Turismo (ACT)


tornou-se o ponto inicial para sua delimitação e, assim, crucial para entender pelo menos como o
grande conjunto de atividades que contem o turismo se comporta, mesmo podendo incorrer em
erros de superestimação. Ao realizar o estudo sobre economia do turismo, o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) (2012) listaram as ACT compatibilizando com a definição da
Organização Mundial de Turismo (OMT). Esse conjunto de atividades está disposto, por exemplo,
na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) 2.0, de forma que seja possível
compatibilizar essas atividades com outras classificações.

As novas séries do Sistema de Contas Nacionais e Regionais do IBGE que adotou o


ano de 2010 como referência, além de incorporar revisão do manual de Contas Nacionais
organizados pelos órgãos Organização das Nações Unidas (ONU), Fundo Monetário Internacional
(FMI), Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Banco Mundial,
permitiu a integração a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) 2.0, além de

60 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


outras alterações. Com isso, o nível de abertura das atividades, principalmente dos serviços,
apresentou expansão. As atividades estão divulgadas em dezoito grupos (Agricultura, Pecuária,
Silvicultura e pesca, Indústria extrativa mineral, Indústria da Transformação, Eletricidade, gás, água
e esgoto, Construção Civil, Comércio, Serviços de transportes, armazenagem e correio, Alojamento
e alimentação, Serviços de informação e comunicação, Serviços financeiros, Serviços imobiliários,
Serviços prestados às empresas, Administração Pública, Saúde e educação mercantil, Serviços
prestados às famílias e Serviços domésticos). Isso permite uma melhor análise do turismo nessa
nova base. Contudo, como critério de desagregação utilizou-se a Pesquisa Anual de Serviços (PAS)
dos anos de 2010 a 2013.

Adicionalmente, para melhor apuração do Valor Adicionado do Turismo é necessário


a distinção das atividades turísticas das não turísticas. Por exemplo, é relevante saber o quanto do
atendimento realizado pelos estabelecimentos do setor de alimentação ou de alojamento destinou-se
a turistas. Para isso, empregaram-se os coeficientes de atendimentos a turistas do Sistema de
Informações Integrado do Mercado de Trabalho no Setor Turismo (SIMT) do Instituto de Pesquisas
Aplicadas (IPEA).

Dessa forma, esse artigo contribui para a literatura de mensuração das atividades
turísticas, especificamente para o Estado de Minas Gerais que possui atrativos na área de turismo
devido a sua riqueza histórica, cultural, gastronômica e polo de negócios.

Além dessa introdução, este artigo descreve na segunda seção a classificação de


atividades econômicas do turismo adotada. A terceira seção apresenta os resultados do valor
adicionado, os índices de volume e o deflator implícito calculados para o turismo de Minas Gerais
de 2010 a 2013 e também contempla a desagregação do VA do turismo para oito setores que o
compõem. A quarta seção finaliza com as conclusões desse trabalho.

2. ATIVIDADES CARACTERÍSTICAS DO TURISMO

Na definição da Organização Mundial do Turismo (OMT), o turismo é um conjunto


de atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e estadas em lugares distintos do seu
entorno habitual, limitado por um período de até um ano, seja para fins de lazer ou negócios, seja
por outros motivos não relacionados com o exercício de uma atividade remunerada no lugar
visitado (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2012). Dessa forma, os visitantes ou turistas

61 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


são os indivíduos que realizam o deslocamento citado anteriormente e o gasto total de consumo
efetuado pelo visitante durante ou decorrente de sua viagem e estada no lugar de destino.

Assim, sob a perspectiva da demanda, os produtos característicos do turismo são


aqueles que deixariam de existir ou reduziriam na ausência de visitantes. Os chamados produtos
conexos são aqueles que em determinado lugares são voltados ao turismo, porém em outros podem
não ter relação com a atividade turística. Por fim, os produtos específicos englobam as duas
categorias anteriores.

Para a classificação de uma atividade econômica como característica de turismo,


utiliza-se a identificação por produtos classificados como característicos do turismo. A OMT
desenvolveu a Classificação Internacional Uniforme das Atividades Turísticas (Clasificación
Internacional Uniforme de Actividades Turísticas - CIUAT) para criar uniformidade nas
comparações das estatísticas a nível internacional.

No Brasil, a classificação de atividades econômicas oficialmente adotada pelo


Sistema Estatístico Nacional e pelos cadastros e registros da Administração Pública é a
Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE. O IBGE, em seus estudos sobre o
turismo no Brasil, compatibilizou as Atividades Características do Turismo com a CNAE na sua
versão mais recente (2.0). O Sistema de Informações Integrado do Mercado de Trabalho no Setor
Turismo (SIMT) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) também apresenta sua
classificação que será adotada nesse artigo. O quadro 01 resume essa classificação CNAE 2.0 em
oito grupos de ACT.

Os grupos de ACT envolvem serviços prestados às famílias como alojamento,


alimentação, cultura e lazer. Englobam também tipos de transporte como o terrestre, aquaviário e
aéreo. Além de incluir atividades administrativas e complementares como os aluguéis de transporte
e as agências de viagem.

62 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Quadro 1: Classificação das atividades características do turismo
Grupo ACT Atividades CNAE 2.0
55.10-8 – Hotéis e similares
Alojamento
55.90-6 – Outros tipos de alojamento não especificados anteriormente
56.11-2 – Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas
Alimentação
56.12-1 – Serviços ambulantes de alimentação
49.23-0 – Transporte rodoviário de táxi
49.22-1 – Transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário fixo, intermunicipal,
interestadual e internacional
Transporte terrestre
49.29-9 – Transporte rodoviário coletivo de passageiros, sob regime de fretamento, e outros transportes
rodoviários não especificados anteriormente
49.50-7 – Trens turísticos, teleféricos e similares
50.11-4 – Transporte marítimo de cabotagem
50.12-2 – Transporte marítimo de longo curso
Transporte aquaviário 50.22-0 – Transporte por navegação interior de passageiros em linhas regulares
50.91-2 – Transporte por navegação de travessia
50.99-8 – Transporte aquaviário não especificado anteriormente
51.11-1 – Transporte aéreo de passageiros regular
Transporte aéreo
51.12-9 – Transporte aéreo de passageiros não regular
Aluguel de transporte 77.11-0 – Locação de automóveis sem condutor
79.11-2 – Agências de viagens
Agências de viagem 79.12-1 – Operadores turísticos
79.90-2 – Serviços de reserva e outros serviços de turismo não especificados anteriormente
90.01-9 – Artes cênicas, espetáculos e atividades complementares
91.02-3 – Atividades de museus e de exploração, restauração artística e conservação de lugares e
prédios históricos e atrações similares.
91.03-1 – Atividades de jardins botânicos, zoológicos, parques nacionais, reservas ecológicas e áreas de
proteção ambiental.
Cultura e lazer
92.00-3 – Atividades de exploração de jogos de azar e apostas
93.19-1 – Atividades esportivas não especificadas anteriormente
93.21-2 – Parques de diversão e parques temáticos
93.29-8 – Atividades de recreação e lazer não especificadas anteriormente
Fonte: Elaborado pelo autor.

O Ipea desenvolve desde 2003 um sistema de informação sobre o mercado de


trabalho especificamente para o setor de turismo. Nesse sistema é possível identificar o emprego no
turismo estritamente relacionado aos bens e serviços adquiridos por visitantes. Essa identificação
parte de uma pesquisa com estabelecimentos de todo o território nacional sobre a porcentagem de
turistas entre seus clientes. A partir dessa informação, estimam-se os “coeficientes de atendimento a
turistas”, que, diferente da aplicação desses coeficientes sobre os dados de emprego, este artigo os
aplica para os dados da produção.

A tabela 1 apresenta os coeficientes de atendimento turístico por grupo de ACT nos


anos de 2012 e 2013.

63 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Tabela 1: Coeficiente de atendimento turístico por grupo ACT – Minas Gerais – 2012/2013
Grupo ACT 2012 2013
Alojamento 0,76 0,80
Alimentação 0,35 0,30
Transporte terrestre 0,80 0,87
Transporte aquaviário 0,02 0,02
Transporte aéreo 0,85 0,82
Aluguel de transportes 0,44 0,41
Agência de viagem 0,78 0,78
Cultura e lazer 0,13 0,10
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados Sistema de Informações sobre o Mercado de Trabalho no Setor Turismo (SIMT) do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

Em relação a tabela 1, 0,76 ou 76% do atendimento dos serviços de alojamento em


Minas Gerais em 2012 foram direcionados a turistas. Em 2013, essa porcentagem aumentou para
80%. O transporte terrestre, aéreo e as atividades das agências de viagem são os que mais estão
voltados a visitantes. O aluguel de transporte e serviços de alimentação aparecem em um nível
intermediário, porém não se predominam em atividades voltadas ao consumo turístico. No caso, da
cultura e lazer e do transporte aquaviário, a porcentagem é ainda menor quando se trata da
economia de Minas Gerais. Ressalta-se que os anos não sofreram grandes variações e que para 2010
e 2011 foram utilizadas a média do período sucessor como forma de retropolar.

3. VALOR ADICIONADO DO TURISMO

O Valor Adicionado (VA) representa o valor de todos os bens e serviços de uma


economia descontando os insumos de produção. Em outras palavras, é o quanto que cada etapa de
produção agrega valor ao produto para evitar a não duplicidade de contagem. Em termos
matemáticos, valor adicionado é a diferença entre o valor bruto da produção e o consumo
intermediário. Ressalta-se que a adição total do valor adicionado com os impostos gera o conceito
de Produto Interno Bruto (PIB).

A partir dos coeficientes turísticos da tabela 1, aplicou-se sobre o Valor Adicionado


(VA) dos grupos das Atividades Características Turísticas (ACT) desagregadas pela Pesquisa Anual
de Serviços (PAS) que agrupado os oitos componentes tem-se o turismo. A figura 1 sintetiza as
informações necessárias e o processo para obtenção do VA do turismo por grupo de ACT.

64 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Figura 1: Processo do cálculo do valor adicionado do turismo

Coeficientes de
atendimento turístico
• Valor adicionado
(VA) por atividades • VA do turismo por
econômicas • Atividades grupo de ACT
Caraterísticas do
Turismo (ACT)

Pesquisa Anual de
2010-2013
Serviços (PAS)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Em 2010, o VA do turismo em Minas Gerais foi de R$ 4.803 milhões, seguido de


R$.5.494 em 2011. Em 2012, o VA do turismo superou a cifra de 6 milhões de reais alcançando
R$.6.415 e R$ 6.965 no ano seguinte. O gráfico 1 ilustra esses os resultados.

Gráfico 1: Valor adicionado do turismo de Minas Gerais – 2010–2013 – (R$ milhões)


R$ milhões
8.000
6.965
7.000 6.415

6.000 5.494
4.803
5.000

4.000

3.000

2.000

1.000

0
2010 2011 2012 2013
Fonte: Elaborado pelo autor.

Em 2013, o turismo representou 2,56% dos serviços. A participação do turismo no


total da economia de Minas Gerais para esse mesmo ano foi de 1,63%. Nos anos posteriores, as
participações tanto no total dos serviços quanto no total da economia mostraram próximas conforme
apresenta o gráfico 2.

65 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 2: Participação do valor adicionado do turismo nos serviços e no total de Minas Gerais –
2010–2013
%
Turismo nos Serviços Turismo no VA Total MG
3,0
2,62 2,66
2,57 2,56
2,5

2,0
1,66 1,63
1,57 1,57
1,5

1,0

0,5

0,0
2010 2011 2012 2013
Fonte: Elaborado pelo autor.

Em termos comparativos com os outros grandes grupos de atividades econômicas do


Estado, o gráfico 3 exibe as participações da agropecuária, indústria e serviços não turísticos
juntamente com a participação do turismo.

Gráfico 3: Participação das atividades econômicas do valor adicionado total de Minas Gerais –
2010–2013

100% 1,57 1,57 1,66 1,63


90%
80%
70% 59,64 58,45 60,67 62,07
60%
50%
40%
30%
33,18 33,17 31,05 30,68
20%
10%
5,60 6,81 6,62 5,63
0%
2010 2011 2012 2013
Agropecuária Indústria Serviços não turísticos Turismo

Fonte: Elaborado pelo autor.

66 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


3.1 Crescimento real do setor de Turismo

Para melhor análise da evolução do VA do turismo, estimou-se a taxa de crescimento


real (índice de volume) e a variação dos níveis de preços (deflator implícito) desse grupo de
atividades. Ressalta-se que se trata de uma aproximação devido à dificuldade de identificação
desses índices em níveis de desagregação mais elevados. O gráfico 4 registra os resultados
encontrados.

Gráfico 4: Índices de volume e delator implícito do VA do turismo de Minas Gerais – 2010–2013


% ao ano % ao ano
13,0
8,0 14,0
7,1
7,0
12,0
6,0
8,6 10,0
5,0
4,0 6,8 8,0

3,0 3,4 6,0


2,0
4,0
1,0
-0,04
2,0
0,0
2011 2012 2013
-1,0 0,0
Índice de volume Deflator implícito

Fonte: Elaborado pelo autor.

De acordo com o gráfico 4, a atividade de turismo em Minas Gerais apresentou


crescimento de 7,1% em 2011 comparado a 2010. Contudo, em 2012 registrou-se um crescimento
menor de 3,4% e em 2013 uma leve retração de -0,04%. Já o índice de preços do turismo de Minas
Gerais elevou-se de 6,8% em 2011 para 13,0% em 2012, e, então, registrou uma taxa menor de
crescimento no ano seguinte de 8,6%.

Nesse mesmo período, a taxa de crescimento real do setor de Serviços como um todo
de Minas Gerais se elevou 2,3% em 2011, 3,2% em 2012 e 1,1% em 2013, revelando que nos anos
de 2011 e 2012, o turismo cresceu acima do setor de serviços. Isso também foi verificado quando
comparado com a economia de Minas Gerais que cresceu 2,4% em 2011 e 3,3% em 2012.

O IBGE divulga através da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) o agregado


“atividades turísticas” sendo que se verificou para os anos disponíveis – a partir de 2012 – um
crescimento real de 1,1% em 2012 e uma queda de -0,3% em 2013 (GRÁFICO 5). Apesar de
utilizar uma metodologia distinta da apresentada por esse artigo que efetivamente calcula o valor

67 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


adicionado, os resultados do agregado “atividades turísticas” apresentou certa consonância com os
resultados apresentados por esse trabalho. Apesar de comparar apenas duas informações, pode-se
inferir que o agregado serve como uma proxy para acompanhar com dados mais recentes a atividade
de turismo no Estado, dado que o cálculo do Produto Interno Bruto para as Unidades de Federação
possui tempestividade de dois anos.

Gráfico 5: Índices de volume das atividades turísticas de Minas Gerais – 2012–2015 – (2011=100)
(%)
%
5,0
4,1
4,0
3,0
2,0
1,1
1,0
0,0
2012 2013 2014 2015
-1,0
-0,3
-2,0
-3,0
-4,0
-4,0
-5,0

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Mensal de Serviços (PMS).
Elaborado pelo autor.

Para os anos de 2014 e 2015, os resultados do agregado “atividades turísticas” da


PMS registrou crescimento de 4,1%, provavelmente relacionado a realização do evento esportivo
Copa 2014, porém em 2015 registrou-se uma queda de -4,0%, que pode estar associado a um efeito
estatístico dado uma base mais elevada no ano de comparação (gráf. 5).

3.2. Desempenho das atividades características do turismo

Para ilustrar a composição dos resultados do VA de turismo, a tabela 3 apresenta o


resultado desagregado para os oito grupos de atividades do turismo para os anos de 2010 a 2013.

68 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Tabela 2: Valor adicionado do turismo em atividades econômicas características do turismo – 2013
Grupo ACT 2010 2011 2012 2013
Valores correntes (R$ milhões)
1 Alojamento 621,02 687,72 697,97 625,85
2 Alimentação 1.636,16 1.890,80 2.479,73 2.288,96
3 Transporte terrestre 1.365,17 1.442,60 1.530,72 2.036,31
4 Transporte aquaviário 0,04 0,06 0,06 0,07
5 Transporte aéreo 372,61 412,53 441,56 564,16
6 Aluguel de transporte 591,18 820,42 972,27 944,33
7 Agências de viagem 144,53 181,35 242,25 431,72
8 Cultura e lazer 72,33 58,29 50,54 73,29
Turismo 4.803,03 5.493,77 6.415,11 6.964,69
Participações (%)
1 Alojamento 12,9 12,5 10,9 9,0
2 Alimentação 34,1 34,4 38,7 32,9
3 Transporte terrestre 28,4 26,3 23,9 29,2
4 Transporte aquaviário 0,0 0,0 0,0 0,0
5 Transporte aéreo 7,8 7,5 6,9 8,1
6 Aluguel de transporte 12,3 14,9 15,2 13,6
7 Agências de viagem 3,0 3,3 3,8 6,2
8 Cultura e lazer 1,5 1,1 0,8 1,1
Turismo 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Elaborado pelo autor.

Através da tabela 2 é possível afirmar sobre a grande importância do setor de


alimentação para o turismo que responde, em média, por 35% do VA desse grupo de atividades em
Minas Gerais. Ao agrupar o alojamento e alimentação, esse agregado corresponde em torno de 46%
do total do turismo. O transporte terrestre também se destaca com uma média no período de 2010-
2013 de quase 27% do VA do turismo. Não foi verificada grande participação do transporte
aquaviário em Minas Gerais, dado que também deriva de um tipo de transporte pouco
representativo no Estado.

O transporte aéreo representam, em média, 7,6%, sendo que o aluguel de transporte


contribui mais para o valor do VA do turismo (14% - média do período). As agências de viagem e
os serviços de cultura e lazer contribuem, em média, com 4% e 1%, respectivamente, para o turismo
de Minas Gerais. O gráfico 6 apresenta a participação média no período de 2010 a 2013 para os
grupos de ACT.

69 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 6: Participação média dos grupos das Atividades Caraterísticas do Turismo no VA do
Turismo de Minas Gerais – (%)

1%

4%
11%

14% Alojamento
Alimentação
Transporte terrestre
8% Transporte aquaviário

0% Transporte aéreo
35% Aluguel de transporte
Agências de viagem
Cultura e lazer
27%

Fonte: Elaborado pelo autor.

4. CONCLUSÕES

Com o objetivo de calcular o Valor Adicionado (VA) do turismo do Estado de Minas


Gerais nos anos de 2010 a 2013, esse artigo utilizou os coeficientes de atendimento turístico para
maior refinamento e, dessa forma, maior aproximação conceitual do se trata o turismo.

Empregando uma classificação com oito grupos de Atividades Características do


Turismo (ACT): alojamento, alimentação, transporte terrestre, transporte aquaviário, transporte
aéreo, aluguel de transporte, agências de viagem e cultura e lazer, encontrou-se que o turismo de
Minas Gerais apresentou Valor Adicionado em 2013 de R$ 6.965 milhões, representando 1,63% do
total da economia do Estado e 2,56% dos serviços totais.

Além disso, foi realizada uma aproximação para obter a taxa de crescimento real do
setor, sendo verificada uma trajetória descendente nos dados nos anos de 2011 a 2013. No entanto,
em 2011 e 2012, o turismo de Minas Gerais apresentou crescimento superior ao total da economia
do Estado e também dos serviços como um todo.

Em termos dos oitos setores do turismo de Minas Gerais, destacou-se a importância


dos serviços de alimentação e transporte terrestre para o setor e as menores contribuições das
atividades de cultura e lazer e agências de viagem.

70 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASIMIRO FILHO, F. Contribuições do turismo à economia brasileira. Tese de doutorado,


Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, 2002.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Anual de Serviços.


Disponível em: <
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/pesquisa_resultados.php?id_pesquisa=29>.
Acesso em: 30, jun, 2016.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Mensal de Serviços.


Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/servicos/pms/default.shtm >.
Acesso em: 30, jun, 2016.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Economia do turismo: uma


perspectiva macroeconômica 2003-2009, Rio de Janeiro, n. 18, 2012. Disponível em: <
http://biblioteca.ibge.gov.br/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=261658>. Acesso em: 30, jun,
2016.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Sistema de Informações sobre o


Mercado de Trabalho no Setor Turismo – SIMT. Disponível em: <
http://www.ipea.gov.br/extrator/simt.html>. Acesso em: 01, jul, 2016.

TAKASAGO, M.; GUILHOTO, J. J. M.; MOLLO, M. L.R.; ANDRADE, J. P. O potencial criador


de emprego e renda do turismo no Brasil. Pesquisa e Planejamento Econômico (PPE), v.40, n.3,
dez, 2010.

71 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


ANÁLISE DO DINAMISMO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL DE MINAS GERAIS

Jane Noronha Carvalhais

Resultado da balança comercial brasileira e dos principais estados exportadores

Os resultados observados para a balança comercial brasileira apontaram para um


superávit de US$.13,2 bilhões no período janeiro-abril de 2016, contra um déficit de US$.5,0
bilhões no mesmo período de 2015. Tal desempenho pode ser atribuído ao ritmo mais elevado de
queda das importações, -32,2% (US$.42,7 bilhões no primeiro quadrimestre de 2106 e US$.63,3
bilhões no mesmo período de 2015) em relação à retração das exportações, queda de 3,4% na
mesma base de comparação (US$.55,9 bilhões nos primeiros quatro meses de 2016 e US$.57,9
bilhões no mesmo período de 2015).

Em termos de estados exportadores, São Paulo mantêm-se como principal estado


exportador do país com receitas externas de US$.14,1 bilhões de janeiro a abril de 2016 contra
US$.14,0 bilhões no mesmo período de 2015, elevação de 0,5% e importância relativa de 25,1% do
total das exportações do país. Por outro lado, as importações do estado alcançaram US$.16,2
bilhões, implicando num déficit de US$.2,1 bilhões no período, maior entre todos os estados
brasileiros.

Tabela 1: Balança Comercial – Brasil e estados selecionados – jan.–abr. 2016


Exportação Importação Saldo

Especificação
Valor (US$ Variação (2) Valor (US$ Part. (1) Variação (2) Valor (US$
Part. (1) (%)
milhão FOB) (%) milhão FOB) (%) (%) milhão FOB)

São Paulo 14.051,7 25,1 0,5 16.164,0 37,9 -29,5 -2.112,3


Minas Gerais 6.183,0 11,1 -15,8 2.243,9 5,3 -24,5 3.939,1
Mato Grosso 5.316,8 9,5 49,4 414,8 1,0 -4,9 4.902,0
Paraná 4.864,2 8,7 10,9 3.288,2 7,7 -22,8 1.576,0
Rio de Janeiro 4.128,4 7,4 -17,2 4.024,2 9,4 -26,5 104,2
Rio Grande do Sul 4.120,6 7,4 -13,1 2.370,8 5,6 -32,0 1.749,8
Brasil 55.941,9 100,0 -3,4 42.698,0 100,0 -32,2 13.243,9
Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e
Informações (CEI).
(1) Participação no valor total das exportações e das importações do país no período de referência. (2) Variação do valor das
exportações e das importações no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior.

Em seguida, Minas Gerais se posicionou como segundo maior estado exportador do


país, com receitas externas de US$ 6,1 bilhões no primeiro quadrimestre de 2016 e US$ 7,3 bilhões
em igual período de 2015, queda de 15,8% e participação relativa de 11,1%. Por sua vez, suas

72 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


importações apresentaram retração de 24,5% na mesma base de comparação. Esses resultados
ocasionaram um saldo comercial de US$ 3,9 bilhões (queda de 9,8% em relação ao mesmo período
de 2015).

Terceiro principal estado exportador do país, Mato Grosso foi responsável por 9,5%
das vendas externas do país no primeiro quadrimestre de 2016 (US$ 5,3 bilhões nos primeiros
quatro meses de 2016 e US$ 3,6 bilhões no mesmo período de 2015, aumento de 49,4%). Vale
destacar que o estado apresentou o mais elevado saldo da balança comercial, dentre todos os estados
brasileiros, US$ 4,9 bilhões no primeiro quadrimestre de 2016.

Com exportações de US$ 4,9 bilhões de janeiro a abril de 2016 (aumento de 10,9%
em relação ao primeiro quadrimestre de 2015), o Paraná se posicionou como quarto principal estado
exportador do país, seguido pelos estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, cujas
participações relativas foram de 7,4% nos primeiros quatro meses de 2016.

É importante destacar que, no caso da região Centro-oeste, além do expressivo


crescimento das exportações do Mato Grosso, também apresentaram performance favorável as
receitas externas dos estados do Mato Grosso do Sul e de Goiás, 26,3% e 29,0%, respectivamente,
em razão, principalmente, do aumento das exportações de soja.

Por fim, também foi observado que Pernambuco, dentre o conjunto dos estados
brasileiros, foi aquele que apresentou taxa de crescimento das exportações mais elevada, 56,8%,
alcançando 0,5% do total das receitas externas brasileiras no primeiro quadrimestre de 2016. Esse
resultado pode ser atribuído, principalmente, ao aumento das exportações de Combustíveis,
Plásticos e Veículos-tratores-ciclos.

Comportamento geral da balança comercial de Minas Gerais27

Em comparação com o período de janeiro-abril de 2015, registrou-se queda de 15,8%


no valor total das exportações de Minas Gerais no mesmo período de 2016. As importações, por sua
vez, apresentaram retração de 24,5%. Esses movimentos influenciaram o resultado da balança
comercial mineira, cujo superávit sofreu uma diminuição de 9,8% em relação ao mesmo período do
ano anterior.

27
Informações e análises mais detalhadas disponíveis no Monitor Fundação João Pinheiro: Comércio Internacional.

73 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Em termos de valor, as exportações de Minas Gerais, de janeiro a abril de 2016,
alcançaram US$ 6,2 bilhões (contra US$ 7,3 bilhões de janeiro a abril de 2015) e as importações
somaram US$ 2,2 bilhões (contra US$ 3,0 bilhões em igual período do ano anterior). Em
decorrência, o superávit comercial mineiro atingiu US$ 3,9 bilhões no período analisado, contra
US$ 4,4 bilhões no mesmo período de 2015 (gráf. 1).

Por sua vez, o volume total exportado pelo Estado, de janeiro a abril de 2016,
registrou expansão de 7,6%, quando comparado com o mesmo período de 2015 (62,8 milhões de
toneladas em 2016 e 58,3 milhões de toneladas em 2015). Dentre os segmentos que apresentaram as
taxas de crescimento do volume físico exportado mais elevadas destacam-se: Madeira, Carvão
Vegetal e Outros (316,2%), Bebidas (195,2%), Pedras e Metais Preciosos (158,5%), Cerâmicos
(70,1%), Confecções (68,2%), Alimentar (52,4%), Instrumentos Científicos (45,1%), além de
Minérios, responsável por 92,5% do volume físico exportado pelo Estado e cuja elevação alcançou
6,1%.

Tendo em vista a retração de 15,8% registrada para o valor das exportações de Minas
Gerais e de 3,4% nas exportações brasileiras de janeiro a abril de 2016, em comparação com o
mesmo período de 2015, o coeficiente de participação relativa das vendas externas mineiras, no
valor total exportado pelo Brasil, passou de 12,7% em 2015 para 11,1% em 2016.

Gráfico 1: Balança comercial – Minas Gerais – jan.–abr. 2015 – jan.–abr. 2016

8.000,0
7.000,0
US$ milhões FOB

6.000,0
5.000,0
4.000,0
3.000,0
2.000,0
1.000,0
0,0
Exportações Importações Saldo Comercial
2015 7.342,5 2.974,0 4.368,5
2016 6.183,0 2.243,9 3.939,1

2015 2016

Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estatística e
Informações (CEI).
Nota: FOB = Free on Board.

Confrontando-se o período janeiro a abril de 2016 com igual período de 2015,


observa-se que as vendas externas totais mineiras apresentaram decréscimo absoluto de 1.159,5

74 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


milhões de dólares. Entre os segmentos que exerceram maior influência nesse resultado destacam-
se: Minérios, cuja participação no valor total da pauta estadual representou 24,8% de janeiro a abril
de 2016, com retração de 31,0% no valor das vendas externas; Café, com participação de 17,2% e
diminuição de 20,6%; Produtos Siderúrgicos, com importância relativa de 15,7% e queda de 26,7%
e; por fim, o segmento Pedras e Metais Preciosos, responsável por 7,1% do valor da pauta de
janeiro a abril de 2016 que apresentou recuo de 11,1% no valor das exportações em relação ao
mesmo período de 2015. Destaca-se que, todos esses segmentos apresentaram aumento do volume
físico exportado, 6,1%, 8,1%, 18,0% e 158,5% (tab. 2).

Além disso, importantes ramos da atividade econômica do Estado também


apresentaram desempenho negativo: Laticínios, responsável por 0,2% das receitas externas em 2016
e retração de 67,8% de janeiro a abril de 2016 em relação a 2015, Equipamentos Mecânicos,
importância relativa de 1,6% e queda de 22,6% na mesma base de comparação e Máquinas e
Equipamentos Elétricos, participação relativa de 1,1% no primeiro quadrimestre de 2016 e
diminuição de 11,2%.

Por outro lado, diferentemente da tendência geral de retração nas exportações


mineiras, registrada de janeiro a abril de 2016 em relação ao mesmo período de 2015, observou-se
elevação no valor das vendas externas de outros segmentos exportadores do Estado como Veículos-
Tratores-Ciclos, com participação de 5,4% e aumento no valor das vendas de 40,0%, Carnes, que
representou 4,0% da pauta e registrou elevação de 14,7% no valor das exportações, Açúcares-
Confeitaria-Achocolatados, com participação de 3,6% e taxa de crescimento de 9,1% no valor
exportado e Produtos Químicos Orgânicos e Inorgânicos, responsável por 2,4% das receitas
externas do estado e elevação de 19,5% (tab. 2).

Além desses segmentos de produtos exportados, outros que, embora possuam


participação relativa ainda menos relevantes na pauta geral das vendas externas de Minas Gerais,
também apresentaram desempenho positivo no período. Nesse grupo destacam-se Bebidas, Madeira
e Carvão Vegetal, Cerâmicos e Frutas. Suas taxas de crescimento de janeiro a abril de 2016, em
comparação com o mesmo período do ano anterior, foram de 165,4%, 150,4%, 50,3% e 25,1%,
respectivamente (tab. 2).

Ressalta-se que os três principais segmentos de produtos exportados pelo Estado –


Minérios, Produtos Siderúrgicos e Café – que representam, em conjunto, 57,7% do valor total da
pauta, apresentaram queda das receitas de exportações de janeiro a abril de 2016 em comparação
com o mesmo período de 2015 (-31,0%, -26,7% e -20,6%, respectivamente). Por outro lado, em

75 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


termos de volume físico, observou-se comportamento diverso, com taxas de crescimento de 6,1%,
18,0% e 8,1%, respectivamente, indicando a manutenção de alguma retração dos preços desses
produtos no período em análise (tab. 2).

Tabela 2: Destaques setoriais das exportações – Minas Gerais – jan.–abr. 2016


Exportações (%)
Segmentos e Produtos
Participação (1) Variação (2)
Minérios 24,8 -31,0
Café 17,2 -20,6
Produtos Siderúrgicos 15,7 -26,7
Pedras e Metais Preciosos 7,1 -11,1
Veículos-Tratores-Ciclos 5,4 40,0
Carnes 4,0 14,7
Açúcares-Confeitaria-Achocolatados 3,6 9,1
Produtos Químicos Orgânicos e Inorgânicos 2,4 19,5
Bebidas 0,2 165,4
Madeira, Carvão Vegetal e Outros 0,0 150,4
Cerâmicos 0,3 50,3
Frutas 0,0 25,1
Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e
Informações (CEI).
Nota: Sinal convencional utilizado: 0,00 = dado numérico igual a zero resultante de arredondamento de um dado numérico
originalmente positivo.
(1) Participação no valor total das exportações de Minas Gerais no período de referência. (2) Variação do valor das exportações no
período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior.

No que diz respeito ao conjunto dos quatro principais blocos e regiões compradores
de produtos mineiros, o comportamento no período janeiro a abril de 2016, em comparação com o
mesmo período do ano anterior, foi: retração das exportações para a União Europeia
(-24,0%), de 22,8% para Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) e de 14,7% para a
Ásia. Esses blocos responderam por, respectivamente, 23,9%, 13,5% e 38,0% do valor total das
exportações de Minas Gerais no período sob consideração Por outro lado, observou-se recuperação
11,8% das receitas oriundas do Mercado Comum do Sul (Mercosul), responsável por 8,7% das
vendas no primeiro quadrimestre de 2016 (gráf. 2).

Destaca-se, ainda, o comportamento desfavorável das exportações para a Europa


Oriental. Elas responderam por 0,8% da pauta no período janeiro a abril de 2016 e apresentaram
retração de 17,9% em relação ao mesmo período de 2015. Já as exportações para a Associação
Latina de Integração (Aladi), excluindo o Mercosul, representaram 5,0% da pauta no período e
apresentaram aumento de 9,3%. Por sua vez, as exportações para a Liga Árabe, responsável por
6,4% das vendas externas mineiras, apresentaram diminuição de 17,2%. Por fim, as exportações

76 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


para a África (exclusive Oriente Médio) que representaram 2,3% das receitas do Estado de janeiro a
abril de 2016, apresentaram aumento de 6,4% em relação ao mesmo período de 2015.

Em termos de mercados individuais, as exportações mineiras para a China – maior


comprador de produtos de Minas Gerais – responderam por 23,1% do valor total das vendas
externas do Estado e alcançaram US$ 1,4 bilhão de janeiro a abril de 2016. Isso correspondeu a
uma queda de 10,8% em relação ao mesmo período de 2015 (gráf. 2).

Gráfico 2: Comportamento das exportações de Minas Gerais segundo principais blocos e países –
jan.–abr. 2016 – (%)
50,0

38,0
40,0

30,0
23,9 23,1
20,0
13,5 11,8 12,5
8,7 9,3 7,8
10,0 5,8 5,7
(%)

0,0

-10,0
-10,8
-20,0 -14,7
-18,5

-24,0 -22,8
-30,0 -25,0
-34,5
-40,0
Ásia
União Estados Países
(excl.Or. Nafta Mercosul China Argentina Japão
Européia Unidos Baixos
Médio)
Var % (1) -14,7 -24,0 -22,8 11,8 -10,8 -34,5 12,5 -25,0 -18,5
Part % (2) 38,0 23,9 13,5 8,7 23,1 9,3 7,8 5,8 5,7

Var % (1) Part % (2)

Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e
Informações (CEI).
Notas: Nafta = North American Free Trade Agreement. Mercosul = Mercado Comum do Sul.

(1) Variação do valor das exportações no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior. (2) Participação no
valor total das exportações de Minas Gerais no período de referência.

Salienta-se também a retração de 34,5% nas exportações para os Estados Unidos


(US$ 577,9 milhões de janeiro a abril de 2016, contra US$ 882,2 milhões no mesmo período de
2015) que representam o segundo maior mercado individual de exportações de Minas Gerais em
2016, com participação de 9,3% do valor total das exportações do Estado no período. Já as
exportações para a Argentina, apresentaram elevação de 12,5% (US$ 484,9 milhões nos primeiros
quatro meses de 2016, contra US$ 431,1 milhões no mesmo período de 2015). Por sua vez, as
exportações para os Países Baixos, responsáveis por 5,8% das vendas externas mineiras,

77 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


apresentaram queda de 25,0% e totalizaram US$ 359,9 milhões de janeiro a abril de 2016, contra
US$ 479,6 milhões em igual período do ano anterior. As vendas para o Japão, por sua vez,
apresentaram retração de 18,5% (US$ 350,9 milhões no primeiro quadrimestre de 2016, contra
US$.430,6 milhões no mesmo período de 2015) (gráf. 2).

No que diz respeito ao comportamento das importações mineiras – que diminuíram


24,5% do valor no acumulado em janeiro-abril de 2015 em relação ao mesmo período de 2015 – os
segmentos que mais contribuíram para esse desempenho foram: Máquinas e Aparelhos Elétricos
(responsável por 9,8% do valor total das importações e queda de 29,1%); Veículos-Tratores-Ciclos
(participação de 9,4% e diminuição de 55,6%); Combustíveis (importância relativa de 7,1% e
retração de 33,5%); Produtos Químicos Orgânicos e Inorgânicos (participação de 6,1% e redução de
7,9%), além dos segmentos Plástico e Borracha e Instrumentos científicos, -31,5% e -30,5%,
respectivamente (tab. 3).

Por outro lado, as importações de Equipamentos Mecânicos, principal segmento da


pauta de importações do Estado (responsável por 25,6% do total das despesas externas),
apresentaram aumento de 14,7% no primeiro quadrimestre de 2016 em relação ao mesmo período
de 2015 (tab. 3).

Tabela 3: Destaques setoriais das importações – Minas Gerais – jan.–abr. 2016


Importação (%)
Segmentos e Produtos
Participação (1) Variação (2)
Equipamentos mecânicos 25,6 14,7
Máquinas e aparelhos elétricos 9,8 -29,1
Veículos-Tratores-Ciclos 9,4 -55,6
Combustíveis 7,1 -33,5
Adubos-Fertilizantes 6,8 15,6
Produtos Químicos Orgânicos e Inorgânicos 6,1 -7,9
Plástico-Borracha 5,0 -31,5
Instrumentos Científicos 3,9 -30,5
Alimentar 3,6 44,8
Couros e Peles 0,2 21,6
Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e
Informações (CEI).
Nota: Sinal convencional utilizado: 0,00 = dado numérico igual a zero resultante de arredondamento de um dado numérico
originalmente positivo.

(1) Participação no valor total das exportações de Minas Gerais no período de referência. (2) Variação do valor das exportações no
período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior.

Em termos de ritmo do crescimento do valor das importações de Minas Gerais de


janeiro a abril de 2016, em relação ao mesmo período de 2015, também apresentaram as taxas

78 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


positivas os segmentos Alimentar (44,8%), Adubos e Fertilizantes (15,6%) e Couros e Peles
(21,6%).

Quanto aos principais mercados de origem das importações mineiras de janeiro a


abril de 2016, os seis principais fornecedores de produtos representaram 56,6% do valor das
importações. A China se posicionou como o maior fornecedor de Minas Gerais e respondeu por
18,7% da pauta de importações mineiras, no total de US$ 419,2 milhões, com diminuição de 30,2%
das compras do Estado no período janeiro a abril de 2016, em relação ao mesmo período de 2015.
Logo em seguida, se colocaram os Estados Unidos, cujas importações foram de US$ 296,6 milhões
no primeiro quadrimestre de 2016 (participação de 13,2% e retração de 42,2%), seguidos de
Argentina, com US$ 232,9 milhões – participação relativa de 10,4% e queda de 39,7% na mesma
base de comparação. Por sua vez, vale destacar a retração das importações mineiras oriundas da
Itália, -34,0% e da Alemanha, -17,9% (gráf. 3). Por fim, as importações oriundas da França, sexto
maior mercado de origem das compras externas mineiras no período em consideração, apresentaram
elevação de 29,7%. Em seguida, posicionaram Peru, Reino Unido, Colômbia e Japão com taxas de
crescimento de +15,1%, +150,6%, -0,4% e -29,7%, respectivamente.

Gráfico 3: Comportamento das importações de Minas Gerais segundo principais países de origem –
jan.–abr. 2016
40,0
29,7
30,0
18,7
20,0 13,2
10,4
10,0 6,6 4,6 3,2
0,0
(%)

-10,0

-20,0 -17,9

-30,0
-30,2
-40,0 -39,7 -34,0
-42,2
-50,0
China Estados Unidos Argentina Itália Alemanha França
Var % (1) -30,2 -42,2 -39,7 -34,0 -17,9 29,7
Part % (2) 18,7 13,2 10,4 6,6 4,6 3,2

Var % (1) Part % (2)

Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e
Informações (CEI).
(1) Variação do valor das exportações no período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior. (2) Participação no
valor total das exportações de Minas Gerais no período de referência.

Ao se analisarem as exportações dos municípios, 223 cidades mineiras realizaram


exportações entre janeiro e abril de 2016, e as 20 maiores foram responsáveis por 65,3% do valor

79 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


total exportado por Minas Gerais, o que indica elevado grau de concentração espacial das
exportações (tab. 4). Esse resultado se mostrou ainda mais acentuado quando considerado o
conjunto dos dez maiores municípios exportadores. Sua participação relativa nas exportações
mineiras alcançou 45,3% de janeiro a abril de 2016. Por outro lado, no mesmo período de 2015,
esses valores eram de 73,6% para os 20 maiores e 51,5% para os dez maiores, indicando uma
relativa diminuição da concentração das exportações entre os maiores municípios do Estado (tab.
4).

Tabela 4: Ranking dos vinte maiores municípios exportadores – Minas Gerais – jan.–abr. 2016
Exportação
Município
Valor (US$ mil FOB) Participação (1) (%) Variação (2) (%)
Nova Lima 475.514 7,7 -27,4
Araxá 421.298 6,8 -27,1
Betim 419.386 6,8 15,5
Varginha 357.542 5,8 -19,7
Guaxupé 206.465 3,3 -38,2
Ouro Preto 205.396 3,3 -51,5
Belo Oriente 195.793 3,2 1,1
Paracatu 182.338 2,9 -8,0
Conceição do Mato Dentro 171.473 2,8 211,4
Araguari 168.176 2,7 67,2
Congonhas 159.947 2,6 -19,1
Ouro Branco 157.575 2,5 -23,8
Mariana 130.569 2,1 1,9
Belo Horizonte 127.235 2,1 -63,5
São Gonçalo do Rio Abaixo 125.416 2,0 -38,5
Contagem 118.638 1,9 -15,6
Itabira 118.381 1,9 -41,6
Uberlândia 100.340 1,6 46,1
Patrocínio 99.457 1,6 16,3
Itabirito 97.961 1,6 -56,7
Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e
Informações (CEI).
Nota: FOB = Free on Board.
(1) Participação no valor total das exportações de Minas Gerais no período de referência. (2) Variação do valor das exportações no
período de referência em relação ao mesmo período do ano anterior.

Em termos de ritmo de crescimento das exportações de janeiro a abril de 2016 em


relação ao mesmo período de 2015, entre os 20 principais municípios exportadores, os destaques
positivos foram: Betim, cuja elevação alcançou 15,5%; Araguari, com acréscimo de 67,2% das
exportações; Uberlândia, elevação de 46,1%; Patrocínio, com aumento das exportações de 16,3%,
além de Belo Oriente e Mariana, que apresentaram crescimento de 1,1% e 1,9%, respectivamente
(tab. 4).

80 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Por outro lado, o município de Nova Lima mantém a liderança entre os municípios
exportadores mineiros, apesar da queda de 27,4% de suas exportações (de US$ 475,5 milhões de
janeiro a abril de 2016 e US$ 654,8 milhões no mesmo período de 2015). Além de Nova Lima, 12
dos outros 20 maiores municípios exportadores de Minas Gerais contribuíram negativamente para a
evolução das vendas externas do Estado. Dentre eles, destacam-se Araxá (-27,1% e participação
relativa de 6,8%), Varginha (-19,5% e 5,8%), Guaxupé (-38,2% e 3,3%), Ouro Preto (-51,5% e
3,3%), Paracatu (-8,0% e 2,9%), Congonhas (-19,1% e 2,6%), Ouro Branco (-23,8% e 2,5%), Belo
Horizonte (-63,5% e 2,1%), São Gonçalo do Rio Abaixo (-38,5% e 2,0%) e Contagem (-15,6% e
1,9%). Além desses, apresentaram retração das exportações Itabira (-41,6% e 1,9%) e Itabirito
(-56,7% e 1,6%).

Finalmente, destaca-se o comportamento favorável das exportações de Conceição do


Mato Dentro, concentradas em Minérios, e que alcançaram US$ 171,5 milhões no período janeiro-
abril de 2016, sendo que nesse mesmo período de 2015, suas vendas externas foram de US$ 55,1
milhões (aumento de 211,4%).

81 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


IMPACTOS DA CRISE ECONÔMICA NAS FINANÇAS PÚBLICAS DE MINAS GERAIS

28
Reinaldo Carvalho de Morais

Resumo:

O presente trabalho tem por objetivo analisar algumas das principais estatísticas de finanças
públicas do governo de Minas Gerais. O texto conta com tabelas e gráficos onde são apresentados
dados de receita, despesa e dívida pública. Foram levantados diversos indicadores de outros estados,
tendo por objetivo traçar comparações com o desempenho de Minas Gerais. Há indícios de que os
efeitos da crise econômica atual têm contribuído de forma significativa para o desequilíbrio fiscal
do estado, bem como de outras unidades da federação, com variações reais negativas nas principais
fontes de receita e com trajetórias desfavoráveis para os indicadores de endividamento.

Palavras-chaves:

Receita, equilíbrio fiscal, despesa realizada, dívida pública, Lei de Responsabilidade Fiscal.

Abstract:

This study aims to analyze some of the key public finance statistics of the government of Minas
Gerais. The text includes tables and graphs which are presented revenue data, expenditure and
public debt. Various indicators of other states, with the objective of making comparisons with the
performance of Minas Gerais were raised. There is evidence that the effects of the current economic
crisis have contributed significantly to the fiscal imbalance of the state, as well as other units of the
federation, with negative real variations of the main sources of revenue and unfavorable trajectories
for debt indicators.

Keywords:
Revenue, fiscal balance, expenditure made, public debt, the Fiscal Responsibility Law.

28
Mestre em Administração Pública com área de concentração em Gestão Econômica pela Fundação João Pinheiro (FJP). Bacharel
em Estatística e em Administração Pública. Pós-graduado em Gestão Financeira. Especialista em Políticas Públicas e Gestão
Governamental (EPPGG). Professor de Estatística. Desenvolve pesquisas no Centro de Estatística e Informações (CEI) da
Fundação João Pinheiro integrando a equipe de contas regionais (responsável pelo indicador do PIB trimestral de Minas Gerais e
estudos setoriais de conjuntura econômica).

82 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


1. INTRODUÇÃO

A manutenção do equilíbrio das contas públicas tem sido um grande desafio, tanto
para o governo de Minas Gerais, quanto para os governos dos principais estados brasileiros. A
desaceleração da atividade econômica e a trajetória crescente das despesas públicas surgem como
os principais fatores responsáveis pelos resultados financeiros negativos. Esta situação tem como
uma das principais consequências o aumento do endividamento dos estados.

Este trabalho foi organizado da seguinte maneira: após a presente introdução, a seção
dois apresenta dados do resultado fiscal do governo de Minas Gerais nos últimos 10 anos. A seção
seguinte conta com estatísticas de receita com ênfase nos principais itens de arrecadação do estado,
como o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e as transferências correntes.
A quarta seção traz informações sobre o comportamento da despesa realizada pelo governo mineiro,
com ênfase nos gastos com pessoal, principalmente no que se refere aos parâmetros da Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF). Na quinta seção são apresentados dados relativos à dívida pública
com destaque para a evolução da relação entre Dívida Consolidada Líquida (DCL) e Receita
Corrente Líquida (RCL). A última seção apresenta comentários finais sobre o cenário das contas
públicas mineiras e perspectivas para os próximos quadrimestres.

2. RESULTADO FISCAL

Seguindo a tendência do governo federal, os governos estaduais têm enfrentado


fortes restrições financeiras. No ano de 2015, vários deles apresentaram resultado fiscal negativo. A
grave crise econômica vivida pelo país trouxe à tona a realidade a qual vivem os entes federativos
no que se refere aos problemas de sustentabilidade fiscal. A desaceleração da atividade econômica
tem sido acompanhada pela queda da capacidade de geração de receitas pelos estados brasileiros.
Em 2015 a maioria deles contou com variação real negativa em suas receitas correntes. Por outro
lado, as despesas correntes apresentaram acréscimo nominal acima da inflação. Para enfrentar o
problema foi necessária a implantação de medidas de ajuste fiscal. O problema é que tais medidas
tendem a provocar mudanças no perfil dos gastos públicos com maior volume de despesas de
custeio e menor capacidade de realização de investimentos.

83 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


29
Jucá (2016) aponta três efeitos da deterioração das contas públicas estaduais: o
primeiro refere-se ao “menor dinamismo das receitas”. A forte retração da atividade econômica
no Brasil (decréscimo de 3,8% do PIB) provocou expressiva queda real na arrecadação de impostos,
uma vez que a base tributária depende da produção. O segundo efeito consiste na “incapacidade de
cortar despesas obrigatórias, notadamente de pessoal”. Segundo o autor, com exceção do
Amapá, todos os estados apresentaram aumento nominal nos gastos com essa rubrica em 2015.
Diversos governantes negociaram aumentos escalonados para servidores, com previsão de vigência,
inclusive para o mandato seguinte. Essa situação é vista como uma lacuna a ser corrigida na Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF). O terceiro efeito refere-se ao “ajuste fiscal pelo corte nos
investimentos”. Impossibilitados de cortar despesas obrigatórias, foi necessária a busca do ajuste
pelo lado do investimento, o que implica na redução do ritmo de realização de obras de
infraestrutura, que poderiam contribuir futuramente para o crescimento econômico.

Em relação ao resultado fiscal em Minas Gerais, governo fechou o ano de 2015 com
Déficit de R$ 8,96 bilhões (tab. 1).

Tabela 1: Receita orçamentária e despesa realizada (valores correntes) – Minas Gerais – 2015
(R$ milhões)
RECEITA DESPESA
Corrente 72.766 Corrente 66.536
Capital 641 Capital 7.074
Dedução do FUNDEB (7.056)
Demais Deduções (168)
Total da Receita Orçamentária 66.184 Total da Despesa Orçamentária 73.610

Receita Intraorçamentária 9.971 Despesa Intraorçamentária 11.509


TOTAL DA RECEITA 76.155 TOTAL DA DESPESA 85.119
RESULTADO ORÇAMENTÁRIO (8.964)
Fonte: Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais (SEF/MG).

Foi a terceira vez consecutiva em que o Resultado Orçamentário foi negativo. Nos
últimos 10 anos, houve déficit em 2013, 2014 e 2015. Entre 2006 e 2012 o governo fechou as
contas no “azul” (tab. 2).

29
Disponível em:
http://pedrojucamaciel.com/contas-publicas-estaduais-em-2015-melhora-do-resultado-primario-mas-piora-do-perfil-fiscal/. Acesso
em julho de 2016.

84 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Tabela 2: Evolução do resultado orçamentário (valores correntes) – Governo de Minas Gerais –
2006–2015
(R$ milhões)
ANO RECEITA DESPESA RESULTADO
2006 29.100 29.019 81
2007 32.633 32.443 190
2008 39.923 39.299 624
2009 40.563 40.263 299
2010 46.618 46.051 567
2011 54.844 54.694 151
2012 65.249 63.172 2.076
2013 70.958 71.907 -948
2014 73.347 75.513 -2.165
2015 76.155 85.119 -8.964
Fonte: Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais (SEF/MG).

Segundo a Secretaria de Estado da Fazenda: “A política de gestão do Governo de


Minas, aliada ao cenário macroeconômico do País, motivou a revisão das projeções da receita e da
despesa, resultando na aprovação do orçamento para o exercício de 2015 com uma ‘receita’ inferior
à ‘despesa’” (MINAS GERAIS 2016a, página 7).

Para o ano de 2016 a previsão é de queda de 3,35% do PIB no Brasil (BANCO


30
CENTRAL, 2016). Com base nesse cenário, o orçamento do governo de Minas Gerais prevê
novo déficit orçamentário em 2016: déficit de R$ 8,9 bilhões. 31

3. RECEITA ARRECADADA

A receita total do governo de Minas Gerais apresentou incremento nominal de 2,4%


no primeiro quadrimestre de 2016, na comparação com o mesmo período de 2015. O valor saltou de
R$ 24,85 bilhões para R$ 25,70 bilhões. Como a inflação32 nos últimos doze meses na Região
Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) foi de 9%, observa-se recuo real da receita total de
aproximadamente 6,6% (tab. 3)

30
Disponível em:
http://www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/R20160701.pdf
Acesso em julho de 2016.
31
Disponível em:
http://www.planejamento.mg.gov.br/images/documentos/loa_lei_orcamentaria_anual/LOA_2016/01._Volume_I.pdf
Acesso em julho de 2016.
32
Através do Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA.

85 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Tabela 3: Receita total (valores correntes) – Minas Gerais – 1ºquadrim. 2015/1ºquadrim. 2016
(R$ milhões)

ACUMULADO ACUMULADO PARTICIPAÇÃO


CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA Variação
JAN-ABR/2015 JAN-ABR/2016 JAN-ABR/2016
Receita Total (A + B + C + D + E) 24.853 25.457 2,4% 100,0%
Receitas Correntes (A) 23.903 25.699 7,5% 100,9%
Tributárias 17.457 18.727 7,3% 73,6%
ICMS 12.041 12.809 6,4% 50,3%
IPVA 3.243 3.521 8,6% 13,8%
Outras Receitas Tributárias 2.173 2.397 10,3% 9,4%
Transferências Correntes 4.595 4.680 1,8% 18,4%
Demais Receitas Correntes 497 848 70,6% 3,3%
Receitas de Capital (B) 169 175 3,7% 0,7%
Operações de Crédito 22 11 -51% 0%
Alienação de Bens 1,4 2,6 83,0% 0,0%
Amortização de Empréstimos 104 106 2,2% 0,4%
Transferências de Capital 40 55 37,7% 0,2%
Outras Receitas de Capital 1 - -100% -
Deduções do FUNDEB (C) (2.492) (2.651) 6% -10%
Demais Deduções (D) (59) (40) -32,9% -0,2%
Receitas Intraorçamentárias (E) 3.332 2.274 -32% 9%
Fonte: Secretaria de Estado da Fazenda (SEF/MG).

Em relação ao comportamento das receitas correntes, observa-se incremento nominal


de 1,8% nos quatro primeiros meses de 2016 na rubrica “transferências correntes”, 33 o que significa
queda real próxima de 7,2%. A cifra saltou de R$ 4,60 bilhões para R$ 4,68 bilhões no período em
análise (tab. 1).

Em termos nacionais, houve recuo real de 12,9% nas transferências do governo


federal para os estados (Mendonça, 2016). Esse resultado foi reflexo da queda real de arrecadação
do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto de Renda (IR), bases do Fundo de
Participação dos Estados (FPE), principal fonte de transferências do governo federal para as
unidades federativas.

O gráfico 1 apresenta a evolução das taxas de variação real nos últimos bimestres
para as “Transferências Correntes” em Minas Gerais e no grupo dos 10 estados de maior PIB (G10).
34
Em valores constantes, apesar do resultado negativo, os números foram melhores no estado nos
últimos dois bimestres (-7,5% e -5,9%, respectivamente) do que no agregado G10 (-10,7% e -
10,2%, respectivamente) (gráf. 1).

33
“São despesas realizadas para as entidades da Administração Indireta ou da iniciativa priva cujos recursos devem ser aplicados,
pelo beneficiário, em despesas correntes. Em razão da natureza da despesa, não haverá, em nenhuma hipótese, por parte do
beneficiário, contraprestação em bens e serviços” (SILVA, 2007)
34
Em vários indicadores de Finanças Públicas foram comparados os resultados de Minas Gerais com agregado dos 10 estados com
maiores economias medidas através do Produto Interno Bruto (PIB) – G9 (na ordem: SP, RJ, MG, RS, PR, SC, DF, BA, GO, PE).

86 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 1: Transferências correntes: Taxa de variação real no bimestre (em relação ao mesmo
bimestre do ano anterior) – Minas Gerais e G10 (SP, RJ, MG, RS, PR, SC, DF, BA, GO
e PE) – 1º bim. 2013–2º bim. 2016
30 22,9
25
20
15 12,8
10 7,1
4,4 4,3
5 2,8 2,8 13,7 2,3 1,3
0,2 -2,0 -0,4 -0,2 -1,9 0,7
-3,3
0 -8,2 -3,5
2,0 -7,5 -5,9
-5 -0,8 0,5 1,1
-3,2 -1,8 -0,8
-10 -5,9 -8,4 -5,3 -4,2
-8,4 -6,2 -8,1 -10,7
-15 -10,7 -10,2
-20
-18,5 -19,9
-25
2013-B1

2013-B2

2013-B3

2013-B4

2013-B5

2013-B6

2014-B1

2014-B2

2014-B3

2014-B4

2014-B5

2014-B6

2015-B1

2015-B2

2015-B3

2015-B4

2015-B5

2015-B6

2016-B1

2016-B2
G-10 Minas Gerais Ano: Bimestre

Fonte: Relatório resumido da execução orçamentária (RREO) dos estados; Secretaria do Tesouro Nacional (STN/MF), Anexo 3
(LRF, Art. 53, inciso I).

Já as receitas tributárias apresentaram incremento nominal de 7,3% nos quatro


primeiros meses de 2016. Levando em consideração o efeito da expansão dos preços, pode-se
afirmar que houve recuo real próximo de 1,7%. Devido à grande importância que a receita tributária
representa na composição da receita total do estado torna-se interessante observar a evolução da
taxa de variação dela nos últimos bimestres, bem como do G10 (gráf. 2).

Gráfico 2: Receita tributária: Taxa de variação real 35 no bimestre (em relação ao mesmo bimestre
do ano anterior) – Minas Gerais e G-10 (SP, RJ, MG, RS, PR, SC, DF, BA, GO e PE) –
1º bim. 2013–2º bim. 2016
15
9,8
8,7
10 6,7
5,7
4,4 3,4 3,9
5 1,7
0,3 0,7 1,4 1,3
4,8 5,3 -0,3 -0,6
4,3
0 4,2 -2,8
3,6 1,3 2,0 -2,2
-4,6 -4,7
-0,6
-1,9 -1,8 -7,8
-5 -3,0 -2,8
-3,1 -4,2 -10,4 -4,4
-5,0
-10 -8,0 -6,1
-10,1 -11,4
-15
2013-B1

2013-B2

2013-B3

2013-B4

2013-B5

2013-B6

2014-B1

2014-B2

2014-B3

2014-B4

2014-B5

2014-B6

2015-B1

2015-B2

2015-B3

2015-B4

2015-B5

2015-B6

2016-B1

2016-B2

G-10 Minas Gerais Ano: Bimestre

Fonte: Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) dos estados; Secretaria do Tesouro Nacional (STN/MF), Anexo 3
(LRF, Art. 53, inciso I).

35
Os valores foram deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA/IBGE).

87 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


O gráfico mostra que entre o sexto bimestre de 2014 e o sexto bimestre de 2015 as
taxas de variação real da receita tributária foram negativas e com tendência de queda tanto em
Minas Gerais quanto no conjunto dos principais estados. Nos dois primeiros bimestres de 2016
foram observados resultados menos piores tanto em Minas Gerais quanto no agregado G10.

Na composição da receita tributária pode-se destacar a importância das receitas de


ICMS para o governo do estado. No primeiro quadrimestre de 2016 elas representaram 50,3% da
receita total. Dos R$ 18,73 bilhões arrecadados em tributos em Minas Gerais nos quatro primeiros
meses de 2016, R$ 12,81 bilhões vieram do ICMS36, ou seja, 68,4% da receita tributária no período.

Os dados de arrecadação de ICMS acompanham a realidade de desaceleração da


atividade econômica no estado e no país. As taxas de variação da arrecadação de ICMS em Minas
Gerais foram piores do que no agregado G10 durante oito bimestres consecutivos. 37 Entretanto, no
primeiro bimestre de 2016 o estado apresentou melhor desempenho (gráf. 3).

Gráfico 3: Arrecadação de ICMS: Taxa de variação real no bimestre (em relação ao mesmo
bimestre do ano anterior) – Minas Gerais e G10 (SP, RJ, MG, RS, PR, SC, DF, BA, GO
e PE) – 1º bim. 2013–2º bim. 2016
15

10,8
10 7,7 8,5

5,1
4,7 4,5
3,6
5
6,4 6,2 5,8
4,6 1,7
-1,8 3,5 3,1 0,6
-1,7 -1,3
0 2,4 -1,5
-2,8 -2,6
-1,0 -5,2 -4,4
-5,2
-5 -3,1 -3,5 -2,3 -7,1
-4,9 -4,2
-6,5 -6,7 -10,8
-10 -7,7 -7,7
-9,5
-11,7 -12,2
-15

G10 Minas Gerais

Fonte: Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) dos estados; Secretaria do Tesouro Nacional (STN/MF), Anexo 3
(LRF, Art. 53, inciso I).

Tendo por objetivo a busca do equilíbrio financeiro, o governo de Minas Gerais


promoveu o aumento da alíquota de ICMS em alguns produtos para começar a vigorar em janeiro

36
Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços.
37
Entre o sexto bimestre de 2014 e o primeiro bimestre de 2016

88 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


de 2016. 38 Como a nova regra passou a vigorar a apenas seis meses, ainda não é possível avaliar se
a medida foi efetiva no seu propósito inicial de aumentar a arrecadação.

3. DESPESA REALIZADA

A Despesa realizada do governo de Minas Gerais apresentou decréscimo nominal de


3,9% no primeiro quadrimestre de 2016, na comparação com o mesmo período de 2015. A cifra
caiu de R$ 24,03 bilhões para R$ 23,09 bilhões no período (tab. 4).

Tabela 4: Despesa realizada – Minas Gerais – jan–abr. 2015/jan–abr. 2016


(R$ milhões)
ACUMULADO ACUMULADO PARTICIPAÇÃO
CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA Variação
JAN-ABR/2016 JAN-ABR/2016 JAN-ABR/2016
Despesa Realizada (A + B) 24.030 23.090 -3,9% 100,0%
Despesas Correntes (A) 19.192 20.059 4,5% 86,9%
Pessoal e Encargos Sociais 11.333 12.337 8,9% 53,4%
Juros e Encargos da Dívida 947 505 -46,7% 2,2%
Outras Despesas Correntes 6.912 7.217 4,4% 31,3%
Despesas de Capital (B) 988 901 -8,7% 3,9%
Investimentos 25 207 715,1% 0,9%
Inversões Financeiras 44 17 -60,3% 0,1%
Amortização da Dívida 918 677 -26,3% 2,9%
Despesa Intraorçamentária (C) 3.850 2.130 -44,7% 9,2%

Fonte: Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais (SEF/MG).

A queda nominal na despesa nos quatro primeiros meses de 2016 ocorreu,


principalmente, em função da queda no volume de gastos com as seguintes rubricas: Juros e
Encargos da Dívida (-46,7%), Amortização da Dívida (-26,3%) e Despesa Intraorçamentária
(-44,7%).

Na abordagem da “Despesa por Categoria Econômica e Grupos de Natureza da


Despesa”, 39 os dispêndios com a rubrica “Pessoal e Encargos Sociais” saltaram de R$ 11,33 bilhões
em no primeiro quadrimestre de 2015 para R$ 12,34 bilhões no mesmo período de 2016,
perfazendo acréscimo nominal de 8,9% (portanto incremento real próximo de 0,1%). A Lei
Orçamentária Anual (LOA) 40 previu o montante de R$ 45,46 bilhões para essa rubrica em 2016. O

38
Lei Estadual número 21.781/2015.
39
Conforme classificação funcional definida na Lei 4.320/64.
40
Disponível no sítio:
http://www.planejamento.mg.gov.br/images/documentos/loa_lei_orcamentaria_anual/LOA_2016/volume5.pdf

89 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


valor gasto em 2015 totalizou R$ 39,28. Portanto, o valor previsto significa incremento nominal em
torno de 15,7%.

Dentre os estados que compõem o agregado G10, Minas Gerais apresentou o terceiro
maior incremento nominal nos gastos com pessoal no primeiro quadrimestre de 2016. Apenas
estados do Paraná e da Bahia alocaram maior volume de recursos do que Minas Gerais, com
acréscimos nominais de 19,3% e 18,4%, respectivamente (tab. 5).

Tabela 5: Despesa com “Pessoal e Encargos Sociais” – Minas Gerais e estados selecionados – jan–abr.
2015/jan–abr. 2016
(R$)
ACUMULADO ACUMULADO
UF VARIAÇÃO
JAN-ABR/2015 JAN-ABR/2016
PR 6.848.875.771 8.169.789.253 19,3%
BA 4.970.361.689 5.886.764.060 18,4%
MG 11.333.458.737 12.336.945.925 8,9%
SC 4.032.925.207 4.332.934.419 7,4%
RS 7.733.336.456 8.169.682.045 5,6%
GO 3.454.557.606 3.617.028.129 4,7%
SP 25.055.094.216 25.927.135.933 3,5%
PE 3.694.507.391 3.810.311.390 3,1%
RJ 6.361.131.779 6.135.513.175 -3,5%
DF 5.800.817.588 5.445.899.292 -6,1%
Fonte: Relatório resumido da execução orçamentária (estados).

No que se refere ao cumprimento da Lei Complementar 101/2000 41, constata-se que


42
os dispêndios com pessoal no poder executivo mineiro atingiram 47,71% da receita corrente
líquida (RCL) no 1º quadrimestre de 2016. No quadrimestre anterior o valor atingira 47,91%.
Portanto, houve decréscimo de 0,2% ponto percentual em quatros meses. A legislação recomenda
que os gastos com pessoal não ultrapassem o limite prudencial de 46,55% da Receita Corrente
Líquida, sob pena das sanções previstas. O valor mais baixo do indicador pode ser considerado uma
notícia positiva, entretanto o desafio ainda é grande, uma vez que ele ainda se encontra 1,16 ponto
percentual acima do limite prudencial. O gráfico 4 mostra a evolução da relação entre despesa de
pessoal e receita corrente líquida.

Acesso em Junho/2016.
41
Lei de Responsabilidade Fiscal.
42
Disponível em no sítio:
http://www.fazenda.mg.gov.br/governo/contadoria_geral/gestaofiscal/ano2016/1quadrimestre2016.pdf
Acesso em junho/2016.

90 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 4: Evolução do percentual de gastos com pessoal em relação à receita corrente líquida –
Minas Gerais – 1ºquadrim. 2012–1ºquadrim. 2016
(Porcentagem)

48,71
49
47,91 47,71
47 45,82

45 42,94 43,49

43 41,94 42,05
41,17 41,49
40,73
41
38,98 39,11
39

37

35
2012-Q1

2012-Q2

2012-Q3

2013-Q1

2013-Q2

2013-Q3

2014-Q1

2014-Q2

2014-Q3

2015-Q1

2015-Q2

2015-Q3

2016-Q1
MG LIMITE DE ALERTA LIMITE PRUDENCIAL LIMITE MÁXIMO

Fonte: Relatório de gestão fiscal (Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais).

Em relação à conta “Investimentos”,43 o volume financeiro alocado nos quatro


primeiros meses de 2016 em Minas Gerais foi R$ 207 milhões. No mesmo período do ano anterior
o dispêndio havia sido de R$ 25 milhões. Dessa forma, houve incremento nominal de 715,1%. A
LOA previu alocação de R$ 3,85 bilhões para o ano de 2016. Como o dispêndio com essa rubrica
em 2015 foi de R$ 3,19 bilhões, a previsão é de incremento nominal de 20,7% no presente ano.

5. DÍVIDA PÚBLICA

A dívida consolidada líquida (DCL)44 do Governo de Minas Gerais atingiu R$ 99,31


bilhões no primeiro quadrimestre de 2016. O valor foi 3,2% inferior ao estoque verificado no
quadrimestre anterior, quando a cifra havia atingido 102,59 bilhões. No que se refere à relação entre
dívida consolidada líquida e receita corrente líquida (DCL/RCL), Minas Gerais apresentou no
primeiro quadrimestre de 2016 o terceiro pior resultado do G10: DCL como 188% da RCL. No
quadrimestre anterior o indicador havia atingido 199%. Portanto houve decréscimo de 11 pontos
percentuais em quatro meses (tab. 6).

43
Despesas com o planejamento e a execução de obras, inclusive com a aquisição de imóveis considerados necessários à realização
destas últimas, e com a aquisição de instalações, equipamentos e material permanente.
44
DCL: Dívida pública consolidada, deduzidas as disponibilidades de caixa, as aplicações financeiras e os demais haveres
financeiros.

91 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Tabela 6: Evolução da relação dívida consolidada líquida (DCL) sobre receita corrente líquida
(RCL) – Minas Gerais e estados selecionados (G9) – 1º quadrim. 2013–1º quadrim. 2016
(Porcentagem)

UF 2013/Q1 2013/Q2 2013/Q3 2014/Q1 2014/Q2 2014/Q3 2015/Q1 2015/Q2 2015/Q3 2016/Q1

RS 213 208 209 208 205 209 213 217 227 218
RJ 155 162 154 156 154 178 178 186 198 192
MG 166 169 183 171 167 179 182 195 199 188
SP 143 127 142 137 130 148 147 154 168 163
GO 94 94 92 91 91 90 91 90 99 76
PE 39 44 53 45 49 58 54 59 62 58
BA 19 33 47 32 37 40 40 50 59 54
SC 40 46 48 39 39 45 40 46 53 41
PR 42 58 60 55 51 58 55 ... 49 40
DF 8 7 16 14 12 21 17 19 25 25
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (STN/MF).

É importante destacar que o limite estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal


é de 200% até o ano de 2016. Constata-se que o estado encontra-se a apenas 2% percentuais abaixo
do limite prudencial de 190%, o que deixa em alerta a gestão financeira estadual.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As perspectivas para as contas públicas dos estados e de Minas Gerais não são as
melhores. A forte retração da atividade econômica em 2015 e 2016 provocou significativa
desaceleração no ritmo de crescimento das receitas. Por outro lado, as despesas diminuíram de
forma tímida o ritmo de crescimento. Dessa forma, é inevitável que os estados apresentem resultado
financeiro negativo em 2016.

Dessa forma, depreende-se que o equilíbrio fiscal dos principais estados dependa
muito da retomada do crescimento econômico, uma vez que a principal fonte de receita, o ICMS,
tem sido fortemente afetada pela desaceleração da atividade. Além disso, parte considerável do
gasto público é composto pelas chamadas despesas obrigatórias, o que permite limitada margem de
ação para os governos promoverem o ajuste fiscal através do corte de dispêndios.

92 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Boletim Focus – Relatório de Mercado. Brasília. Julho de


2016.

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Boletim de Conjuntura Econômica – 3° Quadrimestre de


2015. Belo Horizonte: Centro de Estatística e Informações (CEI), 2016.

MACIEL, Pedro Jucá. Contas Públicas estaduais em 2015: melhora do resultado primário, mas
piora do perfil fiscal. 2016. Disponível em:
http://pedrojucamaciel.com/contas-publicas-estaduais-em-2015-melhora-do-resultado-primario-
mas-piora-do-perfil-fiscal/fin2015site/. Acesso em 04-07-16.

MENDONÇA, Marco Aurélio Alves de. Carta de Conjuntura - 2016 - Junho - nº 31. Brasília:
2016.

MINAS GERAIS. Lei n. 21.781 de 01 de outubro de 2015. Altera as Leis nºs 6.763, de 26 de
dezembro de 1975, 12.729, de 30 de dezembro de 1997, 14.937, de 23 de dezembro de 2003, e
19.976, de 27 de dezembro de 2011, e dá outra providência. Belo Horizonte: 2015.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Fazenda – SEF. Relatório Contábil 2015. Belo
Horizonte: 2016a.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão – SEPLAG. Lei Orçamentária


Anual – LOA 2016. Belo Horizonte: 2016b.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Fazenda – SEF. Superintendência Central de Contadoria


Geral. Relatório Resumido da Execução Orçamentária – RREO. Belo Horizonte: 2016c.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Fazenda – SEF. Relatório de Gestão Fiscal – RGF.
Belo Horizonte: 2016d.

MINISTÉRIO DA FAZENDA. Secretaria do Tesouro Nacional. Boletim das Finanças Públicas


dos Entes Subnacionais. Brasília: 2016a.

MINISTÉRIO DA FAZENDA. Secretaria do Tesouro Nacional. Sistema de Informações


Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro – SICONFI. Brasília: 2016b.

SILVA, Jair Cândido da. Lei 4320/64, comentada: uma contribuição para a elaboração da lei
complementar (parágrafo 9º do art. 165 da CF/88). Editora Thesaurus. Brasília, 2007.

93 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


EVOLUÇÃO RECENTE DO MERCADO DE TRABALHO EM MINAS GERAIS

Maria Aparecida Sales Souza Santos45

Resumo

Este artigo pretende apresentar os indicadores mais recentes do mercado de trabalho em Minas
Gerais – emprego, desemprego e rendimentos-, comparando-os, em alguns pontos, aos dados
nacionais. As atividades produtivas correspondentes foram priorizadas na seleção dos dados.
Seguindo o formato desta publicação, o foco temporal é o primeiro quadrimestre de 2016.

PALAVRAS-CHAVE
Mercado de trabalho, emprego, desemprego, rendimentos.

ABSTRACT

This paper aims to present the latest indicators of the labor market in Minas Gerais - employment,
unemployment and income -, comparing them, in some points, to national data. The data was
focusing on the correlated economic activities and follows the format of this publication, the first
four months of 2016.

KEYWORDS
Labor market, employment, unemployment, income.

45
Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, economista e mestre em Administração Pública. Email:
maria.aparecida.sales@fjp.mg.gov.br.

94 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


1. INTRODUÇÃO

Este artigo tem o intuito de apresentar as movimentações recentes do mercado de


trabalho em Minas Gerais, priorizando as informações associadas às atividades econômicas. A
movimentação do trabalho formal por setor produtivo foi primeiramente demonstrada a partir dos
registros dos saldos de admissões e desligamentos do Cadastro de Empregados e Desempregados
(Caged)46 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A abertura dessas informações por
municípios permitiu construir um breve panorama territorial da dinâmica das ocupações em Minas
Gerais.

Os indicadores de desemprego, rendimentos e massa salarial para Minas Gerais e


Brasil foram extraídos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD
Contínua), publicada pelo IBGE, e que abrange o mercado de trabalho formal e informal. A PNAD
Contínua Trimestral substituiu a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), também do IBGE,
descontinuada a partir de março deste ano, e que continha cobertura restrita a regiões
metropolitanas.

2. TRABALHO FORMAL: ADMISSÕES E DESLIGAMENTOS

A evolução do fluxo de admissões e desligamentos, conforme dados do CAGED,


demonstra enfraquecimento do mercado de trabalho em Minas Gerais a partir terceiro quadrimestre
de 2014. As trajetórias se inverteram desde então, com queda das admissões e crescimento dos
desligamentos em patamar superior. Os saldos líquidos negativos entre admissões e desligamentos a
partir desse período evidenciam essa tendência. O terceiro quadrimestre de 2015 registrou o saldo
mais baixo desde 2012 (-140,9 mil postos de trabalho). Nesse período, o número de admissões,
496,3 mil, foi também o menor dentro do período considerado. No primeiro quadrimestre de 2016,
o saldo manteve-se negativo, porém mais elevado, resultado de um arrefecimento dos
desligamentos (de 637,2 mil para 576,1 mil), e acréscimo de admissões (496,3 mil para 552,3 mil)
(gráf. 1).

46
Caged: Registro Administrativo instituído pela Lei n° 4923 em dezembro de 1965, com o objetivo de acompanhar o processo de
admissão e demissão dos empregados regidos pelo regime CLT e dar assistência aos desempregados.

95 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 1: Admissões e desligamentos de postos de trabalho formais– Minas Gerais – 1º quadrim.
2012–1º quadrim. 2016
(Mil postos de trabalho)

1.000
797,9 790,1 811,6 787,8
772,7 775,3 767,7 767,2
800 726,0 885,5 875,5 716,0 690,4
815,1 833,2 816,5 811,7 637,2
722,4 576,1
600 713,3 687,1 694,2
649,5
552,3
400 496,3

200
89,1 87,6 60,5 63,9 48,8 23,8 -23,8
0 -21,8
-67,7 -62,0 -40,8
-80,1
-140,9
-200
2012:1

2012:2

2012:3

2013:1

2013:2

2013:3

2014:1

2014:2

2014:3

2015:1

2015:2

2015:3

2016:1
admissões desligamentos saldo

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).
Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações.

O gráfico 2 a seguir focaliza o saldo líquido de admissões desligamentos para os


setores agrícola e não agrícola. De acordo com o CAGED, o corte de 23,8 mil vínculos formais no
primeiro quadrimestre de 2016 aumentou 9,3% comparativamente ao do mesmo quadrimestre de
2015, quando 21,8 mil vagas foram extintas. No Brasil, o corte de empregos formais amentou
137,1% no primeiro quadrimestre de 2016, com redução de 385,9 mil postos.

A intensificação da queda de empregos espelhou a retração da atividade econômica,


tanto em âmbito estadual, quanto nacional. Em Minas Gerais, o bom desempenho do setor agrícola
atenuou a pressão negativa das demais atividades sobre o emprego formal, gerando saldo de 10 mil
ocupações no primeiro quadrimestre de 2016, aumento de 81,1% relativamente ao mesmo
quadrimestre de 2015. No conjunto nacional, o setor agrícola gerou 1,0 mil vagas entre janeiro e
abril de 2016, saldo 54% inferior ao computado no mesmo período de 2015 (gráf. 2).

96 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 2: Saldo de admissões e desligamentos de empregos formais, agrícolas e não agrícolas –
Minas Gerais e Brasil – 1º quadrim. 2012–1º quadrim. 2016
Minas Gerais
(Mil postos de trabalho)
100 80,3
51,4 53,7
29,6 39,2
50 36,2 5,5 29,7
8,9 6,8 34,3 9,6 18,3 5,5 10,0
-14,7 -10,2
0 -33,8
-31,6 -27,3
-50 -70,5 -40,3
-53,0 -51,8
-48,5
-117,1
-100

-150
2012:1

2012:2

2012:3

2013:1

2013:2

2013:3

2014:1

2014:2

2014:3

2015:1

2015:2

2015:3

2016:1
Agrícola Não agrícola

Brasil
(Mil postos de trabalho)

750 581,5 451,7


389,8 266,1 390,3
500
42,2 112,2
250 16,7 113,7 -78,5 98,9 93,0
10,0 18,6 85,3 2,1 1,0
0 -164,9
-328,9 -386,9
-250 -155,0 -138,2 -124,7 -92,3
-564,3
-500
-999,0
-750
-1.000
-1.250
2012:1

2012:2

2012:3

2013:1

2013:2

2013:3

2014:1

2014:2

2014:3

2015:1

2015:2

2015:3

2016:1
Agrícola Não agrícola
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).
Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações.

O emprego no setor não agrícola repercutiu a retração, tanto das atividades de


serviços quanto da indústria. Em Minas Gerais o setor serviços contabilizou saldo de 23,1 mil
demissões no primeiro quadrimestre de 2016, que correspondeu a um aumento de 96,2% em relação
ao mesmo período do ano anterior. Entre os subsetores, o comércio influenciou mais negativamente
o resultado, com 21,5 mil cortes. O ensino privado apresentou 5,5 mil contratações. Em nível
nacional, o setor serviços reduziu 237,8 mil postos de trabalho entre janeiro e abril de 2016, saldo
negativo 441,7% maior que o do mesmo período de 2015. Desse montante, 197,8 mil demissões
vieram do comércio (tab. 1).

97 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Tabela 1: Saldo de empregos formais, segundo setores de atividade selecionados – Minas Gerais e
Brasil – 1º quadrim. 2012–1º quadrim. 2016
(Mil postos de trabalho)
ESPECIFICAÇÃO 2012:1 2012:2 2012:3 2013:1 2013:2 2013:3 2014:1 2014:2 2014:3 2015:1 2015:2 2015:3 2016:1
MINAS GERAIS
Total 89,1 87,6 -67,7 60,5 63,9 -62,0 48,8 23,8 -80,1 -21,8 -40,8 -157,3 -23,8
Agropecuária 8,9 36,2 -53,0 6,8 34,3 -51,8 9,6 18,3 -31,6 5,5 29,7 -40,3 10,0
Indústria total 39,3 26,3 -37,5 39,6 6,7 -37,9 24,5 -6,9 -59,3 -15,5 -47,4 -80,7 -10,7
Ext. mineral 1,5 0,8 0,0 0,6 0,1 -0,3 0,7 0,5 -1,8 -2,1 -1,4 -1,6 -1,3
Transformação 13,2 12,6 -15,0 22,6 4,1 -17,3 20,0 -7,0 -27,4 -5,4 -24,2 -40,3 -2,2
Construção Civil 24,2 13,1 -22,4 16,0 2,7 -20,5 3,3 -0,6 -30,0 -7,6 -21,1 -32,0 -6,1
Serviços 41,0 25,1 22,8 14,1 22,9 27,7 14,7 12,4 10,8 -11,8 -23,1 -36,4 -23,1
Comércio -0,7 7,9 27,0 -10,1 6,9 28,8 -8,7 4,5 20,3 -19,6 -8,3 4,4 -21,5
BRASIL
Total 598,2 503,6 -233,5 461,7 365,0 -96,0 408,9 197,4 -453,6 -162,7 -471,2 -1091,3 -385,9
Agropecuária 16,7 113,7 -155,0 10,0 98,9 -138,2 18,6 85,3 -124,7 2,1 93,0 -92,3 1,0
Indústria total 239,8 138,3 -256,0 252,9 58,6 -185,8 163,5 -80,2 -413,7 -121,0 -345,0 -597,8 -149,1
Ext. mineral 5,9 5,1 -1,3 1,9 1,3 -1,5 1,4 0,3 -4,4 -5,6 -3,4 -5,1 -2,9
Transformação 82,3 71,4 -120,5 143,2 42,2 -101,8 92,5 -76,6 -202,5 -39,1 -237,5 -329,5 -83,6
Construção Civil 146,6 55,8 -131,5 101,7 16,3 -82,9 65,2 -4,5 -206,0 -76,8 -101,0 -236,3 -60,0
Serviços 341,7 251,5 177,5 198,8 207,5 227,9 226,9 192,4 84,8 -43,9 -219,2 -401,1 -237,8
Comércio -2,9 75,0 198,3 -58,1 60,0 206,1 -68,5 33,7 159,6 -146,4 -92,4 -7,6 -197,8
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).
Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações.

Todos os subsetores da indústria mineira apresentaram saldo negativo de empregos


no primeiro quadrimestre de 2016, totalizando 10,7 mil demissões; 6,1 mil originadas da construção
civil. Relativamente ao primeiro quadrimestre de 2015, o número de demissões na indústria como
um todo caiu 31,0%. Com exceção do subsetor de serviços industriais de utilidade pública, em que
o corte de vagas aumentou de 0,4 mil no primeiro quadrimestre de 2015 para 1,2 mil no primeiro
quadrimestre de 2016, houve um arrefecimento nos demais subsetores nessa base comparativa. Na
construção civil, as demissões continuaram elevadas, mas diminuíram 20,5%.

A indústria da transformação encerrou 2,2 mil vínculos formais de emprego no


primeiro quadrimestre de 2016 contra 5,4 mil em igual período de 2015; redução de 59,3%. O
resultado global negativo da transformação foi atenuado pelas 4,4 mil novas contratações da
indústria de calçados. O maior número de demissões foi proveniente da indústria de material de
transportes (automobilística), com 2,7 mil desligamentos, e da indústria metalúrgica, 1,7 mil. O
saldo na indústria extrativa mineral correspondeu a 1,3 mil demissões entre janeiro e abril de 2016.
No mesmo quadrimestre de 2015, houve 2,1 mil desligamentos. No Brasil, a retração de vagas no
setor também foi menor para o mesmo intervalo anual; 2,9 mil em 2016 contra 5,6 mil em 2015.

No recorte por territórios de desenvolvimento, observaram-se movimentações


diversas no emprego no primeiro quadrimestre de 2016, segundo o desempenho da atividade

98 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


econômica local predominante. Os maiores saldos de contratações foram verificados nos territórios
Triângulo Sul (4,2 mil), Oeste (2,9 mil), Noroeste (2,4 mil), Sul (2,3 mil) e Sudoeste (2,2 mil). Em
menor escala, as admissões também aumentaram nos territórios Caparaó (0,5 mil), Norte (0,1 mil) e
Central (0,02 mil) (tab. 2).

O setor agropecuário foi o principal gerador de empregos para a maior parte desses
territórios. No Triângulo Sul, além dos empregos adicionais nos cultivos de cana-de-açúcar, soja,
café e de outros produtos da lavoura temporária, a indústria da transformação também aumentou
consideravelmente os postos de trabalho na região, sendo 0,7 mil do segmento de alimentos e
bebidas e 0,3 mil da indústria química. O cultivo de café dinamizou o emprego nos territórios Sul e
Sudoeste. No Noroeste, o aumento de contratações proveio essencialmente das atividades de apoio
à agricultura, da produção de sementes, de cereais e da horticultura. O acréscimo do saldo industrial
de vínculos formais observado no território Oeste deveu-se ao desempenho da indústria de calçados,
que gerou 3,7 mil vagas.

O território Metropolitano, que concentra a atividade econômica e também o


emprego no estado, registrou saldo negativo, com 29,5 mil demissões no período, seguido do Vale
do Aço (2,7 mil), Vertentes (2,2 mil), Mata (2,0 mil), Triângulo Norte (0,8 mil), Vale do Rio Doce
(0,7 mil) e Alto Jequitinhonha e Mucuri, ambos com 0,2 mil. A onda de demissões em grande parte
desses territórios seguiu a retração da atividade industrial e de serviços. Em todos os subsetores
industriais do território Metropolitano, o número de demissões superou o de contratações. O maior
volume de dispensas (6,6 mil) foi constatado na indústria de transformação, puxado pela indústria
automobilística (2,8 mil) e pelas indústrias mecânica e metalúrgica, ambas com 0,8 mil demissões.
O corte de vagas na construção civil correspondeu a 4,3 mil, nos serviços industriais de utilidade
pública totalizaram 1,1 mil e, na extrativa mineral, 0,7 mil.

No Vale do Aço, a atividade metalúrgica da transformação e a construção civil


provocaram a maior redução de postos de trabalho na indústria local, ambas de 0,6 mil. Já no
território Vertentes, a construção civil gerou saldo de 1,0 mil demissões.

O desaquecimento da indústria afetou a propulsão das atividades de serviços, com


impacto mais direto no comércio. Apenas o Triângulo Sul, impulsionado pelo segmento transportes,
registrou número considerável de contratações formais nos serviços, 1,1 mil. Nos demais territórios,
o saldo setorial foi praticamente nulo ou negativo. Em todos os territórios pôde-se constatar redução
das vagas no comércio. O maior corte de vínculos formais no setor veio do território Metropolitano

99 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


(9,7 mil), seguido do Sul, Mata e Triângulo Norte, Vale do Aço e Norte, respectivamente, 1,9 mil,
1,8 mil, 1,6 mil, 1,2 mil e 0,9 mil.

Tabela 2: Saldo de admissões e desligamentos de empregos formais, segundo territórios de


desenvolvimento e setores de atividade econômica – Minas Gerais – 1º quadrim. 2016

Território de desenvolvimento Total Agropecuária Indústria Serviços

Alto Jequitinhonha -0,2 0,0 0,0 -0,2


Caparaó 0,5 0,2 0,2 0,0
Central 0,0 -0,1 0,2 -0,1
Mata -2,0 -0,2 -0,4 -1,4
Médio e Baixo Jequitinhonha -0,1 0,0 0,0 -0,1
Metropolitano -29,5 0,0 -12,7 -16,8
Mucuri -0,2 -0,1 0,1 -0,1
Noroeste 2,4 2,0 0,1 0,2
Norte 0,1 0,2 0,6 -0,7
Oeste 2,9 0,5 2,4 0,0
Sudoeste 2,2 1,7 0,5 0,1
Sul 2,3 2,5 0,5 -0,7
Triângulo Norte -0,8 1,1 -0,5 -1,4
Triângulo Sul 4,2 1,8 1,3 1,0
Vale do Aço -2,7 0,4 -1,4 -1,7
Vale do Rio Doce -0,7 0,0 -0,2 -0,5
Vertentes -2,2 -0,1 -1,5 -0,6
Minas gerais -23,8 10,0 -10,7 -23,1
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).
Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações.

3. EMPREGO, DESEMPREGO, RENDIMENTOS E MASSA SALARIAL

A PNAD Contínua, que abrange o trabalho formal e informal, apresentou indicadores


pouco favoráveis para o mercado de trabalho em Minas Gerais e no Brasil a partir de 2015. No
primeiro trimestre daquele ano, a taxa de desemprego estadual correspondeu a 8,2%, aumento de 2
pontos percentuais em relação ao trimestre imediatamente anterior. A taxa recuou um pouco no
trimestre seguinte, para 7,8%, mas a partir de então voltou a crescer com ímpeto. Avançou para
8,6% no terceiro trimestre e para 9,3% no último trimestre. O primeiro trimestre de 2016 marcou o
nível mais alto da série iniciada em 2012, com 11,1%, acréscimo de 35,2% em relação à taxa ao
primeiro trimestre de 2015 (gráf. 3).

100 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


Gráfico 3: População economicamente ativa, ocupada e taxa de desemprego – Minas Gerais e Brasil
– 1º trim. 2012–1º trim. 2016.
Minas Gerais
Mil pessoas Em % (da População Economicamente Ativa)
11.000 11,1 12,0
9,3
10.500 8,2 8,6 10,0
7,8 7,4 7,8
7,1 7,0 7,1 6,8 6,8
6,4 6,2 6,3 6,2 8,0
10.000 5,7
6,0
9.500
4,0
9.000 2,0
8.500 0,0
2012:1

2012:2

2012:3

2012:4

2013:1

2013:2

2013:3

2013:4

2014:1

2014:2

2014:3

2014:4

2015:1

2015:2

2015:3

2015:4

2016:1
PEA Ocupados Taxa de desemprego

Brasil
Mil pessoas Em % (da População Economicamente Ativa)
10,9 12,0
100.000
8,9 9,0 10,0
7,9 8,0 7,9 8,3
7,5 7,1 7,4 7,2
95.000 6,9 6,9 6,8 6,8 6,5 8,0
6,2
6,0
90.000
4,0
85.000
2,0

80.000 0,0
2012:1

2012:2

2012:3

2012:4

2013:1

2013:2

2013:3

2013:4

2014:1

2014:2

2014:3

2014:4

2015:1

2015:2

2015:3

2015:4

2016:1
PEA Ocupados Taxa de desemprego
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD
Contínua).
Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações.

No Brasil, o movimento foi ascendente em todo o período. Aumentou de 7,9% para


8,3% do primeiro para o segundo trimestre de 2015. Seguiram-se novos acréscimos no terceiro e
quarto trimestres; 8,9% e 9,0%, respectivamente. No primeiro trimestre de 2016, o desemprego
nacional atingiu 10,9%, também o mais alto da série PNAD Contínua.

A população economicamente ativa (PEA), que corresponde à soma de ocupados e


dos desocupados à procura de trabalho, aumentou 2,3% em Minas Gerais no primeiro trimestre de
2016 comparativamente ao mesmo trimestre de 2015, um contingente adicional de 245 mil pessoas
no mercado de trabalho. O número de ocupados diminuiu 0,9% no mesmo período; redução de 89
mil pessoas. Os desocupados cresceram 38,3%, abarcando mais 334 mil pessoas, num total de 1,2
milhão.

101 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


No Brasil, a PEA totalizou 101,7 milhões entre janeiro e março de 2016, com
acréscimo de 1,8 milhão de pessoas (variação de 1,8%) comparativamente ao mesmo intervalo de
2015. No mesmo período, o número de ocupados caiu 1,5%, com menos 1,4 milhão de pessoas. Já
os desocupados aumentaram para 11,1 milhões, com mais 3,2 milhões de pessoas.

Por categoria de empregos, observou-se aumento dos trabalhadores por conta própria
e redução da ocupação nas demais categorias, que podem ser associados a um rearranjo face às
pressões do mercado de trabalho. Em Minas Gerais, 102 mil pessoas passaram a integrar o trabalho
por conta própria no primeiro trimestre de 2016, aumento de 4,7% comparativamente ao mesmo
trimestre de 2015. O grupo de empregadores, em contrapartida, diminuiu 5,1%. No Brasil, o
trabalho por conta própria absorveu mais 1,4 milhão de pessoas, variação de 6,5% na mesma base
comparativa. A categoria de empregadores diminuiu 8,6%.

Na análise por grupamentos de atividades em Minas Gerais, a PNAD Contínua


registrou decréscimo de 11,5% nas ocupações da indústria geral no primeiro trimestre de 2016 ou
redução de 163 mil postos comparativamente ao primeiro trimestre de 2015, maior retração entre as
atividades abrangidas pela pesquisa. A agropecuária (agricultura, pecuária, produção florestal e
pesca) ganhou 8 mil (aumento de 0,7%).

Diferentemente do Caged, que indicou grande retração da ocupação nos serviços, a


PNAD contínua registrou aumento de 64 mil empregos (variação de 1,0%). O comércio puxou o
resultado, com aumento de 66 mil postos e variação de 3,8%. A divergência entre os resultados das
pesquisas evidencia a informalidade das atividades de serviços, não captada nos registros formais
do Caged.

Conforme os grupos etários, o maior nível de desocupação no estado no primeiro


trimestre de 2016 (17,3%) foi observado na faixa entre 18 e 24 anos, 4.8 pontos percentuais
superior ao nível de 12,5% verificado no primeiro trimestre de 2015. A faixa de 14 a 17 anos
apresentou o segundo maior nível de desocupação de janeiro a março de 2016 (10,3%), que superou
em 2.7 percentuais o nível de 7,6% do mesmo período de 2015. Agregando-se as duas faixas, de 14
a 24 anos, evidencia-se que a desocupação recaiu mais fortemente sobre os jovens, que têm
enfrentado maiores dificuldades de acesso a trabalhos remunerados.

A maior variação percentual do nível de desocupação (-40,7%) e ocorreu na faixa


entre 25 e 39 anos que tinha, no primeiro trimestre de 2015, nível de 5,9% e aumentou 2.4 pontos
percentuais, para 8,3% no mesmo período de 2016.

102 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


O número de empregos no setor privado com carteira em Minas Gerais passou de 3,8
milhões de janeiro a março de 2015 para 3,7 milhões de janeiro a março de 2016, queda de 1,3%
correspondente a uma redução de 49 mil postos formais. O emprego sem carteira também diminuiu.
Foram estimadas 1,1 milhões de ocupações no primeiro trimestre de 2015 e de 1,08 milhões no
primeiro trimestre de 2016; variação de -2,0%, equivalente a -21 mil postos.

Gráfico 4: Rendimento médio real habitualmente recebido do trabalho principal e de todos os


trabalhos das pessoas ocupadas – Minas Gerais e Brasil – 1º trim. 2012–1º trim. 2016

2.100 2.031 2.021


2.007 1.994 2.031 1.992 1.996 2.014 1.996
1.988
2.000 1.956 1.961 1.966
1.934 1.926
1.914 1.917
1.900 1.846
1.809 1.806 1.815
1.769 1.786 1.783 1.771 1.768
1.800 1.731 1.745 1.748 1.747
1.724
1.699 1.707 1.706
1.700

1.600
2012:1

2012:2

2012:3

2012:4

2013:1

2013:2

2013:3

2013:4

2014:1

2014:2

2014:3

2014:4

2015:1

2015:2

2015:3

2015:4

2016:1
Minas Gerais Brasil
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD
Contínua).
Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações.

Os rendimentos médios reais47 e a massa salarial48 continuaram em queda. Em Minas


Gerais, o rendimento médio recuou pelo quarto trimestre consecutivo. Entre janeiro e março de
2016 correspondeu a R$1.747, 11,1% inferior ao rendimento médio real nacional. Comparado ao
mesmo período de 2015, o rendimento do estado diminuiu 3,7%. No mesmo período, o rendimento
médio no Brasil caiu de R$2.031 para R$1.966, variação de -3,2% (gráf. 4).

Considerando-se o rendimento real por atividade, constatou-se decréscimo para todos


os grupos, exceto para o de serviços domésticos, com pequena variação positiva de 0,5%. A
agropecuária apresentou a maior retração (-8,4%), seguida da atividade de transportes (-8,1%) e da
indústria de transformação (-5,9%).

Segundo níveis de instrução, apenas o grupo com o menor nível (sem instrução e
com 1 ano ou menos de estudo) e também com o menor rendimento, apresentou ganho real. O
rendimento para esse agrupamento aumentou de R$818 para R$962 entre o primeiro trimestre de

47
Este indicador permite aferir em contrapartida, os níveis de trabalho sem proteção social, ou seja, trabalhos que ocorrem muitas
vezes na informalidade, através de prestação de serviços por conta própria ou das relações de trabalho no contexto de pequenos
negócios informais.
48
O acompanhamento da massa salarial proporciona conhecer um pouco sobre a qualidade e vigor do mercado de trabalho e do
mercado interno das regiões avaliadas, sendo um indicador da capacidade de consumo e do endividamento familiar.

103 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais


2015 e o primeiro trimestre de 2016 (variação de 17,6%). Parte desses ganhos pode estar associada
ao salário mínimo.

Gráfico 5: Massa de rendimento real de todos os trabalhos, habitualmente recebido por mês, pelas
pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, com rendimento
de trabalho – Minas Gerais e Brasil – 1º trim. 2012–1º trim. 2016 – (bilhões de reais)
10,0
9,9 9,85 9,92 94,0 92,9
9,87 9,85 92,2 92,2
9,8 9,82 9,84 9,79 9,81 91,9 92,1
92,3
92,0 92,1
9,7 9,739,769,71 9,71
9,75
9,70 92,0 91,2 91,3
90,3 90,6 90,6
9,6 9,61 90,1
9,53 89,6 89,4
9,5 90,0
9,4 9,38 88,0
9,3 88,0
9,2
9,1 86,0
2012:1
2012:2
2012:3
2012:4
2013:1
2013:2
2013:3
2013:4
2014:1
2014:2
2014:3
2014:4
2015:1
2015:2
2015:3
2015:4
2016:1

2012:1
2012:2
2012:3
2012:4
2013:1
2013:2
2013:3
2013:4
2014:1
2014:2
2014:3
2014:4
2015:1
2015:2
2015:3
2015:4
2016:1
Massa de Rendimentos Minas Gerais Massa de Rendimentos Brasil
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD
Contínua).
Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações.

Conforme o gráfico 5, a massa salarial em Minas Gerais decresceu pelo segundo


trimestre consecutivo depois de atingir o valor máximo da série (R$9,92 bilhões) no terceiro
trimestre de 2015. Entre janeiro e março de 2016 diminuiu 0,9% comparativamente ao mesmo
período de 2015, o equivalente a menos R$0,89 bilhões do total de R$9,7 bilhões. A maior pressão
negativa sobre a massa salarial no período veio do crescimento da desocupação, reforçada pela
retração dos rendimentos reais. Nesse intervalo, a massa de rendimentos no Brasil caiu 1,5%;
variando de R$92,0 bilhões para R$90,6 bilhões.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Monitor FJP Produto Interno Bruto de Minas Gerais – 1°
trimestre 2016. Belo Horizonte: Centro de Estatística e Informações (CEI), 2016.

IBGE. Indicadores IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – 1º


trimestre 2012-1º trimestre 2016. Rio de Janeiro, 2016.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Cadastro Geral de Empregados e


Desempregados – janeiro 2012-abril 2016.

104 Boletim de Conjuntura Econômica de Minas Gerais

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