Você está na página 1de 17

REGIME DE POLITICA MONETÁRIA

Taxa de câmbio oficial vs. Taxa de câmbio do mercado paralelo.


alguma relação de casualidade?

MONETARY POLICY REGIME


Official vs. official exchange rate Parallel market exchange rate.
any causal relationship?

Milagre de Agostinho Augusto Rafael Álvaro


Mestrando em Economia
Universidade Católica de Moçambique
milagrealvaro95@gmail.com
Resumo
A condução da política monetária em economias abertas é um desafio para os formuladores
da política macroeconómica. O presente artigo aborda a questão do regime da politica monetária em
um contexto da existência ou não de uma relação de casualidade entre a taxa de cambio oficial vs.
Taxa de cambio no mercado paralelo. Não obstante o facto de um número considerável de estudos
tenha tentado verificar empiricamente uma relação de causalidade entre estas duas taxas de câmbio,
poucos estudos forneceram evidências da presença de casualidade, assimetrias na relação entre a taxa
de câmbio oficial e paralela. O Banco de Moçambique intervém no mercado cambial de modo a
garantir a sua estabilidade. Os resultados desta pesquisa apontam que a hipótese nula para a primeira
comparação, "TCP does not Granger Cause TC_Oficial," sugere que a série temporal TCP não exerce
causalidade Granger sobre a série temporal TC_Oficial. Em outras palavras, a variação em TCP não
pode ser utilizada para prever a variação subsequente em TC_oficial. O valor-p associado a essa
hipótese é 0.0316, o que sugere uma significância estatística a um nível de confiança de 95%.
Portanto, rejeitaríamos a hipótese nula, indicando que TCP tem uma influência estatisticamente
significativa na previsão de TC_oficial.
Palavras-chave: Política monetária; taxa de câmbio oficial, taxa de cambio paralela, casualidade.

Abstract
Conducting monetary policy in open economies is a challenge for macroeconomic
policymakers. This article addresses the issue of the monetary policy regime in the context of the
existence or not of a causal relationship between the official exchange rate vs. Exchange rate in the
parallel market. Despite the fact that a considerable number of studies have attempted to empirically
verify a causal relationship between these two exchange rates, few studies have provided evidence of
the presence of causality, asymmetries in the relationship between the official and parallel exchange
rates. The Bank of Mozambique intervenes in the foreign exchange market to guarantee its stability.
The results of this research indicate that the null hypothesis for the first comparison, "TCP does not
Granger Cause TC_ official," suggests that the TCP time series does not exert Granger causality on
the TC_ official time series. In other words, the change in TCP cannot be used to predict the
subsequent change in TC_ official. The p-value associated with this hypothesis is 0.0316, which
suggests statistical significance at a 95% confidence level. Therefore, we would reject the null
hypothesis, indicating that TCP has a statistically significant influence on the prediction of TC_
official.
Keywords: Monetary policy; official exchange rate, parallel exchange rate, coincidence.

1. Introdução
Em economias abertas e globalizadas como a de Moçambique, a taxa de câmbio
desempenha um papel bastante primordial, uma vez tratar-se dum indicador macro que
reflecte a robustez e competitividade do país em relação as outras economias. A sua
importância é tanta ao ponto da sua desvalorização ou depreciação tornar os produtos
domésticos mais competitivos frente aos produtos de outros países e, sua apreciação ou
valorização trazer como consequência imediata a perda de competitividade no mercado
interno.
Dos vários estudos que abordam sobre o regime de politica monetária em economias
abertas, delineia sobre o trilema monetário que refletem a impossibilidade de uma economia
alcançar, simultaneamente a estabilidade da taxa de cambio, autonomia de politica e
liberdade de fluxos financeiros. A discussão sobre qual seria a melhor política econômica
para um país emergente atingir um desenvolvimento sustentável, passa por vários aspectos
sociais e econômicos. Entendemos que na atual etapa de globalização financeira em que a
sociedade se encontra, mais do que nunca, a política monetária está intrinsecamente ligada à
política cambial. Para o ensaio em questão procura discutir em tornou da existência ou não
da relação de casualidade entre Taxa de câmbio oficial vs. Taxa de câmbio do mercado
paralelo, olhando para o caso de Moçambique.
O país na sua vida como nação, a partir dos anos 70 a quando da sua independência
experimentou uma série de regimes de taxas de câmbio (PIMPÃO, 1996). O regime de taxa
de câmbio fixa e rígida durante o período de 1975, altura da independência nacional até 1987,
o que conduziu a sérios desequilíbrios financeiros na economia. A taxa de câmbio não
reflectia as tendências do mercado, o que originou um mercado paralelo de divisas que
constituía alternativa para todos aqueles que não podiam ter acesso a divisas a preços e no
mercado oficial. Este mercado praticava um câmbio que era 46 vezes superior ao oficial,
reflectindo a escassez de divisas. (Pimpao, 1996:4). Com implementação do PRE em 1987,
que marcou a ruptura com a filosofia anterior no âmbito da gestão da política cambial, a taxa
de câmbio passa a ser mais realista e a captar os desenvolvimentos do mercado de divisas,
neste âmbito começam as desvalorizações de grande intensidade para alcançar este objectivo.
O rácio da taxa de câmbio do mercado paralelo e do oficial passa a ser de 2.11 vezes, neste
período, (Banco de Moçambique, 2000) A partir de abril de 1992, começa a vigorar o regime
de câmbio flexível, tomando a taxa de câmbio mais voláctil. Os movimentos da taxa de
câmbio passam a ser determinados pelo mercado.
Neste contexto a livre mobilidade de capitais aumenta a volatilidade e o
desalinhamento cambial dos Países em via de desenvolvimento uma vez que a taxa de câmbio
constitui um preço relevante para estes Países e, afecta a regra de política monetária. A
importância económica da taxa de câmbio reside tanto em seu nível quanto em seu
comportamento. O nível da taxa de câmbio pode influenciar no processo de crescimento
económico e a elevada volatilidade cambial pode gerar incertezas, reduzindo o horizonte de
decisão dos agentes económicos e tornando os investimentos menos atractivos (PIMPÃO,
1996).
Espera-se nesta pesquisa de forma empírica avaliar se as seguintes hipóteses são
validadas na presente análise; (i). as series temporais taxa de cambio oficial exercem uma
relação de causalidade sobre a serie temporal da taxa de cambio no mercado paralelo
economia Moçambicana e (ii) os valores da serie temporal da taxa de cambio no mercado
paralelo, podem prever valores futuros da serie temporal da taxa de cambio oficial.
Este trabalho está organizado em seis secções, incluindo esta introdução. A Secção 2
descreve a teoria da abordagem do regime da politica monetária. Na Secção 3 desenvolve-se
os procedimentos metodológicos utlizados neste estudo. Os resultados são apresentados e
analisados dos na Secção 4. A Secção 5 apresenta as conclusões. As partes adicionais além
das seis secções do ensaio são: A parte pós-textual é constituída por referencias bibliográficas
e apêndices.

2. Revisão Teórica
Pretende-se com esta secção, descrever abordagens de diferentes autores sobre o
objecto de estudo, bem como a fundamentação da revisão da teoria de base, a literatura
empírica e a literatura focalizada através da operacionalização dos conceitos seleccionados
para este estudo, entre outros aspectos de real pertinência na pesquisa.

Regimes cambiais em Moçambique


Historicamente, a política monetária moçambicana privilegiou a estabilidade
cambial, de tal modo que, de 1975 a 1993, esta esteve baseada no regime de metas de taxas
de câmbio, operando em um regime de taxas de câmbio fixas. Neste regime, logo após a
independência, o escudo moçambicano, determinado como moeda nacional na altura, estava
vinculado ao escudo português. Em 1980, com a criação da moeda nacional, o metical, a
moeda nacional passou a ser vinculada ao dólar norte-americano (BM, 2017a). Devido à
vulnerabilidade do metical face aos movimentos do dólar norte-americano nos mercados
internacionais, as autoridades monetárias alteraram o vínculo de uma moeda (neste caso o
dólar) para um conjunto de moedas representativas das transacções externas de bens e
serviços em Moçambique (BM, 2015).
Com a adesão do país às instituições de Bretton Woods e o início do programa com
o FMI em 1987, deu-se início ao processo de liberação da economia, envolvendo, entre
outros, a transição para um regime de taxas de câmbio com minidesvalorizações (crawling
peg) da moeda no período de 1988-1889. As minidesvalorizações tinham o objectivo de
minimizar as expectativas dos agentes económicos quanto ao câmbio e os preços internos
(BM, 2017a, p. 42).
No período de 1990-1993, foram implementadas reformas adicionais com vista a
liberalizar o mercado cambial. Uma delas foi a criação do mercado secundário de câmbio.
Em 1992, adotou-se as minidesvalorizações diárias, e o Governo procedeu à unificação
cambial, ligando as taxas de câmbio dos mercados secundário e oficial, visando uma maior
liberalização do mercado cambial. Com estas reformas, até 1994, a liberalização cambial
estava completa, sendo a partir daí que a taxa de câmbio passou a ser oficialmente flutuante
(BM, 2017a).

Política Monetária em Moçambique


A política monetária em Moçambique tem o objectivo primário de preservar o valor
da moeda nacional (artigo 3 da Lei nº.01/92 de 03 de Janeiro, Lei Orgânica do Banco de
Moçambique). Este objectivo de política traduz-se na estabilidade de preços, que se refere ao
controlo das variações no nível médio de preços ao ponto de não afectarem materialmente o
processo de tomada de decisão económica. Por outras palavras, implica uma inflação baixa
e previsível (BM, s.d.a).
A política monetária moçambicana esteve assente em diferentes regimes para atingir
este objectivo. Desde a criação do BM, em 1975, até a actualidade, fez-se alterações no
quadro de política monetária. De 1975 a 1993, a política monetária esteve assente no regime
de metas de taxas de câmbio, que tinha como meta operacional a taxa de câmbio e como meta
intermediária o crédito ao sector privado. No entanto, a partir de 1994, introduziu-se o regime
de metas monetárias (BM, 2017a).
No regime de metas monetárias, a meta intermediária usada pelo BM era o agregado
monetário M3 e tinham como variável operacional a Base Monetária. O BM também dirigia
a política monetária para alcançar metas quantitativas de inflação, como parte do objectivo
de manter o nível geral de preços. Estas metas de inflação eram definidas e anunciadas
anualmente pelo Governo, nos termos do Plano Económico e Social e da proposta de Lei do
Orçamento do Estado. O BM tinha como política estratégica o anúncio ao público da meta
quantitativa de inflação, como forma de aumentar a confiança do público e a transparência
em relação às suas acções (BM, s.d.a).
Contudo, em 2017, o banco central introduziu reformas no quadro de política
monetária. Uma das mais notáveis reformas foi a introdução da taxa de juros de política
monetária, designada taxa do mercado monetário interbancário de Moçambique,
abreviadamente taxa MIMO. Esta taxa marcou a transição de uma variável quantitativa de
implementação de política, a base monetária, para uma variável operacional da taxa de juros.
Esta taxa foi introduzida com o objectivo de sinalizar o mercado de forma clara e manter a
postura da política monetária, promover uma maior transparência no processo de fixação das
taxas de juros no mercado, melhorar o mecanismo de transmissão de política monetária e
melhorar a comunicação sobre as decisões de política monetária (BM, s.d.b).
A implementação de um novo regime de política monetária resultou do facto de se
ter observado pouca eficácia no regime de política em vigor e um desajuste face ao
desenvolvimento ao qual a economia moçambicana e o sistema financeiro se encontravam.
Em particular, observou-se que as rápidas inovações ocorridas no sistema financeiro nacional
contribuíam para tornar a procura por moeda e o multiplicador monetário instável, o que
inviabilizava o regime de metas monetárias em vigor (veja Aisen & Simione, 2019).
Além de se ajustar ao contexto actual, em contraste ao regime de metas monetárias,
a taxa MIMO tornaria a comunicação da postura da política monetária com o público e
mercados mais claros, permitindo ao banco central ancorar as expectativas de inflação (BM,
s.d.b). Diferente do regime anterior, em que o banco central dirigia a sua política tendo uma
meta de inflação estabelecida pelo Governo, como parte das reformas, a formulação e
implementação da política monetária passou a basear-se primariamente nas suas projecções
de inflação. O banco central considera este regime o mais adequado à conjuntura actual
caracterizada por vulnerabilidade do país a choques externos (BM, s.d.b)

A natureza da taxa de cambio no mercado paralelos


Dornbusch, Dantas e Pechman (1983) no mercado paralelo de moedas há duas fontes
de suprimento a revenda de divisas oficialmente alocadas e a moeda estrangeira obtida
através subfacturamento ou contrabando de exportações. Para os autores Deveria se
relacionar as penas impostas à não-legalidade do mercado e o comportamento da cotação do
mercado paralelo o mercado paralelo aparece como uma resposta à um controle de preços
ou racionamento de quantidades impostos pelo governo se é fixado por lei um preço máximo
para algum bem, a demanda reprimida por este bem será atendida fora da lei, através do
mercado negro ou paralelo no mercado de divisas, o mercado paralelo surge quando o
governo impõe uma taxa de cambio oficial abaixo (valorizada) daquela obtida pela interação
entre oferta e demanda As formas para o governo impor algum tipo de controle nas transações
de moedas são muitas.
O excesso de demanda é contornado com um sistema de controle sobre como
importadores podem obter e exportadores podem usar divisas O governo obriga os
exportadores a lhes vender, à uma taxa fixa abaixo daquela que o mercado livre lhe pagaria,
suas receitas em divisas estrangeiras. Estas divisas são então direcionadas aos importadores
que tem uma licença para importar. Estes últimos devem provar que realmente estão
utilizando estas divisas para efetuar importações. Isto é extremamente propício a fraudes
contrabando, superfacturamento e desvio de remessas (Dornbusch, Dantas e Pechman, 1983)
São ofertadas no mercado negro divisas provenientes da revenda das divisas alocadas
oficialmente superfacturamento das importações) ou da incapacidade do governo em
comprar todas as divisas devido ao subfacturamento e contrabando das exportações e desvio
das remessas. O diferencial entre a taxa oficial e a taxa de livre mercado é um regulador da
oferta de divisas quanto maior este ágio, maior o incentivo dado aos agentes econômicos para
tentar corrigi-lo.

Demanda e oferta
A demanda por dólares para a composição de uma carteira de ativos depende do
diferencial de juros interno e externo e da riqueza do aplicador (quanto mais rico, mais
dólares vai demandar), A oferta de dólares no mercado paralelo é igual ao valor em moeda
local do estoque de dólares no mercado paralelo. A demanda por dólares no mercado paralelo
aumenta quando as taxas de juros internacionais são maiores do que as taxas internas liquidas
de desvalorização cambial (Nowak,1985).
As fontes de demanda e oferta de o câmbio estrangeiro num mercado paralelo
depende obviamente também das características do país em questão. como os regulamentos
de controle cambial. Como uma regra geral, as transferências de capital para o exterior, em
pagamentos visíveis, e certas importações (particularmente de bens de consumo)
consideradas o que não é essencial constituirá a maior parte da demanda por moeda
estrangeira no mercado paralelo, uma vez que estes são os tipos de transacções mais
frequentemente sujeitos a controlo no mercado oficial. Enquanto os bancos centrais
geralmente estão preparados para vender divisas para atender à demanda por importações,
tais como alimentos básicos, petróleo e insumos para sector exportador, em casos extremos
em que um país enfrenta pressões particularmente graves sobre a balança de pagamentos,
estes itens, também, pode estar sujeito a restrições, e procura de divisas para financiá-los
também tenderá a transbordar para mercado paralelo.
As restrições quantitativas podem constituir parte do mecanismo formal de controle
cambial. Aqueles que desejam comprar divisas à taxa oficial podem então obter informações
antecipadas sobre os seus direitos através das regras gerais aplicáveis;
estes podem ser na forma de dados quantitativos limites para pagamentos invisíveis,
como viagens ao exterior, ou podem incluir alocações para a compra de importações
específicas. Frequentemente, no entanto, surgem restrições em de maneira ad hoc como
resultado de estrangeiros troca sendo retida após a autorização ter sido concedida e o
pagamento ter sido vencido. Este tipo de restrições, conhecidas como atrasos de pagamentos,
cresceram acentuadamente nos últimos anos, tanto no que diz respeito ao comércio e
obrigações de dívida; tiveram efeitos particularmente prejudiciais na situação internacional
posição de crédito dos países em causa.

Consequências
Se os controlos fossem efectivamente implementados, poderiam proporcionar
protecção contra a perda de reservas, embora ainda não conseguiria abordar o fundamentais
fraquezas da política económica que estão na origem raiz das dificuldades crónicas da
balança de pagamentos. Invariavelmente, porém, os controles são evadidos através de
faturamento indevido de comércio documentos e outros vazamentos decorrentes de a
propagação entre o oficial e o paralelo taxas de câmbio do mercado. Como consequência, um
banco central pode ver-se confrontado com pressões contínuas sobre o seu reservas e uma
perda de controle firme sobre o usos de divisas que aloca. Os controlos cambiais também têm
consequências não intencionais que podem envolver custos sociais e económicos. Os mais
predominantes são os efeitos inflacionários, distorções causadas no padrão de recursos
alocação e corrupção burocrática. Cada pode ser considerado por sua vez (Nowak,1985).
Numa economia onde o banco central defende uma taxa de câmbio fixa sem recurso
a controlos cambiais, perdas de reservas através do balanço de pagamentos atuará constitui
um travão à expansão monetária excessiva. Quando os controles são aplicados, este
mecanismo automático limita o acúmulo das pressões inflacionistas já não é eficaz. Embora
os preços dos bens não comercializáveis tendem a subir tão rápido, se não mais rápido, do
que o taxa de inflação prevalecente, os preços dos os bens comercializados serão limitados
pelas condições dos mercados internacionais e pela taxa de câmbio oficial.
Algumas considerações políticas
De acordo com Nowak (1985) se de facto as actividades do mercado paralelo têm
algumas das consequências prejudiciais das restrições quantitativas, então medidas visando
reprimir essas atividades (como como aplicação mais rigorosa do controle cambial leis e
penas mais severas) serviriam apenas para piorar as coisas.
Por outro lado, liberalizando as restrições cambiais e comerciais face ao equilíbrio
contínuo
pressões sobre pagamentos provavelmente levarão a o esgotamento das reservas e o
surgimento de novos atrasados. Se o equilíbrio externo for ser restaurado sem novo recurso
a controles, o processo de ajuste normalmente exigirá políticas para conter o crescimento
despesas internas e incentivar uma transferência de recursos para os bens comercializados
setor. (Nowak,1985).
É na área da política cambial que os governos têm, em geral, demonstrado maior
relutância em realizar ações corretivas ação para lidar com o balanço de pagamentos
problemas, mesmo quando há indicações claras de que a moeda no mercado oficial o mercado
está extremamente sobrevalorizado. Para alguma medida, isto é atribuível a pressões de
grupos de interesse ansiosos por manter a distribuição de renda existente. Além disso, no
entanto, a relutância dos governos em empreender uma desvalorização reflete preocupação
sobre os efeitos sobre os preços e os salários reais. Tal preocupação não é necessariamente
justificada. (Nowak,1985).

Desvalorização e inflação. Para economias com controles cambiais em vigor, o


impacto adverso de curto prazo sobre os preços e salários reais normalmente associados a
uma desvalorização já terão sido parcialmente sentidas como resultado da desvalorização da
moeda no mercado paralelo. Uma vez a taxa oficial é desvalorizada, até que ponto os ajustes
internos aos preços e à estrutura de custos podem ser limitados, se não negligenciáveis. A
magnitude real do impacto direto sobre os preços dependerá da resposta da taxa de câmbio
no mercado paralelo e em o tamanho deste mercado em relação ao mercado oficial mercado.
A desvalorização também afetará
Uma medida de supervalorização? Sob certas condições, a taxa do mercado
paralelo pode fornecer informações úteis sobre até que ponto a moeda nacional tem de ficar
sobrevalorizado no mercado oficial e sobre o tamanho da desvalorização necessária para
restaurar uma taxa de equilíbrio. Se o argumento de que uma desvalorização da taxa oficial
levará a uma valorização do paralelo taxa de mercado está correta, pode-se inferir que a taxa
oficial não teria que ser totalmente ajustada ao nível da taxa paralela para conseguir uma
reunificação as duas taxas.
Deve-se, no entanto, ter cautela ao fazer tais julgamentos, uma vez que, em alguns
Em alguns casos, a restauração do equilíbrio externo pode exigir que a taxa oficial seja
depreciada em mais do que o prevalecente prémio cambial no mercado paralelo. Por
exemplo, a taxa paralela pode ser mais apreciada do que a taxa de equilíbrio se o banco
central está vendendo reservas estrangeiras (com um déficit na balança de pagamentos), ou
se os custos de realizar transações ilegais no mercado negro são grandes e se afetam mais os
compradores de divisas do que os fornecedores.
Disposições transitórias. No processo de liberalização cambial e comercial
controles, vários países adotaram acordos transitórios envolvendo múltiplos mercados de
câmbio destinados a difundir os custos de ajustamento ao longo do tempo. As disposições
transitórias muitas vezes legalizam o mercado negro existente e estabelecer controles formais
para delinear transações entre os dois mercados. Não é raro, porém, que a legalização do
mercado paralelo seja acompanhada por novas restrições à procura que resultam na
emergência de uma terceira mercado ilegal. Às vezes, essas restrições não são aplicadas
formalmente através de regulamentações de controle cambial, mas surgem em de maneira ad
hoc porque a troca a taxa no mercado secundário é fixa e o banco central não consegue
cumprir todas as demandas predominantes por moeda estrangeira das suas reservas.

3. Metodologia
Este artigo caracteriza-se do ponto de vista da metodologia como uma pesquisa
secundária com levantamento bibliográfico a partir da Análise exploratória de artigos,
notícias de jornais, dissertações, monografias ou teses. Este artigo quanto aos objetivos é de
caráter descritivo e a análise empírica do mesmo está baseada em diferentes autores cuja
visão sobre o tema recai sobre os seus impactos na economia moçambicana. Verificou-se
também o que as literaturas nacionais abordam sobre a temática tendo em consideração o
estágio actual do país referente a politica monetária.
Para melhor analisar sobre Taxa de câmbio oficial vs. Taxa de câmbio do mercado
paralelo. (alguma relação de casualidade?), utilizou-se uma vasta pesquisa bibliográfica e a
análise secundária de dados retirados em três fontes principais: o Instituto Nacional de
Estatística (INE), o BM e o FMI, que datam de 2006 a 2016, seguindo a disponibilidade dos
dados (vide a Tabela A-1 do Apêndice A para mais detalhes).

4. Discussão de resultados
Para melhor compressão da analise dos resultados esta nesta secção abordaremos
algumas das implicações de tudo o que foi anteriormente analisado para um país como
Moçambique, acordo com o principal regime de politica monetária apresentadas na II
(referencial teórico).

Gráficos

taxa de cambio oficial v.s paralelo

2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018

TCP TC USD

Teste de Causalidade de Granger

O teste de causalidade segundo Cleve Granger é aplicado para examinar se uma série
temporal pode ser utilizada para prever outra. A Hipótese nula é de que o valor de input (X)
não é capaz de prever o output (Y). Já a hipótese alternativa afirma que (X) pode sim implicar
em (Y).
A causalidade de Granger visa conhecer se o valor de uma série temporal (X) com
uma dada desfasagem (lag) permite conhecer a série temporal (Y).
O teste causalidade gera um teste F com seu p-valor associado, isto é quando P for
menor que o nível de significância de 5% é possível rejeitar nula e afirmar que X causa Y.
A função em R é dada por granger test (X, Y, order = 1) sendo (X) a série temporal
explicativa e Y é a série temporal gerada e ordem consiste na desfasagem aplicada

Teste de Casualidade em que a Taxa de Cambio Oficial é a variável dependente


Pairwise Granger Causality Tests
Date: 01/21/24 Time: 06:38
Sample: 2006Q1 2016Q4
Lags: 2

Null Hypothesis: Obs F-Statistic Prob.

TCP does not Granger Cause TC_Oficial 42 3.79641 0.0316


TC_USD does not Granger Cause TCP 2.51776 0.0944

O Pairwise Granger Causality Test, também conhecido como teste de causalidade de


Granger, é uma ferramenta estatística fundamental na análise de séries temporais. Neste
contexto específico, o teste avalia a relação de causalidade entre duas séries temporais: TCP
e TO Oficial, durante o período de 2006Q1 a 2016Q4, considerando um número de lags igual
a 2.
A hipótese nula para a primeira comparação, "TCP does not Granger Cause TC_Oficial,"
sugere que a série temporal TCP não exerce causalidade Granger sobre a série temporal
TC_Ofical. Em outras palavras, a variação em TCP não pode ser utilizada para prever a
variação subsequente em TC_Oficial. O valor-p associado a essa hipótese é 0.0316, o que
sugere uma significância estatística a um nível de confiança de 95%. Portanto, rejeitaríamos
a hipótese nula, indicando que TCP tem uma influência estatisticamente significativa na
previsão de TC_Oficial.
A segunda comparação, "TC_Oficial does not Granger Cause TCP," apresenta uma hipótese
nula contrária. Aqui, questionamos se a série temporal TC_Oficial não exerce causalidade
Granger sobre a série temporal TCP. O valor-p associado é 0.0944, o que indica que, embora
não seja tão significativo quanto o primeiro teste, ainda está próximo do limite convencional
de 0.05. Portanto, a hipótese nula não seria rejeitada a um nível de confiança de 95%.
A finalidade essencial desses testes reside na compreensão das relações de causalidade entre
variáveis temporais, neste caso, entre indicadores económicos ou financeiros representados
por TCP e a taxa de câmbio em relação ao dólar dos EUA, representada por TC_Oficial. A
aplicação de lags permite avaliar não apenas as relações imediatas, mas também se valores
passados de uma série temporal podem prever valores futuros da outra série temporal.
Teste de Casualidade em que a Taxa de Cambio Paralela é a variável dependente
Pairwise Granger Causality Tests
Date: 01/21/24 Time: 06:48
Sample: 2006Q1 2016Q4
Lags: 2

Null Hypothesis: Obs F-Statistic Prob.

TC_USD does not Granger Cause TCP 42 2.51776 0.0944


TCP does not Granger Cause TC_Oficial 3.79641 0.0316

5. Conclusão

O ensaio subordinado ao tema Politica monetária: taxa de cambio oficial vs. taxa de
cambio no mercado Paralelo, com objetivo de analisar a existência ou não de uma relação de
casualidade entres a taxa de cambio oficial vs. a taxa de cambio no mercado paralelo, através
da realização de um teste de casualidade, levantamento de vários artigos que abordam sobre
a temática pesquisada em varias revistas e repositórios apresentados.
As fontes de demanda e oferta de o câmbio estrangeiro num mercado paralelo
depende obviamente também das características do país em questão. como os regulamentos
de controle cambial. Como uma regra geral, as transferências de capital para o exterior, em
pagamentos visíveis, e certas importações (particularmente de bens de consumo)
consideradas o que não é essencial constituirá a maior parte da demanda por moeda
estrangeira no mercado paralelo, uma vez que estes são os tipos de transacções mais
frequentemente sujeitos a controlo no mercado oficial.
o ensaio conclui-o que não existe uma relação de casualidade entre as variáveis no
período em analise. O Banco de Moçambique intervém no mercado cambial de modo a
garantir a sua estabilidade. Os resultados desta pesquisa apontam que a hipótese nula para a
primeira comparação, "TCP does not Granger Cause TC_Oficial," sugere que a série
temporal TCP não exerce causalidade Granger sobre a série temporal TC_Oficial. Em outras
palavras, a variação em TCP não pode ser utilizada para prever a variação subsequente em
TC_oficial.

Bibliográfica
Banco de Moçambique. (2017a). Desafios Da Modernização Do Regime Da Política
Monetária: O Caso De Moçambique. http://www.bancomoc.mz/fm_pgtab1.aspx?id=116
(acessado a 6 de Fevereiro de 2021).
Banco de Moçambique. (2017b). Sector Externo - Balança de Pagamentos. Banco de
Moçambique. https://www.bancomoc.mz/fm_pgLink.aspx?id=222 (acessado a 8 de Maio de
2021)
Banco de Moçambique. (s.d.a). Estratégia de Médio e Longo Prazo da Política
Monetária. Banco de Moçambique. http://www.bancomoc.mz/Files/DEE/EMLPPM.pdf
(acessado a 21 de Outubro de 2017)
Dornbusch, R , Dantas, D , Pechman,C., "The Black Market for Dollars in Brazil",
í"he Quarlerly Jouriial of‘Fc‹›iiomics, (February 1983).
Mattosinho, Pedro. (1998). O Mercado Paralelo de Dólares nos anos Oitenta e
Noventa: Monografia de final de curso apresentada A Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro, (Dezembro de 1998).
Nowak, Michael. (1985). Finance & Development I : Black markets in foreign
exchange. Publications Unit, Box A-851. Washington, D.C. 20431, U.S.A
Sampaio, P S. (1994), "Câmbio - De 1889 até 1994 a paridade da moeda brasileira
com o dólar americano", AitJima (outubro de 1994).
Pimpão, A.J. (1996). Cronologia dos Principais Desenvolvimento da Política cambial
em Moçambique (junho de 1975 ao junho de 1996). Maputo: Banco de Moçambique.

Anexos

Anos TCP TC oficial


2006,1 0,4129 8,7543
2006,2 1,0048 1,0319
2006,3 8,1204 9,6947
2006,4 6,6846 6,8822
2007,1 4,7185 3,1083
2007,2 3,2186 0,2449
2007,3 3,0475 0,3017
2007,4 1,3700 1,4686
2008,1 3,8402 3,8402
2008,2 5,2579 5,2579
2008,3 5,2488 5,2488
2008,4 3,8130 3,8130
2009,1 1,7187 1,7187
2009,2 0,2188 0,2188
2009,3 0,3075 0,3075
2009,4 1,9850 1,9850
2010,1 3,2425 3,2425
2010,2 3,8656 3,8656
2010,3 5,5616 5,5616
2010,4 8,3303 8,3303
2011,1 1,2978 1,2978
2011,2 1,7147 1,7147
2011,3 1,6709 1,6709
2011,4 1,1666 1,1666
2012,1 5,4189 5,4189
2012,2 1,0686 1,0686
2012,3 0,4252 0,4252
2012,4 0,9377 0,9377
2013,1 3,1591 3,1591
2013,2 0,2290 0,2290
2013,3 0,3019 0,3019
2013,4 0,1211 0,1211
2014,1 3,2207 3,2207
2014,2 2,8341 2,8341
2014,3 8,0202 8,0202
2014,4 5,7998 5,7998
2015,1 6,6109 6,6109
2015,2 7,4221 7,4221
2015,3 8,2332 8,2332
2015,4 9,0444 9,0444
2016,1 3,75 8,2332
2016,2 4,0400 9,0444
2016,3 4,2667 9,8555
2016,4 4,8133 10,6667

Apêndice
Gráficos

TC USD

2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018

TCP

2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018


Título do Gráfico

2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018

TCP TC USD

Você também pode gostar