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Setembro de 2010
Resumo
O trabalho analisa se o retorno das ações possui processos gera-
dores de dados distintos, dependentes do estado em que o mercado se
encontra, e verifica se a política monetária possui efeitos assimétricos
em relação aos estados, utilizando dados da economia brasileira. Para
tanto, utilizou-se modelos auto-regressivos com mudança markoviana
como desenvolvido por Hamilton [6]. Constatou-se regimes distin-
tos para o retorno das ações, evidenciando que a política monetária
consegue explicar o retorno das ações apenas no estado bear market,
cujo retorno é baixo e a volatilidade é alta, se comparado ao estado
bull market.
1 Introdução
O interesse a respeito se a política monetária afeta o mercado de ações é
de longa data. O mecanismo de transmissão pode atuar de diversas formas,
∗
Aluno de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. E-mail: ornellas.r@gmail.com
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1 INTRODUÇÃO
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1 INTRODUÇÃO
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2 MODELO PARA O RETORNO DAS AÇÕES
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2 MODELO PARA O RETORNO DAS AÇÕES
− (Rt − µj )2
( )
1
f (Rt |St = j; θ) = √ exp , para j = 1, 2, (2.2)
2πσj 2σj2
h i
onde θ = µ1 µ2 σ12 σ22 p q .
O estado não-observado {St } é assumido seguir um processo markoviano
com matriz de transição de probabilidade P fixa, tal que,
" #
p 1−q
P = , (2.3)
1−p q
onde
p = P (St = 1|St−1 = 1) ,
q = P (St = 2|St−1 = 2) .
Assim, temos que as funções de transição de probabilidades são especifi-
cadas de forma que
exp {p0 }
p = ,
1 + exp {p0 }
exp {q0 }
q = .
1 + exp {q0 }
A montagem da função de verossimilhança passa pela iteração de duas
equações. Entretanto, primeiramente, deve-se definir algumas variáveis. Se-
jam ηt um vetor que representa as densidades condicionais ao estado, ξˆt|t um
vetor que representa a probabilidade condicional que a t-ésima observação
fora gerada pelos regimes em t e ξˆt|t−1 um vetor que representa a probabi-
lidade condicional que a t-ésima observação fora gerada pelos regimes em
t − 1, ou seja
−(Rt −µ1 )2
n o
√ 1 exp 2
ηt =
2πσ1 n 2σ1 2 o ,
(2.4)
−(Rt −µ2 )
√1 exp 2σ22
2πσj
" #
P (St = 1|Ωt ; θ)
ξˆt|t = ,
P (St = 2|Ωt ; θ)
" #
P (St = 1|Ωt−1 ; θ)
ξˆt|t−1 = ,
P (St = 2|Ωt−1 ; θ)
5
2 MODELO PARA O RETORNO DAS AÇÕES
ξˆt|t−1 ηt
J
ξˆt|t = J , (2.5)
l · ξˆt|t−1 ηt
ξˆt+1|t = P · ξˆt|t , (2.6)
h i
onde l = 1 1 .
Seguindo Hamilton [7], a função de log-verossimilhança pode ser expressa
como:
T h i
log l0 · ξˆt|t−1
X K
L (θ) = ηt . (2.7)
t=1
0 −423.3789 885.3201
1 −424.3959 896.9946
2 −421.4297 900.7027
3 −414.3886 896.2611
6
2 MODELO PARA O RETORNO DAS AÇÕES
θi E (θi )
N ormal t − Student
k 0 0
µ1 2.7363 (0.7228) 2.7443 (0.7209)
µ2 −2.1957 (1.3320) −2.3041 (1.3719)
σ12 36.9780 (6.2000) 37.5445 (6.1569)
σ22 89.1161 (19.5713) 90.6934 (19.8050)
p 0.9742 (0.07) 0.9787 (0.07)
q 0.9385 (inf) 0.9621 (inf)
1−p 0.0258 (0.02) 0.0213 (0.03)
1−q 0.9615 (0.07) 0.0379 (0.05)
LogV eros. −423.3789 −423.7267
7
2 MODELO PARA O RETORNO DAS AÇÕES
9.5
8.5
7.5
6.5
6
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Volatilidade condicional
0.75
0.5
0.25
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Probabilidade de Bull Market
Período Estado
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3 POLÍTICA MONETÁRIA E RETORNO DAS AÇÕES
1 −437.5312 923.5044
2 −430.7040 919.5309
3 −430.3532 928.5251
9
3 POLÍTICA MONETÁRIA E RETORNO DAS AÇÕES
θi E (θi )
N ormal t − Student
q 2 2
µ1 0.5118 (1.2976) 0.5100 (1.3100)
µ2 −4.9725 (3.1825) −4.9861 (3.2038)
β1,1 1.5336 (2.3087) 1.5073 (2.3169)
β1,2 1.6527 (2.2373) 1.6882 (2.2508)
β2,1 −4.1508 (3.8046) −4.1338 (3.7997)
β2,2 7.5728 (3.9615) 7.5586 (3.9783)
σ12 36.1551 (5.7270) 35.6713 (5.7270)
σ22 83.7662 (18.6719) 82.4236 (18.6719)
p 0.9778 (0.05) 0.9777 (0.05)
q 0.9405 (inf) 0.9404 (inf)
1−p 0.0222 (0.02) 0.0223 (0.02)
1−q 0.0595 (0.04) 0.0596 (0.04)
LogV eros. −430.7004 −430.8646
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3 POLÍTICA MONETÁRIA E RETORNO DAS AÇÕES
Assim, tem-se β1,1 , β1,2 > 0, indicando que, em bull market, um aumento
em 1% da taxa básica de juros em t − 1 eleva o índice Ibovespa em 1.53%; já
um aumento de 1% em t − 2 da taxa básica de juros eleva o índice Ibovespa
em 1.65%. Entretanto, deve-se salientar que os elevados erros-padrões destas
estatísticas indicam insignificância estatística para a política monetária.
Em bear market, um aumento em 1% da taxa básica de juros em t −
1 reduz o índice Ibovespa em 4.15%, um resultado esperado pela teoria
econômica. Em t − 2, um aumento da taxa básica de juros em 1% eleva o
índice Ibovespa em 7.57%. Novamente, para o primeiro caso, a estimativa
não parece ser estatisticamente significante. Todavia, para o segundo caso,
a estimativa possui um p-value p = 0.06, relatando significância estatística.
8.5
7.5
6.5
6
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Volatilidade Condicional
0.75
0.5
0.25
0
2000 2008 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2009 2010
Probabilidade de Bull Market
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REFERÊNCIAS
4 Conclusão
Neste artigo, identificou-se os períodos de bear market e bull market do
mercado acionário brasileiro e analisou se a política monetária possui efeitos
assimétricos sobre o retorno das ações de empresas na economia brasileira,
utilizando dados mensais entre Janeiro de 2000 e Julho de 2010. Para a
política monetária, utilizou-se a taxa de juros efetiva Selic, e para o retorno
das ações, utilizou-se o retorno do índice Ibovespa.
Foi-se possível relacionar os períodos de bear market identificados com os
períodos de crise econômica internacional. Além do mais, constatou-se que,
para o caso brasileiro, a política monetária é estatisticamente insignificante
para explicar o retorno das ações quando o mercado acionário está em bull
market. Por outro lado, a política monetária se apresenta estatisticamente
significante na explicação do retorno das ações no período bear market.
Assim sendo, identificou-se a existência de efeitos assimétricos da política
monetária sobre o retorno das ações. Corroborando com Bernanke e Gertler
[2] e Kiyotaki e Moore [11], mostrou-se que a política monetária tem maiores
efeitos quando o mercado está em bear market. Para maior completude, fica a
sugestão para trabalhos futuros de verificar se a política monetária brasileira
é capaz de interferir na probabilidade de transição dos estados, utilizando um
modelo markoviano com uma matriz de transição de probabilidade tempo-
variante.
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