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CAPÍTULO II – ANÁLISE DA POLÍTICA Cambial NO CRESCIMENTO ECONÓMICO DE

ANGOLA (2011–2021)...............................................................................................................30
2.1.Banco Nacional de Angola e a Política Cambial..............................................................30
2.1.1.O Quadro Operacional da Politica Cambial – Instrumentos.................................... 30
2.2.Política Cambial Angolana Durante o Período de 2011-2021 (Alteração dos
Regimes Cambiais)................................................................................................................ 32

2.2.1.Política Cambial Expansionista (2011-2014)............................................................ 34


2.2.2.Política Monetária Cambial (2015-2021)................................................................. 36
2.2.3.Poltica Cambial e Politica Comercial (2011-2021)....................................................38
2.2.4.Politica cambial e PIB................................................................................................40
2.2.5.Análise do Crescimento Económico de Angola (2011-2021)...................................41
1. 1. RESUMO
2. 2. INTRODUÇÃO
3. 3. POLÍTICA MONETÁRIA SOB REGIME DE
METAS DE INFLAÇÃO
1. 3.1 Regras Versus Descrição
2. 3.2 Importância da Âncora Nominal para guiar Expectativas
3. 3.3 Diferentes Tipos de Âncoras Nominais
1. 3.3.1 Regime de Meta para Taxa de Câmbio
(Âncora Cambial)
2. 3.3.2 Regime de Metas Monetárias
3. 3.3.3 Metas para o Produto Nominal
4. 3.3.4 Política Monetária com uma Âncora Nominal
implícita
5. 3.3.5 Regime de Metas para inflação
4. 3.4 Âncora de Metas para inflação é Melhor na Prática por
quê?
1. 3.4.1 Vantagens do Regime de Metas para
inflação
2. 3.4.2 Desvantagens do Regime de Metas para inflação
4. 4. REGIME DE METAS PARA INFLAÇÃO:
EXPERIÊNCIA DE ANGOLA DE 2011-2016
1. 4.1 Trajetória de Reformas em Angola
1. 4.1.1 Transição da Economia Centralizada
para Economia de Mercado
2. 4.1.2 Programas Econômicos
2. 4.2 Trajetória da inflação em Angola de 1999-2016
1. 4.2.1 Determinantes da inflação em Angola
3. 4.3 Metas para inflação em Angola
1. 4.3.1 Novo Quadro Operacional da Política
Monetária
2. 4.3.2 Comitê de Política Monetária
3. 4.3.3 Diferença Percentual entre inflação efetiva e a
Meta de 2011-2016
5. 5. EFICÁCIA DO RMI PARA A ECONOMIA
ANGOLANA
1. 5.1 Desempenho do RMI em Angola
2. 5.2 Política Monetária e Cambial
3. 5.3 Responsabilidade do BNA na Estabilidade Macroeconômica
4. 5.4 Independência do Banco Central
5. 5.5 Dolarização e Desdolarização da Economia Angolana
1. 5.5.1 Dolarização
2. 5.5.2 Nível de Dolarização da Economia Angolana de
2005-2013
3. 5.5.3 Desdolarização
4. 5.5.4 Determinantes da Desdolarização da Economia
Angolana
6. 5.6 Efeito Pass-Throught (Repasse Cambial)
7. 5.7 Princípio da Trindade Impossível
6. 6. Conclusão
1. 6.1 Limitações
2. 6.2 Futuras investigações
7. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
3.3. DIFERENTES TIPOS DE ÂNCORAS NOMINAIS
Segundo Ferreira (2009), âncoras nominais são, restrições que se impõem sobre a
política monetária de modo a “amarrar” o nível de preços a um valor específico,
com o propósito de evitar que o Banco Central atue de forma errática ou
irresponsável, que poderiam levar à inflação e a consequências prejudiciais na
economia.

Existem vários tipos de ancoras nominais nomeadamente âncora cambial, âncora


para agregados monetários, metas para produto nominal e metas para inflação
(explicito e implícita).

3.3.1. Regime de Meta para Taxa de Câmbio (Âncora Cambial)


“O regime de câmbio fixo18 é o regime em que a paridade entre moeda doméstica
e a estrangeira é estabelecida através de uma decisão do Governo ou de uma lei.
A manutenção da taxa de câmbio no nível fixado torna-se uma responsabilidade
das autoridades monetárias” (CARVALHO, et. al. 2015, p. 366).
A utilização da taxa de câmbio como âncora nominal consiste em um regime de
política monetária bastante antigo. Um dos mais conhecidos foi o padrão ouro,
também chamado de estalão-ouro, foi o sistema monetário cuja primeira fase
(libra-ouro) vigorou desde o século XIX até a primeira guerra mundial (1870-
1914). A segunda fase do padrão ouro (dólar-ouro) teve seu inicio no acordo de
Bretton Woods em 1944, que estabelecia a conversibilidade do dólar em ouro,
que vigorou até 15 de Agosto de 1971.

As principais disposições do sistema Bretton Woods, foram primeiramente, a


obrigação de cada país adotar uma política monetária que mantivesse a taxa de
câmbio de suas moedas dentro de um determinado valor indexado ao dólar, mais
ou menos um por cento, cujo valor por sua vez, estaria ligado ao ouro numa base
fixa de 35 dólares por onça Troy19.
De acordo com Mendonça (2002, p. 35):

“Deve-se salientar que o padrão ouro impunha limites ao Governo, pois


eram emitidos títulos da dívida com o compromisso de convertê-los em
ouro. Os agentes estimavam a capacidade de solvência do Governo tendo
por base o nível de reservas. Como na prática, nenhum Governo mantinha
a totalidade de suas reservas em ouro, a credibilidade dos títulos da dívida
dependia da capacidade de arrecadação. Logo, o elemento chave para
garantir a conversibilidade era a condução da política fiscal. Ou seja, um
equilíbrio orçamentário seria fundamental para que os agentes formassem
suas expectativas de forma que, a solvência da dívida emitida fosse crível
e impedisse o uso de uma política financeira inflacionária”.
Segundo Dezordi (2004, p.6):

“A adoção do regime de câmbio fixo puro ou ajustável possibilita as


economias com inflações elevadas uma âncora nominal (taxa de câmbio),
fundamental para a recuperação do padrão monetário doméstico.
Entretanto, esta âncora pode ocorrer em sua forma pura, assim como: o
padrão ouro, hard pegs, a dolarização da economia e o currency
board (conselho monetária). Ou na sua forma ajustável: soft pegs,
âncoras cambiais, bandas de flutuação, crawning pegs e moving target
zone”.
“Uma versão moderna do padrão ouro consiste no uso de um currency board20.
Nessa estrutura, a moeda doméstica tem o valor fixado em termos da moeda do
país âncora, tendo sua oferta ressalvada por ativos em moeda estrangeira”
(MENDONÇA, 2002, p. 36).
Para (CARVALHO, et al., 2015, p. 368-369):
“O currency board é um arranjo cambial e monetário que se aproxima do
modo de funcionamento do padrão ouro, embora adotado de forma
unilateral e isolada. O objetivo principal da adoção de currency board,
como fizeram diversos países nas décadas de 80 e 90 do século passado
foi o de importar a credibilidade de uma moeda estrangeira 21 para servir
de âncora para a estabilidade de preços domésticos”.
De referir que, o regime currency board, mesmo apresentando vários problemas,
é extremamente eficiente para reduzir processos hiperinflacionários (DEZORDI,
(2004, p.12):
“O regime currency board, mesmo apresentando vários problemas, é
extremamente eficiente para reduzir drasticamente processos
hiperinflacionários. Esta característica positiva levou países com
problemas inflacionários a adotarem este regime, assim como, a
Argentina”.
Segundo Mishkin e Savastano (2000), citado por Mendonça (2002, p. 36), “as
principais vantagens associadas à adoção de um currency board se resumem nos
seguintes pontos básicos”:
1. Ajuda a evitar a aceleração inflacionária por meio da restrição imposta aos
preços de bens comercializados produzidos domesticamente;
2. Atenua o componente inercial da inflação que alimenta salários e preços
não comercializáveis;
3. Provoca a convergência das expectativas inflacionárias tendo por
referência o país âncora;
4. Reduz o custo de captação de fundos para o Governo e setor privado,
devido à eliminação do componente de risco sobre a moeda, proveniente
da taxa de juros doméstica;
5. Cria um mecanismo de ajuste automático para a oferta de moeda que
ajuda a atenuar o problema de inconsistência temporal da política
monetária e;
6. São facilmente compreendidos pelo público.

Obstfeld e Rogoff (1995) argumentam que os regimes cambiais com amplas


bandas podem fazer com que a economia esteja propensa a ataques
especulativos:
“Obstfeld e Rogoff (1995) levantam a questão de que mesmo um regime
mais flexível de metas para taxa de câmbio, a economia estaria propensa
a ocorrência de ataques especulativos, com isso, limitando a condução da
política monetária. Os autores, concluem que tanto regime de câmbio fixo
puro como os administrados, oferecem sérios problemas à condução das
políticas econômicas. Sugerem como alternativa para reduzir a inflação e
a volatilidade cambial, reformas institucionais da política monetária. Um
Banco Central genuinamente independente e administrado com princípios
ortodoxos de política monetária, para controlar o problema da
credibilidade inflacionária, e com isso, reduzir as expectativas
inflacionárias” (DEZORDI, 2004, p. 11-12).
3.3.2. Regime de Metas Monetárias
Agregados monetários como ancora nominal, pressupõe o uso de agregados
monetários (M1, M2, M3, M4) como âncora. O funcionamento básico dessa
estratégia traduz a crença monetarista de que a melhor maneira de conduzir a
política monetária e evitar a inflação se dá através de uma taxa de crescimento
constante do agregado monetário escolhido (FERREIRA, 2009).

O regime de metas monetárias ocorre quando se fixa o estoque de moeda ou se


define regras rígidas de expansão dos agregados monetários. Elas só funcionam
se existir confiança nas informações transmitidas da condução da política
monetária, caso as metas monetárias guiem as expectativas inflacionarias do
público, se for criado algum mecanismo de responsabilidade para eliminar
desvios da meta monetária e, se a taxa de câmbio for flexível não pode existir
dominância fiscal (SILVA, 2014).

Segundo Dezordi (2004, p.12-13):

“O modelo de metas para os agregados monetários está intimamente


ligado ao pensamento monetarista. Esta escola, argumenta que as
mudanças na quantidade de moeda são a principal influência nas
alterações da renda real no curto prazo e na renda nominal, no longo
prazo. Neste caso, o crescimento constante da oferta monetária teria um
grande efeito para a obtenção da estabilidade do crescimento da renda e
do nível de preços, com a estabilidade da demanda por moeda. O regime
de metas monetárias é compatível com um regime cambial flutuante, pois
necessita de autonomia da política monetária doméstica. Este fato,
oferece condições ao Banco Central em utilizar este instrumento de
política econômica para estabilizar o produto nacional e evitar grandes
desestabilizações econômicas. Neste regime, o B.C anuncia
periodicamente e publicamente as metas para os agregados monetários.
Assim sendo, o regime em referência possibilita mostrar seu
comprometimento e às vezes um sinal imediato para o mercado e o
público sobre o compromisso do Banco Central em manter a inflação
sobre controle. Este procedimento tem um claro sinal de ajudar a fixar as
expectativas inflacionárias e, com isso, produzir menos inflação. Países
que historicamente apresentaram disciplina monetária adquiriram
credibilidade. Entretanto, manter essa característica, requer uma clara
utilização da operacionalização da política monetária. “Com isso, países
como Estados Unidos, Japão e Alemanha direcionaram sua estratégia de
política monetária para um regime de metas de agregados monetários,
principalmente nos anos 70 e início dos anos 80”.
Países como Alemanha e a Suíça obtiveram sucesso com o regime de metas
monetárias nos anos 70, como descreve Mendonça (2002, p. 41):

“Alguns países obtiveram sucesso com o regime de metas monetárias nos


anos 70, tais como a Alemanha e a Suíça. O êxito obtido por esses países
é atribuído ao fato de que a estrutura utilizada foi diferente da proposta
pela ortodoxia monetarista (regra rígida de expansão da oferta monetária),
visto que foi possível fazer uso da política monetária como instrumento
capaz de afetar a taxa de câmbio e o produto da economia. Entretanto, a
principal característica dos países supracitados, é que o regime de meta
monetária foi entendido como uma forma de comunicação da estratégia
de longo prazo da política monetária para o controle da inflação, cujo
resultado acarretou um aumento na transparência da política monetária e
na responsabilidade do B.C”.
Este regime apresenta algumas restrições, Dezordi (2004, p.13), descreve a
principal restrição na utilização do regime para agregados monetários:

“A principal restrição na utilização do regime de metas para agregados


monetários, é que deve haver uma relação confiável entre a variável
chave (inflação ou renda nominal) e a meta do agregado M1 (papel
moeda em poder do público e os depósitos a vista). Se a velocidade de
circulação da moeda for instável, então esta relação se torna fraca e
inviável para estipular a variável objetivo (inflação) ”.
“Uma estratégia de metas monetárias para o controle da inflação compreende
quatro elementos básicos (Mishkin & Savastano, 2000), citado por Mendonça”
(2002, p. 41):

1. Confiança nas informações transmitidas por um agregado monetário para


condução da política monetária;
2. Anúncio das metas para um agregado monetário capaz de guiar as
expectativas inflacionárias do público;
3. Criação de algum mecanismo de responsabilidade que elimine grandes e
sistemáticos desvios da meta monetária e;
4. Inexistência de dominância fiscal e presença de taxa de câmbio flexível.

“As principais vantagens da meta monetária sobre a fixação da taxa de câmbio


são apresentadas em três pontos básicos” (MENDONÇA, 2002, p. 41-42):

1. A capacidade do B.C escolher suas metas para inflação;


2. A possibilidade de a política monetária responder às flutuações do produto
no curto tempo e a choques externos; e
3. Maior transparência na condução da política monetária, uma vez que são
reportados ao público, em intervalos regulares de tempo, o
comportamento dos agregados monetários.

“A estratégia de metas monetárias parte do pressuposto de que o B.C torna-se


mais comprometido com o objetivo de inflação baixa, sendo capaz de atenuar o
problema de inconsistência temporal da política monetária. Por conseguinte, o
mecanismo para a busca de baixa inflação pode ser entendido da seguinte forma”
(MENDONÇA, 2002, p. 42):

i) “No primeiro momento, é anunciado o agregado monetário selecionado e a sua


respectiva meta; ii) Esse agregado monetário, torna-se a principal fonte de sinal
para o público na formação de expectativas sobre a inflação futura; iii) A
autoridade monetária divulga informações sobre o comportamento do agregado
monetário; iv) O público faz a comparação entre a informação divulgada pelo
B.C e a meta anunciada; v) Os sinais emitidos pela autoridade monetária ajudam
a consolidar as expectativas inflacionárias do público; e vi) A menor inflação é
obtida”.

“De acordo com Svensson (1999), existem dois tipos básicos de regimes de
metas monetárias: o estrito (strict), que corresponde a um exercício teórico que
não é utilizado por nenhum B.C, e o pragmático (pragmatic)” (MENDONÇA,
2002, p. 43):
“Do ponto de vista teórico (assumindo-se a neutralidade da moeda), é
esperado que a adoção de uma meta de crescimento monetário (estrita)
seja capaz de obter a taxa de inflação desejada no longo prazo. Porém, no
médio prazo, existe a possibilidade de surgir um conflito entre estabilizar
a expansão monetária e a inflação. Conflito este, que resulta da demora de
se perceber o efeito da inflação decorrente da variação monetária, o que
demostra um trade-off potencial entre as duas variações. Esse trade-
off torna-se evidente quando se adota um regime de meta inflacionária. A
adoção dessa estratégia (RMI), implica a minimização da variabilidade
em torno da meta da inflação, mas, por outro lado, estimula a
variabilidade da taxa de expansão da oferta monetária. Em contrapartida,
o uso de uma meta para expansão monetária apresenta menor
variabilidade para o crescimento da oferta monetária. Não obstante a isso,
essa estrutura implica a possibilidade de haver considerável flutuação em
torno da meta da inflação”.
Já nas metas monetárias pragmáticas, segundo (MENDONÇA, 2002, p. 43):

“A principal diferença com o caso anterior, está no fato de que, é adotado


em simultâneo à meta monetária uma meta inflacionária ad hoc. Como
exemplo temos o caso da Alemanha, que entre 1996 e 1998, foi admitido
como meta para a inflação o intervalo entre 1,5% a 2%. Vale destacar
que, na existência do conflito entre a estabilização da inflação para a meta
inflacionária e a estabilização do crescimento monetário para a meta
monetária, o Bundesbank22 tem dado prioridade à meta inflacionária, o
que implica uma aproximação do regime de metas monetárias
pragmáticas ao caso de metas inflacionárias”.
Depois do ano 2000 o Governo angolano iniciou a formulação de políticas
monetárias e financeiras consistentes para a estabilização macroeconômica:

O controlo da subida dos preços em Angola tem sido um dos resultados


mais visíveis da política de estabilização macroeconômica do Governo
depois do ano 2000 (foi quando se iniciou a formulação de políticas
monetárias e financeiras consistentes e se deu a devida atenção à
cooperação institucional entre o Banco Central e o Ministério das
Finanças) (ROCHA et. al., 2010, p. 192).
De 2000 á 2002 a taxa de inflação de Angola esteve na casa dos 3 dígitos, sendo
que, a taxa anual de inflação em 2000 foi de 268,35% e em 2001 foi de 116,07%.
Já em 2002, taxa anual de inflação fixou-se em 105,59%. No decorrer desses três
anos, verificou-se uma redução da inflação, apesar de que, essas taxas eram ainda
consideradas como sendo muito elevadas e fora dos padrões normais e aceitáveis.
No ano 2003, houve uma desaceleração deste indicador macroeconômico, cuja a
taxa anual fixou-se em 76,56% abaixo da taxa de inflação do ano anterior (2002)
de 105,59%, porém acima da meta determinada pelo Governo que foi de 30%.

Em 200463, a taxa de inflação anual foi de 31,01%, acima da (meta) objetivada no


pelo Governo, que foi de 20%. A inflação continuou a desacelerar ano após ano,
fruto em parte, do clima estável resultado da paz efetiva alcançada em 2002, que
propiciou estabilidade econômica e financeira, bom ambiente de negócio,
elevados investimentos privados e públicos e as expectativas positivas quanto ao
comportamento da procura e do preço do principal recurso financeiro do país, o
petróleo. Tudo isso, influenciou positivamente para que se atingissem altas taxas
de crescimento do PIB no período de 2004 a 2008 64. Em 2005 a taxa anual da
inflação foi de 18,53%, em 2006 foi de 12,21%, enquanto que em 2007 65 a taxa
de inflação anual fixou-se em 11,79%.
A crise econômica e financeira de 2008-2009, afetou o país através da queda
vertiginosa do preço do petróleo, que causou uma consequente redução da
atividade global. Assim, pela primeira vez desde 2003, o produto do sector
petrolífero desacelerou no seu crescimento, a balança de pagamentos e as contas
fiscais registraram défices, a moeda desvalorizou-se, as reservas internacionais
líquidas e o crédito interno líquido reduziram-se e a inflação esteve acima dos
níveis preconizados (entre 2008 a 2010 o índice de preços ao consumidor voltou
a aumentar de 13,17% para 15,31% respectivamente. Os aumentos na taxa de
inflação foram de 0,82 pontos percentuais entre 2008 e 2009 e 1,32 pontos
percentuais entre 2009 e 2010).

Em 2011 a economia angolana voltou a registrar uma baixa na taxa de inflação


homologa, que foi de 11,38 pontos percentuais. Por conseguinte, em 2012 a
inflação atingiu pela primeira vez o nível de um dígito fixando-se em 9,02%.
Entre 2013 e 2014 a inflação homologa foi de 7,69% e 7,48% 66 respectivamente,
sendo 7,48% a menor taxa de inflação anual registrada na economia angolana,
desde o início dos cálculos da inflação em Novembro de 1990.
Entre os anos 2015 e 2016, Angola67 voltou a registrar um ambiente conturbado
na sua economia, por conta da queda do preço do petróleo no mercado
internacional68, que iniciou em meados de 2014 (conforme ilustra o gráfico-1), e
teve um impacto significativo na queda das receitas do país, visto que o setor
petrolífero representa cerca de 50% do PIB (gráfico 13) 69 e 22,90% das receitas
fiscais (impostos)70.Verificou-se, também escassez de liquidez nas instituições
financeiras, principalmente da moeda americana 71, que impactou a atividade
econômica do país, dificultando, assim, a mobilidade de capitais, as importações
de bens e serviços, medicamentos, equipamentos e máquinas, pois as
importações representam em média um pouco menos de 2/3 72 da oferta total de
bens e serviços da economia. Ou seja, o choque de oferta gerou insuficiência na
oferta de cambiais, fez reduzir a venda mensal nos leilões de divisas, sendo que,
no início de 2015 está girava em torno dos USD 1 mil milhões, e passou em 2016
a ser inferior à metade deste montante nos meses do período em análise. Em
decorrência da menor disponibilidade de divisas aos importadores, registou-se,
por um lado, uma redução substancial na importação de bens e, por outro lado,
um agravamento na procura por divisas73.
Gráfico-1: Preço Spot do Brent e Ramas Angolana
Fonte: Relatório de Fundamentação do OGE (Revisto)/2015
Gráfico-2: Evolução da Estrutura do PIB

Fonte: BNA (2017)


Diante desse cenário conturbado da economia angolana, conforme ilustrado na
figura a seguir, gerou-se uma pressão sobre os preços 74, que fez com que a
inflação voltasse a subir, saindo de um digito para dois dígitos, sendo que, em
2015 a taxa anual da inflação efetiva segundo dados do BNA foi de 14,27% e em
2016 foi de 41,95 pontos percentuais. O aumento da taxa de inflação entre 2015 e
2016, foi de 27,71% é um aumento alto e significativo.
Figura-1: Efeito Econômico da queda do preço do Petróleo
Fonte: MINFIN/R.F OGE (Revisto)/2016
O gráfico a seguir ilustra a trajetória da inflação em Angola de 1999-2016.

Gráfico-3: Inflação em Angola de 1999-2016

Fonte: Elaboração própria com base em dados do BNA e CEIC/UCAN


A queda nas importações, sobretudo de alimentos, iniciado gradualmente desde
2015, e intensificou-se no primeiro trimestre de 2016, despoletou ainda ataques
especulativos de preços por parte dos agentes econômicos, obrigando o
Executivo a adotar medidas de controle de preços, sobretudo, o dos bens que
compõem a cesta básica. Em 2013, a importação de alimentos cifrou-se em USD
450 milhões e USD 465 milhões em 2014; em 2015, a importação de alimentos
caiu severamente cerca de 27% passando para USD 338 milhões.
Este comportamento da queda das importações de alimentos continuou em 2016,
tendo se aferido uma média de importação de cerca de USD 186 milhões nos
primeiros meses do ano. Ou seja, em termos médios, os níveis de importação
representam pouco menos da metade dos níveis observados em 2014. Com a
menor oferta de bens, sobretudo, de alimentos no mercado, os respectivos preços
dos itens subjacentes, cuja procura é inelástica, subiu fortemente, afetando
diretamente o andamento do índice de preços ao consumidor (IPC)75.
Gráfico-4: Evolução das Importações em 2016 (em Dólares americanos)

Fonte: MINFIN/ R.F OGE/2016


Dados das importações tomados pelas Aduanas (alfândega), apontaram uma
contínua tendência de queda ao longo do primeiro semestre de 2016, conforme
demonstra o gráfico abaixo, com primeiros sinais de inversão da tendência para
importação de alimentos, porém muito abaixo dos níveis observados em 2105.

Gráfico-5: Evolução das Importações de Bens Alimentares (2015-2016)

(Dólares americanos)
Fonte: MINFIN/ R.F OGE/2016
A estrutura das importações até o final de 2016 comportou a seguinte forma:
aumento dos bens de consumo corrente em termos absolutos que apresentou um
crescimento superior em relação aos bens de capital e de consumo intermédio.
Como consequência da baixa produção interna, os bens de consumo corrente
tiveram um peso significativo na estrutura das importações representando 59,5%
do valor total das importações, ao passo que o peso dos bens de capital, que
viabilizam o processo de diversificação econômica, foi de apenas 27,7%, seguido
dos bens de consumo intermédio com 12,8% do valor total das importações.

Gráfico- 6: Estrutura das Importações em 2016

Fonte: BNA (2017)


Ainda em 2016, as exportações76 de bens reduziram-se em apenas 16,9% ao
passo que a forte queda das importações de bens foi de 37,0% e a conta corrente
registrou um saldo deficitário na ordem de US$ 3.071,0 milhões,
comparativamente ao ano anterior, cujo o défice foi de US$ 10.272,8 milhões,
com uma melhoria de 70,1%, que influenciou positivamente o rácio da conta
corrente sobre o produto interno bruto (PIB), ao passar de 8,9% em 2015 para
3,0% em 201677. O petróleo bruto continua a dominar a estrutura das exportações
do País. Tendo até o final do ano apresentado a seguinte estrutura:
Gráfico -7: Estrutura das Exportações em 2016
Fonte: BNA (2017)
Por outro lado, o enfraquecimento dos mercados emergentes e dos países de
baixa renda e das expectativas de apreciação do dólar norte-americano,
enfraqueceram o crescimento da economia mundial, enquanto os principais riscos
do cenário macroeconômico mundial direcionam-se para o conjunto das
economias emergentes e em desenvolvimento.

“Com o preço do Brent abaixo do previsto no OGE de 2016, tendo em Janeiro de


2016, o preço do barril de petróleo descido para valores em torno de USD 28,00
que condicionou amplamente a execução da despesa” (R.F do OGE/17, 2016, p.
33). Com o propósito de criar espaço orçamental, o Executivo implementou em
Janeiro a redução dos subsídios ao gasóleo, gasolina e petróleo iluminante. A
utilização do princípio da cativação das despesas, com o objetivo de prevenir
uma excessiva expansão da dívida e dos atrasados, foi fundamental ao longo do
exercício de 201678.
O mercado cambial registrou sucessivos desequilíbrios acompanhados de elevada
depreciação cambial da moeda nacional o Kwanza, face ao Dólar norte
americano. A economia angolana é depende da moeda americana, ou seja, é uma
economia dolarizada e com baixa taxa de industrialização.

A depreciação cambial, observada no mercado primário no Iº Semestre de 2016


foi de 22,59%, situou-se acima da observada no período homólogo de 2015
(17,98%)79.
Gráfico- 8: Taxa de Câmbio Oficial (média)

Fonte: MINFIN/ R.F OGE /17(2016)


Um conjunto de políticas restritivas combinadas com o objetivo de eliminar a
aceleração da inflação foram implementadas pelo BNA, segundo Relatório de
Fundamentação do OGE/17 (2016, p. 29):

“A política monetária permaneceu restritiva, em resposta ao aumento da


inflação e, as condições monetárias permaneceram menos favoráveis. No
primeiro semestre de 2016, o Comitê de Política Monetária do BNA, de
modo a assegurar a manutenção da estabilidade de preços, procedeu ao
ajustamento das taxas diretoras do Banco Central, aumentando a Taxa-
BNA de 12% em Janeiro para 16% ao ano, em Junho de 2016. A Taxa da
Facilidade de Cedência de Liquidez aumentou de 14% para 20%. A Taxa
da Facilidade de Absorção de Liquidez a 7 dias (FAL 7 dias) passou de
2,25% para 7,25%. Esta última taxa alcançou uma adesão favorável por
parte do sistema bancário e contribuiu para enxugar liquidez significativa
no mercado”.
Tendo em conta o período em análise, isto é, de 2000 a 2016, as taxas mais
baixas da inflação foram registradas nos anos 2012, 2013 e 2014, que foram de
9,02%, 7,69% e 7,48 pontos percentuais, sendo essa a taxa de inflação mais baixa
registrada na economia angolana até o momento.

“Por grandes períodos de tempo, tal como se mostra no gráfico seguinte, o ano de
2008 é o marco que divide duas épocas: 2002-2008 com 5 anos de crescimento
médio anual do PIB de 10,2% (12,8% para o PIB não petrolífero)” (ROCHA et.
al., 2017, p. 12).

O ano de 2009, por conta da crise econômica e financeira de 2008-2009 que


afetou a economia mundial, foi o ano em que se interrompeu a trajetória de alto
crescimento da economia angolana registada entre 2004-2008:

“Em síntese, 2009 interrompeu algumas das trajetórias positivas de


reconstrução e crescimento econômico que se vinham registrando depois
de 2003 e cuja manifestação mais óbvia foi a da acentuada quebra na taxa
de crescimento do PIB. De acordo com as estimativas do Governo, a taxa
média de variação do Valor Agregado Nacional foi de 2,74% (contra
13,6% em 2008)” (ROCHA et. al., 2010, p. 18).
Gráfico-9: Comparação do Crescimento Econômico

Fonte: CEIC/UCAN (2017)


Com relação ao ano 2017, a situação econômica do país tem vindo a melhorar
paulatinamente, verifica-se uma baixa de preços dos produtos no mercado interno
e uma desaceleração da inflação, apesar de que, a inflação acumulada até
Setembro foi de 20% acima da meta de 15,8%, porém, muito abaixo da inflação
acumulada de Setembro de 2016, que foi de 33,64%. Até o final do ano, prevê-se
uma taxa de inflação em torno de 30%.

4.2.1. Determinantes da inflação em Angola


A inflação em Angola, desde que começou a ser medida em 1991, sempre teve
origem em problemas estruturais ocasionados por choques externos e pelos
sucessivos erros de política econômica80, com especial destaque para o
centralismo econômico inerente ao sistema socialista implantado depois da
independência (ROCHA, 2017).
Segundo Rocha et. al. (2010, p. 196-197):

“Em 2000, foi elaborado um estudo visando determinar as componentes


explicativas do aumento dos preços no país, baseado na aplicação do
modelo global de explicação da inflação, tendo-se chegado aos seguintes
resultados: 37,7% da inflação era explicada pelo excesso de despesa,
55,1% pelos custos de produção, 12,5% por razões aleatórias e 28,2% por
especulação.
Estudos feitos em 2012, pelo Departamento de Estudos Econômicos do BNA,
destacaram que os fatores ou componentes determinantes da inflação em Angola
que são: inercial, sazonal, cambial e monetário. O fator inercial está ligado ao
fato dos rendimentos, contratos e preços estarem indexados à inflação e à taxa de
câmbio que é um fator explicativo da inflação. A referida indexação formal ou
informal é explicada pelo longo período de inflação alta registrada na economia
Angolana na década de 90 e princípios dos anos 2000. O fator sazonal pode estar
ligado a razões culturais, mas que pode ser também resultante de outros fatores
como a concentração de pagamentos em certos meses do ano. Já o fator cambial
pode ser explicado pelo alto nível de dolarização 81 da economia e da dependência
do país nas importações82.
4.3. METAS PARA INFLAÇÃO EM ANGOLA
A necessidade de garantir a eficácia dos instrumentos no contexto de crescimento
do setor financeiro na economia angolana, levou o BNA em 2011 a introduzir o
Novo Quadro Operacional da Política Monetária (NQOPM), permitindo assim, o
aprofundamento dos canais de transmissão de modos a impactar na preservação
da estabilidade de preços. A estabilidade macroeconômica está, sobretudo
evidenciada na evolução da taxa de Inflação e, o Banco Central, através da
introdução do NQOPM em 2011, implementou instrumentos com a finalidade de
absorver o excesso de liquidez na economia e, por esta via, obter um maior
controlo da inflação. A implementação formal do RMI em Angola teve início em
2011 com a introdução do Novo Quadro Operacional da Política Monetária. A
meta é pontual (sem banda ou intervalo de tolerância), tem um horizonte
temporal de um ano é proposta anualmente pelo governo (Ministério das
Finanças) no Orçamento Geral do Estado-OGE e aprovada pela Assembleia
Nacional. Serve de parâmetro de controle da inflação durante o ano econômica.
O Banco Nacional de Angola-BNA é o órgão responsável, pela condução da
política monetária83, pelo cumprimento da meta de inflação e pelo controle do
viés inflacionário, objetivando a estabilidade de preços.
4.3.1. Novo Quadro Operacional da Política Monetária
O Novo quadro operacional para a política monetária introduziu no sistema
financeiro angolano o conceito de taxa básica de juro de referência, denominada
“Taxa BNA84”, que sinaliza a orientação da política monetária, na qual, uma
subida da Taxa BNA indica uma política monetária restritiva, em que, o BNA
prevê um cenário de aumento geral dos preços no curto prazo, que pode pôr em
causa o objetivo da inflação estabelecido pelo Governo. Por outro lado, uma
redução da Taxa BNA, indica uma política monetária expansionista, num cenário
em que o BNA prevê uma diminuição da inflação no curto prazo. Para além de
sinalizadora da política monetária, a Taxa BNA serva de referência para as taxas
praticadas pelas instituições financeiras no mercado monetário interbancário,
onde entre si, trocam posições de liquidez e, deste modo, influencia a taxa de juro
a utilizar para a generalidade das operações intermediadas pela banca nacional.
Para que a dinamização do mercado monetário interbancário, possa ocorrer sob
critérios de eficiência e transparência, o novo quadro operacional para a política
monetária introduziu também a LUIBOR85 (Luanda Interbank Offered Rate) que
é uma taxa média resultante das taxas de juro cobradas entre os bancos
comerciais no mercado monetário interbancário ou seja, é a taxa de juro baseada
nas taxas às quais os bancos emprestam fundos não garantidos entre si, no
mercado interbancário.
A LUIBOR é compilada e publicada diariamente pelo Banco Central, para
as várias maturidades do mercado interbancário e, é calculada como a taxa média
ponderada das operações de cedência de liquidez, entre bancos, de fundos não
garantidos no mercado interbancário. Para maturidades superiores a 30 dias e até
365 dias. O apuramento da Luibor obedecerá ao mesmo critério utilizado pela
generalidade dos sistemas de recolha e determinação de taxas, incluindo a Libor
e a Euribor, que tem por base de cálculo a informação prestada pelo grupo dos
maiores bancos operadores, sobre as taxas de juro oferecidas e aceites pelos
tomadores de liquidez, depuradas das taxas representadas por vinte e cinco por
cento das taxas mais altas e, igualmente, das taxas mais baixas, nas diferentes
maturidades. Assim, o cálculo não será baseado em taxas de juro de operações
efetivamente realizadas, mas nas cotações oferecidas para cada maturidade.
A implementação da política monetária conta com um conjunto de instrumentos
cuja aplicação perseguirá essencialmente, o objetivo primordial de dar
cumprimento ao objetivo de inflação. Antes da implementação do NQOPM a
condução da PM, contava essencialmente, com os seguintes instrumentos:
reservas obrigatórias, comercialização de divisas, e colocação de títulos públicos.
Com a implementação do novo quadro operacional para a política monetária
foram implementados novos instrumentos como as facilidades permanentes de
cedência e absorção de liquidez e adoção de operações de mercado aberto para a
gestão fina de liquidez, com frequência regular e não regular. Atualmente o BNA
conta com os seguintes instrumentos:
1. Facilidades Permanentes de Cedência e Absorção de Liquidez 86;
2. Operações de Mercado Aberto;
3. Reservas Obrigatórias e;
4. Intervenções no mercado cambial.

Segundo o novo quadro operacional para a política monetária (NQOPM),


implementado em 2011 pelo BNA, as facilidades permanentes de liquidez, têm
como objetivo sinalizar a orientação da política monetária, ceder e absorver
liquidez “overnight” bem como controlar as taxas de juros do mercado
interbancário. As Facilidades Permanentes de Liquidez compreendem87:
Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez (overnight) são operações
reversíveis suportadas por títulos públicos em moeda nacional (BT, OT e TBC)
de qualquer maturidade, destinadas a ceder liquidez às instituições financeiras
bancárias pelo prazo “overnight”, no limite dos títulos elegíveis. Os títulos de
maturidades mais longas sujeitam- se a “haircuts” maiores. A taxa de juro desta
facilidade é a taxa básica do BNA mais um “spread” e estabelece um limite
máximo para as taxas de juro “overnight” do mercado.
Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez (overnight) são Depósitos
constituídos pelas instituições financeiras bancárias junto do Banco Central, sem
garantia, destinados a absorver liquidez pelo prazo “overnight”, sem limites para
os montantes depositados. A taxa de juro desta facilidade é a taxa básica do BNA
menos um “spread” e estabelece um limite mínimo para as taxas de juro
“overnight” do mercado.

Adicionalmente o Banco Central disponibiliza uma facilidade permanente de


cedência de liquidez INTRADIA, que é garantida por títulos da dívida pública
em moeda nacional (BT, OT e TBC) de qualquer maturidade, é realizada a custo
zero e efetua-se por iniciativa das instituições financeiras bancárias no limite dos
títulos elegíveis. Os Títulos de maturidades mais longas sujeitam ‐se a
“haircuts” maiores.
As operações de mercado aberto têm por objetivo gerir a liquidez de curto prazo
e controlar as taxas de juro do mercado. Essas operações, são realizadas por
iniciativa do Banco Central88. As operações de mercado aberto compreendem:
1. As Operações de Refinanciamento (cedência de liquidez);

1.1 Operações de Refinanciamento de Curto Prazo;

1.2 Operações de Refinanciamento de Prazo Alargado;

2. Operações Ocasionais de Regularização

2.1 Operações Ocasionais de Absorção de Liquidez

2.1.1 Operações Reversíveis

2.1.2 Constituição de Depósito a Prazo Fixo

2.2 Operações Ocasionais de Cedência de Liquidez

2.2.1 SWAPS Cambiais

3. Emissão de Títulos do Banco Central (absorção de Liquidez)

4. Operações Estruturais -Transações Definitivas

4.1 De absorção de Liquidez

4.2 De Cedência de Liquidez

As operações de refinanciamento de curto prazo são operações reversíveis de


cedência de liquidez com uma frequência semanal e um prazo de 7 dias corridos.
São executadas através de leilões de preço fixo ou de preço variável (ou
alternativamente por leilões de spread – Taxa Básica mais spread definido por
leilão). Os ativos elegíveis são os títulos públicos em moeda nacional (BT, OT e
TBC) de qualquer maturidade. Títulos de maturidades mais longas sujeitam ‐se a
“haircuts” maiores.
As operações de refinanciamento de prazo alargado são operações reversíveis de
cedência de liquidez com uma frequência mensal e um prazo de 28 dias corridos.
São executadas através de leilões de preço fixo ou de preço variável (ou
alternativamente leilões de spread-taxa básica mais spread definido por leilão).
Os ativos elegíveis são os títulos públicos em moeda nacional (BT, OT e TBC)
de qualquer maturidade. Títulos de maturidades mais longas sujeitam‐se a
“haircuts” maiores.
As operações ocasionais de regularização são executadas através de leilões,
podendo também ser utilizados procedimentos bilaterais. Elas compreendem:

As operações ocasionais de Absorção de Liquidez são de frequência não


normalizada e realizam‐se para neutralizar flutuações inesperadas de liquidez no
sistema. São operações executadas sob a forma de operações reversíveis de 1 a
28 dias ou de constituição de depósitos a prazo fixo de 1 a 28 dias, por leilão de
preço fixo ou de preço variável (ou alternativamente leilões de spread-taxa básica
menos spread definido por leilão).

As operações ocasionais de cedência de Liquidez em moeda nacional são de


frequência e prazo não normalizados e realizam-se para fazer face a
desequilíbrios na situação de liquidez. Estas operações são efetuadas sob a forma
de SWAPS cambiais por leilão de taxa variável.
Quanto a emissão de títulos do BC, este, é um dos instrumentos que também
compõe as operações de mercado aberto. São operações de absorção de liquidez
de frequência normalizada e não normalizada com prazos de 14, 28 e 63 dias. A
emissão de TBCs de 63 dias é efetuada preferencialmente por leilão de taxa
variável, podendo também ser efetuada por leilão de taxa fixa ou por leilão de
spread, com frequência semanal. A emissão de TBCs de 14 e 28 dias é efetuada
preferencialmente por leilão de taxa variável, podendo também ser efetuada por
leilão de taxa fixa ou por leilão de spread, com frequência não normalizada 89. Ou
seja, emissão de títulos do B.C de frequência não normalizada, é executada
através de leilões, podendo também ser utilizado procedimentos bilaterais.
As operações estruturais-transações definitivas implicam a transferência de plena
propriedade do vendedor para o comprador, sem qualquer acordo de
transferência inversa e são executadas apenas para fins estruturais, através de
leilão. São operações de frequência não normalizada. Os ativos elegíveis para as
transações definitivas de absorção de liquidez são os títulos públicos em moeda
nacional, de maturidade residual não superior a três meses, da carteira própria do
BNA. Os ativos elegíveis para as transações definitivas de cedência de liquidez
são os títulos públicos em moeda nacional, de maturidade residual não superior a
três meses e observados os limites legais de financiamento pelo BNA ao
Governo.

As reservas obrigatórias são instrumento de política monetária, que


desempenham também funções de proteção dos depositantes, mas que visam
também controlar os níveis de liquidez na economia.

O Quadro Operacional para a implementação da Política Monetária ajusta o


mecanismo atual de redesconto, separando-se claramente as operações de política
monetária das operações de prestamista de última instância do B.C.

As operações de redesconto, estas, são operações de cedência de Liquidez por


prazo mais alargado realizadas pelo Banco Central, na qualidade de prestamista
de última instância, a instituições financeiras bancárias que se encontrem em
dificuldades. Estas operações são realizadas através de contrato formal e o BC
aceita como colateral, uma gama muito mais variada de ativos, abrangendo
títulos e valores mobiliários, créditos e direitos creditórios (com garantias).

Assim sendo, são estabelecidos dois níveis para o redesconto nomeadamente 90:
As operações de redesconto do primeiro nível que são realizadas por um prazo de
30 dias corridos, podendo ser recontratadas até 60 dias corridos, e destinam-se a
atender necessidades de liquidez de instituições financeiras para a correção de
desequilíbrios de curto prazo no seu fluxo de caixa, mas que ainda não configure
desequilíbrio estrutural. A operação é efetuada a pedido da instituição financeira,
acompanhada da demonstração das necessidades de caixa projetadas para o
período da operação e será objeto de apreciação do departamento de supervisão
das instituições financeiras. A autorização é da competência do administrador do
pelouro. A taxa de juro da operação é uma taxa fixa, ou seja, a taxa básica de
juros acrescida de um “spread” agravado.

As operações de redesconto do segundo nível que são realizadas por um prazo de


45 dias corridos, podendo ser recontratadas até 90 dias corridos, e destinam ‐se a
possibilitar o ajuste patrimonial de instituições financeiras com desequilíbrio
estrutural. A operação é efetuada a pedido da instituição financeira, acompanhada
da demonstração das necessidades de caixa projetadas para o período da
operação e de um plano de reestruturação que será objeto de apreciação pelo
departamento de supervisão das instituições financeiras. A autorização é da
competência do Conselho de Administração do Banco Nacional de Angola. A
taxa de juro da operação é uma taxa fixa, ou seja, a taxa básica de Juro acrescida
de um “spread” mais agravado.

4.3.2. Comitê de Política Monetária


No final de Agosto de 2011, foi criado o Comitê de Política Monetária (CPM),
composto pelos membros do Conselho de Administração do BNA (Governador
do Banco Nacional de Angola, que preside, Vice-Governadores e
Administradores), que definem diretrizes para a implementação da política
monetária e, decidem sobre alteração ou não da Taxa-BNA (taxa básica de juro
de referência), tendo sempre presente o cumprimento do objetivo de inflação,
definido pelo Governo. Ou seja, o CPM acompanha formalmente a evolução dos
principais agregados monetários e define a taxa básica de juro-Taxa BNA, com
vista a dar cumprimento ao objetivo da inflação contida no Plano Nacional do
Executivo91.
O Comitê de Política Monetária (CPM) se reúne ordinariamente uma vez por mês
e extraordinariamente sempre que for convocado pelo Governador do BNA.
Participam também nas reuniões, o Diretor dos estudos econômicos, o Diretor de
mercados e o Diretor de estatísticas, a quem incumbe prover informações
compreensivas sobre inflação, agregados macroeconômicos, mercados e
expectativas que suportem a tomada de decisão. No final de cada reunião, o
Comitê de Política Monetária divulga um comunicado formal para o público,
centrado no desenvolvimento recente e prospectivo da inflação, dos mercados
financeiros, da atividade económica real, das medidas de política monetária e na
decisão sobre a taxa básica de juro (Taxa-BNA) para o período seguinte 92.
No corrente ano, o Comitê de Política Monetária realizou dez reuniões entre
Janeiro a Setembro. Na septuagésima primeira sessão ordinária, o CPM analisou
a evolução dos indicadores relativos à economia nacional com realce para os
sectores real, fiscal, monetário e externo, bem como o comportamento da
economia internacional. Foi prestada particular atenção à evolução dos preços na
economia nacional, tendo o CPM notado que a inflação homóloga continua na
sua trajetória descendente iniciada em Janeiro de 2017. Pela décima vez
consecutiva o Comitê de Política monetária decidiu manter a taxa BNA e a taxa
de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez (Overnight), em 16% e
20% ao ano respectivamente. Já a taxa de juro da facilidade permanente de
absorção de liquidez a sete dias (FAL 7 dias) passou de 7,25% para 5,25% ao ano
na reunião realizada em 30 de Maio, de 5,25% para 3,25% na reunião de 30 de
Junho e de 3,25% para 2,75% na reunião de 31 de Julho, mantendo-se inalterado
em 2,75% ao ano nos meses de Agosto e Setembro respectivamente.

“A política monetária tem sido conduzida tendo como principais objetivos a


estabilidade do sistema financeiro nacional e o controlo do nível geral de preços”
(Plano Nacional de Desenvolvimento, 2012, 19). Uma gestão eficaz de liquidez e
da taxa de câmbio permitiu a redução da taxa de inflação, chegando a nível de
um dígito em 2012, com uma taxa de inflação homóloga de 9,02%, abaixo de
10% meta prevista pelo Governo. Em 2014, registou-se a taxa de inflação mais
baixa na história da economia angolana, que foi de 7,48%. O quadro abaixo
ilustra dados das metas e da inflação efetiva de 2011-2016:
Tabela-1: Metas e a Inflação efetiva em Angola de 2011-2016
META DE INFLAÇÃO META DE INFLAÇÃO AJUSTADA INFLAÇÃO EFETIVA (IPC % MET
(%) (%) a.a) CUMPR
12%   11,38% SIM

10%   9,02% SIM

9%   7,69% SIM

8%   7,48% SIM
7% 9% 14,27% NÃO

11% 38,5% 41,95% NÃO

Fonte: Elaboração própria com base em dados do MINFIN, BNA e CEIC/UCAN


Segundo Rocha et al (2010, p. 199-200), o processo sustentável de desinflação da
economia angolana iniciou em 2001:

“Foi a partir de 2001 que se entrou num processo sustentável de


desinflação da economia: duma taxa de inflação anual acumulada de
268,35% em 2000, passou-se para valores sucessivamente menores,
116,07% no ano seguinte, 105,59 em 2002, 76,56% em 2003, 31,01% em
2004, 18,53% em 2005, 12,21% em 2006 e 11,79% em 2007.”
Nos anos 2015 e 2016 os OGE´s tiveram que ser revistos, de modos a adequar as
previsões de metas inflacionarias e outros indicadores macroeconômicos tendo
em conta a situação econômica verificada nos anos em referência.

Em 2015 a previsão inicial da inflação fixou-se em 7 pontos percentuais e a meta


ajustada passou para 9%. Já em 2016 a meta proposta inicialmente foi de 11% e a
revista foi de 38,5%. O gráfico-10 ilustra a trajetória da meta e inflação efetiva de
2011 a 2016.

Grafico-10: Meta e inflação efetiva de 2011-2016

Fonte: Elaboração própria com base em dados do MINFIN, BNA e CEIC/UCAN


4.3.3. Diferença Percentual entre inflação efetiva e a Meta de 2011-2016
Em 2011 a diferença (desvio) entre inflação efetiva e a meta inflacionária foi de
(-0,62%), ou seja, a inflação efetiva foi inferior à meta em (-0,62%). Enquanto
que de 2012-2016 esta diferença fixou-se em (-0,98%), (-1,31%) e (-0,52%),
5,27% e 3,45% respectivamente.

Tabela-2: Diferença Percentual entre Inflação Efetiva e a Meta de 2011-2016


META DE INFLAÇÃO DIFERENÇA PERCENTU
META DE META
INFLAÇÃO EFETIVA (IPC % ENTRE INFLAÇÃO EFETIV
FLAÇÃO (%) CUMPRIDA?
AJUSTADA (%) a.a) META
12%   11,38% SIM - 0,62%

10%   9,02% SIM - 0,98%

9%   7,69% SIM - 1,31%

8%   7,48% SIM - 0,52%

7% 9% 14,27% NÃO + 5,27%

11% 38,5% 41,95% NÃO + 3,45%

Fonte: Elaboração própria com base em dados do MINFIN, BNA e CEIC/UCAN


5. EFICÁCIA DO RMI PARA A ECONOMIA
ANGOLANA
5.1. DESEMPENHO DO RMI EM ANGOLA
A década de 90 e início dos anos 2000, os níveis de inflação foram bastante
elevados com volatilidades acentuadas na Angola. A adoção do RMI foi muito
importante e contribuiu positivamente para o decrescimento da inflação. Outro
elemento a destacar que também contribuiu grandemente neste processo foi a
estabilidade econômica e cambial que o país viveu no período de 2003-2014,
resultado da paz efetiva alcançada em 2002.

Analisando a inflação e a meta durante os 6 anos (2011-2016), no ponto de vista


positivo constatou-se que, nos anos de 2011, 2012, 2013 e 2014 foram os anos
em que a inflação efetiva de 11,38%, 9,02%, 7,69% e 7,48%, estiveram abaixo
das metas determinadas pelo governo, fixadas em 12%, 10%, 9% e 8%
respectivamente. Ou seja, entre os anos de 2011 a 2014 as metas de inflação
foram alcançadas com sucesso. Ao passo que nos anos de 2015 e 2016 93 a
inflação fixou-se acima das metas previstas pelo governo. Este indicador esteve
em alta por conta do choque externo resultante da queda do preço do petróleo no
mercado internacional, iniciada em meados de 2014, porém os impactos deste
choque externo, que afetou as receitas de exportação do petróleo angolano,
começaram a ser sentidos em 201594, por conta da instabilidade provocada pela
diminuição do preço do crude e pela diminuição de divisas:
“Os indicadores externos da economia em quase todas as vertentes
(comércio, endividamento e solvabilidade externa) tiveram uma
degradação durante o primeiro semestre de 2016, tornando assim a
economia angolana mais vulnerável aos choques externos 95” (R.E.F.
PRIMEIRO SEMESTRE/2016, p. 8).
No ponto de vista negativo, apesar do grande esforço evidenciado pela autoridade
monetária (BNA) no combate à inflação, não foi possível ancorar as expectativas
do público para a convergência da meta nem manter este indicador dentro dos
patamares ou níveis estáveis nos últimos dois anos (2015-2016), por conta da
dependência da economia angolana no setor externo, visto que os choques
externos (sejam eles positivos ou negativos), impactam de forma positivo ou
negativo a economia angolana, isto dado às sincronizações e interconexões de
atividades que têm sido cada vez mais intensas e são transmitidas através dos
canais de transmissão estabelecidos pelo comércio e pelos consequentes fluxos
financeiros, que facilitam a transmissão desses choques das economias avançadas
para as economias menos desenvolvidas 96. Por tanto, os choques externos
(choques exógenos), representam um dos fatores que estão fora do controlo do
BNA, porém, este por sua vez, tem implementado políticas de modos a
neutralizar ou minimizar os efeitos (impactos) destes choques.
Os desvios entre a inflação observada (efetiva) e a meta inflacionária
principalmente dos últimos dois anos foram resultantes de fatores alheios ao
controle da autoridade monetária, visto que, a inflação também é afetada por
fatores que estão fora do controle da política monetária (ou fatores alheios a PM),
em particular pelos choques que ocorrem durante a defasagem de controle,
período que vai da escolha do instrumento até o seu impacto na inflação (existe
um hiato de tempo entre a atuação da política monetária e a resposta da inflação,
o que acaba levando à baixa previsibilidade da inflação) 97. Por tanto, os fatores
fora do controlo da política monetária, têm sido apontados como uma das
desvantagens do RMI, pelo fato de dificultarem o alcance da meta em
determinadas situações.
5.2. POLÍTICA MONETÁRIA E CAMBIAL
Segundo o relatório de inflação do primeiro trimestre de 2016, em termos de
política cambial e monetária, o BNA, no que concerne à primeira, voltou a usar
como principal instrumento a desvalorização da moeda nacional aliado a uma
intervenção regular de vendas no mercado cambial, no sentido de se encontrar
um equilíbrio e se atenuar a pressão sobre o referido mercado, enquanto a
segunda (política monetária) o B.C manteve a sua orientação restritiva em curso
desde o ano anterior, de modo a reduzir a liquidez no sistema bancário e atenuar
as pressões inflacionistas crescentes sobre a economia. No trimestre em análise,
notou-se em particular um abrandamento no crescimento da base monetária
restrita em MN ao passar de 61,2% no IVº trimestre de 2015 para 25,5% no Iº
trimestre de 2016. Este abrandamento, foi devido a alguma eficácia atribuída às
operações de facilidade permanente de absorção de liquidez na maturidade de 7
dias ao longo do período, o que por um lado, contribuiu para a redução dos
depósitos livres dos bancos comerciais, tendo-se por outro lado, observado um
abrandamento do crédito às outras instituições financeiras não monetárias (de
120,8% no IVº trimestre de 2015 para 80,6% no primeiro trimestre de 2016)98.
O IIº trimestre de 2016 continuou marcado pelos baixos preços da principal fonte
de receitas fiscais de Angola, afetando as contas públicas do país no período em
referência, apesar da recuperação dos preços do petróleo a que se verificou nas
últimas semanas do IIº trimestre face ao trimestre anterior. Entretanto, notou-se
uma melhoria na arrecadação de receitas do sector petrolífero, tanto em
comparação com o período anterior bem como face ao programado.

A política fiscal implementada manteve-se em linha com a dos trimestres


anteriores, dando continuidade à potenciação das receitas não petrolíferas,
através do processo de reforma tributária em curso, focando-se na contenção de
algumas despesas do exercício, enquanto se abriu espaço para uma maior
execução de despesas de capital, nomeadamente de investimento público. As
receitas de financiamento no trimestre registaram um aumento de 251% face ao
primeiro trimestre e, uma execução de 75% acima do programado. O saldo de
caixa no final do período foi positivo em Kz 117.454,39 milhões e a emissão da
dívida interna titulada foi equivalente a 63,31% do total das receitas do período.

No que se refere as receitas petrolíferas, estas caíram de 1.401,14 mil milhões Kz


em 2015 para 1.308,25 mil milhões Kz em 2016, influenciadas pela queda do
preço médio do barril de 51,77 USD em 2015 a 40,43 USD em 2016. Entretanto,
o impacto da queda do preço sobre o montante das receitas petrolíferas em 2016
foi aligeirado pelo efeito cambial, com a depreciação de 23% da taxa de câmbio
em 2016.

Em termos de política cambial e monetária, o BNA continuou fazendo recurso ao


conjunto de medidas de políticas que foram implementadas no trimestre anterior
(Iº Trimestre/2016) entre elas a desvalorização da moeda nacional e intervenções
regulares de vendas de cambiais, no sentido de encontrar um equilíbrio entre a
gestão fina de liquidez no mercado monetário e atenuar as pressões sobre o
mercado cambial99. Assim sendo, a condução da política monetária tem sido
prudencial100, incidindo sobre o aumento das taxas de juro diretoras sempre que o
clima macroeconómico se mostre oportuno para o efeito ou sempre que se mostre
necessário reduzir a liquidez no sistema bancário e atenuar os efeitos do viés
inflacionário que paira sobre a economia. Sendo que, as políticas acima referidas
contribuíram no trimestre em análise, para a diminuição da base monetária
restrita em MN em 1,37% e para o abrandamento do crescimento da mesma que
passou de 25,5% no Iº trimestre de 2016 para 23,66% no IIº trimestre de 2016 101.
As operações de facilidades permanentes de absorção de liquidez com
maturidade de 7 dias mostraram-se novamente eficazes no período em referência
ao contribuírem para a redução dos depósitos livres dos bancos comerciais,
tendo-se também registado uma contração acentuada em termos do crédito às
outras instituições financeiras não monetárias (de um crescimento de 80,6% no Iº
trimestre de 2016 passou para uma contração de 4,24% no IIº Trimestre de 2016).
A oferta total de divisas pelo BNA atingiu cerca de 11 mil milhões USD em
2016, o que representa uma redução de aproximadamente em 37%, é o montante
mais reduzido desde 2008, face aos 17,48 mil milhões USD em 2015.

Gráfico- 11: Oferta de divisas pelo BNA (mil milhões USD)


Fonte: ABANC (2017)
A tabela-3 apresenta a evolução dos indicadores macroeconômicos (taxa de
juros, taxa câmbio, agregados monetários (M1 e M2) e reservas internacionais
líquidas no período 2011 a 2016.

A taxa-BNA (taxa básica de juros da economia angolana), durante os anos 2011 a


2016, a taxa média deste indicador foi de 10,50% em 2011, 10,27% em 2012,
9,92% em 2013, 9,04% em 2014, 9,90% em 2015 e 14,33% em 2016.

No que se refere a taxa de câmbio, durante os seis anos cotação média entre a
taxa de compra e venda no mercado primário foi de kz 93,90 por dólar americano
em 2011, passando para kz 164,02 por dólar americano em 2016. Este indicador
apresentou a seguinte evolução de 2012 a 2016:

Grafico-12: Taxa de Câmbio (Kz/USD) e taxa de inflação

Fonte: ABANC (2017)


Os agregados monetários M1 e M2 em moeda nacional (MN) registaram em
2011 um crescimento de 28,63% e 33,94% respectivamente. Ao passo que em
2016 o M1 e o M2 registaram uma variação de 12,42% e 14, 24 respectivamente.

A pressão sobre as reservas internacionais líquidas (RIL) manteve-se em 2016,


tendo diminuído de 24.550,20102 milhões de USD em 2015 para 21.399,32
milhões de USD no final de 2016, influenciada pela contração brusca das receitas
petrolíferas desde o início da crise no sector e pelo atual nível de procura de
divisas no mercado cambial.
Tabela-3: Indicadores Macroeconômicos 2011-2016

Fonte: Elaboração Própria com base em dados do BNA


5.3. RESPONSABILIDADE DO BNA NA ESTABILIDADE
MACROECONÔMICA
Segundo a Lei nº 16/10, de 15 Julho, Lei do Banco Nacional de Angola, compete
ao BNA na qualidade de BC, executar, acompanhar e controlar as políticas,
monetária, cambial, financeira, e de crédito, a gestão do sistema de pagamentos e
administração do meio circulante no âmbito da política económica do país.
Compete-lhe também, velar pela estabilidade do sistema financeiro nacional,
assegurando, com essa finalidade, a função de financiador de última instância.
Equilibrar a oferta de meios de pagamentos na economia e o crescimento da
atividade económica e controlar os indicadores que medem a quantidade de
dinheiro na economia de modos a corresponder com o nível de atividade para que
não haja pressões inflacionistas e elaborar a balança de pagamentos externo do
país.

Ciente das suas funções, o BNA continua evidenciando esforços para baixar o
nível de inflação de dois para um dígito, porém não será uma tarefa fácil pois vai
demandar tempo para se atingir este objetivo, porém, já há sinais da queda deste
indicador resultante de um conjunto de políticas restritivas com objetivo de frear
a aceleração da inflação, visando manter a estabilidade de preços e ajustar a
economia nacional à conjuntura atual. No entanto, a autoridade monetária
continua a regular o mercado cambial, fazer gestão da liquidez excedentária,
adotar mecanismos pontuais de venda de divisas e aumento das taxas de juros
diretoras, medidas estas, que permitiram a diminuição do consumo culminando
com a redução da taxa de inflação pela via da redução do consumo, sendo que, a
inflação acumulada até Outubro de 2017 fixou-se em 23,58% contra os 36,03%
do mesmo período no ano anterior.

No médio e longo prazo, a política cambial visa garantir a manutenção do nível


geral de preços no país e contribuir para o crescimento sustentado da economia.
O BNA entende que, no curto prazo, perspectiva-se a continuação da
flexibilidade administrada, baseando-se na priorização da venda de divisas
visando garantir a importação de insumos para a produção nacional, importação
de bens alimentares e outros de consumo corrente de primeira necessidade. E
também perspectivar a realização de despesas prioritárias do Estado, programas
setoriais do governo, gestão da política cambial com maior estabilidade e
regularidade em termos de oferta de divisas.

Segundo a nota de impressa do CPM referente a septuagésima segunda sessão


ordinária realizada no começo do mês de Novembro de 2017, as classes que
registaram maior variação de preços no mês de Setembro, foram a classe 03
(vestuário e calçado) com 4,47% e a classe 06 (saúde) com 3,89%. No entanto, as
classes que registaram menor variação de preços foram a classe 08
(comunicações) e a classe 04 (habitação, água, eletricidade, gás e combustíveis),
com 0,05% e 1,80%, respectivamente. Por outro lado, as classes que mais
contribuíram para a inflação no mês em análise, foram: Alimentação e bebidas
não alcoólicas com 0,96 pontos percentuais e a classe de vestuário e calçado com
0,35 pontos percentuais enquanto as que menos contribuíram foram a classe de
hotéis, cafés e restaurantes com 0,06 pontos percentuais e a classe lazer,
recreação e cultura” com 0,08 pontos percentuais. A nível provincial, o Zaire foi
a província que registou menor variação com 1,28%, enquanto a Lunda Norte foi
a província que registou maior variação com 2,07%. No mês de Outubro a
província do Kwanza-Norte foi a que registou menor variação com 1,20%,
enquanto Luanda foi a que registou maior variação com 2,98%.

O acompanhamento rigoroso dos níveis de liquidez da economia é fundamental


para que seja garantida a estabilidade de preços. Sendo assim, o CPM, na
septuagésima terceira sessão ordinária, realizada a 30 de Novembro de 2017,
decidiu adoptar a base monetária em moeda nacional como a variável
operacional da política monetária, e
decidiu aumentar a Taxa BNA de 16% para 18% ao ano. Manteve a taxa da
facilidade permanente de cedência de liquidez (Overnight) em 20% ao ano e
reduziu a taxa da facilidade permanente de absorção de liquidez para 0 por cento
ao ano, passando assim, a intervir com operações de mercado aberto para efeitos
de regulação da liquidez. O CPM decidiu pôr termo à obrigação dos bancos
comerciais de constituir cativos em moeda nacional para efeitos de compra de
divisas ao Banco Central e também decidiu pôr termo à obrigação dos clientes
dos bancos comerciais de constituir cativos em moeda nacional como condição
prévia para a compra de moeda estrangeira.
Com relação a transparência, o BNA tem publicado relatórios com periodicidade
regular (mensal, trimestral, semestral e anual), dando a conhecer ao mercado e
aos agentes sobre a situação econômica do país e dos indicadores
macroeconômicos. Os relatório publicados são: Relatórios de inflação, de
estabilidade financeira, de estudos econômicos, de contas, de balança de
pagamentos, de sistemas de pagamentos de Angola, boletins estatísticos, o
comunicado formal ao mercado e ao público sobre as decisões tomadas nas
reuniões do CPM, que são realizadas mensalmente e extraordinariamente sempre
que for necessário, bem como também o conhecimento outras informações
pertinentes e necessário para o conhecimento do público, para que estes, possam
acompanhar a atuação e o desempenho do BNA, bem como também,
acompanhar evolução da situação econômica do país e dos principais indicadores
macroeconômicos.

5.4. INDEPENDÊNCIA DO BANCO CENTRAL


Depois da onda de inflação que se verificou nos países industrializados durante a
década de 1970, em particular depois da assinatura do tratado de Maastricht ou
tratado da união Europeia, surgiu um número considerável de literatura em
defesa da tese da independência dos Bancos Centrais (IBC). Vários artigos sobre
o tema têm sido publicados nas mais importantes revistas econômicas do mundo.
Essa teoria tem tomado espaço nos fóruns políticos, parlamentos, e alguns países,
têm aprovado leis que dão mais autonomia aos seus Bancos Centrais. (SICSÚ,
1996, p. 22).
“A tese da IBC tem se desenvolvido em torno do trinômio credibilidade-
reputação-delegação estabelecido por alguns teoricos novo-clássicos”
(CARVALHO, et. al., 2015, 141). A credibilidade, refere-se na confiança ou a
qualidade do que é crível para o funcionamento da política monetária. Os agentes
devem acreditar que ela é viável ou confiável. Por tanto, sem credibilidade
dificilmente um BC conseguirá alcançar qualquer objetivo no que tange a política
econômica. A reputação está ligada ao retrospecto de ações praticadas pelo
Banco Central, se as mesmas são críveis e se o BC teve sucesso ao implementá-
las. Por último a delegação, trata-se de quem deve ser delegado ou incumbido a
responsabilidade de conduzir a polícia monetária. Os trabalhos de K. Rogoff
(1985) e C. Walsh (1995) sugerem formas de delegação da política monetária
para conter o viés inflacionário.
Segundo Sicsú (1996, p. 23):

“Alex Cukierman, S. Webb e B. Neyapti (1992, p. 382) esclareceram que


a independência de um BC não significa tão-somente autonomia para
realizar políticas monetárias sem interferência do governo central,
significa acima de tudo independência para perseguir os objetivos da
estabilidade de preço, mesmo que esta busca represente sacrificar outros
objetivos, que podem ser mais importantes para as autoridades políticas.
Os proponentes da tese da IBC têm argumentado que um banco central
independente deve assumir a tarefa estatutária única de guardião da
estabilidade do poder de compra da moeda”.
A independência do BC tem um significado claro para os seus preponentes, que é
a plena liberdade de ação da autoridade monetária com objetivo único de
combater a inflação, como descreveu Sicsú (1996, p. 26-27):

“A independência do BC tem um claro significado para os seus


proponentes: plena liberdade de ação do banco central com objetivo único
de combater a inflação. A base teórica desta proposição apoia-se nas
relações fundamentais da curva de Phillips expectacional e nas discussões
estabelecidas pelo mainstrem em torno do trinômio credibilidade-
reputação-delegação: a moeda não é capaz de alterar as variáveis reais da
economia de forma definitiva. Assim a taxa natural de desemprego
prevalecerá na ausência de erros expectacionais. Neste sentido, o uso
discricionário de instrumentos monetários é considerado um erro técnico
e/ou uma inocuidade política”.
Atualmente, os bancos centrais que adotam o RMI, têm independência
operacional para cumprir a meta previamente definida, normalmente
acompanhada de uma independência estatutária. Entre as várias literaturas
existentes sobre a tese da independência dos Bancos Centrais, destacam-se,
Rogoff (1985), Charles Goodhart (1993), Alex Cukierman (1994) e Walsh
(1995). Mas segundo Sicsú (1996, p. 22) “os trabalhos de Alex Cukierman são os
mais importantes”. Alex Cukierman, “elaborou diversos critérios com intenção
de medir quantitativamente o grau de autonomia das autoridades monetárias”.
Ele “criou um método de avaliação do grau de independência dos Bancos
Centrais. O seu artigo Measuring the independence of Central Banks and its
Effects on Policy Outcomes, elaborado em conjunto com S. Webb e B. Neyapti,
resume grande parte dos estudos deste autor sobre o assunto”.
Segundo Cukierman, existem três critérios ou formas para avaliar o grau de
independência de um Banco Central (CARVALHO, et. al., 2015, 139):

O primeiro é o grau de rotatividade dos dirigentes [...]. O segundo critério


são os estatutos do Banco Central que estabelecem o seu objetivo e os
limites para a interferência do executivo sobre a política monetária [...]. O
terceiro instrumento utilizado para medir o grau de independência é um
questionário sobre os objetivos do Banco Central e sua relação com o
governo, que é enviado a especialistas de cada país.
Com relação ao primeiro critério, que tem a ver com a frequência de mudança
dos dirigentes do BC ou o grau de rotatividade dos dirigentes do Banco Central,
isto é, quanto maior é o tempo de permanência do seu presidente maior é o grau
de independência. Apesar de que, o autor reconheceu que o presidente de um BC
pode permanecer muitos anos no cargo, sem que este motivo seja um indicador
de grau de independência elevado. Já o segundo critério, consiste em avaliar os
objetivos da autoridade monetária de acordo com o seu estatuto e os limites de
interferência do executivo sobre a política monetária. Quanto a terceira forma,
refere-se a um instrumento utilizado para medir o grau de independência da
autoridade monetária, é um questionário sobre os objetivos do BC e a sua relação
com o Governo, que é enviado a especialistas de cada país. Com relação a este
critério, “o autor parece demonstrar maior confiança, embora o índice que
elaborou seja uma média das três medidas apresentadas” (CARVALHO, et. al.,
2015, 139).
No caso do BNA, segundo a Lei nº 16/10, de 15 Julho, Lei do Banco Nacional de
Angola, o BC possui autonomia operacional de modos a assegurar a preservação
da moeda nacional e garantir a estabilidade de preços e do sistema finanaceiro
nacional. Mas no que se refere a indepedência do BNA verifisse que este
indicador é baixa, ou seja o BNA tem uma baixa indepedência, visto que
verificasse constante rotatividade dos dirigentes (Governadores do BNA) e
também da interfência do governo na política monetária uma vez que a meta de
inflação não é determinada pelo BC mas sim pelo governo.

5.5. DOLARIZAÇÃO E DESDOLARIZAÇÃO DA
ECONOMIA ANGOLANA
5.5.1. Dolarização
Uma economia diz-se dolarizada nas circunstâncias em que as populações
residentes detêm uma parte significativa dos seus ativos em moeda estrangeira
(Dólar norte-americanos). Pode-se a grosso modo, distinguir dois tipos de
dolarização: a dolarização oficial ou completa e dolarização não oficial ou
incompleta103.
Segundo Bogetić (2000) o primeiro tipo de dolarização, remete para a
circunstância em que a moeda estrangeira detém o estatuto de moeda oficial, na
medida em que a moeda estrangeira pode ser utilizada, em paralelo com a moeda
local ou mesmo em exclusividade, tanto como meio de troca oficial, para fins de
transações, como para fins de poupança.

Quanto à dolarização não oficial, de acordo com Baliño, Bennett e Borensztein


(1999), remonta às circunstâncias nas quais a moeda estrangeira carece dos
privilégios legais da moeda nacional.

Numa outra perspectiva, podemos também balizar o conceito de dolarização em


termos de: dolarização financeira, dolarização das transações e dolarização
real. A dolarização financeira, implica a substituição de ativos e de passivos em
moeda nacional por ativos e passivos em moeda estrangeira. Enquanto que, a
dolarização das transações tal como o nome sugere, aplica-se usualmente à
intensificação de fluxos de transações em moeda estrangeira; e, por último, a
dolarização real que acarreta a denominação de preços e de salários em moeda
estrangeira (Erasmus et al., 2009).
A dolarização, surge quando altas taxas de inflação de um país fazem com que os
agentes econômicos procurem moedas mais seguras e estáveis como forma de
criar uma reserva segura das suas riquezas. As altas taxas de inflação e o elevado
nível de depreciação da moeda nacional (Kwanza) verificada no passado na
economia angolana, levaram os agentes econômicos a protegerem as suas
riquezas e os seus rendimentos, utilizando a moeda estrangeira (USD), para
efeitos de reserva de valor, meio de pagamento e unidade de conta104.
“Entre 1991 e 1996 a inflação em Angola atingiu níveis astronómicos e nunca
verificados antes da independência. Durante 1997 a sua intensidade e o seu ritmo
baixaram consideravelmente” (ROCHA et. al, 2010, p.194). A taxa média anual
da inflação variou entre 1060% em 1993 e 5027% em 1996, com o pico da
inflação anual acumulada a registar-se em 1995 no valor de 3784%. Os cidadãos
fugiram do Kwanza (moeda nacional) para se refugiarem no dólar norte
americano105, foi talvez, o período mais intenso de dolarização da economia
angolana (ROCHA et. al, 2010, 196).
A inflação mensal fixava-se em torno de 300%, vivia-se uma hiperinflação, pois,
segundo Cagan (1956) citado por Dezordi (2004, p.1) “um processo inflacionário
pode ser considerado uma hiperinflação quando a economia registra taxas
mensais de inflação acima de 50% ininterruptamente durante um ano”.

As famílias davam preferência a moeda estrangeira (Dólar-americano) em


detrimento da moeda nacional por conta da depreciação do Kwanza:

“As famílias recebiam os seus rendimentos e imediatamente tinham de


convertê-los em mercadorias ou divisas. Foi nesta época que começou a
surgir no país o fenômeno da dolarização. As famílias convertiam os
Kwanza em dólares americanos para se protegerem dos efeitos da
depreciação do Kwanza. Foi então que o BNA, a fim de evitar a
transferência de ativos para o exterior, autorizou a abertura de contas em
moeda estrangeira, uma ação que vigora até os dias de hoje (PEREIRA,
2015, p. 29)”.
Vários autores106 realçam os efeitos deletérios ou prejudiciais da dolarização dos
países ditos menos desenvolvidos. Segundo Chang (2000), a dolarização acarreta
custos tanto para os bancos centrais, como para os governos. Se, por um lado os
seus B.C perdem o controle total ou parcial da política monetária e, ainda,
perdem a função de emprestador de última instância, por outro lado, os governos
nacionais em certa medida, abdicam das receitas inerentes à criação de moeda
própria (a questão da senhoriagem).
Enquanto que Ize e Yeyati (2005) sustentam, que a dolarização limita a eficácia
da política monetária dos países dolarizados e, de acordo com Kokenyne et.al.
(2010), como os bancos estrangeiros não estão completamente adaptados às
lógicas e mecanismos de pagamentos e transações domésticas, a dolarização
pode diminuir a eficácia dos pagamentos dado que as autoridades dos países
dolarizados perdem o controlo da qualidade das notas em circulação.

Já Chavez (2010) sugere que a dolarização ainda que parcial, pode diminuir
substancialmente a liquidez dos Estados, na medida em que a desvalorização
pode contrapor o benefício da taxa de juros de empréstimos em moeda
estrangeira limitando assim, a capacidade dos devedores para pagar dívidas em
dólar, agravando assim, a liquidez dos Estados e precipitando a ocorrência de
uma crise macroeconômica. Mais grave ainda, segundo o autor, a dolarização
pode mesmo contribuir para aumentar a probabilidade de ocorrência de uma crise
de liquidez, sobretudo se a procura da moeda aumentar significativamente,
porque o pânico nos detentores de moeda estrangeira determina fortemente as
suas expectativas, na medida em que os B.C locais podem emitir moeda
doméstica, mas não podem emitir dólares.

Este caso (crise de liquidez) que Chavez (2010) fez referência verificou-se
recentemente na economia angolana ente 2015-2016 e ainda se verifica no
corrente ano, pois, a Angola encontra-se numa situação econômica e financeira
difícil, resultante da queda do preço do petróleo no mercado internacional (o seu
maior produto de exportação), provocando assim, a queda das receitas
arrecadadas com a venda deste produto, resultando na diminuição de liquidez em
moeda externa (entrada de menos divisas no país). Por outro lado, pelo fato de
alguns bancos correspondentes restringiram107 relações com Angola no
fornecimento divisas (principalmente da moeda americana). Por conta disto, o
BNA tem tido poucas divisas para atender os bancos comerciais, e estes, também
encontram dificuldades para atenderem a procura por moeda estrangeira por parte
dos agentes econômicos (para importação de bens e serviços, viagens ao exterior
país em tratamento médico, trabalho, estudos, turismo e outros). A procura
excessiva por moeda estrangeira gerou uma apreciação da mesma e uma
desvalorização da moeda doméstica (Kwanza). Sendo que, as taxas de câmbio
nominais dos mercados primário, secundário e informal depreciaram-se em 70%,
71% e 261%, respectivamente. Esta depreciação considerável da taxa de câmbio
do mercado informal (mercado paralelo) tem um grande impacto sobre as
expectativas dos agentes econômicos, visto que uma parte das transações
cambiais ocorrem neste mercado, o que influenciou no aumento do nível de
preços criando assim, distorções consideráveis à economia real do país, isto é, ao
sector produtivo.
A dolarização tem algumas vantagens, tais como: a minimização dos riscos
cambiais, que pode ser garante de uma maior confiança dos investidores
estrangeiros, pois estes sentir-se-ão atraídos pelo fato de saberem que o valor
monetário de seus ativos estarão seguros; a dolarização aumenta o investimento e
o crescimento econômico; uma das maiores vantagens que advêm da dolarização
é a estabilidade econômica que permite também controlar a inflação alta. Em
contrapartida, tem também algumas desvantagens, como: a limitação da eficácia
da política monetária; a diminuição da eficácia dos pagamentos; a diminuição da
liquidez do Estado e pode mesmo contribuir para o aumento da probabilidade de
ocorrência de uma crise de liquidez, sobretudo se a oferta de moeda nacional
aumentar significativamente108; gera custos como a perda de flexibilidade da PM;
perda de receitas de senhoriagem; perda de função do B.C de emprestador de
última instância. Por tanto, estas têm sido as principais razões apontadas pelo
BNA, para a implementação de um conjunto de medidas, com objetivo de
incentivar a utilização da moeda nacional nas transações reais e financeiras na
economia angolana.
5.5.2. Nível de Dolarização da Economia Angolana de 2005-2013
O (DEE) Departamento de Estudos Econômicos do Banco Nacional de Angola
(BNA), fez um estudo com base em dados dos anos 2005 a 2013, para definir o
grau de dolarização da economia angolana, na qual, foram utilizadas duas
dimensões: a dolarização dos depósitos efetuados nos bancos angolanos e a
dolarização do crédito concedido por estes. Conforme se pode visualizar no
gráfico, a dolarização tem seguido uma tendência decrescente ao longo dos
últimos anos. Em 2006, a média da dolarização dos créditos e depósitos foi de
71,42% e 69,42%, já em 2013 estes indicadores situavam-se em 38,57% e
46,70% respectivamente.

Gráfico-13: Evolução do Grau de Dolarização do Crédito e Depósitos (2006-


2013)

Fonte: BNA/DEE (2014)


Em 2006, a média da dolarização dos créditos do setor público e setor privado
foram de 72% e 71%, respectivamente. Já em 2013 os indicadores em referência
situavam-se em 16% e 39%. Em 2008, a média da dolarização do crédito a curto
e médio prazo foi, de 54,8% e 77,4%. Ao passo que em 2013 aqueles indicadores
situavam-se em 23,3% e 46,4% respectivamente.

5.5.3. Desdolarização
Por conseguinte, desde o início do século XXI várias economias dolarizadas
assistiram uma redução gradual dos níveis de moeda estrangeira (USD) nas suas
economias. Ou seja várias economias que outrora se atestavam dolarizadas têm
vindo a deparar-se com processos de desdolarização, fundamentalmente nas
regiões latino-americanas e africanas, fruto da estabilidade macroeconômica,
alcançada fundamentalmente, à custa da manutenção de taxas de inflação baixas
e taxas de câmbio estáveis, a adoção de determinadas medidas macroprudenciais,
tais como: uma gestão ativa da taxas de reservas obrigatórias, que objetivaram
uma apropriada internalização do risco cambial por parte dos agentes económicos
e, finalmente, do progressivo desenvolvimento dos mercados de capitais em
moeda nacional109.
A desdolarização, sendo um processo complexo, é caracterizada em termos mais
simples, por uma redução progressiva e consistente do estoque e dos fluxos de
moeda estrangeira, ao longo de um dado momento.

Para (Kokenyne et al., 2010), a desdolarização surge enquanto uma consequência


da adoção de um conjunto de políticas e de medidas macro e microeconómicas
com o objetivo de promover a utilização da moeda nacional nas transações
económicas de forma voluntária110.
A Angola é um dos países que tem se deparando com o processo de
desdolarização da sua economia iniciada em 2011. O custo associado ao alto
nível de dolarização da economia, em particular no que diz respeito à eficácia da
política monetária, justificou a intenção do Banco Nacional de Angola em regular
a utilização da moeda estrangeira para diversos fins. Neste sentido, nos últimos
anos tem sido introduzido um conjunto de diretrizes reguladoras 111(diferenciação
da taxa de reservas obrigatórias para o tipo de moeda utilizado nos depósitos;
incorporação de cobertura para risco cambial na razão de solvabilidade
regulamentar; imposição de limites à exposição cambial líquida dos bancos;
limitação do crédito em moeda estrangeira; novo regime cambial para o setor
petrolífero), que em articulação com a crescente estabilidade macroeconômica,
refletida na desaceleração da taxa de inflação e estabilidade cambial,
contribuíram para o processo de desdolarização financeira da economia112.
5.5.4. Determinantes da Desdolarização da Economia Angolana
Estudo empíricos feito pelo Departamento de Estudos Econômicos do BNA em
2014, sobre os determinantes da desdolarização 113 da economia angolana, na
qual, foram usados os seguintes indicadores: a dolarização dos depósitos à ordem
e a prazo; a dolarização dos créditos de médio e curto prazo; variáveis
relacionadas com estabilidade macroeconômica (taxa de inflação e a volatilidade
da taxa de câmbio) e a introdução de medidas prudenciais, com objetivo de criar
incentivos para que os agentes internalizem os riscos da dolarização financeira.
Segundo Silva et al. (2014, p. 32), o resultado dos estudos permitiu constatar que
a desdolarização da economia angolana e a estabilidade macroeconómica
observada nos últimos tempos são dois processos complementares que se
cruzaram e entrecruzam causando-se mutuamente. Entretanto, em última
instância, ambas partilham a mesma origem, têm um denominar comum: que é o
quadro regulamentar posto em marcha pelo BNA, consubstanciado num conjunto
de medidas macro prudenciais altamente eficazes. A desdolarização, por sua vez,
influenciou positivamente na estabilidade da taxa de câmbio, fornecendo
confiança aos agentes na moeda nacional durante o período em referência. Assim
o processo de desdolarização é influenciado numa magnitude ainda maior
associado à visão que o mercado tem na estabilidade das variáveis financeiras e
reais da economia.

5.6. EFEITO PASS-THROUGHT (REPASSE CAMBIAL)


Segundo Carvalho (2017, p. 65-66):

“Política de Preço (Pass-through) - Esta técnica consiste no repasse da


taxa de câmbio para os preços das mercadorias, ou seja, existe uma
variação dos preços das mercadorias em proporção a variação da taxa de
câmbio. Deste modo as empresas passam todos os seus custos
relacionados com a variação cambial para o consumidor, tendo impacto
nas suas vendas futuras (COUTO & FRAGA, 2015)”.
Para Pinto (2001), pass-through não é um indicador estático. Ele depende em
grande medida, das expectativas. Isto é, se os agentes acreditarem que, se o
câmbio subir não vai baixar mais, então, tentarão se proteger repassando
rapidamente o custo adicional da matéria-prima importada, para o preço do
produto final ou repassar diretamente para o produto acabado quando se trata da
importação desse tipo de produto. Se, for ao contrário, a percepção de que
desvalorizações cambiais podem ser temporárias e revertidas pode-se optar por
não elevar imediatamente os preços, até para não perder mercado.

A dolarização da economia angolana, contribui significativamente para a


vulnerabilidade ao risco cambial. Por outro, lado a baixa taxa de industrialização
também contribui na dependência do país no setor externo, visto que, as
importações representam em média cerca de 2/3 da oferta total de bens e serviços
da economia ou seja cerca de 67% da oferta total de bens e serviços, bastante
significativo, e quando há depreciação do kwanza face ao dólar americano, isto
reflete também no aumento do preço dos produtos importados como também nos
produtos nacionais, ou seja, a subida de preços dos bens importados é resultante
da apreciação das principais moedas amplamente negociadas, principalmente do
dólar americano face a moeda nacional ou por conta do aumento de custos de
produção, o que faz com que os bens importados ao chegarem em Angola
também importam esse aumento tendo em conta o efeito Pass-Thought114(a
depreciação cambial transmite-se por pass-trough, para o sistema de preços
internos, impactando assim a inflação). Entretanto, esta elasticidade da taxa de
câmbio-preço, afeta os bens importados como também os bens produzidos
localmente.
A variação do índice de preços grossista (IPG) ou corresponde à variação de
preços dos bens produzidos no país, bem como dos produtos importados
comercializados internamente, nos primeiros níveis de transação. Os sectores
económicos que compõem o IPG são: agropecuário (Secção A), pesca (Secção B)
e indústria transformadora (Secção D).

O índice acumulado de Janeiro a Dezembro de 2011 dos produtos nacionais foi


de 10,20% e o dos produtos importados foi de 10,03% comparativamente ao ano
anterior (2010) em que essa variação foi de 14% e 12,41% respectivamente, o
que influenciou na redução de 3,80% e 2,38% nos índices referentes aos produtos
nacionais importados115. A variação global do IPG em 2011 registou uma
trajetória descendente, tendo-se situado em 10,07% no acumulado do ano, cerca
de 2,88 pontos percentuais abaixo do valor alcançado no ano anterior de que foi
de 12,95%. Essa trajetória decrescente do IPG contribuiu na redução do IPC que
foi de 11,38% comparativamente ao ano anterior (15,31%).
O IPG global em 2012 foi de 8,18%, cerca de 1,89 p.p. abaixo do valor alcançado
no ano anterior que foi de 10,07%. O IPG acumulado apresentou a seguinte
composição: 7,10% para os produtos nacionais e 8,48% para os produtos
importados comparativamente ao mesmo período de 2011, o que contribuiu na
queda de 3,10 p.p. para o IPG dos produtos nacionais e 1,55 p.p. para o IPG dos
produtos importados116 e também para a redução da inflação anual em 2,36% cujo
o IPC foi de 9,02%. A trajetória do IPG global como do IPG dos produtos
nacionais e importados continuou a desacelerar nos anos 2013 e 2014 o que
influenciou na desaceleração da inflação de 7,69% em 2013 para 7,48% em
2014.
O cenário de subidas generalizada de preços resultante dos acentuados
desequilíbrios entre a oferta e procura de divisas, o cenário desfavorável do
mercado cambial, a depreciação do Kwanza face as principais moedas
amplamente negociadas em 2015 e 2016, influenciou no aumento do IPG e do
IPC, cuja a trajetória decrescente foi interrompida nos anos em referência, em
que esses indicadores se fixaram em 11,72% 117 para o IPG global em 2015 e
29,85% para o IPG global em 2016, o que contribuiu no aumento dos índices de
preços dos produtos nacionais e importados como também no aumento da
inflação que foi de 14,27% e 41,95% respectivamente, visto que a elasticidade da
taxa de câmbio-preço, afetou os bens importados como também os bens
produzidos internamente.
5.7. PRINCÍPIO DA TRINDADE IMPOSSÍVEL
O aumento dos fluxos internacionais de capitais e a crescente integração dos
mercados criaram novos elementos na condução das políticas econômicas
nacionais. Entretanto, a expansão das operações financeiras internacionais coloca
limites à condução das referidas políticas, em especial no campo monetário e
financeiro. Por conseguinte, foi possível verificar que a maior integração e
desregulamentação dos mercados financeiros internacionais contribuíram para o
aumento do grau de interdependência e também do risco de incompatibilidade
entre as políticas monetárias e financeiras adotadas por diferentes países,
segundo Gabriel e Oreiro (2008, p. 332):
“A maior integração e desregulamentação dos mercados financeiros
internacionais aumentaram o grau de interdependência e também o risco
de incompatibilidade entre as políticas monetárias e financeiras adotadas
por diferentes países. Isso ocasionou uma crescente instabilidade
financeira, mais evidente nos últimos tempos em forma de crises
cambiais, que afetou sobremaneira a condução das políticas nacionais. No
que se refere, em especial, às políticas monetária e financeira, essas
mudanças no quadro financeiro internacional têm mostrado cada vez mais
que há uma dificuldade crescente, por parte dos bancos centrais, de
sustentarem determinados tipos de regimes cambiais, principalmente para
aqueles regimes que se caracterizam por ancoragem cambial, isto é,
aqueles que estabelecem sistemas ajustáveis de câmbio fixo, prefixações,
bandas cambiais, dentre outros. Particularmente na última década,
tivemos várias ocorrências de graves crises cambiais e financeiras nas
economias em desenvolvimento, como as crises do México (1994), Ásia
(1997), Rússia (1998), Brasil (1999 e 2002), Turquia (2001) e Argentina
(2001), cujas repercussões se prolongaram para as demais economias em
desenvolvimento por meio do efeito contágio”.
A quando se verifica maior integração financeira, esta, gera também uma perda
de autonomia da política econômica independente do regime cambial (fixo,
flutuante e intermediário) adotado pelos países:

“A maior integração financeira gera uma perda de autonomia da política


econômica independente do regime cambial adotado e não há nenhum
tipo de regime cambial livre de ataques especulativos, ou seja, tanto nos
regimes de câmbio fixo quanto flutuante (ou mesmo nos regimes
intermediários) há a possibilidade de ocorrência de crises monetárias e/ou
financeiras” (GABRIEL, OREIRO 2008, p. 332).
Segundo Frankel (1999) a derivação do princípio da trindade impossível é uma
hipótese que faz com que os regimes cambiais intermediários não funcionam.
“Os regimes cambiais intermediários118 são regimes híbridos, que buscam
combinar maior autonomia da política monetária, reduzida a volatilidade e
ausência de desalinhamento da taxa de câmbio” (GOMES, 2009, p.26).
Segundo Frankel (1999), o princípio da trindade impossível, diz que um país tem
que abrir mão de um dos três objetivos: estabilidade da taxa de câmbio,
independência da política monetária a câmbio e integração financeiro plena (o
que implica maior mobilidade de capitais). Não é possível pôr em prática estes
três objetivos ao mesmo tempo. A trindade impossível é representada por uma
figura geométrica (um triângulo), a figura-2119, que contem três lados
nomeadamente independência da política monetária a câmbio, estabilidade da
taxa de câmbio e integração financeira plena. Um país pode ter ao mesmo tempo
apenas dois desses atributos, isto é, para se ter estabilidade da taxa de câmbio e
independência monetária (ou independência da política monetária a câmbio), o
país deve ter certo grau de controle de capitais. Caso contrário, isto é, se o
objetivo for integração financeira plena e estabilidade da taxa de câmbio o país
deve ter uma união monetária e financeira o que implica na adoção de câmbio
fixo. Numa terceira hipótese, caso a finalidade seja uma integração financeira
plena (que implica em livre mobilidade de capitais) e independência da política
monetária, deve-se ter um regime de câmbio flutuante.
Figura-2: Trindade Impossível
Fonte: FRANKEL (1999)
No caso da economia angola o tipo de regime cambial adotado por este país até o
final do ano passado foi o regime cambial de flutuação controlada (câmbio
administrado ou câmbio fixo), porém, este regime foi alterado recentemente. O
comité de política monetária do Banco Nacional de Angola reuniu-se a 04 de
Janeiro de 2018, em sessão extraordinária, que teve como ponto único definir os
limites mínimo e máximo da banda cambial ou seja definir o novo regime
cambial (o regime de taxa de câmbio administrada determinada pelo BNA
independentemente da relação entre a procura e a oferta deixou de vigorar),
passando para o regime de câmbio flutuante em que flutuação da taxa de câmbio
passa a ser feito dentro de um intervalo (esse intervalo é denominado de banda
cambial) com limites máximo mínimo. O Banco Nacional de Angola fará a
gestão do mercado cambial de modo a garantir a sustentabilidade das contas
externas e da estabilidade de preços. Segundo Furuguem (2007) de qualquer
forma, a autoridade monetaria (BC) acaba intervindo no mercado cambial sempre
que for necessario, visto que, na pratica não existe câmbio totalmente livre.

A taxa de câmbio será definida por meio de leilões de compra e venda de moeda
estrangeira, que será organizada pelo BNA. Nesses leilões, os participantes
(BNA e os Bancos Comerciais) indicarão o preço (taxa de câmbio) para a compra
ou venda da moeda estrangeira. A média ponderada dessas transações será
publicada no portal institucional do BNA, como a taxa de câmbio de referência.
Ou seja, doravante, a taxa de câmbio passa a ser determinada pelas
transações120 que ocorrem em leilão no mercado primário121.
A mudança do regime se deve após uma análise do comportamento dos
fundamentos macroeconómicos da economia angolana como os acentuados
desequilíbrios entre a oferta e procura de divisas, o atual cenário desfavorável do
mercado cambial e das reservas internacionais liquidas que desde 2014
registaram uma quebra de 33%, as altas taxas de inflação, os desequilíbrios nas
contas internas e externas, como resultado da queda acentuada e prolongada do
preço do petróleo no mercado internacional, sendo que, nos últimos anos o maior
desequilíbrio nas contas fiscais ocorreu entre 2013-2016122.
Em finais de Dezembro de 2017 foi aprovado o programa de estabilização
macroeconômica (PEM), com objetivo de buscar o equilíbrio entre as despesas e
receitas fiscais (ajuste fiscal), ou seja, melhorar o equilíbrio das contas internas
do país, diminuir consideravelmente a segmentação do mercado cambial
(estabilização do mercado cambial), reduzir as taxas de inflação e criar um
ambiente propicio ao investimento privado, bem como relançar a economia e
melhorar os indicadores sociais. A mudança do regime cambial é uma das
medidas tomadas pelo BNA, com vista a possibilitar o cumprimento do objetivo
da estabilidade cambial que consta no PEM. Visto que, a estabilização da taxa de
câmbio tem sido uma das grandes preocupações do BNA atrelado a uma
independência da PM a câmbio, com a finalidade de possibilitar ou permitir um
certo grau de controlo de capitais.
6. CONCLUSÃO
O controle da inflação é o meio pelo qual a política monetária contribui para o
bem-estar da população. Uma inflação baixa e estável, promove um melhor
funcionamento da economia e um maior crescimento econômico. Além disso, a
orientação da política monetária para implementação da meta de inflação ajuda a
moderar as flutuações do emprego e do produto. Ou seja, o RMI é importante
para a condução da PM, pois, ele ajuda na condução da referida política, no
controlo da estabilidade de preços e da propria economia, visando assim, uma
melhor estabilidade macroecomica, visto que, a inflação é uma variável que
influencia significativamente o desempenho de outras variaveis econômicas
como (produto, investimento, desemprego e outras). Uma economia inflacionada
terá uma instabilidade econômica.
A utilização da meta de inflação, permite também, ter um alvo em termos de
níves de IPC a ser perseguido pelo BC, usando instrumentos necessarios para o
alcanse da mesma. A experiência mosta que a medida em que a inflação efetiva
vai baixando a meta também acompanha essa trajetoria decrescente, ou seja,
menor nível de inflação gera incentivos para redução da meta. Visto que, após
redução da inflação corrente, BC têm incentivos a reduzir a meta, tendo em vista
a oportunidade de menores custos associados à desinflação. Alguns países como
o caso de Angola, aproveitaram uma dinâmica mais favorável da inflação
corrente para reduzir a meta de inflação entre os anos de 2011 a 2014, período
em que a inflação efetiva fixou-se abaixo da meta prevista pelo Governo.

O mesno não aconteceu nos anos seguintes (2015-2016) em que o país sentiu os
impactos do aumento de preços, tendo a inflação anual saído de 7,48% em 2014
para 14,27% em 2015 e 41,95% em 2016, resultando num aumento de 6,79%
entre 2014 e 2015 e 27,68% entre 2015 e 2016. As razões da alta nos níveis
inflacionários, tem a ver com o choque externo iniciada no segundo semestre de
2014, que resultou na redução do preço do petróleo no mercado internacional,
redução essa, que foi se agravando nos anos seguintes. Por outro lado, os
acentuados desequilíbrios entre a oferta e procura de divisas (instabilidade
cambial) também estiveram na base da subida do IPC. Angola sentiu fortemente
os impactos deste choque, tendo em conta que o petróleo representa o seu maior
produto de exportação, provocando assim, a queda das receitas arrecadadas com
a venda deste produto, resultando na diminuição da liquidez em moeda externa
(entrada de menos divisas no país). Por outro lado, pelo fato de alguns bancos
correspondentes restringiram relações com Angola no fornecimento divisas
(principalmente da moeda americana), a vulnerabilidade externa, cambial e a
consequente desaceleração econômica contribuíram no aumento da inflação.
Angola é países em via de desenvlovimento e muito dependente do setor externo
e tamém muito vulneravel a choques externos, não têm a sua economia e a
carteita de exportação divesificada, ou seja, a suas exportações estão mais
centradas em materia prima. E isto influenciou negativamente no bom
desempenho do RMI nos ultimos anos (2015-2016), de referir que, dentre os
países da SADC que tiveram alta na taxa de inflação nos ultimos anos Angola faz
parte desta lista.
6.1. LIMITAÇÕES
A falta de estudos e de bibliografias especifica relacionado com este tema no
caso de Angola e, também a falta de outros dados necessários para o
desenvolvimento do mesmo, limitaram a exploração em termos de revisão da
literatura, dificultando assim a comparação dos resultados obtidos.

6.2. FUTURAS INVESTIGAÇÕES
Tendo em conta a experiência obtida ao longo da elaboração desta monografia no
que toca a análise e discussão dos dados recolhidos e estudados, são sugeridas
algumas ações que deverão incidir na continuação dos estudos sobre
comportamento de preços, dos níveis inflacionários, da diversificação
econômica, o desempenho do BC como autoridade monetária e supervisor do
sistema financeiro na condução da política monetária, o seu comprometimento no
alcance da meta inflacionária e na solução de eventuais crises sistémicas. Poderia
também ser objeto de estudo o sistema financeiro tendo em conta a nova
conjuntura que este sistema vive, com a entrada em funcionamento da Comissão
de Mercados de Capitais que dispõe de instituições sólidas como a BODIVA
(Bolsa da Dívida e Valores de Angola), e de MVMA (Mercado de Valores
Mobiliários de Angola).

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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<https://roselisilva.wordpress.com/2014/11/04/ecec-e-outros-exemplos-de-
ancora-nominal> Acesso em: 11/06/2017.

1 “No início da década de 70, surgiu a escola de pensamento Novo-Clássico, como resultado da revolução das

expectativas racionais, em que a moeda é neutra tanto no curto quanto no longo prazo. Essa escola permitiu uma nova
interpretação do comportamento dos agentes econômicos perante a política monetária, eliminando a possibilidade de

ilusão monetária defendida pelos monetaristas para justificar a não neutralidade da moeda no curto prazo. Para os

Novos Clássicos, a autoridade monetária deve conduzir a política monetária de forma clara e convincente, para que se

obtenha o controle da inflação sem custos para a sociedade” (Neves; Oreiro, 2008, p.105-106).

2 Os agentes econômicos formam expectativas de preço utilizando exclusivamente informações sobre o passado

(adaptando o passado no presente). O processo de formação de expectativas apresentado neste modelo, é conhecido

como expectativas adaptativas P ͤt = Pͤt-1.

3 Os agentes econômicos, utilizam toda informação disponível sobre o atual comportamento e as previsões para o

futuro da economia.

4 “De acordo com Kydland e Prescott (1977, p. 487) as implicações para nossa análise é que os polycimakers

devem seguir regras definidas ao invés de atuarem discricionariamente” (CARRARA, 2010, p.15).

5 “O principal aspecto a ser realçado é que o RMI, não deve ser encarado como uma regra rígida e que a dicotomia

tradicional teórica entre regras e discrição, na prática, assume o formato híbrido de um regime de discrição limitada

(Bernanke; Mishkin, 1997)”. Mendonça (2001), também destaca, que “o regime de metas para inflação possibilita o

uso de políticas discricionárias, mas, sem a perda da credibilidade, devido à transparência na condução da política

monetária. Neste caso, este regime deve ser entendido como um caso de “discrição limitada” e não como um caso de

regra rígida”.

6 Segundo Bernanke e Mishkin (1997) o regime permite uma certa discricionariedade na condução da política

monetária em momentos de circunstâncias incomuns ou imprevisíveis.

7 “O RMI, não ignora a necessidade do B.C incorporar novas informações importantes que ajuda o seu objetivo. Em

termos práticos, é comum observar políticas econômicas, em regime de metas de inflação, voltadas ao combate do

desemprego ou amenizando momentos de incertezas. A primazia da estabilidade de preços, não implica em desprezar

outras variáveis, como a taxa de câmbio, produto ou emprego, mas reconhece que, as tentativas de realizar ajustes de

curto prazo através da política monetária, podem ser inócuas no longo prazo. Entretanto, em caso de prioridades de

objetivos da política econômica, a taxa de inflação deve ser seguida” (DEZORDI, 2004, p. 18-20). Mendonça e Faria

(2011) realçam também que, o regime de metas para inflação não requer que o B.C ignore informações que afetam a

conquista de seus objetivos, ou seja, a autoridade monetária não deve desconsiderar dados que influenciam o alcance

dos objetivos do RMI. Sendo assim, o Banco Central, utiliza modelos estruturais de avaliação da economia em

conjunto com toda informação relevante que possa contribuir para definir as ações necessárias para o alcance da meta

estabelecida. O resultado é a melhoria da capacidade de planejamento do setor privado, devido à redução das

incertezas quanto à condução da política monetária.

8 Ver Bernanke e Mishkin (1997).

9 Ver Clarida; Galí; Gertler (1999).


10 “Além dessa estratégia servir como um guia para a formação de expectativas do público na condução da política

monetária, ela se caracteriza por ser transparente e flexível o suficiente para acomodar choques sobre a economia”

(MENDONÇA; FARIA, 2011, p. 557).

11 “O problema de inconsistência temporal diz respeito a tomada de uma decisão de política econômica para alcançar

os objetivos de curto prazo, mesmo que os resultados a longo prazo sejam ruins, por exemplo, a política monetária

expansionista que aumenta o nível de produção e emprego no curto prazo, porém quando os agentes refazem suas

expectativas essa política deixa de ser ótima pois eleva a inflação no longo prazo e traz consequências negativas para

a economia (Mishkin 1998). “Em geral, a busca de uma estratégia eficiente para a condução da política monetária

tem como preocupação básica a redução da ocorrência do problema de inconsistência dinâmica” (MENDONÇA;

FARIA, 2011, p 557). Por conseguinte, este resultado, sugere que o principal elemento capaz de desencadear um

processo inflacionário não se concentra somente em choques, mas se concentra também no mau gerenciamento da

política monetária. Isto quer dizer, que é necessário desenvolver mecanismos que sejam capazes de levar a economia

para os resultados planejados (MENDONÇA; FARIA, 2011).

12 Segundo Brunilla e Lahdenperä (1995) “a vantagem da utilização de bandas é que a transparência é maior e

pequenas flutuações na taxa de inflação não precisam ser justificadas aos agentes” (MENDONÇA, 2002, p. 47).

13 A conquista da reputação está ligada ao sucesso do Banco Central na obtenção das metas de inflação ao longo do

tempo (Mendonça, 2004).

14 Ver Bernanke e Mishkin (1997).

15 A independência do Banco Central, tem como objetivo dar autonomia de plena liberdade de atuação ao B.C e

isola-lo de pressões políticas e fiscais que a desviem do seu objetivo principal de obter uma inflação baixa e estável

(estabilidade de preços) e outros objetivos como a taxa de câmbio, o produto, o emprego e outros.

16 Âncora nominal fornece condições de determinar os níveis de preço de uma economia que é importante para a

estabilização de Preços. A âncora, reduz as expectativas de inflação na direção da restrição sobre o valor da moeda.

Ela contribui para acelerar a queda da inflação, além de reduzir os custos sociais da política anti-inflacionária. Possui

o propósito de evitar que o Banco Central atue de forma discricionária na condução da política monetária, que

resultaria em inflação e algumas consequências prejudiciais (SILVA, 2014).

17 Fixar ou firmar.

18 Dezordi (2004, p.8-9) “sob o regime de câmbio fixo, o B.C deve se comprometer em manter a paridade da moeda

doméstica em relação à moeda estrangeira, em geral uma moeda forte (com liquidez internacional), seja através de

um comprometimento mais rígido ou mais ajustável. Com isso, cabe a autoridade monetária administrar o nível de

reservas internacionais e o fluxo de movimentos de capitais, evitando desequilíbrios externos do balanço de

pagamentos e consequentemente controlar o mercado de divisas. Administrar a conta capital e o equilíbrio

macroeconômico, em períodos de crises externas, quer dizer elevar significativamente a taxa de juros doméstica,

evitando a fuga de capitais e ataques especulativos que resultam em mudança de regime cambial.”
19 Em termos internacionais, o padrão-ouro significou a adoção de um regime de cambio fixo por parte de

praticamente todas as grandes potências econômicas do último quarto do século XIX. Cada país, se comprometeu em

fixar o valor de sua moeda em relação a uma quantidade específica de ouro, e a realizar políticas monetárias, de

compra e venda de ouro, de modo a preservar tal paridade definida. Disponível em:

<https://pt.wikipedia.org/wiki/Padrão-ouro> Acesso em: 25/05/2017.

20“As duas mais importantes decisões para a implementação de um currency board, referem-se à escolha da moeda

de reserva e à taxa de câmbio” (MENDONÇA 2002, p. 36).

21“A moeda estrangeira selecionada deve ser forte o suficiente para transferir sua credibilidade à moeda doméstica”

(MENDONÇA 2002, p. 36).

22 Banco Central da República Federal da Alemanha.

23 Ver Hall e Mankiw (1993).

24 “Segundo John Muth, em seu artigo intitulado Rational Expectations and the Price Movements, publicado na

Econometrica em 1961, sugeriu, que quando os agentes formam expectativas, eles o fazem construindo uma

distribuição subjetiva de probabilidades, para descrever o comportamento da variável que desejam prever. Pela

hipótese de expectativas racionais, está distribuição subjetiva de probabilidades, deve coincidir com a distribuição

objetiva de probabilidades que efetivamente rege o comportamento daquela variável. Cada agente, forma uma função

probabilidade para o evento que necessita ser previsto. Tal função probabilidade subjetiva, baseia-se em todas as

informações que estão disponíveis. Como a informação está disponível para todos, isto significa que todos

construirão a mesma função probabilidade. Logo, as expectativas de todos os agentes são iguais, então, são ditas

homogéneas. Por tanto, as expectativas são chamadas de racionais se forem construídas através desse processo. Ao se

afirmar que as expectativas são racionais, supõem-se que, todo e qualquer agente possui o mesmo modo de entender a

economia, e que tal modo corresponde a verdadeira forma de operação da economia. Por exemplo, todos sabem que

um aumento da oferta monetária provocará inflação, tal como sugere a teria monetarista. Assim, um aumento da

oferta de moeda anunciada pelo Governo representa apenas uma mensagem de que os preços e salários irão se elevar.

Então, a única reação dos agentes deve ser se antecipar elevando os preços e salários da economia” (CARVALHO et.

al., 2015, p. 134-135).

25 “Taxa Natural de desemprego é a taxa que incorpora as características estruturais e institucionais do mercado de

trabalho e do mercado de bens, tais como a tecnologia, as imperfeições, as variações sazonais na demanda e oferta, o

custo e o tempo de coletar informações sobre vagas disponíveis e o custo e o tempo de mobilidade de um emprego

para outro, entre outras características” (CARVALHO et. al., 2015, p. 122).

26 Uma mudança no estoque de moeda afeta somente variáveis nominais da economia, tais como  preços,

salários, taxa de câmbio, sem nenhum efeito sobre variáveis reais (como emprego, produto e consumo). Ou seja, em

outras palavras uma política monetária expancionista será ineficaz para alterar as variaveis reais. A neutralidade da

moeda, é uma ideia importante na economia clássica e relaciona-se à dicotomia clássica. Ela implica, que o Banco
Central ao imprimir moeda, não afeta a economia real (como o número de empregos, o tamanho do PIB real, o

montante de investimento real). Ao invés disso, qualquer aumento na oferta de moeda seria compensado por um

aumento proporcional nos preços e salários. Essa suposição está por trás de alguns modelos macroeconômicos

ortodoxos ( teoria dos ciclos reais de negócios) enquanto outros, como os monetaristas veem a moeda como sendo

neutro no longo prazo.

27 Para Milton Friedman a Política monetária é ineficaz, pois não possui controlo no longo prazo sobre as variáveis

reais (Produto e nível de emprego), porém, produz efeitos somente sobre variáveis nominais, como o nível geral de

preços e salários. A Política Monetária não é capaz de alterar em definitivo a situação da economia, por isso,

Friedman se opõe ao seu uso.

28 “Em regime de metas para a inflação há uma relação implícita entre os objetivos da política monetária e de

política fiscal. Elas devem ser coordenadas no intuito da política fiscal não prejudicar o controle inflacionário do

regime de metas para inflação. Caso isso ocorra, a política monetária deve corrigir os efeitos negativos da política

fiscal sobre a inflação” (DEZORDI, 2004, p. 22).

29 Mendonça e Faria (2011) destacam também que, na maioria das vezes, a estrutura desse regime caracteriza-se pelo

anúncio de uma meta central com intervalos para flutuação da taxa de inflação.

30 “A característica de maior transparência, associada ao regime de metas para inflação, aumenta a importância

da accountability (prestação de contas) e, de forma mais abrangente da comunicação na condução da política

monetária” (MENDONÇA; FARIA, 2011, p. 558).

31 “A comunicação com o público sobre os planos e objetivos da autoridade monetária, por meio de relatórios de

inflação (inflationreport) que contêm análise detalhada dos fatores que podem afetar a inflação. Tais relatórios

apresentam previsões probabilísticas da inflação, das metas estabelecidas e, em particular, dos efeitos de longo prazo

das ações correntes da política monetária” (MENDONÇA; FARIA, 2011, p. 558).

32 O B.C prevê um caminho futuro da inflação; a previsão é comparada com a meta da taxa de inflação; e a diferença

entre a previsão e a meta determina o ajustamento dos instrumentos de política monetária expresso na determinação

da taxa de juros básica da economia (DEZORDI, 2004).

33 “É importante realçar que o principal instrumento de política monetária sob um regime de metas para inflação é a

taxa de juros. Logo, o uso de uma estratégia eficiente é capaz de promover uma expectativa de inflação baixa e

estável, eliminando assim, a necessidade do uso de uma alta taxa de juros para que haja a convergência da inflação

para a meta anunciada” (MENDONÇA; FARIA, 2011, p. 559).

34 Um maior grau de transparência do Banco Central na condução da política monetária, implica maior ênfase aos

comunicados do BC e menos ênfase às suas ações. Conforme destacado por Woodford (2005 ), o que o B.C informa

sobre os seus objetivos de longo prazo e a sua visão do desempenho da economia deve ser tão ou mais importante que

as suas ações. Por consequência, a forma como o B.C estabelece a comunicação com os agentes econômicos tem
importância na construção das expectativas e, por sua vez, na evolução das taxas de juros de mercado (MENDONÇA;

FARIA, 2011, p. 559).

35 O objetivo principal da adoção do regime de metas para inflação é a obtenção de uma inflação baixa e estável.

36 As metas inflacionárias têm fundamentos apoiados na literatura de regras e discrição em política monetária

(economia normativa). Em particular, podem eliminar o viés inflacionário, derivado da ausência de credibilidade dos

anúncios da política monetária. Disponível em:<http://www.anpec.org.br/sul/2013/submissao/files_I/i6-

eb186994c091a5a9f713522b1ab47d56.docx> Acesso em: 03/09/2017.

37 Segundo Fischer e Taylor (1996), metas inflacionárias incentivam uma resposta eficiente do Banco Central aos

efeitos de choques de curto prazo. E contribuem para suavizar a variância da inflação e do produto ao longo dos

ciclos econômicos. Disponível em:<http://www.anpec.org.br/sul/2013/submissao/files_I/i6-

eb186994c091a5a9f713522b1ab47d56.docx> Acesso em: 03/09/2017.

38 O RMI, permite que a política monetária se concentre na busca prioritária do objetivo de inflação baixa e

estável. No longo prazo, metas inflacionárias mais baixas são preferíveis do que às metas mais altas, porque uma

inflação mais alta tem custos econômicos e sociais superiores do que uma inflação baixa, logo uma alta inflação não

traz benefícios em termos de aumento do produto.

39 “Dado que, sob o RMI o objetivo principal da política monetária é a estabilização de preços, e o secundário é a

formação de expectativas de médio e longo prazo para o comportamento dos preços” (MENDONÇA; FARIA, 2011,

p. 557). Para atingir tal objetivo, o BC e/ou Governo determinam uma meta numérica para a inflação, seja um valor

ponto ou uma banda, assim como um horizonte temporal para a meta inflacionária ser alcançada.

A manutenção da estabilidade de preços no longo prazo, aumenta a eficiência alocativa e incentiva o investimento, o

crescimento da produtividade e o crescimento econômico. O cumprimento das metas inflacionárias, também reduz a

incerteza. Disponível em: <http://www.anpec.org.br/sul/2013/submissao/files_I/i6-

eb186994c091a5a9f713522b1ab47d56.docx>Acesso em: 03/09/2017.

40 Os agentes estão mais preocupados com o comunicado que autoridade monetária faz sobre seus objetivos de longo

prazo e a sua visão sobre o desempenho da economia, do que com suas ações.

41 O B.C anuncie metas para a inflação, se for efetivamente capaz de manter a inflação dentro destas metas, começa

ele a desfrutar de credibilidade perante a opinião pública (FERREIRA, 2009).

42 O regime de metas para inflação transmite ao público transparência e clareza, devido a facilidade de sua

compreensão.

43 Existem dificuldades na previsão da inflação e na definição da meta que podem comprometer o desempenho da

política monetária. O baixo grau de previsibilidade da inflação constitui-se na maior desvantagem do regime de metas

para inflação.
44 Uma vez que a inflação se mostra um tanto quanto imprevisível, pode existir dificuldade por parte do público em

avaliar o esforço da autoridade monetária em alcançar a meta divulgada, isto pode comprometer a credibilidade do

Banco Central.

45 Segundo Ferreira (2009), a principal crítica na adoção do regime de metas para inflação é que o foco da política

monetária na obtenção de baixos níveis de inflação exacerba a instabilidade do produto, ou seja, o fato de ser o

controle inflacionário o principal objetivo do Banco Central em um regime de metas para inflação suscita críticas de

que, este sistema teria poucas considerações a respeito de flutuações no emprego e no produto.

46 O RMI Pode reduzir o crescimento da economia.

47 Angola, oficialmente República de Angola, é um país da costa ocidental de África, com uma superfície de

1.246.700 km², cujo território é limitado a norte pela República do Congo e República Democrática do Congo, a

nordeste pela República Democrática do Congo, a leste pela Zâmbia, a sul pela Namíbia e a oeste pelo Oceano

Atlântico. Tem a sua divisão administrativa composta por 18 províncias, nomeadamente Bengo, Benguela, Bié,

Cabinda, Cunene, Huíla, Huambo, Kuando Kubango, Kwanza Norte, Kwanza Sul, Luanda, Lunda Norte, Lunda Sul,

Malanje, Moxico, Namibe, Uíge e Zaire. Sendo a capital do país a província de Luanda. A moeda oficial é o Kwanza

(AKZ) e a língua oficial é o Português, para além de diversas línguas nacionais como: Kikongo, Nhaneca Tshokwe,

Kimbundu, Umbundo, Nganguela, Kwanyama e outras línguas). Segundo o INE a população estimada em 2017 é de

28.359.634 habitantes.

A independência de Angola foi proclamada em 11 de Novembro de 1975. Após a independência, o país viveu um

longo período de conflito armado, que culminou com o acordo de paz e de reconciliação nacional, assinado em 4 de

Abril de 2002 no Palácio dos Congressos na capital do país, Luanda. Em 4 de Abril do corrente ano (2017), Angola

celebrou 15 anos de paz e reconciliação nacional.

48 “As fundações europeias, desde essa época, agiram com certa liberdade no território angolano (promovendo

cursos de reciclagem, palestras, treinamento de recursos humanos) e assim continuaram com portugueses, espanhóis

e, ultimamente, alemães (como as fundações konrad Adenauer e Hans Seidel), que foram contratados pelo governo

angolano para tarefas específicas ou oferecendo contribuições assistenciais “gratuitas”” (MENEZES, 2000, p. 337).

49 Fundações americanas (Ford, Kelloggs entre outras).

50 “ONU, por essa época, através do PNUD, não só financiava intercâmbios, como seus técnicos assessoravam na

adoção de medidas econômicas práticas (a pesquisa de orçamento familiar, por exemplo, foi utilizada para o índice de

preços calculado a partir de 1991, foi gestada em 1989, em uma enquete alimentar do Unicef)” (MENEZES, 2000, p.

343).

51 Banco Mundial, FMI e fundações americanas patrocinaram programas de formação de pessoal e de mudanças

estruturais (melhorias no sistema de contabilidade nacional amadurecido em 1992; reformas legislativas; promoção

de treinamento dentre outros) (MENEZES, 2000, p. 343).


52 “O termo “Consenso de Washington” foi firmado pelo economista John Williamson do Institute for International

Economics, de Washington (DC), em seu livro The Progress of Policy Reform in Latin America. O Consenso de

Washington, como é esclarecido pelo autor, representa um conjunto de medidas, um conjunto de reformas que

acadêmicos e policymakers (baseados em Washington) têm por consenso que “deve ser implementado pelos países

devedores” para que suas economias superem as dificuldades presentes e passem a crescer” (MENEZES, 2000, p.

338-339).

53 Jornal Economia & Finanças, 2015.

54 Jornal Economia & Finanças, 2015.

55 Moeda Nacional de Angola.

56 (PND 2013-2017), 2012, p. 13-14.

57 “Por serem os setores que permitem gerar riqueza, mas também gerar empregos estáveis indutores do bem-estar

das famílias” (Discurso do Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, sobre o Estado da Nação, aos

16/10/17).

58 “A inflação não reconhecida oficialmente era traduzida em filas, de modo que foi necessário introduzir um severo

racionamento da maioria dos bens essenciais. Por outro lado, não existiam no período, razões econômicas aparentes

(tais como aumento nas taxas de juros ou expectativas de queda de preços) que sugerissem que a velocidade de

circulação da moeda se tivesse reduzido voluntariamente em magnitude expressiva. Nessas condições, e considerando

a Teoria Quantitativa da Moeda, se os preços não tivessem sido controlados, certamente teria ocorrido uma inflação

oficial média superior a 20 % ao ano durante os anos analisados. Todavia, os dados disponíveis indicam que tal não

foi reconhecido, pois muitos preços não mudaram entre 1975 e 1991 e os ajustamentos que ocorreram foram, em sua

maioria, comparativamente modestos” (MENEZES, 2000, p. 245-246).

59 É o processo de diminuição da quantidade de moeda em circulação.

60 Rocha et. al. (2010, p. 193-194), “em Angola, desde que se começou a falar de inflação, colocou-se sempre a

tónica nas variáveis monetárias. Os primeiros cálculos do índice de preços no consumidor na cidade de Luanda

remontam a Novembro e Dezembro de 1990. Antes de se ter optado pelo cálculo aberto da inflação no país baseado,

numa primeira fase, em inquéritos sobre os mercados oficial e paralelo e, num segundo momento, numa unificação

do universo de inquirição falava-se numa inflação reprimida e oculta, sem haver hipótese fiável de a quantificar. Os

primeiros resultados apontaram para uma taxa de inflação mensal entre 11 e 14%, com uma clara influência dos

preços do mercado oficial. Chegou-se, então, a pensar que as lojas oficiais eram um instrumento positivo de controlo

da inflação, sem se ter percebido que a "inflação oficial" se manifestava pela via da escassez de produtos nessas lojas

e que não era mais elevada devido ao controle administrativo dos preços. Não se compreendeu, também, que a " via

oficial da economia" era uma poderosa janela de desperdício dos recursos cambiais da Nação”.

“ Os resultados alcançados do ponto de vista da estabilização, foram quase nulos, pois, ao contrário do pretendido, a

inflação na moeda local saiu de 14% em Novembro de 1990 (primeiro mês em que se fez levantamento de preços),
caindo para algo em torno de 5% ao mês no primeiro semestre de 1991 (2,7% em Junho) subindo depois,

vertiginosamente para 20,5% em Dezembro e daí foi crescendo” (MENEZES, 2000, p. 347).

61 DEE/BNA-Determinantes da inflação em Angola (CARVALHO; SANTOS; MASSALA, 2012, p. 10). Disponível

em: <http://www.bna.ao/uploads/%7B13c0a039-f292-4d93-a4d7-7818a2f76725%7D.pdf> Acesso em: 22/03/2017.

62 Angola vivia uma hiperinflação, pois, Segundo Cagan (1956) citado por Dezordi (2004, p.1): “um processo

inflacionário pode ser considerado uma hiperinflação quando a economia registra taxas mensais de inflação acima de

50% ininterruptamente durante um ano”.

63 Verificou-se que até meados de 2004, a taxa de variação mensal do IPC era relativamente elevada e apresentava

significativa volatilidade, sendo que, a partir do segundo semestre de 2004, a variação relativa passou a ser quase

metade da observada naquele período. DEE/BNA-Determinantes da inflação em Angola (CARVALHO; SANTOS;

MASSALA, 2012, p. 12). Disponível em: <http://www.bna.ao/uploads/%7B13c0a039-f292-4d93-a4d7-

7818a2f76725%7D.pdf > Acesso em: 22/03/2017.

64 O período de 2002 á 2008 marcou a boa performance dos indicadores macroeconômicos da economia Angolana,

registrou-se altas taxas de crescimento, um dos frutos do resultado da paz efetiva vivida no país.

Segundo Rocha et. al. (2010, p. 99), os anos de 2005, 2006, 2007 e 2008 são, até o momento, os melhores depois da

independência, sendo os responsáveis pela alteração significativa do declive da reta de tendência a 29 anos (de longo

prazo). Confirma-se o significado e a importância económica da paz: a tendência de crescimento de médio prazo

2002-2008 é a de maior representatividade do grande ciclo económico depois de 1980.

65 Entre 1999 e 2007 a inflação anual passou de 329% em 1999 para 11,8% em 2007. Em termos de taxas médias

mensais a redução é mais simbólica: 13% em 1999 e 0,93% em 2007 (ROCHA et. al., 2010, p. 192).

66 Essa taxa de inflação, corresponde a uma redução de 0,21 pontos percentuais face a inflação de 7,69 pontos

percentuais registada em 2013.

67 Angola é o segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana. A sua economia é ainda muito dependente

da exportação de petróleo e dos preços internacionais desta matéria-prima. O setor petrolífero angolano, representa

cerca de 30% do PIB. Segundo Lopes (2015), existe uma propensão inflacionista da economia angolana face à

redução de preços desta commodities. Uma redução do preço do petróleo origina uma redução das reservas

internacionais de divisas, que provoca uma depreciação da taxa de câmbio nominal e um aumento dos preços internos

em moeda nacional, uma vez que depreciações da taxa de câmbio refletem-se automaticamente nos preços internos.

O controle da massa monetária em Angola é muito importante para o controlo dos preços internos e da inflação.

A forte dependência que a nossa economia ainda tem do petróleo agravou esta crise praticamente em todos os

domínios, fazendo com que tenhamos taxas de crescimento inferiores às que gostaríamos de ter.

68 Este cenário de queda do preço do petróleo, impactou internamente a situação econômica do país, que vivenciou

uma crise económica, financeira e cambial.

69Relatório de Estabilidade Financeira Primeiro Semestre/2016.


70 Relatório de Fundamentação do OGE/17, 2016, p. 50.

71 A economia angolana é depende da moeda americana, ou seja, é uma economia dolarizada.

72 Relatório de Fundamentação do OGE/17, 2016, p. 27.

73 Relatório de Fundamentação do OGE (Revisto)/2016, p 15.

74 Segundo o Relatório de Fundamentação do OGE (revisto) de 2016, p 15, no contexto nacional, a evolução do

preço do petróleo no Iº Semestre de 2016 condicionou amplamente a matriz dos fundamentos macroeconómicos com

grande realce para a taxa de inflação. A implementação da programação macroeconómica executiva nos primeiros

meses de 2016, foi fortemente afetada pela evolução do preço do petróleo no período, que em média ficou em torno

dos USD 31,50/Bbl., durante o Iº Trimestre do referido ano, porém, muito abaixo dos USD 45,00/Bbl previstos no

OGE/2016. Foram feitos ajustes fiscais e cambiais, de modos a melhorar a situação macroeconômica do pais. No que

se refere ao Ajuste Fiscal, com objetivo de fortalecer o quadro fiscal, como sendo, um importante instrumento de

gestão, e para o asseguramento da manutenção das despesas públicas básicas, em Janeiro implementou-se a redução

dos subsídios ao gasóleo, gasolina e petróleo iluminante, que ante a uma combinação de eventos económicos

descompensadores das alterações expectáveis de preços relativos, impactaram o quadro inflacionário. A dinâmica de

preços mais baixos despoletou ainda ajustamentos da programação financeira do tesouro, e respectivos planos de

caixa, com objetivo de reordenar a execução orçamental à receitas realisticamente mais expectáveis.

Com relação ao ajuste cambial, igualmente no mês de Janeiro de 2016, a taxa de câmbio desvalorizou em torno de

15% face ao dólar norte-americano, após um breve curso de estabilidade observado na fase final de 2015. Não

obstante a magnitude da sobrevalorização da taxa de câmbio real efetiva, por conta da incomutabilidade de despesas

em termos de substituição de bens e insumos localmente produzidos e bens e insumos importados, tornando ineficaz

o desencadeamento das alterações de preços relativos e a correção da taxa de câmbio real efetiva sobrevalorizada, a

depreciação cambial transmitiu-se, por pass-trough, para o sistema de preços internos, impactando a inflação.

75 R.F OGE (Revisto)/2016, p.16.

76As exportações de bens e serviços reduziram numa magnitude inferior em relação as importações de bens e

serviços, ao passo que os recebimentos de rendimentos primários aumentaram e os pagamentos de rendimentos tanto

primário como secundário reduziram comparativamente ao ano anterior.

77BNA-Relatório da Balança de Pagamentos e Posição do Investimento Internacional/2016, (2017, p. 8). Disponível

em:< http://www.bna.ao/Conteudos/Artigos/lista_artigos_medias.aspx?idc=15665&idsc=15747&idl=1>Acesso em:

22/11/2017.

78O governo tomou medidas para mitigar o impacto do choque da queda do preço do petróleo sobre a economia,

incluindo: a racionalização da despesa pública através da eliminação de subsídios aos combustíveis, aumento

significativo da mobilização de receitas não-petrolíferas e a depreciação da taxa de câmbio para preservar a

competitividade das exportações e reduzir a tendência das importações. (Angola 2017, Muzima & Gallardo, p.2).

79 Relatório de Fundamentação do OGE /17, 2016, p.28.


80 O fenômeno inflacionista em Angola, da forma como se manifestou no passado, pode ser considerado como um

resultado conjugado entre os elevados défices orçamentais declarados e os estrangulamentos estruturais do sector

produtivo que foram agravados pelo sistema administrativo de gestão da economia e da política econômica (ROCHA

et. al. 2010).

81 O uso da moeda estrangeira (USD) para efeitos de reserva de valor, meio de pagamento e unidade de conta, a fim

de proteger riquezas e rendimentos dos agentes, tendo em conta as altas taxas de inflação e o elevado nível de

depreciação da moeda doméstica.

82 DEE/BNA-Determinantes da inflação em Angola (CARVALHO; SANTOS; MASSALA, 2012). Disponível

em:<http://www.bna.ao/uploads/%7B13c0a039-f292-4d93-a4d7-7818a2f76725%7D.pdf> Acesso em: 22/03/2017.

83 Nos termos da Lei 16/10, de 15 de Julho, compete ao Banco Nacional de Angola proceder a implementação da

política monetária no país, sendo o seu principal objetivo a preservação do poder de compra da moeda nacional

(estabilidade de preços na economia).

84 Taxa básica de juro de referência, que sinaliza o mercado sobre a orientação da política monetária, influenciando a

estrutura das taxas de Juros do sistema bancário, ao mesmo tempo que realiza a gestão da liquidez do sistema.

85 A escolha da designação LUIBOR-Luanda Interbank Offered Rate, visa a sua uniformização com a designação

das taxas homólogas das principais praças financeiras, por exemplo, Libor para a praça de Londres, a Euribor para

a zona Euro, a Mibor para Moscovo e a Jibor Para Joanesburgo. BNA-Quadro operacional para a Política Monetária,

(2011, p.8).

86 As facilidades permanentes de cedência e absorção de liquidez são realizadas por iniciativa das instituições

financeiras bancárias, têm uma frequência diária e definem um corredor (teto e piso) para as taxas de juro “overnight”

do mercado interbancário.

87 BNA-Quadro operacional para a Política Monetária, (2011, p.5).

88 BNA-Quadro operacional para a Política Monetária, (2011, p. 6-7).

89 BNA-Quadro operacional para a Política Monetária, (2011, p.7).

90 BNA-Quadro operacional para a Política Monetária, (2011, p.8).

91 BNA/Quadro operacional para a Política Monetária, (2011, p. 3-9).

92 BNA/Quadro operacional para a Política Monetária, 2011, p. 9.

93 Na medida em que a inflação homologa foi decrescendo a meta também foi baixando, porém com algumas altas

entre 2015-2016 tendo em conta o choque exógeno que afetou a economia angolana.

94“Em 2015, a cobweb da estabilidade macroeconómica apresentou um agravamento das principais dimensões de

risco, das quais destacam-se a vulnerabilidade externa, cambial e fiscal, devido à queda do preço do petróleo ao longo

do ano e consequente desaceleração económica. Esta conjuntura foi de certo modo compensada por uma condução

prudente e harmonizada da política monetária levada a cabo pelas autoridades de forma a reduzir o impacto dos

choques exógenos”. BNA-Relatório Anual de Estabilidade Financeira/2015 (p.12). Disponível em:<


http://www.bna.ao/Conteudos/Artigos/lista_artigos_medias.aspx?idc=15659&idsc=15663&idl=1> Acesso em:

22/03/2017.

95 BNA-Relatório de Estabilidade Financeira Primeiro Semestre/2016 (p. 8). Disponível em:<

http://www.bna.ao/uploads/%7B61ca3bd8-2622-4745-82f1-67ddfed7c12a%7D.pdf> Acesso em: 15/11/17.

96 Os choques externos, naturalmente, são mais afetos às economias abertas, especialmente as emergentes e as

exportadoras de bens primários. As reações em termos política económica para enfrentar essas adversidades tanto

podem potencialmente ampliá-las quanto atenuá-las (CÉSPEDES et al., 2005). BNA-Choques Externos e Respostas

de Política nos Países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) (MATOS; MONTEIRO;

SOMA, 2011, p.23).

97A PM tem uma defasagem externa maior, (que é o intervalo de tempo entre a implementação da política e a sua

repercussão sobre a economia ou efeitos sobre a economia). Ao passo que a sua defasagem interna é menor (que

corresponde ao intervalo de tempo que transcorre entre a ocorrência do choque e a ação da política monetária

implementada pelo B.C).

98 BNA-RELATÓRIO DE INFLAÇÃO PRIMEIRO TRIMESTRE/2016, (p. 8-9). Disponível em:

<http://www.bna.ao/uploads/%7Bc638aca6-194a-4f75-909e-fbe722b3d9b9%7D.pdf> Acesso em:22/03/2017.

99 BNA-RELATÓRIO DE INFLAÇÃO SEGUNDO TRIMESTRE/2016, (p. 8). Disponível em:

<http://www.bna.ao/uploads/%7Bd0a114c7-4b4e-427b-a716-1fd8c481511f%7D.pdf> Acesso: 22/03/2017.

100 As normas prudenciais emitidas pelo BNA proporcionam, por um lado a manutenção da estabilidade do sistema

financeiro e por outro lado proporcionam segurança e solidez financeira das instituições, protege os depositantes e

outros investidores contra perdas que resultam de uma gestão deficiente, de fraudes e falências dos provedores de

serviços financeiros. O estabelecimento de regras prudenciais também tem como objetivo criar uma base uniforme de

enquadramento, para a atuação das instituições no mercado. Contudo, essas regras têm de contribuir para uma gestão

saudável e prudente, sem esquecer do sistema eficaz de avaliação de risco, gestão de controlo interno, sendo os

mesmos sistemas, desenvolvidos pelas próprias instituições financeiras, tendo em conta, as suas responsabilidades

com os acionistas depositantes, credores, assim como a sociedade em geral (CUNHA, 2014, p. 61).

101 As medidas de controlo adoptadas nos últimos anos contribuíram para o abrandamento do crescimento da base

monetária em moeda nacional, passando de 61,2% em Dezembro de 2015 para 23,66% em Junho de 2016, cujos

fatores foram a eficácia das operações de facilidades permanentes de absorção de liquidez com maturidade de sete

dias.

102 “A posição das reservas internacionais líquidas (RIL) no final de 2015 foi de USD 24.550,2 Milhões (23,5% do

PIB), contra os USD 27.276,1 milhões (21,0% do PIB) no ano anterior, correspondendo a uma redução de cerca de

10,0% face ao ano anterior. No entanto, apesar disso, assiste-se a um aumento do rácio de cobertura das importações

de 6,5 meses em 2014 para os 8,0 meses de importações de bens e serviços em 2015. A redução das RIL em 2015

deveu-se à redução dos Depósitos em moeda estrangeira do Governo e dos Bancos em 14,49% e 67,38%, situando-se
nos USD 9.845,90 milhões e USD 974,22 milhões, respectivamente, tendo as reservas do BNA aumentado em cerca

de 4,43% face ao ano anterior, fixando-se nos USD 13.883,81 milhões. Por sua vez, as Obrigações de curto prazo

reduziram em 70,35% para os USD 153,73 milhões, tendo tido por conseguinte um contributo positivo na variação

das RIL” (BNA- Relatório de Contas/2015, p.52).

103 “Entretanto, vários estudos sustentam também a tese de que a dolarização é uma consequência inata do advento

do capitalismo financeiro, e não necessariamente negativa, na medida em que está decorre da natural abertura das

economias dos países emergentes. Ou seja, a dolarização foi a melhor estratégia para fazer face a três grandes

circunstancias que decorreram da progressiva abertura dessas economias, em particular, as economias latino-

americanas e africanas. Mais concretamente, grandes desequilíbrios macroeconómicos, tais como: a

hiperinflação (Galindo & Leiderman, 2005; Herrera & Valdés, 2005; Kokenyne et al, 2010); repressões financeiras

em particular, forte controlo dos mercados de capitais (Reinhart, Rogoff, e Savastano, 2003); e a possibilidade de o

Dólar norte-americano funcionar enquanto uma âncora para o equilíbrio macroeconômico (Berg & Borensztein,

2000)”. BNA DEE/BNA-Desdolarização da Economia Angolana, (SILVA et. al., 2014, p. 5-6). Disponível

em:<http://www.bna.ao/uploads/%7Bb282cf6e-8d7d-40b1-ab4f-7ae9272a52f0%7D.pdf> Acesso em: 23/03/2017.

Dessa forma, a dolarização pode ser entendida enquanto um resultado natural da progressiva abertura das economias

dos países emergentes, sobretudo a partir da década de 80 do século passado, dada a maior exposição dessas

economias à economia mundial e a consequente exposição a vários tipos de choques endógenos e exógenos. Estes

fenômenos dolarizantes minimizaram em certa medida, os riscos cambiais, tendo também, garantido, uma maior

confiança aos investidores, aumentando o investimento e o crescimento econômico, tendo por isso, contribuindo para

um rápido desenvolvimento dos mercados financeiros desses países.

104 DEE/BNA-Desdolarização da Economia Angolana, (SILVA et. al., 2014, p. 2). Disponível

em:<http://www.bna.ao/uploads/%7Bb282cf6e-8d7d-40b1-ab4f-7ae9272a52f0%7D.pdf> Acesso em: 23/03/2017.

105 Uma visão comum entre os economistas Ponomarenko, Solovyeva e Vasilieva (2011), é que a dolarização torna a

política monetária mais complicada e menos eficaz, uma vez que os custos reduzidos de troca de moeda doméstica

para participações em moeda estrangeira, a fim de evitar os efeitos inflacionistas, demonstram que a dolarização pode

aumentar a volatilidade da procura por moeda e, por sua vez, a volatilidade da taxa de câmbio. Segundo Calvo e

Vegh (1992, 1996), há uma forte correlação positiva entre a troca de moeda e a volatilidade da taxa de câmbio.

106 Chang (2000), Ize e Yeyati (2005), Kokenyne et.al (2010) e Chaves (2010).

107As restrições nas relações de correspondência bancária devido fundamentalmente às preocupações dos bancos

correspondentes em termos de maior exigência na regulamentação adoptadas pelos reguladores americanos em

matéria de supervisão, risco de BC/FT e os custos elevados incorridos pelos bancos correspondentes nos seus

procedimentos de diligência reforçada-CDD (costumer due diligence). RELATÓRIO DE ESTABILIDADE

FINANACEIRA PRIMEIRO SEMESTRE/2016 (2017, p. 9). Disponível em: Disponível em:<

http://www.bna.ao/uploads/%7B61ca3bd8-2622-4745-82f1-67ddfed7c12a%7D.pdf> Acesso em: 15/11/17.


108DEE/BNA-Desdolarização da Economia Angolana, (SILVA et al., 2014, p. 4). Disponível

em:<http://www.bna.ao/uploads/%7Bb282cf6e-8d7d-40b1-ab4f-7ae9272a52f0%7D.pdf> Acesso em: 23/03/2017.

109 DEE/BNA-Desdolarização da Economia Angolana, (SILVA et al., 2014, p. 7).

110 DEE/BNA-Desdolarização da Economia Angolana, (SILVA et al., 2014, p. 8).

111 O BNA introduziu diversas medidas de ordem prudencial (um pacote de normas para combate à dolarização da

economia: Aviso nº 5/2010- Exposição Cambial Líquida; instrutivo 4/2011, de 4 de Junho, que limita a concessão de

crédito em moeda estrangeira; Lei cambial do setor petrolífero (Lei nº 2/2012) e a introdução faseada do NRSC) e um

novo quadro regulamentar com a introdução de instrutivos destinados a garantir a gestão adequada do risco cambial

nas instituições financeiras e internalizar um custo real maior das suas carteiras de ativos compostos em moeda

estrangeira. Este tipo de medidas, contribuem para condições de concorrência equitativa para os produtos financeiros

em moeda nacional limitando o incentivo da intermediação financeira na moeda estrangeira, bem como o uso desta

como meio de pagamento nas operações a nível nacional. DEE/BNA-Desdolarização da Economia Angolana, (2014,

p. 17-31).

112 DEE/BNA-Desdolarização da Economia Angolana, (SILVA et al., 2014, p. 2).

113 No que toca à desdolarização dos depósitos, é mais evidente a contribuição de certas medidas macro prudenciais

postas em marcha pelo BNA o que evidenciou a proficiência do ambiente regulatório criado pela instituição. Pode se

notar que, a introdução de medidas prudenciais para criar incentivos de modos que os agentes internalizem os riscos

da dolarização financeira (conjunto de medidas regulatórias mais relevantes para diminuir o grau de dolarização da

economia, o período referente a introdução do NRSC e a introdução do instrutivo nº 4/2011, de 4 de Junho, que

limitava a concessão de crédito em moeda estrangeira), contribuíram em larga medida para explicar os fenômenos

desdolarizantes da economia angolana em termos de depósitos, particularmente nos depósitos cuja estrutura de

vencimento é menor. Os depósitos com maior grau de liquidez foram os que mais contribuíram para a desdolarização

dos depósitos. Os créditos ao sector privado de médio prazo, foram os que mais contribuíram para a desdolarização

dos créditos. DEE/BNA-Desdolarização da Economia Angolana, (SILVA et al., 2014, p. 29-32).

114 A transmissão dos movimentos do câmbio para os preços domésticos de um país é conhecida na literatura

como pass-through cambial. O grau de pass-through pode ser definido como o impacto nos preços domésticos, dada

uma mudança cambial, isto é, a elasticidade da taxa de câmbio-preço. (Douglas Marcos Ferreira e Marcelo José

Braga, 2015). Segundo Pinto, (2001) pass-through é o tamanho do repasse das variações cambiais para os preços. Em

outras palavras, é quanto uma subida (ou redução) na taxa de câmbio faz a inflação subir (ou baixar). Ele tem a ver

com câmbio, inflação, juros e, portanto, com crescimento econômico.

115 “Durante os doze meses de 2011, os produtos nacionais registaram variações de 11,60% na secção agrícola,

produção animal, caça e silvicultura; de 20,26% na secção pesca e de 8,35% na secção indústrias transformadoras.

Relativamente aos produtos importados, observou-se variações de 11,97% na secção agrícola e produtos animais,

caça e silvicultura e de 9,96% nos produtos industriais” (BNA-Relatório de inflação IVº Trimestre de 2011, p. 9).
116 BNA-Relatório de inflação IVº Trimestre de 2012, p. 16).

117 “A taxa de variação homóloga do IPG em Dezembro de 2015, por sua vez, fixou-se nos 11,72%, representando

uma aceleração de cerca de 5,67 p.p. face ao período homólogo de 2014” (BNA-Relatório de inflação IVº Trimestre

de 2015, p. 34).

118 “O principal objetivo dos regimes cambiais intermediários é evitar o desalinhamento cambial, que é um problema

frequente nos regimes de câmbio flutuante” (GOMES, 2009, p. 26).

119 “É uma ilustração esquemática da “trindade impossível” de Frankel (1999). Nela vemos que somente as

“soluções de canto” são factíveis, combinando no máximo dois objetivos” (GABRIEL, OREIRO 2008, p. 335).

120 Segundo o Governador do BNA José Lima Massano (2018), o BC vai estabelecer um intervalo (que será matéria

restrita do BC e não do domínio público) que vai permitir que o próprio mercado encontre novo equilíbrio da taxa de

câmbio (ou seja o mercado cambial é que vai ditar as novas regras). “Se o câmbio permanecer dentro da banda que

entendemos adequada para a estabilidade não haverá necessidades de intervenções do banco central”.

1121 Nota de impressa da sessão extraordinária do CPM, realizada em 04 de Janeiro de 2018. Disponível

em:<<http://www.bna.ao/Conteudos/Artigos/detalhe_artigo.aspx?idc=175&idi=15799&idl=1>Acesso em:

06/01/2018.

122 Nesta altura, registrou-se uma queda acumulada de 40%, mesmo tendo as receitas do setor não petrolífero

apresentado um aumento de 27%, esse aumento, foi insuficiente para compensar a perda das receitas petrolíferas que

ficaram perto de 70%.  

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