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ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS

Gestão Financeira e Bancaria

CHANNELSA SILVANA RANIFETE

DÓRIS IVETH VENICHAND DOS SANTOS

IMPACTOS DAS VARIAÇÕES DAS TAXAS DE CÂMBIO NAS IMPORTAÇÕES E


EXPORTAÇÕES EM MOÇAMBIQUE

Maputo, 30 de Março de 2017


CHANNELSA SILVANA RANIFETE

DÓRIS IVETH VENICHAND DOS SANTOS

IMPACTOS DAS VARIAÇÕES DAS TAXAS DE CÂMBIO NAS IMPORTAÇÕES E


EXPORTAÇÕES EM MOÇAMBIQUE

Monografia produzida com o intuito avaliativo para a


disciplina Finanças Internacionais, pelo curso de Gestão
Financeira e Bancária, da Universidade A Politecnica.

Professor: Adriano Chilawule,Dr.

Maputo
2017

2
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 3
2.OBJECTIVOS..............................................................................................................4
2.1. OBJECTIVOS GERAIS...........................................................................................4
2.2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS................................................................................4
3. METODOLOGIA……………………………………………………………………4
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA………………………………………………….5
5. CONCEITOS………………………………………………………………………....6
5.1. TAXA DE CÂMBIO………………………………………………………………..7
5.2. BALANÇA COMERCIAL………………………………………………………...8
6. IMPACTOS DA TAXA DE CÂMBIO SOBRE AS EXPORTAÇÕES E
IMPORTAÇÕES EM MOÇAMBIQUE..............................................................................8
7. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES....................................................................15
REFERÊNCIAS BIBLÍOGRAFICAS...........................................................................16
ANEXO A: BASE DE DADOS.......................................................................................17

3
1. INTRODUÇÃO

A taxa de câmbio tem uma importância crucial nas contas da balança comercial, pois sua
variação pode fazer com que país apresente superavit ou deficit em seu saldo. E isto é de
fundamental importância para a economia Moçambicana, visto que deste 1994, o país adotou um
regime cambial de flutuante, que permitiu que a taxa flutua-se livremente e tanto os
importadores quanto os exportadores passassem a tomar mais atenção às possíveis variações do
câmbio.

Em Moçambique, a taxa de câmbio é um preço central na economia, visto que é um país


importador liquido. O nível de preços no mercado interno, o equilíbrio no comércio e
pagamentos internacionais do país e o crescimento económico, são determinados pela taxa de
câmbio.

A integração comercial nos mercados estrangeiros, teve um grande aumento na última


década, particularmente em termos de importações, e a moeda estrangeira, em particular o Dólar
Americano, tem sido utilizado a nível interno em transações comerciais e mesmo individuais, por
exemplo no pagamento de renda de casa ou mesmo compra de bens de consumo no exterior e
mesmo para a poupança.

Além desta introdução, o presente estudo se encontra estruturado da seguinte forma: na


secção 1 é feita a fundamentação teórica que dão suporte a ideia e que o sector exportador tem
um papel crucial no desempenho da economia como um todo; na secção 2 e 3 apresentam o
conceito de taxa de câmbio e balança comercial; e a secção 4 apresenta a metodologia a ser
usada na analise dos impactos das variações da taxa de câmbio sobre as exportações e
importações entre o período de 2000 a 2016. Por último, a secção 7 que conclui com a análise
dos resultados obtidos e recomendações.

4
2.OBJECTIVOS

2.1. OBJECTIVOS GERAIS

Pretende-se com este estudo verificar os impactos das variações das taxas de câmbio
sobre a Balança Comercial em Moçambique decorrente nos períodos compreendidos do regime
cambial flexível, concretamente desde o primeiro trimestre de 2000 até ao último trimestre de
2016.

2.2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

O estudo procura responder e discutir os seguintes objectivos:


• Volatilidade das Taxas de Câmbio
• Fazer a análise teórica
• Analisar a Balança Comercial e a variação das Taxas de Câmbio numa
série temporal de 16 anos (2000 a 2016)
• Fazer a correlação entre a teoria abordada e os dados obtidos.

3. METODOLOGIA

Para a realização da pesquisa deste trabalho que tem como tema : Impacto das
Variações da Taxa de Câmbio nas Exportações /Importações em Moçambique, foi utilizado
pesquisa exploratória bibliográfica de diversos autores buscando conceitos e ideias sobre o
tema em questão por meio de livros e artigos científicos.

5
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Segundo Marçal et al. , o primeiro modelo a apresentar de forma explicita as relações


comerciais entre países foi a “abordagem das elasticidades”. Esta veio à luz nas décadas de 30 e
40 como uma adição à analise keynesiana do multiplicador do comércio exterior.
A “abordagem das elasticidades” para além de ter fornecido um suporte para modelar as
relações comerciais entre os países ao longo do tempo, também forneceu modelos funcionais
para as demandas de importação e exportação bem como para a função do saldo comercial
empiricamente testáveis.
O modelo pioneiro da análise da relação entre taxa de câmbio e balança comercial foi a
“abordagem marshaliana de equilíbrio parcial” que baseou-se na abordagem das elasticidades.
Neste modelo existe grande consenso sobre quais sejam os determinantes básicos das demandas
de importação e de exportação, a saber, a taxa de câmbio real (preços relativos), a renda real
doméstica e a renda real do resto do mundo.
Contudo, após a II Guerra Mundial, houve um aumento da importância do comércio
internacional, o que deu origem a novos modelos que passaram a incluir a determinação da renda
na teoria do balanço de pagamentos, surgindo a versão “enfoque da absorção”. Porem apenas
com a inclusão da também determinação dos preços relativos, ocorreu um grande salto teórico,
segundo Dornbusch. (MARÇAL; NISHIJIMA; MONTEIRO, 2009)

A partir daí, com a inclusão dos mercados de ativos e a questão da mobilidade capital,
constitui-se o que hoje se conhece como modelo de Mundell- Fleming. Esse modelo é um
modelo macroeconômico para uma economia aberta com estruturas de equilíbrio geral
walrasiano.

A rápida internacionalização financeira e o desenvolvimento dos mercados de ativos nas


ultimas décadas, fez com que o foco central da balança de pagamentos se volta-se para a conta de
capitais. E a ausência de tratamento das expectativas nos modelos de Mundell-Fleming fizeram
com que estes fossem superados por dois novos enfoques, o enfoque monetário da balança de
pagamentos e o enfoque pelo equilíbrio de portfólio. Segundo Gonçalves et al (1998) estes
reivindicam a dinâmica dos mercados de ativos como elemento central na macroeconomia
aberta, atribuindo-lhes um papel mais influente do que naqueles modelos.

Mais recentemente têm surgido novos modelos e equilíbrio geral seguindo a linha

6
macroeconómica aberta com otimização intertemporal que levam o tempo e as expectativas em
consideração nas decisões dos agentes, dentro de uma pesquisa que busca micro fundamentos
para os modelos agregados. (MARÇAL; NISHIJIMA; MONTEIRO, 2009)

Ao verificar a evolução destes modelos constata-se que não existem contradições quanto
a importância da taxa de cambio real, bem como da renda, na determinação dos fluxos de
comercio, mas sim observa-se uma mudança de enfoques. Para além disso, os modelos vão se
diferenciando um do outro ao longo do tempo por inclusão de novas variáveis que até então não
eram consideradas.

5. CONCEITOS
5.1. Taxa de Câmbio

A taxa de câmbio é definido como o custo de uma unidade de moeda nacional em termos
de unidades de moeda estrangeira ou é o custo de uma unidade de moeda estrangeira em termos
do número de unidades de moeda nacional. No entanto, este conceito é o conceito da taxa de
câmbio nominal, sendo que a taxa de câmbio real é a razão dos preços dos bens de dois países
expressos na mesma moeda. A taxa de câmbio real é a razão dos preços dos bens estrangeiros
em relação aos preços dos bens domésticos, medidos na mesma moeda (DORNBUSCH,
FISCHER 2007), pode ser expresso da seguinte forma:

𝒆𝑷𝒇
𝑹=
𝑷
onde :
𝑅 = taxa de câmbio real

𝑒 = taxa de câmbio nominal

𝑃! = índice de preço em moeda estrangeira

𝑃 = índice de preço em moeda nacional

Segundo Genésio de Carvalho (2007), os dois factores principais que influenciam a


taxa de câmbio de um país são: a balança de pagamentos e o regime cambial do país emissor

7
da moeda. Vale ressaltar, segundo Marçal, Nishima e Monteiro (2009), o Banco Central apenas
possui controle sobre a taxa de câmbio nominal e, mesmo assim, esse controle é apenas parcial.
Desse modo, o controle sobre a taxa de câmbio real é realizado de forma indireta por parte do
governo.
A taxa de câmbio é uma variável económica muito importante porque intermedia todas
as transações entre residentes e não-residentes de um país . Por outras palavras, todas as contas
da balança de pagamentos são influenciadas pela taxa de câmbio, cujas variações afectam a
exportação, importação, entradas de capitais estrangeiros, rentabilidade de aplicações no
exterior, volume de reservas, etc. (CARVALHO, SILVA 2007).
Segundo Dornbusch e Ficher (2011), a taxa de câmbio real mede a competitividade de
um país no comércio internacional, ou seja, é esta que é usada para análise dos fluxos
comerciais. Sendo que, um aumento na taxa de câmbio real, ou uma depreciação real, é
descrito como um aumento de competitividade dos produtos domésticos pois, os produtos
estrangeiros tornam-se mais caros em relação aos preços dos domésticos, o que provavelmente
fará com que as pessoas optem pelo produto doméstico e incentiva a exportação. Por outro
lado, um declínio na taxa de câmbio real, ou apreciação real, significa que os bens domésticos
têm se tornado relativamente mais caros em relação aos do estrangeiro, o que resulta na
perdida da competitividade e aumento das importações.
Contudo, conforme aborda Castilho, Teixeira e Peres (2008), há outros factores que tem
capacidade de influenciar a magnitude dos efeitos de uma desvalorização ou valorização
cambial sobre os componentes da balança comercial. Pode-se citar, por exemplo, a
sensibilidade dos fluxos de comércio na presença de variações da taxa de câmbio, bem como a
magnitude do repasse da taxa de câmbio para os preços comercializáveis adotados pelas
empresas que realizam transações internacionais. Além disso, Castilho, Teixeira e Peres (2008)
citam a possibilidade de alterações no câmbio nominal afetarem a taxa de câmbio real.
Krugman (2010) afirmou que, o aumento da oferta de moeda de um país faz com que a
sua moeda se deprecie no mercado cambial, enquanto que um diminuição na oferta dessa
moeda faz com que ela se aprecie.

5.2. Balança Comercial

Segundo Samir Keedi (2009), balança comercial é aquela que regista os movimentos
financeiros referentes a exportação e importação de mercadorias do país. Ambos, importação e

8
exportação, são de grande importância para o crescimento económico do país pois aumentam a
diversificação de mercados e reduzem os riscos de crise de mercado. Sendo que, a exportação
aumenta o leque de compradores, que e a importação aumenta o leque de fornecedores.

A balança comercial pode apresentar-se superavitária ou deficitária, dependendo do


comportamento do comércio exterior do pais, isto é, maior ou menor exportação e importação.

O seu comportamento poderá influenciar positiva ou negativamente a balança de


pagamentos, provocando sobras ou faltas, e obrigando o pais a importar ou não capital para o seu
fechamento. Também poderá determinar a política de exportação e/ou importação do país.
(KEEDI, 2009)

A razão entre as exportações e importações dá-nos a taxa de cobertura, que indica-nos em


que percentagem as exportações pagam as importações. Esta pode ser expressa da seguinte na
fórmula:

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎𝑠 𝐸𝑥𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çõ𝑒𝑠


𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝐶𝑜𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎 = 𝑥 100%
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎𝑠 𝐼𝑚𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎çõ𝑒𝑠

6. IMPACTOS DA TAXA DE CÂMBIO SOBRE AS EXPORTAÇÕES E


IMPORTAÇÕES EM MOÇAMBIQUE

Após a fundamentação teórica, podemos afirmar que é importante se realizar um estudo


empírico que comprove a relação entre as variações da taxa de cambio e os saldos comerciais, e
para tal foram utilizados gráficos com dados trimestrais da balança comercial e variações
cambiais entre o ano de 2000 à 2016.

No ano de 2000, apesar de se terem registado cheias no sul do país, iniciou uma nova
fase na dinâmica de crescimento da economia Moçambicana, através da captação de grandes
projectos de investimento, tais como: Mozal, Sasol, HCB, dentre outros, que contribuíram para a
alavancagem do crescimento económico.

9
Taxa de câmbio MZN/USD
30.00

25.00

20.00

15.00
Taxa de câmbio MZN/USD
10.00

5.00

0.00

Gráfico 1: Variações da taxa de câmbio Metical/Dólar (fim de período MZN/USD- 1° Trim/2000 a 2° Trim/2006)
Fonte: Banco de Moçambique (2017), Elaboração própria.

800.0

600.0

400.0 Exportações MOZ (em USD milhões)

200.0
Importações MOZ (em USD milhões)
-
2000
2000
2000
2000
2001
2001
2001
2001
2002
2002
2002
2002
2003
2003
2003
2003
2004
2004
2004
2004
2005
2005
2005
2005

Balança Comercial MOZ (em USD


(200.0) milhões)

(400.0)

(600.0)

Gráfico 2: Evolução das exportações, importações e o saldo comercial da economia Moçambicana (2000 a 2005) em
milhões de dólares. Fonte: Banco de Moçambique (2017), Elaboração própria.

Em analise dos gráficos 1 e 2, pode-se verificar que apesar da alavancagem económica


em 2000, o deficit da balança comercial é predominante, sendo que os níveis de exportações
eram muito baixos. Acredita-se que foi um ano marcado pela entrada de donativos no país, e
destruição causada pelas cheias impediram que este resultado fosse diferente.

Nos anos seguintes, o cenário da balança comercial foi o mesmo, sendo que o segundo
trimestre de 2001 e o ultimo trimestre de 2005 são os que apresentam menor deficit, pois

10
verificou-se uma desvalorização do metical nestes períodos.

Quanto a taxa de câmbio, entre o período de 2000 a 2006 , a tendência é de depreciação,


porém no primeiro trimestre de 2005 há uma apreciação cambial de 19,2% resultante da
desvalorização do Dólar devido a adoção da política militar de combate ao terrorismo nos EUA.
Após o terceiro trimestre de 2005 o Metical volta a apresentar uma desvalorização maior.

Taxa de câmbio MZN/USD


35.00
30.00
25.00
20.00
15.00 Taxa de câmbio MZN/USD
10.00
5.00
0.00
2007
2007
2007
2007

2009
2009
2009
2009
2010
2010
2010
2010
2011
2011
2011
2011
2006
2006

2008
2008
2008
2008

Gráfico 3: Variações da taxa de câmbio Metical/Dólar (fim de período MZN/USD- 3° Trim/2000 a 4° Trim/2011)
Fonte: Banco de Moçambique (2017), Elaboração própria.

2,000.0

1,500.0

1,000.0 Exportações MOZ (em USD milhões)

Importações MOZ (em USD milhões)


500.0

Balança Comercial MOZ (em USD


- milhões)
2007
2007
2007
2007

2009
2009
2009
2009
2010
2010
2010
2010
2011
2011
2011
2011
2006
2006
2006
2006

2008
2008
2008
2008

(500.0)

(1,000.0)

Gráfico 4: Evolução das exportações, importações e o saldo comercial da economia Moçambicana (2006 a 2011) em
milhões de dólares. Fonte: Banco de Moçambique (2017), Elaboração própria.

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Analisando o gráfico 3 e 4, verificamos que devido a depreciação do câmbio em 2006, os
défices na balança comercial do primeiro trimestre de 2006 diminuíram em 55.7% em relação ao
último trimestre de 2005.
A partir do último trimestre de 2007, verificou-se uma apreciação do Metical que fez com
que as importações aumentassem para 772.5 milhões de USD. No quarto trimestre de 2008 o
Metical voltou a depreciar continuamente até o segundo trimestre de 2010, devido a crise
financeira internacional que iniciou em 2008. Durante este período os défices da balança
comercial aumentaram em relação aos anos anteriores.
No terceiro trimestre de 2011, apesar de ter havido uma depreciação cambial, o deficit da
balança comercial foi o maior nos últimos 5 anos.

Taxa de câmbio MZN/USD


80.00
70.00
60.00
50.00
40.00
Taxa de câmbio MZN/USD
30.00
20.00
10.00
0.00
2012
2012
2012
2012
2013
2013
2013
2013
2014
2014
2014
2014
2015
2015
2015
2015
2016
2016
2016
2016

Gráfico 5: Variações da taxa de câmbio Metical/Dólar (fim de período MZN/USD- 1° Trim/2012 a 4° Trim/2016)
Fonte: Banco de Moçambique (2017), Elaboração própria.

12
3,000.0

2,500.0

2,000.0

1,500.0 Exportações MOZ (em USD milhões)


1,000.0
Importações MOZ (em USD milhões)
500.0

- Balança Comercial MOZ (em USD


2012
2012
2012
2012
2013
2013
2013
2013
2014
2014
2014
2014
2015
2015
2015
2015
2016
2016
2016
2016
(500.0) milhões)

(1,000.0)

(1,500.0)

(2,000.0)

Gráfico 6: Evolução das exportações, importações e o saldo comercial da economia Moçambicana (2000 a 2005) em
milhões de dólares. Fonte: Banco de Moçambique (2017), Elaboração própria.

A partir do primeiro trimestre de 2012, registou-se uma apreciação cambial que estendeu-
se até ao terceiro trimestre do mesmo ano. O maior deficit da balança comercial foi registado no
quarto trimestre de 2012, o que de certo modo contradiz as teorias, pois estas afirmam que a
apreciação cambial aumenta as importações e a depreciação cambial diminuí as importações.
No período entre o quarto trimestre de 2012 e o quarto trimestre de 2014, a moeda
manteve-se estável, não havendo grandes variações nas taxas de câmbio sendo um período
marcado pelo rápido crescimento económico de Moçambique. Neste período os défices da
balança comercial foram altos variando entre os 657,2 milhões de USD e 1,218.8 milhões de
USD.

Posteriormente, no ano de 2015, no terceiro trimestre, a depreciação cambial foi continua


e em grande escala, sendo que a moeda depreciou em 91.7% entre o terceiro trimestre de 2015 e
o quarto trimestre de 2016. Esta depreciação ocorreu devido a dívida pública externa
insustentável, contraída pelo governo. A partir de então os défices na balança comercial
diminuíram e no ultimo trimestre de 2016 foi o primeiro ano em que a Moçambique apresentou
uma balança comercial positiva, com o saldo de 18.2 milhões de USD. Isto deu-se devido a
adoção novas politicas que contribuíram para a diminuição das importações, nomeadamente,
aumento das taxas aduaneiras, limites de cartões de debito e crédito estabelecido para compras

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no exterior, aumento das taxas de juros, entre outros.

Este resultado foi obtido principalmente pelo aumento de 21.7% das exportações
comparativamente ao trimestre anterior. Os itens camarão, lagosta, gás, areias pesadas, foram os
principais contribuintes para o crescimento do superavit comercial.

Apesar da situação superavit da balança comercial, a taxa de câmbio continua a


depreciar, e sabendo que Moçambique é um importador líquido da maioria das mercadorias,
verifica-se uma rápida subida geral dos preços dos bens. O que leva a concluir que as variações
das taxas de câmbio podem afectar a actividade económica, nomeadamente, por via da
determinação dos preços nacionais, as mudanças nos preços das importações e exportações.
Sendo que no caso do preço das importações, estas variações repercutem-se através da cadeia de
determinação de preços, quer nos preços ao consumidor, quer nos custos do produtor. E no caso
dos preços das exportações, as variações da taxa de câmbio afectam as margens do exportador e
as vendas internacionais.

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7. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Em Moçambique a taxa de câmbio tem apresentado uma depreciação nos últimos anos e
a balança comercial apresentou um défice até ao terceiro trimestre de 2016, que foi superado no
trimestre subsequente apresentado um saldo positivo, isto é, as exportações foram maiores que as
importações. Este facto não vai de acordo com a teoria, pois esta prevê que uma depreciação na
taxa de cambio real, é descrita como um aumento da competitividade dos produtos domésticos,
incentivando a exportação. Mas, no caso de Moçambique não se verifica ao longo dos anos, mas
sim em alguns trimestres o que leva-nos a concluir que só é aplicável a curto prazo.

A economia Moçambicana assenta sem dúvida na extração de recursos minerais,


energéticos, agrícolas e naturais, cujo destino principal é a exportação. Mas a agricultura
continua marginalizada e os pequenos produtores ainda mais. O país precisa produzir mais do
que vem produzindo, de modo a aumentar as exportações e diminuir a necessidade de
importações, mas para tal é necessário que haja criação de créditos e seguros destinados a área
agrícola.

O estado deve dar maior assistência as Pequenas e Medias Empresas, criando um


ambiente de negocio favorável e assistência financeira. E as PME’s, por sua vez, devem buscar
inovar e diversificar de modo a garantir maior crescimento e desenvolvimento tanto no mercado
interno como no externo.

O melhoramento de infraestruturas, vias de acesso e criação de redes de abastecimento de


água e electicidade, também contribuíram para o aumento das exportações, pois para além de
favorecerem as empresas nacionais já existentes, também irá atrair grandes investidores
internacionais.

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REFERÊNCIAS BIBLÍOGRAFICAS

MINERVINI, Nicola. O Exportador. 6ª Ed. – São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012
DORNBUSCH, Rudiger. Macroeconomia, 5ª Ed. – São Paulo: Pearson Makron Books, 1991
KRUGMAN, Paul. Economia Internacional: Teoria e Política, 8ª Ed. – São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2010
CARVALHO, Maria Auxiliadora de / SILVA, César Roberto Leite de. Economia
Internacional, 4ª Ed. – São Paulo: Saraiva, 2007
KEEDI, Samir. ABC do Comércio Exterior: Abrindo as Primeiras Páginas, 3ª Ed. – São
Paulo: Aduaneiras, 2007
CARVALHO, Genésio de. Introdução às Finanças Internacionais, São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2007
BEGG, David K. H. Economics, McGraw-Hill Book Company
MOSCA, João. Economicando, 1ª Ed. – Alcance Editores, 2009
SAMUELSON, Paul / NORDHAUS, William D. Economia, 16ª Ed. McGraw-Hill, 1999
BANCO DE MOÇAMBIQUE. Séries históricas. 2000-2016.
speed-reports-2011-010impactodasflutuacoesdataxadecambionaeconomiademocambiquefinal.pdf
MARÇAL, E. F.; NISHIMA, M.; MONTEIRO, W. Saldos comerciais e taxa de câmbio real:
uma nova análise do caso brasileiro. Revista Economia, Rio de janeiro, mai/ago. 2009.

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ANEXO A: Base de dados

Taxa de Exportações Importações Balança Comercial


FREQ câmbio MOZ (em USD MOZ (em USD MOZ (em USD
(Tri) Ano MZN/USD milhões) milhões) milhões)
I 2000 13.98 51.5 292.7 (241.2)
II 2000 15.15 51.5 235.7 (184.2)
III 2000 15.49 51.5 246.7 (195.2)
IV 2000 16.60 51.5 281.4 (229.9)
I 2001 18.01 51.5 263.1 (211.6)
II 2001 20.46 51.5 193.1 (141.6)
III 2001 21.70 51.5 270.8 (219.3)
IV 2001 22.64 51.5 239.7 (188.2)
I 2002 23.01 51.5 363.8 (312.3)
II 2002 23.17 51.5 338.0 (286.5)
III 2002 23.29 51.5 367.9 (316.4)
IV 2002 23.34 51.5 406.8 (355.3)
I 2003 23.35 51.5 367.9 (316.4)
II 2003 23.35 51.5 370.0 (318.5)
III 2003 23.37 51.5 443.4 (391.9)
IV 2003 23.35 51.5 466.7 (415.2)
I 2004 23.37 51.5 411.9 (360.4)
II 2004 23.35 51.5 467.9 (416.4)
III 2004 23.37 51.5 486.4 (434.9)
IV 2004 23.10 51.5 483.5 (432.0)
I 2005 21.76 51.5 516.8 (465.3)
II 2005 19.47 51.5 512.5 (461.0)
III 2005 18.66 51.5 556.5 (505.0)
IV 2005 23.33 484.8 656.5 (171.6)
I 2006 24.48 540.3 616.2 (75.9)
II 2006 25.59 599.8 683.3 (83.6)
III 2006 25.12 630.8 676.4 (45.6)
IV 2006 25.23 610.3 672.9 (62.6)
I 2007 25.82 584.9 626.5 (41.7)
II 2007 25.84 614.4 672.0 (57.6)
III 2007 25.71 678.2 740.1 (61.9)
IV 2007 24.87 539.3 772.5 (233.1)
I 2008 24.05 538.5 700.5 (162.0)

17
II 2008 24.14 686.3 897.2 (210.9)
III 2008 24.07 820.8 1,051.9 (231.1)
IV 2008 24.43 607.7 993.9 (386.2)
I 2009 25.89 402.7 814.7 (412.0)
II 2009 26.61 507.5 805.5 (298.0)
III 2009 27.87 624.6 861.0 (236.4)
IV 2009 27.46 612.5 940.8 (328.4)
I 2010 27.61 491.0 822.7 (331.7)
II 2010 33.27 583.6 909.3 (325.7)
III 2010 28.65 658.9 873.6 (214.7)
IV 2010 28.95 599.8 906.8 (307.0)
I 2011 29.24 848.2 1,303.8 (455.6)
II 2011 29.54 724.9 1,130.8 (405.9)
III 2011 29.84 803.0 1,621.6 (818.6)
IV 2011 30.13 742.2 1,311.4 (569.2)
I 2012 27.27 981.5 1,907.7 (926.2)
II 2012 27.76 990.0 1,963.7 (973.7)
III 2012 27.43 945.6 1,602.7 (657.2)
IV 2012 29.46 938.5 2,429.0 (1,490.4)
I 2013 29.24 860.8 1,849.7 (988.9)
II 2013 29.97 1,115.6 2,156.3 (1,040.7)
III 2013 29.85 1,087.8 2,196.3 (1,108.5)
IV 2013 29.88 1,058.4 2,277.3 (1,218.8)
I 2014 30.43 793.9 1,534.3 (740.4)
II 2014 30.62 1,047.0 2,098.8 (1,051.9)
III 2014 30.55 1,040.6 2,210.5 (1,169.9)
IV 2014 31.16 1,034.9 2,108.0 (1,073.1)
I 2015 32.66 823.5 1,632.7 (809.2)
II 2015 34.98 939.1 1,902.6 (963.5)
III 2015 39.31 821.3 2,126.0 (1,304.7)
IV 2015 46.17 829.3 1,915.2 (1,085.9)
I 2016 47.43 696.9 1,238.2 (541.3)
II 2016 56.19 826.8 1,328.4 (501.6)
III 2016 71.28 825.8 1,260.1 (434.3)
IV 2016 75.39 1,005.4 987.2 18.2

• Taxa de Câmbio MZN-USD trimestral foi calculada a partir dos dados mensais através
de média aritmética. -www.bancomoc.com.

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