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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

Centro de Ciências Agrárias


Departamento de Economia Agrícola
Programa de Pós-Graduação em Economia Rural
Disciplina: Macroeconomia Aplicada I
Alunos: Karla Kaluaná e Mathias Alencar

METAS INFLACIONÁRIAS (LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS)

FORTALEZA
2022
METAS INFLACIONÁRIAS:

• FUNDAMENTOS
• IMPORTÂNCIA PARA CONTER ACELERAÇÃO DOS PREÇOS
• LDO (LEI DAS DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS) E A SUA RELEVÂNCIA
PARA O CONTROLE INFLACIONÁRIO

O Brasil contemporâneo é marcado pela presença de uma inflação crônica, de


períodos de grande crescimento (o Milagre Econômico), mas também de períodos de
grande estagnação, como a conhecida década perdida dos anos de 1980. No campo
monetário, as autoridades brasileiras buscavam especialmente tratar da inflação e da
estabilização da moeda. No que tange a política fiscal, buscava-se um equilíbrio nas
contas do governo. Essa foi a tarefa realizada pelo governo com a adoção do Plano
Real em junho de 1994 e depois, com a adoção do Regime de Metas de Inflação em
1999. Com a adoção desse regime, o Banco Central do Brasil teve de assumir
diversas responsabilidades e manter a postura adequada diante do mercado
financeiro nacional e internacional. A política monetária brasileira, então, passou a ter
foco especial no combate inflacionário, representar uma instituição transparente, criar
a sua credibilidade diante dos agentes econômicos, entre outros fatores.

Em junho de 1994, foi implementado por Fernando Henrique Cardoso (FHC),


o plano que acabaria com o crônico problema da inflação no país: o Plano Real. Várias
foram as ações e políticas adotadas pelo governo para conquistar a atual estabilidade
de preços no Brasil. Dentre elas, podemos citar a desindexação da economia; a
política de abertura comercial e privatizações, que gerou um choque de concorrência
no mercado interno; medidas de equilíbrio fiscal; adoção das bandas cambiais com
posterior adoção de câmbio flutuante, dentre outras ações. Após o Real sofrer uma
forte pressão especulativa devido às crises ocorridas nos países em desenvolvimento
como o Brasil, destaque para a crise mexicana, em 02 de junho de 1999 o Brasil
instituiu, através do Decreto 3.088, o Regime de Metas de Inflação (RMI). Os
primeiros países a adotar esse regime foram Nova Zelândia (1990), Canadá (1991),
Reino Unido (1992), Finlândia (1993), Suécia (1993), entre outros. Os países em
desenvolvimento que adotaram este regime foram Chile (1991), Colômbia (1999),
México (1999).

Esse regime propõe um certo grau de aceitação de crescimento do nível geral


de preços para um determinado período. Tal medida é divulgada previamente pelo
governo e deve ser seguida pelo Banco Central (BC) cuja política monetária passa a
ter um único objetivo: alcançar a meta inflacionária determinada. De acordo com
Carvalho (2000), o objetivo de atingir essa meta passa por dois pontos de partida: o
primeiro, trata-se da impossibilidade de se prever a demanda por moeda de uma
economia num contexto de inovações financeiras e mobilidade de capitais. O
segundo, diz respeito a incapacidade da política monetária em atingir as variáveis
reais da economia (produto e emprego) de forma duradoura. A adoção do RMI,
portanto, tem como essência, possuir uma política monetária voltada à manutenção
de uma inflação baixa e estável, de forma permanente. A busca pela manutenção do
hiato do produto de forma a se manter próximo de zero, ou seja, que o produto efetivo
fique próximo ao produto potencial, deve ser um objetivo secundário, pois a prioridade
é a de que a meta do nível de preços não seja violada.

Para alcançar tal propósito, o Banco Central passa a controlar a taxa de juros
de curto prazo, que consiste em oscilar os juros de maneira direta ao aumento dos
preços. Se a inflação aumenta (diminui) em relação a meta, o BC aumenta (diminui)
a taxa de juros. Tal decisão é proferida por um Comitê de Política Monetária – no
Brasil é o chamado COPOM, e possui o Ministro da Fazenda e o Presidente do Banco
Central do Brasil na sua condução – o qual é operacionalizado pelo BC através da
mesa de mercado aberto, onde realiza a negociação de compra e venda de títulos
públicos, contraindo ou relaxando a base monetária, que por sua vez, passa a
pressionar a taxa de juros.

O canal de transmissão da política monetária - adaptação dos juros às


necessidades de acordo com a inflação - sobre o lado real da economia, ocorre tal
como caracteriza o Modelo ISLM. Segundo os autores Lopes e Vasconcellos (2009),
esse modelo segue uma lógica keynesiana do equilíbrio entre o mercado de bens e
de ativos. Desta forma, sempre que houver desequilíbrios no mercado de bens, o
ajuste se dará via quantidades, alterando o nível de produto (renda). Ao passo que,
desequilíbrios no mercado monetário são corrigidos com variações nas taxas de juros.
Quando há um excesso de oferta monetária na economia, a taxa de juros diminui; e
quando há excesso de demanda, a taxa de juros se eleva. Em outras palavras e de
forma mais didática e detalhada, o aumento da oferta de saldos monetários reais,
gera um desequilíbrio no portfólio dos agentes, que tentaram se desfazer da moeda
excedente ampliando a demanda por títulos. Assim, para equalizar o mercado
financeiro, a rentabilidade dos títulos (juros) deve se reduzir para tornar mais atraente
a retenção de moeda. Com essa redução de juros, os ganhos de fluxo de capital se
reduzem, estimulando os investimentos na economia e ampliando a demanda
agregada. Dessa maneira, as empresas passam a produzir mais para atender o maior
nível de liquidez do mercado. Conforme a ampliação da renda acontece, acarreta-se
um aumento de demanda por moeda para manter as transações comerciais. Isso
força uma nova elevação das taxas de juros para manter o mercado equilibrado. Vale
a pena citar que a força da política monetária depende diretamente da elasticidade
da demanda de moeda em relação à taxa de juros; e da elasticidade do investimento
em relação à taxa de juros.

Essa estrutura formada com a adoção Regime de Metas de Inflação para a


condução da política monetária brasileira coloca o Banco Central do Brasil como um
importante peça para a gestão dos interesses nacionais, aprimorando a comunicação
entre o público e o setor empresarial, por um lado; e por outro, os policy makers.
Também proporciona disciplina, prestação de contas ao público, transparência. A
chamada credibilidade é fundamental na condução da política monetária para evitar
problemas relacionados com inconsistência temporal, ou seja, busca de resultados
em termos de produtos em detrimento da manutenção dos níveis de preços. Nesse
sentido, a adoção de um Banco Central independente proporciona maior credibilidade
junto aos agentes econômicos e sinalizaria um maior comprometimento da autoridade
monetária com a baixa inflação (CARVALHO, 2000; p. 140).

O regime monetário de metas de inflação é um padrão de conduta da política


monetária que passou a ser utilizado por vários países a partir da década de 1990,
dentre eles o Brasil, que adotou este modelo em 1999, após uma crise cambial. Com
seu arcabouço teórico pautado nas premissas da teoria novo-clássica e tendo como
principal característica o anúncio prévio de uma meta numérica para a inflação, este
regime passou a ser adotado por países que buscavam alcançar a estabilidade de
seus preços.

Durante a década de 1990, o regime de metas de inflação tornou-se um


instrumento utilizado por vários países que procuravam institucionalizar a busca da
estabilidade de seus preços, dar maior transparência à condução da política
monetária, eliminar os problemas ligados ao viés inflacionário e, por conseguinte,
fazer com que a sua autoridade monetária tenha maior credibilidade. Essa forma de
conduzir a política econômica é pautada no arcabouço teórico da escola novo-
clássica, que trabalha com hipóteses tais como as expectativas racionais e equilíbrio
contínuo dos mercados, além de defender proposições como a ineficácia e a
inconsistência temporal da política monetária e argumentar a favor da tese de
independência do Banco Central. Aliás, foi a partir de um desdobramento desta tese
que surgiu a proposta das metas inflacionárias. Os pontos gerais desse regime
monetário consistem na publicação periódica de metas numéricas para a inflação,
bem como de determinados intervalos para sua variação, e de um espaço de tempo
para que se possa alcançá-las, visando, deste modo, ao conhecimento por parte do
público das metas numéricas, à transparência das ações dos formuladores de política,
e ao comprometimento com a estabilidade de preços e com o cumprimento das
metas. No cenário econômico brasileiro, o regime de metas de inflação foi
implementado de acordo com as características macroeconômicas do país quando
da implementação em meados de 1999, no que diz respeito à escolha das metas, dos
intervalos de variação e do índice que mediria a inflação.

O regime monetário de metas de inflação foi implantado no Brasil em um


cenário de fortes desvalorizações decorrentes de ataques especulativos, fruto dos
desdobramentos da política econômica do Plano Real, que procurou combater o alto
processo inflacionário vivido pela economia brasileira a partir de uma política de
estabilização da moeda nacional e da liberalização econômica. O referido regime foi
formalmente adotado no dia 1° de julho de 1999 através do Decreto Presidencial n°
3.088, de 21 de junho de 1999, que, dentre outras coisas, tinha como principais
pontos: (i) fixar as metas para a inflação com base em variações anuais 446 Rev.
Econ. Contemp., Rio de Janeiro, v. 16, n. 3, p. 441-462, set-dez/2012 de um índice
de preços conhecido; (ii) deixar a cargo do Conselho Monetário Nacional (CMN)1 a
determinação das metas para a inflação (mediante proposta do ministro da Fazenda),
seus respectivos intervalos de variação e o índice de preços a ser cotado; (iii) incumbir
ao Banco Central a tarefa de fazer com que as metas estabelecidas fossem
cumpridas, utilizando para isso os instrumentos necessários. A meta será
considerada cumprida quando a inflação acumulada no ano, medida pelo índice de
preços escolhido pelo CMN, se encontrar dentro da faixa de tolerância
preestabelecida. Em caso de descumprimento das metas, o presidente do Banco
Central deverá escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando as
razões do não cumprimento e as medidas a serem tomadas para fazer a inflação
voltar para dentro do intervalo estabelecido, bem como o prazo para isso acontecer.

Em termos gerais, o regime de metas para a inflação envolve os seguintes


elementos: i) Conhecimento público e prévio da meta para a inflação; ii) Autonomia
do banco central na adoção das medidas necessárias para o cumprimento da meta;
iii) Comunicação transparente e regular sobre os objetivos e justificativas das
decisões da política monetária; e iv) Mecanismos de incentivo e
responsabilização/prestação de contas para que a autoridade monetária cumpra a
meta.

No início da implementação do Regime de Metas de Inflação, o nível geral de


preços, medido pelo IPCA, se encontrava no patamar de 10% ao ano e os juros
próximos aos exorbitantes 30% ao ano. A inflação ainda era uma forte ameaça ao
país e com a mudança do regime cambial de semi fixo para o de câmbio flexível, a
política monetária teve que se adequar a situação conjuntural da época
(especialmente pela desvalorização que o Real sofreu), o RMI começou a apresentar
falhas no processo de combate ao crônico problema brasileiro de estagflação.

No desenho atual do sistema, o CMN define em junho a meta para a inflação


de três anos-calendário à frente. Por exemplo, em junho de 2018, o CMN definiu a
meta para 2021. Esse horizonte mais longo reduz incertezas e melhora a capacidade
de planejamento das famílias, empresas e governo.

O sistema prevê ainda um intervalo de tolerância, também definido pelo CMN.


Nos últimos anos, o CMN tem definido um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.)
para cima e para baixo. Por exemplo, no caso de 2025, a meta é de 3,00% e o
intervalo é de 1,50% a 4,50%. Se a inflação ao final do ano se situar fora do intervalo
de tolerância, o presidente do BC tem de divulgar publicamente as razões do
descumprimento, por meio de carta aberta ao Ministro da Fazenda, presidente do
CMN, contendo descrição detalhada das causas do descumprimento, as providências
para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo no qual se
espera que as providências produzam efeito.
• LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) estabelece quais serão as metas e


prioridades para o ano seguinte. Para isso, fixa o montante de recursos que o governo
pretende economizar; traça regras, vedações e limites para as despesas dos
Poderes; autoriza o aumento das despesas com pessoal; regulamenta as
transferências a entes públicos e privados; disciplina o equilíbrio entre as receitas e
as despesas; indica prioridades para os financiamentos pelos bancos públicos.

A lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) prioriza as metas do PPA e orienta a


elaboração do Orçamento Geral da União, que terá validade para o ano seguinte. O
projeto da LDO é elaborado pelo Poder Executivo, sob a direção do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão (MP) e a coordenação da secretaria de
Orçamento Federal (SOF), e precisa ser encaminhado ao Congresso Nacional até o
dia 15 de abril de cada ano. O projeto da LDO tem como base o PPA e deve ser
apreciado pelo Congresso Nacional até 30 de junho de cada exercício. Depois de
aprovado, o projeto é sancionado pelo Presidente da República.

Com base na LDO, a SOF elabora a proposta orçamentária para o ano


seguinte, com a participação dos Ministérios (órgãos setoriais) e das unidades
orçamentárias dos Poderes Legislativo e Judiciário. Por determinação constitucional,
o governo é obrigado a encaminhar o projeto de lei do orçamento ao Congresso
Nacional até o dia 31 de agosto de cada ano. Acompanha a proposta uma mensagem
do Presidente da República, na qual é feito um diagnóstico sobre a situação
econômica do País e suas perspectivas.

Pode-se dizer que a LDO serve como um ajuste anual das metas colocadas
pelo PPA. Algumas das disposições da LDO são: reajuste do salário mínimo, quanto
deve ser o superávit primário do governo para aquele ano, e ajustes nas cobranças
de tributos. É também a LDO que define a política de investimento das agências
oficiais de fomento, como o BNDES.

• PLDO - Projeto de lei das diretrizes orçamentárias - 2023

O congresso nacional decreta como disposições preliminares do projeto:


Art. 1º São estabelecidas, em cumprimento ao disposto no § 2º do art. 165 da
Constituição e na Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 - Lei de
Responsabilidade Fiscal, as diretrizes orçamentárias da União para 2022,
compreendendo:

I - as metas e as prioridades da administração pública federal;


II - a estrutura e a organização dos orçamentos;
III - as diretrizes para a elaboração e a execução dos orçamentos da União;
IV - As disposições relativas às transferências;
V - As disposições relativas à dívida pública federal;
VI - As disposições relativas às despesas com pessoal e encargos sociais e aos
benefícios aos servidores, aos empregados e aos seus dependentes;
VII - a política de aplicação dos recursos das agências financeiras oficiais de fomento;
VIII - as disposições relativas à adequação orçamentária decorrente das alterações
na legislação;
IX - As disposições relativas à fiscalização pelo Poder Legislativo e às obras e aos
serviços com indícios de irregularidades graves;
X - As disposições relativas à transparência; e
XI - as disposições finais.

§ 3º Os anexos da despesa prevista na alínea “b” do inciso III do caput deverão conter,
no Projeto de Lei Orçamentária de 2022, quadros-síntese por órgão e unidade
orçamentária, que discriminem os valores por função, subfunção, GND e fonte de
recursos:

I - Constantes da Lei Orçamentária de 2020 e dos créditos adicionais;


II - Empenhados no exercício de 2020;
III - constantes do Projeto de Lei Orçamentária de 2021;
IV - Constantes da Lei Orçamentária de 2021; e
V - Propostos para o exercício de 2022.

Quanto à política monetária, creditícia e cambial, as políticas monetária,


creditícia e cambial têm como objetivos o alcance, pelo Banco Central do Brasil (BCB),
da meta para a inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN); a
manutenção das condições prudenciais e regulamentares para que a expansão do
mercado de crédito ocorra em ambiente que assegure a estabilidade do Sistema
Financeiro Nacional (SFN); e a preservação do regime de taxas de câmbio flutuante,
respectivamente. O alcance desses objetivos deve observar a evolução da economia
brasileira, em linha com as medidas conjunturais implementadas.

No Brasil, para 2021 e 2022, a política monetária continuará a ser pautada de


forma coerente com o sistema de metas para a inflação, tendo como objetivo a
manutenção da estabilidade monetária. A meta para a inflação fixada para 2021 é de
3,75%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.), conforme
estabelecido pela Resolução CMN nº 4.671, de 26 de junho de 2018. Para 2022, a
meta para a inflação foi fixada em 3,50%, com o mesmo intervalo de tolerância de
2021 (Resolução CMN nº 4.724, de 27 de junho de 2019).

O impacto da pandemia começou a afetar a economia brasileira ao fim do


primeiro trimestre, quando os primeiros casos da doença foram reportados seguidos,
quase simultaneamente, pela adoção de medidas de restrição de mobilidade tomadas
para reduzir os riscos de alta circulação do vírus. Consequentemente, já repercutindo
os efeitos da pandemia, o PIB no primeiro trimestre registrou recuo de 2,1% em
relação ao quarto trimestre de 2019 (dados com ajuste sazonal). Após queda
expressiva do PIB no segundo trimestre (-9,2%), em ambiente de medidas severas
contra a disseminação da doença que resultou em fechamento completo de
estabelecimentos comerciais e fábricas de diversos segmentos da economia em
todas as regiões do país, a economia brasileira iniciou processo de recuperação a
partir de meados do segundo trimestre, que ganhou tração ao longo do terceiro
trimestre.

A recuperação da atividade econômica, evidenciada pelo crescimento de 7,7%


no PIB no terceiro trimestre do ano, refletiu a progressiva reabertura de setores
econômicos e as medidas estimulantes tomadas pelo governo em diferentes áreas.
Além de um extensivo programa de transferência de renda a população mais
vulnerável, várias medidas foram tomadas para suporte do crédito e liquidez do
sistema financeiro, entre as quais, linhas de crédito para pequenas empresas para
cobertura de pagamentos de salários.

A resposta fiscal para a pandemia configurou-se entre as mais expressivas,


focada, principalmente, no benefício de auxílio emergencial que atingiu mais de 60
milhões de trabalhadores. A atividade econômica continuou em trajetória de expansão
no quarto trimestre do ano, embora em ritmo mais moderado. O recrudescimento da
pandemia a partir de novembro e a retirada de estímulos fiscais, dada a vulnerável
situação fiscal do país, influíram na desaceleração da recuperação econômica.

O déficit em transações correntes para 2020 atingiu 0,9% do PIB (US$12,5


bilhões), ante 2,7% do PIB (US$50,7 bilhões) em 2019. Este recuo deveu-se,
principalmente, às fortes reduções dos déficits em renda primária e em serviços e a
ligeira elevação do superávit da balança comercial. Embora diminuindo 6,7% em
relação a 2019 (US$210,7 bilhões ante US$225,8 bilhões), as exportações
mostraram-se resilientes em ano de significativa redução da corrente de comércio
mundial.

A resiliência das exportações brasileiras reflete, principalmente, a composição


de sua pauta exportadora – com relevante participação de produtos básicos, em
particular alimentares – e a participação significativa da China entre os destinos das
vendas. A desvalorização cambial ao longo do ano também colaborou para esse
fenômeno ao aumentar a atratividade das vendas externas diante das quedas nos
preços internacionais.

As importações registraram expressiva retração, de US$185,3 bilhões em 2019


para US$167,4 bilhões em 2020, recuo de 9,7%. O resultado está associado a
retração da demanda interna em ambiente de impacto relevante da pandemia na
atividade doméstica. A necessidade de financiamento externo – soma do resultado
em transações correntes e dos fluxos líquidos de investimentos diretos no país –
registrou excedentes de financiamento de US$21,7 bilhões, equivalente a 1,5% do
PIB, indicando que a situação prossegue favorável em termos de financiamento do
déficit do setor externo.
O ingresso líquido de investimento direto no país (IDP), principal fonte de
financiamento das contas externas brasileiras, alcançou US$34,2 bilhões em 2020,
ante US$69,2 bilhões em 2019. Do recuo de US$35,0 bilhões, destacam-se as
reduções de US$19,2 bilhões em ingressos por lucros reinvestidos (US$1,6 bilhão em
2020 ante US$20,8 bilhões em 2019) é de US$14,8 bilhões em ingressos para
participação no capital exceto lucros reinvestidos (US$28,1 bilhões em 2020 ante
US$42,9 bilhões em 2019).
REFERÊNCIAS

BRASIL. Câmara dos deputados. Projeto de lei do Congresso Nacional n° 3, de


2022. Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração e a execução da Lei Orçamentária
de 2022 e dá outras providências. Brasília: Câmara dos deputados, 2022. Disponível
em: https://www.congressonacional.leg.br/materias/materias-orcamentarias/pldo-
2022. Acesso em: 15 nov. 2022.

BRASIL. Decreto nş 3.088, de 21 de junho de 1999. Estabelece a sistemática de


"metas de inflação" como diretriz para fixação do regime de política monetária
e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, p. 4. Retificado no DOU,
de 23/06/1999, p. 1.

CURADO, M. L.; OREIRO, J. L. Metas de inflação: uma avaliação do caso brasileiro.


Texto para discussão, CDME/UFPR, n. 15, 2005.

Carrara, Aniela Fagundes e Correa, André Luiz. O regime de metas de inflação no


Brasil: uma análise empírica do IPCA. Revista de Economia Contemporânea [online].
2012, v. 16, n. 3 [Acessado 14 Novembro 2022] , pp. 441-462. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S1415-98482012000300004>. Epub 01 Fev 2013. ISSN
1980-5527. https://doi.org/10.1590/S1415-98482012000300004.

CARVALHO, F. C. et. al. Economia Monetária e Financeira: Teoria e Política.


Editora Campus. Rio de Janeiro, 2000.

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